E s c o l a S e c u n d á r i a Ja i m e M o n i z | Re v i s t a n º 18 | 2 0 0 8 / 2 0 0 9 | 1 €
Após a publicação, em versão on line, dos dois primeiros números, eis que surge, no 3º período, a versão impressa. Como foi dito, no editorial do 1º número, este modelo resulta da necessidade da nossa Escola se adaptar a um tempo de mudança que, de uma forma inexorável, atinge as nossas vidas e o mundo em que vivemos: o avanço das novas tecnologias da informação e da comunicação e a grave crise económica e financeira. Estamos confrontados com uma realidade que nos impele para uma mudança de paradigma que nos impõe outras vias de comunicação e, ao mesmo tempo, novas soluções para fazer mais e melhor, mas com menos recursos financeiros. Contudo esta revista espelha uma qualidade que resulta de um enorme brio e dedicação profissional da equipa editorial e de toda a comunidade educativa que interage e participa num desafio de mais divulgação e de maior projecção da nossa Escola. Pretende ser um excelente canal de informação e comunicação que reflecte a cultura da nossa comunidade, no seu labor quotidiano, na sua busca constante e incessante de procura de soluções e de projectos que possam contribuir para o maior sucesso dos nossos alunos. No final do mais um ano escolar quero, como Presidente do Conselho Executivo, elogiar a elevada qualidade de desempenho profissional dos nossos docentes, funcionários e alunos e desejar aos nossos estudantes muito sucesso nos exames nacionais. Jorge Moreira
Ficha Técnica
Aconteceu
4
Consenso de Copenhaga
6
Saneamento básico, água potável
8
Comportamentos de risco na adolescência
9
APP - Associação Protectora dos Pobres
10
Aquecimento global
12
Mosquito Aedes aegypti
16
Da doce quimera à amarga realidade
18
Porque é que a política também é para nós
21
Homenagem - Dr.ª Julieta Góis
23
Rostos do Liceu
24
Homenagem - D. Sancha
27
Benção das capas
28
Almoço de Natal
30
Almoço de Páscoa
31
XVII Festival Regional de Teatro Escolar Carlos Varela
32
Semana dos Clubes e Projectos
36
Artes
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Fotografar Emoções
42
Português.com
43
Poesia
44
Nº 18 - 2008 / 2009
Escola Secundária Jaime Moniz Largo Jaime Moniz 9064 - 503 Funchal Telef.: 291202280 Fax: 291230544 E.mail: olyceu@gmail.com Director - Jorge Moreira Revista O Lyceu Coordenadores: António Freitas - Grupo 520 Isabel Lucas - Grupo 600 José Gouveia - Grupo 600 Luís Martins - Grupo 500 Micaela Martins - Grupo 300 Vanda Gouveia - Grupo 300 Todos os artigos de opinião são da responsabilidade dos autores. Agradecimentos: À Direcção, bem como a todos quantos contribuíram para que este projecto se tornasse realidade. Impressão e Acabamento - Liberal Tiragem - 500 Exemplares
26 de Sete mbro de 2 10 de 008 O u Simu tubr 14 de lacro Outu o de 20 de c B rigad rime bro d 08 a An sei t nterv e i-min C 2008 15 de eleb ençõ a r s a , ç n O ã es d o o u pátio dos Conf a PS 170 erên d P, da 16 e 16 de Ou tubro de a a E n c s i c o BIR e a o s : M l “ 2 t a d 17 de CAN AMÁ 008 . ubro a Es da CRO cola RIA”. Outu de 2 . . Iníci I N 0 C 0 o do bro d IDIN 8 DO N Curs e 20 Conf 20 de o de A PA 08 e rênc TOLO L í n Outu gua ia “C GIA Acta Portu omo bro d s do g P u r E e e s s v e 20 crutí a. Fina enir 08 nio d lista a Ob s de as E esid Disc 2 l ade” 27 de eiçõ 008/ ussã . es p 2009 Outu o, pe a r . a Dori a Co lo Es s Les bro d m p aço issão sing e 20 21 d de C de e Ve 08 as o alcu m, S b t r á a . ê s A a A 30 de cção Minh Erva : «Nã a Lu Cant o es z da Iníci a de 31 de Outubro t ás à Mad o de re Te Outu vend acçõ de 2 f e r a esa e s »- fla s de sore bro d 008 s do gelo Form e 20 1 C d a º, 2º, o trá onfe ção 08 Nove de P rênc 3º Ci fico ortu ia «A hum clos a cri mbro g ano. do E uês, poup se». B p a a e n d 04 de r a ç e 20 S N a e p ão e cund com ro08 Nove stás o es ário. traté à ve Iníci mbro 07 de n g da! o da ia pa s au ra su Nov. de 2 05 de Com las d pera 008 de 2 u o N n r s i o d c 008 a u vem de E rsos Cola a 16 duca de A b b o r d r t o l a i emã va. ção de 2 11 de e Jane Cont o e do L 00 Inglê ra o iceu C s pa n 18 de Novembiro de 200 8 ancr o Visit p ra a e o d . 8 a i N t ó r d o r e o i o estu vem de 2 19 de da L Form d 0 i o 0 g a Po ao M ação rtug adei 21 de Novembbro de 200 8 no â Proje uesa ra St mbit 8 c N t r o o o o o r y R d v de 2 24 de S o C e 4 e P t E n r m rojec atam ter. (Roa Nove bro de 008 to R ento d Sh S4E ow F de im Geo mbro 2008 ( R logi or E oad ag de 2 0
27 de Nove mbro de 2 30 de 008 Nove m Deze bro de mbro 2008 de 2 03 de 008 Deze mbro de 2 008
a do em. nterp Show Conf Arqu rene For E erên ipéla u r s n hip). c terpr ia: « go d Joan Padr eneu a Ma a Ho e r d s Antó eira. hip). mem discu nio V da C tir o ieira o s t » s a pa eu li . Conf rticip vro A erên ou n lgun cia: « Avill o Es s An A im ez. paço os D port e 21, p p â ncia ois. Conf ara da te erên c l ia: « e v para i s ão Eu q a mi Mari uero nha a Jo o me Bênç f i l ão ha». lhor ão d p a a s ra o Capa Deco meu s. raçõ filho es d Portu e Na 7 guês tal, n Líng o La Pain ua N rgo d el: « ão M o Mu Com atern o lid seu. ar co a: Na ma t a l inte defic rcult iênc ural. ia».
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Aconteceu
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05 de Deze mbro de 2 008 10 de Lanç ame Deze nto d sécu mbro o liv lo X ro Em I X de 2 . D igraç R r e 008 .ª Eli t r a ão e t os d na B Teatr 11 de a M aptis Inter o em a t d a, do acçã eira Portu o c e e 16 de Dezemb d nte d de M Esco e alu gal n o gru la Se nos adei D r o o e d rens c p z d a As 17 de undá o e 20 emb V 4 o e 1 s s l 0 u 0 o r , . i 8 n c a d Deze tário iação r a Jaim seo e Mo "Olh Nata mbroo de 2008 Serv a n l Filo r i z F utur com iço d sófic de 2 18 o" e Conv os B e Tox 008 o: co da omb ívio icod n 05 a de Dezem v í d e e v o i p i r o s o C e s ndên de p onví alun 2 b 2 vio d os d rofes 06 de cia. de J o cu sore os P anei ro de 2008 Lanç Jane rso d s de rofes a m r e Ing o de 2 Filos sore ento iro a s de lês ofia. Alm do li 009 oço Biolo 17 de vro O 12 de d g e i F a C M S u onví e Ge J 13 de essõ ncha arço vio d olog es d l na Janeaneiro a e Na de 2 e esc ia Obra e a 0 t larec s inf a 09 d iro a l 09 de . e Max ecçõ imen es se M Röm 13 de Form to: « er. xual A gr ação Feve arço de 2 m a : v e « i d n O Ex dade e t e z 009 reiro 23 de trans na A cel c doce dole miss omo nte» Form scên íveis ferra 26 de Janeiro de 2009 . cia ação » m . e n : d J “ t e a a O « Intro neiro 2009 d P 29 de e h otos apoi duçã oàa hop de 2 Jane oàI Conf no tr ctivi 009 nform 11 de e i r a r ê t o n a á c m t d i a Feve i e e 20 c : 1 E n a « s t 1 A o p 0 N a d e d 9 ç i volu e im eF vel I reiro o 21 ção I». agem : Sin Prele do c a 04 evereiro to M ”. c o ç u n ã o i c de M t e : o de 2 i « , t A o d f o l e d t r 0 eraç arço mad e lib Nun 17 de 09 ões a em erda o Lo de 2 Feve clim de». bo A 1 Conf desa 7 0 á 0 ntun t d 9 e icas: fio.» e Fe reiro rênc e s u i a . v m : Form erei «A F a rea a1 ação orma lidad ção «Con e tra 20 de 9 de Marçro de 2009 Recu d nss o t r r E so à ução stad Feve o de 2 s o T d C I e d C- H onfe 009 e reiro M d ateri OTP e Isr rênc ais D OTAT ael». de 2 ia: « 27 de Form idác Apre 009 OES a t ç icos ». nder Feve ão: I com nteli com Actu reiro gênc ação as P Feve ia Em rofis d d o e V reiro 2009 Coro sões icen ocio », pa te. nal. da E e Ma rte I. scola Conf n r e a ç r ênci o de 2 C a 02 a sa d a «A sent o Po 009 Mad e, e 06 de vo, e eira f u t m S. u M Form e r o o » a . Turis 02 de rço d ação m : o golf, Març e 2009 – pa ball, jogo ssad rugb o de 2 o, pr do p yeo X ea V 0 r u i I 0 e I port 9 10 de ntaç Fest uguê ão. ival M Espa R s , e a base gion 12 de rço d ço 2 al de ball, 1: de de L softTeat bate eão T 19 de Março d e 2009 r o s o E b s o c r l e s o e M t Pain lar a ob oi. 2009 ar el: “A 3 ra A PREN mort 20 a 0 de Marçço de 2009 Form e de DER ação 24 de Ivan o COM : “ In Illich Conf A Abri de 2009 t S e l , P e i g r R ê ê O n n ld FIS cia ci e 20
09
a Em : “A SÕE Alm ocio S” (P oço funç nal” d ã arte e o Pásc dos XI S II). oa pais ema na d nos os C dias lube de h seP oje” rojec tos
tendendo aos problemas que atingem a nossa sociedade a nível global, o que devemos fazer e com que prioridade? Esta resposta é obtida através de um processo chamado Consenso de Copenhaga.
A
Para este Consenso foi convidado um painel de economistas de grande nível, que incluía quatro laureados com o Prémio Nobel. Fez-se então a primeira lista de sempre a explicitar as prioridades globais de acordo com o benefício adquirido por cada dólar gasto. 1 2 3 4 5
-
Doenças Má nutrição Saneamento e água potável Emigração Clima
No processo chamado Consenso de Copenhaga, os peritos não se limitaram a dizer que as soluções traziam benefícios. Mostraram exactamente quanto bem é que faria e quanto iria custar. Tiveram em conta o benefício trazido pelo protocolo de Kyoto para cada um dos impactos positivos sentidos na agricultura, nas florestas, nas pescas, no abastecimento de água, nos danos causados por furacões e assim por diante. Calcularam os custos através das perdas de produção. Para as soluções contra a malária, os efeitos positivos seriam menos mortes, menos doentes, menos pessoas a faltar ao emprego, populações mais resistentes em relação a outras doenças, bem como a um aumento da população. Os custos seriam a quantia de dólares gastos para comprar, distribuir e usar redes contra mosquitos. Algumas das principais prioridades também correspondem a alguns dos principais factores de risco identificados pela Organização Mundial de Saúde. Prevenir o HIV/SIDA revela-se o melhor investimento que a humanidade pode fazer: cada dólar gasto em preservativos e em informação gerará cerca de quarenta dólares em benefício social, o valor de menos mortes, menos doentes, menos distúrbios sociais, entre outros. Com vinte e sete biliões de dólares podemos salvar vinte e oito milhões de vidas durante os próximos anos.
Consenso de Copenhaga
A má nutrição mata quase quatro milhões de pessoas por ano e afecta mais de metade da população mundial ao danificar a visão, diminuir o QI, reduzir o desenvolvimento e limitar a produtividade do ser humano. Investir doze biliões de dólares conseguirá provavelmente reduzir para metade a incidência e a taxa de mortalidade, com cada dólar a trazer o benefício social equivalente a mais de trinta dólares. Acabar com os subsídios agrícolas do Primeiro Mundo e assegurar um comércio justo faria com que quase toda a gente ficasse muito melhor. Os modelos sugerem que seriam alcançáveis benefícios anuais até 2,4 triliões de dólares, com metade desses benefícios a nascer no Terceiro Mundo. Para alcançar estes resultados seria necessário recompensar os agricultores do Primeiro Mundo, que estão habituados aos benefícios de um mercado fechado. Mas os benefícios de cada dólar gasto constituiriam um bem social equivalente a mais de quinze dólares. Por fim, a malária é responsável pela perda de mais de um milhão de vidas anualmente. Infecta cerca de dois biliões de pessoas em cada doze meses, muitas delas várias vezes, e provoca debilitação generalizada Um investimento de treze biliões de dólares poderia reduzir a sua incidência para metade, proteger 90 por cento dos recém-nascidos e reduzir em 72% o número de mortes de crianças abaixo dos cinco anos. Por cada dólar gasto faríamos, pelo menos, o equivalente a dez dólares de benefício social. Na outra ponta do espectro, o painel colocou as oportunidades relativas às alterações climáticas, incluindo Protocolo Kyoto, no fundo, sob o título “Mais oportunidades” sublinhando o que vimos anteriormente, que por cada dólar gasto acabaríamos por conseguir um benefício para o mundo equivalente a menos de um dólar. O desafio inicial não foi colocado apenas a economistas de topo, também perguntaram a oitenta jovens estudantes universitários de todo o mundo, 70% dos quais de países em desenvolvimento, com uma representação igual em ambos os sexos e que vinham de artes, ciências e ciências sociais. O mesmo foi feito aos embaixadores das Nações Unidas. In Calma ! - Cool It António Freitas - 520
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e origem latina, as palavras saneamento (sanus) e potável (potare) implicam os
D
conceitos de são (saudável) e de bebível. Assim, está implícito nas próprias palavras que, para mantermos a integridade do planeta e a do nosso corpo,
temos de garantir níveis de saneamento / salubridade e potabilidade da nossa água e dos nossos esgotos. Como todos sabemos, o corpo humano é constituído por 70 a 75% de água e sem este elemento alguns órgãos deixariam de funcionar. Da totalidade de água ingerida, cerca de 40% desta é absorvida pelo corpo por meio dos alimentos, tais como os legumes e a fruta (a alface e a melancia, por exemplo, contêm entre 95 a 92% de água). Deste modo, se a água que utilizamos quer para aliviar a sede quer para regar os alimentos não tiver a qualidade necessária, esses elementos serão igualmente afectados e, consequentemente, o corpo humano, que os ingere. Esta é, indubitavelmente, um
Micaela Martins - Grupo 300
dos veículos mais comuns de transmissão de doenças. O corpo tentará, então, metabolizar a poluição inconscientemente ingerida, os rins filtrarão tudo, a bexiga acumulará e eliminará o que é possível, contudo, pode haver a aglomeração de sujidade, de gordura nas veias, vasos entupidos, “pedras” renais, etc., resultantes de um mau funcionamento dos órgãos internos. A água pura não existe no seu estado natural, uma vez que, se atendermos ao facto de que, a chuva arrasta consigo poeiras, oxigénio e gás carbónico, podendo ainda absorver os fumos que existem sobretudo nas zonas urbanas e suburbanas. Doenças de veiculação hídrica As impurezas que a água veicula podem ser agentes biológicos patogénicos, dos quais são oriundas doenças entéricas, como a cólera, a febre tifóide e paratifóide, as desinterias bacilar e amebiana e as hepatites A e E, entre outras. Além destas, ela pode ainda fazer proliferar parasitas e artrópodes vectores de doenças como o sezonismo (ou paludismo), a febre amarela, o dengue, a filariose e a tripanosomíase (doença do sono), entre as demais. As doenças relacionadas com a qualidade química da água são igualmente uma realidade. Assim, o excesso de chumbo origina o saturnismo; o de nitratos, a meta-hemoglobinemia; o défice de flúor, as cáries dentárias; o de iodo, bócio endémico. O zinco, o arsénio, o selénio, o mercúrio, o cádmio e outras substâncias químicas tornam-na tóxica. É necessário que atentemos nos factos de que os produtos poluentes podem ser absorvidos pelo Homem quer por meio da ingestão, quer por contacto com a pela e mucosas, através da higiene corporal, quer através da preparação dos alimentos, e de que há também o risco de contagio dessas mesmas doenças de veiculação hídrica por meio de insectos vectores. Deste modo, concluímos que a água para uso doméstico não deve conter agentes biológicos patogénicos, substâncias tóxicas, nem quantidades excessivas de substâncias orgânicas e materiais. Deve antes ser límpida e incolor, sem sabor ou odor desagradável, insípida e inodora. Tratamento doméstico da água Existem métodos de purificação e desinfecção da água que podemos utilizar em casa, nomeadamente, a ebulição (fervura a 100⁰ centígrados, durante 20 minutos); a desinfecção química (iodo, cloro e os seus derivados – duas gotas de iodo a 2%, por exemplo, são suficientes para desinfectar 1 litro de água) e a filtração, que é utilizada sobretudo na retenção de impurezas. Embora a sua capacidade seja limitada e dependa do tipo de filtro utilizado, esta deve ser a primeira medida utilizada. Em suma, deverá beber a água apenas se esta for tratada ou fervida e deve evitar tomar banho em poços, lagoas ou rios, visto que a água não tratada é um excelente veículo de parasitas, vírus e bactérias, o que pode submeter o corpo a doenças graves e até fatais.
Saneamento / Adolescência
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A equipa do SAJ
gravidez na adolescência e as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST´s) con-
A
tinuam a ser dois fenómenos merecedores de atenção e intervenção de forma a diminuir os riscos de saúde nesta faixa etária.
A existência destes problemas passa pela conjugação de múltiplos factores com sejam o início cada vez mais precoce da actividade sexual, a não utilização dos meios contraceptivos disponíveis, a baixa auto estima, o desconhecimento sobre sexualidade e as relações sexuais não protegidas. Os adolescentes que experienciam uma gravidez enfrentam invariavelmente um conjunto de obstáculos que incluem o abandono escolar ou encurtamento das perspectivas profissionais, as dificuldades económicas e a ruptura familiar, para além de terem de lidar com sentimentos de culpa, baixa auto estima e depressão que por si só poderão contribuir para uma nova gravidez. Para que tal não aconteça, cada vez mais o adolescente terá que saber viver uma afectividade e sexualidade responsáveis estando adequadamente informado sobre a anatomofisiologia dos sistemas reprodutores masculino e feminino e métodos contraceptivos existentes que serão complementos a toda a educação sexual no ambiente familiar. É também importante a sensibilização do adolescente para a problemática das IST´s que envolve a veiculação de informação correcta e adequada sobre os tipos de infecções desta natureza (SIDA, Sífilis, Hepatite B e C, Herpes, Condiloma Acuminado, gonorreia, etc), a sua etiologia (viral, bacteriana, fúngica ou parasitária), vias de transmissão (saliva, sangue e outros fluidos corporais – sémen e fluidos vaginais) e sinais de alerta (corrimento vaginal/uretral anormal, ardor, comichão, lesões genitais, etc) bem como sobre as medidas preventivas a adoptar (uso do preservativo, vacinação – para algumas, cuidados de higiene adequados e não partilha de objectos pessoais e perfurantes entre outros). O Serviço de Atendimento ao Jovem (SAJ), quer através da intervenção nas escolas quer das diversas consultas disponíveis (enfermagem, médica, psicologia, nutrição e serviço social) tem vindo a dar resposta às necessidades dos adolescentes nestas áreas tendo como objectivo primordial a promoção da sua saúde integral. É também um dos seus compromissos providenciar apoio às grávidas adolescentes através de diversas consultas focalizadas nas suas necessidades específicas. Contudo, sendo a gravidez uma etapa a ser vivida num projecto de vida, o enfoque está na sua prevenção. O atendimento dos adolescentes no SAJ é gratuito, confidencial, personalizado e imediato. Abrange a faixa etária dos 13 aos 21 anos, com horário de funcionamento nos dias úteis das 8 às 20 horas. Disponibiliza ainda uma linha de atendimento confidencial e gratuita – 800 204 125 – para esclarecimento de dúvidas colocadas pela população.
Equipa Editorial
O Ly c e u – Que objectivos norteiam a APP? L u í s a P e s s a n h a – Envolver nas diferentes actividades utentes com hábitos/rotinas prejudiciais à sua saúde, ao seu bem-estar e que geram exclusão social, proporcionar novos conhecimentos, motivar e educar para comportamentos saudáveis e socialmente aceites, introduzir aos utentes rotinas diárias saudáveis, facultar autonomia e espírito de iniciativa, deixando o utente livre a desenvolver ideias próprias, fomentar o espírito de companheirismo e de grupo, proporcionar aos utentes contactos com outras realidades, evitar que os utentes sejam expostos a pressões exteriores negativas por parte de antigos grupos e motivar os utentes para o cumprimento de objectivos são as metas desta instituição. O Ly c e u – Quem pode recorrer à APP? L u í s a P e s s a n h a – A APP pretende abranger aqueles que têm problemáticas a nível de alcoolismo, toxicodependência, ausência de apoio familiar, desemprego prolongado, exclusão social, baixas pensões sociais e de invalidez, deficiência física e/ou psíquica e/ou sem abrigo. Luísa Pessanha Presidente da APP
Há dois tipos de utentes inscritos na APP: o utente provisório e o utente efectivo. O utente provisório é aquele que, após ser avaliada a sua situação de vida actual, pelos serviços competentes desta instituição, por encontrar-se em situação de marginalidade, pobreza ou exclusão social, pode frequentar os serviços prestados na mesma, segundo as suas necessidades prioritárias, num período máximo de três meses. Para aceder à
Aos jovens da Escola Secundária Jaime
credencial de utente provisório, é necessário apresentar a documentação comprovativa
Moniz, a Directora de Serviços da
da sua situação exigida pela APP.
Associação Protectora dos Pobres lem-
Durante o período de utilização destes serviços de apoio, o utente deverá cumprir, na
bra:
íntegra, todas as regras expostas a nível do equipamento disponível, bem como respeitar os funcionários e restantes utentes não se envolvendo em agressões verbais e/ou físicas no interior e/ou no exterior da instituição, sob pena de ver cancelado o apoio
“Tenham cuidado! Não procurem alternativas ao bem-estar, recorrendo às drogas! A maior parte dos jovens que frequentam a instituição devem a sua MISÉRIA ao ÁLCOOL e à DROGA!”
social que recebe. O utente efectivo é aquele que no termo dos três meses de boa utilização dos serviços, e após uma reavaliação da sua situação actual, (caso esta coincida com o propósito institucional), fica a usufruir de todos os serviços, até ter capacidade para refazer a sua vida sem necessitar do apoio da instituição, independentemente da sua integração social. Qualquer utente que esteja por um período igual ou superior a seis meses, sem frequentar regularmente os serviços prestados pela Associação protectora dos Pobres, fica com a sua inscrição caducada, deixando de poder utilizar as instalações, salvo apresente documento justificativo do tempo em que não compareceu na instituição.
Associação Protectora dos Pobres
A APP na voz da Directora de Serviços Segundo a Directora de Serviços, Luísa Pessanha, a Associação protectora dos Pobres tem funcionado ininterruptamente, desde o momento da sua fundação e apoia, indistintamente, portugueses ou estrangeiros, legais ou ilegais. Com o passar do tempo, a Direcção tem apostado numa diversificação de actividades e de recursos humanos que possam rentabilizar um trabalho difícil de ajuda aos mais carenciados. O apoio financeiro a esta instituição tem várias proveniências: um subsídio anual oriundo dos Estados Unidos, um subsídio mensal assegurado pelo Centro de Segurança Social da Madeira, o montante da verba relativa ao parque de estacionamento da Rua das Hortas (até Março 2009), algumas coimas do Tribunal da Justiça e alguns donativos de particulares. Qualquer pessoa, empresa ou instituição pode apoiar a APP, através da lei do mecenato. Efectivamente, alguns donativos têm sido assegurados, quer em géneros, quer monetariamente. Roupas e alimentos são os donativos mais comuns.Os bens que mais escasseiam são calçado, roupa interior, lençóis e cobertores para fazer face à extrema pobreza dos utentes, maiores de dezoito anos. Porém, apesar de esta instituição apoiar apenas adultos, transversalmente acaba por apoiar o “ser social”. Assim, qualquer donativo, mesmo para crianças, é sempre bem recebido, dado que os casos de extrema pobreza acabam por afectar a relação social e a integração da pessoa humana, quer na sua própria família, quer na sociedade. Facultar um brinquedo ou uma peça de vestuário infantil a um adulto carenciado – que não pode comprar para oferecer a um familiar próximo – é uma forma de contribuir para o bem-estar emocional do utente em causa e dos que com ele convivem. A gestão dos donativos é feita sempre na tentativa de poder utilizar materiais que possam ser recicláveis e adquiridos a um preço económico. A gestão da compra é determinada frequentemente em função das actividades que são realizadas e das épocas festivas celebradas na Região Autónoma da Madeira.
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fundação da Associação Protectora
A
dos Pobres (APP) remonta ao século XIX, mais precisamente ao ano de
1889.
Em 1931, o Sr. Tenente Domingos Cardoso foi convidado pelo Sr. Governador Nosolini para dirigir esta instituição de apoio aos mais desfavorecidos. Durante a II Guerra Mundial, a distribuição de almoços ocorreu no Palácio da Junta, mudando, em 1938, as instalações para o frigorífico da Junta Agrícola. Na última década do século XX (1993), implementou-se uma nova configuração de auxílio aos utentes: para além de “matar a fome” aos mais carenciados, a Associação Protectora dos Pobres apostou numa estratégia pedagógica e socializadora que visava a adaptação desses utentes a novos actos de vida social e/ou dar oportunidades a mantê-los. O melhoramente do almoço e a introdução de novas refeições foi possível quatro anos depois, em 1997. A mudança para as instalações provisórias à Rua das Hortas, em 1999, permitiu o restauro do prédio existente, permitindo uma melhor resposta e maior diversidade de serviços disponibilizados — serviços essenciais. Por outro lado, o Apoio Social a nível de acompanhamento e aconselhamento da integração social e saúde dos utentes foi sendo
Todas as pessoas que trabalham na Associação protectora dos Pobres fazem-no a
cada vez mais aperfeiçoado. Neste ano, deu-se
tempo inteiro: um Sociólogo, um professor de 1º Ciclo, destacado pela SREC, que asse-
início às demolições na Sede, com o intuito de
gura o Ensino Recorrente e o Animador Social da instituição, responsável pelas activi-
adaptar as instalações aos serviços necessários
dades ocupacionais de reabilitação das capacidades de trabalho, de socialização e de
à realidade desse tempo, da população recor-
autonomia. Apenas a ocupação dos tempos livres permite a admissão de voluntários
rente.
dinamizadores de diferentes actividades: trabalhos manuais, pintura, etc.
Em 2001, a abertura do Centro de Acolhimento
Como Directora de Serviços desta instituição, há já dezasseis anos, Luísa Pessanha
Nocturno fez-se a título de experiência piloto.
sente que o seu trabalho com os utentes é uma mais-valia: gosta de ajudar, orientar ou
Paralelamente, inaugurou-se a restauração da
integrar os “mais pobres dos pobres”. A gratidão e o respeito destas pessoas é “a garan-
Sede com a oferta de uma multiplicidade de
tia maior” de que as lutas que trava no dia-a-dia são válidas.
valências: Fraldário, Balneários, gabinete de
Como Directora, reconhece que o nome da instituição possa ser “depreciativo”. Porém,
Apoio Social, Refeitório, Rouparia, Lavandaria e
o historial relevante da mesma determina que permaneça como “Associação Protectora
Sala de Convívio.
dos Pobres” da Madeira.
Desde 2002, a introdução de actividades
Luísa Pessanha gostaria também de sentir da parte da sociedade em geral uma maior
capazes de estimular a inserção social destes
consciencialização, não só ao nível do apoio financeiro que a APP necessita mas, sobre-
grupos de risco (alcoólicos, toxicodependentes,
tudo, nas possibilidades de resposta de integração social. “Temos de saber aceitar”, lem-
doentes mentais, desempregados, etc…) a
bra, com emoção. “De que serve um trabalho diário de apoio ao nível da satisfação das
nível do Ensino Recorrente, da Ocupação dos
necessidades básicas, de desenvolvimento de auto-estima, de incentivo à esperança de
Tempos Livres, de Sessões de Educação para a
uma vida melhor – com trabalho e autonomia – se a sociedade fecha as portas a essa
Saúde, de Reuniões Anti-Alcoólicas e de
integração?”
Aconselhamento, de Passeios terrestres e marítimos, de Visitas de estudo e de Acções de Formação diversas, permitiu uma oferta multifacetada e globalizante no atendimento e acompanhamento de cada um dos utentes.
peratura terrestre em valores óptimos para a vida no planeta. Na ausência deste mecanismo, o planeta teria uma temperatura média cerca de 33 ºC mais baixa que a actual, impossibilitando a aquecimento global refere-se ao aumento da temperatu-
vida como a co-nhecemos no nosso planeta e a água estaria em
ra média do ar à superfície da Terra. Este fenómeno é
estado sólido em todo, ou grande parte dele. Como tal, a presença
uma consequência do efeito de estufa, que tem vindo a
de GEE em reduzidas concentrações na atmosfera é essencial
ser intensificado pelas actividades Humanas, originando as alter-
para um efeito de es-tufa equilibrado, ou seja, de modo a manter
ações climáticas.
a temperatura da superfície da Terra.
A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra, constituída
Desde a revolução industrial, em meados do século XVIII, que a
por vários gases, em que o azoto (N2) e o oxigénio (O2) existem
quantidade de GEE emitida para a atmosfera tem aumentado, o
em maior quantidade (99% no total). Os restantes gasesestão pre-
que se agravou entre 1970 e 2004 (cerca de 70%). Este facto
sentes em quantidades muito reduzidas, incluindo os conhecidos
levou a um aumento da concentração destes gases na atmosfera
como gases com efeito de estufa (GEE). Estes GEE (vapor de
e, por sua vez, ao incremento da absorção de raios IV, diminuindo
água, dióxido de carbono - CO2; óxido nitroso - N2O e metano -
a perda de calor para o espaço, o que contribui para o aumento da
CH4) absorvem parte da radiação infra-vermelha (IV), ou seja, o
temperatura média global da Terra – o aquecimento global.
calor emitido pela superfície terrestre para a atmosfera, o que
Segundo o 4º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental
impede que ocorra uma excessiva perda de energia para o espaço.
para as Alterações Climáticas (IPCC) [IPCC, 2007], nos últimos 100
Por este motivo, o efeito de estufa (Fig. 1) é um mecanismo natu-
anos o planeta aqueceu 0,74ºC, em média, sendo este aqueci-
ral que ocorre na Atmosfera, possibilitando a manutenção da tem-
mento mais significativo no Hemisfério Norte (para o mesmo
O
período, o aquecimento na Europa foi de 1ºC). O aumento da temperatura global tem causado outras alterações no clima, como a subida do nível do mar e a mudança dos padrões de precipitação, resultando em períodos de seca e de cheias, e outros eventos climáticos extremos, como os ciclones. Tais alterações climáticas provocam impactes na agricultura, nos recursos hídricos (caudal reduzido em rios durante o Verão, levando à escassez de água para consumo), erosão da costa, extinção de espécies e aumento de vectores de doenças [URL 1]. No entanto, vários estudos apontam para que o Homem não seja o único responsável pelas alterações climáticas, apesar de contribuir de forma significativa [IPCC, 2007]. Para as alterações fig.1 - O efeito de estufa (Fonte: Geographicae).
climáticas contribui também a variabilidade climática. Este termo é
Aquecimento global
12 / 13
usado na Convenção Quadro das Nações Unidas para as
nizações intergovernamentais, nações, estados, empresas e
Alterações Climáticas (UNFCCC) [UN, 1992] referindo-se às
cidadãos a implementar acções para tentar reduzir o aquecimento
mudanças de causa natural. A variabilidade climática associada ao
global e a ajustar-se a ele. Neste sentido, à escala governamental
aquecimento global, ocorre em períodos de dezenas de milhares
e intergo-vernamental, surgiu o Protocolo de Quioto (1997), o
de anos, entre as idades do gelo, e é o resultado de quatro fac-
Programa Europeu para as Alterações Climáticas (2000) e, no caso
tores: natureza caótica do sistema climático, comportamento
de Portugal, o Plano Nacional para as Alterações Climáticas (2001),
oscilante de agentes climáticos importantes, variabilidade da
entre outros, que consistem em documentos estratégicos com
intensidade solar e aleatoriedade da actividade vulcânica
medidas de mitigação das emissões de GEE. Mais recentemente,
[GCMarshall, 2005]. No entanto, quando usamos o termo “alter-
em 2007, a Comissão Europeia adoptou o Livro Verde, onde se faz
ação climática” referimo-nos às mudanças causadas pelo Homem.
o diagnóstico dos impactes das alterações climáticas e está em curso o desenvolvimento do Livro Branco com estratégias de
Os efeitos do aquecimento global são evidentes para além da já
adaptação para os mesmos impactes. À escala empresarial, têm
referida subida da temperatura. A nível mundial, entre 1961 e
sido feitos esforços no sentido de aumentar a eficiência energéti-
2003, a subida do nível do mar foi de 18 cm por século, mas este
ca e uso de fontes alternativas de energia, bem como o comércio
valor aumenta para 31 cm por século se for considerado o período
de emissões de GEE, no qual as empresas, em conjunto com os
de 1993 a 2003 [IPCC, 2007]. As alterações climáticas não con-
governos, limitam as suas emissões ou compram licenças àqueles
stituem apenas um problema dos países industrializados ou polu-
que emitem menos que as suas quotas.
idores, mas é sim um problema global. Exemplo disso é o continente Africano, cujas emissões de GEE são desprezáveis face à
Este problema das alterações climáticas tem tido uma influnecia
quantidade emitida pelos países desenvolvidos, sendo no entanto
crescente na sociedade actual. De facto, a extensão, gravidade e
das regiões do planeta mais afectadas pelos impactes do aqueci-
os impactes resultantes das ditas catástrofes “naturais” estão inti-
mento global [IPCC, 2007]. As regiões da Europa mais vulneráveis
mamente associados às opções estratégicas de desenvolvimento
às consequências do aquecimento global são as áreas montan-
e ao estilo de vida insustentável das sociedades modernas. O
hosas, o Árctico, as zonas costeiras e a região mediterrânica. A
comportamento humano perante o ambiente e a insensibilidade
camada de gelo da Gronelândia está a diminuir e o nível do mar
das decisões de desenvolvimento tem levado a um incorrecto
Árctico a aumentar. As regiões montanhosas (Alpes, Cárpatos,
ordenamento do território e à alocação indevida de actividades
Montes Escandinavos, Pirinéus e Cáucaso) estão a perder a massa
humanas em zonas de risco. A análise do panorama mundial, em
glaciar, o que se traduz num aumento do perigo de avalanches,
todo semelhante à situação nacional, mostra que a maioria da pop-
erosão do solo e alto risco de extinção de espécies. Na região
ulação (em Portugal cerca de 80%) vive em zonas costeiras, mais
mediterrânica tem-se vindo a notar um decréscimo da precipitação
susceptíveis à ocorrência de desastres “naturais”, em que o
anual e do leito dos rios, perda de solo agrícola, aumento dos
aumento do nível do mar é o mais óbvio como se referiu. Mas tam-
fogos florestais, da área ardida e das ondas de calor. No entanto,
bém não se cuidam as áreas mais críticas em termos ambientais:
na região do Noroeste Europeu tem ocorrido um aumento da pre-
os leitos de cheia dos rios, constrói-se sobre falhas sísmicas, des-
cipitação durante o inverno com consequências ao nível do
floresta-se potenciando a desertificação...
aumento do leito dos rios e maior risco de inundações costeiras [IPCC, 2007; EEA, 2008]. Todas estas alte-rações provocadas pelo
Por outro lado, a alteração profunda dos usos do solo (o bem mais
aquecimento global têm implicações ao nível da qualidade da água
escasso que existe no Planeta...), designadamente o elevado
superficial e subterrânea, na biodiversidade e ecossistemas terri-
índice de ocupação urbana e a respectiva pavimentação, na agri-
toriais, na qualidade dos solos para agricultura e na saúde humana.
cultura a mecanização e consequente compactação dos solos,
Importa ainda referir os impactes na economia devidos, por um
têm contribuído para a diminuição da capacidade de infiltração e
lado, às perdas humanas e materiais associadas aos eventos
drenagem das águas.
climáticos extremos e diversos impactes das alterações climáticas, e por outro, aos investimentos necessários para implementar
Muito para além das negociações internacionais, existe um impor-
medidas mitigadoras (com o objectivo de reduzir as emissões de
tante trabalho doméstico a realizar. Pôr em marcha a Agenda 21
GEE) e de adaptação (que visam preparar os estados e regiões
Local (imaginem, foi aprovada na Conferência do Rio em 1992!!!)
potencialmente mais afectadas para minimizar as consequências
aparece como uma prioridade para a qualidade de vida das popu-
adversas das alterações climáticas).
lações, através de opções inteligentes e ambientalmente correctas, que minimizem, quer a frequência, quer os efeitos das conse-
O consenso entre os especialistas em alterações climáticas de que a temperatura global continuará a aumentar, tem levado orga-
quências das alterações climáticas.
Bibliografia
E cabe a todos nós individualmente questionar os nossos padrões de vida para adoptar
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change
(2007).
Climate
Change
2007:
comportamentos sustentáveis, não apenas para o ambiente como também para a sobrevivência da Humanidade.
Synthesis Report. Disponível em: http://www.ipcc.ch/). UN – United Nations (1992). United Nations
Existe uma longa lista de medidas mitigadoras e de adaptação que devem ser adoptadas por cada cidadão e que são tão importantes como as anteriormente apresentadas, como
Framework Convention on Climate Change
sejam a contenção e o uso racional de energia (optar por tecnologias mais eficientes, não
(UNFCCC). (Disponível em:
desperdiçar energia – boas práticas energéticas); aproveitar a energia de fontes alternati-
http://unfccc.int/resource/docs/convkp/conv
vas; preferir os transportes mais eficientes e mais limpos; reduzir, reutilizar e reciclar (3R)
eng.pdf).
e mudar alguns hábitos que visem a minimização de desperdícios. A Terra é a única casa
George C. Marshall (2005). Natural climate vari-
de que dispomos e é essencial preservar os recursos que ela nos pode oferecer. Esta é
ability. (Disponível em:
não apenas uma tarefa mas também um desígnio de todos e de cada um individualmente.
http://www.marshall.org/pdf/materials/340.pdf).
Sermos utilizadores conscientes e racionais dos recursos disponíveis é a chave, quer para
EEA – European Environmental Agency (2008). Impacts of European’s changing climate – 2008
o desenvolvimento sustentável, quer para a diminuição de GEE emitidos para a atmosfera, e é este o desafio que o aquecimento global nos deixa em mãos, a nós enquanto cidadãos.
indicator-based assessment. Joint EEA-JRCWHO Report. EEA Report Nº 4/2008. ISSN
“Ninguém cometeu um erro maior do que aquele que nada fez porque era muito pouco
1725-9177. Copenhagen. (Disponível em:
aquilo que podia fazer” (E. Burke, Século XVIII).
http://www.eea.europa.eu/publications/eea_rep ort_2008_4/)
Carlos Borrego; Myriam Lopes; Isabel Ribeiro CESAM e Departamento de Ambiente e Ordenamento Universidade de Aveiro
URL 1: http://www.grida.no
s mudanças climáticas globais, verificadas no século XX e intensificada nas últimas
A
décadas, constituem uma ameaça sobre o homem e a natureza.
As alterações climáticas (AC) podem ter causas naturais (variações lentas na luminosidade do Sol ou nos parâmetros que definem a órbita da Terra em torno do Sol) e/ou antropogénicas (devido principalmente às alterações na composição da atmosfera). A composição da atmosfera tem sido alterada pela emissão directa de gases com efeito de estufa (GEE), assim como por perturbações nas características físicas, químicas e ecológicas do sistema terrestre, embora as estimativas das emissões relacionadas com estas perturbações (nomeadamente pela queima da biomassa) sejam mais difíceis de contabilizar que as emissões directas de gases para a atmosfera. O efeito de estufa é um processo natural, sendo responsável pela elevação da temperatura na Terra que não seria possível na ausência de GEE (se não existisse efeito de estufa, a temperatura à superfície da Terra seria em média cerca de 34ºC mais fria do que é hoje). Os GEE, presentes na atmosfera, criam uma espécie de estufa, permitindo a entrada de radiação solar mas absorvendo parte da radiação infravermelha (calor) irradiada pela superfície terrestre. Os GEE são gases que absorvem e emitem radiação infravermelha. Para que a temperatura média global na troposfera seja relativamente estável no tempo, é necessário que haja equilíbrio entre radiação solar incidente absorvida e radiação solar irra-
Aquecimento global
diada sob a forma de radiação infravermelha (calor). Os GEE mais importantes são o CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), N2O (óxido nitroso), HFCs (hidrofluorcarbonetos), PFCs (perfluorcarbonetos), SF6 (hexafluoreto de enxofre) e ozono (troposférico). A queima de combustíveis fósseis (como o carvão e o petróleo) (responsáveis por cerca de 75% das emissões antropogénicas de CO2 para a atmosfera), fogos florestais, alterações no uso do solo, transportes e deposição em aterro são algumas das fontes antropogénicas de GEE. As florestas, solo e oceanos representam sumidouros de carbono na medida em que permitem a sua retenção. Apenas as florestas e o solo, este último em muito menor escala, têm capacidade de trocar o carbono activamente com a atmosfera, sendo por isso considerados os mais importantes. No entanto, a destruição das florestas naturais e a libertação de grandes quantidades de CO2 têm levado a que a fixação deste gás pelos sumidouros não seja suficiente para compensar o que é libertado, tendo-se vindo a intensificar a sua concentração na atmosfera. Desde 1750, a concentração atmosférica de CO2 aumentou 31% enquanto que a de CH4 aumentou em 151%. A temperatura média global da atmosfera à superfície aumentou durante o século XX em 0.6ºC +/- 0.2ºC, tendo ocorrido a maior parte do aquecimento durante dois períodos: de 1910 a 1945 e de 1976 a 2000, representando a década de 1990 e o ano de 1998 a década e o ano mais quentes do século. Este aquecimento tem acompanhado a fusão de glaciares sobre os mares (tendo já provocado nos últimos 50 anos uma subida de 10 a 20 cm do NMM – nível médio do mar) e lagos. A cobertura de neve mundial regrediu 10% desde o fim dos anos 60 e a espessura do Ártico cerca de 40%. A frequência de condições extremas no Inverno com mais tempestades e inundações nos países do Norte e períodos de seca com incêndios florestais nos países do Sul tem aumentado, tendo-se também verificado um aumento da severidade de doenças em muitas espécies. Associação de Geografia - Organização: Clube a Nossa Terra
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Dr. Ferdinando Freitas, Investigador no IHMT (Instituto de Higiene e Medicina Tropical)
ilha da Madeira é mundialmente conhecida pelo seu clima ameno, convidando a
A
uma visita pelas suas belas paisagens e outras actividades ao ar livre, que, desde há muito, têm sido exploradas para fins turísticos. A temperatura e a humidade
que se verificam ao longo de todo o ano propicia a muitos seres vivos, animais e plantas, condições ideais ao seu desenvolvimento. Os ecossistemas, sofrem alterações constantes, sejam por acção humana ou por via natural, contudo, a introdução descontrolada ou acidental de uma nova espécie num habitat poderá provocar desequilíbrios, que, em ecossistemas limitados, como é o caso de uma ilha, originam efeitos devastadores a curto prazo. De uma forma geral, uma espécie, ao ser introduzida num novo habitat que reúna características ideais à sua proliferação e na ausência de predadores naturais, poderá sofrer um crescimento desmesurado originando uma diminuição dos recursos disponíveis para outras espécies residentes ou mesmo constituir uma ameaça para estas. Em termos de importância Médica, o crescimento descontrolado de uma espécie, em situações extremas, poderá levantar questões de saúde pública, exemplo disto será um aumento na taxa de transmissões ou infecções por um dado organismo. A ilha da Madeira tem sido, ao longo dos tempos, alvo de inúmeras introduções (desde plantas ornamentais, medicinais a animais exóticos). Em 2004, na sequência de algumas queixas por parte da população local, especificamente na localidade de Santa Luzia, relatos de dolorosas picadas de mosquito que originavam reacções inflamatórias exuberantes, uma equipa da Unidade de Entomologia Médica do Instituto de Higiene e Medicina Tropical identificou o Mosquito Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera, Culicidae) que, em colheitas anteriores, realizadas entre os anos de 1977-1979, não havia sido detectado. Em Portugal Continental, existem registos da espécie até 1956, não tendo este sido identificado desde então. O Aedes aegypti é uma espécie endémica na grande maioria das regiões tropicais e subtropicais por todo o mundo, onde o vírus do dengue é considerado um grave problema de saúde pública. A abundância do mosquito está directamente relacionada com o aumento da temperatura e da precipitação uma vez que estes factores originam maior número de colecções de água que funcionam como criadouros, induzem um aumento da taxa de desenvolvimento, diminuindo o tempo do ciclo reprodutivo e estimulando a eclosão das formas imaturas.
Mosquito Aedes aegypti Esta espécie é também conhecida por utilizar uma diversidade considerável de criadouros, muitos deles artificiais (produzidos pelo Homem) onde ocorre a ovoposição, sendo que os ovos do mosquito Aedes aegypti são especialmente resistentes à dissecação. As alterações climáticas, que, nos últimos tempos, têm sido alvo de algum mediatismo, podem também dar o seu contributo na dispersão do vector e do vírus, levando à expansão geográfica das áreas de distribuição dos mesmos. Até à data, não foi identificado qualquer caso de dengue autóctone (transmitido na Madeira), o que sugere a ausência do vírus. Segundo dados da Direcção-geral de Saúde, no último ano em Portugal Continental foram registados 15 casos importados de dengue. O volume de tráfego marítimo e aéreo entre a Madeira e Portugal Continental e outros países pode aumentar o risco de re-introdução do mosquito, particularmente no sul da Europa onde o clima é mais favorável ao seu desenvolvimento. Para além disto, Portugal mantém relações estreitas com países onde recentemente ocorreram surtos de dengue, como é o caso do Brasil, que, num dos piores cenários, poderão contribuir para a importação de novos casos e de uma possível transmissão na presença do vector. O processo de Globalização, caracterizado, entre muitos outros factores, pelo rápido movimento de pessoas e mercadorias de um ponto do Globo para outro, por si só acarreta inúmeras facilidades na disseminação de agentes infecciosos. Exemplo disto é o facto de já em 1857 se ter verificado um surto de febre amarela em Lisboa, que causou milhares de mortos, e ainda a Globalização como a entendemos hoje, não se vislumbrava no horizonte. Existe ainda um conjunto de normas internacionais para controlo de vectores em aeroportos, em particular para o Aedes aegypti, que passam pelo tratamento dos locais de criação nas imediações do aeroporto (num perímetro de 400 metros). É nossa opinião que estas medidas deveriam abarcar os portos marítimos (http://whqlibdoc.who.int/hq/pre-wholis/a43045_%28p97-p170%29.pdf ). Aparentemente as autoridades regionais estão atentas ao problema, avançando com um plano que tem em vista a diminuição dos criadoros (vasos, pneus e recipientes de plástico) e a eliminação de formas imaturas e adultos recorrendo ao uso de insecticidas. No entanto, o mosquito Aedes aegypti continua a ser encontrado e a população a ser picada. A dificuldade em erradicar uma espécie de mosquito é conhecida ou mesmo quase impossível, à semelhança da realidade dos países Africanos, em que esforços realizados durante décadas não foram suficientes para eliminar as transmissões de malária, entre outras infecções transmitidas por estes vectores. Como nota final, apelamos à continuidade das medidas preventivas já tomadas e à implementação de outras que, a curto prazo, podem contribuir para a diminuição daquele mosquito. Sugerimos às Autoridades Regionais a implementação de um plano de vigilância entomológica permanente, registando possíveis variações na abundância do vector, o que permitiria uma rápida identificação dos principais focos e uma acção eficaz no controlo vectorial. Outra medida seria o desenvolvimento de um plano de educação ambiental nas escolas e através dos meios de comunicação em geral, não com o intuito de alarmar a população, mas, sim, de informá-la, onde seriam abordadas as características do vector (por exemplo: picos diários de alimentação) e medidas de protecção, como sejam a utilização de repelentes e de redes mosquiteiras nas habitações e fomentar a redução de recipientes de água que poderão ser utilizados pelo mosquito no seu ciclo reprodutor. A prevenção será sempre a melhor escolha para o combate de possíveis transmissões vectoriais.
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José Felisberto de Gouveia Almeida
”O deputado do PSD pela Emigração, Carlos Gonçalves, defen-
segundo semestre de 2007, para levantar o problema da explo-
deu esta segunda-feira que a questão da exploração de trabalha-
ração de trabalhadores na Europa.
dores portugueses na Holanda é «uma gota de água no oceano»,
«São cidadãos europeus e não lhes estão a ser garantidos os
por considerar que existem situações piores noutros países.
seus direitos», afirmou Carlos Gonçalves, sublinhando que esse problema não se põe apenas com trabalhadores portugueses.”
«A questão da Holanda é uma gota de água no oceano, que só
In IOL PORTUGAL DIÁRIO 20/04/2009 - “Portugueses “quase na
ganha visibilidade porque aparece na televisão», disse o deputa-
miséria” no Reino Unido”.
do eleito pela Europa à Agência Lusa. Carlos Gonçalves diz estar «mais preocupado com a situação no
Em Março passado tive o grato prazer de, nesta Escola Jaime
Reino Unido, onde o número de portugueses numa situação
Moniz, me dirigir a um auditório quase pleno de Professores e
próxima da miséria é muito superior do que na Holanda».
Alunos, para uma comunicação sob o tema “Tráfico de Seres
O deputado falava depois de ter surgido mais uma denúncia de
Humanos – Uma perspectiva em Portugal”, apresentação essa
portugueses vítimas de exploração laboral na Holanda, com
que me deu muito prazer em mostrar e que, pelos comentários
alguns a afirmarem que estavam sem dinheiro e sem comida.
que tiveram a gentileza de lhe fazer, provocou saudável e criativa
Referindo-se à alegada falta de apoio da embaixada e do con-
polémica, assim como profícuas trocas de impressões, entre
sulado aos portugueses vítimas de exploração na Holanda, o de-
Docentes e Discentes e no seio dos próprios grupos profissio-
putado afirma que essas estruturas «não têm recursos e meios
nais.
para darem uma resposta».
No rescaldo dessa mesma minha participação cívica e cultural foi-
Contudo, defende que «deveria haver recursos humanos voca-
me dado a conhecer que alguns, espero que poucos alunos havi-
cionados para a área social». «O Governo nunca foi muito sen-
am abandonado a sua carreira de estudantes, ou pelo menos a
sível a esta questão. Só fez uma campanha (a alertar os por-
teriam suspendido, devido às dificuldades económicas que a
tugueses que pensam emigrar), que foi positiva, mas não resolve
nossa economia regional e nacional tem vindo a sofrer e dos
o problema», afirmou.
inevitáveis reflexos dessa mesma crise no plano das famílias e
Carlos Gonçalves considera ainda que o Governo deve reconhe-
dos indivíduos em si, com as consequências daí advindas, entre
cer que há cada vez mais portugueses a ir para o estrangeiro
as quais nos importa aqui realçar o já anteriormente dito aban-
à procura de trabalho, apesar de admitir com isso que «talvez
dono escolar.
o país não esteja tão bem como querem dar a entender».
Compreendemos perfeitamente que tal possa acontecer mas, na
De acordo com o deputado, no ano passado chegaram oito mil
sequência da nossa citada intervenção, muito gostaríamos agora
portugueses ao Luxemburgo e 10 mil à Suíça.
de dar o nosso contributo, desta vez, por escrito e uma vez mais
Quem mais procura trabalho no estrangeiro são jovens à
a convite de membros do Corpo Docente sobre, não as conse-
procura do primeiro emprego, pessoas com 40 ou mais anos
quências para o plano de estudos prosseguido e abandonado
que ficaram desempregadas e não têm qualificações profission-
pelos alunos que desertam da Escola, mas dos eventuais
ais e famílias endividadas, que deixam de poder pagar os crédi-
proveitos e também das quase certas menos valias, na vida pre-
tos e não têm outra alternativa senão emigrar, segundo Carlos
sente de estudantes e na sua vida futura de cidadãos inseridos
Gonçalves.
na economia.
O deputado disse ainda à Lusa que pediu ao Governo para
Quanto ao abandono escolar, melhor do que eu, os Professores
aproveitar a presidência portuguesa da União Europeia, no
e os Alunos, como profissionais conscientes estão conscientes
Da doce quimera à amarga realidade
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que uma saída prematura, mais configura um abandono quase
destino sazonal, transformado muitas vezes quimericamente
definitivo do plano de estudos, com correspondência numa futu-
num destino definitivo que abordamos, fazendo lembrar que as
ra actividade profissional, uma vez que se sabe que a cada ano
quimeras, se por um lado, tal como as paixões, são muito moti-
perdido e não recuperado, corresponde um valor matematica-
vantes, são também por vezes intoxicantes e obnibiliadoras da
mente possível de quantificar, de menos valia perdida ou ardua-
realidade, deixando o, chamemos-lhe, apaixonado, desmunido de
mente recuperado em actividade profissional, não alicerçada em
recursos, protecção e capacidade de defesa face à adversidade,
currículo académico adequado.
para a qual não estava de forma alguma preparado e que fanta-
Mas essa não é de modo algum a nossa intenção hoje e aqui
siosamente não esperava.
mas sim, valendo-nos da nossa experiência profissional, alertar
Assim importa, primeiro do que tudo avaliar de forma criteriosa,
os nossos eventuais leitores para os riscos, alguns deles de
responsável, fria e objectiva se os eventuais proventos, benefí-
natureza até física e moral, que correm ao abandonar, a meio do
cios e mais-valias correspondem na pior hipótese à situação que
percurso um projecto e ao abraçarem outro, para eles desconhe-
se deixa, sabendo nós que a fase curricular e de estudos deve
cido, tutelados por alguém ou alguns cujo objectivo essencial é a
ser vista como uma fase essencial de investimento pessoal, não
maximização do lucro, usando as pessoas de que dispõem como
visível, aparentemente não produtiva ou pelo menos não remível
máquinas, ou ferramentas ou mesmo animais, inseridos num
em dinheiro ou valores fiduciário, mas essencial como currículo,
projecto de exploração maciço e criminoso.
a qual jamais deve ser vista como “perdida”, mas sim sempre e
Os riscos são muitos e os proventos, esses serão alguns ou ne-
muito mais como “ganha”.
nhuns, como tivemos ocasião de apresentar e de nada adianta
Deve-se depois, como salvaguarda e protecção pessoal física e
avançar com raciocínios desculpabilizantes do género de que é
moral, verificar se a proposta é sólida, profissionalmente inata-
mão-de-obra jovem, não formada ou imperfeitamente adequada
cável e com potencial de futuro, quer no aspecto profissional,
às funções que se lhe exige, porque esse é muitas vezes o argu-
quer no aspecto de valorização do activo, muitas vezes o único
mento base de jornadas de exploração, risco físico e moral e de
que nesse momento possuímos, que é a nossa força de trabalho
inenarráveis sofrimentos, frustrações e amarguras, sofridas
e a nossa mais-valia potencial, ou seja, aquilo que nos interessa
muitas vezes solitariamente, longe de qualquer protecção ou
a nós mas e muito mais interessa ao “outro”, numa perspectiva
aconchego, seja ele familiar ou de grupo.
de valorização constante e crescente das nossas capacidades
Por gerações, para o Havai, passando pelas chamadas “West
em gerar recursos e valor.
Indias”, como aqui se designavam, o Brasil, África do Sul,
Será também essencial, na nossa perspectiva, que a saída não
Venezuela, Austrália, Angola, os Madeirenses emigraram em
seja um reconhecimento implícito e explicito de falência do pro-
grupo ou individualmente, para aplicarem o seu saber, a sua
jecto que abandonamos, com a quebra dos laços que fomos
inenarrável vontade de trabalhar e vencer, muitas vezes, quase
granjeando ao longo do nosso percurso anterior, nomeadamente
sempre chamados por aqueles que haviam partido antes e que
da família e do grupo social em que nos inserimos, incluindo a
tão bem quanto mal os integravam, protegiam ou enquadravam
própria escola que rejeitamos, mas que o façamos de uma forma
em esquemas produtivos, que já mal ou bem dominavam, servin-
clara, transparente e substancial, de maneira a que para nós
do de almofada para uma mudança radical.
próprios tal saída, seja construtiva, valorizadora e pessoal e
Mais tarde e durante algum tempo partiram da Madeira, para as
profissionalmente geradora de mais potencial.
chamadas Ilhas do Canal – Jersey, Guernsey, Alderney e Sark,
Importa que nos socorramos com o máximo de informação pos-
muitos jovens Portugueses, e tive ocasião de ver que em muitos
sível e que dessa mesma informação façamos partilha, pelo
dos aviões quase só partiam jovens mulheres, as quais se deslo-
menos com os nossos familiares e amigos, para que a mesma
cavam em grupo para a prossecução de actividades ligadas ao
possa ser um capital repartido, partilhado e mutuamente securi-
sector agrícola ou actividades de hotelaria, desenvolvidas em
zante e jamais partir como que fugido, sem deixar rasto ou traço
período sazonal, em que se partia em Abril e se regressava em
e que, e se mesmo assim o fizermos, tenhamos consciência de
Novembro e, tal como a formiga, se amealhava no Verão para se
que partimos ainda mais sós e desprotegidos, não permitindo
gastar no Inverno.
aqueles que nos gostam a possibilidade de intervir, para even-
Posteriormente, e após a entrada de Portugal na União Europeia,
tualmente nos proteger.
muitos dos nossos concidadãos começaram a deslocar-se para o
Existem múltiplos recursos de informação e há que os usar de
Reino Unido, a França, a Suíça, Luxemburgo e Holanda e con-
forma responsável e criteriosa, em nosso benefício, proveito e
comitantemente foram perdendo a sua apetência pela imigração
protecção. A própria família e amigos conhecem, de experiência
definitiva para os destinos tradicionais, num movimento que
própria ou induzida, casos anteriores de sucesso e também de
suavemente se foi transformando num reforço da emigração
insucesso, devendo nós ter consciência de que a vergonha, o
sazonal e enfraquecimento dos destinos mais tradicionais, fruto
orgulho e a vaidade muitas vezes levam ao escamotear das reali-
da menor atractividade desses mesmos destinos, por razões
dades e que algumas das informações recebidas estão muitas e
políticas, económicas ou até de moda.
quantas vezes feridas de fantasia, na melhor das hipóteses e na
Hoje e é esse o tema essencial deste nosso trabalho é mais o
pior, de maldade e inveja.
Importa também cruzar as informações recebidas com a protecção que as Instâncias Estatais e Regionais nos podem proporcionar, que no primeiro caso são os Departamento do Ministério do Trabalho e do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou as Instâncias Comunitárias mas que mais próxi-
u vou falar um pouco das grandes alterações que normalmente aconte-
E
cem quando começamos a viver fora da nossa terra natal. Eu posso dizer que é muito difícil viver fora da nossa, porque não conhecemos o país e
as pessoas. Muitas vezes não somos bem vindos, no sentido de sermos diferen-
mo de nós e de mais fácil e profícuo acesso temos a Secretaria
tes do que os habitantes dessa localidade, por isso, as pessoas começam a com-
Regional dos Recursos Humanos e o seu Centro do Emigrante
portar-se mal connosco e a nos aborrecer constantemente. Essas pessoas nem
ou mesmo a Direcção Regional do Trabalho ou ainda na Região,
imaginam que é muito difícil começar a estudar, trabalhar e, ainda, aprender a língua daquele país. É sobretudo muito difícil encontrar o vocabulário para podermos
os próprios Sindicatos e até as Organizações Religiosas.
falar, explicar aquilo que queremos dizer, explicar ainda que vamos viver para ou-
Idealmente e já que somos jovens e desejamos legítima e com-
tros países porque não temos outras hipóteses e que temos de fazer por isso,
preensivelmente ganhar dinheiro e autonomia, sugerimos que o
que não é voluntário, mas a causa da emigração é não termos possibilidades de
momento de abandonar a escola seja postergado, que se
viver, estudar e trabalhar nos nossos países. Somos todos iguais e acho que não é preciso sermos maus uns com as pessoas que vêm de fora, só porque eles
cumpram os currículos, se termine pelo menos o ano lectivo, de
vêm estudar e trabalhar na terra dos outros, pelo contrário, nós temos de ajudar
forma a que se não aparente sairmos vencidos, nos auto afaste-
e dar uma mão para os emigrantes poderem ter uma vida normal, em comu-
mos da nossa comunidade de origem, não permitindo aos nos-
nidade com os outros. Alina Dianova - 10º 12
sos amigos e “amigos” que nos julguem sistematicamente por defeito e que nos não empurrem para soluções que, apenas aparentemente, parecem vantajosas. Finalmente a Internet é hoje uma ferramenta extraordinária de informação e validação de conhecimentos e os jovens melhor do que ninguém a sabe utilizar, para o melhor e para o pior e que no âmbito desta problemático os “links” que deixamos,
minha experiência de emigração foi diferente da maior parte das pes-
A
soas, uma vez que eu já conhecia a Madeira, por o meu pai ser madeirense e termos vindo cá de férias antes do regresso definitivo. O
dia em que cá cheguei foi realmente estranho, porque eu já sabia que era de vez e que vínhamos para ficar e isso mudaria a minha vida por completo. Implicaria começar de novo, aprender uma nova língua e fazer novos amigos, ter uma casa nova, entre outras novidades. Uma das dificuldades que tive de enfrentar foi a
poderão ser úteis numa fase inicial de prospecção e segurança
adaptação à escola, visto que eu não sabia escrever Português e falá-lo, contudo,
das propostas que nos são apresentadas, na condição essencial
isso foi melhorando com o tempo e aquilo que mais custa foi ter deixado a minha
de que as mesmas devem ser trabalhadas, não em regime
família, as minhas primas, a minha avó e os meus tios. Todavia, não é que eu não goste da Madeira, até a considero um local agradável. Contudo, ainda penso em
fechado mas sim em regime suficientemente partilhado e con-
voltar à Venezuela, porque tenho saudades daquela terra.
fiante. “Duas cabeças pensam melhor do que uma”. Andrea Gonçalves - 12º 10
Sítios web que recomendamos: http://www.uma.pt http://www.portugal.gov.pt http://www.sef.pt
air do seu país de origem e criar o seu novo lar num país estrangeiro é o que
S
nós chamamos emigração.
Existem várias razões que nos levam a tomar a decisão de mudar radicalmente as nossas vidas, como, por exemplo, o facto de irmos ao encontro de algo me-
http://www.iefp.pt
lhor, que nos dê esperança para uma que não conseguimos atingir na nossa terra.
http://www.igt.pt
Outro dos factores que levam as pessoas a emigrar é a questão financeira, a
www.youtube.com – emigrante português
procura por um local onde os filhos possam crescer melhor, algo que o país de
http://rjms.blogspot.com/2008/06/emigrantes.html http://www.srrh-recursoshumanos.pt
onde somos oriundos não nos pode oferecer. A minha mudança para a Madeira foi a mais difícil que alguma vez aconteceu na minha vida. Sentia-me sozinha e não estava habituada ao sistema educativo, que tinha por base uma língua diferente, o Português, e essa foi a parte que tornou mais difícil a minha adaptação. Contudo, com o passar do tempo, fui-me habituando à comunicação escrita e oral neste idioma. Em conclusão, a emigração não é fácil e nem significa que conseguimos sempre atingir aquilo que consideramos que possa ser possível num país estrangeiro. Contudo, por vezes, é no país estrangeiro que conseguimos realizar os nossos sonhos.
Débora Abreu, 12º 50
20 / 21
Emigração / Política
esquecer a dor e sofrimento dos seus antepassados recentes.
"Não há pior analfabeto que o analfabeto político.
Pergunto-me se votaram para essa estatística jovens da minha
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimen-
idade. E os mais velhos? Esqueceram a Guerra Colonial, a
tos políticos. O analfabeto político é tão burro que se
Censura, a PIDE, a ignorância cultural do nosso povo?
orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a políti-
Peço perdão aos homens que lutaram pela Liberdade que hoje
ca. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política
temos!
é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, deson-
Para ti foi só uma luta, uma revolução.
esto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Para mim, foi choro, foi a lágrima,
Bertolt Brecht (1898-1956)
Foi a luta de toda a pátria Por esta liberdade de expressão! João António Ferreira - 12º 35
Concordo com a opinião de Bertold Bretch! lhando em particular para o meu país, e tudo o que a
O
ditadura salazarista retirou ao povo – desde os bens de primeira necessidade até à Liberdade, verifico que
aquele que se resigna, aquele que se deixa oprimir, aquele que Bretch considera “o analfabeto político”, é o maior perigo da
o longo dos tempos o mundo sempre foi palco de tira-
A
nias, ditaduras e opressões em diferentes países. No entanto, houve sempre cantores e escritores cujas obras
pretendiam dar força ao povo e apontar o que estava mal na sua
sociedade. Nem o próprio ditador consegue ser tão perigoso para
pátria.
a integridade do país, já que este depende, única e exclusiva-
Em Portugal, foram imensos os escritores de intervenção. Um
mente, de “analfabetos políticos para ascender ao trono do
deles foi Sttau Monteiro. Na sua obra Felizmente Há Luar!, leva
poder.
o auditório a reflectir sobre o regime opressor e tomar uma
Nos dias de hoje, após tudo o que se viveu no século XX, ainda
posição contra a tirania.
vemos notícias e estatísticas que, para aqueles que pensam e
Outro grande artista de intervenção foi Zeca Afonso. Foi um dos
sabem que a liberdade é o bem supremo, nos ofendem e
grandes impulsionadores da Revolução dos Cravos. Deu força a
magoam. Algumas fazem-nos mesmo chorar.
muita gente e compôs a música que despoletou a revolução de
Para os que amam a vida e a liberdade, é incrível e indigno que o
Abril de 1974, “Grândola Vila Morena”, ajudando assim a uma
nosso povo tenha elegido Salazar como “O maior português de
maior consciencialização de que “é o povo quem mais ordena”.
sempre”! É ridículo e indigno para aqueles que foram exilados,
A esperança de um país melhor tem sido o desejo dos artistas
presos, torturados ou mortos pelos mecanismos de repressão da
de intervenção. Correndo riscos extremos – prisão, tortura, exílio
ditadura.
e, até mesmo, a morte – incentivaram e continuam a semear
Pouco mais de 30 anos após o 25 de Abril de 1974, homens como
esperança através dos seus textos e músicas “proibidas”.
Manuel Alegre, Mário Soares, Mário de Sá Carneiro ou Álvaro Cunhal são insultados por um povo que, frequentemente, parece
Heitor Vasconcelos - 12º 9
Primeiro levaram os comunistas,
“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daque-
mas não me importei porque não era comunista.
les que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e
Em seguida levaram alguns operários,
deixam o mal acontecer.” Albert Einstein
mas a mim não me afectou porque não era operário. Depois prenderam os sindicalistas, mas não me incomodei porque nunca fui sindicalista. Logo a seguir chegou a vez de alguns padres,
ivemos num mundo em que muitas vezes impera a pas-
V
sividade. Existe a consciência do mal, todavia o desejo de
mas como não sou religioso também não liguei.
o combater é vencido pela inércia por parte daqueles que
Agora levam-me a mim
o permitem.
e quando percebi já era tarde.
Frequentemente convivemos com situações diárias onde o conformismo está sempre presente, pois é muito mais cómodo Bertold Brecht
“cruzar os braços” do que agir. O aquecimento global é uma prova evidente. Todos nós sabemos dos malefícios e consequências que este fenómeno climático
m povo pode ser oprimido, silenciado e censurado de
acarreta. Porém quantos de nós faz algo para inverter esse
forma extremamente rígida. Porém, o pensamento de
processo? Gestos simples como separar o lixo para a reciclagem
cada pessoa não poderá ser, de forma alguma, censura-
podem ser fundamentais para um futuro melhor.
U
do. É essa liberdade inalienável que temos que nos faz resistir à
A corrupção e a subjugação são outras causas que levam as pes-
opressão, pois sabemos que este tipo de regimes só cairá com
soas a não agirem. Muitas vezes é mais benéfico “tapar os
Homens com um estilo de pensamento antípoda à resignação.
olhos” e nada fazer do que tomar uma atitude. Como é o caso
Apesar dos trinta e cinco anos de democracia que temos, esta
das tabaqueiras que pagavam a cépticos para omitir e minimizar
realidade não é assim tão longínqua para os portugueses. Os
os riscos do tabaco para a saúde. A acomodação e o marasmo
cantores e escritores “proibidos” “abrem os olhos” aos
político-social podem ser nefastos para a qualidade de vida de
cidadãos, demonstrando as injustiças sobre eles cometidas. São
um povo. Salienta-se a título exemplificativo, um clássico da lite-
igualmente um exemplo em como a liberdade é um valor supre-
ratura dramática portuguesa, Felizmente há luar!, Esta obra
mo, do qual não devemos abdicar.
denuncia a injustiça da repressão e das perseguições políticas
O actual deputado do PS e antigo exilado político, Manuel Alegre,
levadas a cabo pelo Estado Novo. As pessoas eram reprimidas,
foi um exemplo claro desta ideia: durante o seu exílio na Argélia
oprimidas, perseguidas e não possuíam liberdade de expressão.
emitia regularmente programas na rádio local, nos quais apelava
Contudo nada faziam para combater tal situação e ficavam
ao povo para a necessidade de mudança, no sentido de restabe-
inertes. Todavia a esperança iria ter um rosto através do General
lecer os nossos direitos.
Gomes Freire d’Andrade que se apresentava como um lutador,
Estes heróis “proibidos” são, por vezes, “líderes virtuais” das
inconformado disposto a denunciar a injustiça.
revoluções, pois apesar de não estarem no campo de batalha,
Em suma, a passividade muitas vezes é mais letal que o mal em
lançaram os ideais. Desta forma, ao assumirem publicamente os
si. A maioria das pessoas fica à espera que o mundo mude e
valores em que acreditam, fazem com que muitos cidadãos,
pouco ou nada fazem para que isso aconteça. E por vezes não é
defensores das mesmas ideologias, tenham coragem de o
que não nos preocupemos mas o conformismo, a letargia, a
assumir também, pois sabem que não estão isolados.
ociosidade parecem ser o caminho mais fácil.
Em suma, é preciso que alguém defenda corajosamente um ideal, mesmo que tal lhe custe a liberdade, o exílio, ou até mesmo a morte, pois será esse Homem que lançará as sementes que germinarão e se multiplicarão pelo povo. Esse papel foi muitas vezes assumido pelos cantores e escritores “proibidos”, pelo que estes devem ser considerados verdadeiros Heróis da História do Homem, pela sua coragem e frontalidade. R. Henrique S. R. - 12º 9
Carolina Fernandes e Bruno Gama - 12º 40
Política / Homenagem
22 / 23
Julieta era uma pessoa de uma ética moral e profissional elevada.
Ter consciência política
Nunca a ouvi falar mal de quem quer que fosse. Este era o retrato real da nossa amiga Julieta. Era uma alegria que amava a Madeira.
uma democracia é o povo que elege os seus represen-
Muitos lanches fizeram com que estivéssemos muitas vezes juntas. O
tantes para os diversos órgãos de soberania, pelo que
último foi em Janeiro de 2009.
o acto de votar é um direito, um dever cívico e, acima
Recordo com saudades os nossos encontros ocasionais nalgumas mis-
N
de tudo, uma grande responsabilidade.
sas dominicais. Mas há um encontro especial para mim, o de a ter visto
O voto por interesse é uma machadada na democracia, uma vez
num domingo, na Igreja do Colégio, após um curto internamento
que o propósito desta política é que os eleitores elejam os seus
durante essa semana. Fiquei surpresa e senti uma imensa felicidade e
governantes por concordância total ou parcial com os seus
grata ao senhor pela tão rápida recuperação da minha amiga Julieta.
ideais e os seus programas. Desta forma, o voto por interesse cria “lobbies de interesses” que parasitam sobre o bem público e que corroem o país. Este fenómeno ocorre em Portugal de
“Acabei por me perguntar se na vida como nas touradas os melhores lugares serão os do lado da sombra.”
tanta forma e feitio, que só não vê quem não quer ver.
Valery Laub
Por outro lado, votar desconhecendo os programas das listas/candidatos concorrentes revela um espírito pobre e um
Era este o lema da Julieta, uma vida de uma pessoa muito simples, uma
desinteresse pelo futuro do país. Todos nós devemos ser
verdadeira amiga, para quem viver era um prazer e uma felicidade imen-
capazes de justificar, a nós próprios, as razões pelas quais vota-
sa.
mos em X ou em Y, pois só votando em consciência é que
Deus precisava da sua companhia, essa é a minha convicção.
temos legitimidade para criticar a possível má execução dos
Vi a Julieta pela última vez na tarde de domingo da Festa da Flor.
programas apresentados em diferentes campanhas eleitorais.
Passeava, sorridente, com uma rosa na mão. Olhei para a Julieta, mas
Em suma, pelas razões que acima referi, o voto em consciência
ela não me viu, porque eu estava um pouco longe, no meio de um
é vital para a saúde da democracia, pois temos de ser coerentes
aglomerado de pessoas, à espera de ver passar os carros do cortejo.
com as nossas escolhas e, apesar de o nosso voto ser apenas
Hoje, arrependo-me de não ter atravessado, por entre as pessoas, e ido
um em muitos, se queremos mudar o país/mundo temos que,
ao seu encontro. Afinal, seria o nosso último encontro! Com certeza,
primeiro, mudar as nossas atitudes. A primeira atitude é ter
voltaria a dizer-lhe, tal como no início da minha missiva, “Olá, Julieta…”
consciência!
O meu âmago, após o desenlace, ficou triste. Cada gota das por mim
Rodolfo Rodrigues - 12º 9
lágrimas vertidas sabe a verdade do meu arrependimento. Obrigada Julieta. A minha sentida amizade, uma gratidão profunda por tê-la conhecido e consigo ter convivido.
Maria Manuela Pita da Silva e Vida
minha querida amiga Julieta para quem a amizade era disponi-
À
bilidade. Quero agradecer a alegria e a disponibilidade de que participei abundantemente ao longo destes anos de convívio.
Olá Julieta,
Ela era, sem dúvida, uma pessoa superior, incapaz de odiar ou criticar alguém.
“A vida é curta, é sonho de um momento”
Com muita amizade e saudade,
Bernardo Guimarães
Maria da Conceição Mendes
omos colegas durante muitos anos. Iniciei a minha vida profis-
F
sional no ano de 1970, éramos só quatro professores de Biologia:
Julieta,
o Dr. Canedo, a Julieta, a Ângela Oliveira e eu própria.
A sua experiência era imensa, como colega e amiga era irrepreensível. Tudo o que a rodeava era “maravilhoso”; nada, mesmo nada, era mau para a Julieta. A sua alegria era o perfume gratificante e o fruto do dever cumprido. A
oste a colega e a amiga maravilhosa, ao longo de todos estes anos,
F
que jamais sairá do meu coração. Ângela Oliveira
Micaela Martins - Grupo 300
O Lyceu: Fala-nos do Martim Trueva, do seu projecto de vida, dos seus sonhos, dos seus gostos… Martim Trueva: Sou um jovem que anda no 12º Ano, gosta muito de viajar, conviver com os amigos, ir à praia, ao cinema, tal como outro jovem da minha idade. O meu projecto de vida, traçado juntamente com a minha família é de terminar o 12º Ano, entrar na faculdade e durante algum tempo dedicar-me a cem por cento ao Ténis, isto é, jogar como profissional. Quanto aos meus sonhos, são muitos, mas destaca-se o de ser um grande jogador de Ténis e tirar o curso de Medicina.
O. L.: Como nasceu a tua apetência pela Ténis? Martim Trueva: Pertenço a uma família que tem um enorme gosto pelo Ténis e, em pequeno, acompanhava o meu pai e o meu irmão nos seus jogos e no final do treino. Ficava dentro do campo entretido com a raqueta e a bola.
O. L.: Descreve o Ténis enquanto actividade desportiva. Martim Trueva: Na minha opinião, é um desporto fabuloso, com uma adrenalina intensa e que exige grande concentração e esforço físico.
O. L.: Ser uma desportista de alta competição é um desafio? Até que ponto? Martim Trueva: A alta competição no Ténis permite-me conviver e competir com os melhores atletas do mundo. É um desafio, pois exige uma capacidade de privação de certas actividades que os jovens da minha idade mais facilmente podem usufruir e também obriga a um grande espírito de sacrifício.
O. L.: Como consegues conciliar a tua actividade desportiva, no que se refere às tuas participações em torneios internacionais, com a vida escolar? Martim Trueva: Após os torneios, retomo as aulas e, como é de esperar, confronto-me com certas dificuldades para acompanhar a matéria dada. Tenho conseguido superar com o apoio dos meus professores e colegas, que me facilitam apontamentos, para depois poder estudar, e dos meus pais.
O.L.: Vale a pena ser um atleta de alta competição, quer em termos de pessoais quer em termos profissionais? Martim Trueva: Claramente, vale a pena, porque, em termos pessoais, ajuda-me a ganhar maturi-
Rostos do Liceu
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dade e conseguir resolver os "problemas" sozinho. Quanto aos profissionais, o facto de viajar muito ajuda-me a conhecer novas culturas, diferentes modos de vida e ser alvo de referência para jovens tenistas.
O.L.: Certamente que já és considerado uma referência para os Madeirenses, tendo em conta o teu palmarés. Como lidas com essa “fama”? É fácil geri-la? Martim Trueva: Tento lidar com a situação com normalidade e humildade. Encaro a fama como um apoio para conseguir cada vez mais resultados no ténis, embora, por vezes, se torna cansativo, porque existe uma procura da parte dos media, que eu aceito, porque sei que estão a fazer o seu trabalho.
O.L.: Qual o papel / a importância da tua família na gestão do teu preenchido horário? Martim Trueva: A minha família tem sido muito importante na gestão de toda a minha vida académica e enquanto jogador de ténis. Tenho tido um apoio incondicional de todos eles e posso afirmar que, se não fossem os meus pais, não teria conseguido estes resultados.
O. L.: Que mensagem deixas aos teus colegas da Jaime Moniz e aos jovens em geral? Martim Trueva: Sigam os vossos sonhos e lutem o máximo para concretizá-los, porque vale sempre a pena...
O Lyceu: Fala-nos do Roberto Nóbrega, do seu projecto de vida, dos seus sonhos, dos seus gostos… Roberto Nóbrega: Sou um jovem “normal”. Neste momento, frequento o 11º ano, tendo como objectivo seguir Medicina. Ajudar o próximo é algo que sempre me deu satisfação, daí o sonho que tento concretizar. Em paralelo com os estudos, pratico atletismo. Nos meus tempos livres - que são bem poucos – gosto de passear, experimentar outros desportos e, principalmente, dar uma boa gargalhada com os amigos. Sublinho o papel importante do humor na minha vida: sem ele, seria bem mais difícil ultrapassar certos “acidentes de percurso”.
O. L.: Como nasceu a tua apetência pelo Atletismo? Roberto Nóbrega: Desde sempre que amo desporto. Comecei pelo Futebol, pratiquei Basquetebol, passei pelo Andebol, até que me rendi ao Atletismo. No 8º ano, o meu professor de Educação Física era responsável pelo núcleo da modalidade lá na escola. Como se não bastasse, a minha curiosidade pelo mais completo dos desportos, vim a receber um convite para participar numa concentração. Aquando dessa participação, consegui uns resultados deveras “engraçados”… Passei o resto desse ano e o seguinte a ir a provas sem qualquer compromisso com clubes. No ano transacto, ingressei na Associação Desportiva e Recreativa de Água de Pena (ADRAP), onde comecei a treinar diariamente com grandes valores do atletismo regional, o que me fez evoluir rapidamente. Neste momento, continuo a treinar junto de um grupo de trabalho bastante promissor que, tal como eu, tem objectivos elevados para um futuro próximo.
O. L.: Descreve o Atletismo enquanto actividade desportiva. Roberto Nóbrega: Geralmente, as pessoas associam o Atletismo somente ao acto de correr longas distâncias, contudo, a modalidade tem muito mais para oferecer. Como já referi, esta actividade desportiva apresenta um sem-número de disciplinas que desenvolve e põe à prova as três capacidades físicas mais importantes no ser humano: correr, saltar e lançar. Por alguma razão, o Atletismo é a prova rainha dos Jogos Olímpicos!
Este desporto é como que uma filosofia de vida. O acto de ultrapassar uma barreira ou uma fasquia não é mais do que um treino para ultrapassar os obstáculos do quotidiano… A vontade de saltar mais longe e mais alto é equiparável à vontade de realizar sonhos, de tornar o difícil realidade. Há que ser persistente e dedicado para concretizar as metas impostas. Aquele que é incapaz de entender que sem trabalho não há resultados (de qualidade), jamais vingará no Atletismo ou em qualquer outro momento da sua existência.
O. L.: Ser um desportista de alta competição é um desafio? Até que ponto? Roberto Nóbrega: Do ponto de vista técnico, ser desportista com estatuto de alta competição está á distância da – simples - realização de uma marca exigida. Na minha perspectiva, a alta competição significa enfrentar atletas que se dedicam a cem por cento á modalidade. São jovens que passam uma parte relativamente grande do seu tempo a “respirar” atletismo. O principal desafio é superar as nossas próprias capacidades. O mais leve é observar e comparar a superação do adversário. É esta acção que dita o 1º do 2º, embora defenda que o verdadeiro vencedor é aquele que se excede por mais larga margem…
O. L.: Como consegues conciliar a alta competição, no que se refere às tuas participações em torneios internacionais, com a vida escolar? Roberto Nóbrega: Esta é, indubitavelmente, a parte mais difícil. É muito desgastante treinar 13 horas semanais (sem contar com a competição aos fins-de-semana e com o tempo dispendido em deslocações) e ainda assim conseguir notas razoáveis. Participar em eventos internacionais é extremamente compensador, porém, estes têm durações de uma semana o que faz com que falte a imensas aulas. O segredo é manter-me concentrado e organizado para que as perdas sejam de menor dimensão. Ainda assim, o meu desempenho académico acaba sempre por ser limitado.
O.L.: Vale a pena ser um atleta de alta competição, quer em termos de pessoais quer em termos profissionais? Roberto Nóbrega: Em termos pessoais, o desporto tem me ensinado a lidar com grandes pressões e a dar a volta por cima de determinados problemas. Viajo regularmente e isso é óptimo pois tenho oportunidade de conhecer outros lugares, outras pessoas e as suas realidades. A nível profissional, espero vir a poder contar com o estatuto para a entrada na universidade. Afinal, todo o tempo dispensado na representação da Madeira e, futuramente de Portugal, deve ser recompensado.
O.L.: Certamente que já és considerado uma referência para os Madeirenses, tendo em conta o teu palmarés. Como lidas com essa “fama”? É fácil geri-la? Roberto Nóbrega: Eu não diria “fama” mas sim experiência. Convencionalmente, a fama faz com que um indivíduo esqueça a sua verdadeira identidade e se sobrevalorize. Pessoalmente, sei que não sou melhor que os meus colegas… Apenas posso ter alguma experiência que eles ainda não possuem. Contudo, tento transmitir e receber conteúdos. Se tiver alguma fama, é certamente a de puxar pelo adversário.
O. L.: Que mensagem deixas aos teus colegas da Jaime Moniz e para os jovens em geral. Roberto Nóbrega: Em primeiro lugar, gostaria de deixar um incentivo á prática do atletismo. Não se pense que é necessário correr depressa ou ser atlético para poder competir. Basta ter vontade! É certo que entre tantas disciplinas dentro da modalidade, haverá uma que se adapte ás capacidades de cada um. Além do mais, existem por aí imensos desportistas, nomeadamente futebolistas, que passam os dias a “aquecer o banco” quando têm capacidade para conseguir grandes resultados nesta actividade. Experimentar não custa nada! Por fim, peço a todos que não desistam dos vossos sonhos e projectos de vida por mais longe que eles aparentemente possam estar. Podemos nunca os alcançar, mas podemos olhar lá para o alto e apreciar a beleza de tais aspirações, acreditar nelas, seguir na direcção delas… E, efectivamente, realizá-las! O importante é continuar a lutar…
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Rostos do Liceu / Homenagem Vita brevis
Breve é a vida, breve o tempo em que pude conviver com esta grande senhora, dona de uma graça inesquecível, uma aura envolvente e contagiante, um riso que contaminava realmente. Agradeço aos astros a possibilidade de a ter conhecido e de ter recebido um pouco do seu dom, que era o de dar aos que lhe eram queridos um pouco da alegria que reina nas crianças, um pouco da criança espontânea que havia em si. Obrigada pela simpatia, pela boa disposição, por ter existido. Micaela Martins - Grupo 300
Tia Sancha, faz hoje, dia 30 de Janeiro, dois meses que partiste... Tenho saudades do
«Boa noite, D. Sancha!»
seu sorriso, das suas gargalhadas, das suas "Em todas as madrugadas, desde que o mundo existe, há um momento de silêncio absoluto em que a própria Mãe Terra está a repousar." João Aguiar, in A Voz dos Deuses.
anedotas... SAUDADE “Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te”.
William Shakespeare
Quando fui informado da sua partida, nem queria acreditar! Depois, pensei: não foi por acaso que
A "Preta" Patrícia
foi no dia 30 de Novembro! Pois, nesse dia, a escola está sempre aberta, faça Sol ou faça chuva! Seja dia santo ou feriado! Esse dia é para muitos alunos o primeiro dia do início das suas vidas! De certeza que esse dia foi também muito importante para o início da nova vida da D. Sancha! Logo de seguida, tive em memória alguns momentos... Lembro-me do primeiro dia em que
Boa noite, Dona Sancha!
cheguei a esta escola. Na primeira impressão, pensei eu que a D. Sancha e a D. Sílvia eram irmãs!
O sorriso constante no rosto e uma
Descobri mais tarde que não tinham pais em comum, mas nem por isso mudei de ideias!
saudação sempre agradável à nossa entrada
O nome Sancha para mim é muito especial, pois o meu pai chama-se Sancho! Mesmo quando ela
na Portaria da Escola, onde nos habituámos
me disse o seu nome verdadeiro, continuou a ser Sancha!
a vê-la, era o melhor acolhimento para quem
Sempre que um de nós tinha uma piada nova partilhava com o outro, mas não partilhámos apenas
chegava. Mesmo para quem chegava cansa-
piadas, também discutimos outros assuntos mais sérios.
do, como eu nos últimos anos. Talvez ela
Gosto muito da D. Sancha, da sua maneira de ser e estar. Ela dizia sempre que o mais importante
também andasse cansada, mas nunca
da vida era o que vivíamos, que não fazia sentido que pessoas que não simpatizassem com ela e
deixou de sorrir-nos. Ficou feliz com a dese-
depois lhe fossem levar um ramo de flores no dia do funeral porque ficava bem... Fiquei muito triste pelo facto de a Escola não ter encerrado depois do almoço, no dia do seu funeral, como já aconteceu noutras situações, mas fiquei muito contente quando todos os professores e funcionários que estavam no almoço de Natal bateram palmas de pé de modo espontâneo, em sua memória e em acto de agradecimento por tudo o que fez pela Escola, quando o director referiu
jada aposentação, com o passeio, logo de seguida, aos Estados Unidos, mas nunca pensei não voltar mais a vê-la. Ficará sempre na nossa memória, iluminando a cami-
o nome pelo qual todos a conhecemos, D. Sancha...
nhada de todos os que continuarem a cruzar
Ao contrário de algumas (muitas) pessoas desta casa, lutava por aquilo em que acreditava, tinha
a entrada da nossa Escola.
coragem, não medo, e não perdia noção da realidade! Estava sempre disponível para colaborar com os professores, no que fosse possível, pois estamos
Emília Homem da Costa - Grupo 340
todos no mesmo barco e há apenas uma direcção! Para a frente capitão! António Freitas - Grupo 520
Quando me apresentei pela primeira vez na nossa Escola, em Setembro de 2000, vinda
Memória -
"A beleza dos seres humanos, está no olhar
de Lisboa, foi ela que me acolheu na entra-
Mulher
de quem os contempla".
da e me orientou. Tinha sempre uma obser-
Para nós não partiste.
vação apropriada ao momento e ajudava-me
U - Unânime
"Dar é o verbo mais curto da primeira conju-
com o maior gosto. Era uma pessoa que
L - Lutadora
gação". Neste sentido, conjugaste-o muitas
marcava presença sem interferir no espaço
H - Humana
vezes durante a tua caminhada. Isto reflecte-
dos outros. Em suma, era um Ser Humano.
E - Efusiva e Eficiente
se no brilho de uma estrela que ilumina o
Sinto-me feliz por a ter conhecido.
R - Risonha
nosso céu! Das amigas Zezinha e Iva
Manuela Godinho - Grupo 340
Benção das capas
28 / 29
Almoรงo de Natal / Almoรงo de Pรกscoa
30 / 31
APEL: Salão Simply de Best
E. S. Jaime Moniz: Os Físicos
XVII Festival Regional de Teatro Escolar
E.B.S. Carmo: Confronto
E. B. Louros: Machim XXI
Conservatório E. P. das Artes da Madeira: O Camarim
Espaço Cénico e Cor (Paulo Sérgio BEJU)
32 / 33
E.B.S. Gonçalves Zarco: Creeps
Centro de Formação Profissional da Madeira: Chique de Doer
E. B. 1, 2, 3 PE Prof. Francisco Barreto: Para além do Oceano
Técnicas de Representação para
Ateliers de Formação
TV e Cinema (Dinarte Freitas)
Expressão Corporal e Sonoridades (Duarte Rodrigues)
Jogos Dramáticos (Eduardo Luiz)
Corpo e Movimento (Kot Kotecki)
Ateliers de Formação
Jogos de Integração (Paula Erra)
Caracterização (Miguel Vieira)
E. S. Francisco Franco: Salomé
E. S. Calheta: Pipícula Pimpinela II
E. B. S. Machico: Foge que o chinelo vai aquecer
E. B. S. Padre Manuel Alvares: Lagoa de Uno
E. B. D. Manuel F. Cabral: Amores de marianita
G. C. Educação Artística: Não era uma vez
XVII Festival Regional de Teatro Escolar
34 / 35
Semana dos Clubes e Projectos
36 / 37
pós um interregno de dois números, aqui se publicam mais alguns trabalhos
A
produzidos no âmbito da disciplina de Desenho A do agrupamento de Artes Visuais.
Estes trabalhos foram produzidos por alunos da turma 11º 21, enquadrados na proposta de trabalho de representação do corpo humano e neles foram utilizadas diversas técnicas. Uma exposição mais alargada destes trabalhos pode ser vista no nosso espaço de Cláudio Pereira 10º20
exposições.
Maria Pita Gambino 10º 20
Não perca!
Andreia V. Sousa - 10º 21
Margarida Sá Fernades - 10º 21
Artes
Margarida S. Fernandes 10º 21
Christina Drumont - 12º 20
Rosalina Silva - 10º 20
José Maria Pereira - 12º 20
38 / 39
Rosalina Silva- 10º 20 José Maria Pereira 12º 20
Jessica Bettencourt - 10º 21
Mariana Aguiar -12º 20
Leandra P. Nunes - 10º 21
Artes
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Mª Patrícia Barradas- 10º 21
Maria Fátima Fernandes- 10º 20
Oficina de Artes - Nocturno
á estamos nós num dos mais deliciosos sítios da terra, a Ilha
C
da Madeira, repleta de arte natural. Uma arte que começa na mais pequena flor de um quintal privado, atravessa as su-
blimes paisagens das serras e termina na levada que guia a fonte de vida. A mais pequena flor detém toda a poesia de Byron ao “seguir durante toda a noite o caminho silencioso da Lua e o curso brilhante de cada estrela”, as serras contêm a esperança verdejante das felicidades da vida, pois “no verde está a origem e o primeiro tipo de toda a beleza”, segundo Garrett, e a levada demonstra que é possível a comunhão entre o Homem e a Natureza, atingindo, assim, um desenvolvimento sustentável, esquecido nesta ilha de laurissilvas. Citei Lord Byron e Almeida Garret, não só por serem os expoentes da literatura romântica das suas nações, mas também porque assistiram ao surgimento da fotografia, em 1839. Esta nova arte, nos seus primórdios, tornou-se uma limitação para alguns pintores, e dramaticamente declaravam que “de hoje em diante, a pintura está morta”, outros aproveitaram esta técnica inovadora e revolucionária de representação do real. A fotografia surgiu, com Daguerre, numa época em que a velocidade impunha-se, com a criação das linhas férreas e da locomotiva a vapor. A veracidade fotográfica impôs uma reflexão a todos os meios artísticos, literários e intelectuais, que originou o aparecimento de novas correntes artísticas como o Impressionismo, este privilegiou a luz, sombra, novos enquadramentos à maneira de instantâneo fotográfico e a captação da realidade sensível e fugaz. O grupo impressionista que frequentava o Café Guerbois, o teatro, a ópera e o vaudeville era constituído por Monet, Renoir, Pissaro, Degas, Cézanne e as pintoras Morisot e Cassat. Estes tiveram como mentor o pintor Manet, considerado um pintor de transição entre o Realismo e o Impressionismo.
omecei a fazer Fotografia por circunstâncias alheias à minha
C
vontade. Em 1970, fui, como toda a minha geração, chamado a cumprir o Serviço Militar, que, nessa altura, implicava uma
mobilização para África durante dois anos.
Assim, a fotografia, que cativa milhões de pessoas por todo o Mundo, sendo eu uma delas, proporciona ao fotógrafo recriar o mundo exterior e, com a sua sensibilidade, registar um momento singular. E aqui direi eu, com o mestre Cartier-Bresson, “fotografar é colocar na
Depois do período inevitável da recruta, foi-me atribuída a especiali-
mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração.”
dade de Foto-cine realizada nos Serviços Cartográficos do Exército. Aí, aprendi a fotografar, a revelar, a enquadrar, a imaginar e a criar… Tive felizmente bons instrutores e tínhamos nos Serviços óptimos laboratórios e aparelhagem do melhor que havia na época. Assim me tornei fotógrafo amador, guardando na minha mão, ainda, a memória da minha primeira máquina de tal modo que, quando pego em qualquer máquina, a mão hesita breves segundos, escassos milímetros, até se adaptar ao novo volume. Em Moçambique, onde estive dois anos, além dos trabalhos no cinema, fotografei imenso. Ainda hoje o faço, mas mais espaçadamente, contudo, faço-o sempre com a convicção de que o segredo da Fotografia está sempre no enquadramento, isto é, no limitar e sublinhar o que o nosso olhar vê e capta.
Jorge Pestana - grupo 400
Giovanni Ribeiro - 12º 21
Fotografar Emoções / Português.com
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Auto-retrato
Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Simples, magra, alta é amiga do amigo mas diz com toda a "lata" "sou dona do meu umbigo". Vibra com o PC é mesmo quando melhor fica só muda para o LCD quando na RTP joga o Benfica. É sua grande paixão ir de mota para a escola com os amigos entra em vibração e sem o telemóvel de casa não descola. Eis Carolina, que se achou poeta e quem sabe se não é a sua rota não fez isto em troca de moeda mas sim pela sua nota!
Carolina Rodrigues - 10º42
Não sei quantos seremos, mas que importa?! Um só que fosse, e já valia a pena. Aqui, no mundo, alguém que se condena A não ser conivente Na farsa do presente Posta em cena! Não podemos mudar a hora da chegada, Nem talvez a mais certa, A da partida. Mas podemos fazer a descoberta Do que presta E não presta Nesta vida. E o que não presta é isto, esta mentira Quotidiana. Esta comédia desumana E triste, Que cobre de soturna maldição A própria indignação Que lhe resiste. Miguel Torga