Ontologia da percepcao

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Antonio Meneghetti

ONTOLOGIA DA PERCEPÇÃO

Ontopsicológica Editora Universitária Recanto Maestro 2015


Do origianl italiano: MENEGHETTI, Antonio. Ontologia Della Percezione. Roma: Psicologica Ed., 2011.

M541o

Meneghetti, Antonio, 1936-2013. Ontologia da Percepção / Antonio Meneghetti; traduzido por Ontopsicológica Editora Universitária. – Recanto Maestro, São João do Polêsine Restinga Seca, RS: Ontopsicológica Editora Universitária, 2015. 145 p. ; 20 cm. Título original italiano: Ontologia Della Percezione ISBN 978.85.64631.30.4 1. Ontopsicologia. 2. Percepção. 3. Metafísica. 4. Ciência Contemporânea. 5. Informação. I. Título. CDU (1997): 111

Catalogado na publicação: Biblioteca Humanitas da AMF.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................9 1 ...................................................................................9 2..................................................................................10 3..................................................................................19 Primeiro Capítulo DA PERCEPÇÃO À ONTOLOGIA.....................25 1. Percepção................................................................25 2. Ontologia ...............................................................27 3. Da percepção à ontologia........................................30 Segundo Capítulo O EM SI ÔNTICO COMO INFORMAÇÃO ELEMENTAR DE QUALQUER SIMPLES OU COMPOSTO.........37 Terceiro Capítulo CONFORMIDADE SEMÂNTICA NO OPERADOR DE CIÊNCIA............................45 Quarto Capítulo O REMOVIDO........................................................49


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Quinto Capítulo DA INFORMAÇÃO AO NEXO ONTOLÓGICO..........................................57 1. Introdução...............................................................57 2. A pesquisa do princípio elementar do universo......59 3. Da informação ao nexo ontológico.........................65 Sexto Capítulo METAFÍSICA DA FÍSICA....................................71 1. Da causalidade física ao problema da criação........71 2. Metafísica da física.................................................75 Sétimo Capítulo O NEXO ONTOLÓGICO E AS CIÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS...............81 1..................................................................................81 2..................................................................................83 3..................................................................................90 CONCLUSÃO..........................................................93 1..................................................................................93 2. ................................................................................93 3..................................................................................93 4. A intencionalidade ôntica do ato simples ao processo formalizante da existência em espaço e tempo...........97 O Eu e a sua ação..................................................99 Como o Eu constitui a matéria.............................100


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APÊNDICES Primeiro Apêndice DA CIBERNÉTICA À ONTOPSICOLOGIA.......................................105 1. Teoria Geral dos Sistemas.....................................106 2. Teoria da Informação............................................108 3. Feedback...............................................................110 4. Cibernética ...........................................................112 5. O problema aberto dos seres vivos.......................114 6. Yuzvishin...............................................................116 Segundo Apêndice HIPÓTESE DE UM CATÁLOGO HISTÓRICO SOBRE O PANORAMA DA CIÊNCIA FÍSICA ...............119 BIBLIOGRAFIA DO AUTOR............................139



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INTRODUÇÃO

1. A temática ontologia da percepção1 diz respeito ao real do nosso perceber. Para nós, o ser inicia e se estrutura a partir dos nossos modos de perceber. Conhecemos o real, por como e enquanto o percebemos, dos sentidos à consciência. A nossa verdade, ou a verdade, é interna ao nosso perceber. Se ontologia é o estudo do real enquanto ente, a percepção é a análise de uma informação sensorial que se traduz em conceito cognitivo.   Este livro reúne a síntese e reelaboração das conferências proferidas pelo Prof. Antonio Meneghetti no curso da Summer University of Ontopsychology “Ontopsicologia da Percepção” (Vale de Assis, 1220 de agosto de 2011), organizada pela Associação Internacional de Ontopsicologia (NGO in Special Consultative Status with the Economic and Social Council of United Nations) e pela Associação Europeia de Ontopsicologia, em colaboração com as Associações Brasileira e Eslava de Ontopsicologia. O evento realizou-se com a adesão do Presidente da República Italiana e o patrocínio de: Representação na Itália da Comissão Europeia; Senado da República Italiana; Ministério para os Bens e as Atividades Culturais da República Italiana; Região da Úmbria; Província de Perugia; Comuna de Assis; La Sapienza Universidade de Roma – Departamento de Comunicação e Pesquisa Social; Universidade dos Estudos de Perugia; Universidade Estatal de São Petersburgo; Antonio Meneghetti Faculdade; Fundação de Pesquisa Científica e Humanista Antonio Meneghetti. 1


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Depois dos órgãos de sentido que especificam o objeto, atua-se o processo de abstração que reduz o objeto à visão e compreensão do sujeito não enquanto órgão de sentido (sinais nervosos, elétricos, sonoros, táteis, fotônicos), mas como consciência (reflexão eidética) ou Eu intelectivo. Nós percebemos segundo indicadores receptivos e transformamos em função do nosso modo existencial. Deve-se examinar quanto é real o nosso perceber, quanto é real o procedimento, quanto é real a aplicação, quanto é real a elaboração e anexo resultado . Portanto, trata-se de compreender e verificar quanto da nossa percepção podemos extrair a lógica de saber e se essa lógica nos coloca dentro do ser, e, portanto, se perceber é também conexão ôntica. Porque só o ser é. E, portanto, o nosso saber tem valor de fazer-nos ser ou não ser. Depois disso se pode prosseguir do princípio aos resultados, ou seja, do início ao complexo existencial, da matéria ao teleológico do devir. Pode parecer curiosidade noética sem determinação. Em vez disso, pode-se alcançar a mais elevada funcionalidade vital para todos os nossos sistemas operativos. Da cura à física teorética, da competência ao sucesso. 2. Algumas premissas para dar orientação prática a este estudo. Após 40 anos (1971-2011), concluo hoje minha


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viagem filosófica e científica2 sobre o conhecimento do homem, do seu habitat e do seu universo. No interior do total laboratório do ser humano, com o instrumento de investigação da análise psicoterápica (compreender para curar), eu descobri: 1) o campo semântico3: em antecipação a qualquer tomada de consciência, os objetos e os viventes emanam sinais recíprocos em consequência da própria tipologia4.   Cf. MENEGHETTI, A. O percurso social da Ontopsicologia. In: Direito, consciência e sociedade. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2009. p. 7-30. 3   MENEGHETTI, A. Campo semântico. 4. ed. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2015. 4   Como laboratório experimental eu usei o homem (o corpo humano), no qual analisei todo o tipo de dinâmica. Pesquisei o corpo humano no seu complexo, isolando a dinâmica que fornece a informação dominante em um certo contexto, mas na contemporaneidade do sistema ativo. Em tal modo, pude isolar o comportamento embora mantendo a constante do habitat. Graças à percepção integral do campo semântico, pude compreender totalmente o que analisava. Substancialmente, compreendi como a natureza escreve, compreendi o meio de transporte da comunicação que a vida faz, do átomo ao universo. A disciplina objetiva da minha análise não se detinha no que para toda a humanidade são templos de verdade, os textos sagrados, tradicionais. Por fim, vi os diversos códigos que a vida usa, através do meio de transporte do campo semântico: em cada relação estabelece um endereço. Em expressão prática, cada onda formaliza uma intenção precisa, ou seja, há um emanante e um receptor e isto é expresso em um sinal. Sempre persegui o sintoma na contemporaneidade do contexto que a seguir expunha de modo consistente a preponderância da informação dominante. Portanto, o decênio da fase de psicoterapia Ontopsicológica foi a constante análise de comportamento de um fenômeno na pluralidade de orgânicos, sujeitos diversos. Em verdade, a constante do comportamento do sintoma contemporaneamente foi verificada em pessoas diversas, efetuando a leitura no seu pressuposto, nascimento, evolução, desaparecimento. Um resultado preciso, verificado em organismos e pessoas diversas e opostas entre elas (de diferentes idades, culturas, nacionalidades, grupos sociais, profissões etc.). Por isto, as minhas análises experimentais identificavam a semiótica precisa no interior da pluralidade e contemporaneidade de 2


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Emanam e recebem informações, do átomo à presença psíquica, e cada um varia conforme modos específicos. O objeto emite se está presente o destinatário, por isso o receptor provoca o emissor e vice-versa. Existem sincretismos preestabelecidos quimicamente, energeticamente que não agem por proximidade, mas por seleção temática. Exatamente como uma carta escrita: a lê o destinatário, aos outros não interessa. Por exemplo, se eu chamo uma pessoa (o Prof. Meneghetti chama um homem do público e lhe pede para vir até ele; a pessoa se levanta do fundo, encontra-o, apertam­ ‑se as mãos e a seguir o Prof. Meneghetti lhe agradece, saúda-o e pede-lhe para retornar a seu lugar), por que o meu aglomerado energético atrai aquela partícula? Todos os outros indiferentes, mas eu emanei um sinal específico ao qual aquela pessoa não pode se opor. Se tolhemos todos os estereótipos, antes da percepção já existe o código preestabelecido. Todas as coisas emanam e recebem informações que variam a energia. A energia é secundária; primária é a informação. Durante minha análise experimental do homem, dei-me conta de que, no uno extero-proprioceptivo, o campo semântico ficava alterado na fase egoceptiva por causa da presença 2) do monitor de deflexão, uma informação fixa que centenas de sujeitos sob análise e em patologias de toda espécie, sobretudo neuroses, esquizofrenia e as denominadas doenças crônicas, como o câncer, mesmo na contemporaneidade pluriorgânica de cada particular indivíduo. [Cf. MENEGHETTI, A. The psychosomatics of cancer. Journal of Chinese Clinical Medicine, v. 5, n. 7, p. 371-387, 2010; Ontopsycology clinics: The pathogenetic process within organismic unity, with special reference to the coccygeal zone (com a colaboração de redação de M. Capasso). Journal of Chinese Clinical Medicine, v. 5, n. 10, p. 692-702, 2010].


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filtrava e condicionava as outras5. Uma espécie de vírus de computador6. Revisada, autenticada a consciência7com a ajuda do segundo ou primeiro cérebro viscerotônico8, individuei 3) o Em Si ôntico9. A informação base que formaliza o composto, ou unidade de ação do homem. O Em Si ôntico é o sinalizador base da identidade de um sujeito em qualquer situação. É o modo como a vida se formaliza no existir o outro enquanto tal. Encontrei aqueles sinais que configuram o modo do indivíduo, ou seja, o seu original que constitui a identidade base elementar do quanto ele de algum modo existe. Este ponto base é uma informação que denominei “Em Si ôntico”. É o modo como a vida projetou e constitui um homem aqui, agora, assim. Cada um tem o próprio Em Si ôntico e os sinais de todas as outras coisas interceptam cada um sob a base dessa identidade (enquanto não intervém   Cf. MENEGHETTI, A. A grelha inibitória entre o processo primário e o consciente. In: O monitor de deflexão na psique humana. 5. ed. Recanto Maestro: Onopsicológica, 2005. p. 381-436. 6   Comecei a falar de vírus de computador em 1973, enquanto o primeiro vírus informático foi criado 13 anos mais tarde, em 1986, pelos 2 irmãos paquistaneses proprietários de um negócio de produtos para computador. O escopo deles era o de punir aqueles que copiavam o software de modo ilegal. O nome do vírus era Brain, foi difundido em todo o planeta e construiu o primeiro caso de vírus que interessava o setor do lançamento dos computadores. 7   Cf. MENEGHETTI, A. Conhecimento ontológico e consciência. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2011. 8   Para aprofundar o significado do cérebro neurogastroenterológico na ótica Ontopsicológica. Cf. MENEGHETTI, A. O Viscerotônico. In: Manual de Melolística. 2. ed. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2005. p. 101-106. 9   MENEGHETTI, A. O Em Si do homem. 5. ed. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2015. 5


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o monitor de deflexão, a consciência estereótipo etc.). O Em Si ôntico é uma informação elementar que constitui a identidade ôntica do indivíduo: é uma informação base que, porém, na sua essência não é perceptível. É intuível (mas quando digo “intuível” pratico um ato intelectivo, que é ação específica do ser em si). Cada um de nós enquanto existe é já de algum modo contemporâneo no que é eternidade, porque – antes de qualquer coisa – se é. Cada um de nós é um portador de ser e é portado pelo ser. Este princípio (ISO10) é a participação do ser no local individuado que essencialmente ativa o existir formal, que é indiviso em si mesmo (unidade de ação) e distinto de tudo como ente e como indivíduo específico. O Em Si ôntico se revela única causa e se manifesta em 15 características ou fenomenologias que consentem o levantamento ontológico e experimental. Na sua “ecceica” identidade é perceptível somente através de suas quinze características de ação e comportamento. Transcendendo estas características se intui a presença da identidade causal, ou causa imanente espiritual. As quinze características do Em Si ôntico são: inseico, holístico-dinâmico, utilitarista­ ‑funcional, virtual, econômico-hierárquico, vencedor, alegre, criativo, espiritual ou transcendente, agente no interior de um universo semântico, mediânico entre o ser e a existência histórica, histórico, estético, volitivo­ ‑intencional, santo. Há um ser particular e um ser universal11.   I.S.O. é o acrônimo de In Sé ontico, expressão original na língua italiana para Em Si ôntico. [N. d. T.] 11   Ser: “princípio universal de quanto existe ou é real, o ser é o primeiro 10


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Na minha identidade entro no universo do ente em todas as suas várias identidades. O ser é a coisa mais concreta, a simples verdade que consente qualquer hipótese, imaginação, realidade. Não é filosofia: ontologia12 é o princípio elementar simples de fazer racionalidade. Se “ciência”13 é saber como o ser faz ação na existência – ou seja, compreender a fenomenologia da ação que o ser intenciona, compreender “in loco” (cientista14), naquele fenômeno – é claro que a todos os cientistas falta a dimensão da disciplina do ser, ou melhor, a racionalidade do ser. O ser é o conhecimento mais simples e difícil: ontologia. Todo o universo é baseado em informações. Mesmo a física teorética está incluída. Não que eu me interesse muito da física em si: como instrumentalizei simples geral que consente a lógica apriórica entre ser e não ser. Em Ontopsicologia distinguem-se três modos de ser: 1) metafísico ou Ser transcendente [Ser como Deus]; 2) comum, ou ser como participação universal de todas as coisas; 3) individual, ou ser como participação de mim existente aqui e agora. O Em Si ôntico é mediador dessas três realidades: em base ao Ser transcendente, o Em Si ôntico tem a relação com o primeiro princípio; em base ao ser comum, o Em Si ôntico tem a relação com o cosmo, o universo, a vida; em base ao ser individual, o Em Si ôntico é o homem enquanto ecceidade histórica, pela qual indica a própria irrepetibilidade”. MENEGHETTI, A. Dicionário de Ontopsicologia. 2. ed. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2012, p. 244. 12   Do grego w[n, o[ntoV [ṓn, óntos], particípio presente do verbo εἰμί [eimí] = ser; λόγος [lógos] = estudo. 13   “Ciência significa “saber com o ser” e etimologicamente deriva do latim scire ens quod agit: scire = saber; ens, entis = ente; aquele “cia” é a redução do actio = ação. Por isso: saber o ente que age”. MENEGHETTI, A. Lógica ou crítica. In: Da consciência ao ser: como impostar a filosofia do futuro. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2014. p. 57-85. 14   Em italiano, cientista escreve-se scienziato, cujo sufixo “to” (de scienzia-to) deriva do grego τίθημι [tithēmi] = dar lugar. [N. d. T.]


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a psicoterapia, instrumentalizei também a física para chegar a um além simples que nos constitui, ou seja, eu e o fenômeno, eu e o objeto somos intrínsecos a uma unidade, a um contínuo que nos consente a reversibilidade entre objeto e sujeito, entre fórmula e resultado. Também a matéria se submete e existe pela realidade da forma que depois configura o módulo de frequência da intencionalidade específica. Todo o universo é baseado em informações de um contínuo simples sem partes que constitui a contemporaneidade e transversalidade sem tempo e espaço. Estes dois, de fato, são o resultado das relações de uma informação com a outra, ou seja, de um antes e depois entre eles. Como seres humanos temos a possibilidade de ter a evidência do princípio para compreender e controlar o processo para o efeito determinado. Mas o cientista deve antes autenticar-se, verificando se é um instrumento exato de investigação, se tem uma racionalidade de poder descobrir aquele mover-se, aquele dar-se. A percepção do campo semântico requer uma capacidade exata do instrumento, isto é, o cientista deve ter uma preparação, uma disciplina no modo mais sério do que se entende por formação racional de setor. Isto porque, quando o homem procura conhecer ou reconhecer o sinal do campo semântico como próprio, entra em jogo uma informação fixa que se faz vírus informático (o monitor de deflexão). Substancialmente, o homem, com os próprios estereótipos, absolutiza algumas informações e exclui a totalidade das outras.


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Entre os vários modelos de análise ou leitura referente ao homem, considerei muito prático o modo de Freud15 e Jung16. Eles não resolveram o sintoma e nem esclareceram de modo funcional científico o processo e as próprias causas. O inconsciente é real como energético autônomo e condicionante da existencialidade do indivíduo e da sociedade. Conexo a tal problema estava também a interpretação dos sonhos. Se eu tivesse resolvido o sintoma psicológico ou psicossomático, e esclarecido o teatro onírico, eu teria alcançado a compreensão no interior daquele diálogo que a natureza escreve como homem. Unindo este conhecimento a tantos outros que eu possuía, poderia relativizar muito não só sobre o inconsciente, mas também sobre muitos aspectos da ação da vida, universo, homem. De fato, operei o desaparecimento do sintoma, compreendi o inconsciente e a sua linguagem onírica e vi a informação. Forçando uma redução simplista de Freud e Jung sobre a psicologia do indivíduo, este enquanto Eu, é muito inconsciente e condicionado pelo superego, pelos arquétipos, libido e tânatos. O removido prevalece sobre o Eu, e o inconsciente é indicador de várias pulsões reativas. O meu esquema configura a posição do Eu entre coação a repetir do monitor de deflexão e do superego e as pulsões vetoriais do Em Si ôntico.   1856-1939.   1875-1961.

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Encontrei o primeiro princípio (ISO) que a vida projeta como sadio egoísmo para o indivíduo e as complicações acrescidas que tornam inexata a consciência ou o Eu. Isolado e mantido o primeiro princípio, tudo tornou­ ‑se óbvio e racional. Os psicanalistas e os psicólogos em geral, não tendo individuado como falso as imagens ou reduções operadas pelo m.d.d (monitor de deflexão), não podiam estar em condições de deduzir a exata etiologia do sintoma e do processo. Segundo a psicanálise, o homem, não obstante nasça da vida, como “Eu” encontra-se subjugado por um superego (resultado da pressão social) e um subconsciente pulsional que vê a presença de arquétipos (formas tradicionais do inconsciente coletivo) em contraste entre libido e tânatos. A Ontopsicologia, ao invés, individuou no Em Si ôntico (ISO) o primário que constitui o ser humano como indivíduo pensante e distinto com exclusiva identidade natural e histórica. No interior do comunicado do sonho17, a ciência ontopsicológica descobriu que o inconsciente, no seu núcleo primário, é formalmente uno, mas o sistemismo social contínuo, que é metabolizado no íntimo do sujeito, cria uma grelha deformante (monitor de deflexão) que se interpõe entre a extero-proprioceptividade e a egoceptividade.18   Cf. MENEGHETTI, A. A imagem e o inconsciente. 4. ed. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2012. 18   Para aprofundamentos sobre a estrutura e dinâmica do homem. Cf. MENEGHETTI, A. A teoria ontopsicológica da personalidade. In: Manual de Ontopsicologia. 4. ed. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2010. p. 20717


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Consequentemente, o homem experimenta uma alienação de si mesmo19. Para saber distinguir o que é bom ou mau para si, o critério que dá infalibilidade da evolução para cada um é o próprio Em Si ôntico, que no ambiente sempre seleciona o que é útil e funcional à própria identidade. Reconhece-o e tende a metabolizá-lo. À psicanálise falta esta descoberta, bem como falta o conhecimento do campo semântico20 (embora em psicanálise se fale do outside) e o do monitor de deflexão. 3. No conhecimento do mundo, da realidade e de nós mesmos existem cinco níveis. I) Percepção sensorial Com o primeiro tipo de conhecimento, cada um conhece a realidade por como a sente, percebe, compreende, por como lhe parece. Mas não é dito que a realidade seja daquele modo. Por exemplo, num lugar 278. 19   Ibid., A esquizofrenia. p. 394-396. 20   Em qualquer âmbito em que é aplicada, a Ontopsicologia lê o campo semântico que sinaliza em que direção está indo – por exemplo – um grupo nacional, um partido etc. O partido é uma massa e como massa tem energia que não é estática, mas semovente e toma direção, porque opiniões, instituições, pulsões de liberdade etc. são vetores de energia, pontos de força que variam o resultado. O campo semântico oferece a possibilidade de ler os vetores da energia. Que esta seja somente física, química, econômica, social, é indiferente. Podemos interceptá-los porque estamos dentro, não somos externos a estes vetores: somos humanos (do latim: humus = terra) composto de tudo aquilo que é também o contexto.


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quente as moléculas são maiores, num lugar frio elas são menores. Mesmo se aparentemente não se vê, uma análise químico-física comprovaria que num lugar aquecido o espaço é mais dilatado, gasoso, enquanto no frio, o espaço é mais reduzido. II) Conhecimento Estereotípico Existem dois tipos de estereótipos. a) Códigos de leitura, modos de interpretação que a sociedade forneceu ao sujeito para ler a realidade, a sociedade e a si mesmo. Estes estereótipos são sistemas de comportamento reconhecidos, aprendidos e executados para comodidade da nossa existência. São os comportamentos tradicionais e sociais sistematizados pela sociedade da qual fazemos parte. São práticos e importantes porque nos facilitam a vida, ou melhor, aprendemos como conseguir paz, bemestar, defesa, ganho no complexo onde cada um de nós vive e age. b) O segundo tipo de estereótipo são os modos de comportamento – consciente ou inconsciente – de um indivíduo. Estes estereótipos com frequência são denominados também complexos e se revelam como comportamentos patológicos. Ou ainda são os comportamentos de defesa, de adaptação que o sujeito aprende desde a infância para garantir a si mesmo entre os outros. São os modos comuns e fixos do próprio modo de pensar individual. III) O terceiro tipo de conhecimento é constituído


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pelas leituras e interpretações que derivam dos sistemas científicos. Cada ciência explica um setor da realidade e, por mais que se considere racional, de fato, é mutável. Neste tipo de conhecimento entra também a sensibilidade e formação artística. IV) O quarto modo de conhecimento se dá através da: a) Racionalidade filosófica; b) Concepção teológica ou religiosa. Este quarto modelo é considerado o mais profundo, avançado e evoluído, porque tanto a filosofia como a fé religiosa pretendem saber os primeiros princípios e últimos princípios da existência. Especialmente o conhecimento religioso é considerado definitivo. c) Fazem parte deste nível também o conhecimento dos sábios e as máximas reveladas pelos grandes mestres religiosos. Todos ou qualquer destes conhecimentos são bons e úteis. A realidade sempre é a nossa existência e estes são modos de conhecê-la. Cada um destes níveis colhe um aspecto da vida, mas ainda não é Ontopsicologia, porque a Ontopsicologia é radical. V) Tenho muito respeito pela arte, pela ciência, pelos modos sociais, pelos códigos, pelo Evangelho, pelo que os sábios escreveram, a yoga etc. Tudo é belo e superior. Mas, a Ontopsicologia possui a lógica do ser.


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Para compreender isto, é indispensável uma preparação técnica e racional adequada. O conhecimento elementar da Ontopsicologia é difícil também para filósofos e teólogos, porque para compreendê-la é necessário fazer duas metanoias: 1) revisão crítica da própria racionalidade individual e 2) revisão crítica dos conhecimentos21. A Ontopsicologia vê o nexo ontológico. A Ontopsicologia diz ao sujeito que deve mudar o próprio pensamento, as próprias lógicas, o próprio Eu, a própria consciência, para tornar-se simplesmente o que é22. A Ontopsicologia é o simples para encontrar e compreender como a vida, o ser nos projeta. Ontopsicologia é compreender a lógica ou o modo do nosso nexo com o ser, é compreender onde a fenomenologia de qualquer ciência faz nexo ontológico que dá evidência de reversibilidade e exaure a investigação ou interrogação racional. A Ontopsicologia não é psicologia; é ciência epistêmica com critério interdisciplinar que afronta o problema crítico do conhecimento e da causalidade física. Sendo conhecimento ontológico, a Ontopsicologia pode ser aplicada em diversos setores do saber humano.   Cf. a este propósito o que propõe o autor em mérito às metanoias que deve fazer o filósofo para colher o ser: “uma de autenticação de si mesmo como ser humano, realizando o próprio Eu lógico­‑histórico em conformidade ao próprio Em Si ôntico; uma segunda metanoia para “purificar” o próprio Eu lógico­‑histórico também do Eu coletivo da sociedade. MENEGHETTI, A. O filosofo. In: Da consciência ao ser: como impostar a filosofia do futuro. op. cit. p. 193-196. 22   Por isso, aquilo que um sujeito pensa, crê, é bom se coincide com o que ele é: caso contrário, é esquizofrenia. 21


Introdução • 23

O substantivo “psicologia”, no seu étimo original, é um termo que deriva da fusão de raízes grego­ ‑latinas ψυχή [psychḗ] = “alma, mente, inteligência, consciência”, co = “cultivar”, λόγος [lógos] “ciência, discurso”. Portanto, é ciência específica que se interessa do mundo interior, do pensamento”.23 Deriva daí que Ontopsicologia é conhecimento do ser no modo da psiquicidade humana. Nenhuma ciência, como evidenciou Edmund Husserl24, demonstrou-se capaz de colher a causa em si, a informação causante25. A Ontopsicologia reencontrou esta causalidade, que dá fenomenologia àquela causalidade primeira que o ser projeta. A Ontopsicologia é uma ciência fundamental que investiga e compreende o nexo ontológico, seja ele do fenômeno seja do processo. Na realidade, a Ontopsicologia, através da informação do Em Si ôntico, entra no meio que dá os terminais entre fenomenologia e ser. De fato, colhe por meio das 15 características a inseidade indivisa que a uniformiza à intencionalidade do ser em si: uno, verdadeiro, transcendente a todas as coisas que substancia.   MENEGHETTI, A. As origens da Ontopsicologia. In: Nova Fronda Virescit: introdução à Ontopsicologia para os jovens.v.1. Recanto Maestro: Ontopsicológica, 2006. p. 17-21. 24   1859-1938. 25   Cf. HUSSERL, E. Die Krisis der europäischen Wissenchaften und die transzendentale Phänomenologie. Eine Einleitung in die Phänomenologische Philosophie. Biemel W., editor. Den Haag: Nijhoff, 1954 (trad. it. La crisi dele scienze europee e la fenomenologia Trascedentale: introduzione alla filosofia fenomenologica. Milão: Il Saggiatore, 1961). As primeiras partes da obra aparecem na revista Philosophia de Belgrado, em 1936. 23


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