Revista
Publicação Trimestral da Família Mercedária no Brasil - Dezembro de 2019
DOM CÂNDIDO LORENZO
* 17/12/2019
23/09/1925
Ano 15
46
VENHA CONHECER O
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DE CATIVOS!! www.mercedarios.com.br
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EDITORIAL
Caríssimos amigos, graça e paz! Com alegria fazemos chegar até você a edição 46 da Revista Mercê! Motivados pela doce espera e pela alegria serena do ciclo do Santo Natal, queremos dar graças a Deus, Pai de Misericórdia, por nos permitir vivenciar mais um ano de peregrinação pela história em direção ao Seu Reino. Entre júbilos e esperanças, desafios e lágrimas, até aqui o Senhor conduziu a família de fé que é a Igreja e, dentro dela, a família mercedária. Nas páginas que se seguem, apresentamos justamente essa conexão que nos sustenta e que motiva o nosso trabalho: em comunhão com a Igreja, e com profundo senso de pertença à mesma, espalhar a mercê de Deus à humanidade, especialmente àquela que se encontra cativa e com riscos de perder a fé. Tópicos de formação humana e espiritual, bem como a partilha de elementos importantes de nosso carisma e missão compõem o menu dessa edição. Aproveitando o ensejo, gostaríamos de agradecer a todos aqueles fazem a missão “Revista Mercê” acontecer. Gratidão aos que nos ajudam com os
conteúdos que oferecemos. Gratidão também a vocês, queridos amigos, que são colaboradores assinantes desse trabalho da Província Mercedária do Brasil. Seu ”sim” a essa obra ajuda a sustentar o caminho de recuperação de muitos irmãos que passam pelo “Recanto Mercê”, lugar de restauração de vidas fragmentadas pelas drogas, localizado na cidade de Alexânia/GO. Um novo ano se descortina para nós! Caminhemos juntos como irmãos, como família de fé! Estamos unidos no espírito redentor que motivava S. Pedro Nolasco a redimir e libertar! O espírito do Senhor Jesus, Santíssimo Redentor, está também sobre nós! Que sejamos sinais, em nossas realidades, da ternura de Deus que redime. Mãe das Mercês, rogai por nós! Frei Rafael Gomes, O. de M.
Ordem Mercedária no Brasil Avenida L2 Sul, quadra 615, Bloco D CEP 70200-750 - Brasília- DF Fone: (61) 3346-1952 www.revistamerce.com.br
Superior Provincial: Fr. John Londerry Batista, O. de M.
Site www.revistamerce.com.br
Editor Chefe: Frei Rafael Gomes, O. de M.
Projeto Gráfico e diagramação Rodrigo Sales
Jornalista Responsável: Rodrigo Sales - Reg. 8316-DF
Impressão e Acabamento Mídia Gráfica LTDA.
Correção e Revisão:
Tiragem 3.000 exemplares
Elza Atála Participaram nesta edição: Frei Rafael Gomes, O. de M. Frei Fernando Henrique, O. de M. Frei Jociel Batista, O. de M. Frei Inácio José, O. de M. Jeovah Fialho
Publicidade 61-3346 1952 Central de Assinantes imprensa@mercedarios.com.br 61-3346 1952 Revista Mercê - 03
SUMÁRIO
FÉ CRISTÃ
PALAVRA DO PAPA
08 VIDA CONSAGRADA
MARIA IMACULADA
13 PRESENTE 18 AMIZADE, DE DEUS ENTREGAR O CORPA À
19 GLÓRIA
MOVIMENTO JUVENIL
20 MERCEDÁRIO
CALENDÁRIO MERCEDÁ-
28 RIO
04 - Revista Mercê
11 DOM CÂNDIDO
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22
RECORTAR
Ag. 212/412 Correios 70275-970 - Brasília- DF
Remetente Revista Mercê - 05
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Indique INDIQUum E Uamigo M AMIGO
06 - Revista Mercê
“Ser padre exige da pessoa o colocar-se a serviço. Signi ica não buscar honras, aplausos, fama, vaidades pessoais de nenhum tipo”. Dom Hélder Pessoa Câmara
FREI SANTIAGO RODRIGUES, O. DE M. ,
Nesta data especial, em que comemoramos o seu Jubileu de Ouro Sacerdotal,
louvamos a Deus pelo dom da sua vida e pelo seu sim ao chamado de Deus. Que a graça deste ministério se renove a cada dia na capacidade de servir com amor aos irmãos.
Elevamos a Deus nossas orações pelo seu ministério sacerdotal e pedimos à
Santíssima Mãe das Mercês e a Pedro Nolasco que intercedam sempre por sua vocação. . Sã o Paulo - SP, 20 de dezembro de 2019 aos 801 anos da Fundaçã o da Ordem das Mercê s.
JHS
Revista Mercê - 07
PALAVRA DO PAPA
A SANTA MISSA: Glória e Oração “Coleta”, ou do Dia
08 - Revista Mercê
LITURGIA DA PALAVRA - PARTE 1
Fotos: Vaticano News
Papa Francisco durante Celebração Eucarística
Papa Francisco durante Celebração Eucarística
Hoje damos continuidade às catequeses sobre a Santa Missa. Depois de termos refletido sobre os ritos de introdução, consideremos agora a Liturgia da Palavra, que é uma parte constitutiva porque nos reunimos precisamente para ouvir aquilo que Deus fez e ainda tenciona realizar por nós. É uma experiência que acontece “diretamente” e não por ter ouvido falar, pois «quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é o próprio Deus que fala ao seu povo; e Cristo, presente na Palavra, anuncia o Evangelho» (Ordenamento Geral do Missal Romano, 29; cf. Const. Sacrosanctum concilium, 7; 33). E quantas vezes, enquanto se lê a Palavra de Deus, se comenta: “Olha aquele..., olha aquela... olha o chapéu que ela tem: é ridículo...”. E começa-se a fazer comentários. Não é verdade? Devem-se fazer comentários durante a leitura da Palavra de Deus? [respondem: “não!”]. Não, porque se tu tagarelas com as pessoas não ouves a Palavra de Deus. Quando se lê
Papa Francisco durante Celebração Eucarística
a Palavra de Deus na Bíblia — a primeira Leitura, a segunda, o Salmo responsorial e o Evangelho — devemos ouvir, abrir o coração, pois é o próprio Deus que nos fala, e não podemos pensar noutras coisas nem falar de outros assuntos. Entendestes?... Explicar-vos-ei o que acontece nesta Liturgia da Palavra. As páginas da Bíblia deixam de ser um escrito para se tornar Palavra viva, pronunciada por Deus. É Deus quem, através da pessoa que lê, nos fala e nos interpela, a nós que ouvimos com fé. O Espírito «que falou por meio dos profetas» (Credo) inspirando os autores sagrados, faz com que «a Palavra de Deus atue realmente nos corações aquilo que faz ressoar aos ouvidos» (Lecionário, Introd., 9). Mas para ouvir a palavra de Deus, é necessário ter também o coração aberto para recebe-la no coração. Deus fala e nós prestamos-lhe ouvidos, para depois pôr em prática quanto ouvimos. É muito importante ouvir. Às vezes, talvez, não enRevista Mercê - 09
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Fotos: Vaticano News
tendemos bem porque algumas leituras são um pouco difíceis. Mas Deus fala-nos igualmente de outro modo. [É preciso estar] em silêncio e ouvir a Palavra de Deus. Não vos esqueçais disto. Na Missa, quando começam as leituras, ouçamos a Palavra de Deus. Temos necessidade de O ouvir! Com efeito, é uma questão de vida, como bem lembra a expressão incisiva de que «não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). A vida que nos dá a Palavra de Deus. Neste sentido, falamos da Liturgia da Palavra como da “mesa” que o Senhor prepara para alimentar a nossa vida espiritual. A da liturgia é uma mesa abundante, que haure amplamente dos tesouros da Bíblia (cf. SC, 51), tanto do Antigo como do Novo Testamento, porque neles é anunciado pela Igreja o único e idêntico mistério de Cristo (cf. Lecionário, Introd., 5). Pensemos na riqueza das leituras bíblicas oferecidas pelos três ciclos dominicais que, à luz dos Evangelhos Sinóticos, nos acompanham ao longo do ano litúrgico: uma grande riqueza. Aqui desejo recordar também a importância do Salmo responsorial, cuja função consiste em favorecer a meditação do que se ouve na leitura que o precede. É bom que o Salmo seja valorizado através do cântico, pelo menos no refrão (cf. OGMR, 61; Lecionário, Introd., 19-22). A proclamação litúrgica das mesmas leituras, com os cânticos tirados da Sagrada Escritura, exprime e favorece a comunhão eclesial, acompanhando o caminho de todos e de cada um. Portanto, compreende-se por que são proibidas algumas escolhas subjetivas, como a omissão de leituras ou a sua substituição com textos não bíblicos.
Papa Francisco durante Celebração Eucarística
Ouvi dizer que alguém, quando há uma notícia, lê o jornal, porque é a manchete do dia. Não! A Palavra de Deus é a Palavra de Deus! Depois podemos ler o jornal. Mas ali lê-se a Palavra de Deus. É o Senhor que nos fala. Substituir aquela Palavra com outras empobrece e compromete o diálogo entre Deus e o seu povo em oração. Ao contrário, [exige-se] a dignidade do ambão e o uso do Lecionário, a disponibilidade de bons leitores e salmistas. Mas é preciso procurar bons leitores, que saibam ler, e não aqueles que leem [deturpando as palavras] e não se entende nada. É assim. Bons leitores! Devem preparar-se e ensaiar antes da Missa para ler bem. E isto cria um clima de silêncio receptivo. Sabemos que a palavra do Senhor é uma ajuda indispensável para não nos perdermos, como oportunamente reconhece o Salmista que, dirigindo-se ao Senhor, confessa: «A vossa palavra é uma lâmpada que ilumina os meus passos, uma luz no meu caminho» (Sl 119 [118], 105). Como poderíamos enfrentar a nossa peregrinação terrena, com as suas dificuldades e provações, sem ser regularmente alimentados e iluminados pela Palavra de Deus que ressoa na liturgia? Sem dúvida, não é suficiente escutar com os ouvidos, sem acolher no coração a semente da Palavra Divina, permitindo que ela produza frutos. Lembremo-nos da parábola do semeador e dos vários resultados alcançados, conformidade com os diversos tipos de terreno (cf. Mc 4, 14-20). A ação do Espírito, que torna eficaz a resposta, tem necessidade de corações que se deixem modelar e cultivar, de modo que quanto é ouvido na Missa passe para a vida de todos os dias, segundo a admoestação do Apóstolo Tiago: «Sede cumpridores da Palavra e não apenas ouvintes, enganando-vos a vós mesmos» (Tg 1, 22). A Palavra de Deus percorre um caminho dentro de nós. Escutamo-la com os ouvidos e ela passa para o coração; não permanece nos ouvidos, mas deve chegar ao coração; e do coração às mãos, às boas obras. Eis o percurso da Palavra de Deus: dos ouvidos ao coração e às mãos. Aprendamos estas coisas. Obrigado!
FÉ CRISTÃ
Por Jeovah Fialho
TERCEIRO ARTIGO DO CREDO "JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO E NASCEU DA VIRGEM MARIA"
Vamos continuar nosso aprofundamento sobre a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Falamos em nosso texto anterior sobre Jesus Cristo, filho único de Deus. O Credo possui 6 artigos ou afirmações sobre Jesus. Desta vez meditaremos sobre o mistério da sua encarnação e do seu nascimento da Virgem Maria. Nos referimos à concepção de Deus no seio de Nossa Senhora como a "Encarnação do Verbo". O Verbo de Deus é a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Um importante pergunta para nossa reflexão: Por que Deus se encarnou? O Catecismo, fazendo eco ao símbolo niceno-
-constantinopolitano, sintetiza a resposta na seguinte fórmula: "Por nós, homens, e para nossa salvação". Esta é a razão pela qual Deus se encarna no seio de Maria. Por meio desta encarnação, Jesus nos reconcilia com Deus, nos ajuda a conhecer Seu amor que se torna nosso modelo de Santidade e nos faz participantes da natureza divina. A realidade da Encarnação permite que a natureza divina e a humana estejam, novamente, perfeitamente unidas. Na pessoa de Jesus Cristo (O Verbo Encarnado) temos a natureza humana e a divina unidas a tal ponto que podemos e devemos dizer que Jesus é homem
e também é Deus. "Tudo na humanidade de Cristo deve, portanto, ser atribuído à sua pessoa divina como seu sujeito próprio; não só os milagres, mas também os sofrimentos e a própria morte" (CIC 468). Jesus Cristo "passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado" (Hb 4, 15). Jesus possui uma alma verdadeiramente humana, assim como nós. Possui inteligência e vontades humanas. Teve desejos de fome, de frio, sentiu alegria, tristeza, e até chorou pelos seus amados amigos. Sua inteligência e sua vontade estão totalmente submetidas à inteligência e vontade divinas. Existe
Revista Mercê - 11
uma verdadeira união entre as naturezas, mas estas também são distintas entre si. Compreender este mistério deve acentuar mais ainda nossa fé. Pois tudo que Deus nos convida a viver foi vivido anteriormente pelo próprio Cristo, verdadeiro homem. Maria é mãe de Jesus Cristo. Ele nasceu de seu ventre. Conhecemos pelo mistério da encarnação que Jesus é Deus e também é homem. Deste modo devemos concluir sem dificuldades que Maria é mãe de Deus. O menino que foi concebido em seu seio é o próprio Deus. A partir desta afirmação sobre Maria, compreendemos os demais dogmas que são proferidos em relação a ela. Sendo mãe de Deus, era preciso que fosse imaculada desde a sua concepção, que fosse virgem, de tal maneira que não foi por contato humano, mas por graça divina que concebeu. Por fim, por graça divina é a primeira a participar das primícias da Ressurreição pelos méritos de seu filho. É assunta em corpo e alma aos céus. Concluindo nossa reflexão, vamos desta-
12- Revista Mercê
car alguns dos principais pontos da vida de Jesus Cristo principalmente em relação a sua vida pública. Desde a sua infância até o início de sua vida pública, esteve ao lado de José e Maria e lhes foi submisso de maneira humilde. Tornou-se para nós exemplo de santidade na vida cotidiano familiar e no trabalho. Sua vida pública começou após uma consagração total de sua pessoa por meio do Batismo. A tentação nos mostra um Jesus humilde, que triunfa sobre Satanás através da submissão de sua vontade à de Deus Pai. O Reino dos céus é inaugurado por Cristo por meio de suas obras, palavras e presença, e é continuado pela Igreja. "Toda a vida de Cristo foi um contínuo ensinamento: os seus silêncios, os seus milagres, os seus gestos, a sua oração, o seu amor pelo homem, a sua predileção pelos pequenos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na cruz pela redenção do mundo, a sua ressurreição: tudo é atuação da sua palavra e cumprimento da Revelação" (CIC 561).
MARIA
IMACULADA MÃE DA MISERICÓRDIA Revista Mercê -13
MÃE DAS MERCÊS
A Imaculada Conceição é o resultado da relação íntima e fiel entre Deus e Maria; de uma relação na gratuidade do amor; de uma relação na qual se conjuga a liberdade de uma escolha e um chamado, com a resposta livre, fiel e contínua por parte de uma criatura. O sentido profundo dessa mensagem dogmática não está tanto na ausência de pecado quanto na plenitude e presença da graça que Deus outorga a Maria. A ausência de pecado é a consequência dessa presença amorosa e eficaz. O fato de Maria estar livre do pecado original não a exime de estar presente nela tudo que é autenticamente humano, com seus diversos dinamismos; também ela participa do caráter opaco da existência, da condição de ser uma mulher numa cultura e sociedade que lhe nega o acesso à Torá e a relega ao silêncio, uma mulher numa aldeia pequena e sem relevância; uma mulher casada com um artesão de um meio rural, dedicada aos trabalhos próprios da casa e da família, ou seja, levando a mesma vida comum e simples de suas vizinhas. Também ela sentia as diversas paixões humanas
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com suas tendências. Porém, à diferença de nós, conseguia integrá-las e orientá-las conforme o plano de Deus, no gozo da abertura a Ele, efetivada em sua entrega generosa aos outros e na luta contra o mal. As contradições, os sofrimentos decorrentes da fidelidade à graça nela presente, assume-os de tal modo que, longe de anulá-la, de fechá-la em si mesma, lhe possibilitam crescer. K. Rahner, em seu livro Maria, Mãe do Senhor, apresenta a Imaculada Conceição como a cheia de graça e a perfeitamente redimida. Que Maria seja a "cheia de graça" e tenha se visto livre do pecado original não implica privá-la ou negar-lhe sua humanidade. Vale apenas ressaltar que o Deus da Vida plenificou de tal modo seu ser que se tornou mais forte nela a luta pelo bem do que o ceder às forças do mal; mais o projeto de Deus do que a debilidade humana. E isso foi vivido por Maria, não por meio de um esforço voluntarista, mas sim por graça de Deus e resposta livre de sua parte. Nessa resposta sua pessoa se plenifica, cresce, brilha e ilumina. Tampouco é negada a bondade do mundo criado nem a do ser humano. Maria não apresenta a si mesma como a perfeita; pelo contrário, como a humilhada, e desde essa verdade é resgatada pelo Deus que nela realiza maravilhas. A partir desta contemplação e compreensão ela é proclamada no Evangelho e na Igreja como a "cheia de graça". A Imaculada Conceição é Maria de Nazaré, que uma vez mais revela a opção de Deus pelos pobres. Trata-se da história de um chamado e de uma resposta. Este dogma mariano também proclama que o bem é anterior ao mal, a graça é mais forte que
Frei Jociel Batista de Carvalho, O. de M.
o pecado; e que esta graça é patrimônio de todos, pois, como afirma K. Rahner: “em Maria e em sua Imaculada Conceição fica patente que a misericórdia eterna abraçou desde seu princípio o homem e, portanto, também nós, para que ressalte de maneira nítida que Deus não nos deixou sozinhos”. A Imaculada nos devolve um olhar de esperança, nos ajuda a confiar nas forças do bem, da verdade, da justiça, sobre as forças do mal, da mentira e da opressão. Estas podem até vencer de imediato, mas não são imunes e acabarão vencidas; cedo ou tarde o tribunal da história faz justiça. As situações, as instituições, as pessoas são dinâmicas e, como tais, podem ser transformadas; para isso basta crer e deixar espaço ao Deus da Vida, para que venha nos socorrer. (Sintetizado de: Clara Temporelli, Maria. Mulher de Deus e dos pobres. Releitura dos dogmas marianos, Paulus, p. 174-176). MURAD, Afonso. Maria Imaculada. Disponibilidade: https://maenossa.blogspot. com/search/label/Imaculada%20Concei%C3%A7%C3%A3o.
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SANTOS MERCEDÁRIOS
VIDA
CONSAGRADA Mestre Geral da Ordem com o Papa Francisco
Abordaremos nessa sessão, em forma de colóquio, alguns temas caros ao crescimento humano e espiritual que fazem parte da vida de todo consagrado. Essas reflexões poderão servir também como temas de oração pessoal para todos aqueles que desejam fazer um itinerário de vida espiritual dentro de seu respectivo estado de vida. A PESSOA CONSAGRADA E A VIDA DE ORAÇÃO É comum em nossas comunidades nos depararmos com os seguintes questionamentos: O que é uma pessoa consagrada? Qual é exatamente a sua missão e as atividades que realiza? Uma pessoa consagrada (irmãos, frades, freiras, monges, monjas, etc) é alguém que deseja viver em radicalidade profética o dom do batismo que um dia recebeu da Igreja. O religioso, sinal profético da condição humana no Reino dos Céus, procura sempre permanecer na vida de Deus, cultivando amizade espiritual e comunhão profunda com Ele, obtidas pelos frutos do mistério pascal de Jesus Cristo aplicados em sua vida. Este dom da intimidade divina, se vivenciado com abertura de coração, faz com que o mesmo seja, com seu testemunho, um proclamador do "primado do absoluto no mundo". Deus só será princípio e fundamento na vida do consagrado se este se deixar encontrar pelo 16 - Revista Mercê
Reunião de Postuladores - Roma
Altíssimo (Ex 25, 22), que sempre se achega aos seus filhos. E orar significa justamente “ser achado” pelo Senhor. O termo oração remete-nos diálogo amoroso com o Eterno, que se coloca diante de nós, em nosso tempo, como nosso parceiro, nosso amigo, nosso Senhor. Assim, dar primazia ao absoluto que é Deus em sua própria vida, missão mais importante do consagrado, significa crescer em familiaridade com o Divino, deixando-se conduzir pelo mesmo. Somente o que se deixa iluminar pela luz do alto consegue ser como que “aurora do Pai", sinal d’Ele, na vida dos pobres, desvalidos e cativos. Do grau de proximidade com Deus, alcançado por meio de uma vida de oração profunda e verdadeira, depende a eficácia de nosso apostolado em favor dos cativos, destinatários da vocação e missão mercedárias. É preciso ter coragem para remar até a margem tranquila do encontro com Deus. É preciso possuir disposição e generosidade para escalar a montanha do progresso humano e espiritual. Diante do que foi dito, uma necessidade se impõe:
desconectar-se de quando em quando do mundo e de seus muitos barulhos: trabalho, faculdade, notas, aflições, aprovações, reprovações, familiares, amigos, crise financeira, apostolado, etc. Deus deve ser o centro! Em seguida, refeitos na graça e no amor do Senhor, descemos do monte, reconectando-nos com o mundo, para cultivá-lo, e com as pessoas, para servi-las. A oração como valor pode e deve ser vivenciada por todos os membros de nossas comunidades de fé! Não deve restringir-se aos padres e religiosos (as). O Senhor tem sede de estar em comunhão com a humanidade. E a humanidade, a exemplo da samaritana à beira do poço de Jacó, deseja também o frescor da água da vida que brota do Cristo, morto e ressuscitado, operador de nossa reconciliação com o Pai. Peça ao Senhor a graça de desejar estar em comunhão com Seu mistério de vida e de amor. Graça: Senhor, que eu deseje estar contigo. Textos Bíblicos: Lc 5, 27-32; Jo 4, 7-14
Irmãs Mercedárias
Frei Paulo Henrique, O. de M.
Religiosos Mercedários em audiência com o Papa Francisco Revista Mercê - 17
ESPIRITUALIDADE
Frei Jociel Batista de Carvalho, O. de M.
AMIZADE – PRESENTE DE DEUS PARA A NOSSA VIDA!
Religiosos Mercedários durante Capítulo Provincial
Você já parou para pensar o quanto a amizade é importante em nossa vida? Como seriam nossos dias sem nossos amigos? A vida ganha mais sentido e mais sabor quando temos amigos para partilhar nossas aflições e alegrias. Uma coisa é certa: É muito bom ter amigos. Mas também é difícil encontrar amigos verdadeiros. Um amigo de verdade sabe sempre caminhar conosco nas noites sem as estrelas da esperança. Um amigo de verdade nos guia com a luz do seu amor pelo caminho do bem e da verdade. Todos nós precisamos de amigos. O capítulo 6 do livro bíblico do Eclesiástico nos apresenta algumas características da verdadeira amizade. O “amigo fiel é proteção poderosa e quem o encontrar terá encontrado um tesouro. Amigo fiel não tem preço e o seu valor é incalculável. Amigo fiel é remédio que cura. (Eclesiástico 6, 14-16). Aprendemos nessa passagem bíblica que a verdadeira amizade vale mais que as riquezas, o poder, a ciência ou as honras. É mais feliz e vive melhor quem tem amigos verdadeiros. A amizade é um bem na nossa vida. Nos dias sombrios, difíceis e sofridos, sempre sentimos a necessidade de procurar o nosso amigo, pois, ali ao seu lado, encontramos 18 - Revista Mercê
forças para seguirmos firmes e sem desanimar. O verdadeiro amigo não vai nos tirar o peso da cruz, pois não tem poder para isso, mas tem a graça e a missão de ser o nosso Cireneu, estendendo sua mão que nos ajuda, nos auxilia, nos anima e nos incentiva a seguirmos perseverantes na caminhada e na missão. São Bernardo de Claraval num de seus pensamentos sobre a amizade diz: “Nós encontramos descanso naqueles amigos que amamos e somos também um descanso para aqueles que nos amam” (Carta 90, escrita em 1127). E, de fato, no verdadeiro amigo sempre encontramos refúgio, conforto e consolo. O amigo verdadeiro é um dos melhores presentes que podemos receber de Deus. A palavra “amigo” é sagrada. O dom mais precioso que podemos cultivar é uma amizade genuína. Uma boa e saudável amizade é um sinal de vida para nós ou até um socorro de Deus. Hoje, em um mundo onde a individualidade tem sido cada vez mais comum, criar vínculos, deixar-se ser conhecido e encontrar Deus no outro é um grande desafio, mas que não é impossível. Que Deus nos ajude a cultivar sempre amizades sadias e a sermos verdadeiros amigos.
CARISMA MERCEDÁRIO
ENTREGAR O CORPO À GLÓRIA Caro leitor. Continuamos a refletir o nosso carisma mercedário a partir das páginas bíblicas. Queremos nelas encontrar a inspiração, para hoje continuarmos a redimir os cativos de nosso tempo, como faria São Pedro Nolasco, caso estivesse fisicamente aqui presente. Penso que somos hoje a presença de Nolasco em nosso mundo, com o desafio de não deixarmos o seu sonho morrer. Em 1Cor 13, temos uma passagem interessante que nos ajuda a aprofundar nosso carisma. Trata-se do hino ao amor, que Paulo coloca na argumentação de sua carta, para ensinar que amor o dom supremo. 1Cor 13,3 na maioria das traduções se lê: “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”. Quando pegamos a nova tradução da CNBB, lemos “ainda que entregasse o corpo à glória”. Essa leitura é possível por causa de uma variante do texto, que aparece nos manuscritos mais antigos do texto bíblico. O que é entregar o corpo à glória? Era entregar o corpo para libertar alguém da escravidão, conforme explica a própria nota de rodapé da Bíblia da CNBB (Bíblia Sagrada – Tradução oficial da CNBB, 1ª edição, p.
Frei Inácio José, O. de M.
1574). Ou seja, na época paulina, já havia esse costume que, depois se tornará o carisma mercedário doado por Deus à Igreja, por meio de São Pedro Nolasco. Cristo, o Redentor, nos ensinou que não há prova de amor maior do que dar a vida pelos amados (Jo 15,13). Cristo deu sua vida por nós, e nós devemos dar a nossa pelos irmãos (1Jo 3,16). Deus é amor (1Jo 4,8) e por isso o amor é uma atitude espiritual, nos vincula diretamente a Deus, de tal forma que a fé da Igreja considera o amor como uma virtude teologal. No fim de nossa vida seremos julgados pelo amor que praticamos ou não pelos mais necessitados, que no nosso linguajar, são os cativos (Mt 25,31-46). Por fim caro leitor, podemos concluir que até as atitudes mais generosas e solidárias para com os que mais sofrem, de nada valerão, se não forem uma sincera expressão de amor gratuito ao próximo, como é gratuito o amor de Deus por nós. Convido você a, em oração, meditar todo o 1Cor 13 e procure responder na sinceridade do seu coração a essas questões: Por acaso sou gratuito no meu amor às pessoas? Pratico a caridade para ser aplaudido pelas pessoas ou não busco meus próprios interesses? Por que que no fim da história apenas o amor permanece e não mais a esperança e a fé? Quem são os cativos ao meu redor, necessitados dos meus gestos de amor? Deus nos abençoe e nos conceda amadurecer em nossa capacidade de amar.
Revista Mercê - 19
MERCÊ NO BRASIL
Movimento Juvenil Mercedário Jovens vindos das mais diversas partes do país estiveram reunidos em Salvador (Bahia), entre os dias 15 a 17 de novembro de 2019, para o Encontro Anual do Movimento Juvenil Mercedário (MJM), com o objetivo de fomentar, nos jovens das paróquias animadas pela Ordem Mercedária no Brasil, um maior conhecimento acerca do Carisma das Mercês, bem como fortalecer o vínculo de amizade entre eles. O MJM, no Brasil, está organizado por setores: o setor Centro/Nordeste, que compreende os estados da Bahia, Piauí e Distrito Federal; e o setor Sudeste que conta com os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2018, ocorreu uma primeira reunião em Ibirité (MG) com jovens do setor Sudeste, em que foi elaborado um esboço para o projeto do MJM no Brasil. O mesmo ocorreu com os jovens do setor Centro/ Nordeste, reunidos em Brasília (DF), em junho deste ano. No encontro de Salvador, os dois projetos foram apresentados e seguindo uma metodologia bastante participativa, chegou-se a um único projeto que, posteriormente, chegará a todas as paróquias coordenadas pelos mercedários no Brasil, para que os grupos locais possam implantá-los.
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Juven
Frei Demerval Reis, O. de M.
Neste encontro, também, foi formada uma coordenação nacional constituída pelos jovens: Rodrigo (São Raimundo Nonato- PI); Vinicius (Salvador-BA); Nicolle (Ibirité -MG) e Maria Eduarda (Rio de Janeiro -RJ). Os jovens serão acompanhados pelo casal coordenador dos Leigos Mercedários, Artulino e Amparo, bem como do promotor vocacional, frei Rafael Gomes, O. de M. Em 2020, a Juventude Mercedária do Brasil já tem data e local para um novo reencontro. O Encontro da Família Mercedária irá acontecer em Santo Antônio de Jesus (BA), entre os dias 02 a 05 de julho, reunindo religiosos, religiosas e leigos, será uma boa oportunidade de os jovens marcarem presença, levando alegria e esperança.
Juventude Mercedária em Salvador
Revista RevistaMercê Mercê- -21 17
MERCÊ NO BRASIL
Dom Cândido Lorenzo, O. de M. Dom Cândido nasceu no dia 23 de setembro de 1925, portanto, vésperas de nossa Santíssima Mãe das Mercês e logo após o Sétimo Centenário de Fundação de nossa Ordem (celebrado em 1918). Suas raízes marianas remontam ao povoado de Santa Maria de Laroá onde nasceu, em Ourense. Na Espanha viveu nas comunidades Mercedárias de Sarria, Verín e Poyo, todas casas de formação da Ordem, cursando o ginásio, o noviciado e estudos teológico- filosóficos respectivamente. Os ministérios, o diaconato e o presbiterato foram todos celebrados em Santiago de Compostela. Esteve ainda um tempo em Herência como professor antes de vir ao Brasil. Logo após a sua ordenação presbiteral em 06 (seis) de junho de 1954 seu destino foi justamente o Brasil. E no ano seguinte, isto é, em 1955 já se encontrava nas Terras de Santa Cruz, mais especificamente no Rio de Janeiro e com uma missão: fundar com o padre José Vázquez (este ainda não tinha sido eleito bispo) a comunidade Mercedária de Ramos. Assim, no início de maio de 1955 eles se encontravam aqui para a instalação da primeira comunidade mercedária de Ramos. Também foi aqui que ele viveu como superior e pároco desde o ano 1966 até ao dia em que foi nomeado titular de Scardona no ano de 1969 pelo Papa 22 - Revista Mercê
Dom Cândido Lorenzo
Paulo VI; justamente no mês de dezembro, dia 05. De tal forma que também foi aqui a sua Ordenação episcopal celebrada no dia 19 (dezenove) de março do ano de 1970. Ainda estando no Rio de Janeiro, foi pároco por seis anos da Paróquia de Santo Antônio da Pavuna que nestes dias celebrou o seu jubileu de 75 (setenta e cinco) anos de fundação. Também esteve um curto período na Ilha de Paquetá antes da fundação da comunidade de Ramos.
Sua presença na comunidade de Ramos está marcada desde o início, pois foi um de seus fundadores. Mas foi na comunidade Mercedária da Pavuna que ele teve um maior destaque, porquanto no ano em que esteve nessa casa ela foi elevada canonicamente sendo ele o primeiro superior desta comunidade impulsionando os trabalhos da Confraria das Mercês e fortalecendo os fundamentos da Pastoral. É do tempo de sua passagem o acabamento externo da Igreja de Santo Antônio e a construção da Capela de Nossa
Fotos: arquivo pessoal Dom Cândido
Frei Fernando Henrique,FÉ O. CRISTÃ de M.
Dom Cândido com as Irmãs Mercedárias -1970
Dom Cândido com sua sobrinha
Ordenação Episcopal
Senhora da Conceição, como também a aquisição de algumas imagens sacras desde a Espanha. O retorno do padre Cândido a Ramos se deu no ano de 1966 quando foi nomeado Vigário Provincial e, portanto, coordenador de todas as casas Mercedárias do Brasil, porque esta casa era a sede do Vicariato Mercedário do Brasil. No triênio que passou em Ramos se deu a construção da Casa Paroquial e as conclusões em revestimento da torre da Igreja. Enquanto Vicário Provincial Frei Cândido procurou concretizar o trabalho vocacional no Brasil. Chegada a São Raimundo Nonato - PI
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MERCÊ NO BRASIL
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Dom Cândido durante celebração eucarística Fotos: arquivo pessoal Dom Cândido
Nesse sentido fez uma parceria com os padres dos Sagrados Corações para acolher em sua casa de formação em Lajeados – RS, alguns vocacionados mercedários. Estava, pois, aqui em Ramos quando foi alcançado pela bula do papa Paulo VI nomeando-o titular de Scardona no dia 05 de dezembro de 1969 para a então Prelazia de São Raimundo Nonato que havia sido criada em dezembro de 1960 (dia 17). O livro de tombo da paróquia deixa claro o movimento das atividades durante o período em que ele esteve na paróquia das Mercês de Ramos. Destacam-se as reuniões do clero para entendimento e formação dos padres sobre a recepção do Concílio, o grande número de comunhões chegando a ter 700 (setecentas) crianças matriculadas na catequese em toda a paróquia, a atualização das associações religiosas (tendo em vista que em algumas paróquias as mesmas associações foram extintas), a conclusão das obras da torre da Igreja e a construção da Casa paroquial. Neste período o trabalho pastoral também era feito dentro dos colégios da vizinhança por meio das confissões, missas de páscoa e missas de comunhão. O mesmo livro de tombo da Paróquia das Mercês registra que a sua ordenação episcopal contou com a presença de mais de mil pessoas, das quais contabilizou os trinta padres mercedários que estavam no Brasil, vinte e seis sacerdotes do Vicariato Leopoldina da Arquidiocese do Rio de Janeiro, quarenta e seis irmãs Mercedárias, o representante do governador do Estado do Rio de Janeiro e uma comitiva de padres e leigos da então prelazia de São Raimundo Nonato que havia quase dois anos sem o seu bispo. Encerra a ata do dia 19 de março dizendo que “Este foi um dia solene para a Igreja de Nossa Senhora das Mercês”. Dom Cândido ainda participou das cele-
Dom Cândido com pe. Luiz Barreto
Dircurso de Dom Cândido
Dom Cândido com o Provincial pe. Alejandro, padres mercedários e noviços. Salvador- BA - 11.01. 2004
brações da Semana Santa na comunidade de Ramos e no dia primeiro de abril partiu para sua prelazia de São Raimundo Nonato. É o próprio Dom Cândido quem escreve num Histórico da Prelazia e diocese de São Raimundo Nonato: “Tomei posse no dia 5 de abril do mesmo ano”. Como lema episcopal Dom Cândido escolheu a expressão latina “omnibus servire” que significa “servir a todos”. Ainda no mesmo escrito, Dom Cândido afirma que a ‘missão principal do bispo é promover a Vida Religiosa dos fiéis’ e mais à frente relembra que ‘além da parte religiosa, a Igreja sempre colaborou para a promoção de pessoas pobres’. Confirmando, assim, seu lema episcopal com uma atuação clara junto ao povo sofrido de sua prelazia no Piauí. Nesse sentido o centro diocesano se tornou um lugar irradiador da promoção humana por meio dos cursos que aí se ministravam para o desenvolvimento econômico da região e sustentabilidade das famílias. Por outra parte a criação de creches nos salões paroquiais também se viu nascer no tempo de seu episcopado
e no interior das cidades que não tinham escolas, era o homem que veio para ‘servir a todos’ que impulsionava a abertura de escolas para essas crianças do interior. O ano de 1976 foi um marco para a vivência espiritual de toda a Prelazia. Para as comemorações dos cem anos de construção da Igreja de São Raimundo Nonato desde anos anteriores começaram as reformas. Se por um lado as reformas materiais se fazem presentes, o mesmo se espera da parte espiritual. Essa renovação espiritual foi proporcionada pelas palestras e formações que se viram em toda a Prelazia, como também pelas missões levadas a cabo com a presença de religiosos redentoristas. As celebrações do padroeiro São Raimundo Nonato no mês de agosto contaram com grandes movimentações de fiéis, padres, autoridades civis e eclesiásticas e até mesmo contou com a presença do Núncio Apostólico. Tais movimentações proporcionadas pelo Bispo Cândido dentro das festividades do centenário ajudaram a reavivar o dom da fé, a chama da fé! A Prelazia de São Raimundo Nonato foi elevada Revista Mercê - 25
à categoria de Diocese pelo papa João Paulo II no dia três de outubro de 1981 tornando-se ele o primeiro bispo diocesano de São Raimundo Nonato sendo empossado por Dom José Freire Falcão, à época Arcebispo de Teresina. À chegada de Dom Cândido à Prelazia existiam apenas quatro padres do clero secular. As circunstâncias econômicas impediam uma acolhida mais ampla das vocações, mas Dom Cândido foi trabalhando nesse sentido tendo ordenado quinze padres diocesanos durante o período que regeu a Diocese. Além do centenário de construção da Igreja de São Raimundo Nonato vale a pena relembrar a terceira Romaria da Terra e da Água celebrada em São Raimundo Nonato que contou com a participação de mais de dez mil pessoas de todas as dioceses do Piauí celebrada no ano de 1991. No ano de 1995 Dom Cândido celebrava
Religiosos carregam caixão de Dom Cândido 26 - Revista Mercê
Frei John Londerry, O. de M. durante missa de corpo presente de Dom Cân
suas bodas de prata de ordenação episcopal. Esses vinte e cinco anos de ministério à frente da Prelazia e agora Diocese de São Raimundo Nonato a partir de seu carinho e trabalho efetuado, fez com que ele fosse reconhecido como Cidadão Sanraimundense. Este título lhe foi concedido no dia nove de junho. Em setembro do ano 2000 foi a vez de receber o título de Cidadão Juremense. Foi nesse mesmo mês e ano que ele, já com setenta e cinco anos de idade, apresentou a sua renúncia ao Papa. Permaneceu ainda por mais dois anos à frente da Diocese porque seu sucessor só foi nomeado em 2002. Dom Cândido governou a diocese de São Raimundo Nonato por trinta e dois anos e cinco meses. A simplicidade era uma marca do próprio Dom Cândido. Tendo chegado e tomado posso o novo bispo, ele se retirou da diocese para morar em Salvador onde passou cerca de oito anos. Tendo sido convidado
Fotos: Prefeitura de São Raimundo Nonato
nte de Dom Cândido na Catedral de São Raimundo Nonato - PI
a retornar à diocese por causa da idade e das limitações, aceitou o convite de Pedro Brito e no dia dois de dezembro de dois mil e dez estava ele novamente morando na diocese de São Raimundo Nonato. Frei Rogério Soares, enquanto provincial da Ordem no Brasil, convidou Dom Cândido para retornar à vida conventual na comunidade de São Raimundo, porque até o momento ele estava morando na casa cedida pelo senhor José Paes Landim. Tendo aceitado a oferta, regressou à vida conventual na comunidade das Mercês no bairro Aldeia. Certamente a vivência episcopal de quarenta e nove anos renderiam muito mais páginas. Da mesma forma a vivência missionária-presbiteral de sessenta e cinco anos. E mais ainda o testemunho mercedário de consagração em seus setenta e dois anos. Aqui procuramos dar lugar a apenas alguns aspectos de sua vida. O mais importante é a fidelidade ao Senhor
que vocaciona, consagra, envia e cuida na missão. Neste presente ano debilitou-se em sua saúde, o que já vinha agravando há algum tempo. Recebeu os cuidados da comunidade religiosa e a atenção das funcionárias. Aquele que passou a vida de forma abnegada nos seja um estímulo no meio de nossas necessidades e de nossas carências para continuarmos com afinco a missão recebida sem titubear por causa das limitações que vão surgindo. Ainda, receba ele nossas orações de intercessão para que seja acolhido na glória do Senhor Jesus que veio com simplicidade na manjedoura para iluminar todo o mundo; e a espera pelo natal do Senhor seja sinal da espera definitiva do Cristo que veio, vem e virá. Dom Cândido: descanse em paz!
Fieis carregam caixão de Dom Cândido para a Catedral de São Raimundo Nonato - PI Revista Mercê -27
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FEVEREIRO
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