A AERONÁUTICA É UM MERCADO DE CREDIBILIDADE Optimal Structural Solutions
MUNDO DA AERONÁUTICA
Ser Piloto Universitário A UNIVERSIDADE DO MINHO TEM UM NOVO CURSO: PILOTO DE LINHA AÉREA. EM MOMENTOS DE FRANCO CRESCIMENTO DO SETOR AERONÁUTICO, A UM NÃO QUIS DEIXAR PASSAR ESTA OPORTUNIDADE DE FORMAR JOVENS NUMA ÁREA ONDE A EMPREGABILIDADE NÃO É PROBLEMA.
O
curso de piloto de linha aérea, designado ATPL (Airline Transport Pilot License), resulta de uma estreita associação entre a Universidade do Minho e o Instituto de Formação Aeronáutica (IFA). “O nosso primeiro objetivo”, explica José Mendes, vice-reitor da UM, “é a empregabilidade dos nossos jovens, que podem enveredar por uma carreira internacional”. A universidade, a par dos cursos formais como as licenciaturas, mestrados e doutoramentos, também oferece algumas formações, e é aqui que se enquadra o curso de ATPL. “A nossa parceria com o IFA é bastante importante, é uma associação que já está no ramo, com experiência e garantias”. Em Portugal, este curso é pioneiro no panorama universitário. A componente teórica é oferecida por professores e investigadores da universidade, num contexto diferente do tradicional clube de aviação. Num futuro próximo, José Mendes adianta que quer criar um programa mais alargado que pode passar por uma licenciatura em Engenharia Aeronáutica,
cursos de instrutores, de técnicos de manutenção aeronáutica, de operações de voo e de assistentes de bordo. Estes últimos cursos podem ser “uma alternativa para quem tem uma licenciatura, mas não consegue arranjar colocação na sua área e procura outra saída”, exemplifica o vice-reitor. O primeiro curso de ATPL arrancou no final do mês de novembro com seis alunos. “Não é um curso de massas, podemos contar entre cinco e dez alunos”, já que é composto por 750 horas teóricas e 195 horas de voo real, sem simulador. Esta parte prática será realizada no aeródromo de Braga, com quem a UM tem uma parceria. O curso é lecionado em inglês para satisfazer um conjunto de requisitos internacionais e os alunos vão fazer os exames ao INAC (Instituto Nacional de Aviação Civil). “É um curso vocacional, é preciso querer e gostar de voar”, defende o professor. Dentro da UM foram criadas ligações entre os cursos de ATPL e outras licenciaturas e mestrados, podendo conciliar as duas vertentes e ter módulos creditados. Tudo para
Quanto custa? aumentar a empregabilidade dos nossos jovens. “Hoje em dia, as faculdades têm um papel diferente. Estamos constantemente a estudar as necessidades do mercado, procurar alternativas e apresentá-las aos nossos estudantes”. E o futuro da aeronáutica mostra-se risonho. Existe um conjunto de economias emergentes a chegar a este mercado, com necessidade de pilotos e de pessoal de cabine com licenças europeias...
O curso de pilotagem é caro e exigente. A Universidade do Minho desenhou um curso de cerca de 55 mil euros, mas, para a primeira fornada de alunos, reduziu o custo para 50 mil euros. Quem quiser pagar de uma vez, ainda usufrui de um desconto. O pagamento é faseado, mensalmente. Como é um valor que não está nas posses de muitas famílias, a UM fez uma parceria com o Banco Espírito Santo, para os jovens obterem um empréstimo nas mesmas condições dos estudantes do ensino superior.
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De Portugal para a Airbus COM TRÊS ANOS DE TRABALHO NO SETOR AERONÁUTICO, A OPTIMAL STRUCTURAL SOLUTIONS É A BANDEIRA LUSA EM VÁRIOS PROJETOS DA GIGANTE AIRBUS. FOCADA NO DESENVOLVIMENTO DE ESTRUTURAS E MATERIAIS COMPÓSITOS DE ALTA TECNOLOGIA, A EMPRESA TEM A AMBIÇÃO DE CRESCER E VIR A TRABALHAR COM A EMBRAER.
Manuel Torres e António Reis, sócios fundadores da Optimal Structural Solutions
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oi em 2008 que nasceu a Optimal Structural Solutions. Com um ano de investimentos próprios em equipamentos e recursos humanos, abraçou vários projetos desde então. António Reis e Manuel Torres, sócios fundadores da empresa, orgulham-se da dezena de projetos desenvolvidos para a maior construtora do setor aeronáutico, a Airbus. Mas comecemos por explicar o que é que a Optimal faz em concreto... “Desenvolvemos estruturas e materiais compósitos de alta performance para o mercado aeronáutico”, resume António Reis, engenheiro aeronáutico de formação. Dentro desta área, core business da empresa, inclui-se toda a engenharia ligada às certificações e qualificações de materiais compósitos e o dimensionamento de estruturas de uma aeronave. “Ainda nesta área, temos a parte do ferramental, isto é, as ferramentas necessárias à produção de componentes compósitas”, acrescenta. A parte produtiva da Optimal arrancou mais tarde, está agora a ganhar ritmo com mercados menos exigentes e em pequenas séries, protótipos, para um dia ganhar proporções muito maiores. “É um mercado muito exigente, temos de crescer passo a passo e não entrar em loucuras. A credibilidade é o fator de sucesso de qualquer empresa deste ramo”, onde os principais fabricantes procuram experiência adquirida. “Leva-se tempo a crescer e a vingar neste mercado”, admite António Reis. Como já foi referido, o principal cliente final da
empresa portuguesa é a Airbus, para quem desenvolve dois serviços: a certificação e qualificação dos materiais compósitos e a engenharia estrutural (dimensionamentos de estruturas aeronáuticas). Com mais de dez projetos para a construtora francesa, estão neste momento envolvidos no maior projeto atual da Airbus: o A350 XWB. Milhares de engenheiros estão atualmente a colaborar com os projectos da Airbus e a Optimal ocupa-se de uma parte do esforço necessário, tanto na parte do specific design work (o que é específico daquele modelo), como na vertente do non-specific design work (o que é transversal a todos os aviões). O contributo da firma lusa prende-se com os métodos de cálculos e de dimensionamento para a análise da aeronave, assim como os materiais de certificação e qualificação dos materiais compósitos. A nível nacional, a Optimal orgulha-se de ser fornecedor de ferramental da OGMA.
Tecnologia de ponta ao serviço da F1 Em 2011, 70 por cento da faturação da Optimal Structural Solutions reverteu para a aeronáutica. Este ano, o peso deste setor aumentou para 80 por cento. Os restantes 20 por cento foram ocupados por um ramo chamado pelos dois sócios de tecnologies. “São outros mercados, onde se enquadram os setores automóvel e náutico”, mas trabalhando sempre na excelência e na vanguarda da inovação, no ramo da engenharia, do ferramental e da produção de estruturas compósitas.
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Entre estes projetos contam-se alguns para a Fórmula 1. No ano passado, desenvolveram a engenharia estrutural de um monocoque, a célula de segurança onde se senta o piloto e todos os elementos de proteção como as estruturas de impacto. Daqui surgiram outras propostas nesta área, uma delas um monocoque para Le Mans para o próximo ano. “É um nicho de mercado, trazemos algum conhecimento da aeronáutica para este setor, como também levamos novas ideias da F1 para o mercado aeronáutico”, numa troca de conhecimentos saudável para os dois mercados, cada um com as suas especificidades. Porém, os fundadores da Optimal não trocariam um projeto ligado à aeronáutica pelo ramo automóvel. “Sabemos que podemos crescer na aeronáutica, é um mercado com um enorme potencial. A F1 é algo que gostamos de fazer, mas tem as suas limitações”, conta ainda António Reis.
Futuro da Optimal no mercado aeronáutico As perspetivas futuras do setor aeronáutico mostram-se boas e duradouras. Em Portugal, com os investimentos da Embraer, o terceiro maior construtor do mundo, em Évora, o ramo tem por onde crescer. “Acredito que seja um ótimo investimento e que vai fazer muito bem ao mercado nacional”, palavras de Manuel Torres. Atualmente, a Optimal ainda não trabalha para a construtora brasileira, mas tem essa ambição. “Temos um crescimento orgânico, temos vindo a crescer passo a passo, não queremos dar um salto desmedido. Queremos crescer e queremos que este crescimento seja distribuído por todas as nossas áreas, da engenharia à produção”.
Todavia, Manuel Torres acredita que esta indústria necessita ser dinamizada não só pelas empresas, que são essenciais, mas também pelo poder executivo. “É uma indústria que vale milhões. As empresas, sozinhas, não conseguem chegar a certos lados, um apoio diplomático vindo de cima ajudaria imenso”. Até porque, “o cliente estrangeiro não está habituado a pedir este tipo de trabalhos a empresas portuguesas. Não é hábito ver uma empresa lusa a conseguir fornecer os mesmos serviços que fornece uma empresa alemã ou inglesa. Existe algum preconceito relativamente a tecnologia nacional nestes mercados”, conclui. E é este preconceito que a Optimal se propõe a deitar abaixo. “Somos uma empresa de tecnologia de ponta, conhecemos bem o mercado, apesar de termos uma equipa jovem”. A filosofia de empregar pessoas jovens e formá-las tem vindo a dar frutos. “A nossa equipa tem crescido nos ultimos anos e os mais novos sabem que irão crescer com a equipa e com o desenvolvimento deste mercado caracterizado pela inovação tecnológica constante.
Apoios QREN Neste momento, a Optimal Structural Solutions tem dois projetos de investigação como o apoio do QREN, “ótimos para poder desenvolver tecnologias para o futuro”, classifica António Reis. Um desses projetos é um protótipo de um carro elétrico, com mais pormenores para breve...
Optimal premiada Nestes últimos anos, a Optimal tem vindo a arrecadar os mais variadíssimos prémios, entre os quais o Prémio Mérito Empresarial de Empreendedorismo, em 2011, da Câmara Municipal de Cascais, ou ainda o prémio inovação 2012 do 12º Venture Capital IT ou o DNA Cascais, este ano, que recompensa incubadoras e projetos empreendedores de sucesso.
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Primeiro objetivo: Voar em segurança PARCEIRO DA UNIVERSIDADE DO MINHO NO CURSO DE PILOTO DE LINHA AÉREA ( ATPL ), O INSTITUTO DE FORMAÇÃO AERONÁUTICA RECONHECE A IMPORTÂNCIA DA INVESTIGAÇÃO E DO DESENVOLVIMENTO QUE A INSTITUIÇÃO ACADÉMICA PODE DAR À AVIAÇÃO CIVIL PORTUGUESA. À CONVERSA COM O COMANDANTE ANTÓNIO MENDONÇA, A EQUIPA DO PAÍS POSITIVO FOI PERCEBER O PAPEL PREDOMINANTE DA FORMAÇÃO NO SETOR AERONÁUTICO.
A equipa do IFA
Comandante António Mendonça, diretor do IFA
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os últimos anos, a aviação tem vindo a sofrer um desenvolvimento exponencial. A formação tem de acompanhar este caminho cada vez mais exigente. Olhando para o futuro, os mais otimistas acreditam num crescimento deste setor nos próximos 30 anos, com necessidades de recursos humanos especializados e atentos às mudanças tecnológicas. Foi sob este prisma que o Instituto de Formação Aeronáutica (IFA) se ligou à Universidade do Minho e juntos criaram o primeiro curso de Piloto de Linha Aérea (ATPL) num contexto académico. “Este desenvolvimento tem que ser sustentado e apoiado por instituições ligadas ao desenvolvimento e a UM é, de facto, das nossas melhores universidades”, orgulha-se António Mendonça, diretor do IFA. O objetivo final desta parceria estende-se à formação não só de pilotos, mas também a todas as áreas da aviação, como por exemplo, assistentes/comissários de bordo, ou ainda técnicos de manutenção.
Em Portugal, sente-se a falta de técnicos de manutenção que, no processo de voar, têm uma importância primordial. “A aviação é segura porque é muitíssimo controlada, regulamentada e auditada. Há um registo de tudo o que se passa no avião, de toda a estrutura do avião, de cada parafuso, de cada pormenor”, conta o comandante. “Para manter este controlo, é necessário formar profissionais. Cada ramo tem a sua importância”.
Ser piloto na Universidade do Minho O curso de ATPL dura sensivelmente dois anos, com 750 horas teóricas em ambiente universitário e 195 horas de voo, dadas com o apoio do IFA. Nos cursos de manutenção, com iniciação prevista para o próximo ano letivo, a parte prática será desenvolvida em empresas de manutenção certificadas. “Os técnicos de manutenção, após a formação, têm logo emprego”, defende António Mendonça. “Entusiasma-me ter uma Universidade, com 18 mil alunos onde alguns podem ser encaminhados para uma profis-
são ligada à aviação”. O apoio da UM neste projecto está a ser primordial, mas nada teria sido possível sem o contributo do INAC (Instituto Nacional da Aviação Civil), que “compreende esta necessidade de desenvolvimento que levará ao sucesso da aviação em Portugal”.
Voar em segurança O segredo da segurança da aviação reside, segundo o diretor do IFA, na existência de boas relações entre os diversos parceiros. “Temos um ambiente de trabalho muito saudável, todos deixam para trás as suas rivalidades, quando entram num avião. O objetivo é comum: voar em segurança”. E porque um piloto precisa de voar, o IFA apenas forma pessoas que possam ser empregadas. “Acredito que, dentro de dois anos, as empresas vão procurar pilotos. Esta é uma boa altura para iniciar a formação”. Desde 1997, o IFA formou 527 pilotos, dos quais apenas dois ou três não estão empregados. “Só formamos com o objetivo de empregar,
para que os pilotos consigam o primeiro emprego”. Para manter esta filosofia, o instituto precisa conseguir e manter contactos com várias companhias, para perceber as necessidades do mercado. Para além dos cursos de pilotagem, o IFA proporciona também a parte complementar da formação do piloto para voar nos equipamentos das companhias comerciais ou jatos executivos. Na Europa, as exigências regulamentares são altas, por segurança e com ótimos resultados (é a zona aérea com menos acidentes do planeta). Também habilitado a formar pilotos de helicópteros, o IFA continua incessantemente em negociações com empresas para colocar pilotos e técnicos de manutenção desta forma diferente de voar. A certificação da formaçao do piloto na Europa é sempre uma mais-valia, sendo que “a aviação em Portugal é excelente”, em grande parte devido à “escola antiga” da Força Aérea que sempre foi reconhecida pela sua exigência. Portugal tem assim um futuro risonho neste setor.
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De uma segunda escola a uma escola de primeira... A EQUIPA DO PAÍS POSITIVO VIAJOU ATÉ AO AERÓDROMO DE CASCAIS AO ENCONTRO DA SKY ZONE, EMPRESA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AÉREOS QUE ESTÁ PRESTES A LANÇAR- SE NUMA NOVA AVENTURA: ABRIR UMA ESCOLA DE PILOTAGEM...
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completar 25 anos no próximo mês de maio, a Sky Zone já tem uma larga experiência na prestação de serviços aéreos, desde a publicidade em praias nos largos meses de verão a serviços de táxi executivo, passando por fotografia e filmagens. Esta longa vida deve-se também ao papel que desempenha junto dos jovens pilotos: “Damos a possibilidade a pilotos recém-formados de linha aérea de adquirirem mais horas de voo”, fator preponderante para se candidatarem a uma companhia comercial, explica Pedro Calhamar, diretor da Sky Zone. “Empresas como esta dão a oportunidade aos pilotos de ganharem experiência depois da formação. Acaba por ser uma segunda boa escola e o primeiro contacto com a aviação profissional”, orgulhando-se de muitos jovens que passaram pela Sky Zone serem hoje comandantes da TAP, o maior empregador de pilotos em Portugal.
Flight Academy O projeto da escola nasceu há dois anos, com a aquisição de um espaço amplo, a céu aberto, para funcionar como um centro de for-
mação aeronáutica. Neste centro, o sonho de Pedro Calhamar será incluir a escola, residências para os alunos, bar e restaurante num espaço verde e agradável. “Quero que seja uma segunda casa para os nossos alunos”, explica o diretor e também piloto. Para já, estão disponíveis os cursos de piloto privado para aviões e helicópteros e o curso de pessoal navegante de cabine. O curso de inglês técnico, tanto para piloto como para o pessoal navegante de cabine também pode ser uma opção para os alunos da Flight Academy of Tires. Em projeto está ainda o de piloto de linha aérea, falta apenas a licença do INAC (Instituto Nacional da Aviação Civil) para o seu desenvolvimento. “O curso de técnico de manutenção aeronáutica também faz parte das nossas intenções, assim como equipar espaços para congressos ou seminários”, adianta ainda. Porém, Pedro Calhamar tece uma dura crítica aos organismos que regulam o setor aeronáutico em Portugal: “Pedem-nos para investir no nosso país, foi o que fizemos. Agora estou à espera há cerca de um ano e meio da licença para concluir este projeto. Há uma excessividade de burocracia, que é pesada e que ninguém agiliza”.
Pedro Calhamar, diretor da Sky Zone
Recepção
Sala
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O nuclear no nosso quotidiano DÁ-SE O NOME GENÉRICO DE NUCLEAR AOS FENÓMENOS ASSOCIADOS A ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DE UM OU MAIS NÚCLEOS, ELEMENTOS CONSTITUINTES DOS ÁTOMOS QUE FORMAM AS MOLÉCULAS, DE QUE SÃO FEITAS AS COISAS QUE NOS RODEIAM. ESTAS ALTERAÇÕES PODEM SER NATURAIS OU INDUZIDAS E MANIFESTAM-SE ATRAVÉS DA EMISSÃO DE RADIAÇÕES (RADIOATIVIDADE) E DA LIBERTAÇÃO DE ENERGIA. Por Carlos Varandas
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Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
s radiações são principalmente partículas alfa e beta e raios gama, sendo as radiações naturais provenientes do cosmos e do interior da Terra. A radioatividade devida ao radão, o gás mais conhecido que provém das tansformações nucleares que ocorrem no interior do nosso planeta, varia de lugar para lugar, sendo maior nas regiões de jazidas de urânio e rochas graníticas, equivalendo a cerca de 50% das radiações a que estamos sujeitos. A geração de energia está associada à redução de massa, de acordo com o princípio de Einstein da equivalência entre massa e energia (E=mc2). Existem dois tipos de reações nucleares que libertam energia: fissão ou cisão, que resulta da divisão dos núcleos de elementos pesados (urânio, plutónio, tório); e fusão, que consiste na coalescência dos núcleos de dois átomos leves (hidrogénio (H) e os seus isótopos deutério e trítio). A fissão (Figura 1) é a base da operação das actuais centrais elécticas nucleares, enquanto a fusão (Figura 2) é a fonte de energia do Universo. Estas reações são um milhão de vezes mais potentes do que as reações quimicas, dado que as forças que mantêm unidos os protões e os neutrões do núcleo são muito mais intensas que as forças que ligam os átomos ou mesmo os electrões ao núcleo. Os fenómenos e as tecnologias nucleares acompanham-nos no nosso dia a dia, sem que muitas vezes tenhamos consciência disso e noutras sem que queiramos reconhecer os benefícios do nuclear. De fato, a vida na Terra, o desenvolvimento sustentável da nossa sociedade, a saúde humana, para além da industria, ambiente, património cultural e agricultura, têm muito a lucrar com fenómenos e tecnologias nucleares. A vida no nosso Planeta não era possível sem a luz e o calor que chegam à Terra provenientes do Sol, e que são gerados a partir de reações de fusão nuclear que ocorrem no centro desta estrela, envolvendo dois átomos de H, a temperaturas de 15 milhões de ºC. O desenvolvimento sustentável da nossa sociedade exige o fornecimento seguro e barato de energia eléctrica, produzida através de tecnologias verdes, as quais não emitem gases de efeito de estufa para a atmosfera. No estado atual do conhecimento científico e tecnológico, é muito difícil
atingir este objetivo sem o recurso à energia nuclear, presentemente baseada em reações de fissão, uma tecnologia que tem muitos e acérrimos apoiantes e opositores (Figura 3). Os apoiantes dizem que esta energia nuclear é potente, os combustíveis são abundantes, o preço do kW.h de electricidade é muito atractivo e pouco dependente do preço do combustível e a operação de uma central nuclear não emite qualquer gás nocivo para a atmosfera. Os opositores falam na proliferação de armas nucleares, na saúde pública, na desmontagem das centrais, nos lixos radioactivos e na segurança da operação das centrais nucleares, problema que é particularmente actual após o acidente em Fukushima. Existem soluções que passam pelos reatores de fissão da Geração IV, pelos reatores de fusão (Figura 4) e/ou pelos reatores híbridos de fissão-fusão. Estes três tipos de reatores deverão estar operacionais dentro de 30 a 40 anos, após a resolução de um problema comum: os materiais. As tecnologias nucleares são também utilizadas na saúde não só no diagnóstico e tratamento de doenças oncológicas, cardiovasculares e neurológicas, mas também na esterilização de material cirúrgico e no tratamento do lixo hospitalar, câmaras gama, imagiologia e ressonância magnética nucleares, bem como mais modernamente ciclotrões são aparelhos nucleares que felizmente começam a ser usuais nos hospitais. Finalmente, as técnicas nucleares são usadas no controle de qualidade, na esterilização de produtos alimentares, na eliminação de pragas, na datação por carbono14 para materiais orgânicos (até 50000 anos) e na datação por luminescência de materiais inorgânicos (até um milhão de anos), na avaliação de recursos geológicos e produtos industriais, no controle de poluentes, na monitorização de carregamentos, no fabrico de detectores de incêndios e de mostradores luminosos, na dessalinização da água do mar e no desenvolvimento e caracterização de novos materiais.. Este suplemento contém artigos sobre muitos dos aspectos versados neste artigo. Espero, sinceramente, que o leitor conclua que o nuclear tem aspectos negativos e positivos. Ao poder político, à indústria nuclear e aos cientistas compete minimizar os primeiros e potencializar os segundos.
O NUCLEAR TAMBÉM É AMIGO
Aposta na excelência
Energia nuclear de cisão
ARLINDO OLIVEIRA É O ATUAL PRESIDENTE DO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO, UMA DAS MAIS CONCEITUADAS ESCOLAS DE ENGENHARIA DO PAÍS E DA EUROPA. COM MAIS DE UM SÉCULO DE EXISTÊNCIA, O IST ABSORVEU O ITN “INSTITUTO DE TECNOLOGIA NUCLEAR” E GANHOU AINDA MAIS COMPETÊNCIAS NUMA ÁREA BASTANTE IMPORTANTE.
HÁ 70 ANOS, NO DIA 2 DE DEZEMBRO DE 1942, UMA EQUIPA LIDERADA POR ENRICO FERMI COLOCOU EM FUNCIONAMENTO O PRIMEIRO REACTOR DE CISÃO NUCLEAR, EM INSTALAÇÕES IMPROVISADAS NUM ESTÁDIO DA UNIVERSIDADE DE CHICAGO.
Arlindo Oliveira
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Instituto Superior Técnico (IST) é a maior escola de engenharia do país, mas é também aquela com maiores índices de produção científica, de execução de projetos e de produção de conhecimento. “O IST é a instituição portuguesa com mais projetos financiados pela União Europeia” e, associadas ao IST, existem diversas instituições privadas sem fins lucrativas nas quais os nossos professores também trabalham e desenvolvem investigação adicional. “A força do IST tem tanto a ver com a nossa capacidade científica e tecnológica, como com a qualidade dos alunos que nos procuram. Temos a sorte de atrair os melhores alunos da área da engenharia e da ciência e tecnologia”, refere Arlindo Oliveira. Quer a nível nacional, como internacional, o IST é conhecido e reconhecido pela qualidade dos seus alunos, das suas equipas científicas e da produção de conhecimento de altíssima utilidade e qualidade.
O Nuclear no IST Segundo nos refere o nosso interlocutor, o IST tinha já uma componente importante de nuclear ainda antes de absorver o ITN. “Temos cá o maior projeto português de fusão nuclear, para a criação do primeiro reator nuclear por fusão”. Com a absorção do ITN e a criação do Campus Tecnológico e Nuclear (CTN), o instituto passou a ter competências, “que já existiam em alguma medida, mas que agora se desenvolveram, na área da fissão nuclear”. Temos
um reator experimental CTN de Loures, mas além do reator existem uma série de outros equipamentos, como por exemplo o acelerador de partículas que, de facto, são infraestruturas únicas a nível nacional e que são muito importantes para as questões experimentais relacionadas com a fissão nuclear”. São muitas as aplicações do Nuclear, quer ao nível da saúde “com a imagiologia e tratamentos -, ao nível dos materiais, indústria farmacêutica, industria alimentar, entre muitas outras. “Os nossos investigadores do Campus Tecnológico e Nuclear têm desenvolvido trabalho de altíssima qualidade, publicando muitos artigos científicos nas melhores revistas e conferências”. O facto de estarem inseridos no IST irá permitir criar outro tipo de mais-valias, criando interligações com outros grupos de investigação que lhes irá conferir capacidades bastante elevadas. Para Arlindo Oliveira, o nuclear é uma área demasiado importante para ser esquecida ou ignorada e, assim, “o IST aposta no nuclear da mesma forma que aposta em praticamente todas as tecnologias que são indispensáveis. O futuro ficará marcado pela interligação dos diversos departamentos de investigação. Desta forma, será certo que muitas inovações, com aplicações nas mais diversas áreas de atividade, serão produzidas neste instituto e com isso virá o reconhecimento de Portugal como produtor de tecnologia e conhecimento.
Por José Marques
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ste primeiro reactor, mais tarde designado “Chicago-Pile 1” (CP-1), era um empilhamento de blocos de grafite suportados por uma estrutura de madeira, com o urânio colocado a distâncias regulares no interior da grafite. No total, o CP-1 usou 385,5 t de grafite e 35,4 t de urânio natural. Este reactor demonstrou que era possível estabelecer uma reacção de cisão nuclear auto-sustentada, usando urânio natural como combustível e grafite como moderador. O CP-1 teve uma existência efémera, tendo sido rapidamente desmontado para usar os seus valiosos materiais em outros reactores experimentais mais complexos. No início da década de 1950 foram desenvolvidos os primeiros reactores compactos, moderados e arrefecidos a água, para propulsão naval. O “Nautilus”, em 1954, foi o primeiro submarino equipado com um reactor nuclear, tendo revolucionado o modo de intervenção deste tipo de navios, dado que podia permanecer submerso durante longos períodos, o que não estava ao alcance dos navios com propulsão diesel. O primeiro reactor para uso civil fora de centros de investigação apareceu em 1957, na sequência da iniciativa “Átomos para a Paz” do Presidente Eisenhower. O reactor de “Shippingport” com uma potência de 236 MW abriu uma nova era na produção de electricidade a partir da energia libertada em reacções de cisão nuclear. Ao reactor de “Shippingport” sucederam-se reactores de potências progressivamente maiores, até 3000-4000 MW. O ritmo de construção de reactores aumentou significativamente na década de 1970, sobretudo depois do primeiro choque petrolífero. Contudo, o acidente na central de “Three Mile Island” veio refrear este entusiamo inicial. Os efeitos deste acidente foram muito limitados, mas funcionaram como um alerta para a necessidade de introduzir melhoramentos nos reactores. De certo modo, a energia nuclear de cisão cresceu demasiado rápido nos primeiros anos – basta pensar que a potência dos reactores aumentou mais de uma ordem de grandeza nos primeiros vinte anos. Os reactores da 3.ª Geração, que começaram a ser construídos no final da década de 1990, recorrem tanto quanto possível a fenómenos naturais para melhorar a sua segurança. Conseguem assim ser, ao mesmo tempo, mais simples e mais seguros do que os seus predecessores. Actualmente constroem-se reactores avançados de 3ª Geração, como o “European Pressurized Reactor” (EPR) da AREVA, e o AP1000 da Westinghouse, sobretudo em países asiáticos onde a procura de electricidade tem aumentado significativamente nos últimos anos. A energia libertada por cisão é 50 milhões de vezes superior à libertada com a formação de uma molécula de dióxido de carbono, na queima de
combustíveis fósseis. Assim, para gerar a mesma quantidade de electricidade, os reactores de cisão precisam de quantidades de combustível (urânio) muito menores que as centrais convencionais com combustíveis fósseis. Mais importante, não é emitido dióxido de carbono para a atmosfera, uma vez que não se dão combustões. O problema com maior impacto na opinião pública é o destino a dar aos resíduos radioactivos. Cada reactor produz 20 t de resíduos radioactivos por ano, os quais têm que ser armazenados por períodos longos, dada a sua perigosidade. A solução preconizada para estes resíduos é o seu armazenamento em depósitos geológicos profundos, os quais devem começar a ser usados na próxima década. Entretanto, trabalha-se em soluções alternativas para reduzir o volume dos resíduos, bem como a sua perigosidade. Hoje cerca de 400 reactores de cisão produzem 13,4% da electricidade que consumimos a nível Mundial. Em Portugal também se consome electricidade com origem nuclear, importada, sobretudo em anos de pouca pluviosidade, que limitam o aproveitamento das barragens. O único reactor de cisão em território nacional é o Reactor Português de Investigação (RPI), no Campus Tecnológico e Nuclear do Instituto Superior Técnico. O RPI tem uma potência de apenas 1 MW, mais de 1000 vezes inferior à potência dos reactores usados para gerar electricidade. Foi inaugurado em 1961, no então designado Laboratório de Física e Engenharia Nucleares, da Junta de Energia Nuclear.
O NUCLEAR TAMBÉM É AMIGO
Fusão Nuclear:
o sonho de domar a energia das estrelas Bruno Soares Gonçalves, Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear
Diagnóstico e Terapia com RADIOFÁRMACOS Por Isabel Rego dos Santos
A FUSÃO NUCLEAR TEM TIDO UM PROGRESSO CONSIDERÁVEL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS E PODERÁ EM BREVE SAIR DO LABORATÓRIO TORNANDO-SE UMA OPÇÃO CREDÍVEL E BENIGNA PARA PRODUÇÃO DE ELECTRICIDADE EM LARGAESCALA E DE FORMA LIMPA.
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ara se atingir a fusão nuclear é necessário aquecer a mistura de deutério e trítio a temperaturas extremamente elevadas (formando-se um plasma) num dispositivo toroidal com campos magnéticos elevados (denominado tokamak) que permite o confinamento do plasma para que este não toque nas paredes. Os combustíveis utilizados, deutério e lítio (de onde se extrai, por processos nucleares, o trítio) são abundantes na natureza (o deutério extrai-se da água). O aproveitamento para produção elétrica é economicamente atrativo porque os estudos preliminares sugerem que o preço do kW.h de electricidade será semelhante aos que estão associados à queima de combustíveis fósseis. A fusão nuclear é um processo intrinsecamente seguro. Para obtermos fusão é necessário aquecer o plasma até temperaturas muito elevadas e a reacção apenas ocorre em condições adequadas de temperatura e densidade. O combustível apenas é introduzido no reactor em quantidades pequenas (da ordem das dezenas de grama) e à medida que vai sendo consumido. Em caso de falha, a reacção não ocorre e todo o processo extingue-se. Este conjunto de condições tornam a fusão um processo resiliente a acidentes causados por perda de controlo do processo. Embora do processo de fusão resultar a ativação de alguns materiais no interior do reactor, ao contrário do caso da cisão, o nível de radioactividade deste resíduos decai rapidamente para valores seguros (inferiores aos do carvão ao fim de 50 anos), eliminando a necessidade de os armazenar por milhares de anos. Apesar de todo o seu potencial, esta tecnologia energética ainda está em fase experimental. Atingir a meta da produção da energia eléctrica requer uma intensa actividade de investigação e um esforço de longo-termo com o objectivo de produzir o protótipo do primeiro reactor comercal de fusão nuclear para produção de energia eléctrica. Com essa finalidade existe um programa de investigação e desenvolvimento coordenado pela Euratom (União Europeia e Suiça). O maior dispositivo de fusão em operação, o tokamak JET (Oxford, Reino Unido) conseguiu produzir durante alguns segundos 60% da energia que foi gasta a aquecer o plasma, tendo atingido 90% num pico de um segundo. O JET é colectivamente utilizado por mais de 40 laboratórios membros do “European Fusion Development Agreement”, um acordo em que Portugal é representado pelo IST. O próximo passo é a conclusão da construção do
Bruno Gonçalves
primeiro reator experimental de fusão nuclear, o tokamak ITER (Cadarache, França) onde se pretende provar a viabilidade científica e técnica da energia de fusão. Este reator está projetado para produzir 500 MW de potência de fusão durante 300 segundos (o que corresponde a um ganho de energia de dez vezes). A Euratom financia metade dos custos da sua construção sendo o restante financiamento providenciado por seis parceiros mundiais (China, Índia, Japão, Coreia do Sul, Federação Russa e Estados Unidos). O imenso desafio tecnológico que constitui a sua construção resultou num dos melhores exemplos de globalização da Ciência e Tecnologia. Portugal contribui activamente nas atividades de I&D e de construção do ITER, através do IPFN, estando envolvido no desenvolvimento dos sistemas de controlo e aquisição de dados, em vários diagnósticos e manipulação remota. O ITER é um passo essencial no sentido de produzir um primeiro reactor de demonstração para produção de energia eléctrica estando em curso vários programas de investigação na física e desenho conceptual deste dispositivo, que visam enfrentar os desafios e acelerar a sua construção. Este esforço considerável permitirá estabelecer a viabilidade da fusão que, uma vez confirmada, abrirá o caminho para a exploração de uma nova fonte de energia limpa e inesgotável que contribuirá para o portefólio de energia da segunda metade deste século e escreverá um novo capítulo na história da humanidade.
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Isabel Santos
pesar dos avanços conseguidos nas ciências biomédicas, nas técnicas de diagnóstico e na terapia, o cancro, as doenças cardiovasculares, e as neurodegenerativas continuam a ter um impacte significativo na saúde humana, sendo as principais causas de morte nos países desenvolvidos. Este facto justifica uma investigação multidisciplinar e intensa a nível mundial para melhorar o seu diagnóstico precoce e encontrar terapêuticas cada vez mais específicas e eficazes para as combater. Das várias técnicas de diagnóstico/imagem clinicamente disponíveis, as Técnicas Nucleares de Imagiologia Molecular, nomeadamente a Tomografia Computorizada de Fotão Único (SPECT) e a Tomografia por Emissão de Positrões (PET), são insubstituíveis pela sua sensibilidade, carácter não invasivo e especificidade. A Terapia com radionuclídeos dirigida a alvos moleculares é inigualável na erradicação de células tumorais disseminadas, e em particular quando existem mecanismos de resistência à quimioterapia. Os Radiofármacos - medicamentos que têm na sua composição um radionuclídeo “são a ferramenta crucial para o sucesso das Técnicas Nucleares, seja para diagnóstico ou terapia. No Campus de Loures do IST, um grupo multidisciplinar de cientistas” Grupo de Ciências Radiofarmacêuticas - encontra-se também envolvido neste esforço internacional que é a procura de novos compostos radioativos - Radiofármacos” para Imagiologia e Terapia dirigidas a alvos moleculares relacionados
com as patologias acima referidas. Este grupo, liderado por Isabel Santos e suportado pela Industria Farmacêutica internacional, pela FCT e por projetos europeus, concebe, sintetiza e procede à avaliação pre-clínica de novos compostos radioactivos - Radiofármacos – para Imagiologia e Terapia dirigidas. Ao abrigo de um projeto com a Industria e com impacto na cardiologia, no Campus de Loures do IST foi desenvolvido recentemente um composto de Tecnécio-99m que permite uma imagem mais rápida, clara e contrastada do coração, com vista à deteção precoce de doenças da artéria coronária. No mesmo grupo, os investigadores, em colaboração com outras Instituições de Investigação na Área da Saúde, estão a avançar no sentido da Teranóstica do cancro, nomeadamente das metástases ósseas. Utilizando o par rénio-188/tecnécio-99m, esperam obter radiofármacos que, num único composto, combinam o Diagnóstico com a Terapia Dirigida. Em oncologia, a detecção e caracterização do gânglio sentinela “primeiro gânglio que recebe linfa do tumor primário - é extremamente importante para o estadiamento do tumor primário e estabelecimento da terapia. Neste domínio, o mesmo Grupo de investigadores do Campus de Loures do IST identificou em estudos pré-clínicos um nanocomposto radioactivo que permite a visualização clara do gânglio sentinela. As propriedades biológicas muito favoráveis desta nova sonda radioactiva abriram caminho para a avaliação clínica.
O NUCLEAR TAMBÉM É AMIGO
As Radiações e os Materiais: Interações Proveitosas Por Eduardo Alves
O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO ESPANTOSO QUE SE TEM VERIFICADO AO LONGO DOS ÚLTIMOS ANOS RESIDE INTEGRALMENTE NA NOSSA CAPACIDADE DE ALTERAR DE UMA FORMA CONTROLADA AS PROPRIEDADES DOS MATERIAIS EXISTENTES NA NATUREZA E EM ÚLTIMO CASO NA CRIAÇÃO DE NOVOS MATERIAIS. AS TECNOLOGIAS NUCLEARES DESEMPENHARAM E CONTINUAM A TER UM PAPEL RELEVANTE EM TODO O PROCESSO DE PRODUÇÃO DOS DISPOSITIVOS ELETRÓNICOS DO ESTADO SÓLIDO EMISSORES DE LUZ QUE ESTÃO POR TRÁS DO MUNDO A CORES QUE CRIAMOS À NOSSA VOLTA.
A
s primeiras aplicações dos isótopos radioativos na ciência dos materiais apareceram no estudo dos fenómenos de difusão que estão base da formação de materiais compostos como o aço. Com o advento da energia nuclear durante a década de sessenta do século passado um novo problema se colocava. Como iriam resistir os materiais sujeitos aos grandes níveis de radiação próximo do núcleo dos reatores. Este problema também se coloca para os novos materiais a usar nos futuros reatores de Fusão e na construção de satélites e naves espaciais, onde o escudo protetor do campo magnético terrestre não exerce a sua influência. De facto como já foi referido na parte introdutória deste suplemento a vida na terra como a conhecemos só é possível devido à energia fornecida pelo Sol. Porém, as múltiplas reações nucleares que ocorrem no núcleo do Sol e na nossa atmosfera provocadas pela radiação solar, assim como nas estrelas distantes, produzem feixes de partículas carregadas que bombardeiam continuamente o nosso planeta. A presença do campo magnético terrestre atua sobre a trajetória destas partículas desviando-as para os polos evitando que atinjam as zonas habitadas da superfície do nosso planeta o que levaria à extinção da vida na sua forma atual. No Campus Tecnológico e Nuclear (CTN) do IST existem aceleradores utilizados para produzir feixes de partículas carregadas. As técnicas nucleares baseadas nestes feixes permitem analisar a composição atómica e assim saber do que são feitas as coisas que nos rodeiam. A grande vantagem destas técnicas é a sua natureza quantitativa e não destrutiva que dá informação sobre os objetos em estudo preservando a sua integridade. Sendo os átomos os “tijolos” utilizados na construção de toda a matéria existente no planeta compreende-se a importância que estas técnicas têm no desenvolvimento do conhecimento humano. A sua aplicação é transversal a todos os domínios das ciências naturais e exatas. Entre os mais variados exemplos podemos destacar a sua utilização na área do ambiente para o estudo de agentes poluidores, no restauro e património cultural fornecendo informação sobre os elementos utilizados na produção das várias obras de arte sem as danificar, permitindo assim um restauro com produtos idênticos aos originais, etc. Mas é nos materiais que os feixes de partículas
Eduardo Alves
ou iões, assim designados quando nos estamos a referir aos elementos químicos da tabela periódica carregados, atingem a sua mais-valia permitindo alterar de forma controlado as propriedades dos materiais irradiados. Para isso utiliza-se um implantador de iões, como o que existe no CTN, onde os elementos da tabela periódica são ionizados (carregados positivamente) e posteriormente acelerados por campos elétricos e dirigidos para os materiais que se pretendem modificar. Consegue-se desta forma criar novos materiais que a natureza, obediente às leis da física nunca poderia produzir. Foi desta forma que a partir das últimas décadas do século passado se começou a controlar as propriedades elétricas do Silício para produzir os pequenos dispositivos eletrónicos (transístores) que deram inicio a grande revolução tecnológica que vivemos hoje em dia. Todos os dipositivos eletrónicos, sem os quais a sociedade atual não conseguiria viver, têm na sua arquitetura estes componentes eletrónicos cujo desenvolvimento assenta no trabalho de investigação científica realizado por todo o mundo e em particular no Laboratório de Feixes de iões do campus Tecnológico do Instituto Superior Técnico. Sem o trabalho de investigação levado a cabo nos Laboratórios e Universidades seria impensável atingir o nível de desenvolvimento que a sociedade atual desfruta. É no resultado deste trabalho que reside a maior riqueza de qualquer País e não é por acaso que os países tecnologicamente mais desenvolvidos e ricos são aqueles onde a Ciência tem mais apoios.
Protecção e Segurança Radiológica na Saúde, Ambiente e Indústria Por Pedro Vaz
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Proteção Radiológica tem como objectivo proteger os indivíduos e o ambiente da exposição indevida a radiações ionizantes. Três domínios de grande actualidade em Protecção e Segurança Radiológica são: As aplicações médicas das radiações ionizantes Assiste-se desde os anos 90, a uma crescente exposição da população a RI, devida à disseminação da utilização de inovadoras técnicas e tecnologias de imagem médica baseadas na Tomografia Computorizada (TC, frequentemente designada TAC) e à utilização crescente de radionuclidos e radiofármacos em Medicina Nuclear, (para cintigrafias, diagnóstico de doenças oncológicas, cardíacas, neurológicas e para terapia). A exposição crescente às radiações traduz-se num aumento da dose para a população que pode prefigurar um problema de Saúde Pública, considerando os potenciais efeitos nocivos das radiações ionizantes. Vários estudos estimam que a dose per capita no âmbito das aplicações médicas quase duplicou desde a década de 80. A prevenção de acidentes radiológicos em tratamentos de radioterapia reportados em diversos países e de que resultaram doses excessivas de radiação para doentes oncológicos, é outro tópico de grande actualidade. Em Portugal, existem cerca de 5600 instalações de radiodiagnóstico, incluindo quase 4000 de radiologia dentária, 32 Serviços de Medicina Nuclear, 45 aceleradores lineares para radioterapia externa e 54 instalações de braquiterapia. São efectuados anualmente cerca de dez milhões de exames de radiodiagnóstico, dos quais cerca de 1,5 milhões são exames de TC e 600000 são mamografias. A vigilância radiológica e a Protecção Radiológica do Ambiente Estas actividades têm como objectivo a medição da concentração de radionuclidos de origem artificial ou natural nos compartimentos ambientais (atmosférico, aquático e terrestre) para assegurar que os alimentos e a água que ingerimos, o meio aquático, os solos, e o ar que inalamos não contenham níveis de radioactividade excessivos que possam constituir perigo para a Saúde Pública. Entre várias causas possíveis, tais eventuais níveis elevados de radioactividade poderiam dever-se a contaminações resultantes de incidentes ou acidentes radiológicos e nucleares (de que um exemplo paradigmático é o acidente em Fukushima). Por outro lado, a sustentabilidade da utilização das radiações ionizantes e de materiais radioactivos em inúmeras aplicações impõe a necessidade de conduzir estudos científicos e técnicos nas grandes áreas da PR do Ambiente e da radioecologia para avaliar e minimizar o eventual impacto negati-
Pedro Vaz
vo das radiações ionizantes e das substâncias radioactivas na manutenção da biodiversidade, na conservação das espécies, nos habitats naturais e nos ecossistemas. Resíduos radioactivos nas aplicações industriais e médicas A segurança na gestão das fontes e materiais radioactivos, utilizados principalmente nas aplicações industriais (existem em Portugal cerca de 1200 instalações de radiologia industrial) e médicas, suscitam grande preocupação ao nível internacional, considerando o potencial para actos de terrorismo ou manipulações incorrectas ou inadvertidas de fontes perdidas (“órfãs”) originando acidentes radiológicos. As fontes e materiais radioactivos são considerados resíduos radioactivos (RR) quando o detentor declara não pretender continuar a utilizá-los. Em Portugal, os RR são principalmente luvas, seringas, batas, geradores de Técnécio-99m e outro material contaminado (oriundos principalmente em Serviços de Medicina Nuclear), fontes radioactivas seladas utilizadas em aplicações industriais, médicas, para fins de ensino e investigação e milhares de detectores de fumo. Competências únicas em Protecção e Segurança Radiológica, em Portugal Em Portugal, o IST tem, através de recursos humanos qualificados e de equipamentos, laboratórios e infra-estruturas, competências científicas e técnicas únicas no País, nas diversas vertentes da Protecção e Segurança Radiológica (gestão de resíduos radioactivos, determinação da radioactividade no ambiente, sistemas de detecção e de medição da radioactividade, dosimetria, radiobiologia e metrologia das radiações). Tais competências são exercidas através da Unidade de Protecção e Segurança Radiológica, localizada no Campus Tecnológico e Nuclear (antigo Instituto Tecnológico e Nuclear).
O NUCLEAR TAMBÉM É AMIGO
Aplicação de técnicas nucleares no Património Cultural Português O PATRIMÓNIO CULTURAL MÓVEL E IMÓVEL BENEFICIA LARGAMENTE DA APLICAÇÃO DE TÉCNICAS NUCLEARES, NÃO SÓ PARA UM AUMENTO DOS CONHECIMENTOS DA EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DO HOMEM DESDE A ANTIGUIDADE, COMO PARA A SUA PRESERVAÇÃO E ESTABELECIMENTO DE MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO. Por Maria Isabel Prudêncio
A
s técnicas nucleares e de luminescência aplicadas a materiais de construção de edifícios históricos ou construções pré-históricas permitem a caracterização composicional detalhada e a datação da construção, bem como eventuais fases de restauros e eventos como incêndios ou cheias. Desta forma, pode-se contribuir para a reconstituição da história da edificação do património construído “arqueológico, histórico e arquitectónico. O método nuclear de análise por activação neutrónica (AAN) é de grande sensibilidade, permitindo a
determinação simultânea dos teores de numerosos elementos químicos. Uma das principais vantagens na utilização deste método é ser micro-invasivo, questão fundamental quando lidamos com materiais culturais. O método baseia-se na produção e medição da radioactividade induzida em amostras mediante o seu bombardeamento com neutrões As amostras são irradiadas no Reactor Português de Investigação (RPI). As técnicas de luminescência permitem datar eventos. Este método envolve a medição da dose absorvida nos cristais, que se faz através de aquecimento (TL) ou exposição à luz (OSL). Por exemplo, pode-se datar a incorporação de areia numa argamassa, o enterramento de pedras, e a acumulação sucessiva de sedimentos e paleosolos. Desta forma, datam-se fases de construção e fases de ocupação. As técnicas nucleares de análise química e de luminescência aplicadas a cerâmicas pré-históricas e históricas como ânforas, faianças, porcelanas e azulejos fornecem dados muito valiosos na identificação do local de produção e das matérias-primas, nas tecnologias de produção, na datação absoluta, na detecção de falsificações e na reconstrução de
rotas comerciais na antiguidade. São exemplos os estudos levados a cabo pelo grupo de investigadores “GeoLuC” do IST, sobre (i) cerâmicas pré-históricas do povoado dos Perdigões e a datação por luminescência de cerâmicas e paleosolos com ocupação humana, contribuindo para a avaliação da importância deste sítio arqueológico desde o Neolítico e Calcolítico; (ii) as ânforas romanas nos estuários do Tejo e do Sado, que têm permitido estabelecer os locais de produção, transporte e utilização para consumo, bem como a exportação para diversos locais do império romano; (iii) a distinção de produções de faianças de Coimbra e de Lisboa nos séculos XVII e XVIII; (iv) o estabelecimento de rotas comerciais de porcelanas da China, incluindo as produções encomendadas para Portugal nos séculos XVI e XVII; e (v) a caracterização de azulejos dos séculos XVI a XX com a distinção de matérias-primas/tecnologias de produção, datação por luminescência, mecanismos de degradação e contribuição para o estabelecimento de estratégias de conservação, destacando-se o caso do painel de azulejos “Grande Panorama de Lisboa”, a peça mais notável do Museu Nacional do Azulejo.
Isabel Prudêncio e Isabel Dias
Note-se que a nossa herança cultural apresenta-se muitas vezes com problemas graves de degradação, cuja solução deve passar pelo uso de técnicas não destrutivas/micro invasivas. Os resultados obtidos pelo método de análise química por activação com neutrões para a caracterização, pelas técnicas de luminescência para a datação e autenticidade, pela tomografia de neutrões para a visualização interna não destrutiva e pela irradiação gama para a desinfestação ou inactivação de microorganismos, em colaboração com arqueólogos, historiadores de arte e conservadores, jogam um papel muito importante para o conhecimento, valorização e conservação do Património Cultural Português.
O NUCLEAR TAMBÉM É AMIGO
Medicina Nuclear ou Radiofarmacologia? APESAR DE, GENERICAMENTE, MEDICINA NUCLEAR SER O MESMO QUE RADIOFARMACOLOGIA, HÁ QUEM PREFIRA O SEGUNDO TERMO JÁ QUE ESTE TIPO DE MEDICINA É FEITO ATRAVÉS DA ADMINISTRAÇÃO DE RADIOFÁRMACOS QUE PERMITEM UMA MAIS CORRETA VISUALIZAÇÃO DA ATIVIDADE FUNCIONAL CELULAR DO NOSSO ORGANISMO “IN VIVO”,. CONFUSO? DURVAL COSTA, ESPECIALISTA EM MEDICINA NUCLEAR A QUE CHAMA RADIOFARMACOLOGIA E MENTOR DE ALGUNS PROJETOS PIONEIROS, EXPLICA MAIS APROFUNDADAMENTE O QUE É ISTO DA MEDICINA NUCLEAR/RADIOFARMACOLOGIA.
C
onsciente da importância de uma vida mais saudável e em busca da qualidade de vida, o País Positivo foi à procura do que melhor se faz na área da medicina em Portugal. Apesar de o nome Medicina Nuclear ter uma certa carga negativa “muitas vezes associada às temidas bombas atómicas -, a verdade é que esta disciplina traz um avanço tremendo naquilo que são os diagnósticos mais direcionados e os tratamentos menos abrasivos. Mas afinal o que são radiofármacos? Durval Costa, Diretor da unidade de Medicina Nuclear-Radiofarmacologia da Fundação Champalimaud em Lisboa e Coordenador Clínico e Científico de HPP Medicina Molecular, SA no Porto responde: “Os radiofármacos são moléculas compostas por duas outras moléculas que se juntam e permanecem sempre juntas depois de administradas ao individuo e que são a molécula de um fármaco e a molécula de um radionuclídeo. O fármaco é sempre um análogo de um medicamento ou uma droga, como muitas vezes chamamos, sem o prejuízo da conotação negativa dada as drogas, podendo mesmo ser um derivado de algumas substâncias endógenas ou outras que ingerimos do exterior”. Por exemplo, o radiofármaco mais utilizado na tecnologia PET (Tomografia por emissão de positrões) é um análogo da glicose à qual é acoplada uma molécula de um radionuclídeo emissor de positrões (irradiação do tipo beta positiva – “+). Ou seja, “a junção destas duas moléculas, fármaco e radionuclídeo funciona como um contraste, por analogia à radiologia que utiliza contraste radiológico”. No entanto, em Medicina Nuclear / Radiofarmacologia não se utilizam contrastes radiológicos, utilizam-se sim radiofármacos que emitem radiação para o equipamento (câmara gama ou câmara PET) que a recebe vinda do doente. Assim, Durval Costa considera que a Medicina Nuclear é o estudo das características farmacológicas dos radiofármacos e, portanto, prefere utilizar o termo Radiofarmacologia para definir aquilo que vulgarmente é conhecido por Medicina Nuclear. “Acima de tudo, precisamos muito mais de saber o percurso que o radiofármaco faz no organismo, pela circulação e órgãos, e estudar os locais onde os radiofármacos se fixam. Cada radiofármaco está desenhado para chegar exatamente ao local pretendido e esta é a grande diferença entre Medicina Nuclear/Radiofarmacologia e a Radiologia já que os radiofármacos são específicos para marcar funções celulares, portanto quando realizamos um estudo com um radiofármaco, é o mesmo que estudar uma função das células “in vivo”. Podemos, por exemplo, fazer imagens do fígado que nos dão ideia do fluxo dos glóbulos rubros (eritrócitos) neste
Durval Costa (à direita) com a sua equipa junto da à câmara PET-CT da Medicina Nuclear-Radiofarmacologia da Fundação Champalimaud
órgão, mas não do próprio fígado em si, das células do fígado. Estas podem ser estudadas com outro radiofármaco diferente”.
métodos. Mas num outro momento a imagiologia é mais adequada, face àqueles três parâmetros (custo, benefício, eficácia)”, avança o especialista.
Imagiologia vs Radiofarmacologia
O panorama
Tendo em conta as mais-valias da Radiofarmacologia, podemos dizer que estamos perante um cenário de evolução tal que a Imagiologia poderá mesmo ser afastada dos meios complementares de diagnóstico? “De maneira nenhuma. A Imagiologia e Radiofarmacologia são áreas, não concorrentes, mas sim complementares. Se uma estuda a morfologia, a outra estuda a função. Mas a verdade é que muitos casos são resolvidos com um simples estudo imagiológico, por exemplo com ecografia simples”. Além disso, com a divulgação da ressonância magnética, da imagem ótica, da ecográfica, entre outros, a Imagiologia transformou-se e hoje é já um meio complementar de diagnóstico cada vez mais importante na prática clínica. Hoje em dia, é necessário considerar sempre o custo, benefício e a eficácia de cada método antes de o aplicar. Isto é, “temos sempre que calcular quanto é que custa cada metodologia desde o princípio da instalação da técnica até à utilização no doente, mais qual é o benefício que o individuo pode obter com a aplicação desta técnica e de que forma é que a técnica vai ser eficaz para definir ou ajudar a definir o problema clínico naquele individuo em particular”. Ao dizer isto, não podemos afirmar que a Radiofarmacologia tem resultados melhores do que a Imagiologia porque aqueles resultados dependem do tipo de patologia em estudo. “E, em qualquer momento, os radiofármacos poderão ser menos dispendiosos, mais benéficos e mais eficazes que outros
A Medicina Nuclear/Radiofarmacologia é já bastante utilizada em Portugal. No entanto, as pessoas ainda não sabem muito bem o que é e para que serve. Mesmo no seio da classe médica, existe algum desconhecimento sobre aquilo que a Medicina Nuclear e os Radiofármacos podem fazer, isto é, quais são as ajudas em diagnósticos muitas vezes complexos e morosos. “Como a Medicina Nuclear não é uma disciplina base do curso de medicina, muitas vezes falta aos clínicos a capacidade de orientação para estas técnicas de estudo diferentes das mais convencionais”, advoga Durval Costa.
Diagnóstico e terapêutica A Radiofarmacologia não é apenas um método de diagnóstico. Ao contrário de todos os medicamentos que são utilizados para fins terapêuticos, na prática da Medicina Nuclear/Radiofarmacologia os fármacos marcados com radionuclídeos são utlizados em quantidades muito pequenas para fins diagnósticos (nunca têm efeitos farmacológicos mensuráveis). “Utilizamos quantidades que apenas são marcadores do local onde o fármaco se deposita, conseguindo visualizar este local através da emissão de sinal pelo radionuclídeo. E mesmo quando utilizamos o radiofármaco com fins terapêuticos, o efeito do fármaco não é mensurável porque o que pretendemos obter é o efeito da irradiação com morte das células doentes. Ou seja, é a quantidade de irradiação que vai promover a morte celular de células anormais “o fármaco é utilizado como veículo específico da irradiação”.
Mais do que um meio de diagnóstico, a Radiofarmacologia também atua com fins terapêuticos em algumas patologias, causando a morte das células doentes através da irradiação. Um avanço tremendo na saúde em geral, quando o que queremos é viver mais tempo e com melhor qualidade de vida.
Patologias Não podemos incorrer no erro de dizer que o radiofármaco é eficaz em todas as situações porque a verdade é que só o é em determinados momentos, indivíduos e patologias, tal como todas as outras terapêuticas. Ou seja, a radiofarmacologia terapêutica não substitui as terapêuticas existentes, mas sim complementa-as e é mais uma forma de tratar patologias, dependendo da especificidade de cada radiofármaco. A Radiofarmacologia não tem apenas aplicações em doenças oncológicas, quer no tratamento, quer no diagnóstico e investigação clínica. “Também é importante no tratamento, por exxemplo do hipertiroidismo (hiperfunção da glândula tiroideia). Noutros casos os radiofármacos ajudam a definir o prognóstico de eventos cardíacos e cardiovasculares em doentes antes de cirurgia, por exemplo, estudando a perfusão do miocárdio. E também podem auxiliar o diagnóstico diferencial entre doença de Parkinson e outro tipo de tremor benigno essencial em doentes com tremores de diagnóstico difícil. Há toda uma variedade de aplicações para a Radiofarmacologia, desde as doenças oncológicas até à confirmação de uma simples fratura de stress, tão habitual em atletas de alta competição, muitas vezes nada fácil de detetar com outros métodos de imagem”, finaliza Durval Costa.
O NUCLEAR TAMBÉM É AMIGO
ICNAS: investigação desde a molécula até ao Homem
ISODER
Medicina Nuclear de A a Z
Por: Antero Abrunhosa
O INSTITUTO DE CIÊNCIAS NUCLEARES APLICADAS À SAÚDE (ICNAS) É UMA UNIDADE ORGÂNICA DE INVESTIGAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA DEDICADA AO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO BÁSICA E CLÍNICA, À PRODUÇÃO DE RADIOFÁRMACOS E À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ESPECIALIZADOS NAS ÁREAS DA IMAGIOLOGIA MOLECULAR E FUNCIONAL. O INSTITUTO ESTÁ LOCALIZADO NO PÓLO DAS CIÊNCIAS DA SAÚDE E OPERA O ÚNICO CICLOTRÃO PÚBLICO DO PAÍS, BEM COMO UM EXTENSO EQUIPAMENTO DE IMAGIOLOGIA CLÍNICA E PRÉ-CLÍNICA INCLUINDO SPECT, PET/TAC E IRM.
A ISODER É A EMPRESA COM MAIOR PORTEFÓLIO DE PRODUTOS NA ÁREA DA MEDICINA NUCLEAR.
O
Ao abrigo do antigo acordo ortográfico
s objectivos do Instituto incluem a investigação transaccional “desde a molécula até ao Homem” com base num ambicioso programa de desenvolvimento e disponibilização à comunidade médica e científica de novas moléculas radiomarcadas que possam servir para o esclarecimento de importantes mecanismos moleculares subjacentes a patologias em áreas tão diversas como a Oncologia, da Cardiologia e as Neurociências, entre outras. O ICNAS é uma unidade fortemente multidisciplinar conjugando conhecimentos avançados nas áreas da Física, da Química e da Farmácia colocados ao serviço da imagiologia médica e colabora activamente com outros centros de investigação, hospitais e clínicas e com empresas nacionais ou internacionais que operam nas suas áreas de interesse.
Unidade de Produção A unidade de produção possui um ciclotrão com capacidade de produção de vários isótopos radioactivos (Carbono-11, Flúor-18, Azoto-13 e Oxigénio-15 e outros em desenvolvimento) e um laboratório devidamente licenciado segundo as Boas Práticas de Fabrico para a produção de radiofármacos marcados com isótopos emissores de positrões. Esta unidade é gerida por uma empresa totalmente detida pela Universidade de Coimbra (ICNAS-Produção Unipessoal, Lda) e produz desde Janeiro de 2012 o radiofármaco Fluodesoxiglucose [18F] UC. Esta molécula era, à data, importada exclusivamente a partir de Espanha com um custo anual estimado para os hospitais portugueses de cerca de 5 milhões de Euros. O lançamento permitiu também uma diminuição em quase 60% do custo por dose para os hospitais deste medicamento. A ICNAS-P distribui actualmente a Fluodesoxiglucose [18F] UC para a quase totalidade dos hospitais e centros de imagem nacionais que possuem tomógrafos para a realização de exames. O medicamento desenvolvido resulta do trabalho de I&D da Universidade de Coimbra (UC), é o primeiro medicamento lançado no mercado por uma Universidade Portuguesa e é distribuído em exclusivo por uma empresa incubada no Instituto Pedro Nunes da UC (FARDIOTOP). A unidade produz também, entre outros, o composto B de Pittsburgh ([11C]PiB), a primeira ferra-
José Carlos Peres e Manuel Sá
Antero Abrunhosa
menta de imagem molecular para o diagnóstico precoce da doença de Alzheimer disponível no nosso país. Até ao momento foram já realizados 48 exames com esta molécula no âmbito de um ensaio clínico em curso no ICNAS. A unidade tem um programa ambicioso de desenvolvimento de novas moléculas tanto ao nível de produção para distribuição como para sustentar os seus programas de I&D em curso. A actividade de produção para comercialização permite contribuir para a sustentabilidade da unidade que não depende de financiamento estatal para o seu funcionamento. Unidade de Imagem clínica e pré-clínica A unidade clínica está equipada com diversas câmaras g, um tomógrafo PET/CT e um sistema de IRM de 3T e realiza exames avançados de imagiologia molecular e funcional no âmbito da patologia inflamatória, oncologia, neurologia, e cardiologia. As imagens adquiridas são tratadas e processadas com base em modelos matemáticos avançados para a determinação de parâmetros anatomo-fisiológicos de interesse. O ICNAS conta também com equipamento para realização de estudos pré-clinicos de PET e contará brevemente de IRM com a aquisição em curso de um equipamento de Imagem animal de elevado campo (9,4 Tesla). Pessoas-chave na unidade: Prof. Miguel Castelo Branco (Médico, Diretor do ICNAS) Prof. Antero Abrunhosa (Bioquímico, Diretor de Produção da ICNAS-P) Prof. Francisco Alves (Eng. Físico, Responsável pelo Ciclotrão)
A
ISODER portuguesa foi fundada em 1992 e desde então dedica-se à comercialização de produtos de medicina nuclear e de diagnóstico clínico. Detém a representação da IBA/CISbio para a Medicina Nuclear e Molecular e da Euroimmun na área de diagnóstico de análises clínicas das doenças autoimunes. Com um crescimento sustentado ao longo destas duas décadas de atividade, desde há 10 anos a ISODER tem em funcionamento uma filial em Madrid. As vantagens da ISODER assentam na filosofia com que se posicionam no setor: Medicina Nuclear de A a Z. “Conseguimos prestar um serviço completo que abrange a montagem de um serviço nuclear até ao fornecimento dos produtos. A ISODER tem desde o material de proteção, dosimetria, fontes radioativas para calibração de equipamentos, incluindo uma vasta gama de máquinas”, explica José Carlos Peres, administrador da empresa. Representantes da IBA/CISbio, complementam o seu portefólio com outros parceiros. Este facto torna a ISODER a empresa com maior portefólio clínico na área da medicina nuclear. “Temos disponíveis produtos para todas as áreas da medicina nuclear convencional”, garante José Carlos Peres. “Também damos assessoria ao nível dos serviços de medicina nuclear”, acrescenta. Exemplo desta vertente da ISODER é o trabalho de assessoria que a empresa está a realizar no novo Serviço de Medicina Nuclear do hospital do Funchal. A FARDIOTOP, empresa agora integrada no Grupo ISODER, ganhou em concurso público a distribuição do excedente da produção de FDG do ICNAS/ UC. Além do FDG do ICNAS/UC e ainda na área da Medicina Molecular, a ISODER distribui a 18F Colina e 18F Dopamina da IBA/CISbio.
O know-how existente no quadro de recursos humanos da ISODER (o seu fundador, Manuel Sá, é o mais antigo profissional desta área que está no ativo) garante o apoio técnico necessário aos seus parceiros. Por outro lado, a diferenciação dos radiofármacos comercializados é feita pela calibração dos produtos, tendo em conta a sua atividade nominal e o decaimento do produto. Manuel Sá explica: “O decaimento do radiativo mede-se pela sua semivida que corresponde ao período de tempo que aquele radioativo demora em ficar na metade. Daí que haja necessidade que o produtor esteja o mais próximo possível do utilizador para que o produto não perca uma parte significativa da sua actividade”.
Problemáticas do setor É precisamente neste ponto que surgem algumas das problemática do setor. “As empresas que comercializam produtos de medicina nuclear vêm-se confrontadas com problemas de logística devido ao reduzido tempo que os produtos dispõem para chegar ao destino. Quando o transporte de produtos radioativos não chega atempadamente, surge a questão do decaimento do produto e o facto de as doses já não serem suficientes para os exames que estão previstos serem realizados. Alguns desses produtos podem ser ainda em parte aproveitados, mas há casos em que isso não acontece e isto implica custos para as empresas. Por outro lado, estas ocorrências atrasam os exames dos doentes”, destaca José Carlos Peres. Para assegurar o serviço de qualidade pelo qual tem sido reconhecida ao longo das suas duas décadas de atividade, a ISODER reajustou internamente a sua calendarização do serviço de transporte para assegurar com a maior eficácia possível a entrega atempada dos produtos.
O NUCLEAR TAMBÉM É AMIGO
Especialização e qualidade Nuclear: O futuro passa por aqui Conheça a Medical Consult, pela mão de Leonor Vila Luz
CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA E POSICIONAMENTO NO MERCADO
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MedicalConsult é uma empresa portuguesa que atua no mercado das radiações ionizantes desde 1998. O nosso foco é a prestação de serviços especializados nas áreas da radioterapia, radiologia, medicina nuclear, produção de radioisótopos, bem como dosimetria individual e proteção radiológica. Centrados na área da física médica, apoiamos os nossos clientes no desenho, construção, instalação, implementação e operação de projetos que envolvam radiações. Pretendemos ser reconhecidos como especialistas em todas as áreas que envolvam radiações e que abrangem quer o mercado da Saúde, quer o da Indústria. Quais as premissas que vos caracterizam? A qualidade e rigor no que fazemos. Queremos a satisfação dos nossos clientes e a sua verdadeira confiança. É para nós fundamental que qualquer cliente que trabalhe connosco sinta o nosso envolvimento e total dedicação para continuar a confiar em nós. O foco naquilo em que somos especialistas e em que nos queremos distinguir. A permanente formação das nossas equipas, quer em termos teóricos, quer em termos práticos. A aposta na inovação e na especialização do know-how, que é no fundo a nossa matéria-prima. Quais os principais serviços que disponibilizam? Prestamos serviços técnicos e de física médica a clientes que operem equipamentos especializados nas áreas da radioterapia, radiologia e da medicina nuclear de forma genérica. Elaboramos estudos de proteção radiológica e de ergonomia do espaço específica para Unidades de Radioterapia, Radiologia, Medicina Nuclear ou Produção de Radioisótopos. Por exemplo, o cálculo das barreiras de proteção radiológica necessárias à instalação deste tipo de equipamentos, ditos de grande porte, bem como a correta definição do fluxo de doentes ou profissionais, é fundamental ser adequadamente realizado antes da construção. Podemos apoiar os clientes na identificação das necessidades e na seleção dos equipamentos mais adequados. Fazemos o start-up das Unidades incluindo a aceitação desses mesmos equipamentos. E, finalmente, podemos realizar a operação diária dos equipamentos, quer do ponto de vista da responsabilidade da física médica, quer no tratamento diário do próprio doente. Somos também especialistas na realização de auditorias de proteção radiológica em radiologia (elemento essencial para o processo de licenciamento de qualquer equipamento
emissor de radiação ionizante), na preparação de planos de proteção radiológica ou na realização dos testes de controlo de qualidade aos equipamentos. É fundamental que os equipamentos emitam a radiação adequada, nem a mais, nem a menos, para que o exame realizado pelo doente seja eficaz. Disponibilizamos serviços de dosimetria individual, obrigatório pela legislação, que permitem aos profissionais destas áreas terem um controlo efetivo da radiação que recebem no exercício da sua função. Qual o papel da investigação e desenvolvimento no seio da MedicalConsult e de que forma este é um garante da qualidade dos vossos serviços? Como já disse, é para nós fundamental a formação das nossas equipas e a aposta na inovação e no desenvolvimento profissional. Temos uma equipa de mais de cem colaboradores desde Físicos Médicos, Engenheiros Bioquímicos, a Técnicos de Radioterapia e de Medicina Nuclear. Com uma média etária de 35 anos, apostamos em recursos humanos jovens, com boa formação académica e que adquirem uma forte especialização connosco. A produção científica é incentivada e a aposta na formação técnica é fundamental para a garantia da qualidade dos nossos serviços. Mas sublinho a atitude dos nossos colaboradores, de permanente pesquisa, estudo e aprendizagem. Garantir que o que fazem, fazem bem feito, com rigor e sem dúvidas. Há fortes ligações ao meio académico, o que nos abre oportunidades de desenvolvimento adicionais. No âmbito da Medicina Nuclear, qual o posicionamento da empresa? Na Medicina Nuclear, tal como nas outras áreas que mencionei, a MedicalConsult procura fornecer um serviço completo e integrado que permita ao cliente começar a trabalhar connosco desde a conceção da Unidade, até à operação de rotina diária de realização de exames. De que forma apoiam o mercado neste setor e qual o vosso papel face às obrigatoriedades legislativas? Estando a MedicalConsult a operar no mercado nacional desde 1998, sentimos ter contribuído para a correta utilização das radiações ionizantes, em conjunto com os nossos clientes. Hoje as radiações ionizantes estão presentes em muitas áreas da nossa vida e não apenas na Saúde. A sensibilização dos cuidados a ter, do correto manuseamento dos equipamentos e do rigor com que devem ser utilizados, é algo com que nos preocupamos todos os dias. Há legislação a regular a utilização das radiações e a MedicalConsult apoia os seus clientes no cumprimento das suas obrigações. Gostaria de destacar algum projeto em que estejam envolvidos? Gostaria apenas de destacar que estamos a desenvolver um processo de internacionalização, “exportando” o nosso know-how e capacidade de fazer, estando já neste momento a prestar serviços em África e Europa de Leste.
O PAÍS POSITIVO FOI CONHECER UMA DAS MAIS CONCEITUADAS CLINICAS DE MEDICINA NUCLEAR DO NOSSO PAÍS, A ATOMEDICAL, FUNDADA POR FERNANDO GODINHO E GUILHERMINA CANTINHO, PIONEIROS DO NUCLEAR APLICADO À SAÚDE NO NOSSO PAÍS.
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Criada em 1987, a Atomedical foi-se desenvolvendo à medida que a própria Medicina Nuclear se ia desenvolvendo. Inicialmente, a clínica foi dimensionada para um número pequeno de doentes mas a verdade é que pouco tempo depois foi necessário fazer um upgrade e encontrar um espaço que se adequasse ao que a Atomedical se estava a transformar, uma Clínica de renome e com padrões de altíssima qualidade. Assim, instala-se num espaço com 500 metros quadrados apetrechados com o que de melhor existe na área da Medicina Nuclear. Mas nem só de tecnologia se apetrechou a Atomedical, tendo para tal ido ao mercado buscar os melhores profissionais desta área e apostando sobretudo na formação continuada para manter os recursos humanos a par daquilo que são os desenvolvimentos tecnológicos. Neste momento, a Atomedical é uma clinica privada que presta todos os serviços relacionados com exames de medicina nuclear convencional: “Divido a Medicina Nuclear em duas áreas, a convencional que utiliza emissores de radiação gama e a nova Medicina Nuclear que utiliza emissores de positrões. Na Medicina Nuclear Convencional, somos o maior centro do país”, refere Fernando Godinho. A Clinica que chegou a realizar cerca de 35 mil exames por ano passa hoje pela tal mal fadada crise. Guilhermina Cantinho refere mesmo que, “primeiro, sente-se uma redução da prescrição destes exames. Não sei o que leva a esta diminuição, mas a verdade é que existe, mas também se dá muitas vezes o caso de os próprios doentes não conseguirem fazer face ao copagamento dos exames e, em muitos casos, abdicam de alguns dos exames complementares que necessitam fazer”. A verdade é que as quebras na procura rondam os 30 a 40 por cento e isso levanta problemas graves em termos de gestão. Ainda assim, “estamos a fazer um esforço para manter os nossos recursos humanos porque a qualidade dos nossos serviços também é conseguida através deles. Neste momento, fazemos uma gestão mais do que rigorosa da clinica e, desta forma, não pomos em causa os postos de trabalho e a excelência que tão bem nos caracteriza”, refere o Físico responsável da Atomedical. Além de realizarem todos os exames de Medicina Nuclear convencional, a Atomedical realiza também alguns tratamentos de ambulatório e oferece ainda a possibilidade do doente poder realizar também aqui a ecografia prescrita, evitando deslocações e perdas de tempo para o próprio doente.
ter. A grande mais-valia da Medicina Nuclear é, assim, “avaliar a extensão precoce e rigorosa das lesões no doente oncológico de forma a estabelecer uma terapêutica o mais eficaz possível”. Hoje em dia, as técnicas terapêuticas são tão evoluídas que tentam ser curativas e não paliativas. Quanto mais cedo se diagnosticar, quanto mais cedo se previr, mais hipóteses haverá de cura. A Medicina Nuclear não é, de todo, uma medicina abrasiva ou que represente riscos para a saúde dos doentes. É uma medicina que ajuda de sobremaneira à resolução dos problemas, ao diagnóstico mais rigoroso e mais célere de algumas patologias. Até mesmo os atletas de alta competição, nomeadamente e mais frequentemente os jogadores de futebol, recorrem aos exames de Medicina Nuclear para diagnósticos mais aprofundados: “A fratura de fadiga é um problema grave para um atleta de alta competição já que produz dor mas não é detectada pela radiologia. Caso não seja tratada atempadamente tem consequências complicadas especialmente num desportista profissional. Assim, quando existe suspeita de fratura de fadiga, os atletas recorrem à Medicina Nuclear e conseguem ter uma terapêutica preventiva e curativa do seu problema específico”.
Medicina Nuclear: Investigação
Mensagem
Guilhermina Cantinho, Diretora Clínica da Atomedical, é perentória ao afirmar que a Medicina Nuclear será o grande futuro da investigação médica já que permite um estudo da função comparativamente à informação morfológica dos exames de radiologia. “O acréscimo é que vamos tendo, sobretudo nos positrões, uma imagem do nosso metabolismo in vivo e isso apresenta um avanço enorme em determinadas patologias”. E é precisamente esta a razão para ambos os nossos
O Nuclear não é negativo, o nuclear faz parte do nosso dia-a-dia e a Medicina Nuclear desempenha um papel preponderante no desenvolvimento da medicina. Desta forma, quando um clinico lhe prescrever um exame de Medicina Nuclear não se assuste, procure informar-se da melhor forma e com isto quero dizer junto do seu médico ou mesmo do laboratório onde irá efetuar esse mesmo exame. Com certeza todas as suas dúvidas serão dissipadas.
entrevistados considerarem a instalação de um ciclotrão em Lisboa de altíssima utilidade e urgência. O que permite a Medicina Nuclear é identificar lesões precocemente por vezes antes de provocarem sintomas ou de terem uma extensão tal que concione a sobrevida apesar da terapêutica. Em patologias onde existe uma constante corrida contra o tempo, como é o caso das doenças oncológicas, a Medicina Nuclear apresenta-se como uma solução bastante atrativa já que consegue diagnosticar mais cedo e, em alguns casos, antever o desenvolvimento que as células vão
RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL- CHINA
Potenciar relações SURGIDA HÁ CERCA DE 35 ANOS, A CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA LUSO CHINESA (CCIL- C ) FOI FUNDADA POR UM GRUPO DE EMPRESÁRIOS COM INTERESSES EM MACAU, NUMA ALTURA EM QUE SE DAVAM OS PRIMEIROS PASSOS NA INFRAESTRUTURAÇÃO DO TERRITÓRIO.
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pesar de contar com uma história de 35 a Câmara de Comércio e Indústria Luso Chinesa (CCIL-C) esteve, nos últimos anos, fora da cena mediática. As razões são diversas, mas a verdade é que este desaparecimento não de coadune com o paradigma atual. Se é verdade que a CCIL-C surgiu quando as relações bilaterais Portugal-China eram praticamente inexistentes, não menos verdade é que hoje a China se tornou num dos maiores players internacionais e um dos principais investidores no nosso país. Assim sendo, foi imperativo que a CCIL-C se reestruturasse e se reorganizasse no sentido de reanimar esta plataforma de interesses partilhados e garantir uma dimensão de bilateralidade que, até agora, não possuía. É neste contexto que surge Sérgio Martins Alves, Diretor Executivo da CCIL-C, para transformar esta CCIL-C estagnada, relativamente adormecida, numa plataforma de excelência para as relações entre Portugal e China. Mais do que isso, “entendemos que é necessário chamar à CCIL-C os empresários chineses e fazer com que estes também participem nas decisões deste organismo bilateral, elevando as empresas chinesas a membros dos órgãos de diretores desta entidade, criando a massa crítica que é necessária dos dois lados. É premente que a CCIL-C se torne membro ativo da cena mediática, política e empresarial e, para tal, assenta o relançamento da sua atividade em quatro pilares fundamentais.” Segundo nos adianta Sérgio Martins Alves, antes de mais é necessário proceder a uma reforma da estrutura administrativa, “garantido uma ampliação do leque de serviços técnicos prestados. Isto é conseguido através de parcerias de referência nas áreas jurídica, financeira, linguística, entre outras. Desta forma, a CCIL-C presta um apoio mais qualificado e técnico ao pequeno e médio empresário, em todas as áreas, à medida que se vai constituindo num fórum de referência para homens de negócio que pretendem abrir canais de contacto ao mais alto nível”. O segundo pilar é o óbvio, conferir a esta Câmara de Comércio e Industria a dimensão de bilateralidade para a qual foi fundada. “Para nós, esta bilateralidade só é conseguida trazendo chineses para a CCIL-C. Ao longo destes 35 anos, a CCIL-C foi dominada por um conjunto de empresas portuguesas, aquelas que facilmente se internacionalizam e têm maior dimensão e é necessário criar os mecanismos necessários para que as empresas chinesas partilhem as decisões deste organismo e possam, também elas, servir-se desta plataforma para melhor saberem abordar o mercado e as oportunidades que Portugal oferece”, refere Sérgio Martins Alves. O terceiro pilar fundamental para o desenvol-
vimento da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa é fazer com que, no contexto desta dinamização, a CCIL-C se transforme, não só nessa bateria de apoio técnico para o pequeno e médio empresário, mas também num excelente centro de networking para o grande empresário. “Neste cenário, gostaríamos que o administrador executivo de grandes grupos económicos conseguisse servir-se da CCILC para interagir ao mais alto nível empresarial e com os organismos oficiais da China. Neste momento, a CCIL-C já consegue criar esta dinâmica mas queremos melhora-la e incrementa-la, pois ainda tem muito espaço para crescer”, afirma o Diretor Executivo. Com a criação do Fórum Macau “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa “surgiu mais uma oportunidade para Portugal: a Trilateralidade. Portugal não pode, de maneira nenhuma, deixar de capitalizar o seu conhecimento e experiência em países como Angola e Brasil, aparecendo como parceiro de excelência para esta viagem dos chineses, mas também dos parceiros lusófonos à China. “É certo que a China tem interesses no Brasil e em Angola e Portugal tem que saber aproveitar as sinergias para se afirmar como interlocutor de referência. No entanto, é preciso começar a trabalhar nisto afincadamente sob pena de perdermos o comboio. Tanto o Brasil como Angola são já potências mundiais e podem muito bem atuar autonomamente no cenário da interação económica com a China e Portugal pode perder a capacidade de potencializar as suas mais-valias”. Para tal, a CCIL-C já começou a estruturar esta ação, trabalhando de uma forma muito estreita com as homólogas desses países e a ideia é criar eventos e missões empresariais em Angola e Brasil que permitam que Portugal se assuma como plataforma de contactos e de negócios. “A ideia é levar chineses ao Brasil e a Angola, pela nossa mão, e estes à China. Sermos nós, CCIL-C a assumirmo-nos como potenciadores de negócios e veiculo de contacto entre as três potências”, aponta o nosso entrevistado. Caminhando neste sentido, a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa poderá e deverá ser a plataforma de referência fora da esfera pública para o empresariado, quer pequeno, quer grande. “Temos que nos afirmar como um operador estratégico e aproveitar este mar de oportunidades que ligam Portugal à China, ao Brasil e a Angola. Se formos capazes disso, estaremos a cumprir a nossa missão”. A vontade existe, o plano está traçado e bem desenhado, juntando-lhe o engenho e arte dos portugueses, este projeto tem todos os ingredientes para ser um projeto de sucesso. Resta-nos acreditar que «O Homem sonha e a obra nasce»!
Sérgio Martins Alves, Diretor Executivo da CCIL-C
INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE
SUCESSO = Simples + Útil + Mais Barato É NA SIMPLICIDADE QUE MUITAS VEZES ENCONTRAMOS AQUILO QUE INCESSANTEMENTE PROCURAMOS, SEM NUNCA ENCONTRAR. POR VEZES ANDAMOS PERDIDOS NO MEIO DA TECNOLOGIA, ABSORVIDOS PELO DETALHE E NÃO VEMOS QUE É PRECISAMENTE NA SIMPLICIDADE QUE ENCONTRAMOS A RESPOSTA ÀS NOSSAS NECESSIDADES. A METALSINES REINVENTOU E, HOJE, O SEU NOME É FALADO NOS QUATRO CANTOS DO MUNDO. CONHEÇA A SUA HISTÓRIA E O SEU PRODUTO QUE PROMETE REVOLUCIONAR O MERCADO.
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Luís Silva Santos, Director Geral
Francisco Tavares Machado Presidente do Conselho de Administração
m entrevista ao País Positivo, Francisco Machado, Presidente do Conselho de Administração do grupo FTM, fala um pouco sobre o passado, presente e futuro da empresa que hoje lidera as notícias do mundo empresarial. Segundo nos apercebemos, a METALSINES faz parte do Grupo FTM, uma holding com atividades em diversas áreas, mas onde a metalomecânica desempenha um papel preponderante. “Centramo-nos essencialmente na Metalomecânica porque as nossas empresas em Sines têm uma dimensão considerável. Iniciamos a nossa atividade neste setor com a Compelmada Internacional, orientada para manutenção industrial e fabricação metálica ligeira e semipesada. No entanto, para darmos um passo nas construções metálicas acabamos por, em 2008, adquirir a METALSINES ao Banif”. A METALSINES era uma empresa com 30 anos de história ligada à fabricação de vagões mas que, por diversas vicissitudes, acabou por ser entregue ao Banif. Assim que o grupo FTM adquiriu a empresa, percebeu que o mercado ferroviário era quase inexistente: “Em Portugal, estávamos confinados a um só cliente e as exportações foram marcadas por pequenas e pontuais encomendas”, confessa Francisco Machado. Desta forma, a decisão foi de aproveitar as instalações da METALSINES para fazer metalomecânica pesada e semipesada e suspender a atividade da METALSINES durante dois anos. Apesar de tudo, Francisco Machado tinha a noção de que o setor ferroviário era o futuro e, como tal, nunca deixou de acreditar na METALSINES. Se por um lado surgiu a estagnação da metalomecânica, por outro surgiram as primeiras indicações de
aposta europeia no ferroviário e isso fez com que Francisco Machado orientasse o Gabinete de Projeto da METALSINES no sentido de desenvolver produtos que fossem simples, uteis e garantissem sucesso. A ideia surge de alguém que durante toda a vida esteve ligada aos comboios e, depois de ter sido amadurecida, desenvolvida e testada, a METALSINES fez dessa ideia o produto que irá revolucionar o mercado do ferroviário no mundo. Para melhor conhecermos o projeto em questão, entramos à conversa com Luís Silva Santos, Diretor Geral da METALSINES, que nos apresentou, ao vivo e a cores, o ECO PICKERS. O responsável da empresa garante que a aposta na inovação é uma constante e que “A empresa considera realmente que a inovação é o caminho para o futuro, dada a competitividade e o mercado global em que estamos inseridos”. Países como a China, a Índia e o Brasil apresentam uma economia de escala bastante superior e isso permite apresentar preços mais reduzidos, bem como uma mão-de-obra muitíssimo mais barata. Assim sendo, o Grupo onde a METALSINES está inserida, considera que a inovação é a chave, desenvolvendo produtos novos, desbloqueando a concorrência existente no mercado europeu face aos comuns vagões. “Estamos a acarinhar cada vez mais a inovação e o desenvolvimento, estamos a receber propostas de fora de pessoas que têm novas ideias para que consigamos desenvolver novos produtos. Todos esses produtos são patenteados e isso permite que nos consigamos salvaguardar durante 20 anos”, avança o Diretor Geral. Foi assim que se chegou ao produto que irá revolucionar o mercado, o ECO PICKERS. O projeto demo-
INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE
rou cerca de um ano a ser desenvolvido e, hoje, está pronto para ser apresentado ao mundo como uma das soluções mais eficazes para o transporte de mercadorias. O ECO PICKERS está, neste momento, em fase de homologação para que possa ser utilizado em qualquer ferrovia do mundo. Mas o que é o Eco Pickers? “O ECO PICKERS, como a palavra mesmo diz, Eco, pretende revolucionar as nossas estradas e logística, nossa e internacional, no sentido de retirar cada vez mais camiões das estradas. A Ecologia tem por base menor emissão de carbono, com a redução da pegada ecológica. Também o ciclo de vida do camião e peças constituintes será prolongado no tempo, por não fazer tantos quilómetros, durará mais tempo e não é necessário substituí-lo tão cedo. Tem por base também a segurança que permite que os camiões circulem menos horas e os motoristas tenham menos horas de condução. Tudo isso vai possibilitar que existam menos congestionamentos nas estradas. Finalmente, o Pickers significa que se pode “pegar” no camião em praticamente qualquer lugar, no limite, poderemos até carregar/descarregar numa passagem de nível”. Equacionando os quilómetros de ferrovia existentes no mundo e tendo em conta que existem países com milhares de quilómetros de via-férrea, o ECO PICKERS será uma aposta fundamental. A simplicidade é o fator de diferenciação desta inovação METALSINES, que prima sobretudo pela forma elementar do seu funcionamento, o que vai
permitir poupar o ambiente, as estradas, os veículos e aumentar a eficácia das operações logísticas já que o comboio poderá circular a 120 quilómetros por hora, o que não acontece quando o transporte é feito via terrestre. A simplicidade permite que o investimento inicial seja reduzido e que qualquer operador possa utilizar o ECO PICKERS, sendo a opção mais viável que existe no mercado. Económico na aquisição e na manutenção, graças à simplicidade do conceito que se assenta num sistema puramente mecânico. Em que tudo é standard, menos a ideia. Para o futuro, estão já pensados novos produtos que prometem complementar esta oferta. Para a METALSINES a aposta no desenvolvimento será uma constante. Quem no final beneficiará mais com este novo desenvolvimento, o ECO PICKERS, quer na solução “WHOLE” (trator+reboque) ou MULTI (só reboque) são os consumidores finais dos produtos transportados, pois pagarão um preço muito mais económico pelo transporte (reduzindo o preço dos bens), bem como todos os utilizadores das estradas, que verão o tráfego de camiões muito mais reduzido, minimizando-se os congestionamentos de tráfego e reduzindo-se a probabilidade de acidentes nelas. Em relação aos atuais concorrentes, dos produtos existentes já no mercado, o ECO PICKERS vem trazer a redução da “last mile delivery” reduzida significativamente e efetuando as entregas de uma forma muito mais eficiente.
Como funciona o ECO PICKERS? “O sistema é muito simples, de uma forma sucinta o Eco-Pickers divide-se em 3 partes, são 2 módulos de bogies que se vão acoplar a uma plataforma central em qua assenta o camião. Apenas tem que ter uma estação, onde se vai largar ou recolher o camião, que tenha o piso nivelado, com os carris embutidos no chão, para permitir que o camião possa circular sobre os carris. Quando o camião chega a uma estação, há um operador que vai desbloquear a segurança de cada vagão Eco-Pickers, em sequência e a locomotiva vai puxando a parte que se solta e permite que a plataforma desça ao nível do chão possibilitando a saída do camião e a vinda de um novo que entretanto quer entrar para circular para uma nova estação”. Um processo simples e que demora menos de um minuto por vagão, não colocando em causa os horários a cumprir pelo comboio.
EMPRESAS EXPORTADORAS
Na vanguarda da qualidade JOÃO FLEMING TORRINHA É O ROSTO DE UM CASO DE SUCESSO SUSTENTADO E ASSENTE EM PILARES DE DESENVOLVIMENTO BEM FUNDAMENTADOS. CONHEÇA A COPEFI E FIQUE A PAR DO QUE MELHOR EXISTE NO NOSSO PAÍS POSITIVO.
João Fleming Torrinha, General Manager da Copefi
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omos até Braga conhecer a Copefi, uma empresa fundada há quase 12 anos e que marca a diferença no setor da indústria automóvel. Foi João Fleming Torrinha, o mentor de todo este projeto, que fez as honras da casa e nos apresentou esta empresa que, apesar de ter sido pensada com base no empreendedorismo, foi estruturada para que fosse um projeto a longo prazo, com um ambicioso plano de negócio e um caminho pensado ao pormenor. No entanto, “a Copefi foi criada num momento complicado, em que se vivia um clima de instabilidade política nacional” com a saída do Governo de António Guterres -, uma instabilidade internacional constante e numa altura em que os bancos começavam a reduzir o crédito às empresas”, relembra João Fleming Torrinha. A Copefi, o empresário desde logo traçou um plano de ação que lhe permitiu escapar à estagnação vivida em Portugal desde essa altura e dar cartas no panorama internacional. A empresa focou-se, desde o início, em fornecer a indústria automóvel e tornar-se um interveniente ativo na cadeia de valor e distribuição. Assim, “temos vindo a dar passos importantes, mas temos um longo caminho a percorrer. Olho para estes 12 anos de trabalho e não vejo o fim de nada”. O caminho tem vindo a ser traçado desde o início mas um dos
Pão de Ló
Cafetaria
grandes passos para esta empresa, foi a instalação da unidade de produção na Roménia, acabando por conseguir dimensão e “conseguirmos intervir na Europa de uma forma integrada, criando sinergias”. Neste momento, a Copefi está a evoluir na cadeia de valor do produto e do serviço mas temos muito a fazer, “mas é este percurso que nos mantem ativos e nos faz ser mais dinâmicos”. Ao contrário do que se possa pensar, as unidades de Portugal e da Roménia não são concorrentes entre si, são sim complementares. “Enquanto Portugal tem alguma capacidade para intervir em mercados mais maduros da Europa, como a Alemanha, a França e a Espanha, a Roménia está mais próxima de outros países do Leste e mesmo da Rússia e da Turquia”, completando assim o circuito. Apesar de ter sido um projeto bem planeado, o empresário correu alguns riscos, nomeadamente com a abertura de uma unidade de produção na Roménia, internacionalizando a Copefi: “A internacionalização de uma PME portuguesa tem sempre riscos devido à limitação de recursos. Mas, estes sempre que possível deverão ser antecipados e previstos e nós tentamos reduzir esses mesmos riscos ao mínimo possível, protegemo-nos de eventuais rasteiras e conseguimos estruturar uma empresa que hoje é autónoma, tem bons resultados econó-
e s e i c i o l c e s D o n n co
micos e tem tido taxas de crescimento bastante positivas”. Portugal representa cerca de 10 por cento do volume total da faturação da Copefi, mas o nosso país é fundamental para atingir os mercados da Europa Ocidental e as zonas do Magreb. “Em Portugal acabamos por exportar cem por cento da produção, de uma forma direta e indireta, uma vez que vendemos a multinacionais que posteriormente exportam os nossos produtos”. A empresa fornece componentes, subconjuntos ou funções de diversas partes do carro. Desde mecanismos, que podem ser de admissão de combustível, abertura de porta, de travagem, entre outros, mas também produtos que fazem parte do interior do habitáculo e que as pessoas conseguem com mais facilidade identificar. “Estamos a falar de peças de segurança, de regulamentação, peças que obrigam a requisitos muito apertados. Qualidade? Aqui nem sequer se discute a qualidade pois isso é parte integrante do processo de fabrico. Mas não só no fabrico. “Existe uma noção de qualidade perante o cliente que não passa apenas pelo produto, mas também pelo serviço prestado. O que temos não são clientes, são parceiros de negócio. As fábricas estão certificadas com a ISO 9001, mas também com a ISO TS 16949 que é uma norma
Pão de Ló Tradicional Pão de Ló de Ovar Bolo Rei Tradicional Bolo Rei Escangalhado
Avenida da República, nrº 872 Loja 4 V. N. Gaia (Junto à Câmara Municipal)
específica da indústria automóvel, e também com a ISO 14001, norma ambiental e que nos obriga a ser mais eficientes.” Segundo João Fleming Torrinha, a indústria automóvel é um dos setores mais globalizados e aquilo que se vê, é que as taxas de crescimento anuais, continuam a ser importantes, embora de uma forma desequilibrada entre aquilo que ocorre nos países emergentes e naqueles que tradicionalmente produzem automóveis. “Prevejo que esta indústria continue a ter taxas de crescimento muito interessantes, e que inclusivamente Portugal poderá voltar a ganhar competitividade. A crise que Portugal está a atravessar, poderá ser uma alavanca para nos afirmarmos no panorama internacional, obrigando-nos a ser mais produtivos e eficientes”. No que diz respeito à Copefi, o empresário prevê um positivo desenvolvimento das empresas, nos próximos anos. “Existe capacidade e vontade em aumentar a produtividade e a eficiência, sendo isso extremamente importante para o aumento da nossa competitividade. Acredito que com aquilo que está a ser feito hoje, e em linha com o que foi efetuado nestes 11 anos, com o envolvimento e motivação de todos os colaboradores, iremos estar no mercado de uma forma muito activa”, finaliza o nosso entrevistado, João Fleming Torrinha.
VINHOS DE PORTUGAL
O caráter vínico do Douro
Tiago Alves de Sousa e Domingos Alves de Sousa
DAS SEIS QUINTAS SITUADAS NO DOURO VINHATEIRO PROPRIEDADE DA FAMÍLIA ALVES DE SOUSA SURGEM UMA MULTIPLICIDADE DE VINHOS COM UM CARÁTER MUITO PRÓPRIO.
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Alves de Sousa tem já uma longa tradição na vitivinicultura duriense. Tiago Alves de Sousa representa a quinta geração da família a quem cabe atualmente a direção da empresa, juntamente com o pai, o premiado produtor Domingos Alves de Sousa, que já conquistou por duas vezes o galardão Produtor do Ano. A história da família confunde-se com a da vitivinicultura duriense. “Até à terceira geração fomos um produtor tradicional do Douro, vinificávamos e vendíamos para outras empresas. No entanto, no início da década de 90, o setor passou por um período de alguma instabilidade em termos de preços e a família optou por alargar a sua atividade. A região duriense estava voltada para a produção de vinho do Porto e não se utilizava o excedente das vinhas que representava quase metade da produção. Nessa altura, a família começou a explorar o potencial das uvas para fazer não só vinhos do Porto, mas também vinhos do Douro, o que à época não era tradicional na região”, diz Tiago Alves de Sousa. “O caráter tão único que já surgia nos vinhos do Porto acabou por ser também encontrado no vinho do Douro”, acrescenta o enólogo. Atualmente a família tem seis quintas, todas localizadas na região do Douro, que totalizam cerca de 130 hectares de vinha onde são produzidas cerca de 30 marcas de vinhos, cada um deles com a sua essência. “A diversidade ecológica resultante do facto de termos seis quintas, cada uma com os seus diferentes terroirs e grande variedade de uvas, permite-nos ter uma gama bastante diversificada de vinhos com diferentes perfis. As especificidades de cada Quinta permitem obter vinhos de grande carácter e qualidade muito própria”, explica o enólogo. Ao longo dos anos a Alves de Sousa tem feito uma grande aposta no aumento e na renovação das vinhas. “A nossa filosofia de produção é sempre trabalhar a vinha durante todo o ano para depois atingirmos vinhos com a qualidade que pretendemos. É por este facto que as uvas utilizadas para fazer todos os nossos vinhos são de produção própria”, garante.
Atualmente, mais de 70 por cento da sua produção é destinada ao mercado externo, para cerca de 25 diferentes destinos, onde se incluem países europeus, bem como os Estados Unidos da América, Canadá e Brasil, sendo a Ásia um dos próximos mercados de comercialização. Para o próximo ano está prevista a construção de uma nova adega. “Para nós o trabalho na adega serve para potenciar a expressão da vinha. Já dispomos de todos os meios tecnológicos necessários. No entanto, a nova adega vai permitir gerir o tempo e o espaço de uma forma diferente”.
As seis Quintas A Quinta da Gaivosa e a do Vale da Raposa localizam-se em Santa Marta de Penaguião, numa zona de elevada altitude e com temperaturas mais amenas de onde saem vinhos bastante elegantes e equilibrados. As duas propriedades com maior volume de produção, a Quinta das Caldas e a da Estação, situam-se em Caldas de Moledo, próximo da Régua. Os vinhos brancos frescos são produzidos na Quinta da Aveleira, em Medrões, e o Vinho do Porto na Quinta da Oliveirinha, perto do Pinhão. “O Douro é uma região única. Num mesmo território é possível a produção de espumantes e dos melhores vinhos fortificados do país, vinhos tintos de grande carácter e vinhos brancos cada vez com maior qualidade”, realça. As portas das Quintas estão abertas para quem queira visitar os locais e conhecer as pessoas que estão por detrás da produção dos vinhos Alves de Sousa.
MUXAGAT VINHOS
Saborear o Douro Mux Branco
NOS VINHOS MUXAGATA SENTE - SE A TIPICIDADE VÍNICA DO DOURO.
As uvas são colhidas manualmente. Prensadas em prensa vertical, durante o período de estágio de 9 meses não são efetuadas trasfegas tentando respeitar ao máximo o carácter das uvas. Este vinho é produzido a partir de 7 parcelas diferentes com uma idade média de 30 anos na zona de Muxagata (Douro Superior). A fermentação é feita em pipos de carvalho francês e austríaco. O restante é feito em cubas de cimento.
Mux Tinto
Muxagat Xistos Altos
Mateus Nicolau de Almeida
O
projeto vitivinícola da Muxagat Vinhos surgiu em 2003 pelas mãos de Mateus Nicolau de Almeida e Eduardo Lopes. As vinhas, plantadas nas regiões da Meda e de Vila Nova de Foz Coa, encontram-se a uma altitude de 600 e 250 metros. Simultaneamente, mantêm desde o início, uma parceria com produtores locais, sendo destas parcelas que advêm as uvas com a complexidade característica das vinhas velhas. Com uma vinha em modo de produção biológico, a certificação estender-se-á à restante vinha. “Toda a vinificação é o mais natural possível. Na produção dos nossos vinhos procuramos um trabalho intenso na vinha, para passar a maior honestidade e veracidade para o vinho, e não mascará-lo. A própria natureza encarrega-se de contribuir para a essência do vinho. A nossa adega é em granito, o que é ótimo para a vinificação e a sua tipologia permite usar a gravidade
na transfega”, assegura Mateus Nicolau de Almeida. Existe igualmente nos vinhos Muxagat a preocupação em fazer vinhos para envelhecer. De França, onde estudou, Mateus Nicolau de Almeida trouxe a filosofia que assenta num trabalho de grande proximidade com a vinha. “Quanto maior a proximidade e a envolvência do produtor na conceção do vinho, mais facilmente consegue transmitir a sua ideia”, diz o enólogo. Metade da produção da Muxagat Vinhos é dedicada à exportação. Brasil, EUA, Canadá, Angola, França, Inglaterra, Bélgica, Luxemburgo e Suíça são os principais destinos. Para o ano, estão já previstos novos vinhos, sempre numa busca de interpretação do terroir da região e de passar essa essência para cada garrafa. “Com os nossos vinhos o consumidor, estando em qualquer outro lugar, consegue viajar até ao Douro, sentindo a tipicidade vínica desta região”, denota.
As uvas vêm de parcelas de vinhas a 500 m de altitude no Douro Superior. As uvas são esmagadas diretamente para uma prensa vertical onde é efetuada uma prensagem longa e suave. O mosto escorre então, por gravidade, para uma cuba de cimento subterrânea. No dia seguinte o mosto é trasfegado para um tonel oval de carvalho francês onde fermenta com leveduras indígenas. O estágio é feito no tonel durante 14 meses.
Este vinho é proveniente de duas parcelas. Uma a 250 m de altitude em Foz Côa virada a norte, outra a 550 m de altitude na Meda virada a sul. Durante o estágio não são efetuadas trasfegas para poder respeitar ao máximo o carácter das uvas. O vinho estagia em barricas durante 14 meses.
Muxagat Rosé Feito a partir da casta Touriga Nacional proveniente de uma parcela na Meda (Douro Superior), parte da sua fermentação é feita em barricas usadas de carvalho francês a 25ºC onde estagia durante 9 meses.
Muxagat Tinta Barroca Este vinho é feito a partir de uma parcela da Meda (Douro Superior) a 600 metros de altitude virada a norte em solos de transição do xisto para o granito.
VINHOS DE PORTUGAL
Um autêntico néctar dos deuses INTEGRADA NA REGIÃO DO DOURO SUPERIOR, NO CONCELHO DE VILA FLOR, A QUINTA HOLMINHOS DEIXA TRANSPARECER PARA OS SEUS VINHOS AS VIRTUDES NATURAIS DA SINGULARIDADE E DO MICROCLIMA PRÓPRIO DA REGIÃO, QUE LHES CONFEREM UMA PERSONALIDADE ÚNICA E INCONFUNDÍVEL.
A
Quinta Holminhos é uma empresa familiar que nasce e se desenvolve nos anos 90, partindo de uma longa tradição de exploração de produtos agrícolas. O registo da marca Holminhos acontece no ano de 2003 e o primeiro vinho é comercializado em meados de 2004. Nesta altura a empresa tinha apenas uma referência, Holminhos Tinto. A propriedade apresenta um total de 40 hectares , dos quais 12 são Vinha, localiza-se na freguesia de Seixo de Manhoses, Vila Flor em pleno Douro Superior. Favorecida pela singularidade e microclima próprio, cujas virtudes naturais conferem aos seus vinhos uma personalidade única e inconfundível. A vinha é plantada ao alto e em patamares, produzindo uvas de qualidade superior com predominância das castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, situa-se na região demarcada do Douro, aí onde se realiza uma perfeita simbiose entre a vocação vinhateira do homem e o abraço da terra com o xisto. As vinhas cumprem, ano após ano, a missão de fazer brotar uvas de características tão únicas e peculiares que tornam verdadeiramente especial o vinho da Quinta Holminhos. Um autêntico néctar dos deuses
Prémios
Nos últimos prémios dez anos a Quinta Holminhos foi galardoada com nove medalhas de prata e três de ouro, entre as quais:
PRATA: Prémios arrive 2008- medalha de
prata(85,95 pontos) ,pelo vinho Holminhos na categoria de Tinto. Prémios arrive 2008- medalha de prata(85,05 pontos) ,pelo vinho Holminhos Róse, na categoria de vinhos rosados. Prémios arrive 2009- medalha de prata ,pelo vinho Holminhos Reserva Branco. Prémios arrive 2010- medalha de prata, pelo vinho Holminhos Reserva Touriga Franca 2007.
Prémios Concurso Nacional de Vinhos Engarrafados 2007- medalha de prata,
Vitor Teixeira, produtor da Quinta Holminhos
para o mais exigente apreciador. “Um vinho que nasce de uma tão natural e perfeita alquimia, enche-nos a alma e o coração de orgulho e transforma o sentido das nossas vidas num desígnio e numa missão: elevar o seu sabor único, fazer pulsar o seu aroma frutado e a sua cor sublime”, diz Vitor Teixeira, produtor da Quinta Holminhos. No seu essencial a empresa produz vinho e azeite sendo que o produto com mais relevância na empresa é o vinho. “A empresa tem vindo a sofrer um processo de modernização tendo dado inicio à plantação de novas castas assim como respetivos meios de condução e exposição à alguns anos a esta parte , em simultâneo demos inicio à modernização das infraestruturas, quer em termos físicos, quer em equipamentos assim como implementação de HACCP e inicio de processo de certificação através da norma ISO 9001. Tudo isto é feito respeitando o nosso lema que é produzir com qualidade indo de encontro às necessidades e exigências do mercado e atingir ao máximo a satisfação dos nossos clientes”, garante. “Todo o processo de produção que para nós tem o seu inicio na poda das videiras e que se prolonga
até à sua chegada ao mercado como produto final designado pela marca HOLMINHOS DOC DOURO é por nós pensado e executado conforme regras internas predefinidas a fim de se obter o produto final desejado”, explica. O vinho Holminhos distingue-se dos demais pela sua singularidade, especificidade. É um vinho da Região Demarcada do Douro mas foge aos padrões tradicionais do vinho da Região sendo que é um vinho mais fácil de beber. Não sendo utilizados estágios em madeira exagerados, beneficia de uma exploração agrícola com produção própria e que está situada num local único com um micro clima próprio e único conseguindo com isso uma qualidade de uva de valor elevado. Os objetivos a curto prazo passam por ampliar a adega e construir uma wine house; a longo prazo prevê-se o desenvolvimento de um projeto de enoturismo.
pelo vinho Holminhos Tinto 2005. Prémios arrive 2007- medalha de prata(91 pontos), pelo vinho Holminhos Grande Reserva Touriga Nacional 2005. Prémios arrive 2010- medalha de prata, pelo vinho Holminhos Reserva Touriga Nacional 2008. Prémios arrive 2011- medalha de prata, pelo vinho Holminhos Reserva Touriga Nacional + Touriga Franca 2009.
Prémios concurso mundial de Bruxelas 2012- medalha de prata, pelo vinho Holminhos Reserva Touriga Franca 2007.
OURO : Prémios arrive 2010medalha de ouro, pelo vinho Holminhos Reserva Touriga Nacional 2008.
Prémios Concurso Mundial de Bruxelas 2012- medalha e ouro, pelo vinho Holminhos Tinto 2009
Prémios Concurso Mundial CINVE VALLADOLID_ 2012- meda-
lha e ouro, pelo vinho Holminhos Tinto Touriga Franca+Touriga Nacional 2009
VINHOS DE PORTUGAL
Adega Cooperativa de Mêda de novo em pleno funcionamento
DEPOIS DE UM PERÍODO CONTURBADO QUE LEVOU AO SEU ENCERRAMENTO, A ADEGA COOPERATIVA DE MÊDA ESTÁ NOVAMENTE EM FUNCIONAMENTO DOIS ANOS APÓS O SEU FECHO. EM ENTREVISTA, FERNANDO JESUS, O ATUAL PRESIDENTE DA DIREÇÃO, FALA DOS NOVOS PROJETOS PARA A ADEGA.
A
Adega Cooperativa de Mêda viu-se obrigada a fechar as suas portas. Estando novamente em funcionamento, qual é a sua atual situação? A adega foi fundada em 1956. Ao longo do seu mais de meio século de atividade a adega teve um bom desempenho, tendo tido produções elevadas, algumas das quais atingiram os 4.5 milhões de litros de total capacidade da adega. A adega sempre teve uma grande capacidade de feitura e de armazenamento, que se mantêm. Em primeiro lugar importa salientar a importância da adega para a economia da região. Porque não é só o capital que movimenta diretamente, mas também tudo o que gravita à volta da vitivinicultura, como são os fertilizantes, os fitofármacos e os empregos que tem potencialidade para criar e manter nesta região desfavorecida. Em segundo lugar é relevante clarificar a situação que esta direção encontrou aquando da tomada de posse. A adega encontrava-se numa situação financeira calamitosa, derivada de vários anos de políticas erradas, mas pior do que isso, era a falta de credibilidade da adega, quer junto dos seus parceiros económicos, quer junto da banca, quer junto das instituições que regem e regulamentam este setor. Esta má situação da adega levou a um fenómeno de evasão de licenças de vinhas para fora do concelho de Mêda, que se estima que tenha sido por volta dos 1200 hectares, que provocou um prejuízo de milhões de euros à economia local. Nessa fase difícil de recuperação contámos com o apoio da Câmara Municipal de Mêda e da Junta de Freguesia de Mêda, quer a nível logístico, quer a nível institucional, pois foi graças às diligências levadas a cabo por essas instituições que foi possível recuperar a credibilidade junto dos mercados e dos próprios associados e que permitiu reerguer esta grande instituição. Ainda derivado dessas diligências foi possível obter autorização junto do IVDP para a laboração
Fernando Jesus
de uvas vindas de fora da região demarcada do Douro, o que nos possibilitou fundar a Caves Terras de Mêda o que nos permite suprir a ausência dos milhares de hectares que despareceram dentro da região demarcada do Douro. Neste momento os cerca de 300 sócios que estão no ativo acreditam no projeto que estamos a desenvolver e estão todos unidos para defender a continuidade da atividade da Adega Cooperativa de Mêda. Todos entendemos a importância desta cooperativa, uma vez que sem a manutenção desta adega aberta, a agricultura de Mêda está comprometida. Por outro lado, os vinhos desta região são muito procurados. São vinhos que são do agrado do consumidor. Temos uma grande diversidade de castas que nos permite fazer vinhos do Porto, vinhos tranquilos DOC e de mesa da Região Demarcada do Douro, e vinhos tranquilos com rótulo da Beira Interior. Temos a trabalhar connosco dois enólogos de renome, Joaquim Anacleto e José Pinheiro.
Sob que diretrizes tem sido desenvolvida a atividade da adega? Neste momento estamos à procura de um parceiro que faça a distribuição dos vinhos da Mêda, nomeadamente na zona do Porto e em Lisboa. No momento os vinhos apenas se encontram disponíveis nos supermercados da localidade e na loja da Adega. Ao nível da exportação estamos a fazer alguns contactos. A Adega Cooperativa de Mêda faz parte da Superdouro, um conjunto de cinco adegas que se reuniram para fazer um agrupamento de cooperativas. É através desta estrutura que vamos desenvolver o projeto de internacionalização que já teve início este ano, tendo as adegas já disponibilizado uma parte da sua produção para a exportação. Que projetos se perspetivam para a adega? Fizemos uma candidatura ao PRODER que foi aprovada e que prevê a recuperação de um edifício
pertencente à adega onde em tempos funcionou a linha de engarrafamento. O nosso objetivo para este espaço é torná-lo funcional para a venda, não só de vinho, mas também de outros produtos da região, como a amêndoa, o azeite e o mel. Dentro desta candidatura ao PRODER está ainda incluída a aquisição de mais duas cubas de fermentação de menor capacidade, com a perspetiva de virmos a fazer vinhos DOC diferenciados. Outro dos projetos diz respeito à produção do espumante da Mêda, uma vez que temos uvas que permitem a sua realização. Fora da produção vínica da Região Demarcada do Douro, vamos lançar em janeiro o vinho Aromas de Mêda. De resto, pretendemos continuar a produzir vinhos de alta qualidade. Perspetivo para a Adega um crescimento sustentado, pois só assim podemos criar mais-valias não só para a estrutura interna da Adega, como também para a própria região, onde o vinho tem um peso significativo na sua atividade económica.
Os vinhos Angoreta Branco - Cor citrina. Aroma fino a citrinos e frutos tropicais. Na boca é seco e delicado, com uma acidez que lhe confere vida e frescura por algum tempo. Angoreta Tinto - Cor vermelha vivo. Aroma a frutos vermelhos e algum floral. Na boca é redondo com taninos suaves e um final com alguma classe. Mêdalta Rosé - Aparência cristalina e de cor rosada. Aroma fino e delicado. Paladar leve e frutado. Fraga Ruiva Tawny (10 anos)- Cor acastanhada, aroma intenso a café, frutos secos e especiarias, rico e aveludado. Fraga Ruiva Ruby - Cor rubi, vinho cheio, rico e frutado. Fraga Ruiva White - Cor branco dourado. Leve, suave e frutado.
VINHOS DE PORTUGAL
Espumantes para os momentos especiais da vida, desfrutados com bom gosto QUINTA DO ENCONTRO É UMA MARCA ATUAL E SOFISTICADA DE VINHOS DE MUITA QUALIDADE, COM PERSONALIDADE FORTE E UMA PROFUNDA ORIGINALIDADE, DIFERENTES DO ESTILO DOS VINHOS CLÁSSICOS DA REGIÃO DA BAIRRADA, TANTO NO PERFIL, COMO NA IMAGEM, DE “ADEGA DESIGN”.
S
ituada em S. Lourenço do Bairro, Anadia e com degustação com os vinhos da adega, adequados ao gosto de uma tradição na produção que remonta a 1930, cada consumidor. Com marcação prévia, o visitante poderá a nova adega surge de uma perspetiva diferente ainda usufruir de uma refeição com o tradicional leitão da e inovadora de fazer e comunicar os vinhos da região. Imperdível! região. Em 2000, com a entrada da Dão Sul para o projeto, Este espaço convida todos a entrarem na cultura vitivinícola inicia-se a reestruturação de 10 dos 20 hectares de vinha de uma forma elegante, atenta aos detalhes e onde cada que compõem a propriedade e em 2005 inaugura-se a conspasso está associado à divulgação de um dos produtos mais trução de uma “adega design”, que não só tem como objetivo carismáticos e mais apreciados a nível global – o vinho. o aumento da capacidade de vinificação de vinhos com Numa perspetiva de experimentação permanente e apostanum perfil diferenciador, mas também do no estilo jovem que caracteriza a estabelecer um contacto mais direto marca, a Quinta do Encontro lança com o consumidor, através da criação agora uma linha de espumantes com de um espaço de Enoturismo. um perfil versátil e cosmopolita, que Inserida numa paisagem serena, São Lourenço do Bairro tanto são ideais para consumo em 3780-907 Anadia dominada pelas vinhas e tendo como festas e convívios, como complemenwww.daosul.com fundo as Serras do Caramulo e Buçatam a gastronomia de excelência. co, o seu interior conta com um espaOs espumantes QdoE encontram-se ço gastronómico, loja, salas de convívio e um circuito delinedesde Novembro no mercado, nas versões branco, tinto e ado para uma visita personalizada à adega. O espaço permite rosé. Apostam nas castas tradicionais portuguesas, nomeassim ao visitante estabelecer um contacto com as várias adamente na Touriga Nacional para o tinto e rosé e Baga, fases do processo produtivo, desde a vinha até à prova. Bical e Arinto para o branco. São espumantes com caracteA arquitetura do edifício é inspirada nos objetos e formas rísticas profundamente atrativas e que estão a obter enorme ligados à produção e consumo do vinho. A forma cilíndrica recetividade por parte do consumidor: frutados, frescos, e as cores da adega relacionam-se diretamente com as barpersistentes, equilibrados, de bolha fina, terminando numa ricas de estágio dos vinhos. O interior apresenta um espaço mousse cativante. O principal objetivo é o de transportar o de decoração intimista e é caracterizado pela inexistência de melhor das suas raízes para um mundo de contemplação e escadas, sendo o acesso aos quatro pisos feito por intermévalorização de diversos momentos de consumo. dio de uma rampa, com origem na forma de um saca-rolhas. Acima de tudo, esta linha de espumantes associa-se à culNo restaurante descobrimos pratos com uma ligação perfeita tura e aos bons e especiais momentos da vida, desfrutados entre a gastronomia regional e a vanguardista e menus de com bom gosto.
VINHOS DE PORTUGAL
Um vale, uma pa A
Quinta da Terrincha está localizada na Região Demarcada do Douro e estende-se por mais de 300 hectares, em pleno Vale da Vilariça, no concelho de Torre de Moncorvo, qualificado como um dos vales agrícolas mais férteis de toda a Europa. A história Quinta da Terrincha remonta ao longínquo século XVIII. Nessa altura, era uma propriedade uma das famílias mais importantes da região do Alto Douro e Beira Alta, os famosos Condes de Pinhel. Em meados da década de 90, a Quinta foi adquirida pela família Seixas Pinto e permanece nesta família até aos dias de hoje. Fruto da paixão e do esforço contínuo da família Seixas Pinto, a Quinta da Terrincha atualmente destaca-se como uma das mais importantes
unidades agrícolas do Norte de Portugal. A premiar o esforço desenvolvido, foi com satisfação que a família Seixas Pinto viu atribuída, em 2011, a designação de D.O.C. ao azeite produzido na Quinta da Terrincha, premiando a qualidade das azeitonas e rigorosos critérios na produção do azeite, pois contam-se pelos dedos os produtores nacionais a quem foi também atribuída esta designação, e ainda a medalha de prata atribuída em 2012 ao vinho Quinta da Terrincha branco. No reforço da produção vinícola, a família Seixas Pinto investiu na construção de uma moderna adega que, no entanto, fruto do aumento exponencial na produção dos vinhos produzidos pela Quinta, está já projetada a sua ampliação.
Saborear produtos regionais de qualidade No restaurante Canto da Terrincha, localizado
António Pinto – Fotografias
A QUINTA DA TERRINCHA SITUASE EM PLENO VALE DA VILARIÇA E PROLONGA- SE AO LONGO DE 300 HECTARES. NUMA PERFEITA SIMBIOSE COM A NATUREZA, A PROPRIEDADE DISPÕE DE UMA UNIDADE DE TURISMO RURAL E DE UM RESTAURANTE. PARALELAMENTE, A QUINTA DA TERRINCHA TEM UMA COMPONENTE DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA QUE SE ESTENDE PELOS SEUS 50 HECTARES DE VINHA E 80 DE OLIVAL.
VINHOS DE PORTUGAL
paixão!
OS PRODUTOS DA QUINTA Enologia: Pedro Ribeiro
Nos 300 hectares da Quinta da Terrincha produzem-se vinhos, azeites, vinagres e queijos de elevada qualidade.
António Pinto – Fotografias
Turismo rural
dentro do perímetro da Quinta da Terrincha, procura-se o bem receber. Como refere a D. Odete a matriarca da família, o cliente é acima de tudo um amigo da família. No restaurante poderá apreciar a típica e reconhecida comida transmontana, como a posta, o cabrito assado, o polvo, tudo confecionado de forma caseira e utilizando os produtos produzidos pela própria Quinta. No restaurante o cliente poderá adquirir as maravilhosas compotas, confecionadas de forma artesanal e com a fruta produzidas pela Quinta, certificada como de origem biológica. O restaurante poderá ser reservado para festas e eventos.
SEJA BEM-VINDO À QUINTA DA TERRINCHA. Para mais informações, por favor, consulte www.quintadaterrincha.pt
Na verdade, a Quinta da Terrincha não é apenas uma importante unidade de produção agrícola. Do sonho dos herdeiros da família Seixas Pinto nasceu um projecto de Enoturismo e Agroturismo. Da simbiose entre o conforto e a tradição foram recuperadas as antigas casas dos trabalhadores da Quinta. Atualmente, os visitantes poderão desfrutar do conforto das oito moradias de tipologias T1 e T2, totalmente equipadas com cozinha e ar-condicionado, algumas dispondo ainda de uma lareira tradicional. Na Quinta poderá desfrutar da tranquilidade enquanto contempla as magníficas vistas sobre o Vale da Vilariça, considerado um dos locais mais magníficos da região do alto Douro vinhateiro. Destinado ao lazer, a Quinta dispõe de uma piscina, um parque infantil, cavalos, charrete, motos 4 e mota de água. Organiza ainda passeios pedestres, de moto 4 e de bicicletas até à montanha. “Em curso está a reconstrução das restantes casas de turismo rural que estão dentro da propriedade. No início do próximo ano teremos também já em funcionamento um bar que estará aberto
Marina Seixas Pinto
durante todo o ano”, avança Marina Seixas Pinto. A Quinta permite ainda que os seus hóspedes assistam e que tomem parte na produção do vinho e do azeite, desde a sua colheita até ao produto final.
QUINTA DA TERRINCHA VINHO BRANCO DOC DOURO Proveniente de vinha com altitude superior a 500 m, o seu aroma é complexo e intenso a frutos tropicais e notas florais. Na boca, revela um elevado volume, mas com enorme frescura. O final é longo mostrando o seu potencial de envelhecimento.
QUINTA DA TERRINCHA ROSÉ DOC DOURO O aroma complexo a morangos e notas florais, revela-se fresco e intenso, com final longo.
CAVES DA TERRINCHA DOC DOURO Com um aroma a frutos vermelhos e compota, na boca este vinho revela os seus taninos elegantes, um sabor fresco e intenso, com final longo.
AZEITES PORTUGUESES
A essência que distingue os azeites de Vila Flor A COOPERATIVA DOS OLIVICULTORES DE VILA FLOR E ANSIÃES FOI CRIADA EM 1999 E, DESDE ENTÃO, TEM APOSTADO NA PRODUÇÃO DE UM AZEITE DE QUALIDADE SUPERIOR. EM ENTREVISTA, HÉLDER TEIXEIRA, PRESIDENTE DA DIREÇÃO, FALOU DA ATIVIDADE DESENVOLVIDA E DOS PROJETOS QUE SE PERSPETIVAM PARA O FUTURO DA COOPERATIVA.
O
que distingue o azeite de Vila Flor? Aquilo que distingue são, principalmente, as suas variedades. Temos cinco variedades regionais, a cordovil, madural, verdial, transmontana e cobrançosa. Tendo em conta o sítio onde são exploradas, as encostas do Doro, do Sabor e do Tua, temos um terroir diferente que, juntamente com a tecnologia, permite-nos ter azeites que facilmente se distinguem dos outros. Com a ajuda dos meios tecnológicos retiramos o azeite da azeitona, nós não fazemos azeite. Quem o faz é a natureza. Quanto mais perfeito for o azeite que vem da natureza e mais perfeita for a forma como o retiramos, melhor ele é. O azeite de Vila Flor é único. A natureza, as variedades e a alimentação da planta fazem um azeite que só existe aqui. Os azeites de produtor são diferentes todos os anos, porque estamos dependentes de fatores naturais. Não há manipulação, não há jogo de laboratório que vá condicionar o produto. O sabor dos nossos azeites distingue-se claramente dos azeites industrializados em que existe um padrão. Estamos no mercado com marcas próprias, a Douro Superior e a Bioflor, de azeite biológico. Produzimos também as marcas dos olivicultores.
A Cooperativa tem procurado o desenvolvimento de novos produtos? Começamos há cerca de quatro anos a fazer azeites aromatizados e condimentados, por exemplo, com algas, louro, alho, um especial para saladas e com ervas aromáticas. Estamos a desenvolver novos produtos à base de patés, de pastas de azeitona. Nestes projetos trabalhamos em parceria com institutos universitários, como por exemplo, o Instituto Politécnico de Bragança no desenvolvimento de produtos, Instituto Politécnico de Leiria no projeto de aromatização, com o Instituto de Agronomia de Lisboa, onde os nossos azeites são analisados e ainda com a UTAD. Que projetos futuros se perspetivam para a Cooperativa? Neste momento temos como grande objetivo continuar o processo de internacionalização. Neste momento já exportamos para França, Luxemburgo, Bélgica, Alemanhã e Brasil. Estamos à procura de parceiros que partilhem da nossa visão.
O nosso objetivo é valorização do nosso azeite e da região, que os consumidores que apreciem o nosso azeite tenham acesso a ele em qualquer parte do mundo. Vamos continuar igualmente a promover a
formação dos nossos olivicultores. Temos cerca 850 sócios, a maioria dos quais a trabalhar em minifúndio. O mercado está cada vez mais conhecedor e exigente e a nossa preocupação é fazer azeites cada vez melhores.
GRANITOS DO NORTE
Duas décadas a evoluir A GRANITOS DO NORTE CONTA COM MAIS DE DUAS DÉCADAS DE EXPERIÊNCIA NO SETOR DO GRANITO. EM ENTREVISTA, AGOSTINHO COUTO, O SEU PROPRIETÁRIO, FALOU DO CAMINHO PERCORRIDO PELA EMPRESA E DO ATUAL PANORAMA DO SETOR EM PORTUGAL.
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Agostinho Couto, proprietário da Granito do Norte
oi pelas mãos de Agostinho Couto que em 1990 foi fundada a Granitos do Norte. Consigo, Agostinho Couto já trazia o conhecimento e a experiência no setor das pedreiras. Hoje, mais de duas décadas volvidas, a empresa assume-se como uma referência no setor. Uma empresa moderna, bem equipada e com uma mão-de-obra qualificada. Especialista na extração, transformação e comercialização de granito, a Granitos do Norte oferece soluções completas e personalizadas. Os seus produtos abrangem uma multiplicidade de usos: mobiliário urbano, interior e exterior; cantarias; religioso; esculturas e monumentos; pavimentação; gravações; muros e terraplanagens. Agostinho Couto recorda os tempos de início da atividade e os esforços feitos desde então que permitiram colocar a Granitos do Norte no patamar de qualidade que atualmente lhe é reconhecido, nacional e internacionalmente. Parta da sua produção é destinada ao mercado externo, nomeadamente para a Europa e para os Estados Unidos da América. Agostinho Couto é um exemplo de empreendedorismo. Ao longo dos seus vinte anos de atividade, a Granitos do Norte tem trilhado o seu caminho tendo como objetivos a qualidade e a inovação. Empresário destemido, é o dinamismo que Agostinho Couto tem imprimido à Granitos do Norte, mesmo perante a atual conjuntura socioeconómica, que tem contribuído para o seu crescimento e desenvolvimento. “Sempre apostei muito na inovação e na aquisição dos melhores equipamentos para a fábrica e é esse o caminho que vamos continuar a seguir. Não podemos deixar que a crise nos faça parar”, afirma. Por outro lado, a gestão da empresa sempre esteve assente num desenvolvimento sustentável e num investimento com capitais próprios. Assumindo um importante papel socioeconómico na região onde se insere, a Granitos do Norte emprega cerca de 50 funcionários - uma mão-de-
-obra especializada, capacitada para responder aos desafios que se impõem à atividade. As instalações fabris, construídas de raiz em Favões, Marco de Canaveses, foram criadas para dar as melhores condições de trabalho às quais se associam preocupações ambientais. A empresa detém duas unidades de extração: uma de granito cinzento, em Favões, e outra de granito amarelo, em Mondim de Basto.
Setor da pedra em Portugal Agostinho Couto é perentório a identificar as atuais problemáticas que se impõem ao setor da pedra. “Há muitas empresas no setor da pedra, mas nem todas caminham no sentido da evolução”, denota. Acreditando que a união fará a força entre as empresas ligadas ao setor da pedra, Agostinho Couto afirma: “é preciso que haja união entre as empresas do setor e entre empresários portugueses para levar o granito português mais longe”. O empresário dá como um exemplo a seguir aquilo que se verifica no setor do calçado português, cuja qualidade é hoje em dia internacionalmente reconhecida. Para tal, Agostinho Couto considera ser importante a presença em feiras. Recentemente, a Granitos do Norte, integrando uma missão empresarial, participou numa feira do setor realizada no Qatar. “É preciso estar atento às necessidades do mercado e procurar novos destinos de exportação. As feiras são bons lugares para fazer contactos e mostrar a qualidade do nosso granito”, destaca, afirmando que o investimento em eventos deste cariz traz retorno para o negócio. Agostinho Couto deixa o repto: “Os empresários não se podem retrair, é preciso caminhar no sentido do crescimento e da evolução constantes. Numa altura como esta, é importante apostar nas feiras internacionais e na criação de sinergias, estabelecendo parcerias entre empresas de menor e de maior dimensão, que tragam benefícios para ambas as partes”.
EQUID’OR PORTUGAL
O segredo de um espaço singular dedicado à equitação ENVOLTO NA NATUREZA, O CENTRO EQUESTRE EQUID’OR É UM ESPAÇO SINGULAR DEDICADO À PRÁTICA DESPORTIVA E AO ENSINO DA EQUITAÇÃO.
Rui D’Orey
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Vila Boa do Bispo, no Marco de Canaveses, há um espaço que reúne todas as condições para a prática de hipismo ao mesmo tempo que permite uma perfeita evasão e o contacto com a natureza. O Centro Equestre Equid’Or dispersa-se por oito hectares, inteiramente voltados para o hipismo. O espaço compreende 36 boxes, paddocks individuais, um picadeiro coberto e um campo de saltos. Os cavalos dispõem de todas as condições necessárias ao seu bem-estar. Os cavaleiros que venham a este espaço têm ao seu dispor cinco suites, bem como alojamento para os tratadores, garagem para camiões de transporte dos animais. Toda a infraestrutura logística de apoio para a organização de eventos hípicos está igualmente
assegurada. Para além da vertente desportiva, o Equid’Or abrange a valência do ensino da equitação. Paralelamente, está previsto o desenvolvimento de um projeto de hipoterapia, “dando às crianças com necessidades educativas especiais a possibilidade de usufruírem dos benefícios comprovados que o contacto com os cavalos proporciona para o seu desenvolvimento”, diz Rui d’Orey, proprietário do centro equestre. Num ambiente de envolvência de natureza, o Equid’Or oferece ainda a possibilidade da realização de passeios equestres. Brevemente, a propriedade será também um espaço de agroturismo. “Este projeto pretende complementar a vertente hípica já existente.
Estarão disponíveis 24 quartos, com acesso a piscina, sauna, ginásio e quadra de tenis”, avança Rui D’Orey.
Novo hotel junto ao Tâmega Rui d’Orey deu a noticia de que caso haja autorização das entidades competentes, pretende promover a construção de uma unidade hoteleira num terreno junto ao Rio Tâmega, com uma capacidade de cerca de 40 quartos. A localização priviligiada desta unidade permitirá desenvolver bastante o turismo neste concelho, aproveitando as sinergias já existentes, como a marina fluvial recentemente construida pela Câmara Municipal, usufruindo assim os hóspedes comodamente do rio para a prática de desportos naúticos.