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Alan Charlton
plano B para nós, não há
For us, there is no Plan B
Em dezembro, as atenções dos líderes mundiais estarão voltadas para as negociações de um novo acordo global para o clima. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, espera que a Conferência do Clima em Copenhague fique marcada como um daqueles momentos em que as nações se unem para fazer história. Para nós, não há plano B. Não há se- gunda chance quando se trata de mudança do clima.
O governo britânico tem trabalhado de maneira incessante para criar políticas públicas que estimu- lem a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa - GEEs, e já cumpriu as metas do Protocolo de Kyoto, com reduções de 18,4% em 2007, acima das metas obrigatórias de 12,5%, baseado nos níveis de emis- são de 1990. Projeções recentes indicam que se pode esperar uma redução de emissões de 23% até 2010.
In December, the attention of the world leaders will be focused on the negotiations of a new global agreement on the climate. The British Prime Minister, Gordon Brown, hopes that the Copenhagen Climate Conference will stand out as one of those moments in which nations unite to make history. For us, there is no Plan B. There is no second chance when the issue is climate change.
The British government has worked incessantly to create public policies that foster the reduction in greenhouse gas (GHG) emissions, and it has already complied with the targets set under the Kyoto Protocol, with reductions of 18.4% in 2007, above the mandatory targets set at 12.5% (based on the 1990 emission levels). Recent projections show that one may expect emission reductions of 23% by 2010.
Alan Charlton Embaixador do Reino Unido no Brasil Ambassador of the United Kingdom to Brazil
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Na área de energias renováveis, o governo assumiu um compromisso de utilização de 10% de combustíveis renováveis no setor de transportes, como parte da Diretiva Europeia para Energias Renováveis - RED, aprovada pelo Parlamento Europeu no fim do ano passado. Acreditamos que os biocombustíveis sustentáveis apresentam-se hoje como uma das mais importantes alternativas, tanto para redução de GEEs no setor de transporte, como para aumentar a segurança energética dos países.
Por esses motivos, o incentivo ao seu uso é hoje mais do que uma obrigação legal, é uma realidade. O fato é que iniciativas como a do governo britânico deverão beneficiar o Brasil, já que a demanda por biocombustíveis irá aumentar e, consequentemente, impulsionar a criação de um mercado global.
In the field of renewable energy, the government assumed the commitment of using 10% of renewable fuel in the transportation sector, in compliance with the Renewable Energy Directive (RED), approved by the European parliament at the end of last year. We believe that sustainable biofuel nowadays is one of the most important alternatives, both in terms of GHG reductions in the transportation sector, as well as to increase countries’ energy safety.
For those reasons, fostering its use nowadays is more than a legal obligation – it is a reality. The fact of the matter is that initiatives such as that of the British Government are expected to benefit Brazil, given that the demand for biofuel will increase and, consequently, foster the development of a global market.
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O Brasil desempenha um papel fundamental, pois, além de ser uma potência energética - notadamente o segundo maior produtor e maior exportador mundial de biocombustíveis - tem uma posição estratégica de liderança na América Latina. Em especial, o etanol brasileiro é reconhecido internacionalmente por apresentar o maior potencial de redução de GEEs entre os biocombustíveis de primeira geração, o que amplia as perspectivas de exportação do produto para a Europa.
Atualmente, os países europeus discutem critérios de sustentabilidade que servirão como base para certificação dos biocombustíveis comercializados no mercado interno. Entendemos que esse processo deve ser visto como uma oportunidade para o Brasil, uma vez que o etanol apresenta uma clara vantagem em relação aos outros biocombustíveis, com índices de redução de emissões superiores aos exigidos pela diretriz europeia, entre outros critérios.
Essa vantagem pode ser comprovada por dados recentes sobre o consumo interno de biocombustíveis no Reino Unido, apresentados pela Agência Britânica de Combustíveis Renováveis (RFA, do inglês Renewable Fuel Agency), indicando que 85% do etanol utilizado no país são provenientes do Brasil. Essa é uma clara demonstração do reconhecimento da liderança brasileira no setor.
Dentro desse contexto, gostaria de destacar os esforços brasileiros na busca constante de aprimoramento do setor, tanto na utilização de novas tecnologias, como na busca de maior eficiência nos processos agrícolas e industriais, e parabenizar o empenho em desenvolver políticas públicas que busquem atender aos critérios socioambientais atualmente em discussão, como o Zoneamento Agroecológico da Cana e o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar.
Essas políticas demonstram o comprometimento do país com a preservação ambiental e a garantia da sustentabilidade dos biocombustíveis brasileiros.
O desafio no médio prazo será a consolidação do mercado global de biocombustíveis, com o aumento da oferta e da demanda. Considerando as limitações geográficas da Europa, o Reino Unido vem incentivando e promovendo o uso de biocombustíveis de segunda geração e, em parceria com o Brasil, apoia um programa de pesquisa conjunta de intercâmbio entre pesquisadores da Embrapa e universidades britânicas.
O Reino Unido não deverá adotar políticas tão ambiciosas para criar um mercado interno de biocombustíveis como o brasileiro, já que, no médio e no longo prazos, estamos apostando nos carros híbridos e elétricos. Mas podemos, sim, apostar em uma política de aumento da mistura de etanol na gasolina.
Portanto esperamos fortalecer o nosso diálogo com o Brasil, nessa área tão promissora, e trabalhar com o governo brasileiro para a consolidação do mercado global de biocombustíveis.
Estamos confiantes que iniciativas como essa são fundamentais para enfrentar o maior desafio da nossa geração: o de acelerar a transição para uma econo- mia global de alto crescimento e baixas emissões de carbono.
Brazil plays a fundamental role, given that apart from being an energy powerhouse ― in particular, the world’s second largest producer and largest exporter of biofuel, the country holds a strategic lead position in Latin America.
Brazilian ethanol is in fact known around the world for having the largest potential to re- duce greenhouse gas among all first generation biofuels, increasing the prospects of exporting the product to Europe.
Currently, the European countries are debating sustainability criteria that will be the basis for the certification of biofuel sold in the domestic market. We believe this process must be viewed as an opportunity for Brazil, since ethanol clearly entails advantages over other biofuels, reaching emission reduction rates that are higher than those required by the European directive, among other criteria.
This advantage is evidenced by recent data on domestic biofuel consumption in the United Kingdom, made public by the British Renewable Fuel Agency - RFA, showing that 85% of the ethanol used in the country comes from Brazil. This is the unequivocal acknowledgement of Brazilian leadership in this field.
In this context, I would like to highlight Brazilian efforts in seeking to constantly improve this sector, both with respect to new technologies and the search for higher efficiency in processes in agriculture and industry.
I also want to commend Brazilians for their engagement in developing public policies that seek to meet the social and environmental criteria currently being debated, such as the Sugarcane Agro-ecologi- cal Zoning initiative and the National Commitment to Perfect Sugarcane Working Conditions.
Such policies attest to the country’s commitment to environmental preservation and warrant sustaina- bility of Brazilian biofuel.
The medium term challenge will be to consolidate the global biofuel market, increasing supply and demand.
Considering the geographic limitations of Europe, the United Kingdom has been fostering and pro- moting the use of second generation biofuel and, in partnership with Brazil, supporting a joint exchange program between researchers of Embrapa (the Brazilian agriculture and livestock breeding research company) and British universities.
In comparison with Brazil, the United Kingdom is not expected to adopt too ambitious policies aimed at creating a domestic market, given that in the medium and long-term we are betting on hybrid and electric cars. We can, however, bet on a policy to increase the mixture of ethanol added to gasoline.
Thus, we expect to intensify our dialogue with Brazil in this so promising field, working with the Brazilian government to consolidate the global bio- fuel market.
We trust in that such initiatives are essential to face the largest challenge of our generation: to accelerate the transition to a global economy of high growth and low carbon emissions.