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ANEXO o

12 " . . . Trata-se de contestar o uso privado da cultura, sua condição de privilégio 'natural' dos bem-dotados, a dissimulação da divisão social do trabalho sob a imagem da diferença de talentos e de inteligências. a noção de competência que torna possível a imagem da comunicação e da informação como espaço da opinião pública, imagem aparentemente democrática e, na realidade, antidemocrática por excelência, pois ao fazer do público espaço da opinião, essa imagem destrói a possibilidade de elevar o saber à condição de coisa pública, isto é, de direito à sua produção por parte de todos." (Trecho extraído do livro Cultura e democracia, de Marilena Chauí.) 13 Vide O vldeo e a educação popular, pág. 2, de Alberto López Mejía, FASE/1987, mimeo. 14 Trecho extraído do livro A imagem nas mãos- o vldeo popular no Brasil, de Luiz Fernando Santoro, pág. 60. 15 Vide Antonio Gramsci, in O materialismo histbrico e a filosofia de Benedetto Croce, pág. 30, referindo-se ao conceito de "senso comum/bom senso": "Em que consiste exatamente o mérito do que costuma se chamar de senso comum ou bom senso?- não somente no fato de que o senso comum utiliza o princípio da causalidade, embora seja somente de forma impHcita, e sim no fato mais restrito de que, numa série de juízos, o senso comum identifica a causa simples e exata ao alcance da mão e não se deixa desviar por elocubrações pseudoprofundas, pseudocientíficas, etc."

Vide também Marilena Chauí in Conformismo e resistência, pág. 39, a respeito da manipulação da linguagem: "A informação, dirigida aos espoliados, não cria apenas o 'sistema de ilusões' da sociedade de consumo (ilusões são necessárias a todos), mas reforça a percepção e o sentimento da necessidade de ser incluído nesse espaço, sob pena de converter as perdas numa perda irreversível: a da própria humanidade, invalidada pela incompetência." 16 Idem, pág. 40, sobre cultura popular: "Não se trata da distinção entre cultura feita pelo povo e cultura feita para o povo; -não se trata da diferença entre produtores e destinatários (ainda que muito importante);- é a diferença entre uma manifestação cultural na qual os participantes se exprimem e se reconhecem mutuamente em sua humanidade e em suas condições sociais, marcando a distância e aproximação com outras manifestações culturais, de um lado, e, de outro, uma estrutura cultural na qual os indivíduos são convidados a participar sob pena de exclusão e invalidação sociais ou de destituição cultural". 17 Trecho do capítulo "A estética da propaganda" (pág. 145), do livro Cinema e polftica, de Leif Furhammar e Folke lsaksson. 18 Vide segundo documento da delegação brasileira (em anexo).

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Anexo

Segundo documento da delegação brasileira no encontro latino-americano em Cor.habamba (Bolívia) - junho/1989

A diretoria da Associação Brasileira de Vídeo Popular (ABVP) apresenta um documento complementar, buscando enriquecer as discussões ocorridas durante o Encontrd:

1) As discussões sobre associações nacionais contemplam elementos que vão além da questão da representação.

2) No caso brasileiro vivenciamos a fase de montagem de uma estrutura mínima de funcionamento e representatividade, o que nos coloca uma série de questões que devem ser respondidas para que a estrutura não exista em si mesma, mas que seja uma real imentadora do vídeo enquanto instrumento político.

3) A ABVP hoje tem come f1mção devolver ao conjunto da sociedade a visão que o movimento popular tem da sua realidade, a partir do meio vídeo. Para isso articula grupos de educação popular, produtores, projetas de intervencão social, etc. Essa diversidade comporta uma complexidade que se reflete no encaminhamento de projetas tais como: metodologias de capacitação, estratégias de distribuição etc., a fim de articular aqueles que fazem vídeo popular hoje.

No caso da ABVP esta complexidade se materializa nos trabalhos desenvolvidos na área de distribuição. Esse projeto colocou-nos a dificuldade de vincular organicamente a questão da représentatividade e da expectativa por parte de cada realizador do escoamento da sua produção, a combinação desses dois aspectos traz um conflito inerente.

4) O vídeo se insere numa cultura de tecnologias de alta reprodutibilidade assim como o xerox e o computador, apresentando impasses quanto a sua apropriação e quanto ao controle da sua utilização. Estes dados devem ser considerados nas discussões sobre produção, legislação, difusão e distribuição que se traçam em cada país e entre países.

Gostaríamos também de destacar a importância que teve este encontro como fórum de explicação destas discussões, e ainda por ter se constituído a partir de uma convocação aberta, garantindo a multiplicidade de participação.

Por fim, apoiamos as propostas apresentadas para a realização do próximo encontro, onde se recomenda uma co-responsabilidade de vários países na organização e busca de recursos.

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