Afirma António Pita, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide
Uma empresa certificada que trabalha para responder às necessidades de qualidade e exigência do mercado.
ABRIL 2013 | EDIÇÃO Nº 59
“CASTELO DE VIDE PROCURA FAZER DAS SUAS DEBILIDADES E CONSTRANGIMENTOS OPORTUNIDADES, É UMA AUTÊNTICA JÓIA DA COROA ONDE SE RESPIRA QUALIDADE DE VIDA E BEM-ESTAR”
Publicação editada ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico
em destaque 18 E 19 O QUEIJO QUE CONTA A HISTÓRIA
08 Descubra as potencialidades do Interior do País, onde a qualidade de vida se sente 13 Porco Bísaro, uma raça com características únicas 15 I Mostra de Bioenergia, em Portalegre 16 Santa Comba Dão: Uma janela de oportunidades 22 Porto de Aveiro e da Figueira da Foz, um exemplo a seguir 24 O Município de Portimão abre-nos as suas portas 28
Exemplos das melhores práticas: SLOG
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Lacoviana, de Portugal para o Mundo
20 E 21 CIÊNCIA PARA TODOS
Propriedade: As - Agência, Lda Morada: Apartado 4431-901 Deposito legal: 215441/04 Editora: Ana Mota Publicidade: Moura Lopes Email: geral@as-agencia.pt
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Entre o cristianismo e o ju AO CHEGAR A CASTELO DE VIDE ENTRAMOS NUMA MÁQUINA DO TEMPO. PELAS RUAS DE PARALELOS ESTREITAS, VAMOS DAR À IGREJA MATRIZ. O CASTELO, NO CIMO DA COLINA VIGIA A SUA POPULAÇÃO. A NORESTE, ESTENDE - SE O BAIRRO JUDEU, LEGADO DE UMA RIQUEZA ÍMPAR. CASTELO DE VIDE VIVE ASSIM NA CONJUNÇÃO DESTAS DUAS RELIGIÕES, O CRISTIANISMO E O JUDAÍSMO CONFUNDEM - SE NAS TRADIÇÕES DA VILA. ANTÓNIO PITA, VICE - PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, APRESENTA- NOS CASTELO DE VIDE...
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ara começar, pode nos fazer uma breve apresentação de Castelo de Vide, realçando a sua localização, habitantes e economia local? Castelo de Vide, localizada no Alto Alentejo, é uma das vilas mais pitorescas de Portugal. Conhecida popularmente como a “Sintra do Alentejo”, integra-se no Parque Natural da Serra de São Mamede, oferecendo vastas e exuberantes paisagens e dominando o horizonte pelas terras raianas dentro. Com cerca de quatro mil habitantes, à semelhança de todo o território do interior, sofre os efeitos da sua localização periférica e da inexistência de uma cidade de média dimensão no distrito de Portalegre, no qual se insere. Graças à forte identidade das suas gentes e aos múltiplos recursos endógenos que tem, Castelo de Vide assume um protagonismo ímpar na capacidade de gerar dinâmicas que a projetam na mediatização internacional. Presentemente palco da telenovela “Louco Amor”, considerada como destino de eleição nas “20 BEST OF EUROPE” pelo Washington Post, ou ainda protagonista de um dos atuais vídeos promocionais nos aviões da Tap, a vila de Castelo de Vide goza hoje de uma imagem turística consolidada, que constitui uma exceção no ambiente pacato e sereno do Alentejo. Atualmente, 68 por da sua economia assenta no setor terciário, onde os serviços públicos, as atividades ligadas à hotelaria, restauração e similares e, ainda, as instituições particulares de solidariedade social sustentam a maioria da população activa. É um concelho que está na cauda da lista do
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desemprego na região Alentejo e oferece várias oportunidades para quem queira fixar-se. Tendo como característica singular o saber receber bem e a simpatia das suas gentes, a riqueza da sua gastronomia judaico-cristã, para além do encanto do seu Centro Histórico ou ainda da beleza das suas paisagens, transformaram-na num local privilegiado de evasão, de fim-de-semana ou de férias. Procurando fazer das suas debilidades e constrangimentos oportunidades, é uma autêntica jóia da coroa onde se respira qualidade de vida e bem-estar. O 25 de Abril é uma data histórica para o nosso país, mas também é um ponto de viragem particularmente para Castelo de Vide. Como é que o município se adaptou a esta nova realidade? A década de 70 foi, de facto, determinante para um início de uma viragem estrutural no Concelho Aproveitando a experiência de receber forasteiros desde os anos 40 do século XX, que aqui se deslocavam para efetuarem tratamento nas antigas Termas, e prevendo-se que o turismo seria uma atividade crescente, os primeiros edis do novo regime democrático tiveram o mérito de criar uma estratégia de desenvolvimento local ajustada à realidade de então. A gradual valorização e divulgação dos valores patrimoniais do Concelho, a par da construção de equipamentos culturais e desportivos, bem como a emergência de unidades hoteleiras de iniciativa privada, constituíram os alicerces para aquela que viria a ser a principal atividade económica do concelho. Neste processo de transformação e modernização foi fundamental
conciliar a realização dos processos de mudança com a preservação dos valores culturais e patrimoniais, sobre os quais hoje assenta a sua capacidade de se afirmar pela identidade e diferença. Designada como uma terra de serviços, o turismo tem sido, ao longo dos últimos anos, uma grande aposta do executivo camarário... Atingir o patamar de uma imagem turística consolidada é um processo que demora anos a atingir e só é possível com a envolvência dos diversos agentes, públicos e privados, que atuam no território. Num mundo, cada vez mais global, concorrencial
e próximo, os destinos turísticos só irão sobreviver enquanto tal se conseguirem afirmar-se pela qualidade dos produtos e serviços, pela autenticidade do seu caráter e, sobretudo, pela existência de valores identitários de excepção. Nesta linha de pensamento, Castelo de Vide tem vindo a investir num conjunto de projetos culturais que pretendem prosseguir aqueles objetivos. A criação de núcleos museológicos em edifícios e espaços outrora devolutos, a requalificação paisagística nas zonas envolventes ao tecido histórico urbano, a preservação das tradições e costumes, a revitalização do centro-histórico, a manutenção da
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o judaísmo...
excelência da paisagem envolvente, a captação de eventos e realizações para o concelho, são preocupações permanentes do executivo camarário, que tem plena consciência que é fundamental manter o actual o nível de divulgação e promoção. Os investimentos executados nas áreas que direta ou indiretamente se refletem na valorização dos recursos patrimoniais, bem com o esforço não só financeiro, mas na exemplar disponibilidade dos funcionários municipais habitualmente envolvidos nas iniciativas captadas para o concelho, produzem um óbvio retorno económico para o tecido empresarial local. A sobrevivência deste está claramente dependente das políticas de fomento da atividade turística que a Autarquia desenvolve, as quais constituem a mola das dinâmicas sócio-culturais. Fundadores da Rede de Judiaria de Portugal, Castelo de Vide transpira esta religião. Como se explica este fenómeno? Dada a sua localização geográfica na fronteira, Castelo de Vide recebeu inúmeros judeus, após a expulsão da Espanha pelos reis católicos, em 1492. Assim, aqui se formou e cresceu uma importante comunidade judaica, que não obstante ter que se converter ao cristianismo, manteve práticas e tradições que viriam a marcar profundamente a história desta terra. Este facto permite-nos claramente exemplificar o que já foi atrás referido. Ciente que esta herança cultural assume um valor singular e que viabiliza a projeção do nome de Castelo de Vide no espaço mundial onde chegou a diáspora, reabilitou-se
António Pita, Vice-Presidente da Câmara de Castelo de Vide
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recentemente a sinagoga medieval. Nesta casa outrora de culto, mas hoje lugar de memória e de identidade entram cerca de 30 mil visitantes por ano. Um número invejável para a maioria dos museus portugueses… mas que expressa a importância de se acreditar em projetos diferenciadores e de qualidade. Vários costumes da Judiaria foram introduzidos na cultura de Castelo de Vide, onde se vive um misto entre o cristianismo e o judaísmo. Pode citar alguns exemplos? A Judiaria consiste num bairro característico, construído entre os séculos XV e XVI e que hoje preserva a sua identidade arquitetónica e urbanística. Apesar de já não haver práticas de culto judaico, persistem as ruas com a primitiva toponímia, como sendo Rua da Judiaria, Ruinha da Judiaria, Rua do Mercado, entre outras que desembocam na Fonte da Vila, ex-libris do concelho. Mas, para além da arquitetura, é também na cultura que essa influência se manifesta. A quadra pascal, com rituais únicos no país, apresenta reminiscências que atestam da fusão destas duas religiões em tempos tão odiosas, mas com intervenientes que quase sempre souberam coabitar em nome da sobrevivência e do desenvolvimento económico da localidade. Castelo de Vide, como concelho do interior de
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Portugal, tem sofrido uma perda constante de população. Como é que a câmara municipal tenta inverter esta tendência? Debilidades estruturais carecem de respostas estruturais. O Concelho de Castelo de Vide não é uma ilha que consiga ultrapassar sozinha as consequências da falta de planeamento regional do país que se verifica há várias décadas. As debilidades demográficas estão naturalmente dependentes da ausência de políticas nacionais e regionais que invertam a atual realidade onde cerca de um quarto da população se concentra na área da grande Lisboa. A luta para a permanência de pessoas no nosso território é quase uma luta “homem a homem”, onde a fixação de um casal constitui sempre uma boa notícia na comunidade. O território oferece inúmeras potencialidades não só ao nível das atividades ligadas ao turismo, como também no campo da indústria agroalimentar. Acreditamos que é precisamente na complementaridade dos antigos saberes e transformação dos produtos da terra com a inovação dos tempos atuais que se abrem oportunidades de negócio. Recentemente, apesar de vivermos tempos de retração económica, têm aparecido vários projetos de investidores externos que acreditam nas potencialidades do território. É, pois, com enorme expetativa que, nestes tempos de mudança, Castelo de Vide olha para o futuro, querendo afirmar-se como um território atrativo para o movimento
dos neo-rurais e para os profissionais liberais que a partir deste interior consigam realizar os seus sonhos e negócios. Uma mensagem final que queira deixar aos nossos leitores? Um grande evento nacional que este ano escolheu Castelo de Vide é o Festival de Música e dança “Andanças”, organizado pela Associação Pédexumbo. Trata-se de um Festival de grande consciência ecológica, que irá realizar-se num palco natural de grande valor paisagístico: a Barragem de Póvoa e Meadas. A simpática e tradicional freguesia, que
tem o mesmo nome, irá receber mais de 20 mil participantes que, de 19 a 25 de agosto irão usufruir de um programa intenso e diversificado de animação, que promove o contacto com pessoas de várias nacionalidades, idades e culturas, com muita confraternização. Este Festival, considerado como um evento de memória, proporciona dias inesquecíveis, visto que cria um espírito de fraternidade e felicidade nos participantes. Um grande programa para as férias deste Verão. Aqui fica o convite irrecusável, podendo-se fazer já a reserva em www.andanças.net
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Ao serviço da população Fermelinda Carvalho, Presidente da Câmara de Arronches
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vila de Arronches é composta por três freguesias, Esperança e Mosteiros, numa parte serrana, e Assunção, sede do concelho. Num concelho com 314 quilómetros quadrados, o grande desafio é a fixação de pessoas. Os últimos Censos apontaram para 3100 habitantes, um dos concelhos com menos população do país. “Nos anos 40 do século passado”, conta Fermelinda Carvalho, presidente da Câmara Municipal, “Arronches chegou a ter seis mil habitantes. Temos uma população muito envelhecida, estamos a perder 80 habitantes por ano, numa terra onde, nalguns anos, só nascem dez, e noutros, como em 2012, nasceram dezoito”, num desequilíbrio difícil de combater. Para tentar minimizar estes danos, a Câmara Municipal implementou este ano uma redução do IRS aos seus habitantes: “Dos cinco por cento que revertem a favor da câmara, abdicamos de metade”. Outra das medidas de apoio à população foi a aplicação da taxa mínima de IMI. Com o objetivo de ajudar a economia familiar, foi criado o “Cartão Municipal do Idoso”, para pessoas a partir dos 65 anos ou reformadas por invalidez. Este cartão permite usufruir de uma comparticipação de cinquenta por cento na parte que cabe ao utente na aquisição de medicamentos comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde, bem como uma redução, também de cinquenta por cento, no pagamento do consumo de água para fins domésticos. Para os portadores deste cartão, a Câmara Municipal disponibilizou uma “oficina domiciliária”, através da qual, com a mão-de-obra dos seus profissionais, assegura pequenas reparações, ficando a cargo do beneficiário a aquisição do material. O município de Arronches está dotado de três lares, um em cada freguesia, uma Santa Casa da Misericórdia, uma unidade de cuidados continuados de média duração e outra de longa duração. “Estas respostas sociais também foram criando aqui um grande número de empregos”, salienta ainda a edil.
SITUADA NO ALTO ALENTEJO, DISTRITO DE PORTALEGRE, ARRONCHES DEFINE - SE COMO UMA PEQUENA TERRA DE AGRICULTORES. COM CERCA DE 3100 HABITANTES, ESTE MUNICÍPIO ENCHE AS SUAS ESPLANADAS NO FIM DE UM LONGO DIA DE TRABALHO. CONVÍVIO, ENTREAJUDA E ALEGRIA SÃO AS PALAVRAS DE ORDEM.
Lar de Juventude Especializado Foi recentemente inaugurada uma resposta social pioneira no país, um lar de juventude especializado. Este equipamento destina-se a acolher jovens negligenciados ou vítimas de maus tratos familiares, dos 12 aos 18 anos. Esta resposta social permitiu criar 25 postos de trabalho no concelho e tem capacidade para acolher até 20 jovens e crianças (atualmente estão lá colocados cinco jovens, oriundos de diversos pontos do país). O seu funcionamento é em “regime aberto”, podendo os jovens sair à rua e frequentar todos os equipamentos disponíveis no município, devidamente acompanhados por um monitor. Aos 18 anos, os jovens podem seguir as suas vidas normalmente, e “até podem ficar a viver em Arronches!”.
Os jovens são, porém, a prioridade do município. Este mês foi aprovada a disponibilização de acesso gratuito à internet em todo o concelho. Está igualmente em vigor um apoio à natalidade, através do qual são atribuídos mensalmente 35 euros pelo nascimento do primeiro filho, 40 euros pelo segundo e 45 euros pelo terceiro, até ao terceiro ano de vida. Neste mandato, Fermelinda Carvalho implementou uma bolsa de livros, facultando a todas as crianças do primeiro ciclo os manuais escolares a título gratuito. Além disso, o transporte escolar é feito gratuitamente e, no período de férias de verão, foi criado um ATL, também sem custos para as famílias. Ainda para os jovens, a câmara promove anualmente programas ocupacionais de caráter temporário. No corrente ano serão ocupados 15 jovens, no período de abril a dezembro. “Permite-lhes habituarem-se à responsabilidade, ao método de trabalho e adquirir algumas competências”, para os jovens que optaram por não estudar a partir dos 18 anos. Para os que preferem continuar para o
ensino superior, foram implementadas, há três meses, dez bolsas de estudo, no valor aproximado de 180 euros por mês, desde que tenham sucesso nos estudos. Outro projeto dinamizado pela câmara municipal prende-se com a requalificação de habitações. “Atribuímos cerca de quatro mil euros por habitação de mais de 150 metros quadrados, que pode ser majorado em 40 por cento se estiver no centro histórico”. A câmara adquiriu quatro casas no centro histórico de Arronches, que tem sido abandonado ao longo dos anos. Está agora a recuperá-las para habitação jovem, para promover o seu aluguer, estabelecendo um teto máximo para a respetiva renda. “Estamos a recuperar uma das casas e já há muitos interessados”, adianta ainda. Ao nível da habitação, também estão disponíveis lotes para habitação própria por valores muito baixos, principalmente na freguesia de Mosteiros. Na freguesia de Assunção, centro de Arronches, os lotes podem chegar aos 10 mil euros. A edil acredita que, assim, “há qualidade de vida em Arronches”.
Um concelho de base agrícola É a agricultura que move a economia em Arronches. Porém, “a agricultura precisa dos jovens”, para regenerar a faixa etária dos agricultores, cerca de 250 no concelho. O forte deste concelho são os bovinos, como espelho do que se faz no resto do distrito de Portalegre que tem o maior efetivo de bovinos a nível nacional. Os olivais, cereais e o mel são outras forças da natureza de Arronches. Para atrair investimentos privados, Arronches vende a preço simbólico (por lei, não pode oferecer) lotes na zona industrial. Com muito trabalho, a câmara conseguiu que cinco empresas se instalassem nos últimos anos e, em projeto, está a vinda de uma clínica veterinária de topo. A câmara é ainda proprietária de uma antiga cooperativa agrícola, com vários armazéns, nos quais já se encontram instaladas uma carpintaria, uma empresa de mel, uma empresa de prestação de serviços na área da eletricidade e um lagar, que vai entrar em funcionamento no final deste mês, e conta criar um ninho de empresas, na zona industrial, num projeto que vai candidatar em abril. Para ajudar os empresários agrícolas do concelho, a câmara municipal, na pessoa de Fermelinda Carvalho, apostou nos arranjos dos caminhos rurais. “Adquirimos, há cerca de um ano, uma motoniveladora para estes arranjos. Em dias de chuva, era quase impossível chegar a algumas propriedades”. A câmara municipal também apoiou a criação de um gabinete técnico de apoio à agricultura, onde está disponível um técnico da Associação de Agricultores de Portalegre para ajudar em projetos e candidaturas. Em termos de licenciamento agrícola, a câmara procede à aprovação dos projetos de forma rápida. “Há esta grande proximidade entre a câmara e os habitantes que nos permite ajudar, conhecer os problemas e arranjar soluções”.
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QUALIDADE DE VIDA
Almodôvar, entre o Alentej COM UMA ÁREA DE 800 QUILÓMETROS QUADRADOS E PERTO DE OITO MIL HABITANTES, O MUNICÍPIO DE ALMODÔVAR ENCONTRA- SE NA FRONTEIRA ENTRE O ALENTEJO E O ALGARVE. A TRINTA MINUTOS DAS PRAIAS TURÍSTICAS, ESTE MUNICÍPIO APROVEITOU ESTA PROXIMIDADE PARA DESENVOLVER A SUA ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO, ASSENTE NUM TURISMO CULTURAL E HISTÓRICO CADA VEZ MAIS PROCURADO.
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ituado no baixo Alentejo, distrito de Beja, Almodôvar diferencia-se dos seus vizinhos pelas características intrínsecas ao seu território. Se, por um lado, estende-se pela planície alentejana, com aglomerados populacionais muito concentrados, mais a sul insere-se na Serra do Mú, com a sua população mais dispersa, nesta transição entre o Alentejo e o Algarve. Com uma posição geográfica interessante, o concelho é alimentado pela A2 e pela EN2, uma das estradas mais antigas de Portugal, considerada Património Nacional entre Almodôvar e a região algarvia, numa diferença temporal de trinta minutos entre estes dois pontos. A economia local advém da conjunção dos produtos endógenos de grande qualidade, como a cortiça, o mel, o medronho, as plantas aromáticas e os cogumelos, entre outros tantos, e uma aposta cerrada num turismo cultural. É de referir também a forte apetência para a indústria mineira, entre os concelhos de Almodôvar e Castro Verde que emprega cerca de mil trabalhadores. Indiretamente, as Minas do Corvo criaram ainda quase dois mil postos de trabalho, “uma grande almofada nos tempos que estamos a atravessar”, refere António Sebastião, presidente da câmara municipal de Almodôvar. O município lidera ainda o projeto do PROVERE para a Valorização dos Recursos Silvestres do Mediterrâneo, juntamente com outros municípios, associações de desenvolvimento local, empresas e entidades ligadas à investigação e ao ensino, como a Universidade do Algarve ou ainda o Instituto Politécnico de Beja. “Estes produtos podem potenciar o desenvolvimento desta região. Este projeto é importante não só para a colocação no mercado interno, mas também para a sua exportação, nomeadamente na questão das ervas aromáticas que têm, neste momento, um mercado fantástico na Europa”, adianta o edil. No âmbito desde projeto foi criada uma empresa com capitais públicos e privados, que está a desenvolver projetos de apoio a jovens empresários que se querem lançar no mundo agrícola e vai investir na produção de produtos silvestres, transformação e comercialização, tanto interna como externamente.
Aposta no turismo cultural Transversalmente a esta economia virada para os produtos endógenos, o executivo camarário de Almodôvar apostou na componente turística. “Temos um conjunto de unidades turísticas de pequenas dimensões, ligadas a questões ambientais, culturais e gastronómicas”, explica. A ligação destes três parâmetros é fundamental para desenvolver um turismo paralelo ao que é praticado nas praias algarvias. “Cada vez cresce mais esta vertente de turismo ambiental e gastronómico, que acaba por avançar
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no território e chegar a Almodôvar”. O concelho é rico em património religioso e arqueológico, a começar pela estação arqueológica da Mesa dos Castelinhos, na freguesia de Santa Clara. Está a ser desenvolvida uma rede de museus em Almodôvar, de entrada gratuita, que engloba o Museu da Escrita do Sudoeste (MESA), onde estão expostas peças dessa escrita que existiu nesta região há 2.5 mil anos. “Em torno desta escrita, desenvolvemos parcerias com arqueólogos para mostrar um conjunto de ações do ponto de vista científico e social, com grande êxito não só em termos da análise científica, mas também nos visitantes”. O Museu Severo Portela é outra paragem obrigatória para quem visita Almodôvar. O pintor que adotou este concelho como terra da sua eleição doou ao município todo o seu espólio, em termos de pintura e escultura. Neste momento, está em obras de requalificação o Convento de Nossa Senhora da Conceição, que irá albergar um fórum cultural e o Museu de Arte Sacra. “Estamos ainda a remodelar o museu etnográfico”, conta António Sebastião, “na freguesia de Santa Clara, em torno do que é a vida agrícola, atual e passada”. Este museu vai acolher também o núcleo interpretativo da estação arqueológica da Mesa dos Castelinhos. Assim, estes quatro museus vão funcionar em rede, atraindo mais turistas que não visitam apenas estes espaços, mas ficam em Almodôvar, frequentam os restaurantes, utilizam a hotelaria e acabam por dinamizar a economia local.
Estratégias contra a desertificação A par de toda a estratégia de valorização dos produtos endógenos e das apostas para atrair jovens agricultores para as terras de Almodôvar, o presidente do executivo camarário acredita que a população tem de se sentir bem na sua zona de residência, com qualidade de vida para querer ficar. “Temos vindo a diminuir a perda de população nos últimos anos”, orgulha-se, mas tal resultado deve-se ao envolvimento de todos os agentes promotores de desenvovimento, para garantir um futuro risonho e sustentado a Almodôvar. Todas as localidades do concelho estão agora dotadas de boas vias de comunicação, saneamento básico e eletricidade rural. Também foi importante a construção de alguns equipamentos de ordem cultural, recreativa e desportiva. A câmara municipal detém um gabinete de desporto com cinco técnicos nesta área, que, para além de dinamizar os equipamentos da área desportiva (piscinas, campos de ténis e futebol, pavilhão desportivo), acabam por ter outra função junto dos séniores: em todas as freguesias, há aulas de atividade física, em conjunção com as práticas sociais, para quebrar o isolamento e promover a mobilização e a sociabilidade.
António Sebastião, Presidente da Câmara de Almodôvar
QUALIDADE DE VIDA
tejo e o Algarve...
“Almodôvar – O Concelho Mais Saudável” Na sequência de várias iniciativas que primaram pela sensibilização e prevenção de doenças, no concelho de Almodôvar, a câmara municipal e a Fundação Professor Fernando de Pádua elaboraram um programa de cinco anos e promoção de saúde, melhor qualidade de vida e prevenção das doenças cardiocerebrovasculares, e demais doenças não transmissíveis com idênticos fatores de risco. Por meio de uma intervenção multidisciplinar e intersetorial, nasceu o “Almodôvar – Concelho Mais Saudável”, destinado a todas as faixas etárias do concelho. Entre os objetivos desta iniciativa, destacam-se a contribuição para a promoção de uma alimentação saudável, a redução do sedentarismo e a promoção de uma melhor saúde em geral. A câmara municipal pretende assim institucionalizar uma cultura de saúde, com novas atitudes e comportamentos numa relação intergeracional.
Almodôvar em prol da economia social Com uma situação financeira estável e um bom aproveitamento das verbas comunitárias, Almodôvar vira-se para enfrentar as dificuldades dos seus habitantes. “A câmara municipal assenta hoje a sua atividade numa preocupação constante de estar ligada ao mundo empresarial e à criação de emprego”, define António Sebastião. Em termos sociais, a câmara criou o cartão “Almodôvar Solidário”, que já tem cerca de mil utentes no concelho. Este cartão dá benefícios na aquisição de medicamentos: na parte não comparticipada pelo Estado, a câmara apoia com
50 por cento dos custos. Isto traduz-se anualmente em cerca de 60 mil euros de investimento. Noutro eixo, existe uma ajuda na recuperação de habitações de famílias carenciadas, em pequenas obras. Quanto aos programas de apoio à família, o executivo camarário de Almodôvar instituiu uma ajuda à natalidade para apoiar os jovens casais nestes primeiros tempos. “Apoiamos com mil euros o primeiro filho, 1250 euros para o segundo nascimento e 1750 euros para o terceiro”. Cerca de 40 por cento deste valor deve ser gasto obrigatoriamente no comércio local.
“Temos também um apoio para a aquisição de material escolar para os alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclo, à volta de 40 por cento dos custos totais”. Já há vários anos que a câmara atribui bolsas para os estudantes que ingressam no ensino superior, cujas famílias não têm condições para o suportar. O bom aproveitamento escolar assim como a idade dos bolseiros são fatores decisivos no momento da atribuição desta verba. Foi criado um Fundo de Emergência Social para situações familiares abruptas: despedimento de um ou mais membros da família, obra urgente em casa, ou outras situações que são analisa-
das pelo gabinete de ação social. Estes apoios podem ser pontuais ou podem ter uma duração máxima de seis meses, com prestações mensais. Pelo ano, outras ações são desenvolvidas. Neste natal, foram distribuídos cerca de 70 cabazes de bens às famílias mais carenciadas do concelho. No fundo, estas estratégias assentam numa boa utilização dos dinheiros públicos, para dar respostas ao que são as necessidades das populações, tanto a nível social como económico. Só assim, com um desenvolvimento económico sustentável, se consegue nesta região atratividade, motivos para captar investimento e fixar pessoas.
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QUALIDADE DE VIDA
Território de potencialidades
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Francisco Amaral, Presidente da Câmara Municipal de Alcoutim
HÁ DUAS DÉCADAS À FRENTE DA AUTARQUIA DE ALCOUTIM, FRANCISCO AMARAL É O ROSTO DO PROJETO AUTÁRQUICO DE SUCESSO IMPLEMENTADO NESTE CONCELHO. A RECONHECIDA QUALIDADE DE VIDA EXISTENTE EM ALCOUTIM É O RESULTADO DO TRABALHO DESENVOLVIDO NO MUNICÍPIO AO LONGO DOS ÚLTIMOS 20 ANOS, QUE TEM ASSENTADO NUMA POLÍTICA DE PROXIMIDADE COM A POPULAÇÃO E NA PROMOÇÃO DE DIVERSAS INICIATIVAS, MUITAS DAS QUAIS PIONEIRAS, E QUE FAZEM ATUALMENTE DE ALCOUTIM O CONCELHO COM MENOR TAXA DE DESEMPREGO NO CONTEXTO NACIONAL.
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á 20 anos, atrás quando Francisco Amaral assumiu a presidência da Câmara Municipal de Alcoutim, este era o terceiro município mais pobre no contexto nacional. Hoje em dia, fruto do trabalho desenvolvido em múltiplas áreas, figura entre os primeiros lugares dos municípios com maior qualidade de vida. Este posicionamento deixa o autarca satisfeito. “É o reconhecimento do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos 20 anos”, admite. Para tal posicionamento contribui o facto de a Câmara Municipal de Alcoutim ser das autarquias do país mais empreendedoras em áreas como a ação social, a educação e a saúde. “Ao longo dos últimos 20 anos têm sido desenvolvidas diversas iniciativas em prol da população, muitas das quais pioneiras. Temos assumido uma posição lutadora para dar cada vez mais qualidade de vida à nossa população”, afirma Francisco Amaral. A autarquia de Alcoutim tem sabido equilibrar os investimentos feitos com a estabilidade financeira do município. “Temos que ter respeito para com os munícipes. Temos procurado fazer uma aposta adequada às reais necessidades, assente num investimento sustentável”, afiança. Alcoutim é o único concelho do Algarve que se situa numa área territorial só com serra. “Desde os anos 60 que tem havido um êxodo dos algarvios da serra para o litoral. Enquanto nos outros concelhos esse êxodo faz-se dentro do próprio concelho, em Alcoutim as pessoas vêem-se forçadas a sair da localidade. Por outro lado, sofremos ainda da desertificação advinda da migração da população que se fixava na serra algarvia. Esta realidade leva a que Alcoutim seja dos concelhos que perdeu mais população nos últimos dez anos”, explica. A inversão deste panorama encontra entraves no Plano de Ordenamento do Território, que classifica grande parte da área do concelho como Reserva Ecológica. Esta categorização impossibilita a realização de determinados investimentos que seriam uma mais-valia para a dinamização da economia local o que, consequentemente, contribuiria para fixar e atrair a população. “Tínhamos previsto muitos investimentos para o concelho que não se concretizaram graças a esta limitação. Por exemplo, houve interesse para a realização em Alcoutim de um investimento espanhol que rondaria os 200 milhões de euros e que não pôde avançar devido à classificação territorial de Reserva Ecológica”, exemplifica. “Por outro lado, o Rio Guadiana que é uma marina natural única, não gera riqueza desde Vila Real de Santo António até Mértola devido à questão da Rede Natura. Este património natural podia ser aproveitado de outra forma, gerando dinamismo para a economia local”, defende.
Ainda nesta questão, Francisco Amaral relembra o facto de aquando da definição do Plano de Ordenamento do Território algumas populações terem ficado inseridas no espaço definido como sendo Reserva Ecológica. “A alteração ao plano demorou nove anos, período durante o qual a população se viu impossibilitada de realizar obras nas suas próprias casas, causando um entrave ao investimento e constrangimentos à vida quotidiana da população”, recorda. Apesar destes constrangimentos, Alcoutim é o concelho do país com menor taxa de desemprego. “Este concelho tem enormes potencialidades”, defende. A pastorícia é uma das atividades geradora de emprego sustentável, a par da indústria de panificação, da cinegética, da atividade florestal e da construção civil, que em Alcoutim continua a ser uma atividade que mantém a sua dinâmica.
Ação de proximidade Defensor, desde sempre, de uma política de proximidade com a população, indo de encontro às suas necessidades, Francisco Amaral assumiu muitas vezes uma posição pioneira aquando da implementação de diversas iniciativas no concelho. Há duas décadas atrás, numa época em que as principais preocupações das autarquias estavam maioritariamente voltadas para questões como a infraestruturação da rede de saneamento básico e de abastecimento de água, Francisco Amaral ousou ir mais longe e voltar-se para questões ligadas à ação social, à saúde e à cultura, áreas entendidas pelo autarca como essenciais à qualidade de vida da população. “É possível conciliar a infraestruturação do território, dotando-o dos equipamentos básicos, mas também investir em outras áreas essenciais”, defende. São muitos os exemplos de iniciativas pioneiras desenvolvidas em Alcoutim. Em 1999, cansado de ver doentes com graves problemas de visão à espera de uma operação às cataratas há mais de cinco anos, encaminhou cerca de 70 pessoas para uma clínica em Faro para a realização da intervenção cirúrgica. Outro exemplo diz respeito à criação da primeira Unidade Móvel de Saúde, um serviço primordial para a população envelhecida. A autarquia colocou ainda ao serviço da população três fisioterapeutas. “Antigamente para se fazer fisioterapia era necessário que os utentes se deslocassem a Vila Real de St. António ou a Faro. Hoje a autarquia dispõe de fisioterapia no concelho, fazendo-se inclusive fisioterapia ao domicílio”, diz. O mesmo acontece com a especialidade de medicina dentária. “Quando me apercebi que a população não
recorria ao apoio dado pelos cheques-dentista, e tendo em consideração as necessidades que existiam ao nível dos cuidados dentários, a autarquia contratou uma médica dentista que dois dias por semana trata dos problemas da população gratuitamente”, afirma. Outra das iniciativas pioneiras realizadas no concelho diz respeito a um Programa de Combate ao Alcoolismo. “Esta é uma questão muitas vezes esquecida e que está na origem de diversos problemas de saúde, e que tem repercussões tanto ao nível do Sistema Nacional de Saúde como do absentismo laboral. Por exemplo, uma das principais causas de mortes e de invalidez nas camadas mais jovens são os acidentes de viação provocados pelo álcool. A existência no município de famílias afetadas por causa de um familiar alcoólico levou-nos a promover o Programa de Combate ao Alcoolismo, através do qual os doentes eram encaminhados para tratamento na Unidade de Alcoologia de Lisboa. Atualmente, já temos também acordo com o CAT de Olhão. O mesmo programa foi adaptado para o tabagismo, e neste momento existem no concelho diversas pessoas que deixaram de fumar com a ajuda desta iniciativa”, refere Francisco Amaral. “Para além disso, a autarquia disponibiliza um autocarro que duas vezes se desloca ao Hospital de Faro para transportar os habitantes de Alcoutim para a realização de exames auxiliares de diagnóstico e de consultas, bem como para visitar familiares internados”, acrescenta. Assumindo uma política de educação para a saúde, a autarquia de Alcoutim realiza regularmente palestras sobre diversas temáticas ligadas à área saúde, que contam com uma forte adesão por parte da população.
Aposta turística A Câmara Municipal de Alcoutim foi desde sempre um motor de desenvolvimento da economia local. “Quando cheguei à Câmara não existiam as estruturas turísticas necessárias para acolher quem nos quisesse visitar. Tinha-se criado um ciclo vicioso, em que ninguém investia em Alcoutim porque se entendia que não valia a pena e não valia a pena porque ninguém investia. À época entendi a alteração deste paradigma como uma das prioridades da ação do executivo para a promoção turística da localidade. A autarquia quebrou esse ciclo e foram criadas pela própria Câmara Municipal todas as infraestruturas necessárias para o desenvolvimento turístico do concelho. Por exemplo, a autarquia construiu uma estalagem e um restaurante, que foram, posteriormente, concessionados. Hoje em dia são várias as infraestruturas turísticas disponíveis em Alcoutim”, diz o autarca.
QUALIDADE DE VIDA
Uma terra com história
José Estevens, Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim
UM ESTUDO REALIZADO PELA UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR RELATIVAMENTE À QUALIDADE DE VIDA EXISTENTE NOS 308 MUNICÍPIOS NACIONAIS ATRIBUI A CASTRO MARIM O 22º LUGAR DO RANKING. O PAÍS POSITIVO ESTEVE À CONVERSA COM JOSÉ ESTEVENS, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, QUE FALOU DOS PROJETOS DESENVOLVIDOS PELA AUTARQUIA PARA A PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS SEUS HABITANTES.
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araterizado pela sua vasta extensão territorial que ocupa uma área de 300 quilómetros quadrados de território, Castro Marim distingue-se igualmente pela sua diversidade paisagística, conjugando a zona litoral com a serra, com uma contiguidade ao rio Guadiana que lhe dá especificidades únicas. A sua dinâmica económica tem ao longo dos tempos deixado de estar centrada numa agricultura de subsistência para se voltar de um modo cada vez mais intenso para a atividade turística. José Estevens diz que o turismo representa já uma atividade dinamizadora da localidade, apontando exatamente a atividade turística como a grande âncora do desenvolvimento futuro de Castro Marim, uma vez que são múltiplos os atrativos para visitar o concelho e tem todas as infraestruturas necessárias. “Existem em Castro Marim cinco núcleos de desenvolvimento turístico aprovados, são cerca de dez mil camas de 4 e 5 estrelas, estando alguns destes núcleos já em atividade, como é o caso do Castro Marim Golf e da Quinta do Vale”, destaca o edil. “Em torno desta atividade, foram criadas outras plataformas para gerar sinergias, nomeadamente a área de negócios do sotavento algarvio que está pensada de forma a poder estabelecer uma dinâmica com a ativi-
dade turística que contribua para a criação de emprego e para a geração de um dinamismo económico local”, refere José Estevens. A par destes projetos, a Câmara Municipal de Castro Marim tem desenvolvido outras estratégias de âmbito municipal assentes numa premissa de desenvolvimento sustentado, com a criação de infraestruturas e de equipamentos públicos necessários à qualidade de vida da população. “Temos tido uma preocupação de criar todas as infraestruturas e os equipamentos públicos necessários, com base numa premissa de promoção de iguais condições para todos os habitantes de Castro Marim, independentemente do local do concelho onde habitem. Na nossa ação temos tido a preocupação de criarmos um concelho justo, simétrico, equilibrado, onde as pessoas sintam que têm iguais condições”, garante o autarca. Exemplo desta promoção de igualdade no seio do território é a moderna e segura rede viária e a infraestruturação da rede de abastecimento de água e de saneamento básico na zona mais interior do concelho. “A autarquia tem tido ainda uma preocupação na promoção dos produtos tradicionais do concelho, dedicando especial atenção ao património do saber fazer, dos conhecimentos ancestrais da população, que se verte
em áreas como o artesanato e a gastronomia. Criámos o Centro Multiusos do Azinhal, que tem um espaço onde funciona uma queijaria experimental e onde se produzem os queijos de cabra de raça algarvia. Por outro lado, os Dias Medievais, uma recriação histórica um evento cultural que se realiza anualmente em agosto, tem sido um palco onde se têm mostrado as tradições de Castro Marim, em áreas como a gastronomia, o artesanato, os produtos genuínos da terra, de que é exemplo a flor do sal, a caça e os queijos de cabra de raça algarvia”, explica. “Temos dado também especial atenção ao nosso património edificado, do qual se destaca o Castelo, o Forte de S. Sebastião e o Revelim de S. António, todos com a classificação de monumento nacional. Apostamos também no património natural, uma vez que Castro Marim está envolvido por uma zona de Reserva Natural que assume uma elevada importância para a avifauna”, diz. Os investimentos realizados na promoção do desenvolvimento concelhio têm sido feitos garantindo sempre uma gestão financeira sustentável. “Assumimos desde sempre uma gestão autárquica rigorosa, procurando, sempre que possível, fundos de apoio aos investimentos realizados no concelho”, afirma José Estevens. Aposta na promoção da qualidade de vida As principais preocupações do executivo estão atualmente muito voltadas para a área da ação social. “Castro Marim partilha dos problemas que afetam todas as regiões do interior do país, nomeadamente no que diz respeito à existência de uma grande franja de população envelhecida que requer um especial foco de atenção. Para além da terceira idade, temos tido uma particular atenção com aqueles que se encontram em
situação de desemprego. A ajuda dada pela autarquia substancia-se em apoios às crianças e jovens em idade escolar com a atribuição de bolsas de estudo e apoio no material escolar, em pagamento de medicamentos, na criação de condições de habitabilidade, na rede de transporte social, no transporte dos doentes ao hospital e no Bibliomóvel, biblioteca itinerante. Fomos os primeiros a instalar um serviço tele-alarme; criámos um apoio de assistência domiciliária aos idosos, inserido no programa “Castro Marim Amigo”, com o objetivo de auxiliar esta camada da população, que por vezes vive sozinha e isolada, nas suas necessidades quotidianas”, exemplifica. Para as camadas mais jovens, a autarquia tem promovido diversas iniciativas, das quais se destaca o prémio atribuído aos melhores alunos de cada turma da escola E.B. 2/3 de Castro Marim, levando-os a visitar diversas cidades portuguesas e europeias. Numa aposta de investimento na área da educação e da formação, a autarquia procedeu à requalificação do parque escolar do concelho, “logo no início da gestão autárquica, antes mesmo de este se ter tornado num desígnio nacional”. A autarquia disponibiliza ainda às crianças e jovens dos 6 aos 15 anos no período das suas férias escolares o Programa “Férias Ativas” com atividades formativas e lúdicas que englobam a equitação, o golf, a música, o teatro,entre tantas outras. José Estevens destaca ainda a relevância da criação da Biblioteca Municipal. “É um equipamento municipal que a autarquia entende ser de maior importância na educação e na formação da população, tendo servido de espaço para a exploração das novas tecnologias pela terceira idade do concelho”, finaliza. Abril 2013
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QUALIDADE DE VIDA
Loulé distinguido pela sua aposta turística e qualidade de vida ENTREVISTA A SERUCA EMÍDIO, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LOULÉ
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omo caracteriza o concelho de Loulé? Loulé é sede do maior município da região do Algarve, sendo constituído por quatro zonas com características distintas: a Serra, a Beira Serra, o Barrocal e o Litoral. Loulé é considerada hoje um dos principais centros urbanos do Algarve e uma referência no panorama nacional não só pelas excelentes acessibilidades, inúmeras infraestruturas sociais, culturais e desportivas, zonas comerciais, mas também pelo desenvolvimento urbanístico sustentável. A zona litoral de Loulé tem uma importância fundamental para as atividades turísticas em todo o Algarve. A este facto não é alheia a notoriedade de Vilamoura, uma das estâncias turísticas de maior prestígio nacional e internacional, que adquiriu fama pelo seu status, atrativos naturais, praias de extensos areais e pela existência de estruturas de apoio de elevada qualidade, nomeadamente a Marina, o Casino e, é claro, os campos de golfe – à semelhança do que acontece com Vale do Lobo ou Quinta do Lago. Mas também a cidade de Quarteira contribuiu para a dinâmica do turismo concelhio, sendo um dos principais destinos de férias dos portugueses. Uma das grandes apostas do atual executivo é aproximar o litoral da serra e criar condições para que se desenvolva o turismo de interior. O projeto turístico que tem sido desenvolvido em Loulé foi distinguido na edição deste ano da BTL. Que trabalho tem sido desenvolvido pela autarquia que deu origem a este reconhecimento? Esta distinção deve-se à notoriedade que o turismo no concelho alcançou, fruto da colaboração entre enti-
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dades privadas e públicas, e em virtude de um vasto conjunto de fatores. Desde logo pela preocupação em termos ambientais, de reabilitação urbana, preservação do património e das tradições. Por outro lado, pelo forte investimento privado ao nível da criação de infraestruturas hoteleiras e outras. Só nos últimos dez anos foram investidos 600 milhões de euros na construção de novos hotéis (Conrad Algarve Palácio da Quinta 5*, Vila Sol Golf & Resort Hotel 5*, Hotel Hilton Vilamoura As Cascatas Golf Resort & Spa 5*, Hotel Tivoli Victoria 5*, Hotel Monte da Quinta Suites 4*e Hotel Aquashow 4*), na remodelação de hotéis antigos (Hotel Tivoli Marina Vilamoura 5*, Crowne Plaza 5* e Hotel Dom José 4*), bem como na criação de novos campos de golfe (Campo de Golfe Victoria e Campo de Golfe Laranjal). Depois, a importante aposta feita ao nível dos eventos, numa relação estreita com os operadores e agentes económicos na definição de uma estratégia de eventos, com o objetivo de trazer para o concelho eventos de excelência fora da época alta do turismo algarvio, para combater a sazonalidade. Só este ano já se realizaram três apresentações de novos modelos de automóveis, a nível europeu e mundial, numa vertente comercial. Precisamente nesta área, a autarquia tem também feito uma grande aposta na organização de eventos de cariz desportivo e cultural, que atraem visitantes nacionais e internacionais… A política de eventos tem sido essencial para o concelho e, nesse âmbito, Loulé é uma referência nacional. Em termos de eventos desportivos, só neste trimestre tem havido uma importante ocupação por parte de equipas de futebol e ciclismo, devido à realização do Mundialito de Futebol Feminino, da Atlantic Cup e da Volta ao Algarve em Bicicleta. Os estágios das equipas de futebol do Norte da Europa durante o inverno são também determinantes. Para se ter uma ideia do impacto económico destes eventos, por exemplo, o Atlantic Tour em Hipismo é uma prova cujo retorno estima-se em 13 milhões de euros para a economia local. Em abril vamos receber mais uma edição do Vodafone Rally de Portugal, o evento desportivo com maior retorno para o país: 100 milhões de euros. Só em 2011 tivemos 21 provas de dimensão internacional e em 2012 esse número aumentou para 26. Mas também na cultura tem havido um dinamismo enorme com a realização de eventos que são uma referência até além-fronteiras. É o caso do Festival MED e da Noite Branca, mas importa referir ainda três eventos que são verdadeiros cartazes turísticos da região: o Carnaval de Loulé, a Festa da Mãe Soberana e os Santos Populares de Quarteira. Todos estes eventos têm um impacto positivo na economia local, seja durante a época alta, mas sobretudo durante a época baixa, como forma de combater a sazonalidade.
Quais os principais projetos realizados pela autarquia que têm contribuído para a Qualidade de Vida em Loulé? A Saúde tem sido uma bandeira para o executivo municipal de Loulé. O grande empreendimento realizado nesta área diz respeito à reabilitação do antigo Hospital da Misericórdia de Loulé que contribuiu para uma melhoria significativa dos serviços de saúde prestados no concelho. Esta unidade hospitalar abriu portas há dois anos e integra uma unidade pública de cuidados continuados de saúde e uma unidade privada com consultas externas em diversas especialidades e bloco operatório. Destaca-se ainda a criação da Unidade Móvel de Saúde, uma viatura que presta cuidados primários de saúde à população, sobretudo das zonas rurais do interior do concelho. Na área social todo o concelho tem visto nascer lares e creches, sobretudo nas localidades do interior. Neste momento está em fase de construção uma Creche e Lar de Idosos na freguesia de Salir, com capacidade para acolher 33 crianças, com idades compreendidas entre os 5 meses e os 3 anos, e albergar 30 idosos; o Lar de Idosos e Serviço de Apoio Domiciliário da Associação Social e Cultural da Tôr, que dará resposta a 97 utentes (57 utentes no lar e 40 novos utentes no apoio domiciliário); a Creche do Barrocal, na freguesia da Tôr, com capacidade para 33 crianças; o Lar de Idosos da Associação Social para o Progresso e Bem-Estar da Freguesia de Benafim, com capacidade para 18 idosos; Lar de Idosos do Ameixial, destinado a 30 utentes. A Educação tem constituído também uma rúbrica prioritária no orçamento municipal. Na última década houve um reforço substancial do parque escolar no que concerne ao ensino pré-escolar e 1º ciclo. Foram renovadas, recuperadas ou construídas de raiz 23 escolas, num valor total que ascende a 27 milhões de euros, o que permitiu, só no pré-escolar, chegar a uma cobertura de cerca de 90 por cento do território. Num momento de crise socioeconómica tem sido importante o investimento realizado na atribuição de subsídios escolares aos alunos oriundos de famílias carenciadas, bem como os transportes escolares, numa política de ação social escolar que pretende que todos os alunos tenham igual acesso ao ensino. A cultura tem também merecido um olhar atento deste executivo, com a realização de eventos de referência que vão desde exposições, conferências, espetáculos de teatro, dança, música, ou eventos abrangentes como é o caso do Festival MED, um festival de world music mas que aglutina vertentes culturais como as artes plásticas, teatro de rua, artesanato, gastronomia e a literatura. Temos ainda desenvolvido projetos de apoio a artistas e criadores, como é o caso das residências artísticas no CECAL - Centro de Experimentação e Criação Artística de Loulé, o MOBILEHOME - Curso Experimental de Arte Contemporânea ou, mais recentemente, a KRIA “ Mostra de Jovens Criadores do Concelho de Loulé. Importa ainda referir a forte aposta em termos da valorização patrimonial e da criação ou remodelação de equipamentos culturais, como a reabilitação do Cine-Teatro Louletano, uma das principais casas de espetáculos do Algarve.
PORCO BÍSARO
“O porco bísaro é uma raça com características únicas” “A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE CRIADORES DE SUÍNOS DA RAÇA BÍSARA (ANCSUB ) INICIOU A SUA ATIVIDADE EM 1995, EM VINHAIS, COM A FINALIDADE DE PRESERVAR UMA RAÇA QUE ESTAVA PRATICAMENTE EXTINTA À ÉPOCA, FRUTO DA VONTADE DA AUTARQUIA E DE UM GRUPO DE PRODUTORES. O QUE DESPOLETOU ESTE PROJETO FOI A PROCURA QUE EXISTIA POR ESTE PRODUTO NA FEIRA DO FUMEIRO QUE SE FAZIA NA REGIÃO DESDE 1981, E QUE SE REALIZA ATÉ AOS DIAS DE HOJE. EM PORTUGAL TRADICIONALMENTE FALA- SE EM DUAS RAÇAS, A SUL DO RIO TEJO HÁ O PORCO DE RAÇA ALENTEJANA E A NORTE DO RIO TEJO EXISTE A RAÇA BÍSARA. O PORCO BÍSARO É UMA RAÇA COM CARACTERÍSTICAS ÚNICAS. MAS A INTRODUÇÃO DE NOVAS RAÇAS DE CRESCIMENTO MAIS RÁPIDO E A SUINICULTURA INTENSIVA VIERAM TRAZER NOVAS RAÇAS PARA PORTUGAL, COMEÇANDO A FAZER- SE O CRUZAMENTO COM AS NOSSAS RAÇAS AUTÓCTONES. ERA, PORTANTO, NECESSÁRIO RECUPERAR ESTA RAÇA, SOB PENA DA SUA EXTINÇÃO”, COMEÇA POR EXPLICAR CARLA ALVES, SECRETÁRIA TÉCNICA DA ANCSUB.
Carla Alves, Secretária Técnica da ANCSUB
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ponto de partida para o desenvolvimento da recuperação desta raça foi a procura destes animais pela região. Depois de identificados, foi feito um centro de recria, tendo começado a ser entregues um casal de animais a cada produtor, para garantir a produção e a continuidade da raça. “Simultaneamente, o trabalho passou por envolver os produtores, que já tinham deixado de trabalhar com esta raça, explicando e demonstrando-lhes a mais-valia que teriam com a criação de porcos bísaros. Na década de 90 apareceu o regulamento comunitário ao nível da certificação de Indicação Geográfica Protegida (IGP) e da Denominação de Origem Protegida (DOP) e era este passo que faltava para diferenciar e valorizar a raça bísara. As primeiras Proteções Comunitárias foram atribuídas ao salpicão e à chouriça de carne de Vinhais. Posteriormente, a certificação foi sendo alargada aos outros produtos: alheira, butelo, chouriço azedo, chouriça doce e o presunto, todos com a identificação IGP de Vinhais. Com a Proteção Comunitária DOP temos a carne de bísaro transmontano que inclui o leitão bísaro”, explica. “Ao mesmo tempo que íamos tratando de incentivar a criação do porco bísaro, criámos 70 pequenas unidades de produção desta raça, que ainda estão em atividade, para que os animais tivessem todas as condições sani-
tárias e ambientais. Nesta altura começamos também com o licenciamento da atividade de produção de fumeiro. Através do Diploma dos Estabelecimentos de Vendas Diretas, criámos o projeto Cozinhas de Fumeiro de Vinhais, que contou com a adesão de 20 produtores e que consistiu na construção de uma unidade de transformação com todas as condições exigidas. Para além destas unidades, existem atualmente no concelho cinco grande unidades industriais e cerca de 50 pequenos produtores. Neste processo foi também construído um matadouro, para termos qualidade de matança. A ANCSUB promoveu também ações de formação profissional aos criadores em diversas áreas”, diz. Atualmente, fruto da atividade desenvolvida pela ANCSUB, estão criadas todas as condições para a produção da raça bísara. Prova disso é o posicionamento que a raça tem tido comparativamente a outras raças de suínos, apresentando um ciclo de crescimento do seu efetivo, com mais de três mil fêmeas reprodutoras que se encontram espalhadas pelo concelho de Vinhais, pela zona do planalto Mirandês, na Beira Litoral, a Beira Interior e no Minho.
Perspetivas para a raça bísara Dentro das atuais problemáticas para o setor, Carla Alves destaca a importância da revisão do Regime de Exercício da Atividade Industrial no que diz respeito aos pequenos produtores e às suas transações que se realizam em pequenos circuitos de comercialização, como é o caso das feiras, em que o produtor vende diretamente ao consumidor final. “É necessário que se encontre um licenciamento mais simplificado e que abranja uma maior diversidade de produtos”, defende. “Por outro lado, uma forma de valorizar estes produtos DOP e IGP poderia passar pela redução do IVA para uma taxa intermédia, fazendo-se junto dos consumidores uma maior clarificação destes conceitos”, diz Carla Alves. “Os projetos para este ano passam por iniciar a comercialização conjunta com carnes DOP da região de Trás-os-Montes. A criação desta sinergia seria uma mais-valia para todos os produtos pela rentabilização de infraestruturas e de meios de transporte, bem como os custos associados”, avança.
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PORCO BÍSARO
Onde a tradição ainda é o que era!
Alberto João Fernandes, Gerente Comercial da Bísaro
A BÍSARO – SALSICHARIA TRADICIONAL FOI CRIADA EM 1998, EM GIMONDE, BRAGANÇA, MAS A SUA TRADIÇÃO NA PRODUÇÃO DE ENCHIDOS CONTA JÁ COM UMA EXPERIÊNCIA DE MAIS DE 76 ANOS.
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nossa filosofia de trabalho foi desde sempre fazer produtos que se demarquem pela sua qualidade. A partir de uma matéria-prima de excelência, como é o Porco Bísaro, uma caça oriunda e genuína da nossa região, fazemos uma transformação sem recurso a químicos para fazer sobressair a qualidade da carne”, destaca Alberto João Fernandes, gerente comercial da Bísaro – Salsicharia Tradicional. A Bísaro dispõe atualmente de todas as fases do processo produtivo. “Fizemos uma exploração de porco bísaro, criado em campo, o que nos permite fazer uma linha de produtos a partir desta raça, com uma maior valorização do produto e um aproveitamento do maior número de peças”, diz. A exploração da Bísaro situa-se em Mogadouro, uma
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localização escolhida estrategicamente pelo clima da região ser o mais adequado para a criação da raça. Ao todo, a exploração conta com 600 animais, dos quais cerca de 400 são porcas reprodutoras. O abate e o desmanche são feitos no Matadouro de Bragança, e a transformação dos produtos é feita na unidade da Bísaro instalada em Gimonde, onde trabalham cerca de 30 pessoas. Para além de produtos com a certificação DOP e IGP de Vinhais, a empresa comercializa outra linha de produtos com a qualidade garantida pela marca Bísaro. “Trabalhamos para colocar à disposição dos consumidores um produto de qualidade, independentemente de ter ou não as certificações DOP e IGP”, garante. Para além do presunto, a Bísaro produz diversos enchidos, como alheiras, chouriças e salpicão, que se encontram disponíveis em diversos hipermercados em todo o território nacional. “Neste momento estamos em fase de lançamento do presunto de porco bísaro criado na nossa própria exploração, tendo já como compradores no mercado nacional, bem como em Espanha, França e Inglaterra. Além disso a Bísaro encontra-se já a comercializar
para a restauração carne fresca de Porco Bisaro com a Denominação de Origem Protegida”, afirma. A empresa tem certificação em Gestão da Qualidade, segundo a norma NP EN ISO 9001:2008, estando igualmente certificada em Sistemas de gestão da segurança alimentar pela norma NP EN ISO 22000:2005.
O que diferencia o presunto de porco bísaro? “As principais diferenças do presunto bísaro começam logo pela sua dimensão, são animais com uma perna maior do que outras raças o que faz com que precise de mais tempo para a cura. É também uma perna mais esguia e mais comprida, o que lhe dá uma característica de diferenciação da posição da carne. A gordura do porco bísaro é mais consistente; este animal tem uma vantagem que se prende com o alto poder que tem de criar gordura intramuscular, o que se reflete num presunto macio e suave. Para este aspeto contribui também a qualidade da alimentação e do espaço onde é criado. O porco é criado em campo, sendo alimentado com o que aí se encontra, uma alimentação complementada com mistura de cereais, conforme as suas necessidades nutricionais. Nos últimos dois a três
meses de criação tem que se parquear os animais para fazer uma alimentação à base de castanha, o que confere um toque adocicado ao presunto”, explica. A própria morfologia do terreno onde é criado o porco de raça bísara contribui para a fisionomia do animal: “Como tem necessidade de se movimentar mais, cria mais músculo, o que dá mais consistência à carne”. Desde o período de criação até ao produto final passam entre três a quatro anos, sendo que é preciso mais de um ano para a criação e de dois anos para o processo de cura. “Daí ser um produto de valor acrescentado”, diz Alberto Fernandes. O processo de cura também é distinto de outras raças suínas: “A cura é feita a frio, sem ser fumado. Na Bísaro fazemos cura natural do presunto, sem adição de produtos químicos”. O leitão bísaro distingue-se também do de outras raças: “como é mais comprido comparativamente a outras raças, tem mais costelas, que é uma das partes habitualmente mais apreciadas pelos consumidores, tal como as suas orelhas, que são maiores. A sua gordura faz com que quando estamos a assar um leitão ele fique tostado e não cozido”.
BIOENERGIA
Portalegre acolhe I Mostra de Bioenergia TIAGO GAIO, DIRETOR EXECUTIVO DA BIOENERGIA PORTUGAL
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omo surgiu a iniciativa da organização da I Mostra Tecnológica de Bioenergia em Portugal? A organização deste evento surge na sequência da criação do Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo (PCTA), que se insere dentro do Sistema Regional de Transferência de Tecnologia e no âmbito do qual foram identificadas distintas áreas de intervenção por região, cabendo a Portalegre a vertente da Bioenergia. Com base nesta premissa está a ser criado através do Instituto Politécnico de Portalegre o Centro de Bioenergia. Este foi um dos motivos que levou a equacionar, por meio da realização desta Mostra Tecnológica de Bioenergia, uma forma de posicionar a região do Alto Alentejo como uma área de promoção, discussão técnica e científica e de negócios na área da Bioenergia em Portugal. Em paralelo, através da AREANATejo e numa cooperação transfronteiriça com Espanha no projeto ALTERCEXA, financiado pelo POCTEP, foi desenvolvido o mapa do potencial de aproveitamento da biomassa da região. No terreno foi avaliada a quantidade de biomassa existente, o seu tipo e capacidade de utilização. Este projeto teve dois objetivos: por um lado mapear a região para conhecer o seu potencial biomássico; por outro, averiguar por que razão a central termoelétrica de biomassa projetada para Portalegre não foi implementada, comprovando-se que a potencia prevista de 10 megawatts era excessiva relativamente à quantidade de biomassa existente na região e fundamentando deste modo outro tipo de aproveitamento para a mesma: o calor e a utilização descentralizada. Entendemos que a realização desta I Mostra Tecnológica de Bioenergia será uma oportunidade para a região do Alto Alentejo. Aliás, a bioenergia foi identificada como sendo uma das áreas chave para o desenvolvimento regional de uma forma transversal a todos os setores de atividade, desde a vertente da educação e da formação, à componente ambiental, passando pelo desenvolvimento económico regional com a criação de emprego. Importa referir que esta iniciativa se enquadra nos objetivos da plataforma Alto Alentejo XXI e conta com a colaboração de diversas entidades, tais como a ADRAL – Associação de Desenvolvimento Regional do Alentejo, a AREANATejo (Agência de Energia), o Instituto Politécnico de Portalegre e o seu centro de investigação (C3i), a CIMAA – Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo, a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e a Associação Empresarial NERPOR.
É a primeira vez que se realiza em Portugal um evento exclusivamente dedicado à área da Bioenergia. Enquanto pioneiro, que lacunas pretende colmatar? Há diversos eventos direcionados para a área das energias renováveis, mas, de facto, não havia nenhum especificamente dirigido à vertente da biomassa e da bioenergia, cujas potencialidades devem ser exploradas e discutidas através da realização de eventos como este. Em Valladolid, Espanha, por exemplo, a Expobioenergia é um evento já com tradição na área da biomassa e da bioenergia e que vai já para a sua oitava edição. Na realização desta I Mostra Tecnológica de Bioenergia contamos por isso com a colaboração da AVEBIOM – Associação Espanhola de Valorização Energética de Biomassa. Há uma relação transfronteiriça forte, de entendimento entre os dois países nesta matéria, em que se pretende apostar na organização de dois eventos anuais dedicados à bioenergia, um a realizar-se em Portalegre, em
maio, e outro em Valladolid, em outubro. Pretendemos que esta I Mostra Tecnológica de Bioenergia marque o lançamento de um evento que passará a realizar-se anualmente, em Portalegre, para que as empresas portuguesas que até então tinham que se deslocar ao exterior para fazer negócios, tenham a partir de agora uma oportunidade em Portalegre para o fazer. A realçar também o envolvimento do CBE – Centro da Biomassa para a Energia, entidade que a nível nacional agrega as melhores competências nesta matéria e que desde o início abraçou esta intenção do Alto Alentejo em se posicionar como a capital da bioenergia. Como serão preenchidos os três dias do evento? Há duas atividades principais, uma delas será a mostra tecnológica, que será um espaço de exposição para as empresas mostrarem os seus produtos e serviços. No total prevemos ter cerca de 50 expositores, maioritariamente empresas de Portugal e Espanha, mas também de outros países, como a Alemanha Áustria ou a Itália. A segunda atividade principal que vai decorrer é o Congresso Internacional, para o qual recebemos já diversos abstracts dos quais, cerca de metade são da América do Sul, mas também de Portugal e Espanha. Paralelamente, existirão outros tipos de atividade, tais como workshops e sessões técnicas de apresentação dos produtos e serviços tanto das próprias empresas expositoras como de outras que não estarão presentes na exposição; terão ainda lugar alguns eventos organizados por outras entidades e no âmbito de diversos projetos nomeadamente um curso na área da biomassa (projeto PROMOEENER, financiado pelo POCTEP), um workshop sobre biocombustíveis sólidos (projeto BIOMASSUD, financiado pelo SUDOE), um workshop sobre biocombustíveis líquidos (projeto RECOIL, financiado pelo IEE) e um workshop sobre biocombustíveis gasosos (projeto AGROGÁS, financiado pelo SUDOE).Irá ser criado um espaço de reuniões empresariais, num formato de recriação business network, com reservas prévias e agendamentos específicos entre empresas de forma a potenciar a ligação das necessidades com as soluções. Estão também previstas três visitas de grupo de cariz profissional e técnico: a uma instalação que tem uma unidade de produção de biogás por digestão anaeróbia; outra a uma indústria de produção de pellets, e outra a uma unidade de gaseificação de biomassa para tratamento de resíduos. Para além disso, haverá espaço para uma mostra de produtos regionais e das atividades económicas regionais (FERPOR), de forma a potenciar a economia local, iniciativa que decorrerá em paralelo e simultâneo no mesmo espaço em Portalegre. Embora esta iniciativa tenha um cariz empresarial, haverá um determinado horário em que estará também aberta ao público em geral.
Tiago Gaio, Diretor Executivo da Bioenergia Portugal
A I MOSTRA TECNOLÓGICA DE BIOENERGIA REALIZADA EM PORTUGAL DECORRERÁ NOS DIAS 23, 24 E 25 DE MAIO, NO PARQUE DE FEIRAS E EXPOSIÇÕES DE PORTALEGRE NAS INSTALAÇÕES DO NERPOR ( NÚCLEO EMPRESARIAL DA REGIÃO DE PORTALEGRE ). O EVENTO DIVIDE - SE ENTRE UM ESPAÇO DE EXPOSIÇÃO, UMA COMPONENTE DE DISCUSSÃO TÉCNICA E CIENTÍFICA INSERIDA NUM CONGRESSO INTERNACIONAL, ENGLOBANDO PARALELAMENTE UMA MULTIPLICIDADE DE ATIVIDADES DE CARIZ EMPRESARIAL E TECNOLÓGICO.
Qual o panorama nacional no que diz respeito ao conhecimento das potencialidades da biomassa? Quando se fala em biomassa associa-se quase exclusivamente a madeira e floresta, mas esta é apenas uma das suas vertentes. A biomassa encontra-se nos estados líquido, sólido ou gasoso e no evento serão abordadas estas três componentes dos biocombustíveis e da bioenergia. Pretendemos portanto com a realização desta iniciativa desmitificar os termos que estão mecanizados para identificação direta pelo senso comum. Mais informações em: www.bioenergiaportugal.com Abril 2013
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SANTA COMBA DÃO
Santa Comba Dão em movimento NO CORAÇÃO DA BEIRA ALTA, SANTA COMBA DÃO É TERRA DE MOVIMENTO. O DESPORTO FAZ PARTE DO QUOTIDIANO DA SUA POPULAÇÃO, COM GRANDE INVESTIMENTO DO PODER LOCAL. DESDE OS MIÚDOS AOS MAIS GRAÚDOS, QUALIDADE DE VIDA NÃO FALTA NA TERRA QUE VIU NASCER SALAZAR.
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ntre Tábua, Penacova, Tondela e Carregal do Sal, Santa Comba Dão é um concelho típico da Beira Alta, com uma forte influência dos três rios que a banham, o Mondego, o Dão e o Criz, e da massa de água da barragem de Aguieira, próxima da sede do município. Definindo-se como um concelho urbano por ser atravessado pela Linha da Beira Alta e pelo nó rodoviário entre a EN2 e a EN234, João Lourenço, presidente da câmara de Santa Comba Dão acredita que os cerca de 12 mil habitantes sejam “cidadão ativos, reivindicativos, exigentes e positivamente críticos, o que nos ajuda a crescer”. Com uma taxa de desemprego abaixo da média nacional, Santa Comba Dão tem um setor empresarial muito ligado às micro-empresas e aos serviços, sem esquecer o comércio tradicional. Centro de saúde, tribunal, finanças, câmara municipal e IPSS representam à volta de 60 por cento dos postos de trabalho no concelho, muitos deles de técnicos superiores, o que traz à cidade um nível cultural acima da média da região. Nesta conjuntura económica, o “emprego para a vida” deixou de existir e assiste-se cada vez mais à criação do próprio posto de trabalho. A câmara municipal de Santa Comba Dão tem vindo a ser um poderoso dinamizador e facilitador para novos investimentos e projetos empreendedores. “O nosso gabinete de investidor, com uma economista a tempo inteiro, tem promovido várias ações de sensibilização e de informação”, com o objetivo de atrair mais investimento para a região. Sem uma filosofia de incubadoras de empresas, o poder local apoia diretamente os novos projetos, arranjando instalações, agilizando processos, estudando caso a caso cada ideia. O edil realça ainda o papel da CIM da Região Viseu Dão Lafões (composta por 14 municípios) e da ADICES (Associação de Desenvolvimento Local que abrange os
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concelhos de Santa Comba Dão, Mortágua, Carregal do Sal, Tondela e algumas freguesias do concelho de Águeda), das quais a câmara municipal é membro activo, e que “têm feito um trabalho assinalável ao nível do empreendedorismo”. A cerca de uma hora e meia de Salamanca, através da A25, e relativamente perto da Figueira da Foz pela IP3, o caminho-de-ferro, pela linha da Beira Alta, continua a ser uma via de grande importância.
Qualidade de vida em Santa Comba Dão O atual presidente da câmara municipal elogia o seu antecessor pelo conjunto de infraestruturas elaboradas até 2005, que elevou o concelho a cidade. Já com este executivo, foram construídos os três centros escolares do município, o último no seu segundo ano de funcionamento. “Foram obras importantes, com melhores condições não só para os alunos e professores, mas também para os funcionários e para os próprios pais”, defende João Lourenço. Com o transporte escolar a cargo da câmara municipal, alunos e pais usufruem agora de uma maior segurança e tranquilidade. Esta aposta de modernidade estendeu-se para o centro de Santa Comba Dão, que resultou numa requalificação completa da estrutura viária, melhorada e alterada, com vias pedonais, calçada e passeios maiores, para promover a mobilidade dos seus habitantes e reduzir a circulação automóvel. “Para esse efeito, também criamos zonas de parqueamento limitado e pago no centro antigo”, complementa o edil. Ao nível da habitação, a maior parte das casas já foi reabilitada, algumas por privados, outras adquiridas e recuperadas pela câmara. Neste momento, é a vez das freguesias serem alvo de requalificação e reorganização de centros antigos, com o apoio
João Lourenço, Presidente da Câmara de Santa Comba Dão
das juntas de freguesia. “Houve uma grande preocupação para recuperar o centro histórico, que é lindíssimo”. Recentemente, João Lourenço lançou um novo desafio no grupo de Santa Comba Dão do Facebook para que as pessoas tirassem e colocassem fotografias do concelho na rede social, para uma valorização do que é da região, por vezes esquecido pela própria população. Pelo seu caráter de concelho do interior de Portugal, o executivo camarário continua com as medidas instauradas pelo seu antecessor ao nível do apoio às IPSS. “Hoje temos uma cobertura exemplar a nível social com a entrada em funcionamento, em maio, de um centro de atividades operacionais e lar residencial para assistência mental, em parceria com a APPACDM de Viseu”, que terá capacidade para dar cobertura aos concelhos vizinhos.
Atividade física para todas as idades Em 2006, foi criada a Associação de Profissionais de Desporto e Educação Física de Santa Comba Dão, por desafio da câmara municpal, composta pelos técnicos de desporto do concelho. Com protocolos com o executivo camarário para os diversos pavilhões, esta associação permitiu que fossem criados mais 20 postos de trabalho de técnicos superiores. Neste momento, além de garantirem as atividades do ensino escolar, dinamizam o pavilhão gimnodesportivo, que já necessitou de ser ampliado. Criaram um ginásio, aulas de ginástica e outras atividades em grupo. Das nove da manhã até à meia-noite, os técnicos não param e o pavilhão nunca foi tanto utilizado por todas as faixas etárias do concelho. Durante o verão, cabe à associação a elaboração do programa de férias desportivas de crianças e jovens,
SANTA COMBA DÃO
e, todas as semanas, promovem atividades nos lares de terceira idade e nas diversas freguesias, com caminhadas, passeios a pé ou de bicicleta. De referir ainda a ecopista, que vai sofrer umas remodelações com vista a melhorar a sinalização interna e segurança de quem a usa, assim como a sinalização externa, para a sua integração na Rede Europeia de Vias Verdes. Faltam ainda concluir cerca de 200 metros desta ecopista, dentro da estação de caminho-de-ferro de Santa Comba Dão. “Já candidatamos este projeto, estamos à espera dos resultados”, comenta João Lourenço e acrescenta que “esta ecopista é, sem dúvida, uma mais-valia. Vemos mais pessoas a praticar desporto e até se criou um clube à volta, o «Ciclopedais do Dão». Mesmo no inverno, a ocupação é muito grande”.
Turismo de natureza em projeto O Turismo é, sem dúvida, um eixo em franco desenvolvimento no concelho de Santa Comba Dão, que, segundo o seu presidente, tem “todas condições para ser um ponto de paragem para quem visita a região”. Acredita que a Senhora da Ribeira tem um potencial enorme para o turismo de natureza e está prestes a ser aprovado um plano de pormenor, para a zona junto à barragem da Aguieira, ao qual a câmara tem de obedecer. Este plano de ordenamento prevê uma zona de lazer, 70 por cento da qual já pertence a uma empresa privada que conta transformar a Senhora da Ribeira num empreendimento turístico. Embora haja restrições para a utilização da barragem da Aguieira, muitos veraneantes aproveitam o espaço para fazer praia e a câmara municipal procedeu a algumas obras para a segurança dos seus utilizadores, como a limitação das zonas de praia e de estacionamento. Numa área mais reservada ao turismo de saúde, em voga nos últimos tempos, está a concessão das Águas Termais do Granjal, em fase de conclusão. Mas não se pode passar por Santa Comba Dão sem visitar o centro antigo, a biblioteca municipal, onde se podem encontrar documentos únicos, e a freguesia do Couto do Mosteiro, com um edificado antigo e bem conservado. Visitar Santa Comba Dão e almoçar em Santa Comba Dão: com uma gastronomia suculente, onde são servidos pratos tipicamente da terra, como as bôlas de bacalhau, sardinha ou carne, feitas no forno a lenha, ou ainda os carolos de milho, uma espécie de papas com as partes menos nobres do porco. Lampreia, chanfana, cabrito no forno e arroz de míscaros são iguarias que não pode perder.
Cidade que dá música No mês de abril, Santa Comba Dão acolheu o IV Festival Internacional de Clarinetas, com executantes de todo o mundo. Este evento apenas veio cimentar esta dinâmica musical sentida e vivida no concelho, com o conservatório criado em 2008, as três bandas filarmónicas e os ranchos folclórico. O próprio conservatório funciona em ensino articulado: os estudantes dos 2.º e 3.º ciclo têm aulas de música no conservatório, sem custos, para aprenderem a tocar um instrumento. “Ajuda a promover o raciocínio dos alunos, a estimular a atenção e a concentração, e eleva o nível intelectual dos nossos habitantes”, acredita João Lourenço, presidente da câmara municipal de Santa Comba Dão.
Casa Salazar em construção... Salazar, mais do que uma personagem da história recente do nosso país, é uma marca para Santa Comba Dão. João Lourenço aproveitou este facto para criar uma espécie de museu “virado para a História, pedagógico de certa forma, que faça ver a crianças, jovens e adultos o que foi o Estado Novo”. Ainda em fase de projecto, o financiamento é um problema, mas não o único: “Estamos com dificuldades em recolher a informação junto dos familiares de Salazar”. Já com um terço dos bens imóveis em poder do Município, “vamos esperar por melhores dias para adquirir os restantes dois terços, assim como o restante espólio móvel que faz parte da herança de Salazar”. Deste espólio fazem parte documentos únicos, trocas de correspondência com Amália Rodrigues, entre outras figuras, orçamentos de Estado e verbas dos ministérios, entre tantos outros.
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LACTO SERRA
Do Queijo se conta a H CONSTITUÍDA EM 1985, A LACTO SERRA COMEÇOU A SUA PRODUÇÃO NO ANO DE 1990. COM UMA LONGA TRADIÇÃO NA CONFECÇÃO DE QUEIJOS E VÁRIOS INVESTIMENTOS TANTO NOS EQUIPAMENTOS COMO NA QUALIDADE DOS SEUS PRODUTOS, A EMPRESA DE AGUIAR DA BEIRA, DISTRITO DA GUARDA, REGISTOU EM 2012 UM CRESCIMENTO A RONDAR OS DEZ POR CENTO.
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oi fundada com três sócios em 1985. Hoje, Sebastião Gomes é o único resistente na Lacto Serra, empresa de produção de queijos de Aguiar da Beira. Na viragem do século, o administrador achou por bem inovar os seus equipamentos com a mais recente tecnologia adaptada a este produto tradicional. Só em máquinas, foram investidos cerca de três milhões de euros. Entre 2009 e 2013, deu-se uma segunda fase nos investimentos feitos na Lacto Serra: a fábrica cresceu em área, com um aumento de mil metros quadrados (hoje contam-se quatro mil metros quadrados de área coberta e cinco mil metros quadrados dentro de portas), numa obra a rondar os cinco milhões de euros. Estes upgrades foram submetidos a duas candidaturas ao PRODER, que apoiou a segunda obra em 30 por cento. Sempre sustentados, estes investimentos deram frutos ao longo do ano, e em 2012, a contraciclo, o volume de faturação da Lacto Serra cresceu na ordem dos dez por cento. Este foi um dos fatores, acredita Sebastião Gomes, que levou a Lacto Serra a receber a denominação de PME Excelência 2012. No primeiro
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mês deste ano, a produção de queijos continua em crescimento, a rondar os cinco a seis por cento, em relação a janeiro do ano passado. O administrador aponta três pontos onde foi necessário acompanhar o avanço das tecnologias e da inovação no setor agro-alimentar: no próprio produto e seu fabrico, na sua qualidade e na higiene. “Implementamos o HACCP, para a segurança alimentar em 2002. Fomos das primeiras empresas do setor a ser certificadas”, relembra. A empresa mantém nos quadros uma engenheira química que avalia a qualidade dos produtos. “Temos um laboratório próprio que analisa não só o produto final, mas já o leite à entrada”. Aproveitam estas instalações para dar um apoio técnico aos agricultores, ao nível da análise bacteriana dos animais e, consequentemente, do leite.
Produtores do centro de Portugal A matéria-prima, o leite, que entra nas instalações da Lacto Serra provém de várias regiões do centro do nosso país, das quais, no distrito da Guarda, Almeida e Figueira de Castelo Rodrigo, e ainda Viseu, Vila Nova de Paiva e Sátão. Mais para o litoral, a Lacto Serra faz colheitas em Estarreja, Aveiro. Pontualmente, ainda recebe leite de terras de
Trás-os-Montes, numa produção na ordem dos 20 mil litros. “São pequenos agricultores”, caracteriza Sebastião Gomes, “por estarmos numa região do interior, mais seca, temos menos terrenos para as pastagens”. No fundo, o diretor acredita que dá um grande apoio social a estes agricultores, que, muitos deles, têm apenas este rendimento para sobreviver. Com 28 funcionários diretos, a empresa de Aguiar da Beira nem sempre beneficia ir recolher o leite a certos pontos do país, mas “entra aqui a nossa função social. Não podemos abandonar estas pessoas. Sem esta fonte de rendimento, estes agricultores desaparecem e, aos poucos, este produto tão característico que é o queijo também deixa de ter matéria-prima”, concluíndo que “a agricultura está a fazer muita falta ao país”. Pela responsabilidade ambiental, a Lacto Serra optou por retirar os soros da central da empresa. Construiram igualmente uma ETAR, num investimento que ultrapassou o milhão de euros. “É um investimento sustentado, hoje o ambiente faz parte das nossas principais preocupações, é parte integrante da qualidade desta empresa”, admite Sebastião Gomes, numa clara interligação entre consumidor, qualidade e ambiente. Com um volume de produção na ordem das 80
LACTO SERRA
a História...
Sebastião Gomes, Administrador da Lacto Serra
toneladas por mês, a Lacto Serra já está presente em França, Luxemburgo, Suíça e Inglaterra. O próximo passo é a América Latina, com o Brasil à cabeça. Embora com alguns entraves desta nação, como o registo de todos os produtos no Brasil, Sebastião Gomes confessa que já começou a fazer os primeiros contactos de possíveis clientes. “Tem de ser um passo de cada vez. As exportações de queijo envolvem uma grande capacidade financeira para o transporte a frio, de avião. Sem esquecer que cada país tem os seus impostos e, no Brasil, passam
os 20 por cento para os produtos importados”, relembra ainda. Porém, e a contraciclo, a Lacto Serra tem condições para crescer e aumentar a sua produção. Aliás, Sebastião Gomes tem em mão um novo projeto: uma queijaria para queijos de ovelha e cabra, para a produção de Queijo da Serra. “Vamos arrancar com a construção das instalações em abril. Esperamos estar a produzir em finais de 2014” e iniciar, assim, um novo ciclo de produtos de qualidade e de sucesso para a Lacto Serra.
Os queijos da Lacto Serra Desde o momento da colheita do leite até à confecção do queijo, todo o produto anda em circuito fechado, ninguém interfere no tratamento nem no procedimento. Este é um dos segredos da Lacto Serra. FONTE MOURISCA: Aquando o início da atividade da empresa, os queijos da Lacto Serra eram conhecidos sob esta marca, queijos de vaca, amanteigados, que as pessoas mais antigas conheciam pelo rótulo que tem o mapa de Portugal. Mais tarde, em 1997, foram criados os queijos meio-gordos, da mesma marca, e representam hoje entre 50 a 60 por cento das vendas do grupo. Nesta marca ainda se encontram os flamengos, de barra ou bola e uma especialidade de queijo curado apimentado. FONTE AMIAL: Um queijo de maturação mais prolongada, caracterizado por um paladar mais intenso, numa mistura de leite de vaca e cabra. D. SEBASTIÃO: Foi lançado há cerca de quatro anos. É um queijo de mistura de vaca e ovelha, com uma aceitação muito boa no mercado. Com um paladar muito próximo dos queijos de ovelha, esta pasta semi-mole não é tão agressiva. CINCO ESTRELAS: como queijo curado amanteigado, apimentado ou meio-gordo, este queijo é uma mistura de vaca e cabra para um paladar mais intenso, que lhe confere características únicas. Estes queijos encontram-se de norte a sul do país, maioritariamente em lojas de mercado tradicional. Nas grandes superfícies, Intermarché – Makro e outros Cashs dispõe das marcas Fonte Mourisca e D. Sebastião.
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UP NAS ESCOLAS
Ciência para todos
VÍTOR VASCONCELOS, PROFESSOR CATEDRÁTICO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO, É O ATUAL DIRETOR DO CIIMAR E, EM ENTREVISTA AO PAÍS POSITIVO, FALOU SOBRE A DINÂMICA DO CENTRO QUE REPRESENTA, DOS SEUS EIXOS FUNDAMENTAIS, DA ENTREGA DO CIIMAR À SOCIEDADE E DOS DESAFIOS DO MAR NO FUTURO.
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CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental é um centro de investigação e formação avançada da Universidade do Porto e tem como missão apostar em investigação de excelência, promoção do desenvolvimento tecnológico e políticas públicas na área das Ciências Marinhas e Ambientais. O centro tem cinco pilares base de investigação e todos eles têm o objetivo concreto de contribuir para a compreensão dos processos biológicos físicos e químicos que ocorrem nos oceanos e zonas costeiras, o uso sustentável dos recursos aquáticos e a avaliação do impacto das atividades humanas nos ecossistemas. O centro acolhe 18 grupos de investigação, em ambiente multidisciplinar, com um total de 312 investigadores e técnicos, dos quais 133 doutorados. Temos ouvido, no último ano, a referência ao Mar como desígnio do país e, neste sentido, foi feito um lobby junto da Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC), para que Portugal aumentasse a sua zona económica exclusiva. A verdade é que esse lobby tem sido profícuo e Portugal poderá ter uma plataforma continental muito vasta e, para explora-la, tem que se abrir à cooperação internacional. Segundo o nosso interlocutor, “Portugal tem condições únicas a nível europeu. Quer ao nível das áreas de estudo e exploração, dos recursos vivos, dos recursos naturais, do turismo… Há aqui uma série de áreas ligadas ao mar que fazem com que a economia do mar possa dar um grande contributo para o desenvolvimento do país nos próximos anos”. É fundamental,
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portanto, que se aproveite o próximo Programa Quadro Horizonte 2020 (2014-2020) da melhor forma, captando fundos europeus essenciais para o fomento da economia do mar. Também o CIIMAR está empenhado em aproveitar ao máximo as sinergias trazidas pelo Programa Quadro para a Investigação e a Inovação e tem vindo já a apostar em áreas como, por exemplo, a biotecnologia: “Trabalhamos muito aquilo que é a extração de produtos naturais oriundos de organismos marinhos com interesse farmacológico, biomédico e biotecnológico. Um exemplo disso é a criação de tintas anti-incrustantes para navios que sejam ambientalmente aceitáveis”. Este caso reflete que, se por um lado, o CIIMAR aposta na investigação pura, por outro, aposta em investigar aspetos que poderão ter uma aplicação prática na sociedade. “Este novo Programa Quadro foca muito essas questões e portanto o interesse e a aplicação da investigação aos novos desafios da sociedade e do desenvolvimento da economia”. Neste momento, o CIIMAR já está um passo à frente e tenta reunir na zona norte e centro as instituições que possam criar uma bolsa de investigação sustentável. Desta forma, “estaremos a trabalhar para a sociedade e a resolver problemas existentes e pertinentes e, ao mesmo tempo, a dotar o CIIMAR das características fundamentais para que o centro se torne reconhecido e consiga atrair investigadores de vários pontos do país”. Para Vítor Vasconcelos, o Mar é claramente uma prioridade e há que saber investir nas prioridades.
Em todo o caso, “já tem existido uma aposta no mar, com programas nacionais e internacionais. Temos imensas potencialidades, em diversas áreas, e temos que saber aproveitar todos esses recursos. Por exemplo, em termos turísticos, e numa altura em que os SPA’s têm tido um crescimento incrível, Portugal tem apostado pouco em centros de talassoterapia, aproveitando as características ímpares da água do
Vítor Vasconcelos, Diretor do CIIMAR
mar para fins terapêuticos”. Mas também se poderá apostar noutros produtos turísticos, como é o caso do Turismo Científico: “Estamos, neste momento, a estudar a possibilidade de darmos apoio ao mergulho científico e ao mergulho turístico, porque apesar de não termos uma costa tropical e de por vezes ser algo difícil de ser usada por ter condições de mar pouco favoráveis, existem alturas em que temos
UP NAS ESCOLAS
facilidade em ir à costa e mesmo aqui na zona norte temos regiões muito interessantes do ponto de vista submarino”. No âmbito do empreendedorismo, o CIIMAR tem tentando dinamizar projetos de criação do próprio emprego em áreas relacionadas com o mar e, neste momento, os jovens têm vindo a aderir a esta nova realidade, aproveitando os fundos existentes para a criação de micro empresas. Mais importante do que isso, “a verdade é que existem vários nichos de mercado por explorar, no que diz respeito ao mar, e portanto é uma oportunidade de se conseguir desenvolver uma atividade gratificante, aos mais variados níveis”, refere.
Um novo CIIMAR Brevemente, o CIIMAR vai mudar de instalações para um edifico construído de raiz no terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões e esta mudança, prevista para 2015, será fundamental porque este edifício irá funcionar em consonância com o Polo do Mar da UPTEC, instalado em Leça da Palmeira, e muitas das ideias que serão concebidas através da investigação poderão ser transpostas em sede de uma pequena empresa que valorize os produtos. O edifico icónico irá atrair muita gente e será uma forma de agregar todas as vertentes do mar num só local. Esta localização fará com que o CIIMAR tenha assim uma casa à sua altura e isso fará com que seja mais fácil atrair investimento privado e com que se facilite a investigação no mar, pela sua proximidade do recurso que se investiga.
CIIMAR na Escola O CIIMAR na Escola é um projeto que se efetiva através de um portal criado pelo Centro e que, neste momento, pela sua importância, está a ser financiado pelo Ciência Viva. Além disso, existem ações de divulgação nos Centros de Monitorização e Interpretação Ambiental da Câmara Municipal de Matosinhos e de Vila do Conde, juntamente com a ligação às empresas através de dois polos. Estes três eixos permitem uma triangulação e uma otimização de recursos. O propósito do projeto CIIMAR na Escola foi tentar evitar que os professores tivessem que se deslocar ao Centro para fazer alguma atividade”. Através deste portal (http://www.ciimar.up.pt/oCIIMARnaEscola/), de utilização livre e gratuita, onde os professores apenas têm que fazer um registo, são disponibilizados protocolos experimentais que os professores podem fazer nas escolas. Todo o processo é muito simples e não exige grandes equipamentos laboratoriais – “este é também um dos nossos objetivos porque normalmente as escolas não têm grandes capacidades laboratoriais” – e com recursos que podem ser adquiridos em qualquer supermercardo ou loja de conveniência e adaptados a cada nível de ensino. Desta forma, “os professores podem muito facilmente ir ali buscar informação”. Outra vertente é o possibilitar a ida de investigadores do CIIMAR às escolas, fazendo palestras e complementando os próprios trabalhos organizados pelas escolas. “É portanto um projeto dinâmico que está em constante crescimento”. No fundo, o CIIMAR tenta fazer verdadeiro serviço público: “Somos uma instituição de investigação e, como tal, somos financiados por fundos públicos. Queremos que a sociedade se envolva e perceba que os seus impostos são bem aplicados. Queremos também que todos percebam que somos uma instituição que desenvolve investigação com aplicação prática e a melhor forma de o fazer é envolver as crianças e jovens nesta temática”. Se por um lado isso faz com que aumentem a sua literacia científica, por outro, poderá abrir-lhes horizontes de futuro. Outro dos intuitos é acabar com os mitos em torno dos cientistas. Para isso, o CIIMAR teve, recentemente, uma atividade em que as crianças passavam 30 minutos com um cientista e falavam das coisas que um cientista faz no dia-a-dia. “Disponibilizamos investigadores do CIIMAR para irem às escolas falar, não de um tema específico, mas da vida normal de um cientista e os jovens puderam verificar que um cientista é uma pessoa perfeitamente normal, com hábitos e rotinas idênticas a todas as outras pessoas e não um ser que passa o dia com a cabeça enfiada em livros ou tubos de ensaio. E este contacto com o público estudantil é essencial e, por vezes, temos a noção que contribuímos para a definição do seu futuro e muitas vezes encorajamo-los a enveredar pela ciência”. A verdade é que a ciência é essencial para o desenvolvimento da Humanidade e, como tal, há que fazer entender as crianças que esta é uma área onde poderão investir. Futuras instalações do CIIMAR
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BALANÇO DOS PORTOS DE PORTUGAL
“O Porto de Aveiro está em franco crescimento” ENTREVISTA A JOSÉ LUÍS CACHO, PRESIDENTE DOS CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO DO PORTO DE AVEIRO E DO PORTO DA FIGUEIRA DA FOZ
comparativamente ao ano passado. De facto, o Porto de Aveiro está em franco crescimento e tem potencialidades para crescer ainda mais nos próximos anos. Pretendemos tornar o Porto de Aveiro cada vez mais competitivo e que a operação do porto seja mais eficiente.
José Luís Cacho, Presidente dos Conselhos de Administração do Porto de Aveiro e do Porto da Figueira da Foz
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ue balanço faz da atividade do Porto de Aveiro em 2012? 2012 foi um ano marcado por alguns constrangimentos causados por problemas na parte da estiva, resultando num processo de insolvência da empresa de trabalho portuário. A questão da mão-de-obra portuária e da instabilidade vivida no setor levou a um conjunto de greves, o que prejudicou o desempenho portuário desse ano. A este processo juntou-se a questão da legislação da operação portuária. Contudo, estes problemas têm vindo a ser minimizados pela Comunidade Portuária, tendo-se conseguido a estabilidade laboral. Neste momento o processo de insolvência está em fase de viabilização. Apesar destes constrangimentos, o Porto de Aveiro conseguiu ter um crescimento de 0.5 por cento relativamente ao ano transato, um crescimento que se verificou também no início deste ano. Só nos primeiros dois meses de 2013 a atividade portuária em Aveiro cresceu mais de 20 por cento
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Quais as potencialidades do Porto de Aveiro, ao nível das suas infraestruturas e da atividade portuária aí desenvolvida? O Porto de Aveiro é um porto de nova geração, moderno, totalmente novo, com uma das melhores infraestruturas terrestre no conjunto dos portos nacionais, tendo boas acessibilidades marítimas, ferroviárias e rodoviárias. Pode assumir-se como uma grande plataforma logística, na qual interagem os principais modos de transporte de mercadorias. O Porto de Aveiro tem uma grande vantagem, uma vez que permite a instalação dentro do porto de um grande conjunto de projetos logísticos e industriais. Isto constituiu um fator de competitividade, uma vez que estando dentro de estrutura portuária as empresas conseguem ganhos de custo, tempo e eficiência. No que diz respeito a alguns destes projetos já instalados, foram já concretizados ao nível de investimento público cerca de 200 milhões de euros e de cerca de 150 milhões de euros de investimento privado. Estão previstos mais investimentos privados nesta área, alguns dos quais estrangeiros. O porto tem uma grande área para onde pode crescer, contando com cerca de 800 mil metros quadrados na frente marítima disponíveis para estes projetos industriais e logísticos. É também de salientar a excelente localização geográfica do Porto de Aveiro que é outros dos fatores de competitividade. O porto está inserido na zona mais exportadora do país, estando também perto de Espanha - e é no contexto ibérico
PORTO DE AVEIRO:
Negócios de nova Geração NEGÓCIOS: - CARGA GERAL FRACIONADA - CARGAS DE PROJETO - CLUSTER QUÍMICO E PETROQUÍMICO - AGROALIMENTAR - BIO ENERGIA - ROLL-ON ROLL OFF/ CONTENTORES - SOLUÇÕES LOGÍSTICAS E INDUSTRIAIS
0 5 100%
Congestionamento Km de Acostagem Espaço logístico.
Porto de Aveiro é uma infraestrutura portuária moderna em matéria de ordenamento. É um Porto Multimodal oferecendo a mais recente ligação ferroviária portuária em Portugal com ligação a Espanha e ao Resto da Europa. Este é um porto focado na sua relação com os clientes e investidores, procurando oferecer soluções logísticas à medida. Mais do que um Porto, uma Solução Logística à medida do Investidor.
que devemos olhar para os portos. A componente de exportação do Porto de Aveiro tem aumentado significativamente e neste momento representa mais de 50 por cento do total do movimento do porto, quando há dois anos atrás representava cerca de 35 por cento. Os principais mercados de exportação são, essencialmente, a Europa, a África e o Médio Oriente. Que estratégias futuras estão perspetivadas para o Porto de Aveiro? Este ano pensamos atingir os quatro milhões de toneladas de carga movimentada. Pretendemos dinamizar a vertente dos contentores no Porto de Aveiro de forma a servir o tecido empresarial da região, dando-lhe mais condições competitivas. Há essa necessidade por parte das empresas da região, para reduzir os seus custos
com o transporte rodoviário e este investimento visa servir as empresas e a economia. Está também prevista para este ano, em conclusão, a obra de melhoramento da acessibilidade marítima, relacionado com o prolongamento do molhe norte e com o aprofundamento da barra de Aveiro, o que permite aumentar o calado e o comprimento dos navios. É uma obra com um investimento total de cerca de 30 milhões de euros, que se iniciou no ano passado, com a execução de cerca de 120 metros de molhe, sendo que a conclusão da construção dos restantes 80 metros será feita este ano. É uma obra que fecha um ciclo de infraestruturação do Porto de Aveiro que se tem vindo a realizar nos últimos dez anos de uma forma sustentada e que tem trazido inúmeras mais-valias para todos aqueles que operam no Porto de Aveiro.
o”
PORTO DA FIGUEIRA DA FOZ
com perspetivas de crescimento para 2013 Como tem sido desenvolvida a atividade no Porto da Figueira da Foz? O Porto da Figueira tem tido índices de crescimento notáveis. Nos últimos três anos teve um crescimento de quase 50 por cento na carga movimentada passando de 1.200 milhões de toneladas para os 1.800 milhões de toneladas. Este ano pensamos atingir os dois milhões de toneladas. É um porto com uma grande vocação exportadora. Apesar de ser um porto de menor dimensão, tem um peso significativo no conjunto das nossas exportações. Foram feitos grandes investimentos na melhoria da acessibilidade marítima;
o cais foi aumentado em mais de 200 metros de comprimento, e os terminais foram organizados e pavimentados. Paralelamente, foram feitos investimentos no porto de pesca e no porto de recreio. Está perspetivado um conjunto de investimentos para o Terminal Comercial, ao nível da melhoria e da reabilitação das suas infraestruturas, tornando-o mais eficiente e organizado. Portanto, há boas perspetivas de crescimento para 2013. Aliás, só desde o início do ano o Porto da Figueira da Foz apresentou já um crescimento de 10 a 15 por cento.
BALANÇO DOS PORTOS DE PORTUGAL
Presidente da Câmara Municipal de Portimão critica “monocultura do turismo sol e praia”:
Um mar de ameaças ou de opo UM DOS MAIORES SÍMBOLOS, COM VISIBILIDADE INTERNACIONAL, DA SUB - REGIÃO DO ALGARVE, PORTIMÃO É UMA CIDADE CUJO CENTRO ESTÁ SITUADO A CERCA DE DOIS KILÓMETROS DO MAR. IMPORTANTE CENTRO DE PESCA E TURISMO, É A MAIS DINÂMICA CIDADE DO ALGARVE, ALBERGANDO CERCA DE 50 MIL HABITANTES. AO LEME POLÍTICO DESTE TRADICIONAL DESTINO TURÍSTICO ENCONTRA- SE MANUEL ANTÓNIO DA LUZ, EDIL LOCAL QUE, APESAR DE RECONHECER AS CONTINGÊNCIAS DITADAS POR UMA CRISE QUE NINGUÉM CONSEGUIU PREVER, DECIFRA MUITAS POTENCIALIDADES POR EXPLORAR NUM TERRITÓRIO QUE TERÁ QUE REPRESENTAR MUITO MAIS DO QUE SOL E PRAIA.
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m entrevista, o autarca define as premissas necessárias para a potenciação das sinergias provenientes do mar e do turismo e apresenta uma argumentação crítica face à visão míope dos sucessivos governos, que não têm olhado para o Algarve com as dioptrias necessárias… Que importância atribui à existência de um porto marítimo para o desenvolvimento estratégico e para o incremento da qualidade de vida no município de Portimão? Quer o porto marítimo de Portimão de cruzeiros, quer a vertente de pescas, são fundamentais em termos de potencialidades de saída e, inclusivamente, de alternativa ao modelo de desenvolvimento regional existente. O modelo de desenvolvimento da região, mais ou menos conscientemente assumido pelos agentes intervenientes na economia, na cultura e no domínio social,
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para o bem e para o mal, quase uma fatalidade, é assente na monocultura do turismo. Durante as duas décadas que se seguiram ao 25 de Abril, foi muito assente na construção civil e na vertente imobiliária, que facilmente deu lugar ao turismo. Se quisermos recuar um pouco, diria mesmo que isso se verifica desde a crise das pescas que assolou a região. As traineiras foram desaparecendo, havia subsídios para destruir… Ainda por cima, até 1991, data do primeiro plano de reordenamento do território da região (PROTAL), não havia mecanismos legais que regulassem com uma perspetiva regional a construção civil nem a especulação imobiliária, o que originou aquela imagem tradicional do litoral algarvio. Com o PROTAL, passou a haver mecanismos que normalizaram a elaboração dos PDM em cada município, passando-se do 8 para o 80, surgindo o turismo sol e praia e a construção de hotelaria tradicional no litoral.
BALANÇO DOS PORTOS DE PORTUGAL
oportunidades? O que terá originado um Algarve a duas velocidades… Ainda hoje sofremos essa grande assimetria, com um Algarve inclinado, em que cerca de 80 por cento da população se concentra no litoral. Voltando à hotelaria tradicional, Portimão carece de hotéis de cinco estrelas modernos. O que existe são unidades muito semelhantes, que exploram o sol e a praia e um destino que se tornou excessivamente sazonal e pouco competitivo face à insensibilidade da própria indústria mundial. Neste contexto, esquecemo-nos de aproveitar o mar e os dois principais rios da região noutras vertentes para além do sol e praia. Refiro-me às potencialidades desportivas, económicas e culturais. A concepção do Poder Central relativamente à região do Algarve tem tudo a ver com este cenário. Em que medida poderia um processo de regionalização ter ajudado a inverter esse cenário? Podia ter ajudado. A título de exemplo, o porto de cruzeiros de Portimão é uma excelente plataforma para combater a sazonalidade. Temos uma barra que funciona todo o ano e condições de acessibilidade mas, para os cruzeiros entrarem aqui com maior afluência, não podemos estar dependentes de um rebocador que vem de Sines quando o mar está agitado… Quando falamos num processo de regionalização, a canalização e racionalização de meios, nomeadamente no acesso aos fundos comunitários, deixariam de estar ao critério quase casuístico município a município, dando lugar a uma gestão política regional coerente e sustentada. Um governo regional deixaria de ter a perspetiva do umbigo municipal… Além disso, haveria uma maior possibilidade de candidaturas a fundos comunitários, ao contrário do que sucede atualmente, com as regras definidas pelo Governo Central, em Lisboa.
mento a partir de determinadas áreas. O objetivo era garantir equipamentos que nos pudessem tornar competitivos e criámos condições para o desenvolvimento na área da cultura com acesso ao turismo – o Museu de Portimão é hoje reconhecido internacionalmente e o Teatro de Portimão apresenta uma oferta cultural diversificada ao longo de todo o ano, equipamentos que, do ponto de vista financeiro pesaram muito porque as capacidades de financiamento do QREN para o Algarve já não eram as dos quadros comunitários anteriores; e apostámos igualmente na política de promoção da imagem da cidade, perseguindo a intenção de tornar o município atractivo. O que afetou essa estratégia foi a crise que nos assolou a partir de 2008. E uma grande responsabilidade da dívida que hoje temos tem a ver com isso… As receitas baixaram, as provenientes do IMT decresceram 65 por cento e, infelizmente, não sei como sairemos desta crise porque as receitas das câmaras continuam dependentes de algo que, neste momento, não mexe, como as taxas mobiliárias e urbanísticas. Ainda conseguimos promover algumas iniciativas empresariais de vulto mas que também estão numa atitude de expetativa, como são os casos do autódromo e de vários empreendimentos ligados ao golfe…
Satisfá-lo o legado que deixará no município no final deste mandato? Confesso que tenho uma ou outra espinha atravessada… Por um lado, tenho a consciência tranquila e sinto-me satisfeito por ter criado importantes infra-estruturas que isentará os meus sucessores de investimentos. Por outro lado, a parte financeira é uma espinha, que estou convencido que resolveremos com o PAEL; mas sobretudo não ter conseguido levar por diante duas coisas que considero fundamentais para a cidade: o desenvolvimento e a gestão do porto. O porto de turismo não pode ficar eternamente dependente de um Governo. Tem que haver um órgão de gestão regional para a política dos
portos que permita estabelecer parcerias com as câmaras para a promoção, algo que estas fazem melhor do que as estruturas marítimo portuárias. É óbvio que também deixámos trabalho feito e as 35 mil visitas por ano através de cruzeiros não serão fruto do acaso: colaborámos na promoção, nomeadamente com a deslocação a feiras internacionais. Na vertente da reabilitação urbana, finalizámos um master plan para intervenção, devidamente aprovado em assembleia municipal e, como tal, a próxima administração autárquica poderá aproveitar verbas do Programa Jéssica para este fim, não obstante a necessidade de a mesma não se poder concretizar sem a colaboração do setor privado.
No plano político, e tendo em conta as limitações do poder autárquico, que opções tomou para potenciar os recursos endógenos da região? Numa primeira etapa, os colegas que me antecederam empenharam-se na infra-estruturação ao nível do saneamento básico. Entre 1997 e 2000, fez-se uma renovação de toda a rede de saneamento, com recurso ao fundo de coesão que, na altura, garantia um financiamento na ordem dos 85 por cento. Hoje, o município tem uma longa vida pela frente ao nível da infra-estruturação de água e saneamento, áreas estratégicas até em termos de negócios… Numa fase seguinte, enveredámos pela qualificação. Verificámos que, fruto da sazonalidade e de uma perspectiva de monocultura de turismo, a região, nomeadamente Portimão, começou a perder alguma competitividade. Considerei fundamental apostar numa política de investimentos que potenciasse o desenvolviAbril 2013
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TERRAS DE BOURO
TERRAS DE BOURO:
Maravilha portuguesa, com certeza!
D
otado de instituições e infraestruturas que tornam este território de montanha bem conhecido, como referência no país e no mundo, Terras de Bouro oferece ainda dezenas de unidades hoteleiras, Pousada da Juventude, Parques de Campismo e modalidades de alojamento de turismo rural, que constituem as mais-valias das suas aldeias, revitalizadas no âmbito do programa de iniciativa Leader. Em toda a região, na sua vasta rede de restaurantes, pensões e hotéis, podemos apreciar a gastronomia minhota e a genuinidade dos pratos da terra, bem como a oferta de um conjunto de atividades de animação. Também no percurso histórico, especificamente no período da denominação romana, Terras de Bouro guarda um espólio de valor reconhecido, a nível nacional e internacional. Mas nem tudo são rosas, sobretudo quando falamos em gestão autárquica em período de crise. Joaquim Cracel, edil de Terras de Bouro a finalizar o seu primeiro mandato e pronto a assegurar continuidade ao reconhecido legado de quatro anos de exercício, aponta alguns caminhos a percorrer no sentido de potenciar este ex-líbris nacional, que vive essencialmente de agricultura e turismo. Como caracteriza o município de Terras de Bouro? Somos um concelho rural, de montanha, do interior do distrito de Braga, situado na região da serra do Gerês. Sobretudo no Verão, temos áreas de grande procura turística. Temos 7300 habitantes, tendo-se vindo a verificar um decréscimo anual médio de cem habitantes. A nível de recursos e estruturas, estamos dotados de lares de idosos, creches, jardins-de-infância, duas escolas do 2.º, 3.º ciclo e secundário, espaços desportivos, casas de turismo rural, hotéis, temos o São Bento da Porta Aberta, as barragens de Vilarinho da Furna e Carriçada, as Termas do Gerês e da Moimenta…
Que tipo de políticas e programas tem a autarquia implementado no sentido de promover o turismo na região? Efetivamente, temos apostado no desenvolvimento do turismo, sem dúvida o setor que ainda oferece alguma empregabilidade e vai defendendo algumas famílias desta crise. Tendo consciência disso, quando existem empreendimentos turísticos ou
Joaquim Cracel, edil de Terras de Bouro
RIQUÍSSIMO EM HISTÓRIA, TRADIÇÕES E PAISAGENS, QUE O DISTINGUIRAM COMO UMA DAS SETE MARAVILHAS NATURAIS DE PORTUGAL, O CONCELHO DE TERRAS DE BOURO, SITUADO EM PLENO CORAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DA PENEDA- GERÊS, É HOJE UMA REGIÃO DE PROCURA TURÍSTICA POR EXCELÊNCIA. alguém pretende trabalhar nessa área, cedemos todo o apoio ao nível de projetos e da redução de taxas. Agora, não podemos fazer muito mais do que incentivar as pessoas e ajudá-las nesse percurso. Quando se tratam de iniciativas por parte de jovens, oferecemos totalmente o projeto e reduzimos as taxas a 50 por cento. Como quantifica a procura nessa área? Temos tido bastante procura, sobretudo por parte de jovens à procura de emprego e que optam pelo empreendedorismo. Tratando-se de uma das sete maravilhas naturais de Portugal, como avalia a intervenção e apoios dos organismos públicos, nomeadamente do Instituto de Turismo de Portugal, à região, no sentido de potenciar uma maior visibilidade e captar mais visitantes e de uma forma menos sazonal? Continuamos insatisfeitos… A promoção do concelho é, evidentemente, uma responsabilidade da autarquia e do município mas a promoção de toda esta zona do Gerês devia ser assumida pelo Instituto do Turismo ou pelas entidades regionais do turismo, o que não se tem verificado, salvaguardando raras exceções. Ao contrário do que já sucedeu relativamente a outras regiões, como o
Douro ou o Algarve, esta maravilha natural que é o Gerês não tem beneficiado por parte desses organismos da projeção e visibilidade desejável e necessária. Como tal, considero que seria muito útil que se projetasse mais o Gerês, embora reconheça tratar-se de um território conhecido, uma referência, sobretudo no turismo de natureza. Mas seria importante que toda a área do Parque Nacional Peneda Gerês, que engloba cinco municípios, fosse encarada com mais empenho por parte das instâncias superiores. Como esta é uma área de reserva da biosfera e de preservação da natureza, noto com frequência que o ideal, para muitos, seria que as pessoas nem para cá viessem… Mas se houver turismo com regras, como existe no Parque Natural Peneda Gerês que acautela o acesso das pessoas às áreas protegidas, a economia e a sociedade só têm a beneficiar. Parece transparecer alguma mágoa no discurso, algo que contrasta com a evolução patenteada a vários níveis no município… Pretende recandidatar-se nas próximas autárquicas? Embora tenha havido um período do meu mandato em que me senti um pouco desiludido, depois de uma análise profunda e de algumas pessoas me terem encorajado, decidi recandidatar-me.
O envelhecimento da população do município, fenómeno comum a muitos outros do Interior do país, será uma preocupação no próximo exercício? O envelhecimento da população e a baixa taxa de natalidade são realidades que não escamoteamos. Mas são realidades que assolam praticamente todo o país e um presidente de câmara pouco poderá fazer para inverter essa tendência. Entre as décadas de 50 e 70 as famílias tinham muitos filhos… No meu caso, somos oito irmãos… Atualmente, as famílias têm um ou dois filhos. Associando a essa alteração cultural à crise que atravessamos, à falta de emprego, à dificuldade de fixar jovens nestes concelhos mais interiores, perspetiva-se uma situação muito problemática a curto prazo. Apesar de a Câmara Municipal de Terras de Bouro dar uma espécie de prémio aos casais com filhos, traduzido em cerca de 600 euros, não será propriamente por aí que vamos inverter a baixa taxa de natalidade. Mas estamos atentos e, também por isso, oferecemos aos jovens condições especiais para fixação e criação de emprego, os loteamentos municipais têm preços mais acessíveis para jovens… Perante esse cenário, em que medida consideraria pertinente um maior apoio ao setor primário? Parece-me evidente que o próximo quadro comunitário de apoios terá que estar necessariamente voltado para o apoio ao mundo rural. É fundamental que as populações que vivem em territórios como o município de Terras de Bouro sintam esse apoio ao nível, sobretudo, da agricultura ou da pastorícia. Repare que temos condições excelentes para a criação de gado mas os apoios são muito escassos e falta valorizar socialmente esse papel. Hoje, um jovem, quando acaba o 12º ano ou vai para a universidade, cria outras expetativas que não passam por ficar a tratar da terra ou dos animais. Se houvesse efetivamente um apoio que valorizasse um investimento no setor agrícola talvez o cenário fosse bem diferente. Na Câmara, temos um gabinete de apoio ao agricultor, o espaço mais ativo do município. Fazemos cerca de 850 candidaturas a apoios e entram muitos milhares de euros no concelho através deste apoio que prestamos. Daí que afirme que Terras de Bouro tenha ainda dois grandes setores, a agricultura e o turismo, que vão sendo o sustento de muitas famílias.
EMPRESAS CERTIFICADAS
Qualidade ao seu serviço A SLOG, SERVIÇOS E LOGÍSTICA, S.A., É UMA EMPRESA DO GRUPO ENTREPOSTO, VOCACIONADA PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE LOGÍSTICA, PRESENTE NO MERCADO SOB A MARCA ENTREPOSTO LOGÍSTICA E A SUA ATIVIDADE DESENVOLVEU - SE A PARTIR DO INÍCIO DOS ANOS 90, ATUANDO FUNDAMENTALMENTE NO ÂMBITO DA ATIVIDADE PRINCIPAL DO GRUPO ENTREPOSTO – NEGÓCIO AUTOMÓVEL.
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m entrevista ao País Positivo, José Domingos, Diretor de Operações da SLOG, afirma que a consolidação de competências resultante da experiência adquirida no relacionamento com a Indústria de Automóvel – reconhecidamente uma das mais exigentes e complexas em termos de gestão da cadeia logística –, “permitiu-nos desenvolver uma oferta especializada como operador logístico, vocacionado para operações complexas de picking intensivo e operações de valor acrescentado, em formato de logística de contrato e/ou logística In-house, capaz de desenhar soluções ajustadas às características do negócio de cada Cliente, focado em estabelecer com estes relações duradouras, assentes em processos sistemáticos de aperfeiçoamento e procura de melhorias contínuas, com referência às melhores práticas da Indústria”. A SLOG desenvolve operações de logística para Clientes de diferentes setores de atividade, “com quem desenhámos modelos e soluções de gestão ajustados às características específicas dos seus negócios. Pretendemos ser um operador de referência no espaço Ibérico, em quem os nossos Clientes confiem para a procura das melhores e mais eficientes práticas na gestão da sua cadeia logística que contribuam para o sucesso dos seus negócios”.
Qual o posicionamento da SLOG no mercado e quais os serviços que disponibiliza aos clientes? Temos uma Localização privilegiada proporcionando uma cobertura geográfica optimizada e que garante acessos fáceis, rápidos e diversificados. Possuímos uma Infra-estrutura única, disponível para crescimento da actividade (cerca de 115.000 m2 de área bruta), que oferece a possibilidade de instalação integral da actividade de qualquer Empresa no nosso Parque Logístico. Temos experiência nos vários segmentos da cadeia logística - abastecimento, distribuição e pós-venda. Gestão de Aprovisionamentos Gestão de coleções Gestão de serviço pós-venda Capacidade de intervenção técnica especializada em pré e pós-venda; Testes de despistagem técnica, controle de reparações, re-embalagem Gestão de logística inversa Gestão de devoluções, recolha de sobras; Gestão de consignações; Desenvolvemos a nossa oferta de serviços em quatro áreas distintas: Logística contratual Logística especializada Logística “in house” Logística automóvel
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A SLOG apresenta mais-valias importantes para conquistar mercado. Quais são? Temos uma longa experiência em actividades logísticas exigentes e de grande rigor, que gerimos por referência às melhores práticas da Indústria, suportados nos conhecimentos e experiência dos nossos quadros e na evolução tecnológica permanente que nos permitem encontrar as soluções mais ajustadas à especificidade do negócio de cada um dos nossos Clientes. Num mercado competitivo caracterizado por um razoável nível de consolidação, a SLOG dispõe de um conjunto de competências que nos conferem alguns elementos diferenciadores face à generalidade dos operadores existentes no mercado: Somos um Operador de Média Dimensão, que privilegia a Flexibilidade Operacional e a Capacidade de Adaptação a novos tipos de produtos e a diferentes procedimentos. Temos Experiência e Competência comprovadas em Gestão de Cadeias Logísticas Complexas, para Clientes/negócios com alto grau de exigência (por exemplo, setor automóvel). Somos especialistas na Gestão de Operações Logísticas de picking intensivo, com elevado número de sku’s, grande volume de pequenas encomendas e com inúmeros pontos de entrega. Construímos relações duradouras baseadas na confiança e na partilha de riscos e vantagens com os nossos Clientes, comprovadas pelo facto de termos uma carteira de clientes totalmente estável, que cresceu continuamente desde o início da nossa atividade. Em suma, pretendemos acrescentar valor ao negócio dos nossos clientes: Reduzindo e variabilizando os seus custos operacionais; Libertando recursos do Cliente / focalização no seu negócio e Assegurando níveis elevados e constantes de serviço. Quais são as certificações existentes na SLOG? A SLOG é uma Empresa certificada pela APCER pelas seguintes normas: ISO 9001:2008, ISO 14001:2004 e OHSAS 18001:2007 A aposta na certificação tripla foi positiva para a empresa? A tripla cerificação é uma aposta completamente ganha, face aos resultados qualitativos internos conseguidos, nomeadamente quanto ao envolvimento de todos os Colaboradores nos objetivos, perceção de práticas e procedimentos a mudar e maior consciencialização de todos relativamente a práticas de Higiene e Segurança do Trabalho e proteção do meio ambiente.
José Domingos, Diretor de Operações
Qual a reação do mercado a esta tripla certificação? A tendência é para a exigência? A tripla certificação teve vários objectivos, uns internos, como os referidos acima e, outros, externos em termos de comunicação e transmissão de uma mensagem de rigor, organização, responsabilidade e métodos de trabalho. Como tal, a reacção é positiva quanto ao reconhecimento da importância e do mérito de o termos atingido estando ligados a uma actividade em que não existe esta prática de múltipla certificação.
Em termos futuros, quais os projetos delineados para a SLOG? O nosso projeto de vida é superar as expectativas dos nossos Clientes. Parecendo um chavão, esta frase encerra muito mais do que isso, já que disso nos dão conta os nossos clientes, sobretudo os que vão entrando de novo. Por outro lado estamos envolvidos actualmente em dois projectos fundamentais para continuarmos a trilhar o nosso caminho de excelência e inovação: A certificação do Infarmed para a logística de dispositivos médicos e a obtenção do certificado de boas práticas da APOL.
CIOCV 2013
Mudança de Paradigma na Optometria Portuguesa JOSÉ M. GONZÁLEZ- MÉIJOME, PHD; JORGE JORGE, PHD; ANTÓNIO QUEIRÓS, PHD. LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO EM OPTOMETRIA CLÍNICA E EXPERIMENTAL ( CEORLAB ) – CENTRO DE FÍSICA – UNIVERSIDADE DO MINHO, BRAGA
É
comum dizer-se que se produz uma mudança de paradigma quando se verifica uma alteração radical no modo como entendemos as coisas que nos rodeiam. Não há dúvida de que este conceito define também o momento actual da optometria em Portugal. Ainda desconhecida por uma parte da sociedade, a profissão de Optometrista tem uma história de várias décadas de formação universitária em Portugal, sendo já centenária em países como a Austrália, Canadá, Reino Unido e Estados Unidos da América entre outros. Segundo o dicionário Dorland Ilustrado de Medicina, o exercício da Optometria é definido como o cuidado profissional primário da visão e do olho, para o diagnóstico, tratamento e prevenção de transtornos associados, bem como a melhora da visão mediante a prescrição de óculos, e o uso de outros meios óticos e farmacêuticos permitidos pela lei1 . Mas antes de nos colocarmos no momento presente não podemos deixar de referir os primeiros passos da optometria no nosso país, na década de 70 do século XX quando as primeiras escolas, seguindo as correntes internacionais começaram a formar os primeiros optometristas. Mais tarde no fim dos anos 80, devido a uma conjugação de esforços entre profissionais e universidades, foram implementados no Ensino Superior Português cursos de Optometria derivados das Licenciaturas em Física Aplicada na Universidade da Beira Interior (Covilhã) e Universidade do Minho (Braga). Estes 25 anos de licenciatura permitiram a formação de mais de 1000 licenciados em Optometria, tal como algumas dezenas de Mestres e Doutorados na área.
Já no início do século XXI, os estudos de Optometria adquiriram na Universidade do Minho um estatuto autónomo sob a denominação de Licenciatura em Optometria e Ciências da Visão. Mais tarde esta mesma denominação seria adoptada pela Universidade da Beira Interior com a instauração do Processo de Bolonha. Deste processo resultaram também a criação dos Mestrados em Optometria que supõem um nível superior de ensino especializado e que pretende dar resposta aos novos desafios do optometrista no mercado de trabalho. Estes desafios são entre outros, a afirmação do Optometrista em equipas médico-cirúrgicas em numerosos serviços de oftalmologia de clínicas e hospitais privados e hospitais públicos. Também contribuiram para esta orientação a crescente necessidade por parte da indústria relacionada com os cuidados da saúde visual de profissionais com um elevado grau de especialização em áreas como a optometria e contactologia avançadas, técnicas de cirurgia refractiva ou a tecnologia de lentes oftálmicas. Sem esquecer, a crescente necessidade de especialização do Optometrista Clínico nos seus âmbitos laborais mais clássicos como o exercício em consultórios nos estabelecimentos de ótica ou em consultórios especializados. Tendo referido a Formação em Optometria e os tremendos avanços ocorridos, não podemos esquecer uma outra vertente que define uma profissão e uma ciência, a Investigação e Inovação. Neste âmbito a Optometria portuguesa destaca-se no panorama Ibérico e Europeu com um nível de publicações em revistas científicas e citação desses trabalhos por outros investigadores muito assinalável. A pesquisa numa das bases de dados mais utilizdas na área das ciências biomédicas (Scopus www.scopus. com) mostra que foram publicados mais de 150 trabalhos em revistas ciêntificas reconhecidas internacionalmente nos últimos 12 anos que por sua vez receberam perto de 1500 citações realizadas por outros investigadores aos trabalhos publicados pelos investigadores portugueses segundo o Institute For Science Information Web of Knowledge (ISI WoK) e a base de dados SCOPUS. Igualmente notável é o facto de na atualidade existirem diversos projetos liderados por Optometristas e financiados pelo Ministério de Ciência e Ensino Superior através da fundação para a Ciência e Tecnologia e o Fundo Social Europeu.
[Evolução do número total de Licenciados em Optometria nas Universidades da Beira Interior e Universidade do Minho, Fonte: Associação Profissional dos Licenciados em Optometria à data de 30 de Junho de 2010] A Nova Enclopedia Británica (1981) define a Optometria como a fiprofissão relativa ao exame dos olhos para detectar defeitos e falhos da refracção. Os optometristas prescrevem lentes correctoras e outras ajudas ópticas e prescrevem exercícios programados para tratar problemas da visão. Ainda realizam a exploração ocular com fins de detecção de transtornos tais como cataratas ou glaucoma. Com competências diferentes dos oftalmologistas (médicos especializados no diagnóstico e tratamento de doenças oculares), o optometrista não está autorizado legalmente para prescrever fármacos (“note-se que já é permitido em países como os Estados Unidos da América, Reino Unido, Australia ou Canadá entre outros”, nota dos autores) nem praticar cirurgia, ainda que estão autorizados legalmente para utilizar fármacos tópicos com fins diagnósticos (nalguns países) e mesmo terapêuticos (nalguns estados dos EUA).
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[Evolução do número de publicações científicas de investigadores portugueses na área da Optometria e citações de outros autores a estes trabalhos desde o ano 2000; Fonte: www.scopus.com; criterio de pesquisa: “optometry portugal” e após remoção dos documentos não relacionados]
No entanto não podemos falar de um coletivo cujo exercício profissional se situa no âmbito dos Cuidados Primários da Saúde Visual sem falar na Formação Contínua e a actualização de conhecimentos. Neste âmbito tem-se produzido igualmente evoluções muito significativas contando já com eventos anuais que permitem ao Optometrista a reciclagem dos seus conhecimentos e a aprendizagem ao longo da vida laboral. Em Portugal o maior expoente desta nova tendência é o Congresso Internacional de Optometria que se realiza anualmente na Universidade do Minho e pelo qual passaram já mais de uma centena de palestrantes nacionais e internacionais procedentes de mais de 10 países. No seu 10º aniversário que se celebrará nos dias 13 e 14 de Abril na Universidade do Minho, em Braga este evento alcançará a sua máxima expressão, tendo reunido um painel de oradores de grande nivel científico. Os próprios mestrados já antes referidos e outros eventos de Formação de Contínua colmatam esta componente essencial para a formação contínua de um coletivo que, sendo responsável pelos cuidados primários da visão dos portugueses requer uma atualização constante dos seus conhecimentos numa envolvente científica e tecnológica cada vez mais dinâmica..
[Audiência do 9º Congresso Internacional de Optometria e Ciências da Visão CIOCV’2012 realizado em Braga, fonte: http://ciocv.fisica.uminho.pt/]
Infelizmente o Estado Português não tem sabido aproveitar o investimento feito na formação destes profissionais desde as instituições de Ensino Superior, sendo ainda muito baixa a presença de optometristas no serviço nacional de saúde. No Reino Unido, por exemplo, existem aproximadamente 2.3 oftalmologistas por cada 100.000 habitantes que se centram na atenção médico-cirúrgica mais especializada, o que só é possivel graças aos mais de 8000 optometristas que atualmente trabalham nos hospitais públicos e em clínicas privadas . Em Portugal existe aproximadamente 1 oftalmologista por cada 10.000 habitantes, o que representa uma proporção de cerca de 5 vezes superior ao Reino Unido. Se em Portugal se consegui-se uma melhor articulação entre o trabalho dos optometristas qua atualmente realizam mais de 1 milhão de consultas por ano, e o coletivo oftalmológico poderia libertar-se estes profissionais para as áreas de intervenção em que realmente são mais necessários, que é a cirurgia ocular e o tratamento de patologias oculares, áreas nas que destacan a nível mundial.
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LACOVIANA
Lacoviana:
25 anos de excelência
A DISTINÇÃO PME LÍDER, ASSOCIADA A TODAS AS CERTIFICAÇÕES DE PRODUTO E À CERTIFICAÇÃO ISO 9001 PELA APCER E AO CERTIFIED MANAGEMENT SYSTEM DO IQNET CONFEREM À LACOVIANA UMA GARANTIA DE EXCELÊNCIA E EXPLICAM, EM GRANDE PARTE, O SUCESSO EVIDENCIADO POR ESTA PME SEDIADA NO DISTRITO DE VIANA DO CASTELO.
A
Lacoviana presta serviços na área dos tratamentos de alumínios tendo alargado ao longo dos anos os serviços que disponibiliza indo de encontro às novas necessidades dos seus clientes. Fundada em 1988 e prestes a cumprir o seu 25º aniversário, a empresa encontra as suas origens numa pequena linha de lacagem, tendo posteriormente instalado uma segunda linha, mais moderna e com maior capacidade de produção. Confrontada com um mercado concorrencial e clientes altamente exigentes, a empresa decidiu iniciar o processo de certificação internacional do serviço de lacagem através da marca de qualidade QUALICOAT. Neste sentido, e para garantir os padrões de qualidade exigidos, em 1996 foi construído um laboratório que permite desde então a
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execução de todos os ensaios exigidos pela marca de qualidade, assim como ao auto controle da qualidade das águas da E.T.A.R.I. Como atesta Luís Cambão, sócio-gerente da Lacoviana, “a certificação QUALICOAT dinamizou fortemente a procura dos nossos serviços, sobretudo por multinacionais com grande presença no mercado dos alumínios”. A sequência natural da evolução patenteada pela empresa ditou, em 1999, a expansão da Lacoviana com a criação de uma nova unidade industrial na Zona Industrial do Neiva com mais de três mil m2 de área coberta, equipada com as mais modernas linhas de lacagem e com capacidade de resposta às novas exigências do mercado. Em 2001, com a certificação do produto obtido na nova unidade industrial e na prossecução de uma estratégia comercial que lhe viria a conferir
uma posição de liderança no mercado, nasceu uma nova empresa, a Minholac, que passou a ocupar as instalações originais da Lacoviana e a complementar os serviços prestados pela empresa mãe. O ano 2003 ficou marcado pela introdução de um novo produto, o Lacado Efeito Madeira, cuja técnica detém em exclusividade para o mercado Português. Um ano mais tarde, a empresa solicitou a certificação internacional do Lacado Efeito de Madeira, tendo obtido a respectiva marca de qualidade QUALIDECO. Em 2007, sempre na tentativa de satisfazer as novas necessidades do mercado, a Lacoviana iniciou mais um desafio e investiu na oferta de um novo serviço, a anodização e tal como nos casos anteriores obteve a certificação internacional com a marca de qualidade QUALANOD. A linha de anodização foi equipada com os sistemas mais modernos e exi-
gentes do mercado, garantindo os mais altos níveis de qualidade do serviço e afirmando-se como a mais desenvolvida a nível tecnológico na Península Ibérica. “Num negócio em que assenta a sua oferta numa lógica de parcerias, a Lacoviana exporta directa e indirectamente mais de 50 por cento da sua produção, elegendo os mercados espanhol, francês, belga, Inglês e angolano como preferenciais”, explica Luís Cambão, que acrescenta que “o facto de a Lacoviana trabalhar com os maiores grupos internacionais resulta de um atestado de qualidade e a maior prova disso mesmo reside no facto de sermos periodicamente auditados por esses parceiros internacionais, para quem não bastam as certificações de qualidade que possuímos”. Já em 2008, a Lacoviana procedeu à modernização da sua linha de ruptura térmica – a cravação -
LACOVIANA
através da criação de uma nova unidade com mil metros quadrados de área coberta com duas linhas semi-automáticas dedicadas à cravação de perfis. Mais recentemente, e no seguimento da sua política de qualidade e de melhoria contínua, a Lacoviana viria a concluir, em 2010, o processo de certificação ISO:9001. Desta forma, a Lacoviana dispõe actualmente de 7000m2 de área coberta com a mais moderna tecnologia ao nível da Lacagem, Lacagem Efeito Madeira (Pó sobre Pó), Anodização e Cravação de perfis, chapas e acessórios e para além da certificação ISO:9001, dispõe das mais exigentes e respeitadas certificações de produto como é o caso da Qualicoat com Classe Seaside (lacados), Qualideco (lacados efeito madeira) e Qualanod (anodizados). O sector da indústria e não apenas o da construção são os principais segmentos em que a empresa se posiciona o que tem permitido, apesar da enorme crise nacional e internacional no sector da construção, que a Lacoviana continue a crescer 3% ao ano nos últimos anos e a executar obras de referencia a nível nacional e internacional (Estoril sol Residence, Forum Sintra, Novo Hospital de Braga, cidade financeira em angola – Sky Business). A empresa emprega actualmente mais de cem trabalhadores, factura anualmente cerca de cinco milhões de euros e todo o grupo empresarial emprega mais de 160 pessoas e tem um volume de facturação de oito milhões de euros.
Luis Cambão
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MUXAGAT VINHOS
Mux Branco As uvas são colhidas manualmente. Prensadas em prensa vertical, durante o período de estágio de 9 meses não são efetuadas trasfegas tentando respeitar ao máximo o carácter das uvas. Este vinho é produzido a partir de 7 parcelas diferentes com uma idade média de 30 anos na zona de Muxagata (Douro Superior). A fermentação é feita em pipos de carvalho francês e austríaco. O restante é feito em cubas de cimento.
Mux Tinto Este vinho é proveniente de duas parcelas. Uma a 250 m de altitude em Foz Côa virada a norte, outra a 550 m de altitude na Meda virada a sul. Durante o estágio não são efetuadas trasfegas para poder respeitar ao máximo o carácter das uvas. O vinho estagia em barricas durante 14 meses.
Muxagat Xistos Altos As uvas vêm de parcelas de vinhas a 500 m de altitude no Douro Superior. As uvas são esmagadas diretamente para uma prensa vertical onde é efetuada uma prensagem longa e suave. O mosto escorre então, por gravidade, para uma cuba de cimento subterrânea. No dia seguinte o mosto é trasfegado para um tonel oval de carvalho francês onde fermenta com leveduras indígenas. O estágio é feito no tonel durante 14 meses.
Muxagat Rosé Feito a partir da casta Touriga Nacional proveniente de uma parcela na Meda (Douro Superior), parte da sua fermentação é feita em barricas usadas de carvalho francês a 25ºC onde estagia durante 9 meses.
Saborear o Douro O projeto vitivinícola da Muxagat Vinhos surgiu em 2003 pelas mãos de Mateus Nicolau de Almeida e Eduardo Lopes. As vinhas, plantadas nas regiões da Meda e de Vila Nova de Foz Coa, encontram-se a uma altitude de 600 e 250 metros. Simultaneamente, mantêm desde o início, uma parceria com produtores locais, sendo destas parcelas que advêm as uvas com a complexidade característica das vinhas velhas. Com uma vinha em modo de produção biológico, a certificação estender-se-á à restante vinha. “Toda a vinificação é o mais natural possível. Na produção dos nossos vinhos procuramos um trabalho intenso na vinha, para passar a maior honestidade e veracidade para o vinho, e não mascará-lo. A própria natureza encarrega-se de contribuir para a essência do vinho. A nossa adega é em granito, o que é ótimo para a vinificação e a sua tipologia permite usar a gravidade na transfega”, assegura Mateus Nicolau de Almeida. Existe igualmente nos vinhos Muxagat a preocupação em fazer vinhos para envelhecer. De França, onde estudou, Mateus Nicolau de Almeida trouxe a filosofia que assenta num trabalho de grande proximidade com a vinha. “Quanto maior a proximidade e a envolvência do produtor na conceção do vinho, mais facilmente consegue transmitir a sua ideia”, diz o enólogo. Metade da produção da Muxagat Vinhos é dedicada à exportação. Brasil, EUA, Canadá, Angola, França, Inglaterra, Bélgica, Luxemburgo e Suíça são os principais destinos. Para o ano, estão já previstos novos vinhos, sempre numa busca de interpretação do terroir da região e de passar essa essência para cada garrafa. “Com os nossos vinhos o consumidor, estando em qualquer outro lugar, consegue viajar até ao Douro, sentindo a tipicidade vínica desta região”, denota.
NOS VINHOS MUXAGAT SENTE - SE A TIPICIDADE VÍNICA DO DOURO.
Mateus Nicolau de Almeida
Muxagat Tinta Barroca Este vinho é feito a partir de uma parcela da Meda (Douro Superior) a 600 metros de altitude virada a norte em solos de transição do xisto para o granito. Abril 2013
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O XXXXXXXXXXXXXXXX NOSSO PLANETA
O nosso Planeta Alterações Climáticas As mudanças climáticas são a maior ameaça ambiental do século XXI, com consequências profundas e transversais a várias áreas da sociedade: económica, social e ambiental. Todos nós, sem exceção, estamos a ser afectados por esta questão: cidadãos comuns, empresas, governos, economias e, mais importante de todos, a natureza. Mudanças climáticas sempre foram registadas ao longo dos milhares de anos que o planeta Terra tem. O problema prende-se com o facto de, no último século, o ritmo entre estas variações climáticas ter sofrido uma forte aceleração e a tendência é que tome proporções ainda mais caóticas se não forem tomadas medidas. A ocorrência de ondas de calor e secas são fenómenos cada vez mais frequentes, e as consequentes perdas agrícolas representam uma ameaça real para as economias mundiais. No cerne destas mudanças estão os chamados gases de efeito estufa, cujas emissões têm sofrido um aumento acentuado. O CO2 (dióxido de carbono) é o principal gás negativo desses designados de efeito estufa, e são consequência direta do uso/queima de combustíveis fósseis como o carbono, o petróleo e o gás com fins de produção energética. É, por isso, imprescindível reduzir as emissões deste tipo de gases. Como? Eliminando, progressivamente, o uso massivo dos combustíveis fósseis, substituindo-os
pelas energias renováveis, fomentando a poupança de energia e eficiência energética. A atividade humana foi apontada, em 2007, por cientistas especializados nesta área e reunidos sob o Painel Intergovernamental de Alterações Climáticas, como sendo a principal causa destas mudanças do clima. Ao mantermos uma atitude inerte e apática perante esta questão, corremos o risco de sermos expostos a eventos climáticos extremos e imprevisíveis (como os que têm vindo a ser noticiados nos últimos tempos) e com efeitos nefastos para todo o mundo! A temperatura, no século passado, registou um acréscimo de 0,76ºC. A previsão é que no presente suba entre 1,1 a 6,4ºC, dependendo das medidas mitigadoras que sejam encetadas. Este incremento da temperatura média tida como normal em mais 2ºC pode induzir respostas céleres, imprevistas e não-lineares que podem desencadear danos irreversíveis nos ecossistemas terrestres.
Florestas As Florestas contêm 70% da biodiversidade terrestre A Desflorestação causa 15% das emissões globais 1,6 Biliões de pessoas dependem das florestas 15 Milhões de ha de floresta tropical desarborizados/ano A importância de Portugal no sector florestal mundial Península Ibérica: 2º maior importador mundial de Madeiras Tropicais Serradas Portugal é o maior importador da Rep. Dem. Congo de Madeiras Tropicais Portugal é o maior produtor e exportador mundial de cortiça e produtos de cortiça A importância do sector florestal na economia nacional 12% do Produto Interno Bruto da Indústria 12% do emprego na Indústria 10% das exportações 5,3% do Valor Acrescentado Bruto
Água A água é um recurso natural absolutamente essencial à vida. Embora renovável, a sua distribuição no Mundo é bastante desigual, sendo em muitas regiões insuficiente face às necessidades. Do volume total de água no mundo, menos de 0.01% corresponde a água doce utilizável à superfície, acumulada em rios e lagos. Estas massas de água, assim como os aquíferos subterrâneos, são afectadas pela actividade humana através de dois processos fundamentais: - a captação, que reduz a quantidade de água disponível para os ecossistemas e para outros fins; - a poluição, que degrada a qualidade da água e reduz o seu potencial ecológico. Situações extremas associadas aos processos acima descritos: no caso da captação - ocorre quando as disponibilidades são inferiores às necessidades, seja de forma temporária (Secas) ou estrutural (Escassez); no caso da poluição, quando a qualidade da água deixa de ser suficiente para ser utilizável, afectando a saúde dos seres vivos que a utilizam.
Espécies Uma espécie é uma das unidades básicas da classificação biológica. Pode ser livremente definida como um grupo de organismos individuais que têm aparência muito semelhante: a anatomia, a fisiologia e a genética. O que a WWF está a tentar fazer é assegurar-se que aquelas espécies que correm maiores riscos de desaparecerem do sistema biológico do Planeta consigam ainda ser preservadas e não serem perdidas para sempre - visto já termos perdido demasiadas espécies e de forma irrecuperável. Nesta secção falamos das espécies que a WWF em Portugal, e não só, direciona a sua particular atenção pelo seu valor e pelo risco de desaparecimento que correm. Fonte: http://www.wwf.pt
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