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Proposta n9

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Catálogo de vfdeo

Catálogo de vfdeo

O aprofundamento da problemática da difusão trouxe consigo uma polêmica que deve ser enfrentada em nossas análises. Alguns grupos 8 consideram que mesmo que o centro das atividades esteja sobre a difusão grupal, deve-se tentar ocupar progressivamente espaços televisivos. Isso seria tão importante quanto a consolidação de espaços de relativa autonomia a nível de base. Opondo-se a esta ótica, alguns representantes do Peru afirmam que o movimento de vídeo vê a televisão como um lugar de confrontação econômica, ideológica, cultural e política, espaço de manipulação em essência9, portanto incompatível com o vídeo popular alternativo.

Avançar nesta discussão significa ir além da defesa ou não deste espaço. Implica, fundamentalmente, questionarmo-nos como combinar o fazer vídeo popular com fazer vídeos televisivos. Ou seja, de que forma o destinatário participará e interferirá na mensagem veiculada se a recepção está sendo individual? Como combinar a linguagem exigida pela televisão (rápida, pouco aprofundada) com a do vídeo popular, que deve respeitar a percepção e as formas de uso de cada setor a quem se dirige? Qual o tratamento que passaremos a dar a estas produções, que partem do princípio de que não são um fim em si mesmo, e que tem por característica a qualificação de seu uso? E, finalmente, quais as mudanças que serão necessárias no caráter destas produções geradas pelo fato de estarmos penetrando no espaço privado de cada receptor, onde as demandas e interesses são diferenciados?

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Os encontros latino-americanos de vídeo popular alternativo têm dedicado um espaço considerável a esta questão. Essas reuniões que representam até hoje o locus privilegiado de reflexão dos videastas, e têm a sua consolidação no encontro de Cochabamba em 89 10 , por seu caráter democrático e aberto de participação, trazem também ao cenário da comunicação audiovisual discussões e encaminhamentos relativos a organização dos realizadores de vídeo e a capacitação para formação dos videocomunicadores populares.

Dentre as resoluções finais acordadas nestes encontros destacamos as seguintes11 :

Capacitação

- Promover projetas sistemáticos de capacitação para a formação de videocomunicadores populares segundo a necessidade de cada país em prazos médios, ressaltando a questão da metodologia para a comunicação e educação popular (Costa Rica);

impulsionar em cada país o desenvolvimento da educação formal e não formal audiovisual, o melhoramento da leitura crítica destes meios audiovisuais (Havana);

Encontro Latino-Americano de V fdeo em Cochabamba/Bolfvia -junho de 89

- fomentar a discussão nas organizações populares sobre processos de produção e desenvolver a capacitação integral e constante com participação dos setores populares (Cochabamba); e

- o próximo tema debatido no Encontro Latino-Americano de Vídeo Montevideo 90 centrarse-á na "linguagem e utilização do vídeo na comunicação alternativa" (Cochabamba).

Distribuição/ difusão

- Incrementar o intercâmbio de matena1s e produtos de vídeo aproveitando os espaços e estruturas existentes, tanto a nível nacional como regional. Este intercâmbio requer um tipo de organização onde as partes possam relacionar-se horizontalmente, avançando na sua conjugação. Estes canais de intercâmbio serão úteis para permitir uma fluida reflexão e crítica sobre os materiais produzidos, na perspectiva de sistematizar as experiências de uso do vídeo (Santiago);

- consolidar e aperfeiçoar as redes de distribuição e intercâmbio já existentes, nos âmbitos local, regional, nacional e internacional. Além de fomentar o nascimento de novas instâncias deste tipo (Quito);

- avaliar em cada país os processos e modalidades de distribuição e difusão. Articular as redes institucionais e grupais de distribuição e difusão com o objetivo de fortalecer as redes regionais (Cochabamba); e

- promover a difusão e distribuição de produções latino-americanas através de novas tecnologias tais como satélite, tanto a nível continental como em outras regiões do mundo (Quito).

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