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ISSN: 2177-6504
FLORESTAL: celulose, papel, carvĂŁo, siderurgia, painĂŠis e madeira jun-ago 2011
as novas fronteiras florestais
as novas fronteiras da floresta plantada brasileira
índice
Pense Verde. Edição especial em homenagem ao Meio Ambiente Editorial da Edição:
05
Nelson Barboza Leite
Membro da SBS e Diretor Florestal da Eco Brasil
Ensaio Especial:
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Walter de Paula Lima Professor da Esalq-USP
06 08 10 12 14 16 18 20 22
Wellington Moreira Franco
Ministro-chefe da SAE da Presidência da República
Manoel Vicente Fernandes Bertone
Secretário de Produção e Agroenergia do MAPA
Tólio Edeo Ribeiro
Coordenador-geral - Indústrias Intensivas do MDIC
Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias
Secretária de Des, Indústria e Comércio do MS
Cesar Augusto dos Reis Diretor Executivo da Abraf
Irajá Abreu
Vice-presidente da Aretins e Dep Fed pelo TO
João Comério
Diretor Executivo Florestal da Suzano
Carlos Augusto Lira Aguiar Presidente da Fibria
Élio Nunes
Gerente Operacional da ArcelorMittal BioFlorestas
24 26 36 38 40 42 44 48 50
Jefferson Bueno Mendes
Diretor da Pöyry Silviconsult Engenharia
Fernando Abucham e Marcelo Sales Sócios da Claritas Investimentos
Manoel de Freitas
Consultor Especialista Florestal
Admir Lopes Mora Consultor do IPEF
Paulo Henrique Müller da Silva
Assistente Técnico-científico da Diretoria do IPEF
Marcos Antonio Drumond
Pesquisador da Embrapa Semiárido
Ronaldo Vaz Silveira e Vanderlei Benedetti Consultores da RR Agroflorestal
Jader Vaz
Diretor Operacional da JS Florestal
Alessandra Pedroso Viana
Advogada da Teixeira Gomes & Viana Associados
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Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • Helton Damin da Silva • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Tomaz Caetano Cannazam Rípoli • Xico Graziano
editorial
Opiniões
novas fronteiras: desafios e oportunidades A silvicultura brasileira está vivendo, nos últimos anos, um novo ciclo de crescimento. Muito diferente dos anteriores: novas regiões, novos empreendedores, novas empresas, sem fartura de informações científicas, nem tradição silvicultural. Até então, o crescimento se deu nas regiões Sul e Sudeste, com muitas pesquisas, experimentações e com segurança científica. A silvicultura dos elevados níveis de produtividade, arrojada sustentabilidade, certificações, programas de fomento, uso múltiplo das florestas, que despertou interesse de investidores nacionais e internacionais, esteve, em sua maior parte, restrita às regiões Sul e Sudeste. Nas novas regiões, onde as atividades silviculturais estão sendo iniciadas, o cenário é bem diferente. Estamos falando de áreas localizadas no Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará, oeste da Bahia, algumas regiões do Mato Grosso, entre as novas e principais fronteiras da silvicultura. De um lado, temos grandes extensões de terras desocupadas ou subutilizadas, com preços atraentes e, em alguns casos, riqueza de infraestrutura, logística favorável e o aceno convidativo dos governos estaduais, dentre as principais atratividades. De outro lado, temos dificuldades com documentações fundiárias, grande diversidade de solo e clima, indefinições e morosidade nos processos de licenciamentos, dificuldades com mão de obra sem treinamento, escassez de prestadores de serviços, falta de informações científicas, enfim, um caminho todo a ser construído. E aí cabem indagações: as novas fronteiras representam, de fato, uma alternativa para a expansão? Poderão pôr em risco o sucesso, até então alcançado pela silvicultura brasileira? É a direção para manter o Brasil na liderança da silvicultura industrial? Essa expansão atende aos interesses das políticas e compromissos governamentais? Vai contribuir para os programas de mitigação das mudanças climáticas? Dentre inúmeros questionamentos, temos que ter convicção de que, se quisermos uma silvicultura sustentável, precisamos ter florestas com boa produção e que respondam, de maneira satisfatória, a essas e a muitas outras indagações. A falta de pesquisas e experimentações para essa vasta região exigirá do empreendedor esforços redobrados para não ser seduzido pelos interesses de curto prazo, especialmente, o menor preço das terras mais inóspitas. Essa sedução poderá levar empresas e investidores à aquisição de propriedades sem a menor condição de se alcançar êxito na formação de florestas produtivas e competitivas. Essa lógica técnica baseada em biologia e fisiologia vegetal, quando desrespeitada, pode se transformar em limitação insuperável aos empreendimentos que nessas áreas se instalarem. Afrontar essa lógica é viver em permanente risco.
Há experiências consagradas e acumuladas em regiões semelhantes a muitas áreas das novas fronteiras e que permitem, com segurança, traçar os procedimentos silviculturais e cuidados a serem adotados. Esse parece ser o caminho a ser seguido. Há áreas disponíveis com preços que provocam as planilhas e os planos de negócio. Mas, nesses casos, as linhas da certeza e da incerteza quase se cruzam. A silvicultura brasileira de tanta ciência não pode e não deve se expor a tamanhas dúvidas. Em áreas devidamente selecionadas, também existirão dificuldades naturais, mas tudo, no entanto, administrável e superável com profissionalismo e respeito às premissas básicas da ciência florestal. O baixo preço de terra já mostrou ser um falso indicativo para escolha de áreas para plantios florestais. É inaceitável que a silvicultura brasileira fique refém dessa antiga armadilha. Não é surpresa deparar-se, nessas novas regiões, com plantios de eucalipto de péssima qualidade, onde faltaram conhecimentos elementares para a formação das florestas. Nesses casos, as intervenções técnicas adequadas resolverão. No entanto, quando o insucesso se dá por conta das limitações impostas pelas adversidades de solo, de clima, ou de ambos, dificilmente, temos alternativas para correção. Encontramos também plantios de excelente performance, onde os cuidados para seleção de terras, a tecnologia, a sensibilidade e a responsabilidade profissional se somaram. Confirma-se, assim, o potencial para expansão da silvicultura nessas novas regiões. É o respeito obrigatório pelas bases da ciência florestal que não admite qualquer transgressão. Respeitando-se tais princípios, é só seguir em frente, O crescimento das indústrias brasileiras de base florestal é inquestionável, e essa expansão é indispensável para atender a setores como celulose e papel, siderurgia a carvão vegetal, chapas, energia, biomassa, entre outros. Os produtos florestais são demandados, crescentemente, em nível nacional e internacional, e o Brasil tem possibilidades competitivas para se posicionar como grande líder. Para tal, há de se assegurar a sustentabilidade desses empreendimentos. Nas novas fronteiras, os cuidados técnicos devem ser redobrados; as pesquisas, intensificadas; os licenciamentos, agilizados; as políticas públicas para industrialização, alavancadas e concretizadas; os mecanismos de segurança institucional, revigorados; e as contribuições sociais, econômicas e ambientais, devidamente equilibradas. O exame cuidadoso dessas considerações mostrará que não há nenhuma invenção. É só respeitar as lições vividas, valorizar os conhecimentos científicos e ter a humildade de se copiar a trajetória de regiões bem-sucedidas, que, lá atrás, também foram novas fronteiras.
" a falta de pesquisas e experimentações para essa vasta região exigirá do empreendedor esforços redobrados para não ser seduzido pelos interesses de curto prazo, especialmente, o menor preço das terras mais inóspitas " Nelson Barboza Leite Membro do Conselho Consultivo da SBS e Diretor Florestal da Eco Brasil Florestas
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assuntos estratégicos da presidência da república
Opiniões
a nova economia agrícola brasileira " nos próximos 20 anos, se ocuparmos menos de 2% do território brasileiro agricultável, mais do que duplicaremos as áreas de eucalipto, de pinus e de espécies nativas, passando de atuais 6,7 milhões para 15 milhões de hectares "
Wellington Moreira Franco Ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República
O Brasil sempre foi reconhecido internacionalmente como um país pródigo em recursos naturais abundantes. Apesar da boa fortuna das terras brasileiras, das louváveis iniciativas, dispersas, isoladas, faltou-nos concentrar esforço e inteligência para criar uma estratégia de riqueza sustentável, que agora se consubstancia nas diretrizes para a estruturação de uma Política Nacional de Florestas Plantadas. Estudo recente, datado de maio de 2011, produzido pelo Grupo de Trabalho Interministerial, coordenado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República SAE, integrado pelos ministérios do Meio Ambiente, Minas e Energia, Fazenda, Relações Exteriores, Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e pelo IPEA e Bndes –, confirma que o Brasil desfruta de características ímpares para quebrar recordes de produção e produtividade com a plantação de florestas. O País harmoniza extensões continentais de terras, águas, insolação e ainda dispõe de avançadas técnicas desenvolvidas pela Embrapa e empresas privadas nacionais para transformar produtos de novas florestas em itens de exportação, com alto valor agregado, e de geração de riquezas, emprego e renda no mercado interno, tão importantes quanto a soja e a cana-de-açúcar. A pujança da fertilidade natural pode ser demonstrada com apenas uma espécie, o eucalipto, cujos maiores produtores são o Brasil, o Chile e os Estados Unidos. Enquanto no Chile a produtividade do eucalipto de fibra curta é de 30 metros cúbicos por hectare/ano, e nos Estados Unidos atinge 20 metros cúbicos, a produtividade brasileira é de 41 metros cúbicos. Apesar do desempenho notável, ainda estamos muito aquém na exploração da nova economia agrícola. Dados de 2010 indicam que os atuais líderes mundiais em áreas de florestas plantadas são a China (77,157 milhões de hectares), os Estados Unidos (25,363) e a Rússia (16,991). O Brasil explora hoje somente 6,7 milhões de hectares, mesmo dispondo de extensão territorial equivalente aos desses países. Nos próximos 20 anos, se ocuparmos menos de 2% do território brasileiro agricultável, mais do que duplicaremos as áreas de eucalipto, de pinus e de espécies nativas, passando de atuais 6,7 milhões para 15 milhões de hectares. A floresta plantada não reduz a produção de alimentos, nem prejudica as espécies nativas.
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Os principais benefícios são a menor pressão pela derrubada de florestas nativas; o sistema integrado de espécies exóticas e nativas; a proteção eficaz na prevenção da erosão do solo e do assoreamento dos rios. A plantação de florestas é solução, não é problema. Não é o pesadelo de um deserto verde que tanto preocupa os ambientalistas e as organizações não governamentais. As novas florestas não destruirão florestas nativas, mas aproveitarão extensas áreas hoje degradadas, inexploradas, sem atrativo econômico para a produção agropecuária. Existem barreiras para a plena realização de uma Política Nacional de Florestas Plantadas. Um requisito fundamental é o concerto de ações do poder público e da iniciativa privada para induzir o aumento da produção e a evolução tecnológica da indústria de madeira. Em breve período, será possível expandir o consumo interno e incrementar a exportação de produtos florestais – toras industriais, madeira serrada, painéis de madeira, celulose e papel, bioenergia de madeira. Em 20 anos, o Brasil será capaz de triplicar a exportação de produtos florestais, atingindo até 10% do comércio mundial desses itens, hoje equivalente a US$ 20 bilhões. Se o País apresenta tantas vantagens comparativas e contamos com a presença de empresas de grande porte no plantio de florestas, que obstáculos ainda persistem? Apontamos apenas três, cruciais, de ordem econômica, financeira e legal. Primeiro, é preciso grande esforço em investimentos públicos para superar as carências da infraestrutura de transportes. Segundo, estímulo para financiamento de longo prazo. O terceiro ponto – que mereceu atenção especial do grupo interministerial coordenado pela SAE – é a criação de dispositivos legais que contemplem a importância socioeconômica da floresta plantada. Por exemplo, o plantio de florestas deve usufruir de isonomia com relação ao tratamento concedido às atividades agrícolas. Outro fator importante é a criação de incentivos creditícios e/ou fiscais que favoreçam a substituição de combustíveis fósseis pelos combustíveis de madeira, melhorando a eficiência da matriz energética brasileira. Enfim, se superarmos esses obstáculos, por meio de ações conjuntas do poder público e da iniciativa privada, a Política Nacional de Florestas Plantadas será um vetor para o desenvolvimento econômico e a preservação sustentável de recursos naturais do Brasil e do mundo.
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Opiniões
plantar florestas
colher desenvolvimento sustentável
Nos últimos anos, apesar da crise de 2008, o setor de florestas plantadas no Brasil protagonizou um forte crescimento, que elevou o Brasil ao patamar de 7 milhões de hectares de florestas plantadas. Essa realidade justifica-se pelas vantagens competitivas e comparativas que a natureza nos oferece, além da reconhecida capacidade desse segmento agroindustrial brasileiro. A disponibilidade de terras, insolação e abundância de recursos hídricos, o conhecimento e o domínio tecnológico que alcançamos ao longo de décadas permitem que a produtividade das florestas plantadas no Brasil seja, no mínimo, o dobro dos principais produtores no mundo. Mas essa realidade tão promissora não pode ocultar o enorme potencial não realizado, se considerarmos os números da FAO, o Brasil é só o oitavo país em áreas plantadas, estando atrás da China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Índia e Canadá. Se nos compararmos com a China, que possui a maior área com florestas plantadas do mundo, teríamos que multiplicar nosso plantio por 11 para nos igualarmos.
O momento é muito oportuno para se fazerem as correções necessárias. Vivemos em um ambiente que envolve a vocação brasileira por energias renováveis, o Plano Nacional sobre Mudança do Clima e os compromissos voluntários assumidos pelo País na COP 15, os mecanismos de prestação de serviços ambientais (REED), o mecanismo de desenvolvimento limpo do protocolo de Kyoto e a recém-promulgada Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Importante mencionar a iminência de um desfecho em relação à reforma do Código Florestal Brasileiro, que deverá garantir a minimamente necessária segurança legal ao produtor, tornando as regras mais claras em relação à preservação ambiental nas propriedades rurais de todo o País. Há uma sinergia muito grande de políticas públicas que visam dar maior sustentabilidade à economia brasileira, e, no setor agrícola, não é diferente. O Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado em 2010, colocou em posição de destaque as florestas plantadas. Isso se deve, fundamentalmente, a ciclo de carbono positivo ao longo de toda a
" ... é como se o plantio não tivesse por objetivo o corte, embora saibamos que quem planta o faz para colher e a isso tem direito "
Manoel Vicente Fernandes Bertone Secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura
Muitos são os entraves que dificultam o pleno desenvolvimento do segmento produtivo em suas diferentes vertentes (papel e celulose, toras industriais, painéis e madeira e energia), mas se faz necessário destacar o mais relevante. O complexo ambiente regulatório faz com que cheguemos ao extremo de que, em algumas regiões do País, o produtor tenha que obter três diferentes licenças ambientais, desde o plantio até o destino industrial. É necessário licenças ambientais para o plantio, corte e transporte, diferenciando florestas plantadas das demais culturas agrícolas, inclusive as perenes. É como se o plantio não tivesse por objetivo o corte, embora saibamos que quem planta o faz para colher e a isso tem direito. A insegurança jurídica nos leva a questionar a ética na formulação das políticas públicas, pois coloca em contraposição o claro objetivo de buscarmos um crescimento sustentável compatível com a preservação do meio ambiente, e é isso que as florestas nos proporcionam por diminuir a pressão sobre os biomas naturais, e com a exigência de ambientalistas para um excessivo controle do Estado sobre áreas que foram plantadas para serem colhidas.
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cadeia produtiva de cada um dos produtos florestais, inclusive do carvão vegetal na substituição de energia fóssil. Outro aspecto de grande importância é que essa é uma atividade que, como poucas, é capaz de recuperar áreas degradadas, aumentar a eficiência da agricultura brasileira, otimizando o uso de áreas antropizadas, gerando divisas ao País, além de gerar emprego e renda, no campo e na cidade. Por isso tudo entendemos como mais que oportuna a criação de um grupo de trabalho interministerial no governo federal, que tem por objetivo formular e propor a Política Nacional de Florestas Plantadas, abrangendo o uso da madeira como energético e como insumo industrial. Trata-se de um trabalho que vem sendo conduzido de forma impecável pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República com a participação de diversos ministérios e que se encontra em seu final e que, sem dúvida alguma, toca nos pontos mais relevantes do desenvolvimento sustentável das florestas plantadas brasileiras, exatamente no Ano Internacional das Florestas, declarado pelas Nações Unidas, que precede o Rio+20.
ministério da indústria e comércio
Opiniões
desafios e oportunidades " a indústria de base florestal no Brasil tem enorme potencial de crescimento, todavia alguns desafios precisam ser enfrentados para que o crescimento do setor não se resuma a expectativas " Tólio Edeo Ribeiro Coordenador-geral das Indústrias Intensivas em Recursos Naturais da Secretaria de Desenvolvimento da Produção do MDIC
As florestas plantadas brasileiras ocupam 7 milhões de hectares, destacando-se as florestas de eucalipto (68% do total) e de pinus (25%), que somam 6,5 milhões de hectares. Embora possa parecer muito, quando se analisa a área plantada, como proporção do tamanho do território nacional, o número fica pequeno, representando apenas 0,8% da área total do Brasil. A título de comparação, em Portugal, essa relação representa 8,7%; na Indonésia, 4,4%; na Índia, 9,9%; no Chile, 2,9%; e, nos Estados Unidos, 1,7%. Portanto os números brasileiros poderiam ser bem maiores, tendo em vista que o Brasil é o campeão mundial em produtividade florestal. Para melhor explorar esse potencial, o governo federal concluiu o trabalho Política Nacional de Florestas Plantadas, que traz uma série de diretrizes para a formulação de uma política pública direcionada ao setor. A meta é atingir cerca de 16 milhões hectares de base florestal no período de 10 anos. Para tanto, foram identificados os desafios e sugeridas as ações necessárias para o cumprimento desse objetivo. Para não perder de vista essa meta de longo prazo, no âmbito do Programa Plurianual para o período 2012-2015, ainda em elaboração pelo governo federal, o objetivo de ampliar a base florestal também está sendo contemplado. Até 2015, uma meta intermediária de médio prazo está sendo fixada para ampliar em 6 milhões de hectares a área de florestas plantadas. Iniciativas deverão ser vinculadas e alinhadas a tal objetivo, como, por exemplo, o fortalecimento das atividades produtivas de base florestal e o estímulo à certificação florestal. De acordo com o Inmetro, que coordena o Programa Brasileiro de Certificação Florestal - Cerflor, o Brasil tem 1,2 milhão de hectares de florestas certificadas pelo órgão. Outra questão importante é estimular os produtores rurais a incorporarem o plantio de florestas em suas áreas, além da lavoura e/ou da pecuária. Para tanto, torna-se necessária uma campanha institucional sobre as possibilidades de ganhos advindos da venda futura da madeira. Nesse sentido, o governo tem envidado esforços para elevar as linhas de financiamento para os interessados, e, em outra frente, estamos conversando com as empresas de base florestal para estimularem o fomento aos produtores rurais nas regiões em que se encontram instalados seus projetos industriais, como forma a socializar, ao menos em parte, a
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distribuição de riqueza na região de atuação. Muito embora com atraso, o Brasil deverá atingir posição mais destacada nos próximos anos no ranking dos produtores de florestas plantadas. A produtividade das florestas brasileiras está atraindo investidores nacionais e internacionais. O múltiplo uso da floresta permite o atendimento a diversos setores econômicos, como madeira para construção civil, serraria e movelaria; siderurgia a carvão vegetal; painéis de madeira; geração de energia; celulose e papel. Não por acaso, o Brasil tornou-se o quarto maior produtor mundial de celulose. Aliás, a indústria brasileira de celulose e papel prevê investimentos de US$ 20 bilhões para os próximos dez anos. Parcela significativa desses investimentos será destinada à ampliação da base florestal, que passará dos atuais 2,2 milhões de hectares de florestas plantadas para 3,2 milhões de hectares. No setor siderúrgico à base de carvão vegetal, serão necessários 2 milhões de hectares plantados nos próximos 10 dez anos para trazer o setor para sustentabilidade, tanto para evitar o avanço sobre biomas nativos – caatinga, cerrado, amazônia e pantanal – quanto para mitigar a emissão de gases de efeito estufa. No âmbito da Política Nacional de Mudanças Climáticas - PNMC, o setor siderúrgico tem compromisso de reduções das emissões de gases de efeito estufa, focado na substituição do carvão vegetal de origem nativa pelo de floresta plantada. No tocante a investidores internacionais, é preciso aprofundar – e rápido – a discussão a respeito da legislação que trata de aquisição de terras por estrangeiros (Lei nº 5.709/71). Faz-se necessária a sua atualização, de forma a conciliar ambos os interesses do governo, ou seja, tanto aquele relativo à soberania nacional (controle da aquisição por estrangeiros) quanto ao que se refere ao desenvolvimento do setor produtivo que permitirá a geração de emprego e renda no País. Há entraves, ainda, de ordem regulatória ambiental para o plantio de florestas, que precisam ser ajustados em articulação com os órgãos do Sisnama, principalmente no tocante à harmonização dos marcos legais estaduais para florestas plantadas. Enfim, a indústria de base florestal no Brasil tem enorme potencial de crescimento, pela disponibilidade de terras, recursos genéticos, fontes hídricas e insolação. Todavia alguns desafios precisam ser enfrentados para que o crescimento do setor não se resuma a expectativas.
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Opiniões
unindo esforços O governo do estado de Mato Grosso do Sul vem diversificando, nos últimos anos, sua base econômica, integrando o complexo carne e grãos, incentivando o polo canavieiro, expandindo a extração do minério de ferro e agregando valor a esse produto, trazendo mais oportunidades ao setor turístico e promovendo o setor de florestas plantadas, com ampliação e melhoria do emprego e distribuição de renda a sua população. Um fator de destaque é a formação de núcleos de produção e consumo da madeira, promovendo o desenvolvimento local e regional. O Mato Grosso do Sul criou, em passado recente, instrumentos de gestão das cadeias produtivas, sendo um deles a Câmara Setorial de Florestas Plantadas, que, em ação conjunta com o governo do estado, o Sebrae/MS e a Associação Sul-matogrossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore/ MS), elaboraram o Plano Estadual de Florestas, documento em que foram consolidadas as informações e evidenciado o potencial para utilização dos recursos naturais relacionados ao setor florestal. Esse plano – que prioriza investimentos numa área de aproximadamente 7 milhões de hectares, compreendida entre as BR-262 e 267 – contempla três eixos básicos de atuação, quais sejam: desenvolvimento tecnológico, fomento à produção e à industrialização, e o sistema de informação e acompanhamento relacionados aos avanços dessa atividade. Com o Plano Estadual de Florestas, é possível verificar as vantagens comparativas do estado nos aspectos de topografia, solos, clima, situação fundiária e preços de terras; incentivos fiscais instituídos por Lei Específica (MS Empreendedor) e financiamentos de longo prazo por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), fatos estes que colaboraram para que Mato Grosso do Sul assumisse posição de destaque no cenário nacional.
Soma-se a esse empreendimento um novo projeto de dimensões similares para produção de celulose na região leste do estado, polarizado por Três Lagoas. Outras empresas estão investindo em terras e na produção florestal, havendo negociações avançadas para implantação de novas indústrias nos segmentos mencionados. Essas ações se apoiam na excelência do ambiente institucional, promovendo o setor com o aumento de área plantada e implantação de indústrias de transformação da madeira, caminhando, assim, para viabilizar também um polo de madeira serrada, em condições de atrair indústrias de chapas, MDF e moveleira. O governo estadual celebrou um acordo de cooperação com a Embrapa Florestas para dar suporte às necessidades de novos materiais genéticos, mais produtivos e resistentes a pragas e doenças, para atender aos diversos segmentos da produção florestal, compreendendo a celulose, o papel, o carvão vegetal e a madeira serrada. Com aproximadamente 420 mil hectares de florestas plantadas, o Mato Grosso do Sul liderou em escala nacional o processo de expansão no setor em 2010. O número é expressivo. O estado aumentou 30% de sua área plantada em relação à do ano anterior. A grande disponibilidade de terras estrategicamente localizadas e os incentivos concedidos pelo governo foram fundamentais para o alcance desses resultados. O Mato Grosso do Sul, quando da elaboração do Plano Estadual de Florestas, em 2008, possuía uma área plantada de eucalipto de 265 mil hectares e de 18,8 mil hectares de pinus. Com perspectiva de suprir, de forma ecologicamente correta, os diversos segmentos das cadeias produtivas da celulose, papel, móveis, painéis, siderurgia e energia, a meta é atingir, em 2030, uma área plantada de 1 milhão de hectares de florestas.
" com perspectiva de suprir os diversos segmentos das cadeias produtivas da celulose, papel, móveis, painéis, siderurgia e energia, a meta do estado do MS é atingir, em 2030, uma área plantada de 1 milhão de hectares de florestas " Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias Secretária de Desenvolvimento Agrário, Indústria e Comércio do Estado do Mato Grosso do Sul
O estado vem melhorando e potencializando a logística existente, com atenção especial para o transporte e energia, facilitando a melhoria da competitividade e atraindo mais indústrias de transformação e implantando indústrias de papel e celulose e siderúrgicas. A entrada em operação da maior planta industrial em uma única linha de operação – gerando e transformando celulose em papel em uma mesma unidade industrial – materializa a confiança dos investidores no potencial e nas políticas públicas desenvolvidas pelo governo sul-matogrossense.
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Essas ações constituem as principais estratégias de implementação do Plano Estadual de Florestas para que Mato Grosso do Sul se consolide como novo polo de florestas plantadas no País. O governo de Mato Grosso do Sul continua empenhado em atrair novos investidores para o setor florestal, mantendo-se na expectativa de superar dificuldades, inclusive de ordem legal – compreendendo a aquisição de terras por estrangeiros e outras situações – , potencializando, assim, os recursos dos Fundos de Investimento no Estado, na consolidação do desenvolvimento local.
entidades
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novas fronteiras:
a visão da Abraf
As florestas plantadas de eucalipto e pinus, após um período de crescimento reduzido devido à crise financeira mundial de 2008/2009, iniciam um novo ciclo virtuoso de expansão, que prevê, para os próximos 10 anos, uma adição de novas áreas de plantio à média de 500 mil hectares/ano (aproximadamente 8% sobre o total de 6,5 milhões de ha em 2010), superando os registros de 2005 a 2009, que indicam uma taxa histórica de crescimento de 3,5% ao ano. Essa projeção de crescimento acelerado de novas áreas plantadas decorre da crescente demanda da produção de celulose e papel, de painéis de madeira industrializada e de produtos siderúrgicos que utilizam o carvão vegetal originário de florestas plantadas. Por outro lado, os altos valores de Incremento Médio Anual (IMA) do eucalipto, em relação aos valores de IMA para o pinus, têm ocasionado a prevalência dos investimentos no primeiro gênero em detrimento do segundo, observando-se até mesmo redução na área de plantio existente para o pinus a cada ano. Para atender a essa crescente demanda de expansão do plantio em novas áreas, vários recursos têm sido usados pelas principais empresas do setor, de modo a ampliar as fronteiras das florestas plantadas no País. Uma linha de atuação tem sido a pesquisa e o desenvolvimento de mudas de eucalipto tolerantes às baixas temperaturas, de modo a permitir seu cultivo nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com longa tradição no plantio de florestas de pinus. Por outro lado, a escassez de terras disponíveis para florestas plantadas nos estados das regiões Sul e Sudeste e o seu custo elevado em relação ao restante do País têm motivado a migração de novos plantios para os estados do Centro-Oeste e Nordeste. Atento a essa tendência, o estado do Mato Grosso do Sul tem procurado incentivar novos plantios de florestas e a instalação de indústrias integradas no estado, mediante racionalização dos procedimentos de licenciamento ambiental, redução de encargos e promoção de programas direcionados a essas atividades. Da mesma forma, mais recentemente, o estado do Tocantins tem buscado atrair investidores em florestas plantadas e, da mesma forma, promove programas de incentivo e estímulo aos plantios em seu território. E, de modo pioneiro, os estados do Maranhão e do Piauí recebem novos investimentos em florestas, que integram o plantio de eucalipto com as indústrias de transformação da madeira.
" ao criar restrições à aquisição de terras por empresas brasileiras de capital estrangeiro, ocasionou a suspensão ou a paralisação de investimentos da ordem de R$ 37 bilhões "
Cesar Augusto dos Reis Diretor Executivo da ABRAF
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Semelhantemente, o estado de Pernambuco, que dispõe de grandes jazidas de gipsita, a partir da qual se fabrica o gesso industrial, tem buscado incentivar o plantio de eucalipto destinado à secagem industrial do produto, tornando-se também um estado a atrair investimentos em florestas plantadas. Essa ampliação de fronteiras das florestas plantadas em direção ao Centro-Oeste e ao Nordeste, com condições de solo e clima diferentes das regiões do Sul-Sudeste, tem levado à pesquisa e ao desenvolvimento de espécies tolerantes ao déficit hídrico e diferentes tipos de solo, ampliando, assim, também as fronteiras do desenvolvimento tecnológico de florestas plantadas, com destaque para os recursos da biotecnologia. Todavia novos desafios também surgem diante dessa expansão das florestas plantadas para novas regiões, como as questões fundiárias, a necessidade de agilização e simplificação dos procedimentos de licenciamento ambiental nos estados (que demandam anos na tramitação e concessão do licenciamento em alguns estados), a necessidade de revisão do Código Florestal, etc. Finalmente, é importante destacar o grande obstáculo criado pelo Executivo, na forma do Parecer CGU/AGU no. 1/2008, publicado em agosto de 2010, que, ao criar restrições à aquisição de terras por empresas brasileiras de capital estrangeiro, ocasionou a suspensão ou a paralisação de investimentos da ordem de R$ 37 bilhões, atingindo todas as empresas nessa condição, incluindo os fundos de investimentos florestais, que, para acompanhar a expansão das novas fronteiras de florestas plantadas, vinham também implantando florestas nos estados que se tornaram atraentes a essa atividade. Portanto, ao discorrermos sobre as novas fronteiras das florestas plantadas no País, é importante que ressaltemos a existência de grandes desafios como os já citados, que deverão certamente ser respondidos, não somente pela iniciativa privada, mas também pelo Governo, em especial aqueles cuja competência é da alçada do Executivo e do Legislativo, de modo a que o Brasil aproveite as oportunidades históricas do crescimento do setor, incorporando essa expansão à retomada do desenvolvimento do País, na forma de investimentos, geração de empregos, recolhimento de tributos e desenvolvimento social.
Como podemos preservar a ?
biodiversidade
Cultivando menos
Cultivando de forma mais produtiva
Cultivar menos não é uma opção. A população mundial contará com mais 2 bilhões de pessoas até 2050. Será que podemos produzir alimentos na quantidade necessária sem expandir o cultivo para novas áreas e sem destruir a biodiversidade? Na Syngenta, acreditamos que a resposta é sim. Desenvolvemos novas sementes de alta produtividade e melhores formas de proteger os cultivos contra insetos, ervas daninhas e doenças. Assim, os agricultores podem obter mais das terras já em uso, e preservar os ecossistemas. Na verdade, nós estamos indo além com programas que ajudam os produtores a garantir que plantas, insetos e pássaros possam conviver com as plantações. Essa é apenas uma maneira de ajudarmos a enfrentar o desafio do futuro: produzir mais alimentos com menos recursos. Para mais informações, acesse www.growmorefromless.com © 2011 Syngenta International AG, Basileia, Suíça. Todos os direitos reservados. A identidade gráfica da SYNGENTA e BRINGING PLANT POTENTIAL TO LIFE são marcas comerciais registradas do Grupo Syngenta. www.syngenta.com
entidades
Opiniões
Tocantins: a nova fronteira A silvicultura vem se destacando como uma das chaves para o desenvolvimento econômico do Brasil. As florestas plantadas são essenciais para a economia. De forma sustentável, o Brasil pode alcançar o nível de outros países que encontraram, no setor, o equilíbrio entre o crescimento econômico e o extrativismo de árvores com diversas finalidades. Ressaltando que a prática deve ser embasada em estudos e pesquisas de instituições que corroboram a qualificação dessa tendência mundial. A divulgação de informações qualificadas são fundamentais para que a sociedade conheça a importância das florestas plantadas e os benefícios que elas podem gerar. Através da geração de bens e serviços à sociedade, oferecem importantes contribuições nos aspectos econômico, social e ambiental. Os benefícios econômicos para o desenvolvimento industrial são confirmados pela participação nos mercados global e nacional com produtos florestais, geração de divisas, bem como na arrecadação de tributos. Por meio dessas florestas, adquirem-se matérias-primas importantes, como madeira serrada para a construção civil, papel e celulose, madeira laminada para a indústria moveleira, respondendo, assim, às necessidades econômicas sem desmatamento das florestas nativas. As atividades da cadeia produtiva do setor promovem também a geração de empregos e renda na área rural e, ao fixarem as populações no campo, auxiliam na redução do êxodo rural. As florestas plantadas se destacam como um dos principais recursos atuais no combate às causas das mudanças do clima, devido à sua alta capacidade de fixar o carbono atmosférico. São utilizadas para reabilitar ou proteger áreas degradadas afetadas pela erosão ou por atividades antrópicas, como a pecuária extensiva e a mineração, além da agregação de benefícios econômicos diversos.
das exportações do País, gerando 4 milhões de empregos. O Brasil, apresentando a sétima maior área de florestas plantadas, vem, nos últimos anos, revelando um crescimento contínuo no setor – 6,8 milhões de hectares de áreas cultivadas –, representando 0,8% do solo brasileiro. O crescimento foi puxado pelos significativos plantios de eucalipto – 4,9% ao ano. A expansão da área plantada com eucalipto é resultado, entre outros aspectos, do rápido crescimento em ciclo de curta rotação, da alta produtividade florestal e da expansão e do direcionamento de novos investimentos. O estado do Tocantins apresenta vários fatores favoráveis às florestas plantadas, como as condições climáticas e a disponibilidade de áreas para o plantio. O estado possui também características propícias para os plantios de eucalipto, teca e seringueira, principais espécies silvícolas cultivadas no Tocantins. Com significativo crescimento em área cultivada nos últimos anos, o Tocantins surge como uma nova fronteira de florestas plantadas no Brasil. Se, em 2006, a área plantada não alcançava 17 mil hectares, em 2010, dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Agrário –, apontam 58.021 hectares de área cultivada. O reflorestamento avança no Tocantins com aumento de 420%. Despontou nos últimos anos, principalmente no plantio de eucalipto nas regiões norte, central e sudeste do Tocantins, demonstrando que o estado oferece muitas condições favoráveis para o crescimento do setor. Apresentando a segunda maior bacia hidrográfica, com os rios Tocantins e Araguaia, o estado apresenta, ainda, topografia, solo e precipitação adequados para o plantio de eucalipto, pinus e outras espécies. O Tocantins tem 5 milhões de hectares de terras degradadas, excelente topografia, sendo 82% predominantemente de superfície plana ou suavemente ondulada, o que fa-
" o Tocantins tem 5 milhões de hectares de terras degradadas, excelente topografia, sendo 82% de superfície plana ou suavemente ondulada, o que facilita a mecanização das operações culturais " Irajá Abreu Vice-presidente da Aretins e Deputado Federal pelo Estado do Tocantins
Os benefícios ambientais compreendem, ainda, a melhoria da fertilidade do solo, a reciclagem de nutrientes e a proteção de bacias hidrográficas e da biodiversidade. Os índices econômicos apontam que o setor florestal no Brasil representa US$ 44,6 bilhões do PIB e US$ 5,6 bilhões
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cilita a mecanização das operações culturais. Os 7 mil km de rodovias pavimentadas facilitam o acesso às regiões de plantios. A unificação de licenciamento ambiental, para o plantio em áreas degradadas ou subutilizadas e consolidadas, é outro fator favorável nessa nova fronteira que desponta para o Brasil.
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visão industrial
Opiniões
os impactos sociais e econômicos regionais
de um projeto florestal
No final da década passada, a eucaliptocultura brasileira entrou em uma nova fase, com o início dos plantios nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins. Essa talvez seja a última fronteira de um ciclo que teve início nas décadas de 60 e 70, com a concentração das florestas plantadas no Sul e no Sudeste, feitas em plantios seminais. Nas décadas de 80 e 90, já com plantios clonais, foi a vez do norte do Espírito Santo e do sul da Bahia e, mais recentemente, por volta de 2000, do extremo sul do País e do Mato Grosso do Sul. Essa última etapa coincide com um momento de consolidação do tema da sustentabilidade nas empresas, entendida aqui como uma preocupação que vai além dos resultados econômicos do negócio, abrangendo também aspectos ambientais e sociais de nossas atividades. Foi na década passada que esse assunto passou a fazer parte de forma mais concreta do planejamento estratégico das empresas, e, é nesse contexto, que planejamos nossa entrada nessa nova fronteira florestal. Da mesma forma que usamos nosso conhecimento acumulado em anos de pesquisa para viabilizar os plantios no semiárido, também utilizamos nossa experiência adquirida em outros sites para lidar com os dilemas socioambientais que se colocam nos novos estados. Maranhão, Tocantins e Piauí são ricos em biodiversidade, tradições e culturas, mas, ao mesmo tempo, apresentam indicadores socioeconômicos abaixo da média nacional. Em 2009, um diagnóstico que realizamos mostrou que o IDH-Renda (Índice de Desenvolvimento Humano) dos municípios com potencial para receber nosso projeto no Maranhão era de 0,63, contra 0,76 da média nacional. No Piauí, era de 0,68, igualmente baixo. Além disso, o estudo apontou déficits educacionais e no acesso às instalações sanitárias, entre outros. Mais do que desafios, enxergamos nesses números uma oportunidade de, com o nosso projeto florestal, contribuir para o desenvolvimento. Pensando nisso, construímos um Plano Diretor de Sustentabilidade, no qual, além das questões ambiental, social e econômica, incluímos os aspectos inovação, governança e comunicação. Com base nessas seis dimensões, estabelecemos norteadores, que direcionam nossa atuação. Também levamos para o Maranhão, Piauí e Tocantins nossa Matriz de Desempenho Social, que reúne um conjunto de ferramentas para diagnóstico e relacionamento com os vizinhos às nossas florestas, que chamamos de comunidades de convivência e não mais como comunidade do entorno.
Entre as ações vinculadas, destaca-se o Inventário Social, realizado para prevenir potenciais impactos, identificar ativos sociais das comunidades e manter um diálogo ativo com elas. Fruto desses diagnósticos, o Projeto Agricultura Comunitária, no Piauí, formou cinco campos de produção agrícola comunitária, onde são cultivados, de forma consorciada, arroz, milho, feijão e mandioca. Paralelamente, foram realizadas oficinas sobre cultivo e seleção de sementes com 190 famílias. Na região de Imperatriz-MA, cedemos hectares para a aplicação do projeto, que beneficiará 113 famílias. Ainda no Maranhão, o Projeto Extrativismo Sustentável prevê apoio a ações do Instituto Chico Mendes, como a construção e reforma de duas unidades de produção da cadeia do coco babaçu. O Extrativismo Sustentável também acontece no Piauí, com foco na cadeia do pequi. Além dos investimentos sociais, temos consciência de que a geração de empregos entre as pessoas da região é fundamental para que a nossa chegada traga ainda mais benefícios. Nesse contexto, em conjunto com outras organizações, desenvolvemos um programa de formação para construção civil, manutenção mecânica, elétrica e instrumentação e produção de celulose. Ele visa não só atender à demanda da Suzano, como também de outras empresas da região. Serão qualificadas 3.000 pessoas em construção civil, 250 em técnico de celulose e outras 150 na área de manutenção. O público-alvo são pessoas residentes na região. Esses são somente alguns exemplos das práticas que adotamos em nossa expansão. Elas mostram os benefícios que os plantios florestais podem agregar a essas novas fronteiras, principalmente se forem executados com planejamento e ouvindo os atores envolvidos. Essa tem sido a tônica das ações da Suzano, alinhadas à nossa visão, que é “estar entre as maiores e mais rentáveis empresas de base florestal do mundo e ser reconhecida pelas práticas de respeito às pessoas e ao meio ambiente”. Entramos em uma nova fase da indústria de base florestal, em que os aprendizados do passado nos fazem atuar como um setor de vanguarda em sustentabilidade. Nossos desafios são imensos. Nos tecnológicos, aprendemos a inovar a cada instante. Mas o principal desafio, ou oportunidade, está em executar as ações do dia a dia em completo alinhamento com as comunidades de “convivência”, ou seja, aprendendo juntos.
" essa tem sido a tônica das ações da Suzano, alinhadas à nossa visão, que é 'estar entre as maiores e mais rentáveis empresas de base florestal do mundo e ser reconhecida pelas práticas de respeito às pessoas e ao meio ambiente' " João Comério
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Diretor Executivo da Unidade de Negócio Florestal, Relações Institucionais e Sustentabilidade da Suzano Papel e Celulose
visão industrial
Opiniões
a indústria e as novas fronteiras A madeira que alimenta a indústria brasileira de celulose, de painéis de madeira industrializada e a siderurgia a carvão vegetal é fornecida pelas florestas plantadas de eucalipto e pinus, devidamente licenciadas e, em sua grande maioria, certificadas pelos critérios do FSC e/ou do Cerflor. Importante ressaltar que o eucalipto é a matéria-prima para a fabricação da celulose de fibra curta, que, pela sua qualidade, tem ampla aceitação nos mercados internacionais. O Brasil é o principal fornecedor, mercê da alta produtividade alcançada pelas variedades de eucalipto desenvolvidas no País, aprimoradas via seleção genética, tecnologia e clima favorável. O setor de celulose e papel traz benefícios importantes na questão das mudanças climáticas, pela utilização ecoeficiente de seu principal insumo – a madeira –, por ser ambientalmente correta, renovável, reciclável, que protege o solo e as nascentes, sequestra carbono e ameniza o clima. A siderurgia a carvão vegetal produzido a partir do eucalipto evita a emissão de gases de efeito estufa produzidos pelo carvão mineral, acumula as vantagens da absorção do dióxido de carbono da atmosfera pelas florestas em crescimento, capitalizando, assim, os créditos por seu reconhecido desempenho como sumidouro de carbono. É notável como o crescente uso da madeira de florestas plantadas como fonte de energia limpa, a seu turno, tem incentivado a expansão de florestas de eucalipto, como recurso para redução de emissões pela substituição de combustíveis fósseis e pela absorção de dióxido de carbono obtida pelas florestas em crescimento. A expansão dessas atividades industriais e desses novos mercados, em atendimento ao crescimento da demanda interna e externa, acarreta a necessidade de ampliação do fornecimento de madeira renovável no País, conduzindo à abertura de novas fronteiras para as florestas plantadas no Brasil. O Centro-Oeste e o Nordeste do País vêm se tornando as novas fronteiras das florestas plantadas, com destaque para plantios no Mato Grosso do Sul, Tocantins e também no Maranhão e Piauí, com a consequente iniciativa dos governos desses estados de estimular essa atividade. Novos desafios surgem dessa expansão de fronteiras agrícolas, como a necessidade de desenvolvimento de mudas, em especial do eucalipto, adequadas para as condições edafoclimáticas dessas regiões, com regimes de chuvas diferentes do Sul e do Sudeste e com solos de propriedades bastante distintas dos típicos noSul/Sudeste.
" outra fronteira tecnológica a ser vencida é a da produção de combustíveis renováveis, nos quais o Brasil já tem uma liderança com o etanol, mas pode avançar muito mais com maior utilização da biomassa em sua matriz energética "
Carlos Augusto Lira Aguiar Presidente da Fibria
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Portanto devemos também considerar que novas fronteiras tecnológicas se apresentam à pesquisa e ao desenvolvimento de mudas que mantenham e até ampliem os valores do Incremento Médio Anual - IMA, item no qual o País é destaque mundial e que lhe confere a competitividade em produtos destinados aos mercados internacionais. Nessa perspectiva, está a necessidade de desenvolvimento de espécies não somente tolerantes a condições adversas de clima e solo, mas também a pragas e doenças e, em especial, que favoreça e amplie a produção de celulose, a redução do uso de produtos químicos com base na produção ecoeficiente. Dentre os desafios dessas novas fronteiras, devemos destacar também aqueles que afetam diretamente os custos e a viabilidade das atividades industriais, como a falta de infraestrutura de transporte (por rodovias, ferrovias ou hidrovias) da madeira até as fábricas e dos produtos finais da fábrica até os centros de distribuição e consumo e até os portos, marítimos e fluviais. Outro desafio é a formação de mão de obra especializada, seja na floresta – no desenvolvimento de viveiros de mudas, no plantio, no cultivo, na colheita e no transporte da madeira –, seja na indústria, em suas diversas etapas de produção. A mecanização, a automação e as novas tecnologias são necessárias para atender à escassez de mão de obra especializada. E, sobretudo, os desafios da existência de problemas fundiários tradicionais em algumas regiões, trazendo a insegurança jurídica aos investimentos. Outra fronteira tecnológica a ser vencida é a da produção de combustíveis renováveis, nos quais o Brasil já tem uma liderança com o etanol, mas pode avançar muito mais com maior utilização da biomassa em sua matriz energética. Num momento em que o Executivo se empenha em lançar programas de combate à pobreza, é esse o cenário que as novas fronteiras das florestas plantadas apresentam ao Brasil do século XXI: ciência e tecnologia, mão de obra especializada e infraestrutura atualizada são fatores que trarão o desenvolvimento dessa indústria de base florestal, retendo gente no campo, combatendo a pobreza nas novas fronteiras e desenvolvendo o País. A aliança entre o setor privado e os poderes constituídos certamente é o caminho a ser trilhado, conduzindo ao sucesso dos empreendimentos do setor e apropriando para a economia nacional os benefícios de aumento do PIB e do desenvolvimento social, recursos reconhecidamente eficazes para a erradicação da miséria.
visão industrial
Opiniões
a nova fronteira pode ser Em 2005, estudamos alternativas de expansão dos nossos plantios de florestas renováveis de eucalipto, para atender ao crescimento de nossa demanda interna. Como conclusão, decidimos implantar um Programa de Parceria Florestal na Região de Juiz de Fora-MG, motivados por ser um polo de entrega de nosso produto, biorredutor (carvão vegetal) produzido com madeira de floresta renovável de eucalipto, e não dispormos de nenhuma atividade florestal na região. Local privilegiado, servido de boa infraestrutura, população com índice elevado de cultura e informação. Na região, há quatro universidades federais, incluída universidade para formação e influência na área agrária. Estabelecemos nosso programa considerando todas as nuances relativas à sustentabilidade, realizamos estudos na região da Zona da Mata e Vertentes, bem como dezenas de reuniões com formadores de opinião, líderes de todas as áreas da sociedade, empresários, políticos, religiosos, acadêmicos, ruralistas, ONG’s, dentre outros, visando mostrar o programa, debatê-lo e aperfeiçoá-lo dentro das demandas, realidades e expectativas regionais. Estratégias foram elaboradas para obter aprovação de venda de crédito de carbono, via Tratado de Kyoto, visando ao aumento de receita dos fazendeiros parceiros.
aqui
legal não dispondo de qualquer elemento arbóreo. Até aí tudo passível de adequação. O suporte necessário foi dado pela empresa para a legalização requerida. Criamos uma estrutura para questões fundiárias, desenvolvemos um setor de geografia, pois a topografia não mais atendia às necessidades, e conseguimos evoluir. Mas a dificuldade preponderante veio da resistência à eucaliptocultura. Constatamos que nem todos conheciam os verdadeiros impactos do eucalipto, ficando claro que todos nós devemos agir com entusiasmo, com vistas a possibilitar informações qualificadas sobre silvicultura com eucalipto. Nossa sociedade necessita conhecer que, além de sermos ambientalmente corretos e socialmente justos, estamos agregando uma cultura agrícola com ganhos representativos para todos – mantendo a cultura existente na propriedade e incluindo a cultura de árvores. O primeiro grande impacto está na retroalimentação do lençol freático e na redução drástica da erosão laminar do solo. Nossa sociedade precisa saber que a geração de emprego e renda é amplamente superior ao manejo anteriormente praticado. Dentro do princípio da sustentabilidade, buscamos o desenvolvimento local de prestadores de serviços. Na prática, executamos desde a seleção dos potenciais fornecedores
" Nossa sociedade precisa saber que a geração de emprego e renda é amplamente superior ao manejo anteriormente praticado. Dentro do princípio da sustentabilidade, buscamos o desenvolvimento local de prestadores de serviços. Na prática, executamos desde a seleção dos potenciais fornecedores até a constituição da empresa. "
Élio Nunes Gerente Corporativo Operacional da ArcelorMittal BioFlorestas
Participamos ativamente na construção da primeira cooperativa para venda de crédito de carbono do mundo. Entendemos que nos preparamos bem para a abertura dessa fronteira. Tudo ocorreu como planejado. Fomos para a implantação. A primeira constatação foi que os potenciais parceiros que – acreditávamos – deveriam aceitar bem o programa, incorporando os conhecimentos à sua cultura, não apareceram. Mas, como bons mineiros, ficaram, em sua maioria, observando quem se habilitava a efetivar a parceria e “assuntar” a efetiva viabilidade do projeto. O Programa de Parceria Florestal está localizado em uma região de aproximadamente 2.500.000 ha, onde estamos implantando 24.000 ha, 1% da área de atuação. Fizemos um levantamento da matriz fundiária da região e detectamos onde priorizar ações de pareceria. Essas deveriam ser propriedades maiores que 100 ha. Encontramos inúmeras propriedades sem documentação competente, escrituras com registro de áreas que não condiziam com a veracidade, documentação ambiental inexistente, às vezes áreas destinadas à reserva
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até a constituição da empresa, com vistas ao atendimento aos requisitos fundamentais – gestão, capacitação técnica e administrativa. Ressalta-se que, para uma região onde a cultura do eucalipto não existia, conseguimos relativo sucesso de seis empresas orientadas para o projeto. Cinco estão atuando, sendo que uma delas já presta serviços para outras empresas do setor Brasil afora. Outra grande dificuldade está na obtenção de crédito, apesar de disponibilizarmos contratos nos quais nossa empresa versa como avalista: nosso sistema financeiro não acompanhou a velocidade dos projetos implicando aporte de recursos maiores que o previsto por nossa organização. Bem, passados quase seis anos, o programa está caminhando com sucesso. Quase 20.000 ha estão sendo concluídos até o final deste ano, e muitos novos defensores da classe estão em plena formação. A partir de 2012, iniciaremos a compra da madeira em pé de nossos parceiros e o processo de produção de biorredutor, consolidando mais essa nova fronteira.
novos empreendedores
Opiniões
novas fronteiras, empreendedores e negócios Neste artigo, analiso o movimento do setor florestal em direção ao oeste brasileiro, considerando suas principais características: uso intensivo de recursos, tecnologia e tempo; alto grau de integração floresta-indústria, concentrando a oferta e a demanda; necessidade de forte e constante alinhamento entre a oferta e a demanda de madeira; intensas relações socioambientais; e limitado grau de resposta às possíveis variações da oferta e da demanda. As empresas iniciaram esse movimento cientes da complexidade do processo. Entretanto, não tinham percepção do do seu intenso dinamismo. A exaustão de áreas apropriadas para florestas ao longo da costa brasileira, devido, principalmente, ao alto preço da terra e ao complexo contexto socioambiental, não deixou outra alternativa a não ser buscar novas fronteiras, assumindo, assim, os grandes desafios inerentes ao pioneirismo: adquirir grandes áreas de terras, obter licenciamento socioambiental, prover infraestrutura, assumir os custos adicionais de logística, desenvolver tecnologias florestais, entre outros. Nesse contexto, destacam-se os projetos da Fíbria no MS e RS, da Stora Enso no RS, da Suzano no MA e PI e, mais recentemente da Eldorado no MS. A esses projetos, deve-se destacar o pioneirismo da Vale, com o projeto Florestar na região de Carajás (PA e MA), bem como da própria Suzano. O que nos surpreendeu, pela velocidade, foi o movimento dos fundos de investimentos, representado pelas TIMOs (Timber Investment Management Organization – Organizações gestoras de investimento florestais). Além da aquisição de ativos florestais em mercados desenvolvidos, investiram fortemente em plantações florestais em mercados emergentes, com maior grau de risco associado no RS, MG, MS, MT, TO, BA e PI. Destaca-se também que os pequenos investidores e os fomentados poderão ter um papel relevante nas regiões pioneiras, como fornecedores de madeira para a indústria e agentes reguladores da estabilidade socioeconômica, desde que duas condicionantes sejam viabilizadas: arranjos produtivos mais amplos (diversidade de indústrias) e mercados de madeira menos concentrados (mais próximo de uma economia de mercado). Do contrário, os mesmos problemas verificados em regiões que se caracterizam por um alto grau de concorrência imperfeita irão se repetir, principalmente os conflitos sociais. Com relação à diversificação, a atração das indústrias de serrado, compensado, painéis reconstituídos, energia e movelaria para as novas fronteiras é fundamental e deve ser fomentada pela indústria de celulose. Caso todos os projetos industriais anunciados para os próximos 10 anos se tornem realidade, haverá a necessidade de uma área plantada adicional da ordem de 2,1 milhões
" destaca-se que os pequenos investidores e os fomentados poderão ter um papel relevante nas regiões pioneiras, desde que duas condicionantes sejam viabilizadas: arranjos produtivos mais amplos e mercados menos concentrados " Jefferson Bueno Mendes
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Diretor da Pöyry Silviconsult Engenharia
de hectares, elevando os atuais 6,5 milhões para 8,6 milhões de hectares, representando um crescimento de 2,8% ao ano. Quase 95% dessas novas florestas serão de eucaplipto. Atrasos e cancelamentos de projetos poderão ocorrer. Projetos independentes poderão sofrer significativos impactos no caso de algumas das regiões-alvo não se consolidarem como arranjos produtivos competitivos, pois tal viabilização exige a necessidade de grandes áreas plantadas. A tendência da economia na Europa e nos EUA traz também preocupações, pois somos um setor fortemente exportador. Além disso, ressalta-se que não dispomos de canais e políticas governamentais à altura de nossa importância para a economia nacional. A atual indefinição quanto à regulação da lei que prevê limites para a aquisição de terras por estrangeiros é um exemplo claro desse contexto. Adicionalmente, a economia brasileira (taxa cambial, inflação e força de trabalho), nossas limitações de infraestrutura e de logística vêm impactando os custos de investimento e de produção. Em decorrência, a competitividade internacional do setor vem diminuindo, abrindo espaço para competidores industriais no médio prazo, principalmente da América Latina e da África. A boa notícia é que o setor vem reagindo de forma incisiva a esses riscos, investindo em tecnologia, aumentando a escala de produção, integrando os aspectos socioambientais ao seu modelo de gestão e buscando maior representatividade política. Em decorrência das novas fronteiras silviculturais e da demanda mundial por energia e produtos renováveis, o setor florestal brasileiro identificou dois novos mercados: o de bionergia e o de biorrefinarias. Destaca-se a iniciativa pioneira da Suzano Energia Renovável em construir três unidades de produção de pellets, com capacidade para três milhões de toneladas/ano, a princípio para atender ao mercado europeu. Investidores internacionais têm procurado por suprimento de madeira de longo prazo para viabilizar novos projetos industriais que se enquadrem no conceito de biorrefinaria (obtenção de multiprodutos resultantes do processamento da madeira). Internamente, temos os setores agrícola e de energia como clientes potenciais. A procura por “madeira plantada” para a geração de energia pela agroindústria vem crescendo de forma exponencial, e o governo brasileiro vem definindo políticas que priorizam a geração de energia renovável. Considero o evento das novas fronteiras um marco tão importante quanto foi a política dos incentivos fiscais. Apesar de somente podermos medir os impactos resultantes no médio e longo prazo, tenho certeza de que a “interiorização” do setor florestal trará benefícios significativos para a sociedade e para a economia brasileira.
otimos
investimentos nas novas fronteiras
o passo a passo
Opiniões
de investimentos florestais Quando se fala em investimentos florestais, o conceito de “novas fronteiras” possui diferentes significados, de acordo com o perfil do investidor. Não é difícil encontrar investidores que entendam como “novas fronteiras” qualquer projeto florestal que não esteja localizado nas regiões mais tradicionais dos estados da região Sul do Brasil. Interpretações individuais à parte, uma forma mais objetiva de se caracterizar as novas fronteiras é a simples observação da evolução regional da área plantada. Uma rica fonte de informações é o Anuário Estatístico da ABRAF, que, em sua edição de 2011, apresentou o panorama caracterizado pelo desbravamento das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O elevado nível dos preços de terra nos mercados consolidados é a principal motivação para a migração para novas fronteiras. Outros fatores que estimulam projetos em novas fronteiras incluem o desenvolvimento da infraestrutura e logística regional, a abundância de áreas adequadas à silvicultura, estímulos governamentais como linhas de crédito e regulamentações estaduais voltadas ao setor. Por sua vez, o desenvolvimento de uma nova fronteira florestal geralmente contribui positivamente para as economias regionais. Diferentemente das atividades agropecuárias, a silvicultura de florestas plantadas é uma atividade intensiva em mão de obra e com reduzida oscilação sazonal.
Os viveiros florestais oferecem excelentes oportunidades de emprego que valorizam a força de trabalho feminina, reconhecida pelo seu maior nível de cuidado e atenção. E, de maneira geral, os projetos estruturados, com certificação florestal, trazem ao campo condições dignas de trabalho e respeito ao meio ambiente. Com relação aos riscos associados a um projeto florestal em nova fronteira, entendemos que o mais relevante é o risco de mercado. Em outras palavras, o risco de, no momento de iniciar a colheita das árvores, não existir demanda que remunere adequadamente a madeira a ser comercializada. Uma máxima usualmente assumida nos projetos de novas fronteiras é a de que "se desenvolvendo uma base florestal de escala e qualidade, as indústrias serão atraídas, e uma demanda local será criada". Apesar de tal lógica representar um caminho possível, sua efetiva concretização depende de inúmeros fatores que estão fora do controle do empreendedor florestal. Adicionalmente, o longo prazo de maturação da floresta dificulta o exercício de projetar o contexto de mercado de uma nova fronteira no momento do início da colheita. Cabe lembrar que o setor florestal brasileiro, no período pós-incentivos fiscais do extinto FISET, testemunhou as duras consequências de plantios em novas fronteiras, que não foram acompanhados de desenvolvimentos industriais. Por outro lado, se um projeto de investimento florestal já nasce associado a um projeto industrial que assegurará a demanda, esse risco é reduzido ou eliminado.
" uma máxima usualmente assumida nos projetos de novas fronteiras é a de que 'se desenvolvendo uma base florestal de escala e qualidade, as indústrias serão atraídas, e uma demanda local será criada' " Fernando Abucham e Marcelo Sales Sócios responsáveis da área de investimentos florestais da Claritas Investimentos
Outros riscos que afetam os investimentos em novas fronteiras são: • Titulação: precariedade da documentação e insegurança jurídica com relação a titulações muitas vezes maculadas por diferentes vícios; • Tecnologia florestal: a falta de experiências em escala comercial dificulta em muito a vida do engenheiro florestal, em temas centrais de sua atividade, como a escolha dos materiais genéticos adequados, regras de espaçamento, regimes de nutrição,
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ÁREA PLANTADA DE EUCALIPTO E PINUS EM MILHARES DE HECTARES
período de plantio, entre outras, que têm um impacto direto sobre a produtividade florestal (IMA); • Questões fundiárias: demarcação de territórios indígenas e quilombolas, bem como a relação com grupos sociais diversos, tais como populações ribeirinhas, quebradeiras de coco e movimentos sem-terra em geral; • Questões ambientais: nas novas fronteiras, a exploração da terra se encontra pouco consolidada, e programas de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEEs) podem introduzir restrições ao uso do solo com potencial impacto sobre a atividade florestal; e • Custos silviculturais: maiores distâncias dos centros produtores de insumos, a logística mais precária e a falta de mão de obra qualificada são fatores que dificultam a previsibilidade dos custos silviculturais. Considerando o exposto, não é de se surpreender que os investidores florestais que se aventuram em projetos greenfield nas novas fronteiras buscam retornos bastante superiores ao que seria possível obter em investimentos de menor risco, como seria o caso de uma aquisição de floresta madura no Sul ou Sudeste. E também não é difícil de acreditar que boa parte dos gestores florestais, especialmente os estrangeiros que ainda não consolidaram uma presença no Brasil, não tenham sequer o mandato para prospectar novas fronteiras.
especial - expoforest 2011
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especial - expoforest 2011
expoforest: um caso de sucesso Juliane Ferreira
A Expoforest 2011, realizada em Mogi Guaçu-SP, superou todas as expectativas. Com 8.753 visitantes de todas as partes do Brasil e do mundo, a primeira feira florestal dinâmica da América Latina, surpreendeu pelo volume de negócios gerados durante os três dias: mais de R$ 100 milhões. Empresas como John Deere, Caterpillar, Ponsse, Komatsu Forest, Noma, Stihl e Scania comercializaram equipamentos e máquinas, alguns desses, lançamentos para o mercado nacional. Os 127 expositores apresentaram quase 160 marcas. O evento contou com visitantes de 743 cidades dos 26 estados brasileiros e de 26 países, entre eles Argentina, Chile, Uruguai, Canadá, Alemanha, Suécia, Inglaterra e África do Sul. A John Deere levou 10 lançamentos, com destaque para a cabine giratória e nivelante e para o cabeçote de descascamento. “Fomos com o que há de melhor no mercado. O Brasil não é simplesmente um mercado em potencial, é o mercado com maior potencial no âmbito global”, diz Roberto Marques, gerente de vendas e marketing. A Noma, empresa paranaense de implementos rodoviários, também conseguiu fazer negócios durante a feira e novos contatos. “Estamos planejando ampliar nossa área de exposição na próxima Expoforest. Uma feira desse porte reúne quem realmente tem interesse no setor”, conta o diretor comercial, Kimio Mori. Já o segmento de transporte também comemorou os bons negócios. Somente a Scania comercializou 49 caminhões, somando R$ 15 milhões. Cinquenta clientes da Argentina, Chile e Uruguai foram convidados para participar da feira em uma ação para consolidar a parceria com a Ponsse. “Muitas empresas usam como slogan a proximidade com o cliente, mas não fazem isso concretamente. Ninguém compra um equipamento que custa quase R$ 500 mil por impulso, é preciso que o cliente sinta confiança e segurança na tomada da decisão”, afirma Cláudio Costa, Presidente & CEO. Para o diretor de negócios florestais da Tracbel, distribuidora da Tigercat no Brasil, José Carlos Pierri Sobrinho, o grande número de estrangeiros na feira foi bastante positivo. Segundo um dos organizadores do evento, Ricardo Malinovski, o resultado positivo mostra que o setor estava carente de um evento desse porte e com essas características. “A feira dinâmica permitiu aos visitantes e aos expositores uma nova forma de relacionamento e a possibilidade de uma negociação direta. O volume de negócios surpreendeu a organização e os expositores”, afirma. A Suzano Papel e Celulose enviou uma equipe multidisciplinar para entrar em contato com representantes de carroceria e equipamentos florestais. Otávio Meneguette é consultor de logística da empresa e acredita que a feira facilita o trabalho e possibilita futuras compras, networking e dicas de equipamentos. “Nosso objetivo principal foi encontrar soluções florestais para a utilização da biomassa como energia”, esclarece. Um dos objetivos da feira foi atrair o maior número de lançamentos para o setor. Foram mais de 150 novidades, entre equipamentos, máquinas, serviços e produtos como fertilizantes e insumos para o plantio. A Caterpillar apresentou cinco máquinas voltadas para esse mercado. Escavadeira, skidder, forwarder, harvester e feller buncher dominaram uma área aberta no meio da floresta de eucaliptos para cortar, colher, deslocar e agrupar as árvores. A Komatsu participa da Expoforest desde 1978, quando o evento estava em um estágio inicial. De acordo com Lonard Scofield dos Santos, diretor de marketing e vendas, o novo formato com estandes dinâmicos tornou a feira muito mais interessante e possibilitou uma demonstração mais eficiente e completa para os clientes. A FMC apresentou dois lançamentos de herbicidas na Expoforest. Um pré-emergente latifolicida para ervas daninhas e um dissecante para pré-plantio e controle do rebroto de eucalipto. Os produtos foram desenvolvidos em campo em plantações no PA, MG, PR e SP. Na área de máquinas para plantio uma das novidades expostas foi a plantadora de mudas da Roster que prepara o solo, aduba, prepara o canteiro e faz a incorporação de adubo, plantio e tratamento com herbicidas. A alemã Stihl tem tradição na fabricação de motosserras, amplamente utilizadas no corte de árvores em locais de difícil acesso, mas esse ano o destaque fica com o pulverizador costal manual, o lançamento trazido para a feira. Outra empresa que apresentou novidades foi a Massey Ferguson, que adaptou seus tratores para a floresta. A estrutura do capô recebeu chapas e tubulações em aço, a parte inferior tem proteção contra galhos e troncos, o tanque é feito de chapa, os vidros de policarbonato e os pneus são florestais. Com 50 anos de mercado, em 2011 a empresa entrou no segmento de silvicultura depois de perceber o potencial do setor. Os tratores podem ser utilizados em todo o processo desde o plantio até o trato. A importância da parceria entre os setores privado, público e de pesquisa foi destacada por Jorge Roberto Malinovski, um dos organizadores da feira, como imprescindível para o estímulo do segmento florestal. Foi através dessa parceria que o evento se tornou possível. Rildo Martini, diretor de suprimentos da International Papel, que cedeu a área onde foi realizada a Expoforest, considera a feira um núcleo de potencial econômico, uma oportunidade de compartilhar informações com diferentes pessoas e também motivo de orgulho para a IP por suas dimensões sem paralelo.
especial - expoforest 2011 Caterpillar
Florentino Bernal Jr., Gerente de Vendas Florestal para America Latina
" A Expoforest foi a oportunidade escolhida pela Caterpillar para apresentar ao mercado o novo cabeçote harvester HH44 DE, desenvolvido especificamente para trabalhar com eucaliptus no mercado brasileiro. Além disso, pudemos demonstrar o Forwarder Cat 584, a escavadeira florestal 320DFM Harvester com o cabeçote HH44 DE, o Skidder 545C e a 320DFM com garra traçadora. A feira teve grande importância para a Caterpillar devido ao crescimento do mercado brasileiro e também serviu para mostrar o foco que a empresa está dando na America Latina. "
Motocana
Edenir Tabai, Gerente Comercial
" A Expoforest representou uma oportunidade de mostrar todo o nosso avanço na linha de produtos florestais e nossa proposta de soluções para o mercado madeireiro e de biomassa, oportunidade de conhecer novos clientes e mercados, e conseguimos. Na feira foram vendidos 03 equipamentos. A expectativa de negócios total gerados no ambiente da Feira, considerado os negócios já concretizados e em andamento com chances de serem viabilizados, foram em torno de 3,5 milhões. "
Penzsaur
Marlos César Schmidt, Gerente de Aplicação
" A Expoforest representou a exposição efetiva da tecnologia e da aplicação eficiente dos equipamentos florestais. Dos 12 equipamentos expostos, 4 foram comercializados durante o evento. A expectativa de negócios relacionados à Expoforest alcança o número de 20 equipamentos. "
Woodtech
Ricardo Righetti, Gerente de Operações
" A Expoforest foi uma grande oportunidade de encontrar clientes atuais e potenciais. Também permitiu a divulgação de nossos produtos para um grande número de pessoas interessadas na medição de madeira. A possibilidade de realizar demonstrações também foi muito importante. Nosso processo comercial é longo, portanto não fechamos negócios durante a feira, mas podemos afirmar que ela alavancou a venda de 2 equipamentos. "
Komatsu Forest
Karina Pagani, Responsável pelo Marketing
" A Expoforest representou um novo conceito em feiras florestais. Tivemos a visita de um público bem selecionado, interessado nas novidades. Nossa participação foi um sucesso. Destaque para as demonstrações dinâmicas dos harvesters Komatsu 941 e PC 200, do forwarder Komatsu 890 e da coveadora Komatsu PC 160, um dos lançamentos da Komatsu Forest demonstrados na feira. Outros equipamentos lançados na feira foram o cabeçote harvester Komatu 378, a garra G100HD e o simulador com plataforma motion, onde os visitantes puderam experimentar a sensação de operar um harvester, inclusive com o nivelamento e os movimentos de operação da cabine. "
TMO
Yedo Tortato, Gerente Comercial
" A feira representou a afirmação da TMO no mercado florestal com equipamentos que atendem com precisão as necessidades dos clientes no segmento de máquinas média. Apresentamos algumas novidades como o carregador multiuso montado sobre caminhão C2285, o traçador de toras modelo TRT360 montado em trator e os tradicionais carregadores e auto carregável também com melhoramentos técnicos e operacionais. A feira superou as expectativas no quesito vendas e novos contatos. Apenas na feira foram vendidos 10 unidades, sem contar as negociações que ficaram para o pós feira. A expectativa é que além das unidades vendidas na feira, sejam gerados duas ou três vezes mais unidades, no curto e médio prazo. "
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OpiniĂľes
especial - expoforest 2011 John Deere
Felipe Schroeder Vieira, Gerente de Desenvolvimento de Marketing
" A Expoforest foi um divisor de águas para o setor florestal brasileiro. Um evento de tamanha grandeza veio para firmar a importância deste segmento para o Brasil e também premiar os envolvidos neste setor pelo sucesso do setor florestal brasileiro. Foram vendidos mais de 30 equipamentos na feira, entretanto o melhor resultado foi poder mostrar ao público o interesse da John Deere no setor florestal. A expectativa de negócios gerados na Feira, considerando os já concretizados e os em andamento poderá ultrapassar a casa das 100 unidades. "
Forestech
Frederico Bergamin, Engenheiro Florestal/Responsável Técnico-Comercial
" A Expoforest representou uma oportunidade única de apresentar novidades de manejo para o setor florestal. Foram vendidos na feira Aproximadamente R$ 200.000,00 em defensivos e R$100.000,00 em fertilizantes. A expectativa de negócios total gerados no ambiente da Feira, considerado os negócios já concretizados e em andamento é de cerca de R$ 500.000,00 em defensivos e R$ 1.000.000,00 em fertilizantes. "
Atta-Kill
Luiz Antonio Napolitano Sallada, Diretor
" A Expoforest representou uma oportunidade de concentrar informações sobre avanços tecnológicos e produtos com boas expectativas de negócios da Atta-Kill ao segmento mais exigente em tecnologia. Fechamos boas operações comerciais no evento, mas a maior capitalização de negócios veio no pós feira. Colocado por crescimento de negócios na novidade da melhoria tecnológica no invólucro do Mipis de Papel, lançado na feira, alcançamos a prospecção de 37% a mais em quantidade desse material relativo a 2010. "
Roder
Dyme Anderson Roder, Sócio Proprietário
" Para a Roder, a Expoforest foi uma abertura enorme para o mercado, uma oportunidade de mostrar nossos produtos a uma fatia de mercado que não atingiríamos se não fosse pela exposição de produtos. Vendemos 3 equipamentos na feira, e mais 4 posteriormente motivados pelos contatos da feira. Temos muitos outros orçamentos em negociação. "
Bayer CropScience
Marcel Cabral, Gerente de Marketing da área de Environmental Science
" A Bayer CropScience reconhece a relevância do setor de reflorestamento e participar de um evento como a Expoforest é muito importante. A feira mostra o que há de mais avançado para o mercado florestal, e, além disso, gera oportunidades de estarmos junto de nossos clientes atuais e potenciais, aumentando o relacionamento com o mercado. A participação foi muito positiva e é uma maneira de mostrar ao mercado que investimos em soluções para beneficiar o setor. "
Cenfor
Eduardo da Silva Lopes, Coordenador do Cenfor-Unicentro
" A participação do Cenfor na Expoforest foi um grande sucesso, permitiu a divulgação das modalidades de treinamentos oferecidos ao mercado florestal, além de consolidar-se como um Centro de Formação de Operadores de Máquinas Florestais referência no país. Durante a Feira foram fechados treinamentos com diversas empresas do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, principalmente na modalidade de reciclagem operacional. "
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desafios operacionais
Opiniões
entendendo as novas fronteiras da floresta plantada Comenta-se que somente compreendemos aquilo que entendemos, e, muito embora com jeito de filosofia acaciana, podemos aplicar essa afirmação para compreender as novas fronteiras das florestas plantadas no Brasil. Conforme Abraf 2011, havia no País, em 2010, uma área de 6.511.000 hectares com eucaliptos e pinus, além de 462.000 ha de outras espécies, perfazendo um total de quase 7 milhões de hectares.
início das atividades, devido à curva de aprendizagem em uma nova região e pelo fato de que costumeiras práticas florestais e recomendações de adubação terão que passar por ajustes para darem os efeitos esperados. A má distribuição de chuvas, longos períodos secos e o elevado déficit hídrico devem complicar o cumprimento dos grandes programas anuais de plantio. A ausência de uma boa
" São os desafios que fazem a ciência avançar. Com certeza, em poucos anos, haveremos de constatar que os pontos fracos e as ameaças foram todos superados. Tem sido o que tenho visto ao longo de 40 anos de trabalho na área florestal. "
Manoel de Freitas Consultor Especialista Florestal
Quando se consideram os projetos de expansão florestal dos vários segmentos industriais, provavelmente já contidos na recente meta do governo de dobrar a área plantada em uma década, pergunta-se: onde iremos plantar os outros 7 milhões de hectares? Novos 7 milhões de hectares de plantio necessitarão por volta de 14 milhões de hectares de área total, considerando Reserva Legal, APPs, estradas, áreas inaproveitáveis, restrições ambientais, etc. Os preços e a disponibilidade de terras variam muito de região para região. Plantações florestais em áreas tradicionais se localizam nas regiões Sul, Sudeste e nos estados da BA e MS. Como novas fronteiras, se consideram o norte e leste de MG, sul do RS e principalmente, o que é hoje denominada de MAPITO – região composta por Maranhão, Piauí e Tocantins. Estariam esses novos 14 milhões de hectares ainda no Sul, Sudeste, BA e MS, onde se concentram 91% dos atuais plantios? Certamente que uma pequena parte desse total, mais provavelmente no MS. Baixa disponibilidade de terras, altos preços das propriedades, algumas restrições de natureza social, nessas regiões, empurram a expansão para as novas áreas. Uma boa maneira de entender, então, o cenário é examinar o ambiente de negócios nessas novas fronteiras, pelos seus pontos fracos, fortes, ameaças e oportunidades. Nessa abordagem, estaremos nos propondo examinar tão somente a região de MAPITO por ser aquela que desperta o maior interesse dos investidores atuais e que dispõe das maiores extensões de terras para reflorestamento. Pontos Fracos: Há uma escassez de mão de obra qualificada nessas regiões. Possivelmente, terão de vir de outros centros do País. Os custos de reflorestamentos serão mais elevados do que a média das regiões tradicionais, pelo menos no
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infraestrutura, como estradas, sistema de educação e de saúde das comunidades, terá que ser equacionada. Pontos Fortes: Em todas as situações observadas, se percebe uma alta receptividade dos governos locais, o que incluem, entre outros apoios, incentivos ou renúncias fiscais. A disponibilidade de terras a preços baixos, comparativamente às regiões tradicionais, é um enorme atrativo. Oportunidades: O baixo preço das propriedades rurais deve viabilizar os retornos desejados pelos investidores. É esperada uma elevada apreciação das terras, que passarão por uma valorização real e que melhorará em muito a taxa interna de retorno dos projetos. Ameaças: A supressão da vegetação nativa poderá gerar reações de grupos ambientais, item a ser considerado na avaliação do investimento. A adaptabilidade do material genético será talvez o problema nº 1 a ser enfrentado, e, uma vez adaptada e equacionada, a produtividade esperada não será parecida com aquelas encontradas nas regiões tradicionais; com certeza, os programas implantados nas novas fronteiras derrubarão a média nacional para o eucalipto dos dias de hoje. Tanto o atual clima das áreas, como possíveis mudanças climáticas previstas ao longo do tempo, concorrerão para a ocorrência de novas pragas e doenças, e a escolha do material genético terá que considerar esse fator. Nada mais estimulante para um profissional da área florestal do que plantios em novas fronteiras. São os desafios que fazem a ciência avançar. Com certeza, em poucos anos, haveremos de constatar que os pontos fracos e as ameaças foram todos superados. Tem sido o que tenho visto ao longo de 40 anos de trabalho na área florestal.
desafios genéticos
Opiniões
material genético:
o início das dificuldades
Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, são encontradas florestas plantadas de pinus e eucaliptos com altas produtividades. A tecnologia utilizada atualmente foi desenvolvida ao longo dos últimos 40 anos, graças ao suporte de inúmeras pesquisas nas áreas de melhoramento genético, silvicultura e manejo. Estas, por sua vez, foram desenvolvidas por várias empresas florestais, normalmente em conjunto com universidades, institutos e centros de pesquisas. Agora, com a nova onda de crescimento do setor florestal, a alternativa tem sido plantar em novas áreas das regiões do Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Nessas regiões, é possível adquirir áreas extensas e bem localizadas, onde se podem plantar florestas obedecendo aos requisitos legais e com a possibilidade de obter produtividades que garantam a viabilidade econômica do empreendimento. A importância desses dois cenários para as pesquisas nos próximos 10 anos é destacada no Plano Estratégico do Ipef-2020. Entretanto, diferentemente do que aconteceu nas regiões Sul e Sudeste, está ocorrendo uma mudança abrupta dos programas de plantios em escala comercial, porém sem toda a base de pesquisa necessária. Graças aos trabalhos efetuados por algumas empresas florestais ou industriais, foi possível identificar o potencial florestal produtivo de algumas dessas novas regiões, especialmente quando se utilizam clones de eucaliptos hibridados naturalmente ou através de polinizações controladas. A primeira dificuldade de plantio tem início com a pergunta: que materiais devem ser plantados para abastecer uma fábrica de celulose? Por trás dessa pergunta, subentende-se que o interessado deseja plantar clones que tenham alta produtividade, resistentes a déficit hídrico, a pragas e doenças e que tenham boa aceitação pelas indústrias. Certamente, se a intenção for a produção de carvão, a resposta será diferente. Atualmente, pode-se dizer que a utilização de boas fontes de sementes melhoradas é quase ignorada, visto que a heterogeneidade fenotípica ainda existente não agrada. Então, a maior preferência é pela utilização de clones, em sua maioria, facilmente reconhecidos pelos seus códigos e números. Existem vários clones disponíveis no mercado que foram selecionados para determinadas regiões e que, certamente, após 12 anos de testes de campo, foram aprovados e
atendem à maioria dos itens selecionados (crescimento, qualidade da madeira, resistência a doenças, déficit hídrico, etc). Entretanto, não há garantia de que essas mesmas respostas sejam dadas em qualquer local, pois a lei básica do melhoramento genético (fenótipo = genótipo + ambiente + interação g x a) é valida para qualquer lugar. Daí a preocupação dos melhoristas em estudar a estabilidade e a adaptabilidade de um determinado material. Hoje, graças às tentativas ao acaso, descobriu-se que 10 a 15 clones selecionados em São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais crescem bem em inúmeros locais do Brasil. Entretanto, de muitos clones que cresceram menos que o esperado ou que apresentaram algum tipo de doença, pouca gente sabe. Definidos os materiais que serão implantados, antes de ir à compra deles, é importante saber se eles estão registrados no RNC (Registro Nacional de Cultivares). Com o objetivo de aumentar a diversidade genética e diminuir o risco de pragas e doenças, o ideal seria saber se há algum grau de parentesco entre esses materiais. Com isso, poder-se-á plantar mais clones e, ao mesmo tempo, evitar o plantio de clones iguais ou aparentados. O próximo passo é identificar um produtor de mudas que possa fornecer os materiais selecionados em quantidade (nessas regiões os plantios se concentram em poucos meses) e com a qualidade desejada. Em função da demanda, muitos novos viveiros foram instalados nessas regiões e, mesmo assim, em muitas situações, tem-se recorrido à busca de mudas em viveiros distantes a mais de 2.000 km. Nessas situações, a total atenção deve ser dada para atender a todos os requisitos dos tratamentos fitossanitários, a fim de evitar qualquer transferência de patógenos para essas novas regiões. Para finalizar, é importante ressaltar que os plantios comerciais em andamento também servem como uma fonte inesgotável de informações e de tomada de decisão. Porém as pesquisas simples (introdução de novos materiais, seleção nos locais, testes clonais, adubações, espaçamentos, etc) e as complexas (por exemplo, como a do TECHS - Tolerance of Eucalyptus Clones to Hydric and thermal Stress) ainda precisam ser efetuadas ordenadamente nessas regiões. Daí, com certeza, a hegemonia do setor florestal brasileiro no segmento das florestas plantadas estará garantida.
" Hoje, graças às tentativas ao acaso, descobriu-se que 10 a 15 clones selecionados em SP, ES, BA e MG crescem bem em inúmeros locais do Brasil. Entretanto, de muitos clones que cresceram menos que o esperado ou que apresentaram algum tipo de doença, pouca gente sabe. " Admir Lopes Mora
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Consultor do IPEF
desafios tecnológicos
Opiniões
a integração entre as áreas da silvicultura é o
desafio na adaptação " um exemplo dos possíveis problemas é que algumas espécies estão sendo apelidadas de 'imã de pragas', pois as pragas têm preferência por esses materiais, que há alguns anos eram os mais indicados para regiões com déficit hídrico " Paulo Henrique Müller da Silva Assistente Técnico-científico da Diretoria do IPEF
Um dos objetivos estratégicos consolidados para o IPEF na década de 2010-2020 é Contribuir para a implantação e manejo das florestas plantadas nas regiões não tradicionais, que inclui zoneamento climático (ênfase ao manejo de água), ampliação dos recursos genéticos e das informações da interação genótipo versus ambiente, adaptação das técnicas silviculturais e incorporação de conhecimentos ecofisiológicos no planejamento. Essas metas do instituto podem ser interpretadas como adaptações necessárias para as implantações e manutenção da produtividade das novas fronteiras da floresta plantada brasileira. O desafio começa com a definição das metas para as novas fronteiras, que estão em áreas com temperaturas mais elevadas e maiores riscos de estresses hídricos e que podem ser agravados com as mudanças climáticas. Após a definição das metas, é necessário considerar os conceitos básicos envolvidos. Por exemplo, um conceito ecológico que deve ser utilizado é que plantas com fortes estratégias de sobrevivência aos estresses ambientais são menos produtivas em condições não estressantes. De modo que será necessário trabalhar de maneira ampla, como fez Edmundo Navarro de Andrade, que estudou diversas áreas da silvicultura. Os trabalhos básicos devem ser feitos para balizar as modificações que poderão ocorrer em todo o sistema produtivo, mas, com o nível da silvicultura brasileira, as adaptações não poderão ser empíricas, e esses trabalhos deverão ser realizados para o entendimento dos processos envolvidos. A escolha do material, que pode não estar disponível no mercado, é a primeira etapa, a segunda é trabalhar com a base genética, realizando a introdução em local adequado para recombinação e posterior uso do material “adaptado”. No caso das novas fronteiras, existem algumas espécies do gênero Eucalyptus, como o E. brassiana, da seção Exsertaria, ou o E. crebra, da seção Adnataria, ambos do subgênero Symphyomyrtus, que têm potencial de serem trabalhadas como híbridos. Mas surgem algumas duvidas: Como será o acesso ao material genético recombinado e adaptado? Quais locais devem ser utilizados para recombinação? Como será a propagação seminal e vegetativa desses materiais? Quais os problemas que poderão ocorrer nos plantios? Como será a qualidade da madeira? etc.
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Um exemplo dos possíveis problemas é que algumas espécies do gênero, principalmente as da seção Exsertaria, estão sendo apelidadas de “imã de pragas” (psilídeo, minivespa, etc.), pois as pragas têm preferência por esses materiais, que há alguns anos eram os mais indicados para regiões com déficit hídrico. De modo que é importante conhecer as interações entre material genético versus ambiente versus pragas (atuais e potenciais) para se tomar as decisões. Outro fator importante nessa adaptação às novas fronteiras é o manejo que deverá ser utilizado, pois tem papel fundamental na sobrevivência das plantas em regiões com estresses ambientais. Uma das práticas importantes do manejo é a fertilização. Alguns estudos têm mostrado que fertilizações pesadas, principalmente com nitrogênio, em períodos pré-estiagem podem contribuir na mortalidade das plantas. Por outro lado, a fertilização na mesma época com potássio contribui para o controle osmótico das plantas durante o período de seca. Além da interação nutriente versus época do ano, pode ser necessária a mudança no método de aplicação. Como exemplo, a fertilização foliar de micronutrientes não é comum na maioria das plantações em locais tradicionais, mas, em situações de estiagem prolongada, pode ser necessária. A maior dificuldade na adoção de “novas” técnicas é calcular a relação custo-benefício sem conhecer exatamente quais serão as consequências na produtividade. Na escolha do material e do manejo, é importante incluir também a atenuação dos conflitos, pois poderão ser piores nas novas áreas. Mas, com conhecimento gerado e o adequado uso do zoneamento ecológico e da hidrologia, respeitando os aspectos sociais, teremos maior facilidade no gerenciamento dos conflitos com a chegada dos empreendimentos florestais. Deve ser considerado que as florestas comerciais dependem das pessoas e visam atender não somente às fabricas, mas à sociedade. Na procura por novas tecnologias, é fundamental trabalhar de forma organizada, para entender e adotar rápida e economicamente as “novidades”. Mas não se pode perder de vista que é um investimento a longo prazo e que os riscos devem ser minimizados. A vantagem das novas fronteiras é que existe conhecimento e muitos especialistas disponíveis, possibilitando adotar uma “silvicultura de exatidão”.
a silvicultura no nordeste
Opiniões
florestas no
nordeste brasileiro
O Nordeste brasileiro, com uma área de aproximadamente 1.561.177 km2, possui um grande potencial para a expansão das áreas com plantio de espécies florestais. Os resultados de pesquisas obtidos nos últimos anos para essa região, tais como zoneamento e espacialização das aptidões florestais, caracterização ambiental dos municípios, contemplando os solos, a cobertura vegetal e uso antrópico, e uso de híbridos e/ou espécies/procedências do gênero Eucalyptus, como alternativa de plantio, têm demonstrado a potencialidade da região para ser uma nova fronteira para a produção de madeira de florestas plantadas. Dentre as áreas potenciais, a Chapada do Araripe, formada por um mosaico vegetacional onde predominam manchas de floresta ombrófila e estacional, cerrado e caatinga, resultantes da heterogeneidade ambiental, modelada no decorrer de diversos períodos geológicos, se constitui um importante planalto que está inserido nos limites de três estados: Pernambuco, Piauí e Ceará. Ela está localizada numa faixa com precipitação pluvial acima de 750mm, que oferece condições para o reflorestamento comercial, especialmente para fins energéticos. As calcinadoras do polo gesseiro da região Nordeste, localizado na Chapada do Araripe, têm como matriz energética, para a industrialização da gipsita, a madeira extraída da vegetação nativa (caatinga), que consome, atualmente, mais de 2.000.000 st por ano, totalizando um desmatamento diário de 25 hectares por dia, tornando-se o principal consumidor da madeira que venha a ser produzida através da abertura da nova fronteira florestal. Estudos recentes têm mostrado desmatamento excessivo em áreas sob risco de desertificação. Nessa região, a área indicada para florestamento/reflorestamento na região do Araripe é de 100.920 hectares. Outro fator que agrava ainda mais o processamento do gesso na Chapada do Araripe é a localização da extração da madeira nativa, que fica mais distante a cada ano, estando, atualmente, a cerca de oitenta quilômetros, o que aumenta o custo final de produção.
Visando à redução do desmatamento e manter a dinâmica do polo de produção de gesso da região, o plantio de eucalipto vem sendo difundido como alternativa para produção de madeira como fonte de energia para a demanda da indústria de processamento do gesso. Existem no mercado empresas que já dispõem de material genético adaptado a essas condições edafoclimáticas, tais como os híbridos resultantes do cruzamento das espécies Eucalyptus camaldulensis, E. grandis, E. brassiana e E. urophylla, com características de tolerância à seca, crescimento rápido e alta produtividade de madeira, com expectativa de produção média de madeira, no intervalo de sete anos, em torno de 200 m3 por hectare. O reflorestamento é importante em razão de seu grande potencial gerador de emprego e renda, não apenas pelo Governo, através de programas de incentivos fiscais, mas por um novo modelo que possa incentivar e orientar programas de investimentos na implantação de pequenas áreas de florestas em propriedades de pequeno porte. O Piauí é o estado que reúne as melhores características para essa atividade, onde já existe um programa de desenvolvimento florestal, em função das características edafoclimáticas, sociais e econômicas, que prioriza as regiões de Teresina (49 municípios) e Uruçuí (25 municípios), identificadas como as que apresentam melhores condições para as plantações florestais em grande escala com propósitos industriais. As áreas dessas duas regiões, com relevo e solos adequados ao plantio de florestas e precipitação pluvial variando de 700 a 1300 mm, representam 11,6 milhões de hectares, ou 46% da área total do estado. Desse total, a região de Teresina representa 41%, enquanto a região de Uruçuí participa com cerca de 59%. A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - Codevasf, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, tem promovido ações direcionadas para o desenvolvimento florestal nas bacias dos rios São Francisco e Parnaíba, dentro da perspectiva de utilização sustentável dos recursos florestais e geração de emprego e renda. As empresas que estão investindo em reflorestamento no estado visam atender à demanda energética para a produção de cerâmica, carvão vegetal, extração de ácido pirolítico, produção de pellets e celulose.
" o Piauí é o estado que reúne as melhores características para essa atividade, onde já existe um programa de desenvolvimento florestal, em função das características edafoclimáticas, sociais e econômicas " Marcos Antonio Drumond
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Pesquisador da Embrapa Semiárido
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OPERAÇÕES FLORESTAIS JSL.
Economia e produtividade em todos os processos.
nutrição nas novas fronteiras
Opiniões
o desafio da nutrição e da
produtividade florestal " iremos atingir metas desconhecidas ou desacreditadas algum tempo atrás por muitos profissionais do setor, elevando o patamar de produtividade a um padrão de maior destaque do que aquele já alcançado nos últimos tempos " Ronaldo Vaz de Arruda Silveira e Vanderlei Benedetti Consultores da RR Agroflorestal
O Brasil está passando por uma nova ampliação das áreas florestais com plantios de rápido crescimento. Desde a época dos incentivos fiscais, nos meados da década de 70, o setor florestal não tem alcançado tanto avanço e projeção nacional e internacional. A implantação de novas indústrias de base florestal no Centro-Oeste e Nordeste do País determinou a valorização e consequente aproveitamento de áreas que não permitiam adequado retorno financeiro com a prática de culturas agrícolas ou mesmo da pecuária. Essa conversão das terras mal aproveitadas ou marginais para negócios florestais em regiões próximas aos empreendimentos industriais tem permitido uma evolução social regional até com resultado positivo na balança comercial do País. Além disso, a atuação de Fundos Internacionais impulsionados pelo crescente uso de madeira como fonte energética tem intensificado essa conjuntura para as novas fronteiras, com investimentos cada vez maiores em negócios florestais. Nos últimos 40 anos, a experiência na implantação de áreas florestais desenvolveu-se bruscamente no País, a ponto de sermos, hoje, referência em silvicultura com plantios de alta produtividade em todo o mundo. Estudos na área de genética, permitindo o desenvolvimento de materiais adequados e de alta produtividade, a evolução no conhecimento das necessidades nutricionais das plantas, equipamentos apropriados para as diferentes condições climáticas e de relevo e práticas operacionais realizadas com qualidade permitiram o reconhecimento do setor brasileiro florestal com destaque pela comunidade internacional das indústrias de base florestal. Esse tripé, que inclui genética, nutrição e qualidade, continua sendo o alicerce para ganhos de produção e de qualidade da madeira produzida no Brasil. As vantagens desses plantios numa região que vinha movimentando o uso de madeira proveniente de cerrado, e nem sempre de forma legal, são significativas, principalmente pelas questões ambientais e sociais envolvidas. Além disso, a grande maioria das empresas que usam madeira como fonte energética no Centro-Oeste vinha obtendo matéria-prima de longas distâncias, o que aumentava o custo da produção industrial.
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Por outro lado, a falta de tradição florestal nessas regiões, com potencial de baixa qualidade operacional, pode acarretar dificuldades para se alcançarem metas definidas pelos empreendedores e o consequente retorno financeiro esperado. Essa conjuntura de oportunidades pode consistir em mais um avanço do setor florestal, que já tem domínio da tecnologia necessária para execução de empreendimentos de grande porte. Resta, nessa ocasião, uma sinergia entre investidores e técnicos do setor com experiência suficiente para planejar e operacionalizar projetos potenciais com o conhecimento silvicultural adquirido ao longo desse período de desenvolvimento. A produtividade dos plantios de eucalipto implantados por empresas de integração vertical, como as indústrias de celulose, chapas, MDF, aglomerados, carvão para siderurgia, etc, tem aumentado significativamente em quase todas as regiões do Brasil, em tempos recentes. Não há dúvida de que os novos patamares de produtividade atingidos têm sido consequência do desenvolvimento de materiais genéticos adaptados às condições climáticas restritivas, como clones resistentes a déficits hídricos acentuados ou espécies adequadas a determinados usos específicos, como produção de carvão, e têm melhorado, inclusive, o rendimento industrial dessas empresas verticalizadas. Entretanto, o avanço significativo na tecnologia e melhoria na operacionalização das práticas da nutrição florestal também faz parte desse impulso tecnológico, permitindo um ganho adicional que os métodos de fertilização antigos associados aos novos clones não comportavam. Novas práticas na área de fertilização que permitiram um incremento significativo da produtividade em plantios de eucalipto, com o uso mais eficiente dos nutrientes durante a rotação completa de plantios florestais, são: a aplicação de gesso no solo para maior desenvolvimento radicular e resistência física aos déficits hídricos acentuados; boro aplicado nas épocas secas via foliar, permitindo a colocação do nutriente no local correto e na hora certa, aumentando a resistência das plantas ao déficit hídrico; novas formulações
nutrição nas novas fronteiras usadas na adubação de base com maiores doses de nitrogênio e potássio associado ao uso de fósforo solúvel, além de maiores doses de cobre e zinco, evitando-se deficiências acentuadas nas plantas, quando as condições climáticas não permitem a realização da primeira adubação de cobertura num intervalo tão curto de tempo; ajustes das doses das adubações de cobertura condicionadas ao porte das plantas no momento da aplicação; e monitoramento nutricional como rotina, através da análise química foliar das árvores, para recomendação de uma adubação corretiva imediata e para ajustes no programa operacional futuro. Tudo isso tem permitido uma melhor condição nutricional por material genético, aumentando a resistência ao déficit hídrico e também elevando a produtividade para índices acima dos conhecidos em literatura nas regiões marginais (> 45 m3/ha/ano). Por outro lado, e completando o tripé tecnológico básico da atuação mais recente da silvicultura brasileira, está a garantia de qualidade na execução das operações florestais. O alto nível tecnológico empregado nos novos plantios que associa materiais genéticos adequados e recomendações avançadas de adubações não seria suficiente sem que todas as outras práticas operacionais fossem realizadas conforme o padrão determinado. Assim, um controle de qualidade bem estabelecido, como tem ocorrido em diversas empresas, garante que não haja perdas de produtividade por erros operacionais. Dessa forma, devemos lembrar que, quando as empresas do setor florestal visam obter aumento na produtividade em seus plantios, a fertilização não deve ser considerada um custo operacional, mas um investimento. A escolha de material genético ideal e a fertilização são duas premissas consideradas fatores de “ganho”. Esse “ganho”, associado ao “controle de fatores de perda”, que é o controle de qualidade das operações silviculturais de implantação e manutenção das florestas, como controle de pragas, preparo do solo, controle de matocompetição, etc, são os grandes responsáveis para que se alcance o aumento da produtividade desejado. É importante esclarecer que o controle da matocompetição, ou o controle de pragas, por exemplo, não aumenta a capacidade produtiva do sítio. Tais operações são realizadas com o único objetivo de manter essa capacidade, impedindo que os “fatores de perda” influenciem negativamente e permitindo que a genética, aliada ao investimento em nutrição, maximizem os resultados positivos, contribuindo para o alcance de elevadas produtividades. Cada unidade monetária é, portanto, convertida em retorno financeiro em madeira, carvão ou celulose, quando se trata de fertilização como investimento. Existe um espaço enorme para se manejar a nutrição visando a elevadas produtividades, o que, até então, estava estagnado, pois se acreditava que a precipitação era o fator mais limitante para o alcance dos resultados positivos. Resultados recentes mostram que, se trabalharmos a nutrição baseada nas novas tecnologias, alcançaremos produtividades mais elevadas que as conhecidas atualmente em muitas empresas florestais. Avaliações realizadas em empresas florestais mostraram que, para a condição de baixo nível de investimento tecnológico em fertilização, a relação obtida entre o retorno financeiro com a venda da madeira/custo total foi de R$ 2,05. Quando se eleva o investimento tecnológico em fertilização, a relação passa para R$ 3,31, com um dispêndio um pouco maior dessa atividade. Isso ocorre por causa do ganho significativo de produtividade da madeira.
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Opiniões
Na maioria das vezes, as empresas analisam esse contexto como elevação de custos, ou seja, não adotam o nível mais alto de investimento em fertilização, porque acreditam que o custo por hectare será elevado, ou seja, analisam a estratégia de adubação como um custo e não como um investimento. Além disso, usando-se alta tecnologia operacional e atingindo melhor produtividade, pode-se reduzir o plantio em até 30% da área com a mesma produção total. Essa tomada de decisão apresenta vantagens ambientais e faz com que os parâmetros de retorno financeiro apresentem-se mais atrativos para os empreendedores. Enfim, estamos iniciando um novo nível de produtividade potencial para plantios de florestas de rápido crescimento que ainda não estão totalmente determinados. Portanto, iremos atingir metas desconhecidas ou desacreditadas algum tempo atrás por muitos profissionais do setor, elevando o patamar de produtividade de madeira das florestas produzidas no Brasil a um padrão de maior destaque do que aquele já alcançado nos últimos tempos.
Plantio de eucalipto no MT, com média de produtividade de 56 m3/ha/ano aos 2 anos de idade, em área de 1.600 ha. Princípios tecnológicos respeitados e novos métodos de adubação aplicados permitiram ganhos de produtividades de 35 para valores acima de 50 m3/ha/ano - ganhos de até 50%.
terceirização
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a terceirização
nas novas fronteiras " sem uma verdadeira parceria para se viver conjuntamente as dificuldades a serem superadas, o trabalho nessas novas regiões poderá ficar bastante sacrificado para o terceiro, para as empresas interessadas e para a própria silvicultura " Jader Vaz Diretor Operacional da JS Florestal
Na última década, a terceirização cresceu de forma expressiva no Brasil, em todos os setores. A competitividade tem feito com que as empresas foquem suas atividades de forma intensiva em sua linha principal de produção e, com isso, abriu muitas oportunidades para os serviços terceirizados. No setor florestal, já existem terceiros com alto nível tecnológico capaz de atender, sem nenhuma dificuldade, a todas as exigências técnicas, legais, etc. Pode-se garantir que a terceirização no setor florestal atingiu excelentes indicadores de performance, atendendo ao elevado nível tecnológico da silvicultura brasileira. Essa mesma situação procura-se alcançar nas novas fronteiras, como Piauí, Maranhão, Pará, entre outras. Entre as dificuldades encontradas, destaca-se a inexistência da cultura dos empreendimentos e das atividades de silvicultura nessas regiões e as suas consequências: falta de mão de obra treinada; indefinição de procedimentos silviculturais; dificuldades no planejamento das operações de acordo com o interesse da contratante; falta de serviços de apoio para aquisição e manutenção de máquinas e equipamentos, etc. A nossa empresa, fundada há sete anos, tem lutado todos os dias com tais dificuldades para que o contratante mantenha a confiança e a credibilidade na terceirização e no serviço que prestamos. Sabemos que as empresas não abrem mão de seus custos referenciais e da obediência irrestrita a todos os cumprimentos sociais, legais, educacionais, etc. Cabe ao terceiro preparar-se adequadamente com treinamentos intensivos de seus funcionários e criação de mecanismos que incorporem, o mais rápido possível, em seus procedimentos operacionais, as tecnologias já desenvolvidas em outras regiões. Esse trabalho fica sobremaneira facilitado quando é entendido pela contratante, que, nesses casos, se torna uma verdadeira parceira. As dificuldades se tornam complexas quando a contratante se afasta do dia a dia da contratada e fica, no final da linha, pagando e exigindo custos cada vez mais baixos e o melhor resultado, mas sem se preocupar e nem querer conhecer as dificuldades rotineiras. É a maneira mais simples e cômoda de se terceirizar, mas os resultados podem não ser satisfatórios para
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as partes envolvidas. Sem uma verdadeira parceria para se viver conjuntamente as dificuldades a serem superadas, o trabalho nessas novas regiões poderá ficar bastante sacrificado para o terceiro, para as empresas interessadas e para a própria silvicultura. Entendemos também que o trabalho da terceirização, nessa nova fase de crescimento do setor, vai necessitar de novos arranjos. Na verdade, são novos desafios, e precisamos estar preparados para transformá-los em novas oportunidades de crescimento. Há consciência também de que essa fase pode ser limitante para muitas empresas. Não cabem improvisações. Há necessidade de organização empresarial, mão de obra continuamente preparada, recursos financeiros para investimentos em equipamentos e máquinas, criatividade e profissionalismo em todos os procedimentos. Nas regiões de silvicultura tradicional, essas exigências são fundamentais, e, com certeza, não será diferente nessas novas fronteiras. A terceirização cada vez mais vai tomando o perfil do contratante, e, para que esse processo se torne concreto, torna-se indispensável o entendimento entre contratante e contratado. Pode-se até afirmar, com muita convicção, que o sucesso da terceirização em qualquer empresa depende muito do profissionalismo e do entendimento pessoal e técnico das partes. Desde as mais simples decisões de campo até as tratativas de negociações e contratações entre as partes interessadas, a manutenção dessa abertura para conversas e discussões é de vital importância. Entende-se também que os terceiros precisam avançar permanentemente na organização e na gestão empresarial, no profissionalismo de seus colaboradores e na criatividade de seus serviços. Criar novos serviços e mecanismos para facilitar controles, assegurar a qualidade dos serviços prestados, proteger o patrimônio da contratante, gerar contínuas condições para a mão de obra utilizada e, principalmente, integrar-se de maneira cidadã às comunidades de atuação deverão ser exigências a serem respeitadas e valorizadas continuamente. Com tais procedimentos e filosofia de trabalho, com certeza, a terceirização também estará crescendo nas novas fronteiras, com preços justos e qualidade assegurada.
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posse e titularidade dominial
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caracterização fundiária nas regiões das novas fronteiras Pretendo analisar, neste artigo, alguns aspectos da caracterização fundiária nas regiões consideradas como novas fronteiras florestais no Brasil, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, de modo a propiciar ao empreendedor conhecimento sobre questões eminentemente peculiares e que, por essa razão, merecem ser observadas. Os empreendimentos florestais caracterizam-se por possuir longos ciclos produtivos. Nesse sentido, é natural e necessário que o empreendedor tenha absoluta segurança sobre o terreno que abrigará o seu investimento; no presente caso, as propriedades rurais, quer seja sob o aspecto do próprio solo, as condições climáticas, as limitações de cunho ambiental e, em especial, a posse e titularidade dominial das respectivas glebas. Com relação aos dois últimos aspectos citados, verificamos que a história traz infinitas citações relacionadas ao intenso conflito de “posses” nas regiões aludidas, fato esse que se perpetua até os dias de hoje. Não obstante, diligências jurídicas em tais localidades demonstram que, de igual importância, são as discussões concernentes à titularidade de domínio dos referidos imóveis. Sobre o tema, vale lembrar em sucinta explicação, que o instituto da posse consiste na detenção justa ou injusta da propriedade, enquanto o instituto do “domínio” consiste no direito de usar, gozar e dispor da propriedade, sendo condição essencial para tanto a sua inscrição no registro imobiliário. Com relação ao “domínio”, as pesquisas e análises efetuadas denotam a existência de muitas propriedades, cuja origem deriva do recente destacamento do patrimônio público ou está consubstanciada em títulos de domínio considerados precários. Assim, ainda com relação à origem do domínio, é muito comum observar, em tais regiões, situações da seguinte natureza: 1. expedição de Títulos de Domínio pelo estado em áreas de domínio da União Federal; 2. expedição de Títulos de Domínio sobre áreas tituladas anteriormente pelo mesmo ente federativo; 3. transmissão
de áreas a terceiros, anteriormente ao cumprimento de cláusulas resolutivas constantes dos respectivos títulos; 4. arrecadações promovidas pelo estado ou mesmo pela União, de áreas, cuja posse mansa e pacífica, aliada ao exame acurado dos títulos de domínio, ainda que precários, redundaria na comprovação de existência de domínio anterior pelo particular, o que não autorizaria considerá-las áreas devolutas, sujeitas à arrecadação. Nota-se, portanto, que, surpreendentemente, as questões relativas à posse e ao domínio, no campo fundiário, não se restringem apenas a discussões entre particulares, mas também a discussões entre particulares e entes públicos ou, ainda, dos próprios entes públicos entre si. Acrescente-se a esse fato outro ponto que, a meu ver, merece ser abordado, porque é intrinsecamente ligado à questão dominial. Trata-se da atuação de alguns Cartórios de Registros de Imóveis, em flagrante descompasso com a legislação que os regula. Lembramos que os Cartórios de Registros de Imóveis são responsáveis pelo registro e transmissão das propriedades, cujos atos devem sempre representar a mais fidedigna realidade das propriedades e sua origem. Ocorre que é muito frequente encontrar, em tais regiões do País, cartórios totalmente desprovidos de informações e documentos sobre a propriedade e sua cadeia dominial, causando grave prejuízo à análise jurídica da respectiva área. Além disso, há casos em que a transmissão da propriedade opera-se em total descumprimento a requisitos legais essenciais ao ato jurídico, ocasionando irregularidades sanáveis ou mesmo absolutamente insanáveis. Não obstante, fato é que referidas propriedades podem encontrar-se em mãos de “terceiros” ou mesmo “quartos” adquirentes de boa-fé, que confiaram e se pautaram no retrato espelhado pela matrícula ou transcrição do imóvel, desprovido de qualquer denúncia de mácula ou impedimento à transmissão, mas que
" Os empreendimentos florestais caracterizam-se por possuir longos ciclos produtivos. Nesse sentido, é natural e necessário que o empreendedor tenha absoluta segurança sobre o terreno que abrigará o seu investimento. "
Alessandra Pedroso Viana
Advogada da Teixeira Gomes & Viana Advogados Associados
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posse e titularidade dominial se veem obrigados a defender o seu domínio sobre tais imóveis, que, apesar de legitimamente adquiridos, podem padecer de vícios que não foram considerados pelo Cartório de Registro de Imóveis. Pois bem, até esse ponto, citamos alguns entraves inerentes às propriedades sob o ponto de vista de sua origem e seu aspecto registrário, mas há outras questões que merecem e devem ser examinadas, a exemplo das reservas indígenas e quilombolas, muito comuns e frequentes nas regiões sob enfoque. Quanto à primeira, necessário se faz identificar a existência de áreas ocupadas e especialmente sua zona de amortecimento, analisando a possibilidade de convivência entre a atividade a ser explorada e esse segmento da sociedade. Já com relação à segunda, a questão nos parece mais delicada, pois, embora existam comunidades já reconhecidas, e que podem ser identificadas em pesquisas realizadas perante os órgãos de controle, fato é que, a cada dia, novas comunidades podem pleitear tal condição, vindo a ser assim reconhecidas. Felizmente, esse verdadeiro quebra-cabeças fundiário aos poucos vai sendo revelado. É o que se depreende da recente divulgação pelo governo federal do acervo fundiário em âmbito nacional, disponível há algumas semanas na página do Instituto Nacional de Reforma Agrária - INCRA, na internet. Sem sombra de dúvida, trata-se de um avanço magnífico, pois, a partir de então, esse veículo propiciará ao interessado uma visão macro da situação fundiária do País, que, anteriormente, podia ser identificada apenas em pesquisas pontuais, limitadas e extremamente burocráticas.
Opiniões Ainda com relação a aspectos ligados ao avanço do conhecimento no campo fundiário, cumpre citar a certificação do georreferenciamento de áreas rurais, prevista pela Lei nº 10.267/2001, e que tem por objetivo propiciar a efetiva identificação das propriedades, seus exatos limites e seus proprietários. A esse respeito, vale salientar que um país como o Brasil, cujas dimensões são continentais, necessita implementar, com urgência, políticas que otimizem a conclusão do processo de georreferenciamento, a uma, porque as transmissões dominiais passaram a ser condicionadas a tal procedimento, o que, obviamente, pode engessá-las; a duas, por ser de conhecimento geral que os órgãos certificadores não conseguem suprir a demanda de processos já existente. Daí minha opinião de que somente os empreendedores, cujo objetivo não seja o da mera especulação imobiliária, terão disposição e espaço para enfrentar os desafios impostos pelas situações fundiária, imobiliária e registrária ora citadas, que, ao se entrelaçarem, ocasionam, muitas vezes, latente insegurança jurídica, insegurança essa que, ao menos por enquanto, só poderá ser mitigada mediante adoção de cautelas e pesquisas bastante rigorosas. Entendo também que, mediante a soma de esforços governamentais e do empreendedor, formal e de boa-fé, poderão ser criadas condições para transposição dos gargalos existentes e daqueles que venham a surgir em decorrência do cenário em apreço e que merecerão ser solucionados sob a perspectiva do futuro, tendo como pano de fundo o crescimento sustentável da região, pautado na necessária segurança jurídica que demanda a questão fundiária no Brasil.
Roosevelt de Paula Almado Fotografias 31 8713-4951
ensaio especial
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o regime hídrico
nas novas fronteiras
" A disponibilidade natural da água é o resultado do balanço hídrico climático entre a precipitação e a evapotranspiração potencial. Ou seja, não basta se basear apenas na precipitação anual para definir se a região tem ou não tem água suficiente. " Walter de Paula Lima Professor do Departamento de Ciências Florestais da Esalq-USP
A água é elemento fundamental nos processos da biosfera, e sua disponibilidade natural delimita regiões onde é ou não é possível obter a desejada produtividade florestal. Essa condição básica constitui imposição natural climática que o planejamento do empreendimento florestal deve respeitar, a ponto de comprometer sua sustentabilidade econômica. A disponibilidade natural da água é o resultado do balanço hídrico climático entre a precipitação e a evapotranspiração potencial. Ou seja, não basta se basear apenas na precipitação anual para definir se a região tem ou não tem água suficiente. Quando a precipitação anual é maior do que a evapotranspiração potencial, ocorre excedente hídrico, que abastece o lençol freático e alimenta a vazão dos riachos. Condições de evapotranspiração potencial maior do que a precipitação definem regiões secas, onde normalmente só há água superficial quando chove. O Nordeste semiárido, nesse sentido, já é bastante conhecido por todos, mas há também outras regiões do País onde esse balanço é crítico. E há também regiões onde, em média, ocorre algum excedente hídrico, mas, em geral, muito pequeno e também variável de ano para ano. Tentar encontrar alternativas para a expansão florestal nessas regiões, mesmo com a ajuda da engenharia genética, carrega alto risco, não apenas do ponto de vista do sucesso do empreendimento, mas principalmente ambiental. É imprescindível, portanto, que a análise do regime hídrico constitua aspecto fundamental no planejamento das novas fronteiras da expansão de florestas plantadas no País, a fim de evitar que os benefícios econômicos dessa expansão não sejam suplantados pelos custos ambientais. Do ponto de vista hidrológico, os inúmeros resultados experimentais obtidos com plantações florestais no mundo todo, inclusive no Brasil, mostram, primeiro, que plantações florestais com espécies de rápido crescimento demandam muita água. Porém, mais importante, eles mostram, também, que esse consumo, embora alto, se mantém dentro das disponibilidades naturais de água, ou seja, não se trata de processo descontrolado e inerentemente impactante. E a análise conjunta desses inúmeros resultados mostra, também, que a ocorrência de impactos hidrológicos vai depender essencialmente da análise prévia das condições na-
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turais de disponibilidade de água. Assim, em regiões onde o excedente hídrico é normalmente pequeno, que resulta em deflúvio médio anual menor do que 10% da precipitação anual, então é bem possível que as plantações florestais vão usar todo esse pequeno excedente hídrico, na escala de microbacias. Na linguagem popular, isso corresponde a materializar o mito de que “seca o solo”. Por outro lado, em regiões úmidas, de alto excedente hídrico, onde o deflúvio médio anual é normalmente maior do que 30% da precipitação anual, as plantações florestais apresentam, em geral, alta produtividade, por sua vez correspondente a uma maior evapotranspiração. Nessas condições, pode ocorrer, também, alguma diminuição no deflúvio na escala de microbacias, mas não o secamento completo do riacho. Evidentemente, no primeiro caso, a eventual diminuição da água superficial pode ser ambientalmente mais perversa do que no segundo. Essas evidências mostram a importância do planejamento adequado da expansão florestal nas novas fronteiras. Mais do que isso, elas requerem uma mudança de enfoque nas relações entre a silvicultura e a água, no sentido de também se preocupar com a permanência da água superficial, a água azul, que é a água que atende a todas as demais demandas desse precioso líquido, inclusive a demanda ambiental. Não há nada de errado em fazer plantações florestais, ou na expansão dessas plantações para novas áreas. Não deve também ser motivo de preocupação o fato de que elas precisam de muita água, pois isso é evidência já demonstrada. O que se deve verificar, todavia, é se esse consumo de água para atender à produção florestal está dentro das possibilidades do meio, para garantir a permanência da vazão nos riachos. Na escala operacional, isso equivale a implementar estratégias hidrossolidárias de manejo, cujo alcance envolve alternativas de espaçamento, rotação, fisiologia das espécies, percentual de ocupação da área da microbacia pelos talhões florestais, proteção das áreas hidrologicamente críticas das microbacias, proteção da superfície do solo, etc. Esse é o grande desafio da sustentabilidade hidrológica do manejo de plantações florestais.