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Revista
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Publicação Trimestral da Família Mercedária no Brasil - setembro 2020
SOLIDARIEDADE REDENTORA Em meio a esse cenário desafiador é que temos observado o surgimento das pequenas iniciativas mercedárias, que ofertam alívio aos que sofrem e esperança aos desanimados
EDITORIAL FREI RAFAEL GOMES, O. DE M.
Caros amigos, graça e paz! Com alegria, ofertamos a você mais uma edição da Revista Mercê! Assentado no tema da solidariedade redentora, esse volume apresentará algumas iniciativas realizadas pela família mercedária presente no Brasil que nos fazem perceber e sentir que a mercê de Deus tem palavras e gestos a oferecer à humanidade nesses tempos tormentosos, marcados sobretudopela Pandemia do novo Coronavirus. No bojo da crise sanitária, responsável por milhares de mortes no Brasil, surge uma série de problemas sociais e econômicos, responsáveis por agravar o quadro de momento da sociedade brasileira. Com isso, os esquemas de opressão que aviltam a dignidade humana tornam-se cada vez mais visíveis e danosamente atuantes. O resultado, todos conhecemos: situações de cativeiro que subjugam pessoas, famílias, povos. Em meio a esse cenário desafiador é que temos observado o surgimento das pequenas iniciativas mercedárias, que ofertam alívio aos que sofrem e esperança aos desanimados. Tais ações, de corte pastoral e de cunho social, serão de alguma maneira aqui retratadas. Pequenos gestos de partilha e de solidariedade redentora que têm produzido vida em abundância! Trazemos ainda nesta edição colaborações preciosas de nossos religiosos a respeito de nosso carisma e de nossa missão, qual seja, de partilharmos com os que sofrem a misericórdia de Deus que redime os cativos. Que a Mãe Santíssima das Mercês interceda por você e por sua família! Fraternalmente, no Cristo Redentor Frei Rafael Gomes, O. de M.
Superior Provincial da Ordem das Mercês: Fr. John Londerry Batista, O. de M. Editor Chefe: Frei Rafael Gomes, O. de M. Jornalista Responsável: Rodrigo Sales - Reg. 8316-DF Correção e Revisão: Professora Elza Atála Participaram nesta edição: Frei Rafael Gomes, O. de M. Frei Fernando Cascón, O. de M. Frei Inácio José, O. de M. Site www.revistamerce.com.br Projeto Gráfico e diagramação Rodrigo Sales Impressão e Acabamento Mídia Gráfica LTDA. Tiragem 200 exemplares Publicidade 61-3346 1952 Central de Assinantes imprensa@mercedarios.com.br 61-3346 1952
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SUMÁRIO
CAPA
PALAVRA DO PAPA
LITURGIA DA PALAVRA
ESPIRITUALIDADE
A MISERICÓRDIA DE DEUS: REMÉDIO QUE NOS LAVA DO PECADO E DAS FERIDAS DEIXADAS POR ELE EM NÓS
SOLIDARIEDADE REDENTORA
PÁGINA 08
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PÁGINA 12
CARISMA MERCEDÁRIO ATITUDES LIBERTADORAS DE JESUS NOS EVANGELHOS
CARISMA MERCEDÁRIO MÃE DAS MERCÊS
MERCÊ NO BRASIL
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SEMENTES DE MISSÃO
CALENDÁRIO
DOM FR. RAMÓN VICENTE HÁRRISON ABELLO, O. DE M.
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CALENDÁRIO MERCEDÁRIO MAIO DOM
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PALAVRA DO PAPA PAPA FRANCISCO
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Bom dia, queridos irmãos e irmãs! Continuemos as catequeses sobre a Santa Missa. À Liturgia da Palavra — sobre a qual meditei as catequeses passadas — segue-se a outra parte constitutiva da Missa, que é a Liturgia eucarística. Nela, através dos sinais sagrados, a Igreja torna continuamente presente o Sacrifício da nova aliança, selada por Jesus no altar da Cruz (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. Sacrosanctum concilium, 47). O primeiro altar cristão foi o da Cruz, e quando nos aproximamos do altar para celebrar a Missa, a nossa memória vai ao altar da Cruz, onde se realizou o primeiro sacrifício. O sacerdote, que na Missa representa Cristo, cumpre aquilo que o próprio Senhor fez e confiou aos discípulos na última Ceia: tomou o pão e o cálice, deu graças e distribuiu-os aos discípulos, dizendo: «Tomai e comei... bebei: isto é o meu Corpo... isto é o cálice do meu Sangue. Fazei isto em memória de mim!». Obediente ao mandato de Jesus, a Igreja dispôs a Liturgia Eucarística em momentos que correspondem às palavras e aos gestos realizados por Ele na vigília da sua Paixão. Assim, na preparação dos dons levam-se ao altar o pão e o vinho, ou seja, os elementos que Cristo tomou nas suas mãos. Na Prece Eucarística damos graças a Deus pela obra da redenção, e as ofertas tornam-se o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo. Seguem-se a fração do Pão e a Comunhão, mediante as quais revivemos a experiência dos Apóstolos que receberam os dons eucarísticos das mãos do próprio Cristo (cf. Ordenamento Geral do Missal Romano, 72). Portanto, ao primeiro gesto de Jesus: «Tomou o pão e o cálice do vinho», corresponde a preparação dos dons. É a primeira parte da Liturgia Eucarística. É bom que o pão e o vinho sejam apresentados ao sacerdote pelos fiéis, porque eles significam a oferta espiritual da Igreja ali congregada para a Eucaristia. É bom que precisamente os fiéis levem o pão e o vinho ao altar. Não obstante, hoje, «os fiéis já não levam, como outrora, o próprio pão e vinho, destinados à Liturgia, todavia o rito da apresentação destes dons conserva o seu valor e significado espiritual» (ibid., n. 73). E a este propósito, é significativo que, ao ordenar um novo presbítero, o Bispo, quando lhe entrega o pão e o vinho, diz: «Recebe as ofertas do povo santo para o 09
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É tudo isso que exprime também a oração do ofertório. Nela, o sacerdote pede a Deus que aceite os dons que a Igreja lhe oferece, invocando o fruto do admirável intercâmbio entre a nossa pobreza e a sua riqueza. No pão e no vinho apresentamoslhe a oblação da nossa vida, a fim de que seja transformada pelo Espírito Santo no sacrifício de Cristo, tornando-se com Ele uma única oferenda espiritual agradável ao Pai. Enquanto concluímos assim a preparação dos dons, dispomo-nos para a Prece eucarística (cf. ibid., n. 77). A espiritualidade da doação de si, que este momento da Missa nos ensina, possa iluminar os nossos dias, os relacionamentos com os outros, aquilo que levamos a cabo e os sofrimentos que encontramos, ajudando-nos a construir a cidade terrena à luz do Evangelho. FRANCISCO, Papa. Sala Paulo VI Quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018 © Reuters
sacrifício eucarístico» (Pontifical Romano — Ordenação dos bispos, dos presbíteros e dos diáconos). O povo de Deus que leva a oferta, o pão e o vinho, a grande oferta para a Missa! Portanto, nos sinais do pão e do vinho, o povo fiel põe a própria oferta nas mãos do sacerdote, que a coloca no altar, ou mesa do Senhor, «que é o centro de toda a Liturgia Eucarística» (OGMR, n. 73). Ou seja, o centro da Missa é o altar, e o altar é Cristo; é necessário olhar sempre para o altar, que constitui o cerne da Missa. Por conseguinte, no «fruto da terra e do trabalho do homem» oferece-se o compromisso dos fiéis a fazer de si mesmos, obedientes à Palavra divina, um «sacrifício agradável a Deus Pai TodoPoderoso», «pelo bem de toda a sua santa Igreja». Deste modo, «a vida dos fiéis, o seu louvor, o seu sofrimento, a sua oração e o seu trabalho unem-se aos de Cristo e à sua oblação total, adquirindo assim um novo valor» (Catecismo da Igreja Católica, 1.368). Sem dúvida, a nossa oferta é pouca coisa, mas Cristo tem necessidade deste pouco. O Senhor pede-nos pouco e dá-nos muito. Pede-nos pouco. Na vida diária, pede-nos a boa vontade; pede-nos um coração aberto; pede-nos a vontade de sermos melhores, para receber Aquele que se oferece a si mesmo a nós na Eucaristia; pede-nos estas oblações simbólicas que depois se tornarão o seu Corpo e o seu Sangue. Uma imagem deste movimento oblativo de oração é representada pelo incenso que, consumido no fogo, liberta uma fumaça perfumada que se eleva: incensar as ofertas, como se faz nos dias santos, incensar a cruz, o altar, o presbítero e o povo sacerdotal manifesta visivelmente o vínculo ofertorial que une todas estas realidades ao sacrifício de Cristo (cf. OGMR, n. 75). E não vos esqueçais: há o altar, que é Cristo, mas sempre em referência ao primeiro altar, que é a Cruz; e ao altar, que é Cristo, levamos o pouco dos nossos dons, o pão e o vinho, que depois se tornarão muito: o próprio Jesus que se oferece a nós!
ESPIRITUALIDADE POR PE. FR. RAFAEL GOMES, O. DE M.
A MISERICÓRDIA DE DEUS: REMÉDIO QUE NOS LAVA DO PECADO E DAS FERIDAS DEIXADAS POR ELE EM NÓS
O Senhor Deus sempre ama suas criaturas. E entre as mesmas, ama de modo especial o ser humano, cabeça de todo o cosmos, de tudo o que é criado. Essa caridade pulsante e transbordante dEle permitiu o surgimento daquilo que era limitado. O Altíssimo como que “cede espaço” para além de Si, a fim de que haja vida para além de Si. Nesse sentido, a criação consiste num ato supremo de gratuidade: Deus nos criou sem a necessidade de precisar de nós. Criou-nos fundamentalmente para sermos destinatários de sua caridade . O pecado, enquanto opção egoísta assumida por cada pessoa humana, que a fez esconder-se de Deus, gerou fragmentação nela mesma. Ela perdeu, pela desobediência, o dom sobrenatural por excelência da amizade divina, e ficou sujeita às limitações de sua condição criatural. A morte passou a ser realidade para a pessoa humana. Consequência justa para um
comportamento injusto e ingrato. Contudo, Deus não pode negar-se a si mesmo. Ele sempre se inclina na direção do ser humano para resgatálo do mal, concedendo-lhe vida em plenitude. Deus não quer que a morte seja a palavra final da caminhada humana. Por isso, a compaixão, comoção própria de Deus, é uma manifestação refinada de seu amor que refaz e recria na graça o humano desarticulado pelo mal. O amor restaurador de Deus, prometido logo após o primeiro lapso humano, cumpre-se em plenitude com a pessoa de Jesus Cristo, rosto visível da mercê de Deus. Jesus sempre se sensibilizava com as pessoas sofridas e cansadas que encontrava em seu caminho. Ele se compadecia dos pobres e dirigia um olhar de ternura aos oprimidos. Esse apreço pelo outro, ou, dito de outro modo, esse desejo ardente de refazer a vida humana
visibiliza-se ainda nos relatos de cura e da multiplicação de alimentos (pães, peixes). Sua mercê confortava corações despedaçados e libertava os oprimidos pelos males do corpo e do espírito. Preparação para a oração: encontrar um santuário, tranquilizar-se, respirar profundamente, recolher-se ORAÇÃO PREPARATÓRIA: Senhor, que todos os meus pensamentos e sentimentos estejam voltados para ti. Graça: Reconhecer-me pecador perdoado. Textos Bíblicos: Lc 15, 1-32; Sl 50 Conheço e sinto minhas feridas? Como vivo diante delas: procuro curá-las, ou não me preocupo com esse tema? Conseguimos perceber as consequências das nossas feridas não curadas? Você se sente amado por Deus apesar de seus limites?
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CAPA Por Luciano Lima, Fundador da Comunidade Vinha do Senhor
SOLIDARIEDADE 12
REDENTORA
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Frei Rafael Gomes nas ruas durante distribuição de cestas
Frei Rogério Soares junto com a equipe durante entrega das cestas
Frei Rafael Gomes nas ruas durante distribuição de cestas
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Misericórdia em tempos de pandemia é o que move o coração de muitos sacerdotes, leigos, consagrados, de muitos irmãos de diversas comunidades de vida, enfim, de toda a Igreja. Inspirados na vida e obra de Santa Dulce dos Pobres, paróquias do Distrito Federal se unem para permanecerem solidárias e minimizarem carências das pessoas mais necessitadas das áreas de vulnerabilidade. Segundo especialistas um vírus, a COVID-19, começou assolar a humanidade em meados de novembro de 2019. O mesmo chegou ao Brasil, com mais vitalidade, em 2020, no princípio de março. Dada esta realidade, de modo especial o Distrito Federal e demais localidades começaram a entrar em quarentena, com o intuito de reter a propagação deste novo vírus. Isso fez muitas pessoas perderem seus empregos e outras terem seus salários reduzidos. Sem contar as tantas outras que já passavam dificuldades antes mesmo da pandemia. Com o isolamento, tais questões ficaram mais acentuadas, visto que aqueles
que muitas vezes viviam das doações de restaurantes, feiras e da doação generosa de muitos, diante do medo da propagação do Covid-19, muitos locais foram fechados, o que fez com que muitas pessoas não pudessem mais serem atendidas. Em virtude deste cenário, o Serviço Fraterno Santa Dulce dos Pobres constitui-se uma resposta para este tempo de pandemia, interpelado a fazer algo a mais por aqueles que necessitam do alimento corporal. Esse belíssimo projeto teve seu início no dia 19 de abril de 2020, festa da Divina Misericórdia, Foi de iniciativa de Frei João Benedito de Araújo OFMConv., pároco do Santuário São Francisco de Assis (SGAN 915 Conjunto A/B – Asa Norte – Brasília) , e de Frei Rogério Soares O. de M., pároco na Sagrado Coração de Jesus Nossa Senhora das Mercês (SGAS 615 – Asa Sul – Brasília), conta com o apoio de Luciano Lima, da Comunidade Mariana Vinha do Senhor, e Caio Valente, da Pastoral de Rua Nacional, que realizam o mapeamento das famílias em situação de vulnerabilidade. A iniciativa conta ainda com o apoio das respectivas comunidades locais dos mercedários e dos franciscanos e do Vigário Episcopal e pároco da Paróquia Divino Espírito Santo, Padre Cristiano Soares. Com a proposta, o Santuário e a Paróquia Sagrado Mercês tornaram-se pontos de coleta iniciais do Serviço Fraterno Santa Dulce dos Pobres, com o lema, “Somos solidários porque somos cristãos”. As paróquias são pontos de concentração para o recebimento de doações de materiais de limpeza, de higiene pessoal, de gêneros alimentícios, de cestas básicas, e também recebem doações financeiras. As doações são arrecadas pelo sistema Drive Thru, permitindo a muitas pessoas a doar sem saírem de seus carros, entregando as doações na guarita das respectivas paróquias.
Inspirados na vida e obra de Santa Dulce dos Pobres, católicos se unem para minimizarem carências das pessoas mais necessitadas.
Em dois meses, eles já foram distribuídas mais de 4 mil cestas pelo DF
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CARISMA MERCEDÁRIO
POR PE. FR. INÁCIO JOSÉ, O. DE M.
AS ATITUDES LIBERTADORAS DE JESUS NOS EVANGELHOS
FOTO: FLICKR
EVANGELHO DE LUCAS
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Caro leitor. Continuemos a nossa leitura dos evangelhos, buscando as ações libertadoras de Jesus, tendo em vista a aprofundar nosso carisma mercedário. Hoje nos debruçaremos sobre o evangelho de Lucas. A obra lucana é composta pelo Evangelho e por Atos dos Apóstolos. As duas obras foram compostas por um mesmo autor, provavelmente um cristão vindo do mundo gentílico, discípulo de Paulo, escrevendo para comunidades cristãs paulinas, majoritariamente pagãos. Segundo os estudiosos da Bíblia, nas comunidades lucanas existia uma grande desigualdade social. Isso motivou Lucas a elaborar uma catequese social, inspirado em Jesus, como veremos nos textos que lhe são próprios. Da mesma forma como Mateus, o evangelho de Lucas usa como fonte o evangelho de Marcos, a chamada fonte dos ditos de Jesus (fonte Q), e material próprio de sua comunidade, redigindo seu evangelho por volta dos anos 80/90 d.C. Relembro ao leitor que textos que já apareceram em Marcos e Mateus e que, aparecem em Lucas não serão meditados novamente. Tenha a bíblia em suas mãos para ler as citações. Para facilitar a leitura das ações libertadoras de Jesus no evangelho lucano, vamos ajuntá-las em tópicos.
1. JESUS LIBERTA-NOS DE UMA RELIGIÃO QUE NÃO PROPORCIONA LIBERDADE. Em Lc 10,29-37 temos a conhecidíssima parábola do bom samaritano na qual Jesus ensina-nos que próximo é todo aquele do qual nós nos aproximarmos, superando a mentalidade judaica de que o próximo fosse o nosso conterrâneo ou pessoa da mesma religião. Nesta parábola um inimigo dos judeus, ajuda a um judeu quase morto, ao passo que os membros da religião judaica são incapazes de ajudá-lo, justamente por motivos religiosos (um quase morto era “impuro” e não podia ser tocado). A mensagem dessa parábola é profundamente mercedária e libertadora: uma religião que justifica o sofrimento e a morte das pessoas não é de Deus; pessoas que acreditam de forma diferente (samaritano) podem estar mais próximas de Deus do que nós; e por fim, devemos aproximarmo-nos de todos aqueles que estão caídos à beira da vida sendo para eles um instrumento da libertação de Deus. Nisso consiste o caminho para a vida eterna. O caminho mercedário de redenção. Em Lc 10,38-42 temos a cena na casa de Marta e Maria na qual Jesus ensina o que é o essencial da vida cristã: o discipulado. Discipulado é sentar-se aos pés de Jesus, escutar a sua palavra e praticá-la. 17
Esse texto também é libertador pois mostra uma mulher como discípula de Jesus, o que na época não era permitido. Os rabinos só tinham discípulos e não discípulas. Os mercedários devem promover a igualdade de direitos entre homens e mulheres, pois, segundo Paulo, cujo pensamento influenciou o evangelho lucano, Cristo nos libertou das diferenças que nos dividem (Gl 3,28). Em Lc 11,5-8, ao ensinar sobre a confiança na oração, Jesus nos mostra que Deus sempre haverá de nos escutar. Deus não é surdo à nossa oração, sempre está atento às nossas preces. Isso não significa que haverá de atender tudo aquilo que pedirmos, mas Deus é como este amigo que está disposto a ser importunado e nos socorrer no momento da adversidade. Se Deus não nos atende é porque o que pedimos, no fundo é mau para nós. Já em Lc 13,1-5, Jesus nos liberta do fatalismo. As tragédias que acontecem na
humanidade, não são causadas por Deus e nem pelo destino; devem ser a ocasião para a nossa conversão motivando-nos à solidariedade àqueles que sofreram as tragédias. Em Lc 13,10-17, Jesus cura uma mulher em dia de sábado. Jesus ensina que a vida é o bem maior e que para salvá-la podem-se quebrar leis religiosas. O mercedário é aquele que promove a vida, mesmo que isso implique quebrar normas e leis. A lei está a serviço do ser humano e não o contrário. Lc 15,11-32: parábola exclusiva de Lucas que mostra o amor misericordioso do pai ao acolher novamente aquele filho rebelde. O mercedário é chamado a ser sinal desse amor misericordioso de Deus para com os pecadores, oprimidos e cativos. É parábola mercedária e libertadora, pois mostra o filho mais velho legalista, rigorista que se relaciona com o pai como se fosse um empregado; precisa ser libertado para o amor gratuito de Deus. A religião (ligação com o Pai) não é baseada na barganha da obediência rigorista, mas na gratuidade do amor filial. Lc 18,9-14: na parábola do fariseu e do publicano, Jesus ensina-nos que é a atitude humilde diante de Deus que nos salva e não a obediência aos preceitos religiosos que podem encher o nosso coração de vaidade religiosa. Nesse sentido o texto é libertador e mercedário pois nos liberta da pretensão orgulhosa de salvar-nos a nós mesmos. É fundamento da fé cristã que somos salvos por Deus: ninguém se salva a si mesmo.
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2. JESUS LIBERTA-NOS DO APEGO AOS BENS MATERIAIS (RIQUEZA). Destacamos o cântico de Maria na visita a Isabel (Lc 1,39-56), quando afirma a intervenção divina na história realizando a libertação dos oprimidos e a derrocada dos opressores. Do ponto de vista mercedário, notamos que não haverá liberdade sem justiça social. Em Lc 12,16-21, Jesus conta a parábola do rico ganancioso que juntou todos os seus bens em celeiros, pensando em desfrutá-los, mas, que naquela mesma noite, haveria de morrer. Esta parábola recorda tantas pessoas que vivem em função apenas de angariar bens materiais sem desfrutar a vida. Jesus pretende libertar as pessoas do apego à riqueza e aos bens materiais. Lc 14,28-33: Jesus estabelece as condições para ser seu discípulo. É necessário ponderar, se temos condições de segui-lo. Jesus deseja a renúncia de todos os bens. Do ponto de vista do carisma mercedário, esse texto além de justificar o voto de pobreza na qual o religioso é obrigado a não ter nada em seu nome, justifica também o uso dos bens tendo em vista apenas a libertação dos cativos. Os bens dos mercedários, na realidade, são dos cativos. Para quem não é religioso consagrado esse texto ensina que se deve usar os bens conforme a vontade de Jesus, sobretudo na partilha com os pobres e não de forma gananciosa como nos ensina este mundo capitalista. Lc 16,19-31: trata-se de mais uma crítica ao apego à riqueza que endurece o coração e não faz enxergar os pobres
e miseráveis ao nosso redor. A desigualdade social promove um abismo entre ricos e pobres. A riqueza dos ricos que os torna insensíveis aos pobres pode condená-los ao inferno. Os mercedários devem enfrentar essa desigualdade social com profetismo. São Pedro Nolasco mobilizou os ricos para a libertação dos cativos, ajudando-os a desapegarem-se de seus bens. Lc 19,1-10: a conversão de Zaqueu passa pelo bolso. Ele decide dividir seus bens com os pobres e ressarcir em quatro vezes as pessoas que roubou. Mais uma vez Jesus ensina-nos que cumprir a vontade de Deus passa pela esfera econômica da vida. O modo ganancioso egoísta de lidar com dinheiro e os bens materiais é idolatria. O cristão e o mercedário devem ser libertos do apego aos bens materiais. Afirmávamos no início do texto que Atos dos Apóstolos também é obra do mesmo autor. Nele temos a comunidade que é produzida a partir da solidariedade e partilha dos bens. Em At 2,42-47, diz-se que os cristãos primitivos praticavam esta solidariedade econômica, não sendo apegados à riqueza e aos bens que possuíam. Em At 4,3221 19
37, afirma-se que essa partilha era tão séria que entre os cristãos primitivos não havia pobres. Este é o ideal de uma sociedade justa, fraterna, cristã e, diríamos, mercedária. 3. JESUS É O LIBERTADOR DE TODA A HUMANIDADE. O evangelho inicia com o relato da infância de Jesus (Lc 1 – 2, ler os dois capítulos). O autor pretende fazer uma comparação entre João Batista e Jesus, entre a expectativa do Antigo Testamento (João Batista) e a plena realização da promessa de Deus com a chegada do Novo Testamento (Jesus Messias). Em Lc 3,23-38, aparece uma genealogia teológica de Jesus diferente da de Mateus: este considera Jesus filho do povo de Israel e Salvador “apenas” de Israel, ao passo que, inspirado na teologia paulina, Lucas considera Jesus como filho de Adão e por isso Salvador não somente do povo de Israel mas de toda a humanidade.
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4. JESUS TEM UM OLHAR PREFERENCIAL PELOS POBRES LIBERTANDO-OS DE SEUS SOFRIMENTOS. Em Lc 4,16-30, Jesus na sinagoga de Nazaré, abrindo o rolo do profeta Isaías 61, lê e interpreta este texto dizendo que Nele se cumpre tudo aquilo predito pelo profeta, ou seja, Jesus veio para libertar os cativos, quebrar os jugos da opressão e proclamar o ano da graça do Senhor. Este texto é muito caro aos mercedários, pois nele enxergamos que o programa da vida de Jesus era promover a libertação humana. Para isso, Cristo foi consagrado por Deus. Em Lc 7,11-17 Jesus ressuscita o filho da viúva de Naim. Naquele tempo a viúva sem filhos estava fadada a viver da mendicância. Por isso, mais do que devolver a vida ao morto, Jesus está salvando a vida daquela mulher. As “viúvas atuais” são todos aqueles que não têm condição
econômica de viver com dignidade aos quais os mercedários devem promover ações sociais e de libertação, a fim de que possam ter o sustento necessário e viver com liberdade. Lc 14,7-14, ao ser convidado para um jantar, Jesus ensina a não buscar os lugares de honra e a convidar à mesa aqueles os quais não têm como retribuir (pobres). Jesus ensina-nos que a lei do evangelho é a gratuidade. Na medida em que somos gratuitos nas nossas relações demonstramos que a graça de Deus tocou a nossa vida. Mercedário que não for gratuito é mercenário. Em síntese: o Cristo lucano age preferencialmente, libertando os pobres da sua miséria e opressão, exigindo dos seus discípu-
los uma atitude gratuita para com eles. A conversão ao evangelho passa pela renúncia à idolatria do dinheiro e dos bens. Estes podem ser causa de escravidão e catividade para aqueles que os detêm e causa de opressão e sofrimento para os pobres que não os têm. Cristo apresenta uma religião libertadora baseada na confiança irrestrita no amor de Deus por cada um de nós, ao qual nós devemos corresponder com o amor gratuito e filial, desdobrando-se numa atitude de gratuidade para com os cativos, construindo uma sociedade livre, fraterna e de iguais. Eis o evangelho social e libertador apresentado por Lucas para as suas comunidades e plenamente atual para o nosso mundo.
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CARISMA MERCEDÁRIO
POR PE. FR. INÁCIO JOSÉ, O. DE M.
MÃE DAS MERCÊS Maria das Mercês em Lc 1, 39-45 Caro leitor. Depois da leitura das atitudes libertadoras de Jesus nos evangelhos, vamos nos deter na figura de Maria das Mercês. Tome em sua Bíblia Lc 1,3956. Essa passagem nos mostra muito do carisma mercedário. Após o anúncio de que seria Mãe do Salvador, Maria visita sua parenta Isabel. Daqui depreendemos o visitar que o mercedário precisa fazer àqueles que necessitam de libertação. Esse aspecto de missionariedade, de saída de si em direção ao cativo que sofre é próprio de nosso ser. O cântico de Maria, segundo os biblistas, trata-se, provavelmente, de uma canção cantada nas igrejas primitivas e que Lucas recolheu e o colocou nos lábios de Maria, fazendo-a profetisa da libertação. O cântico tem por base 1Sm 2,1-10, cântico de Ana, mas é recheado de outras passagens bíblicas[1], recolhendo no AT inúmeras passagens que mostram o socorro de Deus pelos pobres e cativos. O cântico retrata Maria com os pés no chão consciente das dores de seu povo e cantando, profeticamente, a intervenção de Deus na história humana. Aqui não podemos “espiritualizar” o texto, pois ele 22
diz claramente que, quando Deus age na história, ele liberta o ser humano do orgulho, derrubando-o de seu trono e elevando os humildes; liberta os ricos da ganância tornando-os pobres e aos pobres liberta da fome, saciando-os de bens. A intervenção divina provoca uma reviravolta social: aqueles que socialmente vivem bem, à custa da opressão dos demais, são destituídos de seu bem-estar, ao passo que os oprimidos são resgatados. Pode-nos parecer estranho ou “revolucionário” demais, mas, está respaldado pela ação divina na história do povo de Deus: Deus destronou o faraó para libertar seu povo (Êxodo), Deus ajudou seu povo a vencer os cananeus para entrar na terra prometida (Juízes e Josué). Talvez estejamos acostumados a “domesticar” Deus segundo nossos interesses, ao passo que, biblicamente, é incontestável que, Deus sempre toma o lado dos oprimidos. Maria, através do Magnificat, canta, portanto, essa libertação que um dia haverá de ser realizada plenamente por Deus e da qual nós, mercedários, somos, por meio de nosso carisma, agentes e promotores. Que a Mãe das Mercês nos inspire nesse caminho de libertação.
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MERCÊ NO BRASIL
POR PE. FR. RAFAEL GOMES, O. DE M.
SAV MERCÊ
Com o surgimento da pandemia da COVID 19, o mundo precisou se ressignificar. O que outrora era realizado no modo presencial, agora tende a ser realizado a partir dos recursos tecnológicos que permitem o tele trabalho, bem como outras atividades importantes para a vida humana. Esse caminho fora adotado para as atividades pastorais. Elas, outrora presenciais, passaram por um processo de adaptação. Esta incluiu sobretudo a utilização das mídias digitais e sociais. Nessa linha, o serviço de animação vocacional dos padres mercedários do Brasil tem realizado contatos, encontros e acompanhamentos com os jovens vocacionados a partir das mídias sociais. Destacam-se a realização dos bate-papos vocacionais, que ocorrem a cada mês. Neles, os jovens interagem com os religiosos e religiosas pertencentes a família mercedária, trocando experiências e conhecendo um pouco mais do carisma e da espiritualidade das mercês. BATE-PAPO MERCÊ JOVEM No dia 14 de agosto de 2020, realizou-se por meio das mídias sociais, o bate-papo mercê jovem. O encontro, que visa a fomentar a integração entre 24
a juventude mercedária pertencente às comunidades paroquiais assistidas pelas comunidades da província mercedária do Brasil, fora organizado pelos jovens que integram a coordenação do movimento juvenil mercedário no Brasil. A atividade contou com a mediação do Frei Rafael Gomes e foi assessorada por Frei Demerval Soares dos Reis, conselheiro provincial responsável pela pastoral mercedária na província. Acompanharam ainda o bate-papo o casal Artulino e Amparo, coordenadores da Fraternidade Leiga mercedária no Brasil e também assessores do MJM. Os jovens presentes ao bate-papo conectaram-se desde as mais variadas comunidades mercedárias presentes no Brasil. Contamos ainda com a participação dos jovens vocacionados da Ordem das Mercês no Brasil. O que fora compartilhado no bate-papo gira em torno do carisma e da espiritualidade de São Pedro Nolasco como alternativa para o estilo de vida do jovem mercedário de hoje. Gratidão aos jovens de nossas comunidades de fé que “toparam o desafio” de pensar e rezar acerca do ser mercê jovem no mundo de hoje. Que a mãe das mercês interceda por mais essa frente de apostolado da província mercedária no Brasil
SEMENTES DE MISSÃO POR PE. FR. FERNANDO CASCÓN,O. DE M.
Após a morte de Dom Pedro Pascual, ficou vacante a Sede da Prelazia de Bom Jesus. Durante este intervalo, ficou como administrador apostólico o Pe. Francisco Freiria Mallo, secretário do bispo falecido. A 10 de novembro de 1926, a Santa Sé preencheu a sede vacante com nomeação do padre mercedário da Vice Província de Conceição do Chile, Pe. Ramón Vicente Hárrison Abello com o título de Podália. Dom Ramón nasceu de família nobre a 21 de junho de 1887 (Dom Carlos Oviedo Cavada no livro “Los Obispos” Mercedários, data o seu nascimento a 21 de fevereiro) na cidade de Concepción no Chile. De família muito religiosa Federico Harrison Evans e Micaela Abello Rivera, logo foi batizado e catequizado, fazendo primeira Eucaristia. Fez os estudos secundários de humanidades no Colégio dos padres escolápios de Concepción. A família frequentava a igreja dos padres mercedários de onde lhe veio o conhecimento da Ordem de Nossa Senhora das Mercês. Ingressou na Ordem em Chillán, vice província de Concepción, no dia 18 de agosto de 1902. Emitiu os votos religiosos simples a 24 de setembro de 1904 e os votos solenes a 25 de março de 1907. Ordenou-se sacerdote a 2 de janeiro de 1910. Dotado de sabedoria, os superiores o destinaram às casas de estudo. Ensinando Filosofia, Teologia e outras cátedras na Província de Chile e na vice província de Concepción. Foi o primeiro superior e pároco do Convento de Concepción. Nomeado vice provincial de 25
Concepción de 1921 até 1924. Foi também professor no Seminário Diocesano de Santiago no ano 1921. A sede da prelazia de Bom Jesus do Gurguéia, no Brasil, estava vacante e, a 14 de novembro de 1926, o Papa Pio XI escolhe o Pe. Ramón Harrison para bispo prelado de Bom Jesus com o título de Podália. Sagrado na Basílica de Nuestra Señora de La Merced em Santiago de Chile no dia 1º de maio de 1927 pelo Núncio Apostólico do Chile, Dom Benedetto Aloísio Masella e como assistentes Mons. Gilberto Fuensalida Guzmán, bispo de Concepción e Mons. Rucker Sotomayor, bispo de Chillán. O lema do seu episcopado foi “Imple superna gratia”. Imediatamente, viajou para o Brasil em companhia do padre mercedário recém ordenado: Pe. Pedro Emílio Vega Lizama, (encontra-se a biografia nesta mesma obra), um jovem com intenção de ordenar-se na missão, Júlio Torres Sazo e um leigo muito religioso, argentino que tinha iniciado os estudos de teologia e pensava também seguir como Religioso, Dr. Bernardo Ramón Robers. A imprensa da época quando chegaram ao Brasil logo fez eco: “O novo prelado de Bom Jesus do Gurguéia, é um bispo cultíssimo e muito louvado em seu país, é uma garantia de progresso para aquela prelazia do sul do Piauí. Para auxiliá-lo, traz ele um grupo de religiosos, entre os quais os reverendíssimos padres Vega, Herrera, Júlio Torres e o Dr. Bernardo Robers, argentino, que continuará seus estudos de teologia para ordenar-se. O bispo Harrison seguirá daqui para Pirapora, onde tomará um vapor que o conduzirá a Remanso e daí prosseguirá viagem para Bom Jesus” – O seminarista Júlio Torres regressou para sua terra junto com Dom Harrison e o Frei Robers, não chegou a ordenar-se, ficou como irmão de obediência. Dom Harrison tinha condecorações dos governos da Bélgica, Peru e Argentina. O novo prelado tomou posse no dia 02 de outubro de 1927, (segundo Dom Oviedo Cavada, foi no dia 04 de outubro), mas não era vontade de Deus que servisse na Missão do Piauí. Uma grave doença o fez renunciar à prelazia e oito meses depois de tomar posse acompanhado do Pe. Francisco Freiria, internou-se numa clínica no Rio de Janeiro. Depois de medicado, sentindo-se melhor, transferiu-se 26
para o convento San Lorenzo Mártir de Córdoba, Argentina, e lá permaneceu de 1928 até 1934. Depois deste ano, regressou ao Chile, sua pátria, ficando conventual de Concepción. Foi pároco da Igreja de El Sagrário. A diocese o nomeou Oficial do Tribunal Eclesiástico, Examinador Sinodal e Assessor da Ação Católica. Foi um dos organizadores do I Concílio Provincial do Chile, em 1938. Era formado em Direito Canônico. Deixou duas obras escritas “Epistolário de La Esperanza” (1937) e “História de la Filosofia”. Faleceu em Concepción, Chile, a 9 de agosto de 1949, momento em que estava mergulhado num trabalho com a Universidad Obrera de Concepción. Foi sepultado na Capela do Santo Cristo da Agonia no templo de La Merced de Concepción, Chile.
Em 09 de agosto, Dom Ramón Vicente Hárrison faleceu no Chile
2020 CALENDÁRIO MERCEDÁRIO
CALENDÁRIO MERCEDÁRIO 2020
SETEMBRO 01- Nossa Senhora doa Anjos do El Puig 05- Sábado Mercedário 08- Natividade da Virgem Maria 11- Missa pelos fiéis defuntos 12- Sábado Mercedário 15- Nossa Senhora das Dores 16- Beatos MarianoAlcalá e Companheiros 19- Santa Maria de Cervellón 24- Nossa Senhora das Mercês 26 - Sábado Mercedário
OUTUBRO 04- Fundação das Mercedárias do Menino Jesus 03- Sábado Mercedário 09- Venerável Juan Batista do Santíssimo Sacramento 10- Sábado Mercedário 11- Beato Juan Nepomuceno Zegrí 17- Sábado Mercedário 24- Sábado Mercedário 31- Sábado Mercedário
NOVEMBRO 06- Todos os Santos da Ordem 07- Todos os defuntos da Ordem 11- Venerável Catalina Mc Auley 14- São Serapião 21- Fundação das Mercedárias Missionárias de Barcelona 28- Sábado Mercedário
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