versaofinal_livromerces

Page 1

Encontros com Nossa ^ Senhora das Merces

Encontros com Maria 1


2 Encontros com Maria


Apresentação

A

Ordem Mercedária instituiu o ano de 2016 como o ano de Nossa Senhora das Mercês, um grande gesto dentro das preparações para o Jubileu dos 800 anos de fundação. Dessa forma, a nossa Província Mercedária do Brasil, oferece aos devotos das Mercês os Encontros com Maria. Uma forma simples e popular de rezar com Maria das Mercês. São encontros com uma linguagem fácil e envolvente. Os temas vão desde históricos e de atualidade, mostrando toda força da espiritualidade que vem do Carisma Mercedário. Os devotos poderão conhecer com mais profundidade a riqueza secular dessa espiritualidade, compartilhar momentos de encontros com outros fiéis, criar vínculos de partilha e favorecer a comunhão na comunidade. E ainda fortalecer a fé em Jesus Cristo seguindo os passos de sua Mãe, a Mãe das Mercês. Espero que as Dioceses, Paróquias, Capelas, Fraternidades e grupos, que tem devoção a Nossa Senhora das Mercês, adotem esses encontros e propaguem essa devoção que está prestes a completar 800 anos. Mercês evoca uma experiência histórica de libertação. Uma experiência feita por São Pedro Nolasco e seus companheiros no século XIII. Homens profundamente marianos que dedicaram suas vidas e recursos na libertação dos cristãos cativos, vítimas dos mulçumanos radicais. Esses consagrados da libertação passaram a chamar a Mãe de Jesus de Maria das Mercês para a libertação dos cativos. Nasceu assim essa importante devoção, da oração contemplativa para a ação de redenção. Que Nossa Senhora das Mercês ilumine e guie cada pessoa que com fé fizer esses 12 encontros com Maria. Frei Rogério Soares de Almeida Silveira Encontros com Maria 3


1- O “SIM” DE MARIA 1. HINO A NOSSA SENHORA DAS MERCÊS (José Manuel Marroquin) Glória ao teu nome, porta e delícia da celeste Jerusalém. Divina Mãe do amor formoso, amável Virgem das Mercês Glória ao teu nome, Senhora e Rainha da terra e dos céus, de cujos pés a branca lua e o sol brilhante e as estrelas são escabelo. Noutros tempos, o muçulmano, fero inimigo da nossa fé, fez o cristão gemer cativo nos cárceres da África infiel. Mas tu, Senhora, tu compassiva, tu amável, Virgem das Mercês, já para sempre quebraste o cetro do agareno potente e cruel. 2. ORAÇÃO INICIAL Senhor, assim como Maria soube dizer “sim” ao vosso chamado, permiti que nós estejamos dispostos a escutar e aceitar o que hoje nos disserdes em nossa oração, pois desejamos que o vosso Evangelho se faça vida em nossos corações e se espelhe em nossa missão redentora. 3. LEITURA BÍBLICA: Lucas I,26-38 No sexto mês foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem 4 Encontros com Maria


chamado José, da casa de Davi; o nome da virgem era Maria. E entrando, lhe disse “ Alegra-te, Cheia de graça, o Senhor está contigo”. Ela perturbou-se com estas palavras e pensava o que significaria aquela saudação. O anjo lhe diz: “ Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus; eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; reinará sobre a casa de Jacó pelos séculos e o seu reino não terá fim”. Maria respondeu ao anjo: “ Como será isto, pois não conheço varão?” O anjo lhe respondeu: “ O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que nascer de ti será santo e será chamado Filho de Deus. Olha, também Isabel, tua parente, concebeu um filho na sua velhice, e este já é o sexto mês daquela que chamavam estéril, porque para Deus nenhuma coisa é impossível”. Maria disse: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo a deixou. 4. REFLEXÃO Quando Maria deu o seu “sim”, toda a sua vida encheu-se de sentido. A natureza do “sim” amarra quem o pronuncia e também oferece plena liberdade na sua configuração. Quem o pronuncia se enche com a sua personalidade, dá-lhe um peso específico e a sua cor única, e, ao mesmo tempo, é formado, liberado e realizado pelo seu “sim”. Toda liberdade cresce pela entrega. Da liberdade que não se amarra provém toda fecundidade. O “sim” de Maria é toda graça. Por ele, pôs-se à disposição do chamado com uma doação total, com toda a força e a profundidade do seu ser e de suas capacidades. Dizendo “sim”, Maria renuncia a si mesma, anula-se para deixar que somente Deus atue nela; ela abre à sua ação todas as possibilidades, que constituem a sua essência, que lhe foram confiadas, sem que ela possa ou queira dominá-las. Com essa decisão, transforma-se em cooperadora, por ser fruto de uma renúncia. Maria, como ninguém, renunciou a tudo o que era próprio, para deixar reinar somente Deus. Por isso, Deus a presenteou com um Encontros com Maria 5


poder maior de colaboração. Ela renunciou de uma vez e para sempre à autoformação de sua própria vida como igualmente à da vida do seu Filho. Em sua essência, o “sim” é graça que vem de Deus, repercute no ser humano e na sua missão. O “sim” da Mãe se assemelha a um matrimônio entre o divino e o criado, e o fruto dessa união é o Redentor do mundo. O “sim” e a redenção estão enlaçados um ao outro, tão inseparavelmente unidos que a criatura não pode dar nenhum “sim” sem ser remida, sem ter dado de alguma forma o seu “sim” a Ele. Esse mistério tem a sua fonte no “sim” de Maria, pois este “sim” foi suficiente para que o Senhor encarnado diga “sim” a todos os seres humanos. O seu “sim”, portanto, tem um caráter representativo, vicário, como o tem o “sim“ do Senhor. 5. CÁPSULA MERCEDÁRIA Nós os mercedários: Atualizamos nossa consagração fundada em Maria e exemplarmente vivida por nosso santo fundador Pedro Nolasco, cultivando-a num processo de purificação e entrega interior que nos permite viver em liberdade, superando o egoísmo e fazendo frutificar os dons da graça (COM 21). 6. MOMENTO DE PARTILHA Um mundo conturbado e ventos de mudança revelam na Igreja a mercê de Maria. Entremos agora no túnel do tempo. Ao sairmos do outro lado, há quase 800 anos, vamos encontrar um mundo conturbado por lutas de religiosíssimos agressivos e vingativos: cristãos de um lado, muçulmanos, do outro; o avanço islâmico, por uma parte, as famosas cruzadas, por outra, com muitos massacres num campo e noutro, muita animosidade e a mensagem evangélica do amor e do perdão ficando cada vez mais distanciada de todos. De repente, desencadeiam-se ventos de mudança e o Espírito de Deus sopra de novo na sua Igreja, inspirando a atitude da misericórdia, do perdão, do indulto, da MERCÊ de Deus em favor dos seus eleitos, cria6 Encontros com Maria


turas preciosas que custaram o sangue do seu Cristo. Surgem, então, movimentos religiosos que procuram traduzir na prática esta Mercê de Deus. Santo Domingos e seu grupo tentam a conquista dos inimigos pela palavra em vez da espada; São Francisco e seus companheiros se propõem a entrega de serviços e bens, o despojamento, no lugar da busca louca do dinheiro, tanto por parte do mercantilismo muçulmano como da burguesia cristã. São Pedro Nolasco, com os seus, se lança ao empreendimento mais desafiador, que é enfrentar a astúcia do esquema comercial islâmico, arriscando a própria vida para libertar massas de pessoas caídas na situação de mercadoria humana, forma hedionda de catividade, que humilhava, torturava e forçava, na marra, os seguidores de Jesus Cristo a abjurarem da sua crença. O cativeiro era, como haveria de ser sempre, um inferno humano. Essas três frentes marcaram época e redescobriram para a Igreja sua vocação cristã de caridade e de perdão. Esta terceira linha de frente coube, como se disse, a um jovem comerciante de Barcelona, chamado Pedro Nolasco. Na qualidade de COMERCIANTE, sabia como lidar com o assunto da compra e venda de MERCADORIAS, o quanto custava cada produto. Quando percebeu que o mundo da catividade se tornara um espaço de exploração do ser humano até a mais abominável degradação, Nolasco se sensibilizou com o drama. Jovem cristão e religioso, entendia que o HOMEM é uma pérola-sagrada da criação que vale o amor criador de Deus e o amor apaixonado do seu Cristo. Era preciso investir tudo no cativo. Até a vida. E criou na Igreja um movimento religioso com o significativo nome de Ordem de Santa Maria das Mercês da Redenção dos cativos. Nolasco mexeu no nervo central da teologia bíblica vétero e neotestamentária: “Escutei o clamor do meu povo e desci para libertá-lo.”(Ex3,7-8); “O Espírito do Senhor me consagrou; para anunciar a Boa Nova aos pobres; para proclamar a libertação aos presos; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano de graças do Senhor” (Lc 4,18-19). Ele foi fundo na compreensão do homem vítima de catividade. O homem vale muito. Vale o amor de Deus e a paixão do seu Ungido. Tanto Encontros com Maria 7


assim que Cristo veio para readquiri-lo. O termo eclesial é redimi-lo: de REDIMERE = recomprar. Redenção significa recompra, reaquisição, possuir de novo. Jesus é o REDENTOR . “Recordai-vos deste povo que outrora adquiristes, desta porção que remistes para ser vossa herança”. (Sl 73..). E o importante é que, para esta empreitada de redenção dos cativos, aparece a própria Mãe de Deus. No dia 10 de agosto de 1218, quando Nolasco orava e buscava saída para o problema, é ela quem vem com a proposta da parte de Deus. Trata-se de uma das mais antigas aparições de Maria na História da Igreja. Ela é, portanto, a inspiradora da obra da redenção do cativo. E a mensageira, o canal da graça, do favor, do benefício de Deus. Ela vem em seu nome como misericórdia, benignidade e indulgência. E a MERCÊ de Deus em favor dos filhos mais sofridos. Maria está assim na origem mesmo deste movimento de caridade. E este seu desejo de Mãe é para valer. Ela vem como chanceler de Deus para autorizar o mais grandioso negócio: o da compra da liberdade do cativo. REDIMIR: adquiri-lo de volta, restituir-lhe a dignidade, sua liberdade. Encarnando esta vontade de Deus, Maria é constituída Mercê de Deus em favor do cativo. Ela se apresenta de vez como luz esplendente que brilha nos porões da treva humana, presença que infunde esperança, aurora rutilante que prenuncia vida nova, força de ressurreição que chama à vida os cativos da morte. Não podia ser diferente. Afinal ela é Mãe e sabe o quanto custa a vida de cada filho. Ela está interessada em que nenhum se extravie. Que cada um seja respeitado e querido. “Que todos participem da liberdade e da glória dos filhos de Deus” (Rom, 8, 21). Pedro Nolasco foi genial para entender, humilde para obedecer, corajoso para empreender, desapegado para lançar-se por inteiro a esta obra de mercê, para a qual entendeu que convinha apostar tudo: a inteligência, o prestígio, a vontade, tempo, dinheiro, joias, projetos, a própria vida. Pois, Mercê não era para ele uma palavra. Mas um movimento, uma ação de Deus por Maria. Não há tradução para esse gesto. Ele é sim8 Encontros com Maria


plesmente mercê de Deus e de Maria, é visita que restaura a esperança, garantia de liberdade para os cativos. Assim começou a obra de Mercê. Sua executora, Maria. Pedro Nolasco, o provedor; a Igreja, a ‘agência” de negócio. Seu destinatário, o cativo. 7. PETIÇÕES Dirijamos agora nossa oração ao Deus de Misericórdia, que nos deu Maria por Mãe. - Que a nossa Ordem das Mercês viva sempre com gratidão e fidelidade a vocação divina que a chamou sob o amparo de Maria, para o exercício da caridade redentora. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Para que Deus chame muitos de seus filhos para imitar a caridade de Cristo Redentor pela entrega de si mesmos, com um generoso “sim” como o de Maria, em nossa família mercedária. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Para que muitos colaborem nos ministérios que a Ordem desenvolve na Igreja e no mundo. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. 8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais pobres entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos, alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. Encontros com Maria 9


2- MARIA: MULHER DE CORAÇÃO LIVRE 1. HINO À NOSSSA SENHORA DAS MERCÊS (Quitéria Varas – 1905 ) Doces hinos de amor a Maria entoemos com fervorosa voz, repitamos com doce harmonia; glória, glória à Mãe do Senhor. Chega a ti como Rainha do céu o som da escrava corrente, do cativo o clamor em sua pena com que geme o prisioneiro, ao rigor, condoída, aos teus filhos reúnes e a tua voz soberana e clemente, abrasados em zelo fervente, a Real Ordem se funda em tua honra. 2. ORAÇÃO INICIAL Senhor, reconhecemos que somos complicados. Isso faz distanciar-nos de Vós. Suplicamos que esta oração nos ajude a sermos simples para estar junto de Vós. Queremos que encontreis em nós uma alma vazia de ambições e de preocupações superficiais, que esteja aberta para Vos acolher e para vivermos segundo a Vossa vontade. 3. LEITURA BÍBLICA: Lucas 1,34-38 Maria respondeu ao anjo: “ Como será isto, pois não conheço homem algum? ” O anjo respondeu-lhe: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será santo e será chamado Filho de Deus. Olha, também Isabel, tua parente, concebeu um filho na sua velhice e este é já o sexto mês 10 Encontros com Maria


daquela que chamavam estéril, porque nada é impossível para Deus”. Maria disse: “ Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” E o anjo retirou-se. 4. REFLEXÃO O coração de Maria é completamente simples por estar perto de Deus. Ela vive de tal maneira em Deus, que sempre sabe o que Ele quer dela e que, para ela, nada é mais fácil que fazer a pura vontade de Deus, ainda quando se lhe exija algo difícil e amargo. Na vida de Maria há muitas perguntas por fazer, mas não se detém nelas. Ela está sempre disponível e aberta para todos aqueles que a necessitem. Em Maria não existe nenhuma mentira, nada oculto, nenhum fingimento. Não fica na defensiva, com exigência. Nenhuma tensão entre o que é e o que deveria ser. Nenhuma queixa. Nenhuma diminuição daquilo que Deus quer dela. Aceitou ser a escrava do Senhor com toda a humildade, sem deter-se nela mesma, sem comprovar se era digna ou capaz de dizer a Deus um sim tão grande, mas sabendo, claramente, que a força do cumprimento é dada junto com a escolha. Ela acreditava em Deus como toda mulher piedosa do seu povo, que, juntas, aguardavam a vinda do Messias prometido. Todavia, Maria não suspeitava que esse Messias lhe fora dado como o cumprimento perfeito de sua fé. Para Maria, viver na fé significava viver no silêncio. Por isso, a existência da Mãe transcorria no ocultamento de um grande silêncio. É um silenciar sobre ela. Não se sabe nada de sua vida verdadeira, do mistério de sua virgindade para, assim, proteger o mistério do Filho. Nesse silêncio, ela participa do diálogo entre o Filho e seu Pai celeste, que é o coração da oração, e, também, doação perfeita. Cada uma de suas orações e de suas ações contém sempre a sua doação total e livre para Deus e para o que Ele lhe indica. Nos anos da contemplação do Filho, quando ela, em silêncio, seguia o silêncio dele, põe à sua disposição tudo o que ela possui, para fazer possível, desse modo, o seu ocultamento. Nos anos de ação, até o momento da cruz, ela vive e sofre nEle e mostra novamente que toda a sua missão está ligada a de seu Filho. O seu ser é a obediência. Encontros com Maria 11


E, finalmente, obedecendo ao Filho, prossegue o seu caminho junto a João, na mesma obediência, sem nunca deixar aparecer uma dúvida, que é levada completamente na fé e que permanece fiel até o fim do primeiro sim dado ao Espírito Santo. Dessa maneira, Maria é obediente ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. 5. CÁPSULA MERCEDÁRIA Nós, os mercedários, descobrimos o modelo perfeito da própria obediência em Maria, que, com fé humilde, generosa e confiada, aceitou plena e responsavelmente a vontade divina, associando-se ao oferecimento redentor do seu Filho, em espírito de serviço a Deus e aos homens ( COM.42 ). 6. MOMENTO DE PARTILHA: Quem é o “cativo”. Somos induzidos a pensar nos prisioneiros de guerra, nos sequestrados que circulavam lá do outro lado do túnel do tempo. E, sem dúvida, não eram poucos. Contavam-se centenas de milhares: homens, mulheres, crianças, pobres, ricos, nobres e plebeus, pobres coitados que caíam nas malhas daqueles truculentos e ambiciosos sarracenos e eram obrigados a amargar, longe dos seus e da sua pátria, as agruras dos serviços forçados, das torturas, dos sádicos martírios, só porque pertenciam aos crentes de Jesus Cristo. Mas esses coitados eram apenas os que estavam mais à vista, na flor da pele dos sistemas de cativeiro. Representavam tão só a ponta do “iceberg” que denunciava a massa abismal de humanos aplastados pelos sistemas de catividade, impostos pela arrogância dos que são dominados pela “soberba da vida”. De fato, Nolasco e os seus iam ali onde sangrava a ferida. Todavia, quando garimpavam aquele submundo da perversidade humana e resgatavam aquelas infelizes criaturas, trazendo-as de volta, eles mostravam à sociedade e à Igreja o seu troféu: a preciosidade de vidas humanas, arrestadas ao inferno da existência, mas agora tornadas livres pela Mercê de Maria. 12 Encontros com Maria


Este gesto de mercê terminava mostrando a todos aonde a boçalidade humana é capaz de ir com seus esquemas de sadismo: a ganância, a injustiça, a exibição das forças geradoras do mal, que alimentam os sistemas que mantêm pessoas cativas. O canto do MAGNIFICAT de Maria logo revela a Nolasco os três planos da realidade pelos quais, quando absolutizados, os homens se matam: a economia, a política e a ideologia. A loucura pelo poder, pelo mando, que cega e oprime; a obsessão pelo ter, que, na ânsia de acumular, explora e mata; o desrespeito pelas diferenças, que gera intolerância, exclusivismos, preconceitos de raça, cor, credo, sexo, partido, condição, impedindo a unidade. Por outro lado, Maria revela a Nolasco a mística de um Deus: que “destrói” o poder dos que mandam e enaltece os pequenos, que “despede” os ricos de mãos vazias e sacia de bens os famintos; que “faz cair os soberbos e suscita um mundo novo”. (Lc, 1,51-53). 7. PETIÇÕES Dirijamos agora a nossa oração ao Deus da Misericórdia, que nos deu Maria por Mãe. - Pelos membros da família mercedária, para que o encontro com Cristo nos liberte da mediocridade e nos ensine a abraçar com resolução as exigências do Evangelho. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Por todos os que não podem professar a sua fé cristã por causa das perseguições ou situações contrárias ao Evangelho, para que encontrem aqueles que, movidos pela caridade de Cristo, os consolem e lhes deem atenção. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Para que, vivendo justa e piedosamente, perseveremos no caminho da santidade com um coração livre. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor.

Encontros com Maria 13


8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar o Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais pobres entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos , alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. 3- MARIA ATENTA À PASSAGEM DE DEUS POR SUA VIDA 1. HINO MARCHA MERCEDÁRIA (Chile) Glória ti, Virgem Pura e sem mancha, maravilha de Deus Uno e Trino. Arca santa do Verbo Divino, Mãe augusta do doce Jesus. Salvadora com Deus dos homens e de graça puríssima cheia, ao quebrar-se a antiga corrente Mãe nossa te fizeste na cruz. Sim, que ouvindo o amargo lamento que à violenta opressão entregue o cristão definhava angustiado. Compassiva, ouviste a sua voz, para libertá-lo, desceste do céu, fiel, rende-te ao seu pedido, 14 Encontros com Maria


e o cativo vê suas amarras quebradas, e por ti volta a sua pátria e a Deus. A Ti, Mãe amorosa, invocamos, doce fonte de graça e consolo, desterrados em árido solo, desta vida na mísera luta; tuas mercês, divina Maria, sobre os teus filhos piedosa derramas, hoje a Igreja chorosa te aclama; Triunfadora, poderosa Judite. 2. ORAÇÃO INICIAL Derramai, Senhor, a vossa graça sobre nós, que, pelo anúncio do anjo, conhecemos a encarnação do Vosso Filho, para que cheguemos, pela Sua paixão e Sua cruz, à glória da Sua ressureição. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém. 3.LEITURA BÍBLICA: Lucas 1,26-38 No sexto mês foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de Davi; o nome da virgem era Maria. E entrando disse-lhe: “ Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Ela perturbou-se com estas palavras e pensava o que significaria aquela saudação. O anjo lhe disse: “ Não tenhas medo, Maria, pois encontraste graça diante de Deus; conceberás no teu seio e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus”. Maria respondeu ao anjo: “ Como será isso pois não conheço homem?” O anjo respondeu-lhe: “ O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que de ti nascer será santo e será chamado FILHO DE DEUS”. Disse Maria “ Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo, deixando-a, retirou-se. Encontros com Maria 15


4. REFLEXÃO O encontro de Maria com o anjo recapitula a sua vida anterior de contemplação. Dá-nos as primeiras notícias que temos dela. Não sabemos quem é. Não conhecemos o seu passado. Quando ela percebe o anjo, transparenta-se toda à disposição da sua alma. A aparição do anjo é o cumprimento de sua oração, por isso pode vê-lo e obedecer-lhe. A sua obediência é o paradigma da futura obediência cristã, que nutre seu sentido da vida de oração, do reconhecimento da vontade de Deus. Ela vê o anjo com os seus próprios olhos, sob a forma própria de sua essência e de sua aparição. Mas o seu olhar não fica no anjo, mas nele e após ele vislumbra-se o céu e eleva-se imediatamente para Deus. Sabe, com certeza, que, ao estar pronta a obedecer à palavra do anjo, obedece à voz de Deus. Não vacila, não interrompe. A aparição é para ela algo incondicional, é a resposta determinante e inequívoca à sua fé. Por isso o anjo não se apresenta e dá início à saudação: “ Deus te salve, cheia de graça”. O anjo prossegue: “ O Senhor está contigo”. Ela ainda não concebeu o Senhor e, mesmo assim, Ele já está com ela, pois a escolheu como Mãe. Quando Maria ouve as palavras do anjo, se perturba. A sua inquietação origina-se do fato de que lhe deram um nome e um título novo. A sua humildade faz que reaja dessa forma. A sua aceitação é absoluta, mas não é fácil. Ela somente sabe que Deus a comoveu na sua totalidade e unidade mais íntima. Nela começaram a vibrar cordas de sua alma que não conhecia, porém sempre havia esperado esse toque que se expõe, se oferece a toda inquietude, ainda que essas inquietudes devessem crescer até chegar à cruz. O anúncio do anjo é tão repentino e inesperado que tudo parece desabar ao seu redor. Mas o anjo insiste, e, como a uma mulher nobre, se lhe mostra a história dos seus antepassados, pois é necessário aclarar-lhe a própria missão ou destino. Maria compreende e afirma o seu lugar e a sua tarefa na história atual de sua raça. Foi tranquilizada pelo anjo, por isso Maria experimenta que a sua preocupação já pertence a Deus. O anjo mostra-lhe o caminho para que aquela unidade, que, na verdade, já existia, se faça realidade uma vez mais por meio do seu “sim”. Deve 16 Encontros com Maria


entregar a Deus o que sempre lhe foi dado. Maria não está mais sozinha com o seu destino, mas, sim, consolada e protegida. Agora, a Mãe pode responder: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. 5. CÁPSULA MERCEDÁRIA “Maria predileta da Trindade e associada ao Redentor foi partícipe do Amor misericordioso que desde a fonte trinitária, passando pelo seu coração de Mãe, projetou-se sobre a humanidade cativa. Não podia estar ausente da obra redentora de Pedro Nolasco e do seu instituto de libertação. Assim, Maria acreditou sempre na Ordem das Mercês que, por isso, tem e venera Maria como Mãe e Fundadora” (AA.VV, La Orden de la Merced espíritu y vida, pg. 266 ). 6. MOMENTO DE PARTILHA Mercê Libertadora do cativeiro de todos os tempos. A mercê de Maria mostra que a realidade da catividade vai muito além daqueles pontos de estrangulamento, onde o ser humano está encarcerado. Ela existe em todo tempo e lugar onde o homem é submetido à condição de “coisa”, de troço, de joguete dos outros; onde o homem não tem condição de exercer a sua liberdade de ser. A grande revelação é a de que não há campo da sociedade e até das igrejas que não esteja minado por essas forças. E, consequentemente, não há tempo, nem lugar onde não haja cativos. A tendência equivocada de confundir “cativeiro” com “escravidão” pode levar a se pensar que não haja mais em nosso tempo a catividade. De fato, ambos os conceitos traduzem privação da liberdade. Mas são realidades diversas. Na escravidão, alguém é dono da liberdade do escravo. No cativeiro, ninguém se apropria da liberdade do outro, mas inibe as condições do outro ser livre. A sociedade de hoje não é escravista, mas suprime de muitas pessoas a liberdade de viverem sua própria vida ou usufruírem de bens legítimos, condicionando sua liberdade em relação a ser, a falar e a obter estes bens que lhes são devidos. Encontros com Maria 17


Assim João Paulo II, escrevendo à Ordem das Mercês por motivo dos seus 750 anos, diz: “Apraz-nos constatar de que maneira prudente, mesmo tendo mudado profundamente os tempos e as condições da vida cristã, a Ordem das Mercês tenha sabido com acerto e conseguido felizmente adaptar o propósito do seu Fundador de libertar os cristãos do cruel cativeiro do corpo, a outros modos de libertação dos homens que se vêem, também hoje, não menos oprimidos por outras formas de cativeiro: chamamo-lo injustiça e falta de respeito para com a dignidade humana; chamamo-lo pecado e ignorância da verdade evangélica”. O desrespeito pela dignidade humana se traduz em tantas formas de opressão política, social e econômica, impostas sobre imensas massas da população mundial. No Brasil os índices sociais são alarmantes: mais de 50 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, portanto, na miséria; a audácia do latifúndio, penalizando milhões de agricultores sem terras; nas cidades, a incontável cifra de desempregados, muitos deles sem ter onde morar e se alimentando dos lixões urbanos; Em todo o País, os exércitos de menores abandonados, o empilhamento desumano de detentos no sistema penitenciário; a violência sacrificando mais de 50 mil pessoas por ano; a incontrolável onda de sequestros e chacinas de civis; a dizimação dos povos indígenas, a ousadia do crime organizado, o estímulo empresarial ao cultivo e comercialização das drogas, a corrupção política e civil, a pobreza nordestina, mitigada apenas pelas famigeradas cestas de alimentos; o encabrestamento eleitoreiro com o controle das liberdades democráticas; tudo isso mantém submissas as camadas desprotegidas da sociedade. E não é só. A cultura individualista dos nossos dias isola milhões de pessoas no inferno do anonimato, da solidão e da angústia. Enquanto, por outro lado, a degradação moral arroja tantas outras mais na rede da licenciosidade e do vício, mantendo-as reféns dos próprios impulsos. Tudo isto representa as novas situações de cativeiro de que fala o Papa e contra as quais lutam os nossos bispos, nos seus documentos colegiados, ou nas já institucionalizadas Campanhas da Fraternidade, feitas entre nós todos os anos como forma de iluminar a consciência cristã 18 Encontros com Maria


no sentido de se deixar para trás o mundo de miséria e de morte e se construir o mundo novo, proclamado pelo mistério redentor de Cristo. O cuidado de Maria por todos esses cativos demonstra assim sua grande mercê. Ela mesma é constituída Co-redentora. Está associada ao gesto redentor do seu Filho no mistério da redenção do homem; e agora, de maneira mais plástica, quando inspira essa ação libertadora. Ela se revela como ideal de liberdade e de libertação. As maravilhas que Deus opera nela tornam-se sinal do que Ele faz em favor de toda a humanidade. Sua iniciativa representa a inversão dos valores do mundo no valor supremo da recriação da nova humanidade: “o novo céu e a nova terra, onde habitará a justiça” (2Pe,3.13). Mercê é isto. É gesto de redenção, de misericórdia, de libertação. 7. PETIÇÕES Dirijamos agora a nossa oração ao Deus da Misericórdia, que nos deu Maria por Mãe: - Senhor, Vós que nos revelastes vossa misericórdia em Cristo, concedei a vossa Igreja ser testemunha dessa misericórdia diante das necessidades e sofrimentos da grande família humana. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Senhor, pai rico em misericórdia, que resgatastes vosso povo da escravidão do Egito, não esqueçais, hoje, os vossos filhos que são perseguidos por causa do vosso nome. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor, -Senhor, Vós que tivestes especial carinho pelo órfão e pela viúva, olhai com amor para os pobres, os que estão em cativeiro, os oprimidos; sarai os seus males, acrescei sua esperança, fortalecei a sua fé. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor, 8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais Encontros com Maria 19


pobres de entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos, alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. 4- MARIA, MULHER DA PÁSCOA LIBERTADORA 1. HINO Virgem, Mãe das Mercês ! que, na celeste morada, és por Deus coroada Rainha da criação. E não rejeitas, amorosa, colocar atenciosa o ouvido ao doloroso gemido do mortal na sua aflição. Doce Mãe, não nos negues a tua amorosa proteção. Virgem que, quando chorava em noite de eterno duelo o cativo sem consolo dentro de lúgubre prisão, de sua sorte condoída, até a terra chegaste e nela, a obra iniciaste de amor e redenção. 20 Encontros com Maria


E formaste uma família de alva roupagem vestida, é a tua família querida, de amor cheio o coração, porque lhe inspiras ardente o mais puro zelo, são anjos que do céu trazem nobre, incansável missão. Para nós, teus filhos, que o teu belo escapulário levamos em nosso peito como glorioso brasão, faze que esse emblema querido seja escudo e fortaleza contra a humana fraqueza e sinal de salvação. Doce Mãe, não nos negues a tua amorosa proteção. 2. ORAÇÃO INICIAL Nosso Deus, que alegrastes o mundo pela ressurreição do Vosso Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, concedei-nos, por intercessão de vossa Mãe, a Virgem Maria das Mercês, alcançar os gozos da vida eterna. Pelo mesmo Cristo nosso Senhor. 3. LEITURA BÍBLICA: At 1, 14. 2, 42-46 Os apóstolos intimamente unidos dedicavam-se à oração em companhia de algumas mulheres: de Maria, a mãe de Jesus, e dos seus irmãos. Reuniam-se frequentemente para ouvir o ensinamento dos apóstolos e participar na vida comum, na fração do pão e nas orações. Um santo Encontros com Maria 21


temor apoderou-se de todos eles, porque os apóstolos realizavam muitos prodígios e sinais. Todos os crentes mantinham-se unidos e punham o que era seu em comum; vendiam suas propriedades e os seus bens e distribuíam o dinheiro entre eles, segundo as necessidades de cada um. Intimamente unidos, frequentavam, diariamente, o Templo, partiam o pão em suas casas e comiam juntos com alegria e simplicidade de coração. 4. REFLEXÃO Desde a Sexta Feira Santa, a Mãe sofre uma nova esperança. O sofrimento do Filho terminou, e ela foi com ele até as últimas consequências. Saboreou e aguentou o abandono e o extravio. Mas ela sabia que Ele é Deus e, como Deus, sobrevive a todo ocaso e toda morte. Não pode representar-se a ressurreição, nem figurar-se nada do vindouro. Somente tem a fé, que suporta e vence toda morte. Na manhã da Páscoa, como aquela vez da aparição do anjo, ela está aberta para tudo. Não aguarda uma aparição determinada. E aí está, diante dela, o seu Filho revestido de glória divina e ela enche esse espaço com uma plenitude que supera todo sentido humano. A alegria do novo “sim” é tão grande e radiante que ela pode ver, como desde a altura, todos os sofrimentos e separações passados e, certamente, os que estão por vir. A missão terrena da Mãe não chegou ao fim, terá ainda que permanecer no meio dos apóstolos e da Igreja nascente. Maria conhece o caráter definitivo de tudo o que Deus faz. Nada pode separá-la do Filho, nada pode deter nela a obra do Filho. Maria está além de toda preocupação, como estaríamos nós, de sermos infiéis ao “sim” mais forte. Nós podemos responder pela fé no Senhor, não por nós mesmos. Desde sempre, Ela nasceu e viveu de tal forma na graça que tudo o que é dela, mesmo seu “sim”, é levado e assumido pela graça. Isso se vê, agora, na Páscoa com toda resplandecente evidência. Ela é rodeada por todo lado e iluminada até o mais íntimo pela luz da graça do seu Filho. Ela reconhece o fruto da paixão e, porque o sofrimento do Filho era inseparável do seu próprio sofrimento, também reconhece sua colaboração nos dois maiores frutos dos últimos dias: o perdão dos pecados e a Eucaristia. Ela mesma é a penitente perfeita. A sua alma, é 22 Encontros com Maria


para o Filho, transparente até o fundo. No Magníficat, ela louvou as maravilhas operadas por Deus, as que foram feitas por ela e as que foram feitas pelos povos. Ela vê a obra do Pai, que foi o primeiro que queria perdoar o mundo e por isso enviou e sacrificou seu Filho. Hoje, ela sente-se mais perto do Pai do que nunca. Hoje, Maria é a Mãe do Redentor. Hoje, se fez, de verdade, Mãe, e todo o passado era uma preparação em vista deste dia. Vê diante de si a obra realizada pelo Filho e ela mesma está na sua origem: é Mãe no Espírito e pelo Espírito. E o Filho a fez participar, na cruz, expressamente, do nascimento desta obra. Tudo o que no Natal era realidade terrena e carnal, hoje, converteu-se em realidade espiritual e, por isso, é aberta, ilimitada e onipresente; é “Eucaristia ”. 5. CÁPSULA MERCEDÁRIA “Toda a obra de Nolasco e dos diversos institutos mercedários deriva desta grande certeza: a Mãe de Jesus segue presente no coração da Igreja, unificando os fiéis e pondo em marcha um processo de comunicação (de amizade ) que iniciara pela Encarnação (com o fiat ) e que deve terminar no novo céu da liberdade já plena de todos os humanos. Ela nos pede que sejamos libertadores: que façamos o seu próprio caminho, pondo a nossa vida a serviço do amor que reúne os irmãos”. (Xavier Pikaza. Santa Maria de la Merced. Introducción bíblica, pg. 146 ) 6. MOMENTO DE PARTILHA O significado do título Nossa Senhora das Mercês. O vocábulo mercê, na Idade Média, era sinônimo de misericórdia. Mas misericórdia exercida com os mais miseráveis daquele tempo, que eram os cativos. Assim entendeu Afonso X, o sábio, quando disse “tirar as pessoas do cativeiro é coisa que agrada a Deus, porquanto é obra de mercê”. As primeiras Constituições da Ordem também determinam que o religioso mercedário “esteja gozosamente disposto a dar sua vida, se necessário, como Jesus Cristo a deu por nós, para levar a cabo a obra de misericórdia ou mercê, que é visitar e redimir o fiel cativo”. Encontros com Maria 23


Portanto, a palavra significa misericórdia e, sobretudo, misericórdia aplicada à redenção dos cativos. Por ser a tarefa desses religiosos redentores, passa a lhes dar nome. E como eles atribuem sua fundação à Virgem Maria, termina sendo título dela. Virgem da Mercê ou da Misericórdia quer traduzir na Igreja a misericórdia de Maria para com os que sofrem em cativeiros e correm o perigo de perder a fé. Manifesta um aspecto da misericórdia maternal de Maria, o aspecto redentor. A princípio, o termo mercê se refere, pois, a esse gesto concreto de misericórdia: a libertação. Mas logo o seu conceito se amplia e se abre, originando um título novo, o de Mercês, generalizado e expandido, especialmente em América Latina. Como virgem das Mercês, Maria expressa toda sua personalidade teológica de Mãe da Misericórdia, dispensadora de todos os dons de que o homem precisa. O título, pois, remonta a esse momento da história. É uma das mais antigas advocações marianas da Igreja e resulta sendo um compêndio admirável de todas as beneficências de Maria, o seu cuidado pelos que estão no inferno da catividade. Desde os primeiros dias da Ordem, o nome “Mercês” aparecia em documentos públicos, contratos, testamentos. Em 1249, vinte anos após a fundação da Ordem, Pedro Nolasco já inicia a construção de um templo em Barcelona dedicado a Nossa Senhora das Mercês. O nome começou, assim, dentro dos claustros mercedários. De fato, todos os conventos e templos da Ordem eram dedicados a Maria, com o título das Mercês. Como eles se constituíam em focos marianos, logo a piedade popular, ao buscar um templo para orar, foi, de modo natural, consolidando o nome: “Vamos às Mercês”. Nas suas orações e graças alcançadas da Virgem redentora, os fiéis cristalizavam o seu agradecimento, chamando-a de Senhora das Mercês. 7. PETIÇÕES Dirijamos agora nossa oração ao Deus de Misericórdia, que nos deu 24 Encontros com Maria


Maria por Mãe. – -Senhor, Vós que fizestes forte a Maria, na dor, para que permanecesse em pé junto à cruz do vosso Filho, concedei-nos a mesma fortaleza para acompanhar e suster os irmãos R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. Senhor, Vós, que, sob o nome de Mercês, nos mostrais Maria unida a todos os cativos, fortalecei nossa ação a favor dos perseguidos, os pobres e oprimidos. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Para que as nossas comunidades mercedárias ofereçam um profundo exemplo de amor a Cristo e a Maria das Mercês, num ambiente de evangélica fraternidade. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. 8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais pobres entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos , alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. 5- MARIA, MÃE DOS REDENTORES 1. HINO OFERTÓRIO MERCEDÁRIO (Maria de los Ángeles Curros. O.M ) Virgem das Mercês, Encontros com Maria 25


branca pomba. Sob o teu manto, Mãe, protege-nos, ó Senhora. Te oferecemos correntes, dos que escravos, para Ti, Mãe nossa, estendem hoje as suas mãos. Apresentamos Oliveiras, que é caridade, como Nolasco, Senhora, faze que saibamos amar. Entregamos-te a palma, prêmio infinito dos que doaram suas vidas para remir o cativo. 2. ORAÇÃO INICIAL Ó Deus onipotente e misericordioso, que suscitastes, sob o patrocínio da Mãe de vosso Filho, uma família de religiosos imitadores da caridade de Cristo até a entrega de si mesmos para libertar os fiéis cativos, fazei que, guiados por Maria, inspiradora desta obra, dediquemos nossa vida a promover a verdadeira liberdade dos seres humanos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que vive e reina convosco na unidade do Espírito Santo e é Deus pelos séculos dos séculos. 3. LEITURA BÍBLICA: Marcos 3,31-35 Então chegaram sua mãe e seus irmãos e, ficando lá fora, mandaram-no chamar. A multidão estava sentada ao redor de Jesus, e disseram-lhe: “Tua mãe e teus irmãos te procuram aí fora”. Ele respondeu: “ Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? “ e voltando o olhar para os que estavam sentados ao seu redor , disse: “ Estes são minha mãe e meus 26 Encontros com Maria


irmãos. Porque o que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” 4. REFLEXÃO O Senhor serviu-se de sua Mãe de um jeito que lhe permitia, ao mesmo tempo, confiá-la à humanidade. Para a fecundidade de uma missão na Igreja, sempre se faz necessária uma comunidade, tanto no estado matrimonial como no estado de seguimento especial e eleito que nós chamamos “estado religioso”. Maria viveu ambos os estados e fundou ambos com o Senhor. Ele a introduziu nos dois estados, sempre numa determinada e precisa forma de vida comunitária prevista e ideada por Ele mesmo, pois o estado cristão sempre significa fecundidade para Deus. E o amor a Deus não é separável do amor aos homens, então não pode existir um estado cristão fora da comunidade. Essa fecundidade instituída pelo Senhor em ambos os estados é o sinal especial do seu amor aos homens. Neste novo mistério da fecundidade, Ele concede aos que o seguem até a cruz um pouco da fecundidade desbordante que o amor teria no paraíso, de acordo com o imenso amor de Deus. Toda a fecundidade da comunidade radicará no Espírito, pois o seu fruto já não será mais visível e mensurável. Maria deve ajustar-se ao novo marco da Igreja. É costume considerar a decisão e a realização da Encarnação, a separação do Pai, as dificuldades e os fatos únicos repetidos ao longo da vida do Senhor até a morte na cruz como o decisivo na redenção. Mas é possível que se medite muito pouco que a morte mesma significa novamente um crescimento explosivo de todo o anterior e de toda a dureza vivida, que significa uma superação e excesso últimos do amor ao Pai. Que esse amor podia chegar a tal extremo era previsível, inclusive desde a encarnação mesma. Na morte, todo limite é derrubado, e o amor, o sacrifício e a morte derramam-se e desdobram-se pelas bordas de quem os contém. Ela segue o Senhor por toda parte. Vai com Ele também até a cruz, em pleno exterior, lá onde não parece possível estar. Encontros com Maria 27


5. CÁPSULA MERCEDÁRIA “ Santa Maria das Mercês, a Mãe de Jesus é origem do amor, inspiradora de libertação para aqueles que se encontram oprimidos. Ela é, ao mesmo tempo, fonte de exigências para aqueles que, sabendo-se cristãos, descobrem que é preciso dar a vida pela redenção e libertação dos demais. As Mercês é a Virgem de Pedro Nolasco e dos seus frades, a inspiradora de sua obra de libertação, a fundadora verdadeira de sua Ordem” (Xavier Pikaza. Santa Maria de la Merced. Introducción Bíblica,p. 165 e 166). 6. MOMENTO DE PARTILHA Mercês, Senhora da Redenção. São inúmeros os títulos concedidos pelos cristãos a Maria. Advocações que celebram sua dignidade e prerrogativas ou graças especiais com que ela favorece a humanidade. Quanto a isso, tudo o que se disser está longe de alcançar a grandeza do insondável mistério da sua pessoa. Deus a escolhe para ser Mãe do seu Filho: É Mãe de D e u s , imaculada na sua concepção, proclamada Cheia de Graça, Bem Aventurada entre todas as mulheres da terra. Atribui-lhe a maternidade do gênero humano; eleva-a aos céus. Todos esses lances são revelados. Os outros, a humanidade deduz e a celebra com milhares de títulos. Esta formosa variedade de advocações nasce do reconhecimento dos seus filhos. Todos porfiam e se prevalecem deste ou daquele favor ou devoção. No afã de destacar seus atributos, oferecem a fascinante manifestação de filhos que disputam a grandeza da Mãe. Cumpre-se o que ela mesma dissera: “Todos os povos da terra me proclamarão bendita”(Lc. 1,48). À frente desta fantástica concorrência estão as ordens religiosas, as associações piedosas e obras realizadas em seu nome. Entre elas é que se encontra, como das primeiras, a advocação das Mercês. Esta advocação não se refere a uma prerrogativa, ou dignidade. Senão mais bem ao traço materno de Maria e a sua disposição por traduzir este gesto num serviço ao homem. Gesto grandioso do seu coração de 28 Encontros com Maria


Mãe, realizado em favor do segmento mais desgraçado, mais triste a que o homem pode ser reduzido na sua vida: o cativeiro, como a perda da liberdade, justamente por crer em Jesus. Os religiosos mercedários entenderam este gesto de Maria como um estímulo a se tentar salvar com a própria vida, se necessário, a vida daqueles miseráveis; e hipotecando isto na f o r m a de um voto, algo que implica um lance de heroísmo em grau supremo para quem se arrisca a fazê-lo. A espiritualidade cristã já conhecia este gesto como de Redenção. No lance especial da dedicação aos cativos, ele passou a se chamar Mercê, no sentido de que, o cativo liberto, além do favor da parte de Deus, recebe outras mercês, tais como: o retorno à pátria, o gozo da liberdade, o desfrute dos seus direitos, a prática desimpedida da sua religião. Como dizia Santo Ambrósio: “quem redime cativos cumpre, de uma vez, com todas as obras de misericórdia’. Mercê equivale, pois, à Redenção de Maria, Mãe de misericórdia, de piedade, de compaixão. É um favor especial da Mãe de Deus em relação aos mais sofridos da humanidade. 7. PETIÇÕES Dirijamos agora nossa oração ao Deus da Misericórdia que nos deu Maria por Mãe. - Vós que vos fizestes pobre e por nós viestes, não para que vos servissem, mas para servir, concedei-nos amar aos irmãos para ajudá-los nas suas necessidades. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Vós que chamais a todos os homens para saírem das trevas e entrarem em vossa luz admirável, fazei que sejamos verdadeiras testemunhas do vosso Evangelho de salvação. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor, - Vós que desejais que todos se beneficiem dos vossos bens, fazei que apareçam, no vosso povo, pessoas generosas que, impelidas pela caridade, se dediquem de boa vontade à assistência aos pobres e necessitados. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor Encontros com Maria 29


8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais pobres de entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos, alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. 6- MARIA CANTA A MISERICÓRDIA DE DEUS 1. HINO À SANTA MARIA DAS MERCÊS És matinal estrela, augusta, Mãe de Deus, és qual lua bela, eleita como o sol. Alivias, tu, as nossas penas, que, ouvindo o triste gemer do cativo, suas correntes fizeste em pedaços mil. A Ordem, que o teu nome leva de gratidão, um cantar que a ti suave eleva para sempre entoará. Cantem-se a Deus, noite e dia, hinos de eterno louvor, porque nos deixou Maria, Mãe de inefável amor. 2. ORAÇÃO INICIAL Senhor, nós vos pedimos que, ao admirar Maria, a Mãe da Misericórdia, a Virgem Fiel, em quem o Onipotente fez grandes maravilhas, nos sintamos chamados a imitá-la mais e melhor a cada dia e a proclamar com ela vossa grandeza. Por Jesus Cristo nosso Senhor. 3. LEITURA BÍBLICA: Lucas 1,46-55 30 Encontros com Maria


“Engrandece a minha alma ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, porque pôs os olhos na humildade de sua serva; por isso desde agora todas as gerações me chamarão de bem-aventurada, porque fez em meu favor maravilhas o Poderoso; Santo é o seu nome e a sua misericórdia se estende de geração em geração aos que o temem. Com a força do seu braço, dispersou os homens orgulhosos, depôs os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou. Cumulou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando de sua misericórdia como havia anunciado aos nossos pais em favor de Abraão e de sua descendência pelos séculos”. 4. REFLEXÃO O “Magnificat” que Maria pronunciou ante Isabel contém a compreensão que ela possui de sua própria missão, de uma missão que, praticamente, desaparece na grandeza de Deus a quem se confiou. Maria inicia um louvor a Deus e põe nela toda a alegria de sua alma. Ela sempre louvou a Deus no silêncio e o fará por toda a sua vida. Mas é parte de sua missão que o faça uma vez perante testemunhas, em público. Maria não pode iniciar de outra forma senão manifestando sua gratidão a Deus, a quem ela tem a graça de levar, dentro de si, e que é, sem dúvida, o Filho do Altíssimo. Ela chama-o seu “Salvador”, seu “Redentor”, pois também ela está remida; e louvando-o como seu redentor, coloca-se dentro da comunidade de todos os que participarão dessa mesma redenção. Maria também quer deixar bem claro de que forma Ele é Deus. Que grandeza possui, precisamente, no seu abaixamento. Glorifica, inclusive, a sua justiça, que despede os ricos vazios e sacia os famintos. Destrói os orgulhosos e derruba do trono os poderosos para elevar os humilhados. Deus prometeu, há muito tempo, aos pais, a Abraão a quem faz entrever a redenção. Mas não a Abraão como indivíduo, mas como patriarca de todos os que, na fé, deviam participar da redenção. E no meio deles, encontra-se o povo de Israel, o servo de Deus, ao qual também pertence a Mãe de Deus e que constitui a mediação entre o indivíduo e a universalidade católica. Assim, a incrível obra que ela louva é o cumprimento de uma primeira Encontros com Maria 31


promessa de Deus. Maria é bem-aventurada, porque acreditou e, nessa fé, confirma a garantia de que Deus levará a bom termo sua missão. No princípio, ela fala de si mesma, porque a situação assim o exige, para depois chamar-se a um silêncio total e louvar somente as glórias de Deus. O “Magnificat” é a expressão de quanto a Mãe conserva todas as palavras de Deus no seu coração. Disse o que lhe está encomendado dizer e, sobre o resto, se cala. E nas suas palavras pressente-se o quanto, muito mais, ela sabe. O seu silêncio não significa esquecimento e, sim, lembrança. Assume tudo na sua oração. E agora que o Filho está no seu seio, a sua oração é, mais do que nunca, inseparável da oração do seu Filho. A sua oração pertence ao Filho e não pode ser separada da dele. 5. CÁPSULA MERCEDÁRIA “Pela sua intervenção na fundação e na vida da Ordem que leva o seu nome, nós, os mercedários, chamamos Maria, MÃE DAS MERCÊS e a veneramos como inspiradora de sua obra de redenção. Ela é mãe dos cativos aos quais protege como irmãos queridos de seu Filho, e é, igualmente, mãe dos redentores ao oferecer a libertação aos cativos, pois anima e promove assim a missão do Senhor que “derruba os poderosos do trono e enaltece os humildes”. Contemplando Maria, descobrimos o sentido da nossa espiritualidade e a urgência de nossa ação apostólica” (COM 7). 6. MOMENTO DE PARTILHA Como cresceu esta advocação das Mercês na Igreja. Em 1258, o Papa Alexandre IV se dirigira aos mercedários, chamando-os de Ordem de Santa Maria das Mercês. E assim ficara oficialmente, desde 1272. Com a expansão dos conventos mercedários por toda a Europa mediterrânea, o nome da Virgem das Mercês foi se estendendo. Partindo de Aragão, a advocação logo alcançou outras partes da Espanha, França, Itália e Portugal; em seguida, quase todo o mundo cristão, arraigando-se profundamente na alma do povo, com uma grande força mística. De 32 Encontros com Maria


fato, não há em todo o terreno da mariologia como não se esbarrar na pessoa de Maria como mercê de Deus em favor da condição humana perdida. Por isso, a Igreja a chama de Corredentora. Ao se descobrir a América, a espiritualidade das Mercês cresceu quase espontaneamente. Na medida em que os Mercedários se obstinavam aí na defesa incondicional dos nativos contra a lógica predadora dos colonizadores, as nações americanas foram identificando sua mística de filial adoção a Nossa Senhora das Mercês como Mãe protetora de suas raças. Em pouco tempo, está devoção já cobria toda América Central: México, Guatemala, Honduras, Nicarágua, El Salvador, Santo Domingos, Cuba, Porto Rico e Panamá. E, seguidamente, o resto da América: Venezuela, Equador, Colômbia, Peru, Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai Argentina e Brasil, com centenas de Igrejas, capelas, doutrinas, encomendas, missões, patronatos e toponímicos, que consolidaram essa titularidade mariana de Mercês nesta parte do Continente. Por outro lado, o Ofício Litúrgico e Missa, própria de Nossa Senhora das Mercês, estendidos para toda a Igreja, contribuíram com a universalização dessa advocação. E ainda o surgimento, em muitos lugares, dos Institutos femininos da Ordem e sua expansão por quase todos os países do mundo, bem como a multiplicação das Organizações Seculares, Confrarias e Ordens Terceiras das Mercês levaram a sua invocação aos cinco continentes. 7. PETIÇÕES Dirijamos agora nossa oração ao Deus da Misericórdia, que nos deu Maria por Mãe. - Pai bondoso, que em Cristo, vosso Filho, nos cumulastes de benefícios, fazei que nunca deixemos de louvar-vos. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Vós, que com amor generoso transbordais os desejos dos que vos suplicam, concedei-nos cantar sempre com o coração e com a boca as vossas maravilhas. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. Encontros com Maria 33


- Vós que nos destes em Maria um perfeito modelo de perseverança, dai-nos sua maternal proteção na dúvida e no desânimo. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. 8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais pobres de entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos, alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. 7- MARIA: MÃE DE CRISTO REDENTOR 1. HINO À VIRGEM REDENTORA ( f. Y Dad ) No cume do Gólgota vê-se o madeiro santo onde morreu Jesus, Uma formosa mulher geme e suspira, guardando o pé da divina cruz. É a inocente e celestial Maria, chorando o Filho de seu casto amor. Mortais! Inclinai as frontes ímpias, o seu pranto respeitai e a sua dor. Cesse desde hoje o pranto de quem geme e mude em alegria a sua dor, se Jesus com o seu sangue nos redime, 34 Encontros com Maria


Maria, com suas lágrimas e amor. Até o céu elevemos hinos de glória por toda parte em honra de Maria, abençoando o seu nome e memória, a devoção mais linda: As Mercês. 2. ORAÇÃO INICIAL Pai misericordioso, que enviastes vosso Filho ao mundo para libertar os homens, cativos do mal do pecado, concedei a esta família, reunida sob a devoção à Virgem das Mercês, o Espírito de Cristo Redentor, para que socorra, com ativa caridade, todos os oprimidos e os guie para a liberdade que Ele nos mereceu com o seu sacrifício. Ele que vive e reina pelos séculos dos séculos. 3. LEITURA BÍBLICA: Lucas 2,22-35 Quando se cumpriram os dias da purificação deles, segundo a Lei de Moisés, levaram Jesus a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: Todo varão primogênito será consagrado ao Senhor e para oferecer em sacrifício um par de rolinhas ou dois pombinhos, conforme o que se disse na Lei do Senhor. E eis que havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; este homem era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel; e estava com ele o Espírito Santo. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não veria a morte antes de ter visto o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito Santo, veio ao Templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para cumprir o que a Lei prescrevia sobre ele, tomou-o nos braços e louvou a Deus dizendo: “Agora, Senhor, podes segundo a tua palavra, deixar que o teu servo vá em paz; porque meus olhos viram a salvação, que preparaste à vista de todos os povos, luz para iluminar os gentios e glória de teu povo Israel”. O seu pai e sua mãe estavam admirados do que diziam dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, sua mãe: “Este está posto para queda e ressurgimento de muitos em Israel, e para ser sinal de contradição. E a ti uma espada te atravessará a alma! – a fim de que fiquem descoEncontros com Maria 35


bertas as intenções de muitos corações”. 4. REFLEXÃO A Mãe vai ao Templo com a Criança nos braços. Ele é o Messias, seu Deus. A sua relação com Ele, porém, mudou. Durante o tempo da gravidez, o levara no seu seio e tinha posto à sua disposição tudo o que possuía. Agora que deu à luz o Menino, sente-se sozinha, quase abandonada. Antes, a sua missão era inseparável do seu Filho. Agora, a missão do Menino faz-se independente. Começa a seguir seu caminho. Simeão vem do Antigo Testamento, mas, naquele momento em que encontra a Mãe e o Menino e o toma nos seus braços, compreende o cumprimento de toda a espera de Israel. Converte-se num cristão. O dom profético que ele anuncia transforma-se numa visão cristã dos mistérios de Cristo. Ela vê o futuro caminho do Filho. Também vê as dificuldades que surgiriam para os verdadeiros crentes, porque Deus, daqui pra frente, não mais será uma majestade distante num céu afastado e ensimesmado, mas um menino, um homem, um sofredor entre nós. A Mãe compreende que é a escolhida na colaboração da obra redentora do seu Filho. Ela lhe deu tudo; por isso, agora, Ele não pode mais que lhe dar tudo. O momento supremo dela era o nascimento. O momento supremo dele será a cruz e dará à luz um mundo novo, redimido, a partir do esforço máximo. Esta é a nova comunidade, à qual Simeão introduz a Mãe e à qual ela mesma introduzirá a todos os que participarão da missão especial da cruz. Simeão explica à Mãe, com detalhes, a mensagem do Espírito Santo contido em si. Risca um desenho da vida do Filho. Para muitos, em Israel, transformar-se-á em motivo de queda e de redenção e será um sinal de contradição. Esse conhecimento que Simeão lhe transmite, permite-lhe uma renovada e estreita participação no destino do Filho. Na distância entre o nascimento e a cruz é entrelaçada a vida inteira do seu Menino, cujo sentido é anunciado agora. Esse conhecimento sobre a missão de seu Filho protege a Mãe contra qualquer surpresa. Ela reconhecerá que seu Filho está no centro de sua missão, precisamente, na queda e na ressurreição, na contradição. Esse 36 Encontros com Maria


conhecimento a faz sofrer por antecipação, e sofrendo por antecipação, ela prepara o sofrimento do Filho, como se fosse um caminho através do qual o Filho pudesse ser introduzido no sofrimento. É o sofrimento do Filho que a une a Ele. Desse modo, ela assumiu em si o abandono futuro dele. E a solidão humana da Mãe se transforma, já, agora, numa solidão sobrenatural, cuja fonte real é o abandono da cruz. No lugar da pequena ferida que teve e se fechou, abriu-se, nela, uma ferida diferente, maior. 5. CÁPSULA MERCEDÁRIA ”O título de “Santa Maria das Mercês” inclui, como marca espiritual, o aspecto da libertação integral da pessoa humana por meio de Maria. A essa libertação refere-se a expressão “Redentora de Cativos” com que os mercedários vieram sempre invocando a Nossa Senhora, já que a redenção, enquanto tal, é libertação, porém ao estilo da que realizou Cristo, isto é, compadecendo-se do cativo, visitando-o no seu cativeiro, pagando o resgate a preço de sangue e levando o cativo para lugar seguro para gozo de sua liberdade. (JUÁN DEVESA. Sentido espiritual del título mariano “Santa Maria de la Merced” em Santa Maria de la Merced, p. 214). 6. MOMENTO DE PARTILHA As Mercês na América O título das Mercês representou um grande estímulo aos fiéis nos mais desafiadores transes históricos de muitos povos. Nas lutas de libertação das nações americanas, vários exércitos se recomendavam às Mercês e celebravam suas vitórias, proclamando-a general das suas Forças Armadas, como a Argentina, o Equador, o Peru e a Colômbia, ou declarando-a protetora dos seus povos e raças. Os mercedários foram pioneiros da fé no Novo Mundo. Desde a primeira viagem de Colombo, Fr. Juan Infante e outro frade do convento de Valladolid acompanharam o Navegador como capelães da expedição descobridora. Mas foi na segunda viagem que partiu de Cadiz, em 25/09/1493, que, num dos treze navios expedicionários, - por empenho da Rainha catóEncontros com Maria 37


lica, para atender aos tripulantes -, embarcou Fr. Juan de Solorzano, primeiro apóstolo de Cuba e ali martirizado, com outros, pela fé. Foi ele quem trouxe à América a primeira imagem de Nossa Senhora que aportou nestas terras, justamente a das Mercês. Do sangue desses primeiros mártires missionários brotara, em solo americano, a forte presença da Virgem das Mercês, desde o México às Malvinas, sendo difícil encontrar um ponto que não guarde marcas de pisadas mercedárias. 7. PETIÇÕES Dirijamos agora nossa oração ao Deus da Misericórdia, que nos deu Maria por Mãe. - Vós que nos remistes por meio da cruz, recompensai os méritos daqueles que souberam levar a sua cruz com valentia. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Vós que com a vossa obra redentora fizestes um mundo novo, no qual os seres humanos sentem-se solidários uns com os outros e se amam entre si, ajudai-nos a trabalhar com coragem pela construção desse novo viver, autenticamente evangélico. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. Vós, que quisestes que vossa Mãe, Maria, fosse também nossa mãe, dai-nos a vossa proteção para que sintamos continuamente a sua ajuda desde o céu. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. 8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais pobres de entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu 38 Encontros com Maria


Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos, alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. 8- VISITA QUE FAZ LIBERDADE 1. HINO FESTA E CANTO DA VIRGEM DAS MERCÊS (José Isidro Escorcel ) Entardecer vazio para o cativo que espera, sede nos lábios ressequidos, ânsia na alma sedenta e nos olhos a dor da ave que já não voa. A Virgem das Mercês desceu do céu à terra em Mil duzentos e dezoito, agosto, data primeira, ante Pedro Nolasco a Grande Senhora se mostra mais brilhante que um facho de luz mais branca que um lírio. A Virgem das Mercês aprisionou-se a si mesma! Desceu com a lua clara, Sentinela, não a viste? Ecos de vozes longínquas cantavam-na em modinhas; Ai Virgem dos cativos, olha que tenho uma pena, pena cravada na alma como perpétua cadeia! 2. ORAÇÃO INICIAL Senhor, Deus nosso, que na vossa admirável providência quisestes que a Mãe do vosso Filho experimentasse as angústias e os sofrimentos humanos, pela intercessão de Maria, Mãe, consolo dos aflitos e libertadora dos cativos, concedei aos fiéis que sofrem por vosso nome o espírito de paciência e a verdadeira liberdade. Por Cristo nosso Senhor. Encontros com Maria 39


3. LEITURA BÍBLICA Lucas 1, 41-45 Aconteceu que, apenas Isabel escutou a saudação de Maria, pulou de alegria a criança, em seu seio, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo; e exclamando com grande voz, disse: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Porque apenas chegou aos meus ouvidos a voz de tua saudação, pulou de gozo o menino no meu seio. Feliz a que acreditou que se cumpririam as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor!”. 4. REFLEXÃO Maria se levanta às pressas, porque diante de Deus, ela se encontra numa relação marcada pela promessa de obediência. Quando a Mãe do Senhor cumprimenta, a criança se move no corpo de Isabel, e essa comoção faz que Isabel descubra a novidade. Pelo movimento do seu menino o Espírito Santo a cumula. O profético penetra nela e começa a conhecer o sobrenatural e celeste que aconteceu em Maria. E por isso a saúda com umas palavras totalmente novas e desconhecidas. Nesse momento, tanto o que fala como o que escuta estão sob a ação repentina do Espírito Santo que cumula Isabel. É como o eco da visita do anjo a Maria. Com a presença de Maria, Isabel, pela ação do Espírito Santo, compreende tudo de uma só vez sem necessidade de palavras. A visita, no seu sentido mais profundo, não é uma visita de Maria a Isabel, mas de Cristo a João. Ambas as mães existem unicamente para servir seus filhos como medianeiras. A pergunta de Isabel ”E de onde a mim?” é um eco da inquietude anterior da mãe. Ela está confusa. Somente agora Isabel disse que o menino pulou de alegria no seu seio. Antes diria que ele se moveu. Neste movimento, a mãe conheceu a presença do Senhor por meio do Espírito Santo e, nesse reconhecimento, ela recebe e admite a alegria e a transmite para o seu próprio filho. Isabel se transforma em instrumento. E tudo isso acontece antes que Maria expressasse qualquer sinal de saudação. As crianças crescem no ventre de suas mães e estas participam de seu 40 Encontros com Maria


crescimento estando cada vez mais disponíveis para sua própria missão, que se transforma e desaparece sempre mais na missão dos seus filhos. A missão não é somente algo que se recebe e se cumpre uma vez por todas, mas é algo que cresce e tem que ser recebido e afirmado de novo todos os dias. Maria recebe sempre de novo sua tarefa encomendada pelo seu Filho, até o momento da cruz. Ela simboliza o não-ser-nunca-adulto do cristão, que, com certeza, cresce em graça e sabedoria ante Deus e os homens. Contudo, enquanto está na terra, cresce junto com a sua missão sempre em crescimento. Nunca está por cima dela e nunca domina. As duas mulheres preparam-se para essa vida cristã: estar em função dos seus filhos. 5.CÁPSULA MERCEDÁRIA “Quando, segundo a tradição mercedária, Maria transmitiu a São Pedro Nolasco a determinação da Santíssima Trindade de fundar uma Ordem cuja finalidade fora libertar pelo sistema da redenção os cristãos cativos, não se conformou em ser pura e simplesmente a emissária da Trindade, mas tomou o assunto como coisa própria, por tratar-se de cativos (os seus filhos mais necessitados) e constituiu-se a si mesma em libertadora, responsabilizando-se da fundação da Ordem ( JUÁN DEVESA.”Sentido espiritual del título mariano “Santa Maria de la Merced”, em Santa Maria de la Merced, p. 214). 6. MOMENTO DE PARTILHA As Mercês no Brasil Desde os séculos XVII e XVIII, os mercedários de Quito, descendo pelo Amazonas, penetraram nas regiões do Norte e Nordeste e fundaram missões e santuários e edificaram os majestosos conventos das Mercês de Belém do Pará e de São Luís do Maranhão. Esse fervor missionário mergulhando Brasil adentro ainda no período colonial, arraigou no marianismo de algumas missões indígenas a devoção à Virgem das Mercês. E, neste mesmo período, a escravidão negra na exploração do ouro nas Minhas Gerais distinguiu as Mercês Encontros com Maria 41


nas históricas cidades de O u r o Preto, Sabará, D i a m a n t i n a , São João dei Rei, Tiradentes, Mariana e outras, espalhando sua advocação por diversos pontos do Brasil, sendo difícil enumerar todos os templos e toponímicos a ela hoje dedicados. Cabe, contudo, citar Bom Jesus do Piauí-PI, Porto Nacional, no Tocantins, Itapipoca, no Ceará, onde as Mercês é titular e patrona das respectivas Dioceses. Deve-se ressaltar ainda os santuários e templos paroquiais dedicados às Mercês, como em Curitiba-PR, São Paulo e Mercedes-SP, Brasília-DF, Rio de Janeiro – RJ, Mar de Espanha, Mercês de Minas, Campo Belo, Mercês de Águas Limpas, Senador Modestino Gonçalves, todos em Minas Gerais, Campo Maior, Redenção do Gurguéia, Avelino Lopes, Palmeiras do Piauí, Jaicós e Altos, todos no Piauí, Manaus-AM; Iporã do Oeste -SC; São Sepé-RS, Cuité-PB, além das tantas Igrejas coloniais das Minas Gerais, como São João dei Rei, Tiradentes, Ouro Preto, Diamantina, Sabará, Mariana e os inúmeros conventos e capelas espalhados por vários estados brasileiros, onde se encontram os mercedários ou as mercedárias. 7. PETIÇÕES Dirijamos agora nossa oração ao Deus da Misericórdia, que nos deu Maria por Mãe. - Pela Ordem e Família Mercedária, para que manifestem Cristo aos pobres, aos sofredores, aos que têm a sua fé em perigo ou não foram iluminados pela luz do Evangelho. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Para que todos os membros da Família Mercedária alcancem uma autêntica santidade sob o patrocínio de nossa Mãe das Mercês. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Para que todos os seres humanos, especialmente os mais pobres e abandonados, consigam uma vida digna e participem das riquezas do mundo que Deus criou para todos. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor 42 Encontros com Maria


8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais pobres de entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos, alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. 9- MARIA, MÃE DOS CATIVOS Mercê de Deus para os crucificados da história 1. HINO SALVE MERCEDÁRIA Salve ,Virgem pura!. De Mercês Mãe, salve, Redentora de cativos! Salve!. Ó clemente!. Ó piedosa !., o teu amor alcance que das Mercês Virgem Mãe te chames. E por este nome que é tão agradável, roga ao Senhor que de nós tenha piedade. Enquanto que nós cantamos amantes, Encontros com Maria 43


Virgem das Mercês Salve, salve, salve!. Salve, aqui te dizemos, carinhosa Mãe, salve, entoaremos pela eternidade. 2. ORAÇÃO INICIAL Senhor Jesus Cristo, que nos destes Maria por Mãe no momento sublime da redenção, concedei-nos amá-la com verdadeiro amor filial e com ela louvar vossa misericórdia. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos. 3. LEITURA BÍBLICA: João 19, 25-27 “Junto à cruz de Jesus, estava sua mãe e a irmã de sua mãe. Maria, mulher de Cleofas e Maria Madalena, ao ver a mãe e perto dela o discípulo a quem ele amava, Jesus lhe disse: “Mulher, aqui tens o teu filho”. Logo disse ao discípulo: “Aqui tens tua mãe”. E desde aquela hora, o discípulo a recebeu na sua casa. 4. REFLEXÃO Maria avança pelo caminho da cruz. Ela vai com toda a tristeza humana de uma mãe que tem que presenciar o final de seu filho. Não somente o fim de sua vida, mas também o fim de seus planos, de sua esperança e de sua ação. Assim o experimenta Maria, mesmo sabendo que a missão do seu filho não tem fim. Não se poupa para conhecer o caminho do sofrimento, como deveria conhecê-lo uma mulher terrena, normal, e para estar com o filho nos opróbios e angustiar-se perante a separação. Ela vai por esse caminho com as outras mulheres que levam o luto, uma vida dura e dolorosa. Contempla todos os tormentos que afligem o filho, os preparativos da crucifixão. Escuta e vê os homens que a rodeiam, que correm pra ver o espetáculo da morte de seu filho. Não 44 Encontros com Maria


existe nela nenhum espaço para o consolo humano. E logo vê a cruz. Vê exatamente o aspecto que tem. Com os seus sentidos maternos capta quão dura é! Quão áspera e quão rude! Sabe o que significa carregar o madeiro, ser cravado, morrer com ele. Mas todas essas percepções são superadas por este pensamento terrível: é meu próprio Filho que recebe esse fim. O meu Filho tão bom! O meu Filho amado que me foi dado pelo Pai. Ela está junto ao Senhor, na cruz, como o mais elevado e escolha da sociedade. Jesus vê em sua mãe a humanidade transfigurada. Também ela foi redimida por ele. Fez isso, preservando-a do pecado. A presença de Maria aos pés da cruz faz da assistência no sofrimento e na morte uma ação extremamente delicada do amor. A Mãe, certamente, disse sim, quando iniciou a orar. E essa mesma oração já estava fundamentada em sua Imaculada Conceição, cuja origem está na eternidade de Deus. E, assim, ela disse “sim” à morte do Senhor, quando deu o seu consentimento para a conceição do Redentor. Assim como o Filho põe todo o seu Espírito nas mãos do Pai, também a Mãe persevera nele, enquanto o Filho morre. A Mãe não conhece limites. O seu “sim” até a cruz sempre se desenvolveu em linha reta para Deus. Não conhece outra origem que a apertura, a pressa, a urgência de Deus. E esta se lhe apresenta, aqui, como a apertura da noite, da ira e do terrível de Deus. Ela transforma-se, desse modo, mais do que nunca, na Mãe do Filho de Deus, porque Ele, mais do que nunca, transformou-se, assim, em Filho do homem e irmão de todos nós. 5. CÁPSULA MERCEDÁRIA “A NOSSA Ordem com a Igreja admira e eleva Maria, unida com laço indissolúvel à obra salvífica do seu Filho, como o fruto mais sublime da redenção, e a contempla como uma puríssima imagem do que ela mesma anseia e espera ser. Nós, os mercedários, nos propomos amar fielmente a Maria e honrá-la como a nossa Mãe enquanto espiritual fundadora da Ordem. Procuramos tê-la como um modelo vivo da consagração a Deus e serviço Encontros com Maria 45


redentor aos irmãos, pedindo-lhe constantemente a fiel perseverança e sentindo-nos, também, obrigados a cultivar com ardor a sua devoção entre os outros membros da Família Mercedária, cristãos oprimidos e demais fiéis encomendados a nosso serviço apostólico. 6. MOMENTO DE PARTILHA Aprovação da Igreja e graças concedidas pela Santa Sé ao culto a Nossa Senhora das Mercês Desde os primeiros momentos da fundação da Ordem com o nome de Santa Maria das Mercês, instituída por desejo expresso da Mãe de Deus, os papas atribuíram a Maria este título e ratificaram o seu culto universal através de centenas de bulas e rescritos, concedendo-lhe indulgências e graças pelos atos de piedade marianos feitos sob esta advocação. Ao se tratar de graças espirituais concedidas pelos pontífices a essa advocação de Maria, ou às suas imagens, deparamo-nos com um material muito vasto, que não cabe aqui referir a não ser no essencial. Estas graças são concedidas aos fiéis que honrem ou venerem a advocação das Mercês ou visitem seus templos. O primeiro Papa que fez menção à advocação das Mercês foi Alexandre IV, chamando a O r d e m de Santa Maria das Mercês, em bula de 1258, através da qual concede graças, favores e privilégios aos redentores. Em 1276, João XX volta a privilegiar esta advocação. Daí em diante, quase todos os papas a mencionam nos documentos pontifícios oficiais, enriquecendo com grandes privilégios o culto às Mercês e os que trabalhavam pela redenção. Em 1600, Clemente VIII autoriza celebrar, sob o título das Mercês, a festa da Natividade de Maria. Paulo V, em bula de 1606 tece grandes louvores à Virgem das Mercês e confirma os privilégios concedidos por seus antecessores. Em 1616, houve reconhecimento oficial da advocação das Mercês para a Santíssima Virgem e é concedida a sua celebração litúrgica com textos próprios. Em bula de 1622, Gregório XV concede indulgência plenária aos fiéis que invoquem Maria com o título das Mercês, ou que visitem uma das 46 Encontros com Maria


suas Igrejas no dia da sua festa, 24 de setembro. Mais tarde, em 1662, Alexandre VII confere força de lei apostólica à celebração do Culto Sabatino em honra às Mercês. Em 1680, Inocêncio XI estende o Ofício de Nossa Senhora das Mercês, que era próprio da Ordem, para toda a Espanha e seus domínios, incluindo a América Latina. Em 1684, expande a todo o mundo sua Missa própria, bem como insere no Martirológio Romano a Aparição de Nossa Senhora das Mercês. Este Papa expediu 39 bulas e decretos sobre as Mercês e sua obra redentora. Em 1696, Inocêncio XII manda celebrar em toda a Igreja a festa Litúrgica das Mercês no dia 24 de setembro, incluindo-a nos livros litúrgicos oficiais. Século XVIII - Mesmo acabando o cativeiro mouro, a Santa Sé continuou enriquecendo com graças espirituais e honoríficas a advocação das Mercês. Em 1711, Roma concede à Ordem celebrar, aos sábados, a missa própria das Mercês, em vez da missa votiva de Nossa Senhora. Em bula de 1725, Bento XIII confirma as disposições de Alexandre VIII e ratifica aqueles privilégios, indulgências, graças e indultos “até o final dos tempos”, com cláusulas especiais, expressões relevantes e elogios a quem visita o hábito mercedário, use o seu escapulário, visite seus templos e celebre seus cultos. Em 1729, Bento XIII faz ainda várias concessões à devoção a Nossa Senhora das Mercês. Em 1775, Clemente XII concede indulgências a quem assistir à missa dos sábado em honra a Nossa Senhora das Mercês. Também Clemente XIV, em 1774, favorece as Mercês com o privilégio da celebração, em todas as Igrejas da Ordem, da missa da meia noite do dia 23/24, em sua honra. Pio VII, em 1804, confere aos altares das Mercês o fórum de “altares privilegiados”. Pio IX, em 1868, declara “dia Santo” a festa das Mercês em Barcelona e concede que as indulgências outorgadas à O r d e m possam ser aplicadas em sufrágio das almas do Purgatório. Também Leão XIII, em 1888, fez a coroação canónica da imagem mais antiga das Mercês de Barcelona. Pio X, em 1904, concede, in perpetuum, o grande e extraordinário Encontros com Maria 47


privilégio do Jubileu Plenário a quem visitar os santuários mercedários do dia 23 para o dia 24 de setembro, rezando seis Pai-Nossos na intenção do Papa, bem como indulgências Plenárias a quem celebrar o mês de setembro e os “sete sábados” em honra a Nossa Senhora das Mercês. Foi também quem concedeu a coroação canónica da imagem das Mercês de Tucumán, na Argentina. Bento XV, um Papa, desde criança, terciário das Mercês, entre tantos elogios, graças e prerrogativas, também privilegiou as Mercês com a coroação canónica das suas imagens de Santiago do Chile, de Quito, no Equador e de Lima, no Peru. Também concedeu 300 dias de indulgência para quem invoque Maria com as jaculatórias: “piedosíssima Mãe das Mercês, rogai por nós”; e “Redentora de cativos, rogai por nós”. Pio XI e Pio XII, assim como Paulo VI e João Paulo II, também expressaram encômios às Mercês. Não se esgotam os rescritos dos papas que se distinguiram em favorecer com os tesouros espirituais da Igreja a advocação e culto a Nossa Senhora das Mercês. Mais de 40 pontífices publicaram bulas elogiando e animando a obra redentora e garantiram graças espirituais e favores a quantos se liguem à mística de Nossa Senhora da Mercês, seja participando diretamente das obras de Redenção, usando o escapulário das Mercês, ou realizando qualquer ato de piedade ou devoção relacionado com esta espiritualidade. (Moreno Cebada - Hist. 1859/ Sumário dos Offici, própria SS. - Ordinis de Mercede — Barcelona - 1918). 7. PETIÇÕES Dirijamos agora nossa oração ao Deus da Misericórdia, que nos deu Maria por Mãe. - Vós que nos destes Maria sempre Virgem como modelo e exemplo de seguimento de Cristo, fazei que, tendo-a ante o nosso olhar, caminhemos sempre numa nova vida. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Vós que nos destes, em Maria, um modelo perfeito de perseverança, dai-nos a sua maternal proteção na dúvida e no desânimo. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. 48 Encontros com Maria


- Nós vos damos graças e vos pedimos, Senhor, pela Ordem das Mercês, fazei que viva com gratidão e fidelidade a chamada divina, que a convocastes sob o patrocínio de Maria para o exercício da caridade redentora. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. 8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais pobres de entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos, alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. 10- MARIA: MULHER DE ENTREGA GOZOSA, SIMPLES E SILENCIOSA. 1. HINO À VIRGEM DAS MERCÊS (Felipe Alcántara) Geme o cativo no cárcere tenebroso a que o cruel mouro o condena e ao redor do seu corpo uma corrente não é menor o afã que a sua alma atormenta. Porém tu, das Mercês, Virgem formosa, quebras os grilhões, acalmas sua pena ao profundo mal-estar e à sarracena escravidão segue a paz ditosa. Hoje, como um dia em terrível servidão Encontros com Maria 49


de sarraceno infernal, o teu povo geme sem que a aurora da paz vislumbre. Quebra, ó Senhora, o jugo que lhe oprime, acalma de sua dor o pesar e do erro e do vício o redime. 2. ORAÇÃO INICIAL Deus nosso, que entre os pobres e os humildes escolhestes a Virgem Maria para ser a Mãe do Salvador; concedei-nos que, como Maria, nós possamos oferecer-vos, uma fé sincera e ponhamos somente em Vós a esperança de nossa salvação. Por Jesus Cristo nosso Senhor. 3. LEITURA BÍBLICA: Lucas 2,41-51 “Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando teve doze anos, subiram eles como de costume à festa e, quando voltavam, passados os dias, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Pensando que estivesse na caravana, fizeram um dia de caminhada, e o buscavam entre parentes e conhecidos; mas ao não encontrá-lo, voltaram a Jerusalém a sua procura. Aconteceu que, ao cabo de três dias, o encontraram no Templo sentado no meio dos doutores, escutando-os e perguntando. Todos os que o ouviam estavam admirados por sua inteligência e suas respostas. Quando o viram, ficaram surpreendidos, e sua mãe lhe diz: “Filho, por que fizeste isto conosco? Olha o teu pai e eu, angustiados, te procuramos”. Ele lhes disse: “ E por que me buscáveis? Não sabíeis que deveria estar na casa de meu Pai?” Mas eles não compreenderam a resposta que lhes deu. Desceu com eles para Nazaré e lhes estava submisso. Sua mãe conservava todas estas coisas no seu coração” 4. REFLEXÃO Uma criancinha não pode viver sem a sua mãe. Ela o alimenta com seu leite. Quando a mãe comunica ao filho algo de si mesma, de sua 50 Encontros com Maria


própria substância, já lhe deu a vida. A mãe não somente dá a seu filho de sua substância corporal, mas também cerca a criança com amor e com cuidados espirituais. A criança aprende o que é o amor humano nessa atmosfera amorosa da mãe. Esta lhe mostra como um homem se comporta com os seus semelhantes. Com o seu próprio exemplo, mostra o que é o amor ao próximo na vida diária. Ela lhe dá de presente esse amor, no Espírito, que recebeu Dele. Tudo o que ela lhe comunica é seu já desde o início. Desse modo, tudo o que ela lhe ensina é perfeito. O filho quer e deve segui-la. Foi-lhe dado a si mesmo como Deus para poder obedecer-lhe sempre como homem. Ele quer ser um menino humano verdadeiro, com todas as leis da infância e do crescimento normal, e uma dessas leis chama-se autoridade e obediência. Ele quer fazer a experiência de ser homem. Aprende de sua mãe e está plenamente disposto a ouvi-la e a ter por verdadeiro tudo o que ela diz. Está tão disponível como pode estar um crente para crer o que se lhe propõe. Ela ensina os conceitos práticos da vida humana. Ensina-lhe a caminhar, a comer, a falar. Transmite-lhe a linguagem com o seu vocabulário. A Ele, o Logos mesmo. Ensina-lhe a palavra humana que, quando Ele a pronuncie, permanecerá Palavra divina. Ela também lhe mostra a contemplação das coisas do céu, do Pai. Mostra-lhe a sua disposição para com a vontade divina. Ela lhe fala do povo santo, da Lei e dos profetas. Por meio dela, Ele aprende o que entre os homens significa tradição. 5. CÁPSULA MERCEDÁRIA “A Ordem das Mercês considerou-se sempre fundada em honra da sempre Virgem Maria como o consignou já no século XV o Pe. Nadal Gaver na ingênua narrativa dialogada da fundação da Ordem com que introduz o Suu Speculum Fratrum: “É vontade de Deus – disse Maria, a Virgem a Pedro Nolasco,_ que a Ordem das Mercês se funde em minha honra e que os seus religiosos e professos, a exemplo do meu Filho Jesus Cristo, sejam postos por queda e redenção de muitos em Israel ( isto é: entre os cristãos) e para sinal de contradição ( AA.Vv. La Orden de la Merced espíritu y vida, p. 268 ). Encontros com Maria 51


6. MOMENTO DE PARTILHA As representações das Mercês O carinho do povo cristão pelas representações dos seus santos sempre foi grande na Igreja. Em relação a Maria, suas imagens se constituem um portentoso veículo de experiências místicas dos seus fiéis devotos. Muitas delas, seja pelas circunstâncias do tempo, local e pessoas envolvidas num milagre ou graça alcançada, seja por quem encarregara sua confecção, pelas mãos que as elaboraram, ou por algum fato histórico, essas imagens passam a exercer grande força no inconsciente individual ou coletivo, traduzindo-se em eficácia espiritual na vida de milhões de fiéis que entram em contato com a sua presença. Elas remetem à mesma pessoa de Maria junto de Deus com suas prerrogativas e graças e transportam de volta muitas bênçãos e energias sobrenaturais. Essas imagens milagrosas se espalham por todo o m u n d o cristão. Entre elas não são poucas as da Mãe das Mercês, que de tempos bem antigos se tornaram portadoras de graças e favores aos seus devotos. Destas, várias tiveram a coroação canónica, um privilégio da Igreja, conferida às imagens de Maria, pelas quais os fiéis recebem constantes favores da Mãe do céu. Assim, a de Barcelona, Jerez de la Frontera e Herência, na Espanha; Tucumán, na Argentina, as de Santiago do Chile, Quito, no Equador e Lima, no Peru. 7. PETIÇÕES Dirijamos agora nossa oração ao Deus da Misericórdia, que nos deu Maria por Mãe. - Vós, que, por Maria, Nossa Mãe das Mercês, na oração, convertestes em redentores como São Pedro Nolasco seus seguidores, transformai-nos, para que possamos ser enviados àqueles irmãos nossos que se encontram em perigo de perder sua fé. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor - Vós que nos chamastes a formar a família mercedária, levai-nos pelo caminho da oração para que nada nos torne escravos, que vos descubramos como amigo e a Deus como Pai, e que nossa oração termine 52 Encontros com Maria


na nossa entrega redentora de estarmos dispostos a entregar-nos, todos, para que outros gozem a alegria da fé em Vós. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Vós que formastes a família mercedária por mediação de Maria, vossa Mãe, iluminai-nos e acendei nosso coração para que façamos nosso o seu canto do Magnificat e nos ponhamos, como Maria, a serviço dos cativos de hoje. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor 8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais pobres de entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos, alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. 11- MARIA: IRMÃ DE INTERCESSÃO SOLIDÁRIA 1. HINO ORAÇÃO DO GRANDE NOLASCO Eu sei, Mãe, Nolasco te diz, que és tão grande, soberana e pura que o céu eternamente te bendiz, que o mundo sem o teu amparo, ah! Infeliz Mas, não !.. A tua ternura é inefável. Que desçam, Mãe, os teus dons celestiais, Encontros com Maria 53


conheça o mundo teu inefável amparo, que brilhem de tuas graças, os brasões, e marchem as nações ao esplendor de teu brilhante farol. Movam-se as tuas entranhas carinhosas de Mãe terna que a seus filhos vê, sumidos, em masmorras horrorosas, suportando correntes abjetas, com crueldade, perseguidos pela fé. Sem o teu eficaz amparo, Mãe minha, somente impera tensa desolação, cesse do cativeiro a agonia, renasça a alegria por meio da santa redenção. 2. ORAÇÃO INICIAL Deus nosso, que escolhestes a Virgem Maria para que fosse Mãe do Senhor, dando assim cumprimento as vossas promessas, concedei-nos seguir os exemplos daquela que vos agradou em sua humildade e nos beneficiou com a sua obediência e intercessão. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. 3. LEITURA BÍBLICA: João 2,1-12 “Três dias depois, celebraram-se umas bodas em Canaã da Galileia e a Mãe de Jesus estava lá. Jesus também foi convidado com os seus discípulos. E como faltava vinho a mãe de Jesus lhe disse: “Não tem vinho”. Jesus lhe respondeu: “Mulher, que temos que ver nós, a minha hora não chegou ainda”. Mas a sua mãe disse aos serventes; “Façam o que Ele vos disser”. Havia lá seis potes de pedra destinados aos ritos de purificação dos judeus com a capacidade de uns cem litros cada uma. Jesus disse aos serventes: “Encham essas talhas” e as encheram até a borda. “Tirem agora, falou Jesus e levem ao encarregado do banquete”. Assim fizeram. O 54 Encontros com Maria


encarregado do banquete provou da água mudada em vinho e como ignorava a sua origem, mesmo que os servidores que haviam tirado a água o sabiam, chamou o esposo e lhe disse: “sempre se serve primeiro o bom vinho e quando todos beberam muito, serve-se o de pior qualidade. Tu, porém, guardaste o vinho bom para este momento”. Este foi o primeiro dos sinais de Jesus e o fez em Canaã da Galileia. Assim manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele. Depois disso desceram a Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos, e permaneceram lá uns poucos dias. 4. REFLEXÃO No primeiro milagre do Filho, está lá presente Maria, como a Mãe carnal do Senhor. E a sua presença é uma expressão de agradecimento do Filho a ela. Ela deu-lhe tudo o que um ser humano pode dar a outro: a origem do seu ser neste mundo. Por isso, agora, Ele a faz participar do início dos seus milagres, não somente como espectadora, mas como cooperadora criativa. Ela fala livremente, por experiência própria, inclusive dispõe com liberdade dos empregados da casa. Nisso, Ela é, principalmente, a mulher que tem uma visão de conjunto sobre os cuidados da casa, de uma forma feminina, que enxerga de imediato onde falta algo. Que observa o curso dos acontecimentos, sem ter que olhar tudo com a intenção expressa. Esta qualidade acompanhará sempre a Mãe; Ela é a que verá sempre na casa da cristandade onde reina a pobreza e a necessidade, e o seu papel será sempre mostrar ao Filho o que descobre com a sua mirada de Mãe: “Não tem mais vinho” Como mulher mostra o fato. Como crente entrega-lhe a situação, para que Ele, como Deus, decida o que corresponde a sua vontade. Ela aparece no papel da mulher, isto é, da Igreja que implora. Ela encontra-se neste momento num ponto muito delicado, muito exposto. Olha as duas coisas: a necessidade dos homens e a não propensão do Senhor. E agora não pode fazer caso da repulsa. Do contrário, não estaria à altura do seu papel de intercessora. Ela é a Igreja, que aspira e esforça-se pela união com o Senhor. Dirige-se aos serventes da casa para indicar-lhes que olhem e que ouçam o SeEncontros com Maria 55


nhor. Procura-os para prepará-los para a obediência e indiferença frente ao Senhor. Volta-se aos que creem e procura despertar a sua fé mais viva. O Senhor somente realiza o milagre, mas com o acompanhamento da fé e na fé da Mãe e dos serventes, que são como as talhas que contêm sua graça. Essa fé é também um presente e um milagre do Filho. A fé não decepciona. 5. CÁPSULA MERCEDÁRIA “ Lá onde nos sentimos satisfeitos, lá onde pensamos que as coisas se acham já resolvidas, tudo em ordem, eleva-se com mais força a voz da Mãe das Mercês e nos lembra: Eles não têm liberdade, estão cativos ! Eles não têm saúde, estão doentes ! Eles não têm pão, estão com fome! Eles não têm família, estão abandonados! Eles não têm paz, encontram-se deprimidos! Nós não podemos responder dizendo: Isso não nos importa, nem a você, nem a mim! Não é nossa hora!. Esta é em Jesus e por Jesus, a hora da Mãe, que nos faz ver com claridade as necessidades de seus filhos, os humanos sofredores. Num mundo onde falta o vinho das bodas da liberdade, amor e justiça, e um mundo que sofre a opressão e o vazio grande da vida, a voz da Mãe das Mercês é uma lembrança ativa das necessidades dos homens. É o começo de um forte compromisso ( Xavier Pikaza. Santa Maria de la Merced. Introducción Bíblica, p. 104). 6. MOMENTO DE PARTILHA Imagens das Mercês - Iconografia As imagens, em todo os tempos, foram e continuam sendo portadoras de fortes conteúdos simbólicos. No mundo cristão, elas estão presentes desde o período das catacumbas. Apesar das discussões sobre o assunto, elas continuam exercendo grande fascínio e são um grande instrumental da fé e da piedade. 56 Encontros com Maria


No que diz respeito ao santoral católico, a sua iconografia representa uma esplêndida leitura das virtudes e heroísmos dos santos, uma fonte permanente de motivação e expressões do mistério cristão. Quanto a Maria, suas prerrogativas e graças universais têm sido, ao longo de milênios, uma fonte inesgotável de expressões místicas. E está muito bem. C o m o Mãe especial, que ama tanto os seus filhos, convém que seja por isso mesmo celebrada por eles nas suas representações. Quanto a muitos títulos ligados a determinadas circunstâncias ou prerrogativas de Maria, c o m o sua Imaculada Conceição, sua Assunção etc., ela é representada de maneira uniforme. Nossa Senhora de Fátima ou de Lourdes, das Graças, de Aparecida ou de Guadalupe e tantíssimos outros obedecem um clichê único, talvez para imprimir-se de maneira mais reconhecível na piedade dos seus devotos. Isso certamente facilita sua identificação. Das Mercês não há uma imagem-tipo. Mercês remete a uma atitude ou gesto pessoal da mulher Maria como mãe de misericórdia. Para além do seu hábito, como expressão externa, ressalta-se o perfil da Senhora Mãe da liberdade e da redenção dos excluídos, Senhora da libertação, Mãe de toda graça ou mercê. Difícil, portanto, enquadrá-la num estereótipo. Por isso, a Virgem das Mercês, é representada, desde os tempos mais antigos, de forma variada, em diversos estilos, evidenciando concepções antropológicas e experiências religiosas de épocas e povos diferentes, de maneira a levar os devotos, mais que à sua imagem, à espiritualidade que ela representa. São muitos os estilos e formas que procuram traduzir a experiência mística dos artistas e devotos da Senhora das Mercês. De modo geral, eles procuram ressaltar o traço maternal de Maria em relação aos oprimidos ou excluídos da sociedade e aos que se envolvem com o projeto libertador. Os modelos vão desde a branca Senhora, protegendo sob seu manto miseráveis cativos, até a majestosa rainha de traços europeus, com ricos trajes, cetro e coroa, ou as morenas figuras da Mãe latino-americana, segurando com ternura seu divino Filho. Há alguns traços comuns de identificação: O que caracteriza suas, Encontros com Maria 57


imagens é a brancura do hábito - que traduz sua pureza virginal; o escapulário sobre a túnica e o escudo com quatro barras vermelhas, encimado por uma cruz branca, símbolo do mistério da redenção. Quanto à postura, nas origens era representada sentada, entregando o escapulário a Pedro Nolasco. Logo passou a ser figurada de pé, sozinha. Com o tempo e seguindo o marianismo da época, foi sendo representada com o menino Jesus nos braços. Nesta tipologia, Maria é apresentada sobretudo como Mãe. Esta preferência pela maternidade identifica-se muito com o sentimento dos cristãos em relação a Maria. Eles se sentem como filhos, que nos diferentes momentos da vida necessitam de apoio, graça e proteção maternas. A criança nos braços, por um lado, expressa a maternidade divina de Maria; por outro, é símbolo da fragilidade do ser humano, enquanto percorre os caminhos contraditórios da existência. O Menino aparece ora com o globo ou uma cruz numa das mãos e uma corrente partida ou escapulário na outra mão; ora acariciando um cativo, afagando-o com entranhável ternura sua santa Mãe. Maria, às vezes, tem os braços estendidos para os cativos, outras vezes parece derramar graças sobre o mundo. Costuma também ser figurada com uma corrente quebrada numa das mãos — para traduzir o seu poder de libertadora - e escapulário na outra mão, como convite a se participar da sua obra libertadora. Quando sentada, exibe o perfil de soberana mulher que inspira maternal confiança e reflete a majestade da Mãe que redime para o reino do Filho seu povo consagrado. Neste caso, os fiéis costumam adornar sua cabeça com auréolas resplendores, um cetro na sua mão e, muitas vezes, bonitos trajes brocados de ouro, numa incontida expressão de amor e de agradecimento por seus incessantes favores. Em outras representações, tem aos seus pés grupos de cativos ou redentores, aos quais envolve com grande ternura. A variedade de talhas de madeira, bronze ou os óleo sobre tela, espalhados em milhares de templos, museus e conventos por todo o mundo, nos cinco continentes, representa um dos mais eloquentes discursos sobre a Mercê de Maria em favor dos excluídos da sociedade. Em alguns casos, as tipologias da iconografia das Mercê escapam a 58 Encontros com Maria


todo padrão clássico e inauguram formas exóticas de grande beleza e misticismo. 7. PETIÇÕES Dirijamos agora nossa oração ao Deus da Misericórdia, que nos deu Maria por Mãe. - Oremos por todos os membros da Família Mercedária, para que, como Maria, nossa Mãe, sirvam a Deus com coração sincero, renunciem ao poder do mundo e proclamem com a sua vida o amor e a liberdade. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor - Oremos pelos cativos, para que o Senhor lhes conceda o Espírito de fortaleza e o dom da liberdade. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Oremos para que o Senhor nos dê um coração sensível às necessidades do nosso próximo. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. 8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida a serviço dos mais pobres de entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos, alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém. 12- MARIA: SERVA E MÃE DA LIBERTAÇÃO 1. HINO Encontros com Maria 59


OFERENDA A MARIA DAS MERCÊS (Fr. Francisco Ibáñez. Chile ) Tens, Mãe Redentora, dos astros o olhar, o sorriso da aurora e o encanto da amada. Desvendam-me os teus fulgores os tropeços do caminho, e convertem em primores as misérias do destino. Como, ó Mãe, as tuas finezas verás correspondidas? Pois é tal a minha pobreza, eu te consagro a minha vida. 2. ORAÇÃO INICIAL Pai de misericórdia, que enviastes o vosso Filho com a maternal cooperação da Virgem Maria, concedei a quantos a invocamos com o título das Mercês gozar a liberdade de filhos que Cristo Senhor nos mereceu com o seu sacrifício e oferecê-la, incansavelmente, a todos os homens e mulheres. Por Cristo nosso Senhor. 3. LEITURA BÍBLICA: Mateus 1,18-25 “Esta foi a origem de Jesus Cristo. Maria, a sua mãe, estava comprometida com José e, ainda não viviam juntos, concebeu um filho por obra do Espírito Santo. José, seu esposo, que era um homem justo e não queria denunciá-la publicamente, resolveu abandoná-la em segredo. Enquanto pensava nisso, o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, por tua esposa, pois o que nela foi gerado provém do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu Povo de todos 60 Encontros com Maria


os seus pecados”. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia anunciado pelo Profeta: Uma Virgem conceberá e dará à luz um filho a quem porão o nome de Emanuel, que traduzido significa: “Deus conosco”. Ao despertar, José fez como o Anjo do Senhor lhe tinha ordenado: levou Maria para sua casa, e sem que tivessem vida em comum, ela deu à luz um filho, e lhe deu o nome de Jesus”. 4. REFLEXÃO Maria torna-se Mãe em virtude do seu “sim”, ao permitir que a palavra pronunciada pelo anjo se fizesse vida dentro dela pelo Espírito Santo. Em cada etapa do desenvolvimento, ela corresponde de um modo perfeito ao estado em que Deus justamente quer tê-la. No momento em que o Senhor decide algo, a resposta dela está contida e inclusa na sua decisão. O vínculo corporal e espiritual entre Mãe e Filho permanece entre ambos como um mistério eterno. Até o fim dos tempos ela permanece Mãe e Ele, Filho. Ele a introduz em tudo o que sofre e realiza, e assim faz passar o mistério da maternidade além de si ao mistério universal e abarcador da redenção. Ele mesmo a remiu, escolhendo-a; e recebendo dela a vida, lhe dá de presente a sua própria vida, que Ele assumiu para redimir o mundo. Com isso a introduz, necessariamente, em sua obra redentora. O Filho compartilha tudo com ela, porque ela deu tudo a Ele. Ele já não se separa mais de sua serva, Mãe e rainha, como o homem não se separa da mulher. Cristo é varão, não é mulher, mas varão e mulher configuram o homem total. Ele, como o novo Adão, precisa da nova Eva, pois, como homem total, redime o homem inteiro. O serviço que Eva presta ao varão em sua doação, a sua recompensa é levar o fruto do varão. Desse modo, também a mulher que se põe à disposição do Senhor é incluída no seu mistério e pode ajudá-lo, servindo-o para realizar o mistério da redenção. Desde que Ele tomou um corpo humano, todos os seus pensamentos giram em torno desse mistério da redenção. Quem quiser entendê-lo, deve mergulhar na obra da paixão redentora. É como se todos os mistérios, que Ele, pelos demais, entrega, chegassem a ser fecundos somente se forem mergulhados no mistério compreensivo Encontros com Maria 61


da redenção. Inclusive o mistério da Santíssima Trindade. E os outros mistérios celestes e os do além chegam a ser para os homens realmente vivos, se forem iluminados a partir da cruz. Uma piedade trinitária que estivesse à margem da cruz seria, muito breve, estéril na vida terrena. O incomparável da fecundidade de Maria radica em que o seu “sim” é depositado no Senhor de uma forma definitiva e indissolúvel. Nós prometemos, num impulso de amor entusiasta, pertencer-lhe por completo, oferecer-lhe tudo, ser-lhe eternamente fiel; se for possível, levar-lhe muitas almas por mediação de nossa renúncia. Quando Maria disse o seu “sim”, já experimentou a morte essencial. Morreu tão perfeitamente a si mesma, que somente vive no seu Filho e para Ele. Nada nela se opõe à ação redentora do Filho. Ao contrário, coloca-se, sem reservas, à sua disposição, para fomentá-la, para fazê-la crescer. A sua vida não se consome tendendo a própria redenção, mas pode servir de imediato à corredenção, pois tem início, quando a nossa termina. A partir da morte supremamente viva com que a Mãe morre a si mesma pelo seu “sim”, surge aquela fecundidade absoluta de sua vida, cuja força ela transforma em Mãe da Redenção. A toda doação de um homem a Ele, o Senhor responde com uma fecundidade na qual também participa sua Mãe. 5. CÁPSULA MERCEDÁRIA O título de Santa Maria das Mercês oferece ao homem moderno, cuja liberdade está submetida a constantes pressões, uma opção espiritual tipicamente mercedária, que se caracteriza pela visão de Maria como associada a Jesus Cristo Redentor e Corredentora do gênero humano, visão que deve produzir naqueles que veneram Maria sob o título peculiar (e por meio dela) a disposição anímica de permanecer inseparavelmente unidos a Jesus Cristo e de sentir-se e de ser corredentores de toda pessoa oprimida e marginalizada (JUÁN DEVESA. ENTIDO ESPIRITUAL DEL TÍTULO MARIANO Santa Maria de la Merced. Em “ Santa Maria de la Merced, p. 215 ). 62 Encontros com Maria


6. MOMENTO DE PARTILHA O hábito das Mercês — o escapulário e o escudo As vestes expressam, muitas vezes, uma função, uma situação, um estado de espírito, uma tarefa a executar. “Vestir a camisa”: a expressão é muito atual e traduz o apaixonamento e identificação de imensas multidões de simpatizantes, torcedores ou participantes por seus respectivos times esportivos, partidos políticos, clubes, associações. Uma multidão inteira vibra e torce carregando o mesmo estilo de camiseta. Ela diz muito para quem a veste, porque está impregnada de um grande simbolismo e traz presente uma realidade. O sentido religioso da veste está presente nas mais diferentes religiões. Na história do cristianismo, essa identificação adquire profundidade de mistério e tem levado milhões de fiéis aos arroubos da experiência sobrenatural ou a um mergulho de profundidade que, expressada numa veste exterior, quer manifestar publicamente a mais viva entrega a Deus e ao seu projeto de salvação. Nas suas intervenções com o mundo, Maria especifica sinais externos que identifiquem sua mensagem. Em Fátima, Lourdes, Mediugórie, Aparecida, Guadalupe, estão sempre expressos determinados sinais “sacramentais”. Na Aparição de 1º de agosto de 1218 a Pedro Nolasco, Maria lhe entrega um escapulário branco e revela que quem o usar como hábito da Instituição que ela está mandando fundar contrai perante Deus um compromisso solene de oferecer a própria vida, se necessário, em favor do pobre oprimido. Será a hipoteca de coragem decidida e ato sublime de heroísmo evangélico. a) O Escapulário Para recolher esmolas foram instituídas, desde o início, as Ordens Terceiras, Confrarias e Irmandades, que usavam esse distintivo particular chamado escapulário, semelhante à peça principal do hábito dos frades, num tamanho reduzido. Essas Instituições pertencem à mesma Família Religiosa Mercedária e foram enriquecidas com graças espirituais pelos papas. O escapulário é considerado peça santa e nobre. Nele estão simbolizados os favores e mercês que a Virgem dispensa aos seus filhos. Encontros com Maria 63


Seu uso significa participação no projeto de redenção dos cativos ou excluídos da sociedade. A Santa Sé, desde 1245, com Inocêncio IV, até Bento XV, em 1918, concede graças e indulgências aos que vestem o escapulário branco das Mercês. b) O Escudo O escudo posto sobre o escapulário não é uma simples insígnia decorativa ou de ostentação pueril. Usado antes como emblema nacional de Aragão e concedido depois pelo Rei Jaime I, protetor da Ordem, adquiriu nela caráter religioso. “Que se leve perpetuamente para honra do Senhor”. A cruz branca em campo vermelho, encimando quatro barras também vermelhas sobre fundo de ouro, lembra a redenção do Senhor, derramando seu sangue pela humanidade. Passou desta forma a ser sinal sensível de que quem o leva está pronto a dar sua vida pelo próximo. É um imperativo que supõe elevados fins de ordem sobrenatural. Expressa o heroísmo evangélico de quem se compromete com o mundo da catividade. Tornou-se um brasão de significado religioso e sobrenatural e estará sobre o peito dos que devem ou querem exercer a caridade em grau heroico, cumprindo, com voto solene, o mandamento divino do amor. Este voto levou ao martírio mais de dois mil religiosos. Assim, o escudo nas Mercês é hábito e traduz a prática libertadora. Pertence à essência mesma da espiritualidade mercedária. É um sacramental desta advocação. Forma com o hábito uma unidade indivisível. 7. PETIÇÕES Dirijamos agora nossa oração ao Deus da Misericórdia, que nos deu Maria por Mãe. - Vós, que vos aproximais de nós na humildade de Maria e por meio dela nos ensinais como vós nos liberais, convertei-nos em testemunhas ativas do vosso amor que nos torna livres. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Vós, Senhor, que entrastes em nossa história e na de Maria, revelai-nos a vossa intervenção em favor dos humildes, dos fracos e dos pobres, 64 Encontros com Maria


ajudai-nos a experimentar a vossa libertação e a oferecê-la humildemente aos nossos irmãos. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. - Vós, que salvastes o homem inteiro e a todos os homens, dai-nos o valor e o discernimento, e contribuamos para que a riqueza transformadora de vosso Evangelho se faça presente em nossa pátria, na cultura, na economia, nas relações pessoais e sociais e na política. R. Por Maria das Mercês, ouvi-nos, Senhor. 8. ORAÇÃO JUBILAR Maria das Mercês, que suscitaste no teu servidor Pedro Nolasco o desejo de imitar a Cristo Redentor, pondo a sua vida ao serviço dos mais pobres de entre os pobres, os cativos, ao prepararmo-nos para celebrar o Jubileu mercedário, Te pedimos que eleves nossas orações ao Pai, fonte de misericórdia, para que sejamos capazes de contemplar a face do teu Filho no rosto dos cativos de hoje e ofereçamos, alegremente, cheios do Espírito Santo, nossas vidas como moeda de resgate por nossos irmãos que vivem privados de liberdade e sem esperança nas novas periferias do cativeiro. Amém.

Encontros com Maria 65


Nossa Senhora das Mercês, Mãe da Libertação, livra-me das correntes que amarram e bloqueiam minha vida, minha família e meus negócios. Roga por mim junto a Jesus, que envie seus anjos para libertar-me de todos os males. Interceda a Deus, para que eu obtenha as luzes, por meio do Espírito Santo, para viver na paz, alegria e prosperidade. Ensina-me a ter um coração livre das prisões da alma e do corpo. Sejas para mim, ó mãe amável, companheira de iagem, presença constante, e que eu veja sempre o rosto de Jesus em cada irmão oprimido. Amém 66 Encontros com Maria


Encontros com Maria 67


68 Encontros com Maria


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.