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Ricardo Rose
emissões de GEEs um mundo cada vez mais avesso às
A world increasingly against GHG emissions
O programa brasileiro do álcool, o Proálcool, teve início em 1975, como reação aos altos preços do petróleo, depois da primeira crise do petróleo. O número de carros produzidos a álcool aumentou gradativamente, chegando a 95% dos veículos de passeio fabricados no país, em 1986. Na década de 1990, os produtores de álcool, por um curto período, não conseguiram atender a demanda total do mercado. Ao mesmo tempo, caiu a cotação do barril de petróleo no mercado internacional, barateando o preço da gasolina. Esses fatores fizeram com que caíssem as vendas de carros a álcool, substituídos pelos a gasolina. Somente no início dos anos 2000, a demanda de automóveis movidos a etanol voltou aos poucos a subir. Foi, porém, uma inovação tecnológica - o desenvolvimento de um sensor que detecta o nível de oxigênio no combustível, que possibilitou construir motores bicombustíveis - flex-fuel, a partir de 2003. Assim, os consumidores tinham a vantagem do preço baixo e da garantia do fornecimento do combustível, o que fez com que a demanda por automóveis bicombustíveis aumentasse rapidamente, chegando a 90% do total das vendas.
Seguindo o exemplo do Brasil, vários países implantaram programas de biocombustíveis. A União Europeia tem um programa de biodiesel bastante desenvolvido e também iniciou o uso do etanol, misturado à gasolina. Na Alemanha, por exemplo, os biocombustíveis representam 5,9% do consumo de combustível e já se adicionam 5,25% de etanol à gasolina - percentual que deverá subir para 6,25% em 2010. A maior parte desse combustível é produzida localmente, à base de açúcar de beterraba, cevada e aveia. A grande expectativa dos usineiros brasileiros é a de que possam vender volumes maiores de etanol à Europa, já que o seu preço é bastante competitivo em relação ao etanol europeu. No entanto, ainda existem impedimentos ao aumento dessas exportações. Por um lado, existem as barreiras não tarifárias, como a negociação de uma certificação do etanol brasileiro dentro de certos padrões técnicos, ambientais e sociais; por outro, há ainda a pressão de parte da opinião pública europeia, mal informada, acreditando que a cana-de-açúcar compete com a produção de alimentos; por último, persiste o subsídio à agricultura europeia, dificultando o acesso de produtos agrícolas àquele mercado.
The Brazilian alcohol program, “Proálcool”, began in 1975, as a reaction to high oil prices, following the first oil crisis. The number of alcohol-powered cars produced increased gradually, reaching 95% of the country’s total family car output in 1996. In the 90’s, for a short period, alcohol producers could not meet the market’s total demand. At the same time, the oil barrel price declined in the international market, reducing the gasoline price.
These factors resulted in a decline in sales of alcohol-powered cars, replaced by gasoline cars. Only in the beginning of the current decade, the demand for ethanol-powered vehicles again began to increase a little. However, it was a technological innovation – the development of a sensor that detects the oxygen level in the fuel – that made it possible to build dual-fuel engines (“flexfuel”), beginning in 2003.
Thus, consumers enjoyed the advantage of the low price and had the assuredness of the fuel’s supply, resulting in that the demand for dual-fuel vehicles increased quickly, reaching 90% of total sales.
Following Brazil’s example, several countries implemented dual-fuel programs. The European Union has a well-developed biodiesel program and has also started using ethanol mixed with gasoline. In Germany, for example, biofuel represents 5.9% of fuel consumption and 5.25% of ethanol is already being added to gasoline – a percentage expected to increase to 6.25% in 2010. Most of this fuel is produced locally, from beet, corn and oat sugar.
The big expectation on the part of Brazilian ethanol producers is that they might sell larger volumes to Europe, since their price is competitive in comparison with European ethanol.
However, there are still barriers to increasing exports. On the one hand, there are non-tariff barriers, such as the negotiation of a Brazilian ethanol certificate in compliance with certain technical, environmental and social standards; on the other hand, there is still pressure from the European public opinion, which is ill-advised and believes that sugarcane competes with the production of food. Finally, the subsidies for European agriculture continue being granted, making access of agricultural products to that market difficult.
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A bioeletricidade é o mais importante subproduto da indústria do açúcar e do álcool no Brasil, gerando, ho- je, cerca de 1.400MW médios. A tecnologia da queima do bagaço da cana não é nova, tendo sido usada por al- gumas usinas para gerar energia para consumo próprio desde a década de 1960. No entanto o interesse econômi- co foi despertado na década de 1990, quando foi criada legalmente a possibilidade de um empreendedor privado vender energia elétrica a uma distribuidora. Apesar de sua ainda baixa remuneração em relação aos diversos custos de implantação, a bioeletricidade tem um potencial de ex- pansão muito grande. Segundo estudo da Unica - União da Indústria de Cana-de-açúcar, até 2020/2021, as usinas poderão produzir um total de 13.150MW; cerca de uma Itaipu e meia.
Na Alemanha, cerca de 15% da eletricidade gerada são provenientes de fontes renováveis. A energia de biomas- sa representa cerca de 60% de toda a energia renovável gerada no país, além da eólica, solar e geotérmica. A bio- massa também é utilizada para gerar grandes quantidades de vapor, além da bioeletricidade. O vapor é destinado ao processo industrial e ao aquecimento de residências. Na Alemanha, em 2007, a quantidade de energia elétrica pro- duzida a partir de biomassa - não incluindo energia gerada por biogás, que também é bastante representativa - foi de 6,6 bilhões de KWh. Metade dos cerca de 150 projetos brasileiros aprovados pela ONU no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto é referente a projetos de cogeração - bioeletricidade. A tendência é que o número de iniciativas nessa área aumente ainda mais, já que a produção de energia e o transporte estão cada vez mais na mira daqueles que se preocupam com o aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera. Ambos os setores têm sido, principalmente nos países industrializados, os maiores geradores de gases poluidores. Outro aspecto é que o conceito de descarbonização dos processos produtivos, dos produtos e dos serviços estará, em poucos anos, fazendo parte do nosso dia a dia. O que teremos é uma economia cada vez mais avessa às emissões de gases de efeito estufa, causadores das mudanças climáticas.
Bioelectricity is the most important sub-product of the sugar and alcohol industry in Brazil, currently generating, on average, about 1,400MW. The technology applied to incinerating sugarcane bagasse is not new, having been used in some mills to generate power for selfconsumption since the 60’s. However, economic interest was awakened in the 90’s, when the legal framework was created for a private entrepreneur to be able to sell elec- tric power to a distribution company. Notwithstanding still low compensation levels in comparison with the several implementation costs, bioelectricity has a very high growth potential. According to a study by UNICA, The Brazilian Sugarcane Industry Association, by 2020/2021 mills will be able to produce a total of 13,150MW, roughly one and a half times the capacity of the Itaipu complex.
In Germany, about 15% of electric power is obtained from renewable sources. Power from biomass represents about 60% of all renewable power generated in the country, in addition to wind, solar and geothermal energy. Biomass is also used to generate large volumes of steam, apart from bioelectricity. Steam is intended for industrial processes and for heating homes. In Germany, in 2007, electric power produced from biomass – not including power generated from biogas, which is also quite significant – totaled 6.6 billion KWh.
Half of the approximately 150 Brazilian projects approved by the UNO under the Kyoto Protocol’s Clean Development Mechanism relate to cogeneration (bioelectricity) projects.
The trend is that the number of initiatives in this field will further increase, since production and transportation are increasingly being targeted by those concerned about the increase of greenhouse gases in the atmosphere. Both sectors – mainly in the industrialized countries – have been the largest polluting gas generators. Another aspect is that the concept of “decarbonization” of productive processes, products and services will, in a few years, be a part of our everyday lives. We will be faced with an economy increasingly contrary to greenhouse gases that are the cause of climate change.