Revista Mercê 45

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Ano 15

Revista

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Publicação Trimestral da Família Mercedária no Brasil - Setembro de 2019

VOCAÇÃO MERCEDÁRIA:

VISITAR E LIBERTAR!

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VENHA SER MERCEDÁRIO

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MOSTRA-ME, SENHOR, OS '' TEUS CAMINHOS. SL 25,4 Serviço de Animação Vocacional Mercedário Condomínio Solar de Brasília Qd 3 – Área Especial II/III Jardim Botânico – Brasília/DF Cep: 71680 – 349 Telefone: 61- 3339 2051 E-mail: vocacional@mercedarios.com.br Site: www.mercedarios.com.br

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EDITORIAL

S. ''

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sília II/III a/DF – 349 2051 m.br m.br

Ordem das Mercês: Oásis de misericórdia e de verdadeira liberdade

na que Jesus, unigênito do Pai, partilha conosco.

Caros amigos(as),

Que a leitura dessas páginas nos ajude a crescermos em mercedarismo! O mundo precisa de ternura. A terra clama por misericórdia. Os cativos querem nutrir-se de redenção e serem saciados “desde a manhã” com o pão do amor de Deus (Cf. Sl 89, 14). Não há tempo a perder. Caminhemos pressurosos, desejando ardentemente a Jerusalém Celeste, cidade e pátria dos redentores, dos redimidos e de toda a comunidade humana.

Com alegria, fazemos chegar até vocês mais uma edição da Revista Mercê. Neste mês de setembro, consagrado ao louvor da Virgem das Mercês, mãe, inspiradora e fundadora espiritual de nossa família redentora, somos convidados a reavivar em nós o desejo de sermos mercê de Deus para a humanidade. As reflexões e vivências aqui relatadas nos convidam a vermos nossas fraternidades e nossas frentes de apostolado como oásis de liberdade e de misericórdia, que revigorem e refaçam na esperança os muitos cativos de nossos tempos. Estes estão comumente enredados em muitas e perversas formas de cativeiro, que deixam na penumbra a vocação humana à vivência do dom da filiação divi-

Ordem Mercedária no Brasil Avenida L2 Sul, quadra 615, Bloco D CEP 70200-750 - Brasília- DF Fone: (61) 3346-3890 www.revistamerce.com.br

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Superior Provincial: Fr. John Londerry Batista, O. de M.

Site www.revistamerce.com.br

Editor Chefe: Frei Rafael Gomes, O. de M.

Projeto Gráfico e diagramação Rodrigo Sales

Jornalista Responsável: Rodrigo Sales - Reg. 8316-DF

Impressão e Acabamento Mídia Gráfica LTDA.

Correção e Revisão:

Tiragem 3.000 exemplares

Elza Atála Participaram nesta edição: Frei Rafael Gomes, O. de M. Frei Jociel Batista, O. de M. Jeovah Fialho

Publicidade 61-3345 1278 Central de Assinantes imprensa@mercedarios.com.br 61-3346 1952

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SUMÁRIO

SANTOS REDENTORES

PALAVRA DO PAPA SANTA MISSA

MERCÊ NO BRASIL

CARISMA MERCEDÁRIO

SANTA MARIA DE CEVELLON

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FÉ CRISTÃ

CAPA

NOSSA SENHORA DAS MERCÊS

FAMÍLIA MERCEDÁRIA

II CONGRESSO MERCEDÁRIO DE PASTORAL PAROQUIAL

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PÁGINA 20

ORDEM MERCEDÁRIA

CALENDÁRIO

CREIO EM JESUS CRISTO

VISITA DO MESTRE GERAL DA ORDEM

CALENDÁRIO MERCEDÁRIO

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RECORTAR

Ag. 212/412 Correios 70275-970 - Brasília- DF

Remetente Revista Mercê - 05

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CPF:_______________________________

Indique INDIQUum E Uamigo M AMIGO

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PALAVRA DO PAPA

A SANTA MISSA: Glória e Oração “Coleta”, ou do Dia No percurso de catequeses sobre a celebração eucarística, vimos que o Ato penitencial nos ajuda a despojar-nos das nossas presunções e a apresentar-nos a Deus como realmente somos, conscientes de sermos pecadores, na esperança de sermos perdoados. Precisamente do encontro entre a miséria humana e a misericórdia divina adquire vida a gratidão expressa no “Glória”, «um hino antiquíssimo e venerável com o qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro» (Ordenamento Geral do Missal Romano, 53). O início deste hino — “Glória a Deus nas alturas” — retoma o cântico dos Anjos no nascimento de Jesus em Belém, anúncio jubiloso do abraço entre céu e terra. Este canto inclui-nos também a nós reunidos em oração: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade». Após o “Glória”, ou então, na sua ausência, imediatamente depois do Ato penitencial, a oração adquire forma particular na prece denominada “coleta”, por meio da qual se expressa o caráter próprio da celebração, que varia de acordo com os dias e os tempos do ano (cf. ibid., 54). Mediante o convite «oremos»,

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Papa Francisco o sacerdote exorta o povo a recolher-se com ele num momento de silêncio, com a finalidade de tomar consciência de estar na presença de Deus e fazer emergir, cada qual no próprio coração, as intenções pessoais com as quais participa na Missa (cf. ibid., 54). O sacerdote diz «oremos»; e depois há um momento de silêncio, e cada um pensa naquilo de que precisa, que deseja pedir, na oração. O silêncio não se reduz à ausência de palavras, mas consiste em predispor-se a ouvir outras vozes: a do nosso coração e, sobretudo, a voz do Espírito Santo. Na liturgia, a natureza do silêncio sagrado depende do momento em que se realiza: «Durante o Ato penitencial e após o convite à oração, ajuda o recolhimento; depois da leitura ou da homilia, é uma exortação a meditar brevemente sobre o que se ouviu; após a Comunhão, favorece a prece interior de louvor e de súplica» (ibid., 45). Portanto, antes da oração ini-

cial, o silêncio ajuda a recolher-nos em nós mesmos e a pensar por que estamos ali. Eis, então, a importância de ouvir o nosso espírito para o abrir depois ao Senhor. Talvez tenhamos vivido dias de cansaço, de alegria, de dor, e queremos dizê-lo ao Senhor, invocar a sua ajuda, pedir que esteja próximo de nós; temos familiares e amigos doentes, ou que atravessam provações difíceis; desejamos confiar a Deus o destino da Igreja e do mundo. É para isto que serve o breve silêncio antes que o sacerdote, recolhendo as intenções de cada um, recite em voz alta a Deus, em nome de todos, a oração comum que conclui os ritos de introdução, realizando precisamente a “coleta” das intenções individuais. Recomendo vivamente aos sacerdotes que observem este momento de silêncio e não se apressem: «oremos», e que se faça silêncio. Recomendo isto aos presbíteros. Sem este si-

lêncio, corremos o risco de descuidar o recolhimento da alma. O sacerdote recita esta súplica, esta oração de coleta, de braços abertos: é a atitude do orante, assumida pelos cristãos desde os primeiros séculos — como testemunham os afrescos das catacumbas romanas — para imitar Cristo de braços abertos no madeiro da cruz. Ali Cristo é o Orante e, ao mesmo tempo, a oração! No Crucificado reconhecemos o Sacerdote que oferece a Deus o culto que lhe é agradável, ou seja, a obediência filial. No Rito Romano as orações são concisas, mas ricas de significado: podem fazer-se muitas meditações bonitas sobre estas preces. Muito belas! Voltar a meditar os seus textos, até fora da Missa, pode ajudar-nos a aprender como dirigir-nos a Deus, o que pedir, que palavras usar. Possa a liturgia tornar-se para todos nós uma verdadeira escola de oração.

Fonte: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2018/documents/papa-francesco_20180110_udienza-generale.html Revista Mercê - 09

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CARISMA MERCEDÁRIO

VOCAÇÃO MERCEDÁRIA:

VISITAR E LIBERTAR! Todos nós fomos presenteados por Deus com uma vocação. De modo gratuito e amoroso Deus nos chama primeiramente à vida. Mas não a qualquer tipo de vida. O chamado que Deus faz a cada um de nós é para termos uma vida feliz. E só conseguimos essa felicidade se de fato seguirmos o que nos move, ou seja, seguir nossa vocação, seguir aquilo que há de mais profundo em nós. Um dos critérios bem simples para saber se a vocação a qual estou seguindo corresponde à vontade de Deus é se questionar:

Frei Fernando e postulante Kelvin

sou motivado, feliz e esperançoso? É essencial ter consciência de que Deus nunca nos concede uma vocação que nos traz tristeza e sofrimento. O convite de Deus é que reconheçamos nossa verdadeira vocação para que possamos discernir com autenticidade e confiança o seu chamado. Vocação, mais do que um chamado de Deus é uma resposta humana. Reconhecer bem qual é minha vocação é condição para a realização pessoal e a felicidade. A VOCAÇÃO MERCEDÁRIA consiste em doar a vida a serviço da liberdade dos cativos. O mercedário vivendo sua vocação se espelha primeiramente em Jesus, o

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Encontro Vocacional

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IA:

E R!

Por Frei Jociel Batista de Carvalho, O. de M.

verdadeiro libertador e redentor e depois em São Pedro Nolasco. Todas as atitudes de Jesus tinham como objetivo a construção da liberdade levando a pessoa a se tornar cada vez mais livre. E São Pedro Nolasco foi quem melhor concretizou um jeito de promover a liberdade para os que estavam cativos. É nessa mesma linha que tantos mercedários atuaram e continuam atuando. Ao longo da história, e nos dias de hoje, temos sacerdotes, irmãs e irmãos religiosos, consagrados e consagradas, Ordens Terceiras e Associações Laicas que vivem uma bonita vocação mercedária sendo verdadeiros testemunhos de serviço à liberdade. Nesse sentido, a VOCAÇÃO MERCEDÁRIA além de ser um serviço à liberdade dos cativos é um verdadeiro presente de Deus para- o mundo. Isso porque é uma vocação que luta contra a opressão e a catividade que tira toda dignidade dos filhos de Deus. A situação de opressão é oposta ao desejo de Deus, pois ele nos criou de modo: livres. Vemos facilmente hoje em nossa sociedade novas formas de cativeiro que surgem dia após dia. Elas são uma afronta aos cristãos, pois os desviam do caminho de Cristo e os inserem numa situação dramática que é contrária ao evangelho. O mercedário de hoje, consciente de sua vocação é chamado a perceber as novas formas de cativeiro e, a partir daí, agir para combatê-las. Temos que ser capazes de enxergar a tragédia e a opressão que há em nosso entorno para sermos de fato testemunhas vivas da obra de Cristo e de São Pedro Nolasco. O mercedário por vocação não tem outra missão a não ser se doar totalmente para libertar todos os que se encontram cativos. Que São Pedro Nolasco e Nossa Senhora das Mercês intercedam por nós para que na nossa missão possamos viver nossa vocação visitando e libertando os cativos de hoje.

Imagem de Nossa Senhora

Celebração Eucarística Revista Mercê - 11

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SANTOS MERCEDÁRIOS

SANTA MARIA DE CERVELLÓN Santa Maria de Cervellon 12 - Revista Mercê

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O século XIII foi uma época de prosperidade para a Catalunha, Espanha, protagonista do comércio mediterrâneo. Em Barcelona a família Cervellón também era próspera. Maria nasceu nesta nobre família no dia 1º de dezembro de 1230, na Rua de Montcada, e foi batizada em 8 do mesmo mês, no sarcófago antigo da mártir Santa Eulália que servia de pia batismal na paróquia de Santa Maria do Mar. Atraída pela caridade que os Irmãos Mercedários inspiravam a favor dos cativos, isto é, os cristãos que eram feitos prisioneiros em terra e no mar, e eram vendidos como escravos na África, aos 18 anos tornou-se a consoladora dos pobres, dos doentes e dos escravos no Hospital de Santa Eulália. A Ordem de Nossa Senhora das Mercês foi fundada por São Pedro Nolasco; os Mercedários constituíam uma Ordem masculina que resgatava os cristãos cativos, mas havia grupos de senhoras que os sustentavam com orações e ofertas para as custosas expedições à África. Maria e sua mãe se uniram ao grupo de Barcelona. Quando a mãe faleceu, Maria doou o seu patrimônio aos Mercedários. Em 25 de maio de 1265 os grupos femininos se transformaram canonicamente em Ordem Terceira Mercedária, com estatuto, hábito religioso e uma priora. Maria fez profissão religiosa, recebendo o hábito das mãos de São Bernardo de Corby. Logo outras jovens a seguiram, como as Beatas Eulália Pinos, Elisabete Berti, Maria de Requesens e, mais tarde, Santa Colagia. Maria de Cervellón foi designada priora e é

Fotos do corpo de Santa Maria de Cercellón

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considerada a fundadora das monjas Mercedárias. Ela desenvolveu uma obra contínua e completa de resgate: encarregar-se dos escravos repatriados (alguns eram sozinhos no mundo, muitos estavam privados de tudo), ajudando-os a se tornarem independentes. Depois do resgate, a segurança. Ela também é chamada de Santa Maria do Socorro, porque tanto em vida como após a morte foi vista mais de uma vez nas asas do vento, apressando-se para ajudar no resgate de navios que iam remir os cativos cristãos e se viam ameaçados pelas ondas do mar tempestuoso. Depois de uma vida cheia de humildade, vigílias, jejuns, entremeada de milagres estupendos, Santa Maria voou para o Senhor no dia 19 de setembro de 1290; seu corpo incorrupto é preservado na Basílica das Mercês, em Barcelona. A Basílica foi devastada em 1936, durante a guerra civil espanhola, quando muitos padres e irmãs foram mortos por serem religiosos. Muitos sepulcros de religiosos mortos há tempos foram profanados. Segundo H. Thomas, em sua História da guerra civil espanhola, em 1936 “uma multidão acorreu para ver expostos os cadáveres insepultos de 19 irmãs salesianas”. Mas ninguém jamais tocou em Santa Maria do Socorro: mesmo em meio àquela ação burlesca, seu túmulo permaneceu intacto. Em 1692, Inocêncio XII, como decisão pessoal, aprovou o culto que era atribuído a ela há muito tempo. Mais tarde seu nome foi incluído no Martirológio Romano.

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FÉ CRISTÃ

SEGUNDO ARTIGO DO CREDO: "E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR" O Credo não é uma oração. Se trata de uma profissão de fé. A oração supõe um caráter de bênção, louvor ou petição. Professar a fé é um ato de devoção pessoal que nos conduz para a fé da Igreja e tem como principal característica sintetizar o essencial do que acreditamos. É como se fosse um prefácio que coloca o fiel diante do próprio Deus. Não se trata de expressar opiniões humanas, mas de trazer na íntegra aquilo e só aquilo que a mesma fé nos ensina. O Credo, dividido em três partes, nos faz meditar sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Cada parte é reservada a uma pessoa. Vamos começar nosso aprofundamento na Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Dentro desta segunda parte temos 6 artigos. No primeiro artigo, estudamos o 'Creio em Deus Pai, todo poderoso, criador do

céu e da terra'. No segundo artigo, que abre a segunda parte, estudaremos 'E em Jesus Cristo, seu único filho, nosso Senhor'. Um fato relevante para nossa meditação é o fato de que iremos falar de uma pessoa. Falar de alguém é sempre mais complicado do que falar de um simples objeto. O objeto é estático em si mesmo. As avaliações subjetivas se somam sem muitas dificuldades. Diferentes opiniões facilmente se agrupam e torna mais clara a compreensão daquela coisa. Falar de uma pessoa implicaria uma análise extensa e quase sem fim. Para falar sobre Jesus Cristo, iremos partir do próprio nome de Jesus e dos títulos que acompanham este nome. Em hebraico, Jesus quer dizer "Deus salva". Não foi um nome qualquer imaginado, mas revelado pelo Anjo Gabriel à Maria (Mc 2, 7). O significado do nome de Jesus nos indica sua identidade e sua missão. A sua identidade é ser Deus e a sua missão é salvar.

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Por Jeovah Fialho O nome de Jesus significa que o próprio Deus está presente na pessoa do Filho. E foi em Jesus que o Pai decidiu concluir sua obra de salvação. Jesus, pela sua paixão, morte e ressurreição glorifica o Pai de uma maneira inefável. É o único nome, que por conta de seus méritos, pode ser invocado por todos e "não existe debaixo do céu outro nome, dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos" (At 4, 12). O nome de Jesus está no centro da oração cristã. Todas as orações litúrgicas são concluídas com a fórmula "por nosso Senhor Jesus Cristo" e a oração da Ave-maria tem em seu centro "Jesus". Não é um nome qualquer, mas o nome de Deus que nos salva. O título Cristo não é um sobrenome. Vem do hebraico "Messias" e quer dizer "o Ungido". Em Israel eram ungidos, em nome de Deus, aqueles que iriam realizar uma missão específica. Davi, o grande rei de Israel foi ungido antes de vir a tornar-se rei. Jesus recebe este título por conta de sua função messiânica. Mas será possível conceder um título a alguém sem que antes o tenha merecido receber? Quando completa sua missão através da morte e ressurreição é revelado o conteúdo de na-

tureza redentora. Ou seja, são suas obras e palavras que dão a conhecê-lo como o Santo de Deus. A relação entre Jesus Cristo e Deus é uma relação única entre Pai e Filho. Nesta afirmação cristológica compreendemos que Jesus é o único Filho de Deus Pai e que Ele mesmo é também Deus. Os evangelhos nos narram momentos em que aparece a expressão "filho" vindo da parte de Deus. É o que acontece no Batismo e também na Transfiguração. Nós como cristãos somos convidados a participar da vida do Filho. Não podemos ter outra condição que não filhos de Deus, pois é assim que se revela, o Cristo. Por participação da vida de Jesus Cristo nos tornamos também filhos adotivos do Pai. Por fim, falaremos do título Senhor. Este nome expressa a soberania divina de Jesus Cristo. Confessar que Jesus Cristo é nosso Senhor é dizer que ele próprio é Deus. Participa da mesma natureza divina que Deus Pai. O Novo Testamento buscou resgatar o mesmo espírito com o qual o termo "Senhor" era utilizado no Antigo Testamento para se referir a Deus. Aquele forte sentido de poder e soberania agora pertencem também a Jesus Cristo, verdadeiro Deus. Conhecer a Jesus Cristo é missão para uma vida inteira. Pensar no nome e nos títulos atribuídos a Cristo devem nos orientar para o modo como lidamos com nossas relações. "Quem é você?" E "qual papel quer assumir em minha vida?" São perguntas essenciais e nos indicam a qualidade de um bom relacionamento. Entender que o nome de Jesus revela sua identidade e sua missão nos exorta também em nossa função como batizado que é ser um novo Cristo. Devemos abraçar sua identidade e nos configurarmos à sua missão.

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SENHORA DAS MERCÊS

MÊS DAS MERCÊS

NOSSA SENHORA DAS MERCÊS

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Por frei Rafael Gomes, O. de M.

Maria Santíssima em Lc 1, 26-56: Discípula e Missionária da Misericórdia de Deus que Redime No evangelho segundo Lucas, que apresenta Jesus como manifestação alegre da misericórdia de Deus que salva a humanidade cativa do pecado, chama a atenção a perícope que relata a visita de Maria a Isabel, sua parente, concluída com o conhecido cântico da Virgem, o “Magnificat” (Lc1, 39 – 56). Situado no chamado evangelho da infância, esse relato simples e “audiovisual” (por ser de fácil composição mental) tem muito a ensinar a respeito da vocação e da missão da Virgem Maria, Mãe das Mercês, na vida da Igreja e da humanidade. Em primeiro lugar, cumpre perceber que, no contexto próximo dessa passagem, se encontra o relato da anunciação do anjo a Maria, com a consequente encarnação do Verbo Eterno de Deus. Dizendo sim, com seu “faça-se”, à proposta trazida pelo arcanjo, aceita Maria, em sua simplicidade obediencial, ofertar sua humanidade pura (porque preservada da mancha da culpa original) para envolver a divindade do Filho

RA

Unigênito do Pai. Torna-se Maria assim sacrário vivo da Divindade, arca da nova aliança, tabernáculo da nova humanidade. Maria é assim preenchida pelo amor de Deus, ao ser coberta pela sombra do Altíssimo. Este amor divino e humanado que Maria traz em si por privilégio e por graça - Jesus Cristo Senhor Nosso configura decisivamente sua vida e missão. Com o verbo em seu ventre, a jovem de Nazaré se vê impelida a proclamar para além de sua própria aldeia, as maravilhas de graça que o Altíssimo realizou em sua vida. Esta proclamação das maravilhas de Deus que Maria faz se corporifica em gestos de atenção e de serviço à humanidade, que ela quer ver redimida pela ação de Deus. Nesse sentido, se entendem os movimentos, ações e palavras que compõem a visitação: cheia do amor misericordioso de Deus, ela coloca-se a caminho, subindo uma região montanhosa e traiçoeira (1, 39). Seu objetivo era partilhar a alegria da salvação com sua parente Isabel, mulher avançada em idade que, com seu esposo Zacarias, havia experimenta-

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do o “impossível” de Deus: maternidade e paternidade em idade avançada. Chegando à casa de sua amiga, Maria a cumprimenta (1, 40). A força de sua saudação, qualificada pela presença do redentor que portava pela força do Espírito Santo, cumulou de alegria a criança que Isabel trazia em seu vente. Maria comunica o amor redentor de Deus àquela casa. E aquela família experimenta, por meio de Maria, Jesus, manifestação terna e alegre da misericórdia de Deus que sempre encontra lugar no coração dos pobres, simples e humildes. Esta lição de vida espiritual, esse caminho de santificação por meio do exercício verdadeiro da humildade (deixar-se fecundar, cultivar por Deus) é cantado por Maria na parte final do relato da visitação, chamado Magnificat. Seguindo a trilha da humildade, que é reconhecimento da realidade (De Deus e da própria humanidade), Maria atesta que Deus tem primazia na vida humana. Ele deve ser glorificado porque Ele faz grandes obras (1, 49)) que geram vida, alegria e salvação à humanidade (1, 49). Ele é a fonte da misericórdia (1, 50. 54) que nunca se cansa de jorrar à humanidade a fim de purificá-la e irrigá-la, para que seja fértil na caridade. Esta força da misericórdia de Deus alcança o coração dos pobres para “empoderá-los”, e ao mesmo tempo derruba os poderosos desse mundo de seus tronos de opressão (1, 52). Essa misericórdia incriada e encarnada sempre

vem apressada alcançar a criatura humana para socorrê-la, tratando suas feridas, e alimentando-a, em sua fome de Deus (1, 53). Maria Santíssima, discípula e missionária de Jesus, rosto da misericórdia de Deus, vem sempre apressada ao nosso encontro para comunicar-nos a candura e a doçura da presença do Deus de misericórdia e fonte de toda consolação, que, em Jesus, é para nós remédio que nos cura da ferida do pecado e alimento que nos fortalece na caminhada rumo ao Pai. Que a exemplo de Maria, pressurosa em comunicar o dom da salvação à humanidade cativa e padecente, possamos todos criar esse hábito salutar, hábito “do coração”, de irmos pressurosos ao encontro dos cativos de nosso tempo, que estão diante de nós, às vezes batendo à nossa porta, suplicando pelo Pão de verdadeira liberdade e de verdadeira justiça: Jesus Cristo, Senhor e Redentor. Mãe das Mercês, rogai por nós!

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FÉ CRISTÃ

FONTE: MURAD, Ir. Afonso. As Sete Alegrias de Maria. Disponibilidade: http://maenossa.blogspot.com/search/label/Alegrias%20de%20Maria Revista Mercê - 17 Revista Mercê - 19

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MERCÊ NO BRASIL

II CONGRESSO INTERNACIONAL MERCEDÁRIO DE PASTORAL PAROQUIAL 20 - Revista Mercê

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Frei Demerval, frei John e frei Reginaldo durante o II Congresso Internacional Mercedário Participantes do II Congresso Internacional Mercedário

O II Congresso Internacional Mercedário de Pastoral Paroquial aconteceu nos dias 19 a 23 de agosto de 2019, na cidade de Belo Horizonte. Nele, os mercedários se reuniram para refletir e buscar novos caminhos para o enfrentamento dos desafios atuais. Isso se deu, num primeiro momento, por meio de um resgate da história do carisma e da espiritualidade mercedárias, e, num segundo momento, por meio da observação das novas formas de catividade do mundo atual. Todo o trabalho de reflexão no congresso se deu a partir da Palavra de Deus, que nos mostra a compaixão do Senhor que é eterna e que nos anima a seguir em frente, vendo a paróquia como um local privilegiado para o exercício da misericórdia. O trabalho apostólico carismático mercedário está presente em variados contextos sociais nos quatro cantos do mundo. Dessa forma, o carisma da redenção dos cativos, recebido por São Pedro Nolasco, é transmitido à Ordem, e da Ordem à humanidade de geração em geração. É um chamado de Deus, que nos envia para o resgate de cativos. No desenvolvimento dessa missão, valores religiosos e sociais se

Frei John durante Celebração Eucarística no II Congresso Internacional Mercedário

unem. Esse trabalho iniciou-se no hospital de Santa Eulália em Barcelona que tinha a função de acolher pobres, doentes e peregrinos. Local esse que serviu não só como domicílio, mas como identidade carismática, onde se iniciou a vivência do carisma da redenção unido à hospitalidade como missão e serviço em prol dos necessitados. Esse modelo de vivência está em plena sintonia com a proposta do “Hospital de Campanha” do Papa Francisco. As

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Participantes do II Congresso Internacional Mercedário

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Participantes do II Congresso Internacional Mercedário

comunidades mercedárias, nesse sentido, devem ser oásis de ternura e de misericórdia na vida dos cativos do mundo atual que estão à nossa porta. O II Congresso Internacional Mercedário, movido pela inspiração de São Pedro Nolasco e pela centelha profética de Medellín e Puebla, inspirou seus participantes a se tornarem agentes sempre mais conscientes de sua missão redentora. Isso se dá principalmente nas periferias, geográficas e existenciais presentes na humanidade. MAIS FOTOS

Frei José Maria apresentando o II Congresso Internacional Mercedário Revista Mercê - 23

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FAMÍLIA MERCEDÁRIA

Salvador/BA

Macaia/MG

Brasília/DF

Creche São Pedro Nolasco/RJ

VISTA DO MESTRE GERAL A PROVÍNCIA DO BRASIL

Recanto Mercê/GO

Ramos/RJ

São Raimundo Nona

Postulantado São Pedro P

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Ramos/RJ

Ibirité/MG

Guadalupe/RJ

Raimundo Nonato/PI

Corrente/PI

São Paulo/SP

ado São Pedro Pascual/DF

Brasília/DF

Brasília/DF Revista Mercê - 25

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CALENDÁRIO MERCEDÁRIO

2019

10 - Beato Juan Nepomuceno Zegri

OUTUBRO

D STQ Q S S 01 - Fundação das Mercedárias do Menino Jesus 05 - Venerável Juan Batista do Santíssimo Sacramento 10 - Beato Juan Nepomuceno Zegri 12 - Sábado Mercedário 13 - Venerável Isabel Lete 19 - Sábado Mercedário 26 - Sábado Mercedário

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CALENDÁRIO MERCEDÁRIO

2019

14 - São Serapião

NOVEMBRO

D STQ Q S S

02 - Sábado Mercedário 06 - Todos os Santos da Ordem 07 - Todos os defutos da Ordem 09 - Sábado Mercedário 11 - Venerável Catalina Mc Auley 14 - São Serapião 16 - Sábado Mercedário 21 - Fundação das Mercedárias Missionárias de Barcelona 23- Sábado Mercedário 30- Sábado Mercedário Revista Mercê - 27

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