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Entrevista: Isabel Neves
Business Angel |Clube Business Angels Lisboa
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Isabel Neves é a primeira mulher em Portugal a criar uma associação de Business Angels e, mesmo antes de esse termo passar a ser mais usado no mundo dos negócios, já era mentora e conselheira de diversas ideias, desde aquelas que nascem do comércio tradicional àquelas que surgem em áreas como o Turismo. Lembra-se de si desde sempre como alguém que não desiste do que realmente ambiciona e daquilo em que acredita. A sua grande paixão pelos negócios, que a faz ter uma conceituada carreira, nunca a afastou dos sonhos, da família e do amor. Quem é Isabel Neves, a advogada “tubarão” do Shark Tank Portugal?
Isabel Neves is the first woman in Portugal to create a Business Angels association and, even before that term started to be used more in the business world, she was already a mentor and advisor of several ideas, from those born from traditional commerce to those that arise in areas such as tourism. She always remembers herself as someone who doesn’t give up what she really wants and what she believes in. Her great passion for business, which makes her have a highly regarded career, has never kept her from dreams, family, and love. Who is Isabel Neves, the lawyer who was a “shark” at Shark Tank Portugal?
Fazendo um exercício de retrospetiva, conte-nos um pouco sobre o momento-chave que a fez não ter dúvidas de que era no mundo dos negócios onde queria estar?
Nasci no seio de uma família de empresários e desde muito cedo partilhei tarefas e exerci atividade no mundo dos negócios. Creio que nunca tive qualquer dúvida. Está no meu ADN… A única vez que penso ter estado com dúvidas foi quando conclui a minha licenciatura em Ciências Jurídico Económicas e sonhei estudar fora de Portugal e enveredar por uma carreira no universo das Relações Económicas Internacionais, já que Portugal acabava de aderir à C.E.E. Mas creio que era a ilusão do momento… Como o meu pai se opôs e não me ajudou, nem proporcionou tal sonho, e à época as condições e oportunidades para ir estudar para o estrangeiro estavam longe de ser o que são hoje, decidi autonomizar-me e, pela primeira vez e única na minha vida, respondi a um anúncio de emprego. Procuravam um recém-licenciado em Direito e eu respondi. Cheguei à entrevista final e fiquei com o coração apertado...jamais suportaria ser liderada por outros. Saí dali a correr…e contra tudo, e contra as minhas próprias expetativas, comecei a exercer advocacia, por minha conta e risco, como profissional liberal, e fui aliando com a criação de empresas nas áreas da consultoria, do turismo, apoiando o nascimento e desenvolvimento de outras como mentora e posteriormente como investidora.
Doing a retrospective exercise, tell us a little bit about the key moment that made you not doubt that it was in the business world where you wanted to be?
I was born into a family of entrepreneurs. From an early age, I shared tasks and worked in the business world. I believe I never had any doubt. It’s in my DNA... The only time I think I was in doubt was when I completed my degree in Economic Legal Sciences. I dreamed of studying outside Portugal and embarking on a career in the world of International Economic Relations as Portugal had just joined C.E.E. But I think it was the illusion of the moment... As my father opposed this and did not help me or give me that dream, and at the time the conditions and opportunities to go abroad to study were far from what they are today, I decided to become independent and, for the first time and unique in my life, I responded to a job advertisement. They were looking for a recent law graduate, and I replied. I got to the final interview, and my heart sank ... I could never bear to be led by others. I left there to run… and against everything, and against my own expectations, I started to practice law, at my own risk, as a liberal professional. I started to combine that with the creation of companies in the areas of consulting, tourism, supporting the birth and the development of others as a mentor and later as an investor.
Lembra-se do primeiro investimento que fez? Em que investiu?
Claro que me lembro! O meu primeiro investimento como “Business Angel” foi em 1998, creio… e foi numa “dot-com”. Investi em conjunto com outros investidores informais, como eu, e foi um flop porque o empreendedor desapareceu! Hoje temos uma história engraçada para contar!
Do you remember the first investment you made? What did you invest in?
Of course, I remember! My first investment as a “Business Angel” was in 1998, I believe... and it was in a “dot-com”. I invested together with other informal investors, like me, and it was a flop because the entrepreneur disappeared! Today we have a funny story to tell!!
Em diversas circunstâncias, já ouvimos a Isabel dizer que o seu caminho empresarial surgiu, de forma natural, a par com o facto de os seus pais terem criado um pequeno negócio, que depois se tornou uma empresa com alguma dimensão e expressão. De que forma considera crucial na sua vida ter observado esse processo de crescimento da empresa dos seus pais?
O meu pai, hoje com 85 anos iniciou a sua vida empresarial com 20 anos de idade, numa conjuntura familiar bastante adversa, pois era órfão de pai e mãe desde tenra idade. Autodidata, foi e ainda é(!) um homem à frente do tempo, inteligente e com uma visão excecional. Eu acompanhei todo esse percurso porque o meu pai sempre fez questão de me ter muito presente e de me envolver. Lembro-me de o acompanhar desde muito pequena e sempre que era preciso ele dava-me tarefas para desempenhar. Acompanhei-o a muitas feiras internacionais e a visitas a fornecedores no estrangeiro. Conheci mundo e muita gente diferente. Ainda muito jovem e estudante, no final da década de 70 ou princípios de 80, recordo com uma enorme gargalhada o dia em que ele me mandou fazer um “estudo de mercado” sobre as potencialidades de importação e exportação com os países africanos de língua portuguesa [PALOP] e de eu lhe ter perguntado: “pai, como se faz isso?” e de ele me ter respondido: “não sei, descobre tu!”. E eu fiz à minha maneira, claro, mas consegui entrevistas com os adidos comerciais de todas as embaixadas dos PALOP e entreguei ao meu pai relatórios completos sobre os resultados… Quando tirei a carta, em 1980, a primeira vez que dirigi sozinha para a periferia de Lisboa foi para ir receber pagamento de um cliente que nos devia milhares de contos (à época), e o destino era numa rua totalmente desconhecida perto de Benfica. Quando lhe perguntei: “Pai, onde fica essa rua?”, respondeu-me: “quem tem boca vai a Roma”. E lá fui eu! Nunca mais me esqueci do nome da rua, nem onde fica!! Poderia escrever um livro de memórias com as muitas e muitas estórias que tenho com o meu pai e que me ajudaram a crescer pessoal e profissionalmente, pelo que a resposta à vossa pergunta não poderia ser a mais direta: muito do que sou hoje, e muita experiência de vida, adquiri com o meu pai e nas empresas familiares.
In several circumstances, we have already heard Isabel say that your entrepreneurial path came about, naturally, along with the fact that your parents created a small business, which later became a company with some dimension and expression. How do you consider it crucial in your life to have observed this growth process of your parents’ company?
My father, now 85, started his entrepreneurial life at the age of 20, in a very adverse family situation because he was an orphan of a father and mother from a young age. Self-taught, he was, and still is(!) a man ahead of time, intelligent, and with an exceptional vision. I followed this route because my father always made sure that I was very present and that I got involved. I remember accompanying him from a very young age and, whenever necessary, he gave me tasks to perform. I accompanied him to many international fairs and visits to suppliers abroad. I got to know the world and a lot of different people. When I was still very young and a student, in the late 1970s or early 1980s, I remember with a huge laugh the day he sent me to do a “market study” about the potential of import and export with the Portuguese-speaking African countries [PALOP], and I asked him: “Dad, how do I do that??”, and he answered me: “I don’t know, find out!” And I did it my way, of course, but I got interviews with the commercial attachés from all the PALOP embassies and gave my father full reports on the results... When I got my driving license, in 1980, the first time I drove alone to the outskirts of Lisbon was to go to receive payment from a client who owed us thousands of “contos” [old portuguese currency], and the destination was on a totally unknown street near Benfica. When I asked him: “Dad, where is this street?”, he replied: “whoever has a mouth goes to Rome“. And there I went! I never forgot the name of the street, or where it is!! I could write a memoir with the many, many stories that I have with my father and that have helped me to grow personally and professionally, so the answer to your question could not be the most direct: much of what I am today, and a lot of life experience, I acquired with my father and in family businesses.
Na sua opinião, aprende-se a ser empreendedor e investidor ou nasce-se com essas características?
Podemos desenvolver capacidades que nos habilitam a ser melhores empreendedores, mas as características essenciais de um empreendedor são inatas! Já quanto a ser investidor e, não obstante podermos ter habilidade ou tendência inata para investir, temos de aprender a sê-lo e a desenvolver competências para o fazer e sobretudo estarmos sempre muito atentos às tendências sociais, económicas e políticas, o que exige conhecimento, cultura e estudo.
In your opinion, do you learn to be an entrepreneur and investor, or are you born with these characteristics?
We can develop skills that enable us to be better entrepreneurs, but the essential characteristics of an entrepreneur are innate! As for being an investor and, although we may have an innate ability or tendency to invest, we must learn to be an investor and develop skills to do so and, above all, always be very attentive to social, economic, and political trends, which requires knowledge, culture, and study.
E a área do Direito? Surge porquê na sua vida?
Na minha época a escolha fazia-se por Ciências ou Letras… Sempre tive pavor à matemática e sempre fui boa aluna a “letras” pelo que a escolha teria de ser para esta área. No final da década de 70, a diversidade de cursos superiores não era tão grande como o é atualmente e o curso de direito sempre foi um curso de “largo espectro” como o costumo designar! É um curso que nos permite um conjunto de opções e sobretudo que nos permite alcançar uma vasta cultura geral. Nos primeiros dois anos de Direito, andei um pouco a patinar, mas no terceiro ano despertei! Alguns excelentes professores e algumas cadeiras designadamente Finanças Públicas, Direito Fiscal e Direito Comercial tiveram esse condão!! Fui excelente aluna a essas cadeiras, o que me levou a optar pela licenciatura em Ciências Jurídico Económicas, a qual concluí em 1985, quando Portugal estava em processo de adesão à C.E.E. Daí o meu sonho em fazer carreira em relações económicas internacionais.
And the law area? Why does it appear in your life?
In my time, the choice was made by Sciences or Letters... I was always terrified of mathematics, and I was always a good student of “Letters”, so the choice would have to be for this area. At the end of the 70s, the diversity of higher education courses was not as great as it is today, and the law course has always been a “broad spectrum” course, as I usually call it! It is a course that allows us a set of options, and above all, that allows us to reach a wide general culture. In the first two years of law, I skated a little, but in the third year, I woke up! Some excellent teachers and some subjects, namely Public Finance, Tax Law and Commercial Law, had that power!! I was an excellent student in these subjects, which led me to choose a degree in Economic Legal Sciences, which I concluded in 1985 when Portugal was in the process of joining the E.E.C. (European Economic Community). Hence my dream of making a career in international economic relations.
Com certeza já lhe devem ter feito esta pergunta muitas vezes: alguma vez ponderou escolher entre a advocacia e os negócios?
A advocacia surgiu por um acaso da vida. Como já referi anteriormente, foi o meio que encontrei entre o não do meu pai a uma ida para o estrangeiro estudar e o meu não em ficar nas empresas do meu pai. Aquele não era o meu projeto… embora mais tarde eu própria me tivesse questionado sobre o que poderia ter feito e como poderia ter inovado e trazer algo de mim a essas empresas, mas a verdade é que, tal como costumo dizer “não há dois galos na mesma capoeira”… e esse último aspeto foi muito importante na minha decisão. A advocacia significou assim a minha independência e ao longo do tempo fui-me apaixonando pelo que fazia, sempre selecionando e escolhendo a área onde me sentia mais confortável, e assim enquanto advogada sempre foi muito dirigida a empresas.
Surely you have been asked this question many times: have you ever considered choosing between law and business?
Law came about by chance. As I mentioned earlier, it was the way I found between my father’s “no” to going abroad to study and mine “no” to stay in my father’s companies. That “no” was my project… although I later asked myself what I could have done and how I could have innovated and brought something from me to these companies, the truth is, as I usually say: “there are no two cocks in the same capoeira [hennery]”… and that last aspect was very important in my decision. Thus, Law meant my independence, and over time I fell in love with what I did, always selecting and choosing the area where I felt most comfortable, and as a lawyer I was always very much directed to companies.
Como surgiu a ideia de criar o Clube de Business Angels de Lisboa?
O Clube de Business Angels de Lisboa surgiu como corolário do meu percurso no associativismo empresarial, durante o qual tive oportunidade de apoiar a criação de negócios e posteriormente de me desenvolver como mentora. Apoiei a criação e o desenvolvimento de inúmeros negócios e empresas, e investi muito do meu tempo, know-how e networking. Apenas não investia capital. Durante este percurso, conheci pessoas que foram muito importantes para mim, como o Francisco Banha, com quem tomei contacto pela primeira vez com o conceito de Business Angel. Desde o meu primeiro contacto com Business Angels, as minhas primeiras experiências, até à criação do Clube de BA de Lisboa passaram muitos anos. Foi algo que foi crescendo e amadurecendo… Como mulher, e porque estive 20 anos ligada ao empreendedorismo feminino, entendi que seria importante chamar mais mulheres para este universo dos Business Angels, como investidoras e mentoras e, ao mesmo tempo, apoiar mais mulheres empreendedoras. Esse foi um dos pilares em que baseei a criação do Clube de Business Angels de Lisboa. O outro pilar foi a vontade de experienciar este tipo de investimento em projetos não tecnológicos. Tinha o sonho de apoiar novas empresas em sectores tradicionais com alto potencial de inovação. Foram esses os dois grandes pilares que me motivaram a criar o clube em vez de me juntar aos já existentes.
How did the idea of creating the Lisbon Business Angels Club come about?
The Business Angels Club of Lisbon emerged as a corollary of my journey in business associations, during which I had the opportunity to support business creation and later develop as a mentor. I supported the creation and development of countless businesses and companies, and I invested a lot of my time, know-how, and networking. I just didn’t invest capital. During this journey, I met people who were very important to me, like Francisco Banha, with whom I first came into contact with the Business Angel concept. From my first contact with Business Angels, my first experiences, until the creation of the BA Club of Lisbon passed many years. It was something that grew and matured ... As a woman, and because I have been connected to female entrepreneurship for 20 years, I understood that it would be important to call more women into this universe of Business Angels as investors and mentors and, at the same time, support more women entrepreneurs. This was one of the pillars on which I based the creation of the Business Angels Club of Lisbon. The other pillar was the desire to experience this type of investment in non-technological projects. I had the dream of supporting new companies in traditional sectors with high innovation potential. These were the two main pillars that motivated me to create the club instead of joining the existing ones.
Existem princípios que são transversais a todos os Business Angels. Para si, quais são as características primordiais que um Business Angel de sucesso deve ter?
Gostar muito de empreender e de apoiar empreendedores, de querer participar neste admirável mundo de inovação e de desenvolvimento, estar sempre muito atento às tendências sociais, económicas e políticas. Um Business Angel de sucesso tem de ser algo visionário e antecipar tendências para perceber as oportunidades e agarrá-las.
Some principles are transversal to all Business Angels. For you, what are the main characteristics that a successful Business Angel should have?
Enjoying entrepreneurship and supporting entrepreneurs, wanting to participate in this admirable world of innovation and development, always being very attentive to social, economic, and political trends. A successful Business Angel must be visionary and anticipate trends to perceive opportunities and seize them.
Um Business Angel dá margem à emoção na hora de investir?
Investir com emoção pode ser um risco demasiado elevado, mas não pode deixar de haver alguma emoção. Desde logo, é difícil investir em alguém com quem não empatizamos ... E isso é emoção. E é difícil escapar de investir num projeto ou num produto que nos apaixona … e isso também é emoção. Por isso, por mais que tentemos que os investimentos sejam feitos com total racionalidade e frieza, há sempre lugar à emoção…
Does a Business Angel give rise to emotion when investing?
Investing with emotion can be a too high risk, but there must be some emotion. Right from the start, it is difficult to invest in someone with whom we do not empathize ... And that is emotion. And it is difficult to escape from investing in a project or a product that we are passionate about ... and that is also emotion. So, no matter how hard we try to make investments with total rationality and coldness, there is always room for emotion...
O que sentiu quando foi convidada para ser um dos “tubarões” da segunda edição do programa “Shark Tank Portugal”?
Um misto de sentimentos. Por um lado, uma oportunidade única de dar a conhecer a um público mais vasto o trabalho que já desenvolvia como Business Angel, por outro lado um enorme medo da exposição pública e do mediatismo que sempre se cria com a participação num programa televisivo. Foi uma experiência muito interessante e na verdade trouxe-me maior visibilidade e oportunidade de participar em inúmeros eventos de promoção ao empreendedorismo que é uma das minhas grandes paixões.
What did you feel when you were invited to be one of the “sharks” of the second edition of the program “Shark Tank Portugal”?
Mixed feelings. On the one hand, a unique opportunity to make known to a wider audience the work he was already developing as Business Angel, on the other hand, an enormous fear of public exposure and media coverage that is always created by participating in a television program. It was a very interesting experience and, in fact, it brought me greater visibility and the opportunity to participate in numerous events promoting entrepreneurship which is one of my great passions.
Há uma expressão que a Isabel usou algumas vezes no programa: “para mim isso é um nãonegócio”. O que considera um “não-negócio”?
Posso ter usado essa expressão em contextos distintos que não consigo agora particularizar. Porém, nem sempre uma ideia chega para se fazer um negócio e até uma “BOA” ideia pode não ser um bom negócio. Uma ideia tem de corresponder a uma necessidade ou a uma oportunidade de mercado. Ou tem de ser tão boa que ela própria vai criar a necessidade no mercado. Quando isso não acontece é um “não negócio”.
There is an expression that Isabel used a few times in the program: “for me, this is a non-business”. What do you consider a “non-business”?
I may have used that expression in different contexts that I cannot now pinpoint. However, an idea does not always arrive to make a business, and even a “GOOD” idea may not be a good deal. An idea must correspond to a market need or opportunity. Or it has to be so good that it itself will create the need in the market. When it doesn’t, it’s a “no deal.”
O facto de ser mulher num mundo tipicamente liderado por homens fê-la querer recuar alguma vez?
Nunca me fez recuar, antes pelo contrário. Nunca senti qualquer constrangimento por ser mulher. E creio mesmo que nenhum homem que tenha trabalhado ou colaborado comigo sentiu qualquer constrangimento. Creio que a chave é sabermos adaptar-nos a cada contexto e a cada situação, desde a linguagem à postura, ao comportamento e ao mérito do nosso trabalho. E isso acho que é um dos meus maiores trunfos.
Did being a woman in a typically male-led world ever make you want to step back?
It never made me back down, on the contrary. I never felt any embarrassment about being a woman. And I believe that no man who has worked or collaborated with me felt any embarrassment. I believe that the key is to be able to adapt to each context and situation, from language to posture, behavior, and the merit of our work. And that I think is one of my greatest assets.
Três mulheres que a inspiram.
A minha mãe pela doçura, pela paciência, pela coragem, pela capacidade de se dar e de se multiplicar pelos que ama. A mulher que me inspirou no empreendedorismo feminino em Portugal e que acreditou em mim quando eu era ainda muito jovem – Fernanda Pires da Silva. A mulher, anónima, que todos os dias luta pelos seus ideais e pelos seus sonhos e que concretiza as suas ambições.
Three women who inspire you.
My mother for her sweetness, for her patience, for her courage, for her ability to give and multiply herself for those she loves. The woman who inspired me in female entrepreneurship in Portugal and who believed in me when I was still very young - Fernanda Pires da Silva. The anonymous woman who fights every day for her ideals and dreams and realizes her ambitions.
Considera-se uma mulher inspiradora para outras mulheres?
Não tinha essa ideia, mas de facto tenho tido ao longo dos últimos anos várias manifestações, de homens e mulheres, que muito me têm sensibilizado e fico emocionada cada vez que me dizem que os ajudei a mudar o rumo das suas vidas, seja por uma palavra, gesto ou frase que eu possa ter dito ou de algo que eu tenha feito e os tenha tocado especialmente. É extremamente gratificante saber isso…
Do you consider yourself an inspiring woman for other women?
I had no such idea, but in fact, over the last few years, I have had several manifestations, by men and women, that have touched me a lot and I am thrilled every time they tell me that I helped them to change the course of their lives, either for a word, gesture or phrase that I may have said or something that I have done and have touched them especially. It is extremely gratifying to know that…
Fale-nos sobre uma coisa que goste de fazer fora do mundo da advocacia e empresarial.
Entre o mundo da advocacia e o mundo empresarial sobra-me muito pouco tempo. E esse pouquíssimo tempo distribuo-o pelos meus amores: os meus pais, o meu filho, o meu neto e o meu companheiro. Não tenho tempo para fazer outras coisas que adoraria fazer, como estudar História de Arte, ou ter uma casa de campo onde ter os meus livros, os meus discos e as minhas plantas. Vou ainda tentando ter algum tempo para viajar que é algo que adoro fazer. Partir à descoberta, não como turista mas como simples viajante, conhecer lugares, pessoas e estórias.
Tell us about something you like to do outside the world of law and business.
I have very little time between the world of law and the business world. And that very little time is distributed among my loves: my parents, my son, my grandson, and my companion. I don’t have time to do other things I would love to do, like studying art history or having a country house where I have my books, my records, and my plants. I’m still trying to have some time to travel which is something I love to do. Set out to discover, not as a tourist but as a simple traveler, getting to know places, people, and stories.
Se puder oferecer um grande conselho a uma mulher que esteja agora a querer começar a sua carreira no mundo dos negócios qual será?
Nunca desista dos seus sonhos, mas esteja preparada para caminhar sobre um caminho de pedras, com muitas subidas e descidas íngremes, superando medos e superando-se a si mesma. É um percurso de muita resiliência e perseverança, mas a satisfação final é brutal.
If you can offer great advice to a woman who is now looking to start her career in the business world, what will it be?
Never give up on your dreams, but be prepared to walk on a rocky path, with many steep climbs and descents, overcoming fears and overcoming yourself. It is a journey of great resilience and perseverance, but the final satisfaction is amazing.