5 minute read

O espaço da imagem

- Incentivar em cada país a criação de uma instância de interlocução local, de acordo com o desenvolvimento e os ritmos de trabalho alcançados pelas experiências de vídeo, facilitando assim um melhor diálogo regional (Santiago);

- organizar associações gremiais em cada país, que apontem a conformação de um organismo similar latino-americano (Quito); e - potencializar ao máximo as instâncias organizativas já existentes que têm ação regional e apóiam o Movimento de Vídeo Latino-Americano como via de coordenação para ações regionais em torno das tarefas que este movimento propõe (Cochabamba).

Advertisement

Este conjunto de resoluções aponta para uma qualificação na reflexão sobre a produção e utilização desses materiais, delineando os rumos e concretizando as perspectivas do vídeo popular alternativo em nosso continente.

N "' a.

·O ...J 8

<l:

"' 'O E "' Cl "' 8

Benjamin, Walter- Obras Escolhidas- Magia e Técnica, Arte e Politica. Ed. Brasiliense, SP, 1985- pg.203. 2 O significado da aventura aqui é o empregado por Benjamin, de construção de uma experiência coletiva que junta o passado e o presente. 3 Ver artigo "Um novo conceito de comunicação", de Alberto Lopez Mej ía. 4 As informaçces aqui apresentadas foram extraídas dos documentos apresentados pelos países nos encontros latino-americanos de vídeo e do livro organizado por Mário Gutiérrez, Vldeo, Tecnologia y Comunicacibn Popular - Ed. lpai/Crocevia, Peru, 1989.

Se deixamos aqui de mencionar algum grupo foi por não dispormos de informação. Esta questão foi contemplada a partir das respostas dadas ao item "processo de produção" pelos países nos documentos dos encontros. 6 Delgado, Jorge- "Peru: do alternativo ao popular"- pág. 166 in Vldeo, Tecnologia y Comunicacibn Popular, op. cit. 7 Os vídeàs que retratam a problemática rural e dos grupos indígenas, quechua e aymara, contam com um espaço de difusão mais amplo, inclusive com transmissões periódicas por canal aberto. 8 Vários realizadores bolivianos vêm discutindo a necessidade de ocupar os espaços televisivos. Ver texto de Alfredo Roca no livro do lpal, página 150, e documento final da Bolfvia apresentado em Cochabamba, pág. 6. 9 A relação entre o vídeo popular e a televisão foi um dos pontos considerados na entrevista de Manuel Calvelo, publicada aqui na página 4t; I O Foram realizados os seguintes encontros: 1987- Havana: Durante o IX Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, vários realizadores de vídeo se reúnem e produzem o documento "A vinte anos de Vi na dei Mar". 1988- Montevidéu: O vldeo na educação popular; Santiago: Primeiro encontro latino-americano de vldeo; Costa Rica: Seminãrio internacional sobre vfdeo, comunicação popular e intercâmbio tecnolbgico; Ou i to: Seminãrio Experiências de vldeo na América Latina. 1989- Cochabamba: Encontro latino-americano de vldeo- Cochabamba, 89. 11 Não nos foi possível fazer referência às finais do encontro de Montevidéu, por não termos conseguido o documento a tempo de incluí-lo na matéria.

O espaço da imagem QHANA*

Qhana é um centro boliviano de comunicação e educação popular, com 11 anos de vida e que se dedica à produção de programas de rádio, vídeo e cursos de capacitação vinculados ao movimento sindical e camponês. Nosso trabalho se localiza na região do Altiplano e nos vales de Yunquena.

O trabalho de vídeo começa no Qhana há aproximadamente três anos, com o apoio da Unesco que nos doa equipamentos e algum recurso para capacitação.

O trabalho com vídeo tem se desenvolvido fundamentalmente em duas linhas de produção: programas informativos de interesse do campesinato e programas mais elaborados e produzidos com a própria população, com as comunidades, onde tratamos de fazer um gênero combinado entre ficção e documentário, entre depoimentos e documentário. Buscamos produzir programas de valorização histórico-cultural. Hoje contamos com aproximadamente 20 produções.

Embora Qhana seja uma instituição bastante grande, a equipe de vídeo é composta por três pessoas. Trabalhamos com o apoio das pessoas do campo e, eventualmente, com o pessoal da rádio. Mas é importante destacar que a equipe é formada em sua maioria por pessoas aymaras, que são real izadores de rádio e de origem camponesa.

Uma vez dotados de equipamentos, começamos a funcionar com os recursos próprios da entidade destinados à comunicação e educação, que nos assegura o pagamento do pessoal de vídeo e apoio financeiro na produção.

Utilizamos um equipamento U-Matic nas produções mais ambiciosas, mas contamos com vários equipamentos de Vídeo 8, com os quais fazemos registras constantes das atividades do movimento dos camponeses. Estas atividades são gravadas e exibidas simultaneamente nas reuniões, assembléias e cursos.

Em relação à distribuição e intercâmbio de produções, estamos formando lentamente uma videoteca do material produzido a nível nacional. A importância dessa videoteca se intensifica à medida que na Boi ívia não existem canais de TV constituídos de uma maneira já k:-iõõal para a distribuição de nossos materiais. Isto se deve em parte ao aspecto quantitativo da produção em um país que não é muito grande. As relações pessoais entre os produtores, centros e realizadores independentes é praticamente a via normal para o intercâmbio e distribuição das produções. Mesmo considerando o movimento do novo cinema e vídeo organizado, que funciona basicamente em La Paz, não temos um mganismo e uma instância de caráter nacional operativa e constituída para intercambiar mais fluidamente nosso material.

Existe hoje na Boi ívia cerca de 20 produtores independentes de vídeo. Mas, o vídeo boliviano ainda não alcançou um nível profissional, embora tenha atingido um nível técnico bastante aceitável. Em termos de formação vemos que, normalmente, a maioria das pessoas se autocapacitam por interesse próprio, vinculando-se a diferentes produtoras e a diferentes realizações. Poderíamos dizer que grande parte dos produtores são autodidatas. Atualmente existe uma produtora chamada Arlequim, que. organiza permanentemente cursos de capacitação em iluminação, operação de câmera, realização, etc.

Contamos atualmente com grande número de pessoas vinculadas a instituições que tencionam trabalhar com audiovisual, e que .í estão trabalhando indiretamente com o vídeo e querem avançar. Existe uma expectativa muito grande em torno do vídeo, que já mostrou ser de grande eficácia no trabalho de grupos de ação no âmbito do movimento popular. Isto agrava o fato de nas universidades bolivianas não existir carreiras de comunicação, onde se possa fazer cursos de televisão, de vídeo e de cinema. Houve um curso de cinema na universidade de onde saiu o que foi chamada a "geração do vídeo". As condições para produzir cinema eram cada vez ma is escassas e as pessoas que estavam em busca de uma realização audiovisual tiveram como saída utilizar o suporte tecnológico do vídeo e partir para realizar vídeos como se estes fossem cinema.

Há também uma do espaço televisivo para a divulgação das produções de ví,deo. Por volta de quatro ou cinco anos, vivemos na Boi ívia o fenômeno da expansão dos canais privados de televisão (existem mais de 30 canais privados de televisão no país), mas, ao mesmo tempo, há outro fato que talvez o movimento popular e suas organizações não tenham previsto e, de certa forma, tenham perdido um espaço propício em conjunturas passadas para ter um canal. Na verdade, está ocor-

This article is from: