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GUIA DO ALGARVE

Algarve: por que cinco milhões de turistas não podem estar errados... UM

PÉRIPLO PELA ENVOLVENTE REGIÃO DO ALGARVE EQUIVALE A UM MERGULHO NUM ENIGMÁTICO MUNDO DE SONHO E DE PRAZER. CHEGADO O VERÃO, AQUELE QUE É JÁ POR UMA LARGA MAIORIA CONSIDERADO O SEGREDO MAIS FAMOSO DA EUROPA OFERECE AS MELHORES EXPERIÊNCIAS.

Batata-doce, feijão, grão. Por entre pinhais e matagais,

Cachopo - Stª. Catarina Fte. Bispo; Stª. Catarina Fte.

subimos por encostas de casinhas brancas, entramos

Bispo – Tavira.

em pequenas igrejas e museus locais. Encantam-nos as

Pelo Nordeste Interior: Este percurso leva-nos pelo

gentes e os seus testemunhos.

interior do Algarve, do Algarve mais nordeste. Dá-nos

Troços recomendados - Budens - Vila do Bispo; Vila

a descobrir uma natureza genuína e pura, expressa

do Bispo – Sagres; Sagres – Cabo de São Vicente; Cabo

na paisagem, nos costumes e nas suas gentes. Sob o

de São Vicente – Carrapateira; Carrapateira – Aljezur;

signo da água descobrimos engenhos, entramos num

diversidade da oferta turística da região é

O património construído é outro ponto de paragem

Aljezur – Odeceixe.

mundo de grandes e pequenas barragens e muitas e

apresentada pelo País Positivo através de um menu que

obrigatória. A arquitectura das casas caiadas, com

Do Barrocal à Serra: Um percurso por entre

grandiosas ribeiras. E em cada recanto deliciosas formas

inclui natureza, sol e mar, golfe, cultura, património,

platibandas coloridas e chaminés de beleza inigualável,

rosmaninhos, tomilhos, estevas, alfarrobeiras e sobreiros,

de estar, na quietude e no silêncio em que a azinheira

gastronomia e vinhos e um extraordinário leque de

os campanários das igrejas e os museus, que revelam

convivendo com a hospitalidade das gentes, á volta do

acompanha o recente pinheiro e o resto são matos. Os

eventos que prometem animar o Verão e proporcionar

excertos dos antepassados do povo algarvio, contribuem

pão de alfarroba ou rolão, do medronho e do chouriço.

modos de ser do mundo rural podem ser recordados

imagens memoráveis. Descubra os encantos de um dos

para a singularidade deste destino.

Admiramos as artes e ofícios locais, testemunhos de um

em diversos Núcleos Museológicos, mas é ao vivo que

melhores destinos mundiais de sol e praia, um excelente

Recomenda-se também a prática de desporto ao ar

saber antigo. Cestos e tapetes de palmeira-anã, cintos e

percorremos as ruas de terra batida, provamos o pão e

território para a prática do desporto e aventura e uma

livre, seja nos campos de golfe verdejantes, nas infra-

malas em couro, peças em cobre, ferro, latão ou barro,

os enchidos, descansamos num poial e trocamos dois

referência já obrigatória para os amantes do golfe.

estruturas que a região oferece para a actividade física,

com trapos, linho ou algodão. Vamos á descoberta de

dedos de conversa. E se apreciamos os testemunhos

na costa ou nos montes algarvios, que depois dos

castelos e muralhas, desde os celtas aos árabes, fontes

dum rico património arqueo-metalúrgico e natural, este

rigores do Inverno, e ainda antes dos primeiros sinais

de águas cristalinas que antes moveram moinhos e

é o roteiro certo.

Para onde quer que as atenções se virem, as cores da

primaveris, vestem-se de um branco róseo, devido às

azenhas, igrejas de inspiração árabe ou da renasçença

Troços recomendados - Odeleite – Vaqueiros; Vaqueiros

serra e do mar estão sempre presentes, numa aguarela

amendoeiras em flor que salpicam o horizonte.

e período barroco.

– Martinlongo; Martinlongo – Giões; Giões - Fonte

em que ressaltam pontos dourados, verdes e azuis. A

O retrato de um Algarve que espera por si, todo o ano.

Troços recomendados - Loulé – Salir; Salir – São

Zambujo;

Bartolomeu de Messines; São Bartolomeu de Messines

Pelo Vale do Guadiana: Sob o signo do grande rio do

– Paderne.

Sul vamos de Castro Marim até Afonso Vicente. Lado

Um passeio a pé pelo emaranhado de ruas, vielas

Pela Serra de Monchique: Neste percurso pela Serra

a lado com o Rio Guadiana, deambulamos por entre

e escadinhas do interior algarvio é a melhor forma

de Monchique, a “Sintra do Algarve”, os cenários

salinas, sapais, montes e vales, barragens, ribeiras e

de conhecer esta zona da região. Perca-se ainda na

são de água e vegetação luxuriante. Fontes e ribeiras

ancoradouros. Numa paisagem em que o rio assoma

vastidão da orla litoral, tendo como fundo as mais

descobrem-se a cada recanto, num jogo de sombra e

a cada curva, a flora e a fauna reafirmam que se está

belas praias da Europa, onde se avistam os recortes dos

luz por entre pinheiros, medronheiros e castanheiros.

bem por ali. São as praias fluviais, as artes da pesca, os

rochedos e as facécias das sombras que eles deixam

Redescobrimos as termas e descansamos junto a

ensopados de enguias, a apetitosa lampreia. O rio está

no areal.

árvores seculares. Sabe bem um piquenique em família,

por perto e sempre amigo. São sinais de labuta simples,

Depois dos encantos da paisagem, os aromas e sabores

abrigados num verde florido, escutando os sons da água

a cestaria em cana, as rendas de bilros, as miniaturas

da cozinha tradicional algarvia. Cardápio confeccionado

que se misturam com o canto das aves. Deliciamo-nos

em madeira.

com peixe e marisco, caso da caldeirada de peixe ou

com os sabores da serra e da terra: enchidos, mel e

Troços recomendado - Castro Marim - Foz de Odeleite;

da cataplana de amêijoas, ou com toda a tradição da

medronho.

Foz de Odeleite - Afonso Vicente.

comida serrana, como os cozidos de grão e de couve.

Troços recomendados - Caldas de Monchique –

O elenco das ofertas passa também pelas afamadas

Alferce; Alferce – Monchique; Monchique – Fóia; Fóia

A

PAISAGEM, AROMAS, SABORES E SABERES

região é extensa e simpática, com clima mediterrânico, marcada pelos odores da maresia e das flores silvestres.

ROTEIROS E PERCURSOS

VIVA O ALGARVE EM TODA A PLENITUDE

delícias regionais, representadas pelo figo, amêndoa,

Percursos

– Marmelete.

Sol e Praia

alfarroba e pela aguardente de medronho, destilada nas

Percorremos as Rotas do Infante D. Henrique entre

Pela Serra do Caldeirão: Ao entrarmos na Serra do

Algumas das mais bonitas e acolhedoras praias do

zonas da serra em velhos alambiques cobreados.

arribas, falésias, dunas, areais sem fim e um imenso

Caldeirão, entramos também no “outro” Algarve, o das

mundo estão no Algarve. E por isso, todos os anos,

Atravessar o Algarve, erguido entre locais de elevado

mar. É “o fim do mundo” no coração do Parque Natural

gentes genuínas, das artes tradicionais, da excelente

milhares de turistas as procuram. Trata-se de um

interesse

e

do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Talvez se

gastronomia. A paisagem muda a sua cor à medida

património natural que tem vindo a ser aproveitado de

ecossistemas, é caminhar por séculos de tradição, ainda

observe alguma águia, ou lince, lontra ou outros mais.

que prosseguimos o passeio. O verde das florestas de

forma sustentada, dando origem a espaços de qualidade

hoje intacta. O artesanato que os artífices algarvios

Menires enigmáticos, fortes a lembrarem corsários e

eucalipto, sobreiro e pinheiro dá lugar aos campos

aptos a responder a diferentes necessidades. Praias para

habilmente manufacturam, recorrendo a técnicas

piratas, castelos de reis e princesas. Miradouros com o

cultivados de trigo e cevada. Por entre os montes

todos os gostos, na sua maioria reconhecidas com a

ancestrais, manifesta-se na olaria, cestaria, nas peças de

Atlântico ao longe num horizonte sem fim. E o vento

ouvem-se ribeiras correndo. Aqui e ali contactamos com

chancela europeia da “Bandeira Azul”. Ao longo de

cobre, latão e nos trabalhos de linho e de juta.

por companhia. Descemos a praias rebeldes, enseadas

as gentes nos labores diários: um tirador de cortiça, um

cerca de 200 quilómetros, a costa algarvia divide-se

A dois passos da tranquilidade do interior, as animadas

tranquilas, porto de pesca tradicionais, ribeiras e mais

pastor, um moleiro, uma mulher a trabalhar no tear,

em enseadas, falésias, grutas, praias rochosas e amplos

noites algarvias. Bares, discotecas, marinas e casinos

ribeiras. Em todos os lugares o sabor a mar. Perceves,

nas hortas.

areais. As praias do Algarve constituem, assim, a escolha

asseguram a diversão dos mais foliões.

cataplanas, muito peixe e marisco. E o gosto da terra.

Troços recomendados - São Brás de Alportel – Cachopo;

ideal para umas férias revigorantes.

ecológico,

/Junho

ricos

em

biodiversidade

da

Costa

Vicentina

a

Monchique:

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GUIA DO ALGARVE Negócios e Lazer

marisqueiros do sul – convida a uma observação mais

Longe do rebuliço dos meses de Verão, há um Algarve

atenta durante agradáveis passeios pedestres.

sossegado, propício à concentração, à realização de

Longe das extensas praias e das arribas abruptas, o verde

encontros de negócios e de incentivos. Num ambiente

garrido mistura-se com as tonalidades castanhas da terra

aconchegante, com instalações munidas do conforto

na vasta extensão do Barrocal, que abre as portas de

necessário às exigentes reuniões entre profissionais,

outro Algarve aos visitantes, coberto de laranjais e de

o Algarve é já uma referência neste segmento. Ao

pomares de figo, alfarroba e amêndoa.

beneficiar de boas ligações aéreas e terrestres a outros

E também aqui há trilhos por desbravar. Léguas de

pontos do mundo, assim como de uma vasta oferta

paisagens de características geológicas especiais – xisto

hoteleira de quatro e cinco estrelas, este destino tem

e rocha aparentada ao granito – para serem desfrutadas

vindo a assumir-se como a capital do turismo de

na calmaria da serra, entre amigos ou em família.

negócios no Sul de Portugal.

Boa Vida

shoppings, passando pelos diversos eventos culturais,

Natureza e Paisagem

Simultaneamente cosmopolita e rústico, o Algarve

a qualidade é garantida e certamente vai proporcionar

Um dos melhores destinos de Golfe da Europa, o

A diversidade da Natureza é, definitivamente, uma das

pode ser vivido de modos mais serenos ou agitados,

momentos inesquecíveis. Para aqueles que procuram

Algarve é hoje considerado um produto de elite para os

maiores riquezas do Algarve. Facilmente o visitante

consoante os gostos e disposições. Os apreciadores de

formas de lazer mais tranquilas, a escolha pode alternar

praticantes da modalidade. O clima ameno, com mais

pode movimentar-se nas diferentes nuances de um

ambientes mais alegres, encontram na vida nocturna

entre a sofisticação dos centros de Talassoterapia e

de trezentos dias de sol por ano, permite que a época de

mesmo mundo. Do litoral à serra algarvia, há toda uma

algarvia as últimas tendências musicais e hot spots

SPA’s, a salutar estância termal ou a paz das quintas

golfe se estenda por vários meses, trazendo aos campos

diversidade possível de explorar de formas, também

que são autênticos lugares de culto. Por todo o lado,

de relaxamento. Durante o ano inteiro, as praias, as

do Algarve jogadores de todo o mundo. A excelência

elas, diferentes. Na orla costeira, um sistema ecológico

esplanadas, discotecas, marinas, casinos, bares ou

reservas naturais, as aldeias tipícas, os campos de golf,

da oferta algarvia é ainda enriquecida por espécies

de espantosa biodiversidade – desde aves autóctones,

restaurantes exibem ambientes arrojados capazes de

os castelos e as fortalezas apresentam-se em todo o seu

arbóreas, vegetação,greens, tees e o silêncio do espaço,

com ninhos entufados, aos moluscos e crustáceos

satisfazer os mais variados gostos. Durante o dia a

esplendor. De dia ou de noite, pode fazer quase de tudo

só rompido pelo som das tacadas. Irresistível!

que representam a principal fonte de rendimento dos

oferta também se multiplica. Dos parques temáticos aos

ou, se preferir, não fazer absolutamente nada.

Golfe

Desporto e Aventura Não é preciso esperar pelo Verão para vir ao Algarve praticar actividades desportivas e de Natureza! Em toda a região há excelentes condições para que, ao longo do ano, se possa interagir com o meio ambiente, através da prática desportiva, na atmosfera saudável e inebriante do Algarve. Seja à beira-mar, no Barrocal ou na serra pitoresca, o Algarve reúne condições geográficas que possibilitam a prática de um leque enorme de actividades aquáticas, terrestres e aéreas, umas mais lúdicas outras mais aventureiras, outras ainda mais radicais.

A NÃO PERDER EM JUNHO E JULHO LAGOA JAZZ 2014

EXPOSIÇÃO DE PINTURA DE JOÃO MOTA GOMES

XXIX FEIRA DE ARTESANATO E ETNOGRAFIA DE

SUPERBIKE FIM WORLD CHAMPIONSHIP

Data: 5 a 7 junho, com presenças de Pianobatuque e

Natural de Lisboa (1957), viveu no concelho de Cascais

ALCOUTIM

O maior evento de motociclismo do ano em Portugal: o

Torunski Brothers, Thierry Eliez e Marta Hugon

até se mudar para Albufeira há cerca de 20 anos.

Data: 7 e 8 junho

eni FIM Campeonato do Mundo de Superbike.

Local: Sítio das Fontes – Estômbar

Data: Até 30 junho

Local: ALCOUTIM – Praia Fluvial do Pego Fundo

Data: 4 a 6 julho

Mais informações: www.lagoajazzfest.com

Local: ALBUFEIRA – Galeria de Arte Pintor Samora

Org.: Associação “A Moira” e Câmara Municipal de

Local: PORTIMÃO – Autódromo Internacional do

Barros

Alcoutim

Algarve

DANCE WORLD CUP

Horário: De segunda a sábado – Das 9h30 às 12h30 e

Mais informações: www.cm-alcoutim.pt

Mais informações: www.autodromodoalgarve.com

Concurso de dança onde participam crianças e jovens

das 13h30 às 17h30. Encerra domingos e feriados. FARO FUN ZONE

ARABIAN DAYS – 2ª EDIÇÃO

países.

INTERNATIONAL GT OPEN

Poderá assistir à transmissão de todos os jogos em direto

Durante cinco dias de julho a “Vila Adentro”, em Faro,

Data: 29 de junho a 5 de julho

Com a presença das míticas marcas, Ferrari, Porsche,

da maior competição de Futebol do mundo e participar

será transformada numa Feira Mourisca.

Local: LAGOA – Centro de Congressos do Arade

Mercedes, Audi, Mclaren, Aston Martin e outras.

em inúmeras atividades.

Data: 2 a 6 julho

Mais informações: www.dwcworld.com

Data: 6 a 8 junho

Data: 6 junho a 20 julho

Local: FARO – Vila Adentro

Local: PORTIMÃO – Autódromo Internacional do

Local: FARO – Jardim Manuel Bivar

FOMe – FESTIVAL DE OBJETOS E MARIONETAS

Algarve

Org.: Câmara Municipal de Faro e AMBIFARO –

FESTIVAL DA SARDINHA

A 2ª edição do FOMe – Festival de Objetos e

Mais

Agência para o Desenvolvimento Económico de Faro

Data: 28 de julho a 17 de agosto

Marionetas

autodromodoalgarve.com

Mais informações: www.cm-faro.pt

Local: PORTIMÃO – Zona Ribeirinha

Local: FARO – Teatro Lethes e SÃO BRÁS DE ALPORTEL

ALGARVE BEER FEST

ANSELMO RALPH

– Cineteatro São Brás

Data: 26 a 29 junho

Data: 26 julho

III FESTIVAL DE MEDRONHO & XVII FEIRA DO

Mais informações: www.actateatro.org.pt

Local: ALBUFEIRA – Praça dos Pescadores

Local: PORTIMÃO – Portimão Arena

PRESUNTO TRADICIONAL

Bilhetes à venda: na bilheteira do Teatro Lethes –

Horário: Das 17h00 às 24h00

Horário: 22h30

Data: 25 a 27 julho

1h30m antes do início dos espetáculos em www.

Org.: Câmara Municipal de Albufeira

Preço: Plateia – 20€ / Bancadas – 25€

Local: MONCHIQUE

bilheteiraonline.pt, FNAC, CTT e Worten.

Mais informações: www.cm-albufeira.pt

Org.: Audioveloso

Mais informações: www.cm-monchique.pt

entre os 4 e os 25 anos de idade provenientes de 20

informações:

www.gtopen.net

|

www.

Data: 9 a 15 junho

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Mais informações: www.cm-portimao.pt

/Junho


GUIA DO ALGARVE

O Algarve espera por si! DESIDÉRIO SILVA, PRESIDENTE DA REGIÃO DE TURISMO DO ALGARVE, EM DISCURSO DIRETO. tem entre nós os melhores campos da Europa, sendo por isso um ótimo desafio para os golfistas que nos escolham para férias. Para provar que a palavra desporto não é exclusiva ao golfe, a região oferece ainda condições para a prática de atividades tão diferentes quanto o parapente ou a espeleologia, o surf ou o mergulho. Se tudo isto não for ainda suficiente, podemos sempre completar o programa com um forte calendário de eventos e os espaços de animação noturna que de uma ponta à outra da região agitam as noites estivais. Espero que tenha ficado claro que o Algarve é, sim, mais do que praias sublimes. Ele tem-nas, mas também tem muito mais para ser um fenómeno turístico. A REGIÃO DO ALGARVE É, ATUALMENTE, UM DOS DESTINOS MAIS PROCURADOS POR TURISTAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS. QUE POLÍTICAS E PROJETOS FORAM IMPLEMENTADOS AO LONGO DOS ÚLTIMOS ANOS NO SENTIDO DE POTENCIAR OS RESULTADOS E INDICADORES ATUAIS?

DESIDÉRIO SILVA Presidente da Região de Turismo do Algarve

DESIDÉRIO SILVA ACONSELHA

Posso servir de cicerone aos leitores numa breve visita àquele Algarve longe das multidões e que aguarda quem quer aproveitar o tempo no meio de monumentos, natureza, história, espaços de animação e mesas à beira-mar com comida tradicional. Pois bem, esta experiência alternativa de férias começa nos parques temáticos (Zoomarine, Parque Zoológico de Lagos, Krazy World e Parque Aventura), com programas divertidos para as crianças, entre animais, árvores, insufláveis e até uma praia de ondas interior rodeada de areia fina – é a novidade do Zoomarine para este ano. Podemos depois deslocar-nos até aos Centros de Ciência Viva de Faro, Tavira e Lagos onde as ciências são apresentadas de forma estimulante e interativa através da observação e da experimentação. Saliento a «câmara obscura» do centro de Tavira, que permite ver toda a cidade, usando o princípio ótico que está na base da fotografia. Vamos agora para uns ambientes aquáticos muito apetecíveis – os escorregas. O Aquashow, o Slide & Splash ou o Aqualand the Big One são boas alternativas para todos se refrescarem nos dias quentes do verão algarvio. Outra forma de fintar o calor é escolher espaços frescos abrigados do sol, como os museus. O Algarve tem vários, mas o Museu de Portimão e o do trajo de São Brás de Alportel são incontornáveis. Dos museus, para os faróis. Subir ao alto da torre de um farol é uma experiência emocionante para o tempo

/Junho

livre. Os faróis do cabo de São Vicente, da Ponta da Piedade, de Alfanzina, da Ponta do Altar, de Santa Maria e de Vila Real de Santo António são as nossas torres luminosas que podem ser percorridas gratuitamente pelos turistas e pelos curiosos do mundo da navegação costeira. Mas porque o Algarve é também um mundo natural que pede uma descoberta atenta, o próximo roteiro é um passeio a pé ou em BTT pela natureza. Já temos rotas bem organizadas para o efeito (a Rota Vicentina ou a Via Algarviana) que são servidas por dois parques naturais (Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina e Parque Natural da Ria Formosa), uma reserva natural e muitas áreas naturais de interesse turístico. Porque ainda estamos na natureza, aproveito para referir o birdwatching. Para os entusiastas da ornitologia, existe todo um território preparado para esta prática de observar aves a olho nu ou com telescópio: além das áreas protegidas, temos ainda dez zonas reconhecidas internacionalmente pela sua importância para aves, as Important Bird Areas. Por esta altura já teremos fome, certamente, portanto aconselho a parar nos nossos restaurantes para provar as iguarias locais, do peixe do litoral à perdiz estufada do interior, não esquecendo os doces finos, os bons vinhos regionais e a aguardente de medronho no fim da refeição. Neste itinerário que já vai longo acrescento o incontornável golfe. Ainda que os meses preferenciais para dar tacadas sejam março e outubro, esta modalidade

Tantos foram (e são) os projetos que é tarefa árdua enumerá-los. Até porque, repare, estamos a falar de iniciativas não só públicas, como também privadas. De qualquer forma, parece-me que o nosso esforço na estruturação de novos produtos é uma das estratégias que merece ser referida. É sabido que o Sol e Mar é o principal produto turístico do Algarve: foi sobretudo ele que ajudou a gerar 8,7 milhões de dormidas entre junho e setembro de 2013, num total anual de 14,8 milhões na região. Ora, isto significa que mais de metade das dormidas na hotelaria algarvia ficaram concentradas em quatro meses, os da nossa época alta. Mas ainda temos seis milhões de dormidas dispersas no ano. A pergunta que nós podemos fazer é a seguinte: o que motivou essas pessoas a procurarem o Algarve, que não o Sol e Mar? Certamente a beleza paisagística da região, a gastronomia, o património, a cultura, o golfe, a natureza, a animação. E é precisamente aqui que queria chegar. A Região de Turismo tem apostado na divulgação e estruturação desta oferta, em parceria com outras entidades e

empresas, de forma a aumentar as dormidas e receitas durante os meses de menor fluxo turístico. Os resultados deste trabalho começam a fazer-se sentir, ainda que tenhamos de leválo adiante para continuarmos a melhorar a nossa performance. Bem, e para esses resultados muito contribuiu também a promoção interna e externa do Algarve – tarefa que repartimos com a Associação Turismo do Algarve –, que leva o nome da região além das fronteiras regionais e nacionais, atraindo mais visitantes. Por outro lado, o esforço na captação de mais rotas aéreas para o destino e de mais companhias, que não apenas as low cost, tem sido essencial para reequilibrarmos as operações áreas, que são as maiores responsáveis pela deslocação de pessoas para a região. Sabia que no ano passado o aeroporto de Faro movimentou seis milhões de passageiros? A tudo isto acrescem ainda as medidas de apoio ao setor na região implementadas pelo próprio Governo. Recordo, por exemplo, o plano de combate à sazonalidade no Algarve, anunciado no início de 2013 pelo Turismo de Portugal e que atuou ao nível da acessibilidade aérea e da tour operação no destino. EM QUE MEDIDA TEM O TURISMO CONTRIBUÍDO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIAL DA REGIÃO?

Já é lugar-comum dizer que o turismo é o motor da economia regional algarvia (mas de facto é) e que o setor tem papel ativo no atenuar da pobreza, na criação de emprego e na harmonia social (mas de facto tem). E tanto assim é que em 2003 foi precisamente esse o tema do Dia Mundial do Turismo, por todos celebrado. No Algarve, bastará referir que o setor dos serviços emprega mais de 70 por cento da população, pelo que nos adianta um estudo sobre a caracterização da estrutura económica da região, promovido pelo NERA. É uma percentagem elevada quando comparada com a dos outros setores de atividade…

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GUIA DO ALGARVE

Albufeira: A capital algarvia da cultura ALBUFEIRA

TEM JÁ UMA LONGA TRADIÇAO NA PROMOÇÃO DE EVENTOS CULTURAIS DE

GRANDE RELEVO.

O PAÍS POSITIVO

DÁ-LHE A CONHECER ALGUNS DELES, PROMOVENDO E

ANTECIPANDO MAIS UM

VERÃO ANIMADO E DE QUALIDADE.

O Verão de 2014 volta a trazer aos palcos do munícipio de Albufeira alguns eventos que mostram bem a importância deste concelho no panorama algarvio, sendo já procurado por milhares de pessoas nos meses de Junho, Julho e Agosto. Pronto para conhecer os de maior relevo? ALGARVE BEER FEEST

O Algarve Beer Feest decorrerá nos próximos dias 26 a 29 de Junho na famosa Praça dos Pescadores, em Albufeira, claro está. Tal como na primeira edição, este evento terá a presença mais de 40 marcas de cerveja artenal de sete países - Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda, Alemanha, Grécia e Inglaterra. Mas a cerveja, apesar de rainha, não é a única coisa que se pode encontrar o Algarve Beer Feest. Poderá contar com gastronomia temática e animação variada, podendo apreciar boa cerveja e usufruir de um fantástico ambiente, proporcionado pelo espaço e pela animação. E porquê a cerveja artesanal? Porque esta desafia o paladar dos amantes deste néctar. A cerveja artesanal é feita através de um método pilsen industrial a que estamos habituados.Seguindo os caminhos traçados pelos produtores de cerveja artesanal americanos (craft brewers), um pouco por todo o mundo o culto da produção artesanal de cerveja está em grande expansão, com uma grande diversidade de estilos. Não perca mais este grande evento promovido pela Câmara Municipal de Albufeira e brinde ao Verão!

degustar os maravilhosos doces algarvios, o queijo, o mel e os enchidos típicos. DIA DO MUNICÍPIO

No dia 20 de Agosto celebra-se o Dia do Município, em Albufeira. Neste dia emblemático para o concelho, os turistas e residentes poderão usufruir de algumas atividades distintas, como a Cerimónia do Hastear da Bandeira no edifício da Câmara Municipal, a Guarda de Honra feita pelos Bombeiros Voluntários de Albufeira e a Fanfarra, complementadas com atividades culturais e desportivas. À noite poderá contar com um espetáculo de música e fogo de artifício.

FESTIVAL AL-BUHERA

Tem início, a 29 de Julho mais uma edição do Festival Al-Buher, um festival que faz já parte do roteiro cultural e turístico da cidade. Mais de cem artesão irão participar na Mostra de Artesanato para que turistas e residentes possam tomar consciência do que melhor se faz nesta terra de encantos. No entanto, e como não poderia deixar de ser, a gastronomia regional marcará presença e poderá

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/Junho


Ciclum/XXXIV/Jun14

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AÇORES 2014

Açores: Na rota do desenvolvimento A REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES TEM-SE AFIRMADO, NO PANORAMA NACIONAL E INTERNACIONAL, COMO UMA EXCELENTE PLATAFORMA DE DESENVOLVIMENTO, APOSTANDO NAS SUAS CARACTERÍSTICAS E NAS SUAS CARACTERÍSTICAS. A COMPROVAR, VASCO CORDEIRO, PRESIDENTE DO GOVERNO DOS AÇORES ASSUME UM CARGO DE DESTAQUE PARA O DESENVOLVIMENTO DAS REGIÕES.

privados, já efetuados e projetados para o futuro, constituem um sinal de confiança na economia regional e no desenvolvimento dos Açores. Só a empresa NOS, irá criar, nos Açores, mais de 35 postos de trabalho, alicerçados num investimento de cerca de oito milhões de euros. A julgar por estes indicadores, os Açores irão estar, a breve trecho, posicionados nos lugares cimeiros no que diz respeito ao desenvolvimento e à atração de investimento. AGRICULTURA NUNCA ESQUECIDA

Para quem conhece os Açores, o verde dos pastos é uma constante e as explorações agrícolas abundam. Assim, a aposta na agricultura é prioritária e, sobre isso, Vasco Cordeiro aproveita para agradecer e dar os parabéns a todos aqueles que apostam neste setor, destanca o excelente aproveitamento dos fundos comunitários para este fim.

VASCO CORDEIRO Presidente do Governo dos Açores

V

asco Cordeiro, Presidente do Governo dos Açores, foi recentemente nomeado responsável pelo parecer a ser apresentado à Comissão Europeia sobre o crescimento e emprego no setor do Turismo Costeiro e Marítimo. A nomeação do Presidente do Governo dos Açores decorreu em Bruxelas e representa um passo em frente naquilo que é a afirmação e a presença dos Açores na Europa, permitindo a influência do Comité das Regiões sobre uma iniciativa europeia que terá impacto nos Açores. Para Vasco Cordeiro, a matéria que está em causa tem muito interesse para o Arquipélago já que coloca em destaque as potencialidades e condições da própria Região, colocando os Açores como referência ao nível do turimo de mar, potenciando o emprego e a criação de riqueza. A nova estratégia europeia para o Turismo Costeiro e Marítimo propõe diversas ações

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O Presidente do Governo dos Açores revela que o aproveitamento dos dinheiros europeus reforça a capacidade produtiva da região e permite uma maior diversificação agrícola. Foi no dia 27 de maio que Vasco Cordeirto deixou um reconhecimento público a todos aqueles que tiveram a capacidade de aproveitar os fundos comunitários e que todos os dias se esforçam para que a agricultura, nos Açores, seja, a cada dia que passa, mais e melhor. No entanto, relembra que ainda muito existe para fazer e o que o próximo quadro comunitário, que se esgota em 2020, irá permitir maior sustentabilidade e competitividade ao setor agrícola da região. Para tal, os agricultores têm estado reunidos com os responsáveis governamentais para criar sinergias que sejam promotoras de boas práticas e permitam identificar prioridades no domínio da agricultura e do investimento.

e medidas para que a União Europeia, mas também os Estados, as Regiões e as empresas, possam reforçar a posição do setor como motor da chamada ‘economia azul’. A estratégia para o Turismo Costeiro e Marítimo foi proposta em fevereiro último e enquadra-se na Política da União Europeia, para aproveitamento do mar e da costa como eixo estruturante para o desenvolvimento dos países. O parecer do Presidente do Governo dos Açores será analisado e, posteriormente, votado no seio da Comissão de Recursos Naturais do Comité das Regiões que irá reunir em Ponta Delgada, no dia 5 de junho, e será apresentado para deliberação no final do mês de outubro. PRIVADOS APOSTAM NOS AÇORES

A aposta dos privados nos Açores tem sido muita e isso dá sinais claros de confiança a todos os envolvidos na gestão do Arquipélago. Segundo Vasco Cordeiro, os investimentos

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AÇORES 2014

Açores: Oportunidades únicas esperam os investidores ENTREVISTA A SANDRO PAIM, PRESIDENTE DA CÂMARA DE COMÉRCIO DE ANGRA DO HEROÍSMO. pesca, produtos tradicionais ou energias renováveis. Geoestrategicamente estamos situados numa posição privilegiada, entre a Europa e os Estados Unidos, conferindo, também, oportunidades únicas em termos logísticos. Ao nível de Associados, a CCAH tem perto de 900 empresas. A maioria, cerca de 60 por cento, está ligada ao setor de comércio e serviços, 22 por cento turismo, 11 por cento construção e oito por cento indústria. SANDRO PAIM, Pres. Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo

ANTES DE MAIS, IMPORTA CONTEXTUALIZAR

A CÂMARA DO COMÉRCIO DE ANGRA DO HEROÍSMO.

A Câmara do Comércio de Angra do Heroísmo é a Associação Empresarial das Ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa, representando as empresas e empresários daquelas três Ilhas dos Açores. Em 2002, comemorámos os 150 anos de existência, tendo sido condecorados pelo Presidente da República com o título de “Membro Honorário da Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial”. QUAL É, CONCRETAMENTE, A MISSÃO DA CCAH E QUAIS OS PRINCIPAIS OBJETIVOS DESTA CÂMARA DE COMÉRCIO?

A nossa Missão é acompanhar o mercado de trabalho, clima institucional e económico, numa perspetiva de defesa intransigente dos interesses comuns ao tecido empresarial que representamos, bem como promover iniciativas e atividades suscetíveis de contribuir para a competitividade das empresas locais. Para isso adequámos uma série de serviços às empresas locais, desde apoio jurídico, de incentivos, ao nível da comunicação e eventos, a ações de formação e consultoria. Procuramos contribuir para a qualificação das empresas, promovendo a responsabilidade, o profissionalismo e a competência, ao mesmo tempo que estimulamos a iniciativa, a flexibilidade e a produtividade das empresas. HOJE, COMO CARACTERIZARIA O TECIDO EMPRESARIAL AÇORIANO, POR UM LADO, E, POR OUTRO, O DE ANGRA DO HEROÍSMO?

A Região distingue-se pelas características únicas ao nível dos recursos naturais. Estas conferem grandes oportunidades, nomeadamente nos setores do turismo sustentável, agroalimentar,

/Junho

A BASE DAS LAJES TEM SIDO NOTÍCIA UM POUCO POR TODO O MUNDO, DEPOIS DE OS EUA ANUNCIAREM A REDUÇÃO DOS SEUS EFETIVOS NESTE LOCAL. ESTA É UMA QUESTÃO DE FUNDO PARA A CCAH?

Para nós, o fundamental é encontraremse alternativas urgentes para a mais que provável redução de efetivos na Base militar. A contribuição americana para a economia da Ilha tem diminuído gradualmente ao longo dos últimos anos, mas já andou à volta dos 90 milhões de euros, cerca de 13% do PIB da Ilha e de 3% do PIB da Região. Ou seja, estamos a falar de várias dezenas de empresas cujo principal contratante é a base área americana, e que vão deixar de exercer a sua atividade em pleno. Mais: estamos a falar na perda de 600 postos de trabalho indiretos, a juntar aos 400 diretamente afetados pela redução.

VINDO A GANHAR DESTAQUE INTERNACIONAL. DE QUE FORMA SE PODE FAZER O APROVEITOMENTO DESTA ESTRATÉGICA GEOGRÁFICA E TRANSFORMAR OS AÇORES NUM POLO ESTRATÉGICO, PARA PORTUGAL, A EUROPA E O MUNDO?

A nossa posição estratégica tem sido aproveitada desde o século XV, primeiro por via marítima, e depois por via aérea. Neste momento, o potencial endógeno da economia da Região está reprimido por um sistema logístico que se vem revelado incapaz de responder aos novos requisitos dos agentes económicos locais, bem como de se integrar nas modernas redes de distribuição nacionais e internacionais, e com isso permitir um novo patamar de desenvolvimento. Por isso, desenvolvemos o Plano Açores Logístico para aumentar a competitividade Logística da Região. O QUE É E EM QUE CONSISTE O PLANO AÇORES LOGÍSTICO E QUAIS AS MAIS-VALIAS PARA O ARQUIPÉLAGO?

O Plano prevê diversas alterações no modelo logístico atual da Região, quer inter-ilhas, quer com o exterior, que vão no sentido de aumentar a sua eficiência nas 3 vertentes: marítimo, aéreo e logístico. Pretende-se, numa primeira fase, um melhor aproveitamento da capacidade de carga nos transportes marítimos e aéreos, aumentando a taxa de utilização e frequências nas ligações entre a Região e o Continente originando maior articulação de carga entre rotas, marítima e aérea. Numa segunda fase, caminhar para uma alteração no sistema pendular de transporte de carga entre o Norte da América e a Europa, para um sistema hub-and-spoke nos Açores, reduzindo o tempo de ligação entre os portos da Europa com os da América Latina e Costa Leste dos EUA. Este projeto deve ser complementar à estratégia nacional Marítimo-portuária apresentada pelo Governo da República até 2020.

HÁ QUEM DEFENDA QUE A REDUÇÃO DOS EFETIVOS NA BASE DAS LAJES TEM IMPACTO A NÍVEL REGIONAL, NACIONAL E EUROPEIA. QUAIS AS ALTERNATIVAS EM CIMA DA MESA E DE QUE FORMA SE PODERÁ CHEGAR A UM CONCENSO?

Em simultâneo com os esforços políticos que têm vindo a ser desenvolvidos no âmbito da cooperação entre Portugal e os Estados Unidos, na nossa perspetiva, temos dois cenários num futuro próximo. Ou continuamos a reagir tentando adiar o inevitável, atrasando de alguma forma o despedimento direto, mas com a continuação do desinvestimento com impactos no emprego indireto e nas empresas prestadoras de serviços. Ou podemos criar de imediato uma comissão para trabalhar num dossier alternativo que tenha em consideração uma perspetiva competitiva de retorno para a comunidade dos investimentos já efetuados no local e o desenvolvimento de um plano articulado que considere os diversos interesses na zona e a integração de outros planos estratégicos para os Açores, para a Ilha Terceira e para a Praia da Vitória. OS AÇORES ESTÃO ESTRATÉGICAMENTE POSICIONADOS, ENTRE UMA EUROPA QUE SE QUER AFIRMAR E UM CONTINENTE QUE TEM

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AÇORES 2014

Imagina a sua vida sem enfermeiros? A SECÇÃO REGIONAL DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES (SRRAA) DA ORDEM DOS ENFERMEIROS (OE) É UM PARCEIRO SOCIAL DE REFERÊNCIA A NÍVEL REGIONAL E, AO LONGO DOS TEMPOS, TEM DEMONSTRADO A IMPORTÂNCIA DOS ENFERMEIROS PARA UM SISTEMA DE SAÚDE DE QUALIDADE.

ao longo do seu ciclo vital. Para além da prestação de cuidados gerais temos seis áreas de especialidade com competências definidas e regulamentadas que importa potenciar. O papel e as funções a assumir pelos enfermeiros enquadram-se nos diferentes níveis da prestação de cuidados: primário, secundário ou terciário e nos mais diversos contextos. Para além disto, juntando a nossa relação de proximidade com os utentes, quer com outros profissionais, somos os profissionais mais competentes para o planeamento, conceção, organização, gestão, definição de políticas e estratégias de saúde, para além, claro está, da prestação de cuidados de saúde com qualidade e segurança à população. No fundo os enfermeiros personificam a saúde.

TIAGO LOPES, Presidente da SRRAA da OE

A POPULAÇÃO EM GERAL JÁ RECONHECE A IMPORTÂNCIA DE UM ENFERMEIRO PARA CUIDADOS DE SAÚDE DE QUALIDADE?

E

m entrevista ao País Positivo, Tiago Lopes, presidente da Secção Regional da Região Autónoma dos Açores (SRRAA) da Ordem dos Enfermeiros (OE), fala sobre o passado, o presente e o futuro desta Secção, em geral, e dos enfermeiros, em particular. A SECÇÃO REGIONAL DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES (SRRAA) DA ORDEM DOS ENFERMEIROS (OE) É UM ORGÃO DE RELEVO NO PARANORAMA REGIONAL. NESTE MOMENTO, COMO CARACTERIZARIA A SRRAA OE?

A nossa missão consiste em garantir uma Enfermagem com evidência de valor para a sociedade e para os enfermeiros através de mecanismos de regulação efetivos que promovam práticas inovadoras e adequadas às necessidades em saúde atuais, bem como a rentabilização das competências no exercício profissional e o reconhecimento económico, social e político do contributo da profissão, alicerçada numa prática autónoma de cuidados seguros e de qualidade. QUAL O PLANO DE AÇÃO DEFINIDO PELA SRRAA OE, NO MANDATO QUE DECORRE?

O plano de ação para este mandato assenta em cinco pilares: aproximar a SRRAA OE

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dos enfermeiros e dos cidadãos; modernizar a estrutura interna; promover a visibilidade, valor social e importância da Enfermagem; garantir a segurança e a qualidade dos cuidados através da efetiva regulação do exercício profissional; intervir na qualificação e promover o desenvolvimento profissional. É um plano arrojado que poderá encetar uma mudança do atual paradigma do sistema de saúde, médicocêntrico e hospitalocêntrico, que contratualiza serviços centrados na doença e na atividade curativa por oposição à promoção e proteção da saúde e cuja performance cada vez mais parece depender do poder curativo do dinheiro numa visão preocupantemente mercantilista da saúde. QUAL É, CONCRETAMENTE, ENFERMEIRO?

O

PAPEL

DO

O enfermeiro está muito para lá do tradicional papel de auxiliar ou coadjuvar. É atualmente um profissional completo, com intervenções autónomas, dotado dos conhecimentos e da experiência que lhe permite cuidar com cientificidade, tecnicidade e humanismo de qualquer pessoa, família, grupo ou comunidade

Esse reconhecimento tem vindo a ser progressivo, contudo, é ainda insuficiente. Tal como é ainda deficitária a noção de cuidados de saúde de qualidade pela maioria da população. O conceito não é fácil pois pode ser encarado de diversas perspetivas. O que é certo é que os enfermeiros estão habituados a analisar o utente e o seu meio, a diagnosticar e a enunciar os problemas, a refletir e a planear os cuidados, a estabelecer intervenções objetivas para a resolução dos problemas sem deixar de avaliar e registar o impacto, a eficácia e eficiência da sua implementação. Por esta via promove-se a qualidade. A responsabilidade, a função social inerente à prática de Enfermagem leva-nos a uma superação e a uma batalha diária para com os limites da condição humana. Nossa e de quem cuidamos. Como tal, qualidade e a saúde estão no ADN dos enfermeiros. Vemos, ouvimos e sentimos a saúde como ninguém. NUMA ALTURA EM QUE A CLASSE QUE REPRESENTAM SOFRE COM O DESEMPREGO E CONDIÇÕES DE TRABALHO POUCO DIGNAS, COMO CLASSIFICARIA A OFERTA EXISTENTE NOS AÇORES? A SRRAA OE SENTE TAMBÉM ESTA PREOCUPAÇÃO ENTRE OS SEUS MEMBROS?

Claramente. Nos órgãos estatutários da SRRAA

OE todos exercemos a profissão acumulando funções, digamos assim. Contudo, para nós isso não é um fardo. Constitui-se como uma mais valia. Desta forma obtemos uma melhor perceção das dificuldades e dos problemas da profissão. Sentimos a falta de mais enfermeiros e falta de condições para o exercício. Eu classificaria a oferta de emprego como praticamente inexistente e precária. As poucas oportunidades que têm surgido socorrem-se do programa governamental Estagiar L que é indigno para qualquer enfermeiro. Esta é uma matéria sobre a qual estamos a ultimar um documento que estabelece um ponto de situação da realidade regional. A SRRAA OE TEM UMA SÉRIE DE PROGRAMAS E PROJETOS EM CURSO. EM QUE SE BASEIAM ESTES PROJETOS/PROGRAMAS E QUAL A IMPORTÂNCIA DOS MESMOS?

Temos alguns projetos que são únicos, inovadores e pioneiros relativamente ao restante território nacional, fruto de uma região com um estatuto político-administrativo próprio. Esses programas e projetos dão corpo à nossa missão e serão importantes para a afirmação da Enfermagem Açoriana e porventura um tónico para o restante panorama nacional. E EM TERMOS DE EVENTOS E ATIVIDADES, A SRRAA OE TEM POR HÁBITO ORGANIZAR CERTAMES? QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS EVENTOS?

Realizámos, no ano passado, o Congresso Insular Açores-Madeira em que reavivámos um encontro tradicional entre os enfermeiros de ambas as regiões e onde tivemos cerca de 300 participantes. Estamos já a preparar o próximo para 2015 na Região Autónoma da Madeira. PARA TERMINAR, GOSTARIA DE DEIXAR ALGUMA MENSAGEM AOS NOSSOS LEITORES?

Gostaria de aproveitar para deixar um convite para visitarem os Açores. É uma região fantástica, com paisagem, cultura e um sentido comunitário singular. Por outro lado, para refletir: desde antes do nascimento e até à morte, ao longo de uma vida, imaginemos a mesma sem a presença de enfermeiros…

/Junho


AÇORES 2014/ DIÁSPORA

Afirmação dos interesses dos Açores e dos açorianos ENTREVISTA A PONCIANO OLIVEIRA, PRESIDENTE DA CASA DOS AÇORES DO NORTE. O QUE É SER AÇORIANO?

Ser açoriano é sobretudo uma forma de estar muito

um conjunto de políticas que potenciassem o

peculiar, solidária, introspectiva, resiliente. É um ser

arquipélago. Isto deve-se, a meu ver, a dois ciclos

humano generoso, genuíno e determinado. Um outro

políticos que coincidiram com dois momentos históricos.

facto é a intelectualidade. Para uma população de

Um primeiro de infraestruturação do arquipélago com

inédita de Natália Correia – Sucumbina ou a Teoria do Chapéu – por ocasião dos 20 anos da sua morte. Há dois anos eduitamos outra obra dum compositor de Matosinhos que percorreu a diáspora açoriana – Óscar da Silva – da autoria do Professor Cunha e Silva, e temos mantido uma capacidade editorial de um livro por ano. Mas é no domínio da assistência social que temos prestado o nosso mais nobre contributo à sociedade, através do contributo psico-social aos doentes e seus familiares que se deslocam ao Norte do país por motivos de doença através dum protocolo para o efeito celebrado com a Secretaria Regional da Segurança Social. Mas, dum modo geral, temos também uma intensa atividade cívica, cultural, etnográfica para além dos

expressão de 2,5% relativamente ao resto do país, veja

a dotação de portos e aeroportos e outras estruturas

aspetos acima já referidos. Aliás, ainda ontem, no Porto,

nos permite encontrar nos outros uma outra força e ter

a quantidade de vultos, de génios que daqui saíram,

físicas elementares. Um segundo período de abertura,

na Casa das Artes terminou a Mostra de Cinema dos

uma presença perante os órgãos regionais que de outra

de todas as áreas (arte, desporto, economia, política,

de potenciação dessas infraestruturas que nos levou a

Açores que trouxemos ao Porto com o apoio da Direção

forma não seria possível. Este concelho mantêm ainda

literatura). Mas também é um povo muito espiritual. Eu

preparar de uma forma sustentável para o momento que

Regional da Juventude do Governo dos Açores.

um estreita articulação com a Direção Regional das

destacaria a solidariedade, a alegria e a determinação

agora estamos a viver. Um caminho de pedras que nos

Este é um concelho que reúne um conjunto de casas dos

Comunidades do Governo dos Açores que a apoia os

como as principais características.

permitiu preservar a nossa maior riqueza que é a beleza

Açores de todo o mundo. Houve sempre, no conjunto

respetivos planos de atividades das Casas em linha com

natural. Os Açores é uma região ainda com um caminho

de instituições que se intitulavam casa dos Açores, uma

os objetivos ecléticos já referidos.

ligação às origens de uma forma emocional. Eu acho que temos um potencial de crescimento e de afirmação muito superior à dimensão geográfica, demográfica e política do arquipélago, um potencial mais que proporcional a esses fatores. COMO VÊ OS AÇORES NAS ÁREAS DA CULTURA, DA SOCIEDADE E DA ECONOMIA? Eu acho que os Açores com a sua autonomia fizeram um progresso notável. A possibilidade de nos administrarmos

PONCIANO OLIVEIRA, Presidente da Casa dos Açores do Norte O QUE É SER AÇORIANO?

política e administrativamente fez que, com o conjunto

EM TERMOS DA DIÁSPORA TEM IDEIA DE QUANTOS AÇORIANOS ESTÃO ESPALHADOS PELO MUNDO? Estima-se que estejam espalhados pelo mundo cerca de um milhão e quinhentos mil açorianos e que compreende açorianos de primeira, segunda e terceira geração. A emigração açoriana deu-se maioritariamente a partir dos anos cinquenta, sobretudo para o continente americano, que se manteve até finais dos anos oitenta e agora também num surto que é comum a todo o país. Está espalhada por um território muito vasto. A julgar pelas casas dos Açores que temos reunidas no Conselho Mundial, há açorianos no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), Uruguai, Estados Unidos da América (Califórnia, Nova Inglaterra), Canada e depois três casos no continente português. NA REALIDADE EXISTE ESSA FORTE LIGAÇÃO DO AÇORIANO COM A SUA TERRA? Existe uma forte ligação dos açorianos com os Açores. A forma como se expressa varia de acordo com a zona geográfica. As casas dos Açores da América do Sul são casas estabelecidas por açorianos de sexta geração. Foram estes açorianos que resgataram e recuperaram a cultura açoriana. Além de que se assiste nestes países ao facto de já se ter alterado aquele eventual estigma de se ter chegado como imigrante e este resgate da cultura é significado da procura da estirpe genealógica prestigiante, de diferenciação positiva. O que adivinho e antecipo é que estes traços culturais que nos ficam encrustados e que essas terceiras gerações, não estando tão motivados para participar vida da Diáspora na perspetiva dos seus pais - porque entretanto há uma outra cultura avassaladora que os envolve no país de acolhimento - estão e estarão motivados numa perspetiva diferente. Numa perspetiva de manter uma

/Junho

de recursos que nos era possível disponibilizar, maximizássemos essas possibilidades e delineássemos

vontade de ter mais que o uma associação recreativa, uma associação eclética que cumprisse a promoção do arquipélago e da afirmação da diáspora, que promove-se as relações culturais, económicas, sociais entre o arquipélago e os locais de implementação. O Conselho tem servido para que alinhemos estratégias para problemas comuns. No conselho mundial do ano passado introduzimos dois temas muito importantes: o papel das casas na promoção das ilhas e contamos com a preseça de Arnaldo Machado, presidente do Concelho de Administração da Sociedade, para a Promoção do Desenvolvimento Empresarial dos Açores para perceber que ajuda é que as casas podem dar na potenciação do fluxo económico da região; apoio aos doentes deslocados, que é uma das nossas maiores riquezas em termos associativos. Partilhamos boas práticas, o que

a percorrer, mas é uma região que caminha para uma economia sustentável e tem um enorme potencial em diversos setores. O QUE É UMA CASA DOS AÇORES?

Uma casa dos Açores serve para que os açorianos, amigos dos açorianos, amantes dos Açores encontrem meio facilitador para chegar ao arquipélago e às suas gentes – um centro de reflexão e promoção dos interesses dos Açores. Promovemos as relações culturais, económicas e sociais com os Açores e dos Açores com o Norte. Isto consegue-se, por exemplo, mantendo a maior biblioteca de inspiração açoriana a norte do Mondego; através de protocolos em que nós nos assumimos como veículo de difusão, de informação, de estabelecimento de contatos com a comunidade de negócios dos Açores e do Norte, no sentido em que, quem tiver interesses em conhecer as oportunidades de investimentos dos Açores o consiga mais facilmente; sensibilizando as associações empresariais para o conjunto de oportunidades ao alcance do arquipélago, estando aliás a preparar-se um workshop sobre o tema; missões empresariais como já aconteceram no passado onde levamos a conhecer as oportunidades de investimento, presenças em feiras onde representamos os Açores; acolhimento de um posto de turismo referente aos Açores. No domínio literário temos tido intensa atividade, e pressupõe conseguirmos mostrar a cultura açoriana no passado e no presente. No ano passado editamos uma obra

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AÇORES 2014/ AÇÃO SOCIAL

Pelo bem-estar e paz social. ENTREVISTA A JOSÉ GONÇALVES SILVA, PROVEDOR DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PONTA DELGADA.

JOSÉ GONÇALVES SILVA Provedor da SCM de Ponta Delgada

QUAL A IMPORTÂNCIA DO ARQUIPÉLAGO PARA O PAÍS E PARA O MUNDO?

Entendo que, no contexto nacional e internacional, a relevância dos Açores assenta, desde logo, na dimensão arquipelágica e atlântica que o território da região autónoma acrescenta à dimensão física do território continental e, por inerência, à própria dimensão e imagem do país. Este aspeto assume, ainda, especial importância se tivermos em conta o impacto da área de «soberania marítima», constituída pelas águas territoriais portuguesas que em muito beneficiam com a imensa Zona Económica Exclusiva atribuída em decorrência da realidade arquipelágica açoriana. Tendo-se presente as questões prementes que se colocam nos dias de hoje em matéria ambiental, da existência de recursos em riquezas naturais (como espécies piscícolas e território subaquático), que assegurem perspetivas de sustentabilidade, esta realidade ganha uma relevância adicional para a população em causa e para o respetivo país, sendo certo que a escassez dos recursos e as ameaças que sobre muitos pairam, são, infelizmente, o «Calcanhar de Aquiles» ou o elo

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mais fraco de um planeta que já vai a caminho dos oito biliões de habitantes. Claro que esta é apenas uma perspetiva sobre a importância do arquipélago, que é bem complementada com a sua localização geográfica, em pleno oceano atlântico, quase a meio de dois blocos continentais (Américas e Europa) que estudam novos modelos de relacionamento comercial, neste mundo globalizado. Mas, num plano humanisticamente mais aprofundado, a importância dos Açores estriba-se na sua reconhecida e inquestionável riqueza histórica, social e cultural, consubstanciada nos diversos e cimeiros acontecimentos da vida nacional que ao longo dos séculos tiveram o seu «epicentro» no arquipélago, tal como nas múltiplas personalidades ilustres no país e fora dele que, nascidas nos Açores, pontuam na nossa memória coletiva, como património de todos os portugueses. Digo, seguramente, e sem qualquer prosápia, que, sem os Açores, Portugal, no mundo, seria sempre outro e menor país.

dos tempos estas instituições têm-se revelado imprescindíveis na manutenção do bemestar e paz social, satisfazendo necessidades de milhares de pessoas que de outra forma ficariam ao abandono, com todas as potenciais consequências. Estas instituições colaboram, de forma muita ativa e marcante, com as entidades públicas na prossecução de fins essenciais do Estado de Direito, quais sejam, à cabeça, o de garantir padrões humanizados de cidadania. Num tempo em que o Estado Social está em retrocesso estrutural, o que poderá significar a redução ou mesmo a perda de alguns direitos sociais, a importância da sua atuação é reforçada, tendo-se presente a imperiosa necessidade de que, verificando-se tal realidade redutora do Estado Social, ela possa, de algum modo, ser compensada pelo aumento da atividade e da capacidade de intervenção das instituições do terceiro setor, como sempre tem acontecido, mas agora de forma também estrutural.

QUAL A IMPORTÂNCIA DAS IPSS NO APOIO AOS CIDADÃOS?

Considero que, na Região Autónoma dos Açores, há uma manifesta preocupação com as questões respeitantes à ação e solidariedade sociais, tanto ao nível das entidades públicas como, também, no plano das entidades privadas. Se analisarmos a intervenção dos sucessivos governos regionais desde o início do regime de autonomia politica e administrativa, na década de 70 do século passado, e até hoje, constatamos isso como um facto, também quantitativamente demonstrável. Apesar de, em 2013, o valor

A designação e o conceito específico de instituição particular de solidariedade social (IPSS) é relativamente recente e abrange uma realidade diversificada de instituições com diferentes naturezas e origens, tendo como traço comum cumprirem uma missão de apoio social, de auxílio a quem, por qualquer razão, tem necessidades ou carências adicionais relativamente a um determinado padrão de cidadania e vida social, considerado humanamente digno. Ao longo

COMO QUALIFICA/QUANTIFICA A ACÇÃO SOCIAL NA REGIÃO DO AÇORES?

despendido em verbas inscritas no plano regional para a solidariedade social, na ordem de grandeza dos vinte e um milhões de euros, não ser particularmente revelador, cifrandose em cerca de 5,5% do total desse mesmo plano, o atual Governo Regional mantem a “tradição” e tem feito um esforço neste domínio, que reputamos de notável. Nos Açores existe um número considerável de instituições e de equipamentos sociais que no seu conjunto prestam um serviço e um apoio imprescindíveis à população, respeitando bons padrões de qualidade e de humanização. Não se trata, com evidência, de mero assistencialismo ou compaixão. Podemos falar de profissionalismo e competência organizadas e ao dispor das necessidades sociais efetivas! E, ainda bem que é assim, pois, por exemplo, não existe nos Açores uma Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que é, como se sabe, uma instituição diferente e com um financiamento especial fundado na exploração dos jogos sociais. Acresce, ainda, que esta forte presença da ação social nos Açores é tanto mais necessária quanto é certo que a economia regional apresenta constrangimentos e debilidades superiores, infelizmente, aos que se verificam no âmbito da economia continental (basta considerarmos, desde logo e sem mais, as problemáticas respeitantes aos efeitos da fragmentação e da pequena dimensão dos mercados e dos elevados custos de transporte de pessoas e bens entre as ilhas e para fora delas), que em muito fragilizam a posição das populações perante as contingências da vida. Concluindo, quanto a este ponto, eu diria que existe um número muito significativo e adequado de equipamentos sociais nos Açores e que a ação social exercida no arquipélago, independentemente de podermos concordar ou discordar de quaisquer aspetos concretos relacionados com o modo e a filosofia de atuação e utilização dos recursos disponíveis, situa-se num plano excelente, no que respeita à intervenção do Governo Regional e demais entidades públicas. De forma semelhante ao que sucede no território continental, também nos Açores, as entidades privadas e concretamente as Santas Casa de Misericórdia, assumem um papel fundamental na realização da ação social, através da prestação de serviços de grande relevância, sem os quais não seria possível aos bons resultados que referenciamos e isto, muitas vezes, com o sacrifício do seu próprio património e recursos. QUE TIPO DE APOIOS EXISTE POR PARTE DO GOVERNO CENTRAL E/OU REGIONAL?

No domínio da intervenção social, e excluindo os

/Junho


AÇORES 2014/ AÇÃO SOCIAL

apoios que resultam dos regimes contributivos, os governos apoiam, essencialmente, canalizando verbas da União Europeia e também fundos próprios, para a construção de novo ou beneficiação, modernização e conservação dos equipamentos sociais já existentes. Por outro lado, através da celebração de contratos com as instituições particulares de solidariedade social, conhecidos por acordos de cooperação, financiam, parcialmente, o funcionamento dum vasto leque de atividades, que se constituem como valências das instituições. Estas valências destinam-se a auxiliar as pessoas em situação de fragilidade social, no âmbito, sobretudo, do apoio devido à infância, juventude e população idosa. No entanto e quanto a este último aspeto, entendo que, na maior parte dos casos, não podemos qualificar os recursos financeiros que são facultados às instituições como um apoio enquadrado no conceito tradicional de subsídio ou subvenção pública, tratando-se, antes, de um pagamento que lhes é feito pelo fornecimento de serviços cuja realização lhes é contratada, uma vez que são estas a assumir toda a responsabilidade pelo funcionamento das unidades produtivas, designadamente, como entidade patronal relativamente aos respetivos recursos humanos (o que refiro a título meramente exemplificativo), assim como pelos resultados decorrentes das respetivas estruturas de custos. Esta é também a razão pela qual defendo que é necessário haver uma aproximação entre os valores contratados e a realidade dos serviços prestados. Com efeito, o aspeto mais negativo do sistema em prática resulta do facto de o valor que as entidades públicas pagam pelos serviços que contratam ser significativamente inferior ao custo efetivo da produção desses serviços. Tal situação constitui uma forte ameaça para a sustentabilidade de muitas instituições, a curto e médio prazo, pelo que, de alguma forma, ela tem de ser corrigida. Para tanto é necessário um esforço conjunto e convergente entre os Governos e as IPSS no sentido, por um lado, de haver algum aumento do valor pago pelos serviços contratados, visando a sua equiparação aos custos efetivos e, por outro lado, uma redução de custos na produção dos serviços prestados, por via de um incremento da eficiência por parte das instituições. Nesta matéria e para esse esforço conjunto, não pode deixar de se ter na devida conta que as instituições, muitas vezes, como é o caso da Misericórdia de Ponta Delgada, contribuem também para a produção dos serviços em causa afetando gratuitamente a seu património a esse mesmo fim. BREVE HISTÓRIA DA SANTA CASA MISERICÓRDIA DE PONTA DELGADA.

DA

A Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada integra o grupo das misericórdias mais antigas

/Junho

do país, pois foi fundada no início do século XVI, entre 1509 e 1513, logo após o prelúdio que foi a criação das primeiras Irmandades com tais propósitos, em finais do século XV, particularmente da Misericórdia de Lisboa. Numa perspetiva estrutural, divido a vida desta secular instituição em duas fases. A fase de hospital e a fase pós hospital. Com efeito e desde o seu início, a Misericórdia de Ponta Delgada criou um hospital que, tendo inicialmente trinta camas e cinco enfermarias, viria a ser o principal estabelecimento hospitalar do concelho, da ilha e da região autónoma. Em 1834 o hospital da Santa Casa mudou-se para o edifício do antigo Convento de São Francisco, sito ao Campo de São Francisco, na cidade de Ponta Delgada, cedido à Misericórdia no tempo de D. Maria,

nos diferentes concelhos de São Miguel. Após a sua nacionalização em 1975, o hospital viria a ser extinto em 1998 sendo sucedido, no seu papel central e de maior hospital dos Açores, pela instituição pública que é hoje o Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada. Na fase pós hospital a Misericórdia, ao mesmo tempo que manteve alguma atividade na área da saúde com as suas unidades de cuidados continuados, diversificou a sua área de intervenção alargando-a ao ensino profissional, aos estabelecimentos de apoio infantil e à juventude, ao acolhimento residencial de idosos e ao apoio domiciliário. Na perspetiva da sua vida cultural e patrimonial, assim como das atividades acessórias que complementam a sua missão estritamente social, a Misericórdia de Ponta

pelo decreto de 23 de Setembro daquele ano, ainda antes da construção do emblemático edifício, em fins do século XIX e primeiros anos do século XX, que, hoje, é sede da Misericórdia. Concomitantemente com a missão hospitalar, a Misericórdia de Ponta Delgada manteve sempre uma importante atividade assistencial junto à população do concelho e de toda a ilha, o que é atestado por doações de imóveis localizados

Delgada desenvolveu as atividades farmacêuticas e financeiras, esta última através da sua Caixa Económica da Misericórdia, fundada em 1925 com base num legado de duzentos contos (cerca de mil euros) feito ao hospital da misericórdia, por Henrique Bensaúde, instituição financeira que cessaria a sua atividade setenta e sete anos mais tarde, em 2002, com a criação do Banco Espirito Santo Dos Açores de que a Santa Casa da

Misericórdia de Ponta Delgada é, hoje, acionista de referência. QUAIS AS PRINCIPAIS ÁREAS DE INTERVENÇÃO, COBERTURA GEOGRÁFICA E DEMOGRÁFICA DESTA INSTITUIÇÃO?

A Santa Casa tem assumido um papel de relevo na área social, atuando com maior incidência no concelho de Ponta Delgada, que é o maior concelho dos Açores, mas igualmente, e para além do próprio concelho, na prestação de serviços de maior complexidade e custo como, por exemplo, os cuidados continuados de saúde. Numa perspetiva global, o desempenho da nossa missão social é feito de múltiplas formas, algumas até desconhecidas do público em geral, como é o caso do emprego de pessoas com baixo índice de empregabilidade, por especiais dificuldades psicomotoras, mas, sobretudo, faz-se pela ação diária das nossas diferentes Valências, destacando, aqui, as três unidades diferenciadas do Centro de Cuidados Continuados Integrados, as Creches “A Pequenada”, “O Regaço”, e a “A Joaninha”, o estabelecimento de ensino, MEP - Escola Profissional da SCMPD, a Valência dedicada a jovens designada “Valor Acrescentado Social” (VAS), o Lar de Idosos da Levada, o serviço que presta apoio no domicílio a pessoas carenciadas, nas freguesias rurais em todo o concelho de Ponta Delgada, chamado (CASA MINHA - SAD) e a Quinta da Levada, unidade votada à produção agropecuária visando o auto abastecimento. Através destas Valências, há um universo muito considerável de beneficiários diretos e indiretos da nossa atividade, entre crianças em idade pré-escolar, jovens e idosos, uma vez que os serviços que prestamos têm um custo efetivo muito superior àquele que as pessoas poderiam suportar como preço. Vendo a questão pelo seu enfoque etário, temos intervenção social e prestamos serviços com incidência em todas as faixas etárias, desde a idade de colo, nas creches, passando pela juventude e idade adulta, através da escola e da valência VAS, e culminando com a idade mais avançada, através do apoio residencial, acolhimento em lar e prestação de cuidados continuados de saúde. Na vertente funcional a nossa ação concentra-se, sobretudo, nas áreas da saúde, educação, ensino, hospedagem sénior e apoio à infância e juventude. Temos procurado, também, assumir um papel mais ativo no domínio do estudo e problematização, e da prevenção, das necessidades sociais, quer mediante o estabelecimento de parcerias com entidades públicas e privadas, quer mediante a participação na promoção de eventos. Fazemolo, por entendermos que, hoje, a responsabilidade social das instituições, sejam quais forem, vai muito além do assistencialismo, colocando-se, com muita acuidade, no plano do estudo e da perspetivação de soluções para as problemáticas

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AÇORES 2014/ AÇÃO SOCIAL

sociais, sendo muito importante a capacidade de antever os problemas ainda sem resposta padronizada como é o caso dos que resultam da desestruturação de famílias decorrente da impossibilidade de manutenção do seus padrões de ocupação e de consumo. Entendemos também a nossa participação como associados ativos de instituições como a ARDE – Associação Regional para o Desenvolvimento (que é uma associação privada com ação preponderante no domínio da promoção do desenvolvimento económico e social, segundo uma estratégia de intervenção global mas orientada para a valorização dos recursos e desenvolvimento locais), como uma forma de assunção de responsabilidades sociais numa perspetiva não meramente assistencialista. No entanto, e sintetizando, o que é essencial referir quanto ao nosso papel, é que, em todos os casos que intervimos muitas pessoas que, de outro modo, estariam um pouco “abandonadas à sua sorte”, sentem que têm um interlocutor para os seus problemas e necessidades, que têm um apoio de base, alguém que lhes possibilita a guarda e desenvolvimento da sua criança, ou a motivação e orientação vocacional, a descoberta do espírito empreendedor, a formação académica e profissional dos mais jovens, ou, ainda, a assistência pessoal para conforto e bem-estar no seu próprio lar, e o acolhimento em residência institucional e assistência em situações de problemas crónicos de saúde e bemestar, que implicam uma assistência permanente de enfermagem, médica e psicológica, para os casos em que não é possível estarem nas suas residências. Sentimos que isto é fundamental para o bem-estar e coesão sociais. A conjuntura atual e as perspetivas futuras, trazem problemas sociais diferentes, como aqueles que resultam das grandes dificuldades sentidas por muitos agregados familiares que ficaram com um ou mesmo dois membros no desemprego. Falo de situações designadas por “nova pobreza” ou “pobreza envergonhada”, por se tratar de pessoas que, até agora, tinham padrões de vida e de consumo normais. Estaremos atentos, como sempre estivemos no passado, a estes novos padrões e necessidades que procuram resposta e enquadramento no plano da intervenção social. QUAIS OS EQUIPAMENTOS SOCIAIS EXISTENTES?

Considero a resposta a esta questão incluída na resposta à questão imediatamente anterior. Existem projectos de intervenção social de relevo a decorrer por parte da Instituição? Neste domínio, e sem prejuízo de qualquer das outras áreas de intervenção da Misericórdia, todas elas com relevância no plano social, destaco a atividade da nossa valência de apoio a jovens em risco de marginalização social, a que demos

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o nome de VAS (Valor Acrescentado Social), pela qual realizamos o Projeto RENASÇER. O Projeto Renascer enquadra-se no Programa Escolhas, 5ª Geração, com a finalidade de integrar socialmente crianças e jovens com idades compreendidas entre os 6 e 24 anos. O Programa Escolhas, que funciona no âmbito da Presidência do Conselho de Ministros e tem a sua coordenação nacional como responsabilidade do Alto Comissariado para as Migrações (ACM,I.P.) é um extraordinário projeto de âmbito nacional que, criado em 2001 tem vindo a desempenhar a função de promover a inclusão social de crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos vulneráveis. Tem como objetivos principais a igualdade de

junto da comunidade. Entre os seus principais propósitos não posso deixar de destacar os de criar condições para a progressão escolar, através de um trabalho de intervenção ao nível da socialização, da educação não formal, da formação profissional e empregabilidade, da dinamização comunitária e cidadania e da inclusão digital e empreendedorismo. Desde a sua criação, em 2010, a atividade do RENASCER, entre crianças, jovens e seus familiares, proporcionou à Misericórdia de Ponta Delgada uma intervenção que abrangeu mais de 700 pessoas, tendo-se conseguido alcançar os objetivos traçados. Podemo-nos orgulhar de levar a efeito um trabalho de modificação de

oportunidades e o reforço da coesão social. O seu sucesso no plano global e nacional tem sido tão elevado que o programa já vai na 5.ª Geração, com três anos cada. O Programa Escolhas estende a sua ação aos Açores através do referido projeto RENASCER, promovido e gerido pela Misericórdia de Ponta Delgada. Trata-se de uma intervenção social que procura ser inovadora e com grande abrangência, pois temos como parceiros a Câmara Municipal de Ponta Delgada, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Ponta Delgada, a Associação Regional de Promoção da Atividade Física e Desportiva, a Polícia de Segurança Pública dos Açores, a Associação dos Imigrantes nos Açores, a Escola Secundária Antero de Quental e a Fundação Pauleta. Este grupo de entidades, em consórcio, tem como objetivo geral a realização de um trabalho de articulação e otimização de recursos, fomentando espaços de reflexão e debate, promovendo estratégias de intervenção, partilhando informações e divulgando o projeto

comportamentos e de alteração de percursos de vida, junto a famílias que, de outro modo, não teriam a mesma oportunidade de mudança. E PROJECTOS FUTUROS?

A Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada, como entidade, e realidade, integrante do também chamando terceiro setor, quer aprofundar e inovar no domínio da intervenção social, e com consequências práticas, concretizando projetos com um enquadramento e numa perspetiva muito própria do que pensamos dever ser a economia social no mundo presente e no futuro. Na perspetiva da sociedade global em que vivemos, uma das principais características deste nosso tempo globalizado e conturbado é o da acentuação grave da, desde sempre, deficiente distribuição do rendimento que é gerado pelas economias. É uma realidade planetária! Para nós este fenómeno de extrema gravidade e que põe em causa a manutenção do bem-estar e da paz sociais, poderá ser eficazmente combatido, na

mediada em que se for esbatendo a “barreira” ainda existente entre as designadas economia, por um lado, e economia social, por outro, isto sem prejuízo do respeito que é devido às prioridades de valores próprios, aos princípios de base e à matriz ou identidade de cada uma destas realidades. Entendemos como economia social aquilo que hoje as empresas fazem no âmbito da chamada responsabilidade social da empresa, assim como entendemos como economia “tout court”, aquilo que as entidades do setor social fazem na produção de bens e serviços, mesmo que nos situemos em atividades geradoras de rendimentos, uma vez que estes são sempre consignados à sua aplicação total na realização da missão das instituições, designadamente, no apoio traduzido por diferentes formas e meios, que é prestado a quem mais necessita. Ou seja, os resultados e os rendimentos obtidos, no setor social, decorrentes de quaisquer atividades económicas, estão automaticamente distribuídos, e são afetos às pessoas apoiados pelo terceiro setor, revelando-se esta, assim, como uma forma altamente eficaz de correção do referido desequilíbrio de distribuição do rendimento gerado na economia, por via da sua incorporação imediata no destino ou desígnio social. Nesta linha de pensamento, a Santa Casa, procurando dar uma resposta atual e adequada a esta grave realidade, tem um projeto preparado para a recuperação das cozinhas do antigo hospital, com o objetivo de abrir um espaço de refeitório moderno e agradável onde quaisquer pessoas possam almoçar e adquirir refeições a baixo preço ou a preço médio (também em take away), ou mesmo a preço simbólico, consoante as situações, a fim de satisfazerem as suas necessidades neste domínio essencial, e com toda a dignidade. A ideia é a de que qualquer pessoa frequente com prazer as instalações, pela sua agradabilidade e funcionalidade, independentemente dos seus recursos económicos, sendo que, por isso mesmo, o espaço deverá ser aprazível e os preços ajustados à realidade de cada um, podendo incluir o preço zero, em situação, por exemplo, de duplo desemprego. As pessoas que puderem pagar um preço normal (que chamamos de médio), viabilizam economicamente o projeto, contribuindo, deste modo, para o bem comum. Foi criada, na Santa Casa, uma unidade para o desenvolvimento e exploração desta atividade que contempla também a produção agropecuária, desde logo na perspetiva do auto abastecimento, utilizando para o efeito terrenos adequados. Contamos com que esta atividade se inicie dentro de poucos meses. Estamos também em vias de abrir uma loja solidária, para a venda de bens recuperados.

/Junho


AÇORES 2014/ AÇÃO SOCIAL

Uma história de apoio ao próximo EDUARDO SOUSA, PROVEDOR DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA HORTA, FALA, EM DISCURSO DIRETO, SOBRE O PANORAMA NACIONAL E REGIONAL DA AÇÃO SOCIAL. ENCARA O FUTURO COM OTIMISMO, MAS LEMBRANDO QUE É NECESSÁRIO TOMAR ALGUMS MEDIDAS PARA QUE SE AGILIZE ESTE FUTURO RISONHO.

EDUARDO SOUSA Provedor da SCM da Horta

A

NTES DE MAIS, GOSTARIA DE SABER QUAL A SUA VISÃO PESSOAL SOBRE A AÇÃO SOCIAL EM PORTUGAL. É UMA ÁREA QUE TEM GANHO DESTAQUE, PELAS PIORES RAZÕES, MAS TEM TIDO O ACOMPANHAMENTO NECESSÁRIO POR PARTE DOS SUCESSIVOS GOVERNOS?

dos Sem Abrigo e da Toxicodependência.

Na minha experiência ao longo de mais de quarenta anos consecutivos, tive oportunidade de verificar o grande desenvolvimento que houve na ação social. Poderia ser mais se, de facto, os responsáveis desta área em sucessivos governos fossem mais sensibilizados e com prática de gestão direta das misericórdias.

Sim, mantém-se. Nós procuramos cumprir com as 14 obras de Misericórdia, 7 corporais e 7 espirituais.

EM TERMOS NACIONAIS, COMO OLHA PARA A AÇÃO SOCIAL?

Encaro o futuro da ação social com boas perspetivas, mas para que possam resultar, tornase necessário implementar uma rede social de forma a aproveitar melhor os recursos humanos e financeiros, evitando assim a duplicação de serviços. QUAL A ANÁLISE QUE FAZ DESTE SETOR NO QUE DIZ RESPEITO AOS AÇORES, EM GERAL, E À HORTA, EM PARTICULAR?

A ação social na Região Autónoma dos Açores, não há dúvida que sofreu um enorme aumento de estruturas sociais, que se podem comparar com outras a nível nacional. Relativamente à Horta, apesar do que já foi construído, tornase necessário atuar em algumas áreas mais problemáticas, nomeadamente a dos Repatriados,

/Junho

AS SANTAS CASAS DA MISERICÓRDIA NASCERAM PARA DAR A MÃO PARA AQUELES QUE MAIS NECESSITAM. HOJE, ESSA MISSÃO MANTÉM-SE?

QUAIS SÃO AS VALÊNCIAS DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA HORTA E A QUANTAS PESSOAS PRESTAM APOIO?

Presentemente, esta Instituição tem as seguintes valências: Lar de Idosos com 53 pessoas, Centro de Dia com apoio a 15 pessoas, Centro de Cuidados Continuados com apoio direto a 47 pessoas, Centro Geriátrico que estende a mão a cinco pessoas, Serviço de Apoio Domiciliário que presta apoio a 170 pessoas, Centro de Atividades Ocupacionais com 31 pessoas, Lar Residencial para 12 pessoas com deficiência e Centros Comunitários com presença de 110 pessoas. Também tem uma Escola Profissional, para formação de jovens e adultos, com uma frequência média de 150 formandos. NUMA ALTURA EM QUE A ESPERANÇA SE PROCURA, ESTÃO RENOVADOS OS VOTOS DAS SANTAS CASAS DA MISERICÓRDIA?

Os votos das Santas Casas da Misericórdia são renovados constantemente com ações de formação para colaboradores, dirigentes, bem

como a participação em congressos a nível regional, nacional e internacional. DE QUE FORMA APOIA A SANTA CASA AS PESSOAS QUE TÊM SOFRIDO DE FORMA MAIS VIOLENTA OS EFEITOS DA CRISE QUE SE FAZ SENTIR NO NOSSO PAÍS?

A ação das Misericórdias a nível nacional é do conhecimento do público em geral e felizmente nesta crise tem atuado positivamente. Se não fosse em conjunto com as IPSS´s, a situação seria catastrófica. As instituições dispõem de voluntários que graciosamente procuram dar de si, sem pensar em si, para resolver os problemas das pessoas mais carenciadas e, nem sempre este trabalho é reconhecido por quem de direito. QUAIS OS GRANDES PROJETOS E EXPETATIVAS DA

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DA HORTA?

Esta Instituição, com cerca de 500 anos de existência, tem-se dedicado à satisfação das necessidades da comunidade local, foi a primeira e única na ilha e no ex-distrito da Horta que se dedicou aos cuidados de saúde e a pioneira no Serviço de Apoio Domiciliário e Teleassistência na Região. Para melhor cumprimento da sua obrigação tenciona: - o alargamento do Serviço de Apoio Domiciliário 24 horas por dia, 7 dias por semana, todos os dias do ano; - a construção de novas instalações para o Centro de Atividades Ocupacionais e Lar Residencial para pessoas com deficiência; - a construção de uma residência sénior com assistência.

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AÇORES 2014/ INDÚSTRIA

Grupo Bensaude: Dois séculos a crescer com(o) os Açores O GRUPO BENSAUDE

AFIRMA-SE HOJE COMO UM AGENTE POTENCIADOR DO

REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES, QUER NO PLANO ECONÓMICO, QUER SOCIAL, ALICERÇANDO NUMA BASE DE VALORES HUMANISTAS UMA DESENVOLVIMENTO DA

POSIÇÃO RELEVANTE EM DIVERSAS ÁREAS DE ATIVIDADE COMO OS TRANSPORTES

MARÍTIMOS E LOGÍSTICA, TRANSPORTES RODOVIÁRIOS, TURISMO E HOTELARIA, GRANDE DISTRIBUIÇÃO E COMÉRCIO GROSSISTA, COMBUSTÍVEIS E ENERGIA OU AMBIENTE.

A FAMÍLIA BENSAUDE INICIOU A SUA ATIVIDADE COMERCIAL NOS AÇORES, EM 1820, COMO IMPORTADOR E DISTRIBUIDOR DE TÊXTEIS ORIGINÁRIOS DO REINO UNIDO E COMO EXPORTADOR DE CEREAIS E LARANJAS, DANDO ORIGEM A UM GRUPO DE EMPRESAS QUE MANTEVE, DESDE ENTÃO, A SUA NATUREZA TOTALMENTE FAMILIAR. APOSTA FORTEMENTE DIRECCIONADA PARA A FORMAÇÃO DOS COLABORADORES, PROCURANDO PROMOVER

O

SEU

DESENVOLVIMENTO

PROFISSIONAL, NUMA PERSPECTIVA DE EVOLUÇÃO

ÁREAS DE NEGÓCIO: UM GRUPO DIVERSIFICADO O Grupo Bensaude esteve sempre ligado a diferentes áreas de atividade, procurando ter uma presença estável em setores estratégicos da economia, detendo, ao longo da sua existência, participações em empresas de setores tão diversos como aviação comercial, banca, energia, atividade comercial em geral, entre outros. O Grupo Bensaude sempre se adaptou aos diversos momentos da economia, e actualmente mantêm a sua diversidade de negócios, com vista ao desenvolvimento sustentável das suas atividades. Hoje destacam-se as áreas de negócio da distribuição, da logística, do turismo, dos combustíveis e energia e da marítima.

RECURSOS HUMANOS: UM PATRIMÓNIO A IMPORTÂNCIA DOS INVESTIMENTOS NA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADA

COM

O

DESEMPENHO

DE

QUALIDADE E A EXCELÊNCIA QUE O GRUPO BENSAUDE

PROCURA.

TENDO

CONSCIÊNCIA

DISSO, O GRUPO ASSUME ESTE INVESTIMENTO NOS SEUS PROFISSIONAIS COMO UM MEIO PARA OBTER OS MELHORES RESULTADOS NA SUA SATISFAÇÃO E NA DOS SEUS CLIENTES. O GRUPO BENSAUDE CONTA COM MAIS DE 2.000 COLABORADORES DISTRIBUÍDOS PELAS VÁRIAS

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EMPRESAS QUE O INTEGRAM. É EVIDENTE UMA

DE CARREIRA.

Uma das áreas de negócio com mais história do Grupo Bensaude é a área marítima: A “Casa Bensaude” desde sempre esteve ligada ao comércio e ao estabelecimento de redes de transporte e contato entre o arquipélago e o exterior. Quando transferiu a sua sede para Lisboa, em 1870, lançou a Empresa Insulana de Navegação. No continente português foi proprietária de fábricas de conservas de peixe e armador de embarcações de pesca longínqua, nomeadamente através da Parceria Geral de Pescarias. Mais recentemente foi acionista fundadora do Serviço Português de Contentores SARL. Ao longo de século e meio, ao nível do transporte de passageiros e mercadorias, a comunicação das ilhas com o exterior, via marítima, esteve profundamente marcada pelo Grupo Bensaude e esta área continua a ser uma das suas vocações. Historicamente, a Bensaude, com o objetivo de complementar as suas atividades comerciais e de agentes gerais de companhias de navegação, foi estabelecendo depósitos de carvão, oficinas de reparações, serviços de rebocadores, fornecimento de água em barcaças, depósitos de madeiras e um parque de depósitos de fuelóleo para abastecimento a navios. A empresa que outrora se denominava Bensaude & Cª esteve envolvida na criação e participação de várias e importantes companhias marítimas portuguesas: a Parceria Geral de Pescarias, Limitada (pesca

/Junho


AÇORES 2014 / INDÚSTRIA e secagem de bacalhau e afins), a Empresa Insulana de Navegação (Linha Regular de Navegação entre Açores, Madeira e Lisboa), Empresa Nacional de Navegação, Companhia Carregadores Açoreanos e Mutualista Açoreana. O seu forte interesse em áreas relacionadas com o transporte marítimo, que passam pela propriedade e afretamento de navios, a tradição na prestação de vários serviços de apoio à navegação que demanda o Norte Atlântico, incluindo o fornecimento de “bunkers”, levou à formação em 1994 da Bensaude-Agentes de Navegação Lda.

SUSTENTABILIDADE: UMA MARCA SOCIAL ASSUMINDO UM FORTE COMPROMISSO COM A REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES, COM AS SUAS FORÇAS VIVAS, A SUA POPULAÇÃO E OS PARCEIROS DE NEGÓCIO, O GRUPO BENSAUDE TEM PROCURADO PROMOVER UMA SÃ COOPERAÇÃO COM

ENTIDADES

LOCAIS,

Bensaude, procura adoptar as melhora práticas e as mais importantes normas no domínio da sua actividade. A expressão mais relevante deste compromisso com o ambiente, é a certificação ambiental dos Hotéis Marina Atlântico e do Terceira Mar Hotel, de acordo com a Norma NP EN ISSO 14001:2001, pelo organismo certificador SGS ICS e registados no Sistema Comunitário de Eco Gestão e Auditoria (EMAS). Registe-se ainda que o Terceira Mar Hotel foi o primeiro hotel do país a ter o registo EMAS. A área do Turismo, é uma das áreas de maior dinamismo e visibilidade do Grupo, e os prémios e distinções tem ocorrido com uma frequência muito interessante, considerando os investimentos recentes efetuados neste setor. Os prémios e nomeações têm sido divulgados de uma forma geral a nível nacional e mesmo internacional, como é o caso do Prémio Boa Cama Boa Mesa atribuído ao Terra Nostra Garden Hotel pelo Expresso, e a nomeação para

AS SUAS ACTIVIDADES E ZONAS DE ACTUAÇÃO

CHARME, UMA ANTIGA RESIDÊNCIA SENHORIAL

A PARTIR DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX.

QUE RESULTOU NA ABERTURA, EM 1965, DO HOTEL

ESTEVE LIGADO AO NEGÓCIO DE FORNECIMENTO

SÃO PEDRO, NA FRENTE MARÍTIMA DA CIDADE

DE CARVÃO À NAVEGAÇÃO, DESDE 1868. AO

DE PONTA DELGADA. DURANTE ANOS, ESTES

LONGO DAS DÉCADAS QUE SE SEGUIRAM, A

LOCAIS DE EXCEPÇÃO IDENTIFICARAM O GRUPO

FAMÍLIA BENSAUDE ENCONTROU-SE ASSOCIADA

BENSAUDE COM O CONCEITO DE TURISMO E DE

A PROJETOS INOVADORES, DE CARIZ AGRO-

HOTELARIA DE ELEVADA QUALIDADE NOS AÇORES.

INDUSTRIAL, A PAR DE INVESTIMENTOS, NA ÁREA

TODOS ESTES PROJETOS FORAM CONTINUADOS

FINANCEIRA E INDUSTRIAL, QUE CONTRIBUÍRAM

POR FILIPE BENSAUDE.

PARA A INTEGRAÇÃO DOS AÇORES NA ECONOMIA

AO LONGO DOS ÚLTIMOS ANOS, A PAR DO

CONTINENTAL.

CRESCIMENTO

A PARTIR DOS AÇORES, O GRUPO BENSAUDE

ESTRATÉGICOS,

ALARGOU

PROCURADO DIVERSIFICAR A SUA CARTEIRA DE

E

A

SUA

ATIVIDADE

TRANSPORTADORES

AO

DE

RESTO

AGENTES DO

PAÍS,

VERIFICADO O

NESTES

GRUPO

SETORES

BENSAUDE

TEM

NEGÓCIOS NA ÁREA DO COMÉRCIO, AMBIENTE E

DESENVOLVENDO O SEU NEGÓCIO NA EUROPA E

ENERGIA.

ESTABELECENDO CONTATOS INTERNACIONAIS.

EM

EM

REPRIVATIZAÇÃO DA EDA – ELECTRICIDADE DOS

SÃO

MIGUEL,

DESEMPENHA

UM

PAPEL

2005,

NO

ÂMBITO

DO

PROCESSO

DE

DETERMINANTE NA FUNDAÇÃO E GESTÃO DA

AÇORES, SA, O GRUPO BENSAUDE

FÁBRICA DE TABACO MICAELENSE, FÁBRICA DO

UMA PARTICIPAÇÃO QUALIFICADA NO CAPITAL

ASSUMIU

AÇÚCAR, FÁBRICA DO ÁLCOOL, COMPANHIA DE

DAQUELA EMPRESA ATRAVÉS DA ESA, QUE DETÉM

SEGUROS AÇOREANA, SOCIEDADE AÇOREANA DE

UMA PARTICIPAÇÃO DE 39% DA EDA. DANDO SEGUIMENTO À SUA ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO

NOMEADAMENTE E

E DIVERSIFICAÇÃO DA CARTEIRA DE NEGÓCIOS, EM

E

2007 ADQUIRE AS EMPRESAS DO GRUPO NICOLAU

INVESTIGAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

SOUSA LIMA, NO QUE ENTÃO FOI CONSIDERADO

E INSTITUIÇÕES DE SOLIDARIEDADE SOCIAL.

COMO O MAIOR NEGÓCIO PRIVADO DE SEMPRE

NA

NOS AÇORES.

CLIENTES,

FORNECEDORES,

AUTARQUIAS,

INSTITUIÇÕES

IDENTIDADE

GOVERNO DE

CORPORATIVA

ENSINO

DO

GRUPO

BENSAUDE, SUSTENTABILIDADE SIGNIFICA AINDA O

NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2009, O GRUPO

CUMPRIMENTO DE RESPONSABILIDADES SOCIAIS,

BENSAUDE REFORÇOU A SUA PARTICIPAÇÃO NO

ATRAVÉS DA PROMOÇÃO DE ATIVIDADES AMIGAS DO

CAPITAL SOCIAL DA TERPARQUE – ARMAZENAGEM

AMBIENTE, PUGNANDO PELO DESENVOLVIMENTO

DE COMBUSTÍVEIS, LDA, EMPRESA SEDEADA E

PESSOAL E PROFISSIONAL DOS COLABORADORES

COM ACTIVIDADE NA ILHA TERCEIRA, PASSANDO

E GARANTINDO A CONTINUIDADE DO GRUPO E

A

DOS SEUS NEGÓCIOS.

CONSEQUENTEMENTE, ASSEGURANDO A SUA

DETER

A

MAIORIA

DO

SEU

CAPITAL

E,

GESTÃO.

O Grupo Bensaude foi também pioneiro no setor do turismo nos Açores, com a criação da Sociedade Terra Nostra em 1933. Atualmente a Bensaude Turismo dispõe de uma oferta hoteleira de qualidade, todos os Hotéis de 4 estrelas, localizados nas ilhas de S. Miguel, Terceira e Faial e ainda em Lisboa. E promove os Açores como destino turístico através da sua agência de viagens, especialista em programas turísticos nos Açores: a Agência Açoreana de Viagens. Desde o histórico e carismático Terra Nostra Garden Hotel, com seu estilo original Art Déco, localizado no místico vale das Furnas e integrado no exótico Parque Terra Nostra, considerado um dos mais belos jardins do mundo pela Conde Nasté Publicações, à decoração contemporânea de linhas modernas e urbanas do Hotel Marina Atlântico ou do Hotel Açores Lisboa, a oferta hoteleira do Grupo Bensaude é, reconhecidamente completa e adequada às novas realidades de desenvolvimento do turismo sustentável, correspondendo assim, às expectativas dos seus clientes e parceiros de negócio. A Bensaude Turismo, reforçando os seus objetivos de qualidade e sustentabilidade, compromissos transversais às demais empresas do Grupo

/Junho

COM ESTAS AQUISIÇÕES, O GRUPO CONSOLIDOU OS NEGÓCIOS NAS ÁREAS DA DISTRIBUIÇÃO E

o mesmo hotel, em duas categorias, aos World Travel Awards. As categorias são: Portugal and Europe Leading Boutique Hotels. As votações estão a decorrer até ao dia 23 de junho próximo, e é a 1ª vez que um hotel dos Açores é nomeado para os WTA. Investimentos Recentes: Na área do Turismo, a remodelação e reclassificação do Terra Nostra Garden Hotel (Junho 2013) e a reclassificação do S. Miguel Park Hotel (Abril de 2013). Na área da distribuição, a construção do novo hipermercado Continente em Ponta Delgada, ilha de S. Miguel ; a expansão e remodelação da loja Worten de Angra do Heroísmo na ilha Terceira e novas lojas da Well’s, Sport Zone e Bom Bocado em Angra do Heroísmo, ilha Terceira. Na área dos combustíveis e energia, a construção da nova Instalação de armazenagem de fuel na Nordela, ilha S. Miguel.

TRANSPORTES AÉREOS (SATA) E BANCO MICAELENSE

ENERGIA, CUMPRINDO OS SEUS OBJECTIVOS

(DEPOIS BANCO COMERCIAL DOS AÇORES, HOJE

ESTRATÉGICOS.

BANIF

AÇORES).

CONSTRÓI,

TAMBÉM,

UMA

INSTALAÇÃO DESTINADA À ARMAZENAGEM E FORNECIMENTO DE FUELÓLEO PARA A NAVEGAÇÃO. NA ÁREA DA ENERGIA, O GRUPO BENSAUDE DESENVOLVE

UMA

ACTIVIDADE

PIONEIRA

E

CONTINUADA DESDE 1868. A PARTIR DE FINAIS DA

SEGUNDA

GUERRA

MUNDIAL,

COM

O

DECLÍNIO DO CONSUMO DE CARVÃO FORNECIDO À NAVEGAÇÃO, A BENSAUDE & Cª. ADQUIRE A SUA PRIMEIRA INSTALAÇÃO DE ARMAZENAGEM DE

COMBUSTÍVEIS

LÍQUIDOS,

NA

ILHA

DE

SÃO MIGUEL, ATRAVÉS DA QUAL É INICIADA A COMERCIALIZAÇÃO DE FUELÓLEO, ATIVIDADE QUE SE TEM MANTIDO AO LONGO DESTES ÚLTIMOS 60 ANOS. NA ÁREA DO TURISMO, O GRUPO BENSAUDE FOI IGUALMENTE PIONEIRO COM A CRIAÇÃO, EM 1933, POR VASCO BENSAUDE, DA SOCIEDADE TERRA NOSTRA E AQUISIÇÃO DO PARQUE BOTÂNICO

NAS RAÍZES DOS AÇORES

ADJACENTE E COM A CONSTRUÇÃO EM 1939, DO

DEDICANDO-SE, NUMA PRIMEIRA FASE, ÀS ÁREAS

CAMPO DE GOLFE TERRA NOSTRA, O PRIMEIRO

ESTRATÉGICAS DO COMÉRCIO E DOS SERVIÇOS

DOS AÇORES. POSTERIORMENTE, FOI ADQUIRIDA

DE NAVEGAÇÃO, O GRUPO BENSAUDE EXPANDIU

E TRANSFORMADA EM HOTEL DE QUALIDADE E DE

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AÇORES 2014/ INDÚSTRIA

Lotaçor, o que há de melhor nos Açores ENTREVISTA A CÍNTIA MACHADO, PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA LOTAÇOR. dos portos e núcleos de pesca e infraestruturas de apoio ao setor, por delegação de competências do Governo Regional dos Açores. A nossa empresa está presente em todas as ilhas, de Santa Maria ao Corvo, possuindo 11 lotas, sendo uma em cada ilha, à exceção de São Miguel e Terceira que têm duas, possuindo igualmente 30 postos de recolha nos pequenos portos e 9 entrepostos frigoríficos, sendo os 3 principais situados nas ilhas do Pico, Faial e Santa Maria.

CÍNTIA MACHADO Presidente do Conselho de Administração NA ECONOMIA DO MAR, QUAIS AS ÁREAS MAIS FORTES DOS AÇORES E O O QUE REPRESENTAM PARA A REGIÃO PARA O PAÍS?

Q

UAL A IMPORTÂNCIA DO ARQUIPÉLAGO PARA O PAÍS E PARA O MUNDO?

A Região Autónoma dos Açores, por ser pequena e constituída por 9 ilhas, pode, ser considerada como simplesmente uma pequena região ultraperiférica, como tantas outras. No entanto, as suas potencialidades são muito grandes, especialmente as relacionadas com o mar. Nesta área, os Açores têm muitas potencialidades. Com uma Zona Económica Exclusiva de cerca de 1 milhão de km2, dentro do contexto da ZEE europeia, que é de 6 milhões de km2, os Açores transformam Portugal no país da Europa com a maior ZEE e posicionam-se como a fronteira ocidental da Europa. Esta área, apesar de muito extensa, apresenta uma capacidade de pesca relativamente reduzida, pois do total, apenas 0,1% tem fundos até aos 600 metros onde é possível exercer a pesca comercial. Mas, para além do potencial pesqueiro que tem sido explorado de forma racional e sustentável, apresenta um enorme potencial em todas as áreas relacionadas com o mar, nomeadamente nas atividades marítimo-turísticas, transportes marítimos, portos, investigação científica, recursos minerais e uma biodiversidade extremamente rica, entre outras.

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As áreas que, presentemente, maior peso têm na economia marítima dos Açores são as pescas, a comercialização e transformação do seu pescado, turismo e investigação científica. Estima-se que as pescas representem cerca de 40% das exportações dos Açores e 5% do emprego. Em termos de valores, rondam 14% do total nacional, sendo que, em termos de quantidades de pescado, estão nos 10%, aproximadamente. Podemos estimar, em valores aproximados, que cerca de cinco mil pessoas estão ligadas à indústria extrativa, de transformação e de comercialização, contribuindo para um volume de vendas de cerca de 35 milhões de euros de pescado transacionado em lota e cerca de 40 milhões de produtos transformados, com especial destaque para a indústria de atum, composta por 5 fábricas localizadas em 4 ilhas, com uma atividade muito interessante e importante para as diversas ilhas onde estão sediadas, bem como para a Região, no seu todo.

COMO QUALIFICA/QUANTIFICA OS PORTOS DE PESCA E A FROTA DA REGIÃO?

A rede de portos e de infraestruturas de apoio tem vindo a ser quase totalmente remodelada, quer através da modernização quer através da construção de novos portos de pesca e de infraestruturas de apoio, fornecendo, neste momento, muito boas condições de operacionalidade, abrigo e segurança à nossa frota de pesca. A Lotaçor gere 58 núcleos e portos de pesca, quase uma centena de equipamentos de alagem de embarcações e auxiliares de descarga, cerca de 700 casas de aprestos, bem como oficinas de reparação de pequenas embarcações e armazéns de comerciantes de pescado. Para além disso, tem uma capacidade instalada para conservar perto de 5.300 toneladas de pescado congelado, 190 de pescado refrigerado,

para congelar 160 ton/dia e para produzir cerca de 180 ton/dia de gelo. A frota compõe-se maioritariamente de pequenas embarcações com comprimentos até 12 metros, sendo as restantes (cerca de 11%) de comprimento superior, chegando até aos 30 metros. O total deve rondar as 680 embarcações ativas. Nos últimos anos tem-se vindo a verificar uma tendência para passar a utilizar a fibra de vidro, o alumínio e o aço como materiais de construção e temos vindo a acompanhar, com agrado, uma evolução muito positiva nas condições de segurança, habitabilidade, conservação a bordo, equipamentos eletrónicos e capacidade de armazenamento, com qualidade, de pescado a bordo. DE QUE FORMA É ASSEGURADA A QUALIDADE E A SEGURANÇA ALIMENTARES?

A Lotaçor fornece serviços que permitem a manutenção da frescura e qualidade dos produtos da pesca que lhe são entregues para venda e esforça-se, diariamente, por corresponder às expetativas mais exigentes dos seus clientes (compradores) e do consumidor final. Para isso, a Lotaçor reforçou o investimento na melhoria das instalações e procedimentos internos, apostando em requisitos como a formação de pessoal, qualidade das águas e do gelo, higienizações, manutenções, cadeias de

QUAL A MISSÃO DA LOTAÇOR? DE QUE FORMA SE DISTRIBUI NO TERRITÓRIO?

A Lotaçor tem como principal missão efetuar a primeira venda de pescado fresco e operações conexas com rigor e qualidade, contribuindo para o desenvolvimento socioeconómico do setor das pescas da Região, apoiar as autoridades governamentais do setor na procura do serviço público cada vez melhor em benefício da classe piscatória. As atividades conexas referem-se principalmente à gestão e exploração dos equipamentos frigoríficos que se destinam à congelação e conservação de pescado, bem como à gestão

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AÇORES 2014 / INDÚSTRIA frio, recipientes, controlos de pragas e resíduos com vista a cumprir com cada vez maior rigor as exigências inerentes a um sistema de segurança alimentar baseado nos princípios do HACCP . Neste momento, a Lotaçor tem o sistema HACCP certificado pela APCER em 10 lotas e nos 3 principais entrepostos. Todos os anos temos como objetivo, não só a manutenção das certificações já obtidas, como também a extensão da certificação a outros estabelecimentos explorados pela Lotaçor. A única lota que falta certificar é a de Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, que irá ser alvo de obras de requalificação e, de seguida, avançaremos para a certificação. Outro investimento realizado com o objetivo de assegurar a qualidade e segurança alimentar foi a aquisição de equipamentos e a alteração de procedimentos destinados a garantir a rastreabilidade de todo o pescado vendido. PODEMOS CONSIDERAR A LOTAÇOR COMO VERDADEIRO PARCEIRO DO SETOR E DOS SEUS PROFISSIONAIS. PORQUÊ?

Sim, sem dúvida. E falo também da responsabilidade social da empresa. Além de prestar serviços à atividade das embarcações de pesca, desempenha também serviços de interesse público geral a nível da exploração, prestação de serviços e investimentos nos portos de pesca da RAA. A Lotaçor é uma empresa que atua há mais de 30 anos no setor, numa relação de proximidade em todos os portos de pesca, conhecendo muito bem os hábitos, cultura e necessidades da classe piscatória local, desempenhando um importante papel social, pois para além da sua atividade principal de gestão de primeira venda em lota, que assegura todas as funções relacionadas com a intermediação entre vendedor e comprador do pescado descarregado em lota, incluindo o risco de crédito associado à operação, pode considerar-se, sem presunção, um verdadeiro parceiro do setor, tendo também diversos protocolos e parcerias para auxiliar o setor na área da segurança social, seguradoras, sindicatos, associações diversas, bem como no apoio ao investimentos destinado à aquisição e modernização de embarcações de pesca, através de protocolos com instituições financeiras. Sendo a Lotaçor o interface entre o subsetor extrativo e o consumidor, tem a Qualidade e a Segurança Alimentar como preocupações permanentes e estratégicas ao nível do investimento e da inovação, considerando-as não apenas uma exigência do mercado, mas, principalmente, um fator diferencial para uma região como os Açores. E PROJETOS FUTUROS?

O atual Conselho de Administração apenas entrou em funções há cerca de um mês, mas pretende continuar o enfoque na valorização do pescado, apostando em parcerias estratégicas com diversas entidades que permitam elevar a qualidade do pescado dos Açores e que essa

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qualidade seja percebida e procurada. Embora estejamos ainda a preparar o plano estratégico para o futuro, seguramente que um dos principais enfoques, senão o principal, será na valorização do nosso peixe, com benefícios em toda a fileira do pescado. A realização de parcerias com o setor da educação, no sentido de mostrar às crianças as vantagens de consumir peixe, especialmente dos Açores, informando dos valores nutricionais de todo o pescado, mesmo o de menor valor comercial e que existe em maior abundância, transmitindo-lhes valores relacionados com o respeito pela natureza e a preservação dos recursos e a importância dos tamanhos mínimos, são projetos que estão a decorrer e pretendemos dar especial ênfase no curto prazo. Parcerias também com entidades na área científica e de investigação, especialmente dos Açores, que levem à preservação dos recursos e valorização do pescado serão projetos a abraçar pela Lotaçor. A recente integração da Lotaçor na comissão da Fileira do Pescado, que trará vantagens para a RAA na criação de projetos na área da valorização de toda a fileira, criando sinergias entre entidades nacionais e regionais. A divulgação do pescado dos Açores a nível internacional, como ocorreu na recente feira de Bruxelas onde a Lotaçor integrou o pavilhão de Portugal e destacou a qualidade do peixe dos Açores, a pesca sustentável do “salto e vara” e o “Dolphin Safe”, serão enfoques que continuaremos a ter, seja em formato de feira, seja em outro formato diferente, conforme o retorno do investimento para a Região. A aposta na certificação, não só no âmbito do HACCP dos estabelecimentos ainda não certificados, como também dar um passo no sentido da certificação dos serviços pelas normas ISO, espero que seja uma realidade durante o nosso mandato.

No Ribatejo

www.viverotejo.pt PATRIMÓNIO . NATUREZA . GASTRONOMIA

FINANCIAMENTO:

Fundo Social Europeu

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AÇORES 2014/ INDÚSTRIA

Conservas Santa Catarina- Fazer diferente, fazer melhor À CONVERSA COM MARIA JOÃO BRISSOS, DIRETORA DO DEPARTAMENTO COMERCIAL & MARKETING DAS CONSERVAS DE SANTA CATARINA, FOMOS DESCOBRIR O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO DE UM PRODUTO TIPICAMENTE PORTUGUÊS QUE SE RECRIA E INOVA DE ANO PARA ANO: O PEIXE EM CONSERVA.

Fruto da inovação e da criação de valor ao nível das conservas, estas passaram a estar num patamar superior, encontrando outros mercados, buscando novos produtos, abrangendo outros públicos. Hoje, as conservas não são só um produto das classes sociais mais baixas. São também um produto de distinção e um elemento diferenciador. AS CONSERVAS NOS AÇORES MARIA JOÃO BRISSOS Diretora do Dep. Comercial & Marketing

As conservas Santa Catarina é uma empresa com a tipicidade que caracteriza a indústria das conservas mas que, ao longo dos anos, se soube posicionar nos lugares cimeiros, apostando na inovação, tornando-se, hoje, uma marca incontornável do panorama português. O espírito inovador desta empresa é comprovado pelos prémios que recebe constantemente, como é o caso do Prémio Melhor dos Melhores, conseguido no Concurso Nacional de Conservas. A razão para o sucesso é só uma: “Trabalhamos com o de que melhor existe no nosso mar. O Atum que utilizamos, pescado ainda à moda antiga, pescado com salto e vara, é o recurso disponível no nosso mar, mas mesmo assim

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utilizamos apenas os melhores peixes e isso faz com que tenhamos um reconhecimento acima da média”. Apesar de a empresa ter já uma história de relevo que remonta aos anos 50, a Conservas Santa Catarina foi adquirida, em 2009, pela Lotaçor. Apesar de ter uma estrutura capaz, tecnologicamente avançada e que emprega o que de melhor existe na indústria conserveira, o edifício, em si, é aquele onde nasceu a Conservas Santa Catarina. Maria João Brissos faz uma análise do setor conserveiro em Portugal: “Em Portugal, a indústria conserveira é um fenómeno. Se é verdade que há alguns anos as conservas eram um produto relativamente acessível, hoje as conservas são também um alimento gourmet. Existiu, na verdade uma valorização das conservas e isso acaba por ter influência direta naquilo que nós fazemos, diariamente”. Além disso, existiu também uma evolução do tipo de peixe que se consome, em Portugal, ao nível das conservas. “Existiam alguns produtos que não eram consumidos em Portugal, sendo imediatamente escoados para outros países europeus”.

No que toca à realidade açoreana, a realidade da indústria das conservas tem seguido a linha do que acontece no mundo, com um setor dinamizado, inovador e muito voltado para a diferenciação. No entanto, “esta indústria passou dias complicados, à semelhança do que

aconteceu com todas as indústrias com mãode-obra intensiva”. Algumas destas indústrias foram obrigadas a fechar portas, mas as que permaneceram muniram-se de todas as armas e ultrapassaram os desafios. A Conservas Santa Catarina foi uma destas empresas que soube aproveitar as barreiras para valorizar os seus produtos e, hoje, emprega já 120 pessoas, sendo um elo fundamental para o desenvolvimento da ilha de São Jorge. No entanto, esta empresa tem um peso significativo naquilo que é a economia açoreana, já que, indiretamente, faz mover uma série de outros setores, nomeadamente, a pesca, o transporte e a logística.

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AÇORES 2014 / INDÚSTRIA

que isso, o peixe utilizado é oriundo da pesca ao salto e vara, tal como se fazia antigamente, sendo o único método de pesca que respeita e preserva o ecossistema marinho pois não acontecem capturas acessórias e o único certificado como Dolphin Safe. A ESCOLHA CERTA Hoje, o consumidor está cada vez mais esclarecido e aposta no conhecimento como ferramenta para a escolha dos produtos que consome. Assim, é essencial que identifique os pontos fortes dos produtos e se aposte em certificações que criem valor acrescentado. Nesse sentido, a Conservas Santa Catarina é certificada para a produção biológica pela Ecocert e aposta em azeites de altíssima qualidade, permitindo assim uma conservação mais saudável. A juntar a isso, a empresa foi galardoada pela Greenpeace o que demonstra a preocupação da empresa com a sustentabilidade do mar e dos ecosistemas. OS NOVOS MERCADOS A HISTÓRIA RENOVA-SE Em 2009, a Conservas Santa Catarina foi adquirida pela Lotaçor e ganhou um novo fôlego, apostando na imagem, na criação de novos produtos e numa nova abordagem ao mercado. Hoje, e desde essa altura, “valorizamos o atum e tornamo-lo rei. Abandonámos a ideia de peixe de segunda e criamos um produto gourmet, apoiado numa embalagem de qualidade, onde o design não foi descurado. Apostámos muito na cor para identificação de cada produto”, refere Maria João Brissos. Hoje, e fruto da inovação, a Conservas Santa Catarina apostou em novos produtos: Atum com alho, com piri-piri, com cebolas e com malaguetas. E é precisamente aqui que reside a valorização do produto Conservas Santa Catarina. Questionada sobre a razão para usar estas iguarias em específico, Maria João Brissos revela que, mais uma vez, imperou a tradição: “Estas foram as especiarias que ganharam raízes em São Jorge. Foram usadas pelos marinheiros na época dos Descobrimentos como moeda de troca e acabaram por se enraízar na gastronomia local. Assim, fizemos questão de preservar esta história e, a verdade, é que a aceitação do mercado superou todas as expetativas”. Mas a inovação parou aqui? “Claro que não. Este mercado alimenta-se de novidades e, assim, é necessário uma aposta constante na inovação e desenvolvimento de novos produtos”, revela a nossa interlocutora. Desta forma, anualmente, a empresa lança para o mercado três ou quatro

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novos produtos, respondendo diretamente às expetativas dos consumidores. Mas apesar de apostar na vanguarda e na inovação, a Conservas Santa Catarina não abandona alguns hábitos tradicionais e artesanais, como a amanha do peixe, o corte e o embrulho manuais, mas mais importante do

A exportação é, como não podia deixar de ser, uma aposta da empresa. De acordo com a nossa entrevistada, os mercados de destino não são os mesmos que outrora: “Apostavamos muito no chamado mercado da saudade, mas a verdade é que com o passar das décadas deixa de existir essa ligação saudosista aos Açores e,

assim, tivemos necessidade de nos readaptar e focar nesses destinos da “saudade” mas com uma roupagem e abordagem nova, pois a Diáspora tem que ser olhada já numa perspetiva contemporanea, olhando para os Cidadãos do Mundo”. O mundo é uma aldeia e a Conservas Santa Catarina quer e está a aproveitar isto para entrar noutros mercados. “Este ano teremos a grande entrada no Brasil e Angola está também já na nossa mira. Além disso, temos uma excelente relação com a Europa e com Moçambique”. Mas a verdade é que esta expansão, em termos de exportação, requer uma aposta ainda maior na inovação e no desenvolvimento e um dos grandes projetos da Conservas Santa Catarina é, precisamente, a criação de um novo produto: Uma linha de patés artesanais e sem qualquer aditivo. Desta forma, “estaremos a fazer crescer a nossa linha natura”. Maria João Brissos aproveita para ressalvar que, na Conservas Santa Catarina, a “aposta é na qualidade e não na quantidade pelo que iremos continuar a apostar na inovação e na valorização dos produtos que possuímos, dando a todos estes a dedicação que merecem”. E isto, com certeza, terá reflexo em cada uma das latas que são distribuídas pela empresa. Se quisermos, podemos dizer que existe um pedacinho de cada uma das 120 pessoas que estão envolvidas no processo produtivo destas conservas.

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AÇORES 2014/ INDÚSTRIA

Sucesso alicerçado na história O GRUPO FINANÇOR LÍDER NOS

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Finançor, S.A. foi fundada em 1954 por um grupo de industriais micaelenses, liderados pelo Visconde Botelho, absorvendo a totalidade do património da Sociedade de Moagem Micaelense, Lda. No ano de 1976 um grupo de industriais de lacticínios juntamente com alguns produtores agropecuários resolveram adquirir aos proprietários a maioria das ações que constituíam o capital social da empresa. Já no final dos anos 90, a Finançor adquiriu à EPAC todas as suas instalações silares junto às suas unidades de produção, cruciais para o abastecimento de cereais a preços competitivos. Também o setor de fabrico de bolachas foi munido com uma unidade industrial nova. A configuração atual do Grupo começou a desenhar-se em 2005, no âmbito de uma reestruturação societária e de capital, que teve como objetivo organizar em grupo as várias empresas detidas pela Finançor e as empresas que detinham a maioria do capital da Finançor Agro – Alimentar, a empresa C. Novais, Lda. alienou a sua participação na Finançor e foi constituída a Finançor, SGPS, S.A. (detida pelos sócios iniciais da Noviçor), que passou a controlar a Finançor Agro-Alimentar, S.A. Em 2007 o Grupo Finançor SGPS, S.A., através da Finançor Agro-Alimentar, S.A. adquiriu a NSL – Nicolau Sousa Lima, Indústria, SGPS, S.A., detentora da Sociedade Açoreana de Sabões, S.A., da Pondel – Avícola de Ponta Delgada, Lda. e da Agraçor – Sociedade AgroPecuária Açoreana, Lda., com o objetivo de criar dimensão na atividade de alimentos compostos para animais e na produção de carne de aves e de suíno. Durante o ano de 2008 ocorreu uma nova reestruturação de capital ao nível da Finançor SGPS, S.A., que levou a uma redução do número de acionistas, passando essa sociedade a ser detida por quatro acionistas (família Leite Braz).

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Em 2009, a Finançor Agro – Alimentar, S.A., incorporou, por fusão, as sociedades NSL – Nicolau Sousa Lima, Indústria, SGPS, S.A. e Sociedade Açoreana de Sabões, S.A., tendo também adquirido o Grupo Salsiçor. Devido à dispersão geográfica das empresas adquiridas, pois estão presentes em Santa Maria, São Miguel, Terceira, Faial, Pico, São Jorge e Graciosa, a Finançor reforçou a sua posição no mercado de transformação de carnes de suíno e de bovino e alargou a sua capacidade de distribuição de produtos alimentares nos Açores. Entre 2009 e 2010, investiu na área do fabrico de alimentos compostos para animais, que permitiu a junção de duas fábricas e desta forma obter sinergias essenciais à competitividade necessária, para se estar no mercado atual. GRUPO FINANÇOR À LUPA

A Moagem de Trigo da Finançor Agro-Alimentar, S.A., fabrica e comercializa sob a marca Moaçor, farinhas de trigo para usos industriais para usos, bem como farinha de milho para usos industriais e usos culinários. O fabrico de bolachas é uma das atividades mais emblemáticas da Finançor Agro-Alimentar, S.A., comercializadas sob a marca Moaçor, com especial destaque para a Bolacha Maria e a Bolacha Mulata cuja linha foi complementanda com as Mini-Marias e as Mini-Mulatas Moaçor Kids – especialmente direcionadas para as crianças. A linha de bolachas completa-se com a Água e Sal, Integral, Shortcake e Petit Beurre. As massas alimentícias Moaçor, comercializadas em embalagens de 250g e 500g, são outra área de negócio onde a empresa atua. Através das marcas Salsiçor, Salsiçor Kids, Seu (linha económica) e Maré Cheia (peixes e marisco), a Salsiçor - Salsicharia do Açores, SA tem como principal atividade a desmancha e o processamento de carnes de suíno, bovino e aves, e a comercialização de diversos produtos alimentares frescos e congelados. Está presente

ATUA PRINCIPALMENTE NO SETOR AGRO-ALIMENTAR, SENDO AÇORES NAS SUAS PRINCIPAIS ÁREAS DE NEGÓCIO.

em todas as ilhas dos Açores (com desmancha e processamento em seis das nove ilhas açorianas), tendo também lojas próprias em Santa Maria, Terceira e Faial. Diferencia-se pela carne fresca permanente disponível. Recentemente, a marca lançou a Salsiçor Kids, com mini-hambúrgueres de suíno e bovino. Em 2006, o hambúrguer da Salsiçor foi considerado o melhor hambúguer português e o hambúrguer com melhor sabor de Portugal. A Avigex – Sociedade de Empreendimentos Avícolas e de Frio, Lda. tem como principal atividade a desmancha e embalamento de carne de frango e comercializa ainda carne de bovino, de suíno, entre outras, bem como ovos, vegetais e lacticínios. As principais marcas são a Avigex, Avigex Kids, Avipoupa, Pondel e Granpon. À semelhança de outras empresas do grupo, também lançou recentemente a marca direcionada para as crianças Avigex Kids – comercializando nuggets de peito de frango. A Granpon – Granja Avícola de Ponta Delgada, Lda., é uma empresa de produção avícola, detendo reprodutoras para a produção de pintos de carne, um centro de incubação, engorda de frangos, galinhas poedeitas e um centro de classificação de ovos. Os seus produtos são transformados e comercializados pela empresa Avigex. A Pondel – Avícola de Ponta Delgada, Lda., dedicase à engorda de frangos, que posteriormente são desmanchados e comercializados pela Avigex, com a marca Pondel. As empresas Avigex, Granpon e Pondel, atuam de forma integrada e complementar no setor da avicultura, com o objetivo de produzir e comercializar carne de frango e ovos. AGRAÇOR

A Agraçor – Suínos dos Açores, S.A., produz carne de suíno e animais reprodutores, assim como energia elétrica e fertilizante orgânico, através de uma unidade de biogás e de vermicompostagem, valorizando todos os resíduos da exploração. É também um operador de resíduos orgânicos devidamente licenciado o que lhe permite valorizar resíduos gerados fora da exploração suinícola. É uma das maiores suniculturas de Portugal e é igualmente líder nos Açores na produção de carne de suíno. A Noviçor – Novilhos dos Açores, S.A., dedicase à engorda de novilhos em pastagem e em

viteleiro. Atua nos mercados dos Açores, da Madeira e de Portugal continental e a sua atividade é essencial às explorações leiteiras, comprando vitelos e libertando as explorações dos excedentes. A Altiprado – Empresa Agro-Pecuária da Achada das Furnas, S.A., é uma exploração de 400 vacas leiteiras, sendo a maior dos Açores, com uma área total de 550 hectares, sendo 350 hectares dedicados à exploração de leite em pastagem e 200 hectares dedicados à floresta e à produção de madeira. O fabrico de Alimentos para animais (rações) é a principal área de negócio da Finançor AgroAlimentar, SA e de todo o grupo. O fornecimento de alimentos para aves, suínos e bovinos às empresas do grupo, representa cerca de 15 por cento da produção, sendo que os restantes 85 por cento a exploração leiteiras, de bovinos, avícolas e sunícolas nos Açores. Os alimentos são comercializados através das marcas Rações Moaçor, Rações Promil, Rações Promilk, Rações Lacta e Rações Promoa.A Finançor AgroAlimentar é certificada desde 2003, pela ISO 9001 em todos os sectores da atividade e pela ISO 14001 desde 2012. A Salsiçor - Salsicharia dos Açores, S.A., é certificada pela ISO 9001 desde 2014. A Finançor Agro-Alimentar, S.A. foi a vencedora do Prémio Agricultura 2013 na categoria de Grandes Empresas, numa iniciativa conjunta do Banco BPI e do grupo Cofina (Correio da Manhã e Jornal de Negócios), com o patrocínio do Governo Português e do Ministério da Agricultura e o apoio da PwC. Esta distinção a nível nacional foi o mais alto reconhecimento que alguma vez alcançado pela empresa. De referir que o prémio foi atribuído ao consolidado da Finançor Agro-Alimentar, S.A. com todas as suas empresas participadas. Em termos de reconhecimento, o ano também ficou marcado pela atribuição, pelo segundo ano consecutivo, do Prémio Responsabilidade Social nos Açores, por ocasião da edição das Revista das 100 Maiores, numa iniciativa do Açoriano Oriental em que são premiadas as maiores e melhores empresas dos Açores.

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AÇORES 2014 /SERVIÇOS

Mútua dos Pescadores: Um apoio essencial ENTREVISTA A ANA TERESA VICENTE, DIRETORA DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO DA MÚTUA DOS PESCADORES HOJE, QUAL A ANÁLISE QUE FAZ DA FROTA PESQUEIRA NOS AÇORES?

ANA TERESA VICENTE Diretora COMO CLASSIFICARIA A IMPLANTAÇÃO MÚTUA DOS PESCADORES NOS AÇORES?

DA

Somos o segurador que detém a maior quota de mercado dos seguros da pesca e também das atividades marítimo-turísticas, detendo igualmente uma posição muito significativa nas embarcações de recreio, em todo o país. Pela importância que essas atividades têm neste arquipélago, mas também pelas atividades desenvolvidas pelas associações e clubes com os quais trabalhamos, estamos, naturalmente, perante uma das zonas estratégicas de intervenção da Mútua, sendo a nossa implantação muito significativa. A MÚTUA DOS PESCADORES É MAIS DO QUE UMA SEGURADORA. DE QUE FORMA COLOCAM EM PRÁTICA, NOS AÇORES, AS VOSSAS MISSIVAS QUE TÃO BEM CARACTERIZAM A ENTIDADE? QUAL É A RELAÇÃO ENTRE A MÚTUA DOS PESCADORES E OS ASSOCIADOS NOS AÇORES?

A Mútua dos Pescadores é o único segurador português com o estatuto de cooperativa. Não só pelo cumprimento dos seus estatutos, mas

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sobretudo pela sua prática associativa e solidária, a empresa coloca no centro da sua missão e ação as pessoas para quem trabalha e os setores da economia e da sociedade onde tem presença. As preocupações dos pescadores e armadores, mas também dos profissionais e empresários das atividades marítimo-turísticas, por exemplo, são centrais na nossa intervenção: as ações de sensibilização e formação sobre Segurança no Mar, as propostas para o uso alargado de coletes salva-vidas, ou a defesa da regulação da comercialização da primeira venda do pescado, ilustram intervenções que também nos Açores, com a participação das autoridades regionais, levamos à prática; por outro lado, desenvolvemos parcerias que permitem apoiar as atividades de associações e clubes desportivos que nos Açores têm grande tradição, de que destacamos, por exemplo, a regata dos botes baleeiros. OS AÇORES SÃO, POR FORÇA DAS CIRCUNSTÂNCIAS, UM ARQUIPÉLAGO MUITO VOLTADO PARA O MAR E PARA AS PESCAS. COMO CARACTERIZARIA ESTES DOIS SETORES?

Para além da beleza e da profunda relação cultural que as populações dos Açores têm com o mar, enquanto elemento distintivo da sua identidade, bem como das potencialidades turísticas, de recreio e de lazer que o mar apresenta, há que sublinhar que a pesca continua a ter um peso muito significativo na economia das famílias e da região, sendo mesmo das zonas do país onde a dependência face à indústria pesqueira maior significado assume.

É uma frota constituída, sobretudo, por embarcações de pequenas dimensões que se dedicam especialmente à pesca artesanal, com tripulações familiares, mas também por embarcações de maiores dimensões como os atuneiros. Fruto do investimento dos armadores e das suas associações, bem como da visão estratégica das entidades públicas, os Açores apresentam uma frota que tem vindo a ser renovada. A Mútua tem conseguido acompanhar esta evolução, apresentando soluções competitivas de seguros adequados às necessidades destas novas embarcações.

da pesca, alcançámos recentemente a liderança nos seguros das atividades marítimo-turísticas. Mas os nossos objetivos, também nos Açores, passam por continuar a diversificar e crescer nos outros vetores que definimos como estratégicos: a náutica de recreio, o cluster do mar e a relação com as comunidades ribeirinhas, o setor cooperativo e social. Do ponto de vista associativo, a nossa prioridade passa por investir, juntamente com os parceiros locais e regionais, em ações de sensibilização e formação para uma maior cultura de segurança no mar.

SENDO UMA SEGURADORA ESPECIALIZADA EM SEGUROS PARA PROFISSIONAIS, A MÚTUA ENCARA A APOSTA NO MAR COMO FACTOR ESTRATÉGICO PARA PORTUGAL COM BONS OLHOS?

Hoje temos um conjunto de propostas de seguros dirigidos a atividades profissionais, e também de lazer, no mar e em terra, muito diversificadas. Mas, claro que um país como Portugal tem que assentar parte da sua estratégia de desenvolvimento na relação com o mar e com as atividades que podem, simultaneamente, explorar e respeitar os seus recursos. A pesca, por exemplo, é uma das atividades económicas que merecia ter sido tratada como estratégica nas políticas nacionais e comunitárias, contribuindo para a riqueza e soberania nacionais ...! EM TERMOS FUTUROS, QUAIS OS PRINCIPAIS PROJETOS DA MÚTUA DOS PESCADORES NOS AÇORES?

Para além da tradicional liderança nos seguros

PARTIDA DE GENUÍNO MADRUGA PARA A 2º VOLTA AO MUNDO EM SOLITÁRIO, NO SEU VELEIRO HEMINGWAY.

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MAR 2020/ VISÃO E ESTRATÉGIA

Mar à vista ENTREVISTA A MANUEL PINTO DE ABREU, SECRETÁRIO DE ESTADO DO MAR

MANUEL PINTO DE ABREU Secretário de Estado do Mar

Fruto de uma visão estratégica finalmente orientada para o mar, Portugal começa a produzir sinais de dinamização económica. Além dos investimentos realizados ao longo dos últimos dois anos, estão em curso projetos que ascendem a 183 milhões de euros e foram apresentadas novas candidaturas relacionadas com a aquacultura e a indústria transformadora orçados em cerca de 100 milhões. A simplificação e maior agilização dos processos concursais e licenciamentos, a par da oferta de melhores estruturas de apoio em terra e no mar têm cativado o interesse dos promotores e encorajado novos investimentos, ao que não é alheia a produção de uma lei de bases e a nova regulamentação actualmente em curso. Um dos rostos responsáveis pela definição de uma política, de uma estratégia e de um plano de acção pragmático, orientado para o mar é o Secretário de Estado Manuel Pinto de Abreu que, em entrevista, faz um balanço de um exercício traduzido em crescimento, projectando o futuro da relação do país com o mar. INDÚSTRIA TRANSFORMADORA

“São novas fábricas que estão a surgir no sector das conservas que, espero, traduza igualmente o acompanhamento de um investimento considerável no sector da captura. Por outro lado, no domínio da aquacultura, estamos também perante um considerável conjunto de novos projectos, perspectivando-se ainda um maior

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desenvolvimento no quadro de novas áreas geográficas que estamos a lançar, nomeadamente a sul, 32 no eixo Tavira - Vila Real de Santo António, e 40 na área da Costa Oeste até Aveiro. Falamos de 72 áreas que estarão em andamento em meados de Junho. Estas áreas estão destinadas à aquacultura de bivalves, não se descurando no entanto no futuro outros tipos de aquacultura. O lançamento destas novas aquaculturas é importante, fundamentalmente por dois aspectos: primeiro, mostrarmos capacidade para fazermos um processo administrativo simples para o investidor, que não terá que esperar por qualquer tipo de licenciamento, podendo começar a actuar de imediato. Este será um dos elementos da atractividade que pretendemos criar para o mar de Portugal. O outro aspecto que releva a importância destes projectos prende-se com o que representam em termos de actividade económica. E quando falamos em aquacultura, devemos ter em consideração uma consequência do desenvolvimento por vezes esquecida: estamos a lançar a aquacultura no mar mas, ao mesmo tempo, face à nova organização da Docapesca, em que esta passa a gerir também os portos de pesca, passa a existir uma ligação directa às áreas que, em terra, têm que ser disponibilizadas para apoio à operação no mar. Também aí haverá uma maior facilidade, não só ao nível dos canais directos de distribuição mas também no que concerne às possibilidades criadas com a instalação de novas infra-estruturas em terra. Como se sabe, os projectos de aquacultura iniciados no ano passado, essencialmente de bivalves, faziam a captura e, imediatamente, a

distribuição. Esta correspondia muitas vezes à entrega para indústrias transformadoras fora do país para, então, serem comercializadas. Neste momento, todas elas estão a pensar agregar à actividade de aquacultura a transformação do produto, no sentido de criarem outros tipos de distribuição, satisfazerem outros mercados e obterem mais-valias.” 100 MILHÕES

“No conjunto das 12 áreas de aquacultura do Algarve, o investimento rondará os 43 milhões de euros; no que concerne às infra-estruturas das novas conserveiras, para além dos que já estão em curso, temos três novos investimentos de que resultam cerca de 30 milhões; noutras indústrias transformadoras, teremos ainda projectos orçados em cerca de 30 milhões. No global, estamos a falar num investimento a rondar os 100 milhões.” IMPACTOS NA CRIAÇÃO DE EMPREGO

“Aí, temos que distinguir duas situações... Se pensarmos no caso da indústria conserveira, quando por uma questão de modernização substituímos uma fábrica por outra, se a capacidade se mantiver, a nova tecnologia de produção exige muito menos recursos humanos. Mas a maior capacidade instalada leva a que os recursos humanos sejam pelo menos os mesmos e, pelo que sei, todas elas têm aumentado o pessoal. Ora, esta maior capacidade instalada, tem levado a que sejam geradas novas actividades à volta, resultando efectivamente num aumento de emprego. Por outro lado, graças a este desenvolvimento a que

temos assistido, uma série de estruturas que já estavam paradas estão agora a ser novamente dinamizadas. A este nível, temos em Olhão um caso paradigmático de crescimento. O sector conserveiro, que é muitas vezes apontado como um fracasso português na área do mar, tem constituído um exemplo de como se pode, com cerca de metade das unidades que tínhamos no 25 de Abril, exportar quase o dobro, atingindo, com a maior capacidade instalada, chegar a mercados que antes não conseguiam atingir.” APESAR DE TODOS ESTES INVESTIMENTOS, A ECONOMIA DO MAR AINDA ESTÁ UM POUCO AQUÉM DAS EXPECTATIVAS QUE TRAÇOU...

A economia do mar não vai alterar-se de um dia para o outro. O tempo de resposta é longo. Repare no caso das conserveiras em que temos as primeiras fábricas a começarem actualmente a produzir. Portanto, o seu contributo para a economia do mar ainda não pode ser visível. Se falarmos de aquacultura, constatamos que temos dentro de água uma enorme capacidade de produção e já andamos a trabalhar há uns anos. Mas só agora está a arrancar. No Algarve, as novas infra-estruturas instaladas estão agora a colher os primeiros mexilhões... Só agora começarão a prestar o seu contributo para a economia do mar. Tenho a certeza que os resultados começarão, muito em breve, a aparecer. FALAVA NUMA MENOR BUROCRATIZAÇÃO PARA QUEM PRETENDE INVESTIR. TEMOS UMA LEI DE BASES MAS Á PRECISO AGORA REGULAMENTAR...

Estamos a regulamentar. Estamos a criar os diplomas complementares e a trabalhar intensamente sobre essa matéria, sempre com

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MAR 2020/ VISÃO E ESTRATÉGIA

a preocupação de que o processo seja muito mais simples do que anteriormente. O que fizemos relativamente à aquacultura no Algarve é o paradigma do que pretendemos fazer com a lei em praticamente todas todas as áreas de actividade, criando condições para podermos fazer licenciamentos automáticos. A lei em si não vai resolver todos os problemas de um dia para o outro mas criará condições para que, naturalmente e ao longo do tempo, todas as situações sejam mais facilmente resolvidas. Maior atractividade Tem que ser. Quando diminuímos o tempo de resposta, o investidor passa a ter uma certeza muito maior de que, quando tiver a resposta, está na realidade económica para a qual desenhou o seu investimento. Depois, tem uma segurança jurídica associada à conservação das condições de investimento que não tinha anteriormente. E fica também a saber que, se precisar de aumentar as necessidades para o seu investimento, estão criadas as condições para o fazer. Temos um efeito imediato mas igualmente o efeito da realimentação do processo. QUANDO ESTARÁ REGULAMENTAÇÃO?

TERMINADA

FALA-SE HOJE NUM PAÍS INCLINADO PARA O LITORAL, COM CONSEQUÊNCIAS AO NÍVEL DA DESERTIFICAÇÃO DO INTERIOR... ESTARÁ DISPOSTO A DAR O “EMPURRÃO FINAL” PARA QUE ESSA INCLINAÇÃO CHEGUE MESMO AO MAR?

É importante que se perceba que todo o país, desde a fronteira até ao mar, é marítimo. Nós não temos propriamente um interior distanciado do mar. Aliás, é curioso verificar que muitos dos investimentos no sector da transformação estão a ser feitos no interior. Abrantes e Tondela não são propriamente áreas litorais... E existem projectos ligados ao mar a serem pensados para o interior do Alentejo... Somos um país marítimo como um todo. Inclinar para o mar deverá significar fazer entender aos que estão no interior que existem muitas formas de contribuir para o esforço de regresso ao mar e para a sua valorização. Desde as universidades às mais diversas indústrias.

COMO O CASO DA SARDINHA. AS NOSSAS POSSIBILIDADES DE CAPTURA DE SARDINHA DIMINUÍRAM SIGNIFICATIVAMENTE PORQUE O STOCK NÃO ESTÁ NAS MELHORES CONDIÇÕES MAS O SECTOR CONSEGUIU CRIAR UM MODO DE FUNCIONAMENTO QUE PERMITIU QUE AS RECEITAS SE TENHAM MANTIDO PRATICAMENTE INALTERADAS”.

TURISMO DE MAR

DISPÕE DE TODA A COLABORAÇÃO DA NOSSA PARTE. ESTAMOS A TERMINAR A REVISÃO DO REGULAMENTO DAS EMBARCAÇÕES MARÍTIMO-TURÍSTICAS, CUJAS ALTERAÇÕES BENEFICIARÃO SIGNIFICATIVAMENTE A ACTIVIDADE. DE TODAS AS ACTIVIDADES LIGADAS À ECONOMIA DO MAR, SENDO ESTA INDIRECTA É A QUE MAIOR PESO REPRESENTA. TAMBÉM POR ISSO É UM DOMÍNIO EM QUE ESTAMOS A TRABALHAR E, MUITO BREVEMENTE, SERÃO CONHECIDAS NOVIDADES MUITO POSITIVAS”.

“A TUTELA DO TURISMO ESTÁ MUITO ATENTA E

A

Até final de Outubro, estará certamente terminada. UMA DAS SUAS PRIORIDADES RESIDIA NO DOMÍNIO DA INVESTIGAÇÃO. DESDE O CADASTRO DO TERRITÓRIO MARINHO PORTUGUÊS À POTENCIAÇÃO DOS RECURSOS, COMO ESTÃO ESSES PROJECTOS?

Estão em curso e existem vários elementos novos... Falamos no mapeamento da superfície submarinha, inserido num programa europeu que está em curso, estando para breve a abertura de uma série de concursos para o fornecimento de determinadas componentes para levarmos a cabo esse trabalho. Mas está a ser realizado, neste momento alimentado por informação existente e pela que temos vindo a recolher, nomeadamente com o processo de extensão da Plataforma Continental. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera tem, neste momento, mais uma embarcação operacional que está a ser reequipada para recolher informação junto à costa. Até ao final do ano, esse processo deverá estar concluído. A acção prática continua e a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental já fez um cruzeiro científico em parceria com Espanha, no Golfo de Cadiz, permitiu-nos identificar a libertação espontânea de gás... Outro projecto que desenvolvemos permitiu apontar novos caminhos e eixos de desenvolvimento das capturas, bem como novas oportunidades de aproveitamento. Neste momento, o nosso ROV está embarcado no Gago

/Junho

Coutinho, com vista a realizar mais um cruzeiro científico no âmbito do processo de extensão da Plataforma Continental. Por outro lado, o Navio Noruega navegou no ano passado mais de 150 dias, a níveis que já há muitos anos não fazia... E temos o complemento das embarcações costeiras, uma já recuperada e outra em recuperação.

A VALORIZAÇÃO DO PESCADO

“AINDA NÃO ESTOU SATISFEITO PORQUE SEI QUE PODEMOS FAZER BASTANTE MELHOR. TEMOS ESPÉCIES QUE SÃO DO MELHOR PEIXE DO MUNDO QUE NÃO ESTAMOS A CONSEGUIR COLOCAR COMO PODEMOS NOS MELHORES MERCADOS. HÁ DETERMINADAS OPORTUNIDADES QUE SE PERDEM POR NÃO HAVER UMA VONTADE COLECTIVA MAIS FORTE NO QUADRO DA FILEIRA DO PESCADO. SURGEM PEDIDOS PARA QUE SE ASSUMAM COMPROMISSOS PARA O FORNECIMENTO DE DETERMINADAS ESPÉCIES ALTAMENTE VALORIZADAS EM CERTAS QUANTIDADES E MUITO BEM PAGAS PAGAS MAS NÃO SE CONSEGUEM FIRMAR CONTRATOS PORQUE NÃO SE PRODUZ UMA VONTADE COLECTIVA POR PARTE DOS OPERADORES NO SENTIDO DE SE JUNTAREM PARA GARANTIREM ESSE FORNECIMENTO. SOZINHOS NÃO CONSEGUEM SATISFAZÊ-LO E A VONTADE COLECTIVA NÃO SE MANIFESTA. A SITUAÇÃO TEM MELHORADO MAS AINDA ESTÁ LONGE DO IDEAL, SOBRETUDO NO QUE CONCERNE AO DESENVOLVIMENTO COMERCIAL DA ACTIVIDADE. EXISTEM BONS EXEMPLOS RELATIVAMENTE À VALORIZAÇÃO DO PESCADO ATRAVÉS DA GESTÃO DA CAPTURA,

25


MAR 2020/ VALORIZAÇÃO DO PESCADO

Docapesca, Portos e Lotas S.A.: Do mar à mesa, com valor

Uma nova onda chamada Peniche terra, a um preço muito acessível. Em suma, oferecemos uma experiência muito diferente daquela traduzida

GARANTIA

DE QUALIDADE E VALOR ACRESCENTADO, DIVERSIDADE DE PESCADO E SERVIÇOS COMPLEMENTARES, ALIADOS A UMA COBERTURA NACIONAL E EXCELENTE ACESSIBILIDADE ÀS PRINCIPAIS AUTO-ESTRADAS EUROPEIAS SÃO DESÍGNIOS COMUNS ASSEGURADOS PELA DOCAPESCA – PORTOS E LOTAS, S.A.. FALAMOS DE UMA DAS MAIORES EMPRESAS EUROPEIAS DO SECTOR DAS PESCAS, QUER NO QUE CONCERNE À ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA, QUER RELATIVAMENTE À DIVERSIDADE DOS SERVIÇOS QUE PRESTA.

pelos grandes locais de massas turísticas”. OFERTA DE CHARME A OESTE “O nosso Grupo tem vindo a acompanhar as mais importantes tendências ao nível turístico. O segmento familiar, muito interessante do nosso ponto de vista, tem-se mantido estável ao longo dos tempos. Também temos apostado no mercado corporate um segmento em recuperação e cada vez mais empresas têm LUÍS CRUZ, RESPONSÁVEL

investido em formação, elegendo as nossas unidades por reconhecerem o nosso esforço de adaptação às

Combinar charme, identidade comunitária e visão é já

suas necessidades, especialmente do Atlântico Golfe

parte da identidade corporativa do Grupo Marteleira

Hotel, muito vocacionado para o turismo corporate.

Hotelaria.

Temos um espaço fantástico, constituído por uma

Grande empregador local na região Oeste, o grupo é

envolvente brutal, espaços para reuniões e para team

o detentor da maior oferta local ao nível da hotelaria

building. Temos o golfe, as aulas de surf, fazemos

com cinco unidades: Hotel Atlântico Golfe, Villas do

pequenos almoços na praia, workshops de cocktails...

Lago, Dona Rita Park, Hotel Praia Norte e SuperTubos

E tudo recorrendo exclusivamente à prata da casa.

Beach Hostel e para o próximo ano estão projectados

No que concerne ao Dona Rita Park, procedemos a

novos investimentos. Um hotel temático que revisita as

uma conversão de uma unidade hoteleira até então

origens do município de Peniche e projecta o futuro do

vocacionada para apartamentos turísticos, orientando-a

território está em curso, num investimento previsto de

mais para hotel. A partir dessa opção, temos vindo a

aproximadamente 2 milhões de euros. Em simultâneo, a

captar grupos de estrangeiros que nos chegam através

somar a uma oferta actual que inclui gastronomia, golfe,

de grandes operadoras e que têm potenciado o nosso

surf e um vasto conjunto de parcerias com entidades

crescimento, bem como a afluência de turistas na região,

locais que garantem experiências desportivas, de lazer

uma vez que são pessoas que procuram percursos que

e de team building ao nível do que a região tem de

vão desde Peniche a Óbidos, passando pela Nazaré

melhor, o grupo projecta a construção de um hotel

e outros municípios do Oeste. O Supertubos Beach

quatro estrelas, contrariando um ciclo para muitos de

Hostel está a comemorar um ano de existência e, face

austeridade.

à excelente procura, já foi alvo de uma ampliação,

O País Positivo entrevistou Luís Cruz, um dos rostos

projectando-se já para o próximo ano a abertura de

deste arrojado investimento na região Oeste.

uma nova unidade semelhante noutra localização. A

PORQUÊ PENICHE?

aposta no novo hotel, o antigo Praia Norte, inserido num território que é Património da Unesco, traduzir-

“Peniche é a capital da onda... E acontece que se

se-á num hotel de cidade muito próximo da praia,

está a promover uma onda que abrange também

que ofereça quartos completamente espaçosos, com

novos desportos, uma onda que capta juventude e

32 metros quadrados e isolamento acústico dos

dinamismo que atrai cada vez mais, não só o radical

ruídos externos, com vista para o mar. A unidade será

e simultaneamente tradicional surf, mas igualmente

dotada de várias salas para reuniões altamente dotadas

desportos como o Kite Surf, o sup, a canoagem no mar,

do ponto de vista tecnológico, com soluções que

entre muitas outras actividades e desportos náuticos...

permitam interactividade com os quartos, ligações de

Não estamos apenas à espera do cliente tradicional

equipamentos por bluetooth, entre outras facilidades.

ligado ao surf ou a Peniche enquanto localidade

A partir das televisões poder-se-á aceder a mensagens

mas igualmente de pessoas interessadas em desafiar

como a agenda de uma reunião de grupo, à internet, a

novos desportos, escolhendo Peniche como local de

jogos, a vídeos ou a actividades de entretenimento para

eleição. Peniche que também oferece uma gastronomia

as crianças. Além de tudo isto, teremos um centro de

fantástica, locais por explorar, quer em termos de

interpretação ambiental, um museu diferenciado e muito

afluência, quer em termos de construção. O que se

interactivo, inserido num território que é Património

traduz em praias belíssimas e extensos areais, pouco

Mundial. De uma forma moderna, pretendemos passar

ocupados, num clima muito interessante e que propicia

a imagem desta região, numa linha temporal que vai

um grande à vontade. Além dos desportos marítimos,

desde os mais primordiais testemunhos ao tempo actual,

temos o golfe, uma oferta cada vez mais apetecível.

passando pela “pegada” dos ingleses e do pirata Francis

Por outro lado, a diversidade da região de Peniche, que

Drake Estamos e projectando o que entendemos ser o

não se resume à orla costeira, tem vindo a potenciar

futuro do município e da região. Estamos a cerca de 45

a exploração de passeios pedestres, de cycling ou

minutos de Lisboa, com excelentes acessibilidades, no

running, num ambiente em que se respira das mais

centro do país, não estamos longe do norte mas bem

baixas taxas de poluição do país. Peniche alia mar e

afastados da confusão...”

26

S

ediada em Lisboa, gere todas os portos de pesca e lotas desde Vila Praia de Âncora a Vila Real de Santo António, abrangendo 22 lotas e 31 postos de vendagem. Da concepção e fiscalização de projectos de infra-estruturas portuárias e respectivos equipamentos, à monitorização e gestão das operações, nomeadamente o leilão do pescado, a Docapesca presta um leque alargado de serviços de apoio à pesca, garantindo a eficácia de uma cadeia de valor que confere eficiência e rentabilidade à empresa e aos seus parceiros. Desde 4 de fevereiro deste ano, por DecretoLei nº 16/2014, de 3 fevereiro , a Docapesca assumiu ainda a responsabilidade da gestão de portos, marinas e docas de recreio na sua área de jurisdição, alargando deste modo o seu âmbito de actuação. Vastos contributos estendem-se a áreas como a segurança alimentar – melhoria das condições na primeira venda - , à cadeia de frio – melhorias no que concerne à implementação de boas práticas de manuseamento, conservação e sustentabilidade dos recursos da pesca em articulação com os profissionais do sector, passando pela valorização do pescado português. Um melhor aproveitamento dos recursos, aliado ao fornecimento de mais e melhor informação ao consumidor e ao reforço do projecto Comprovativo de Compra em Lota são acções que visam assegurar este último compromisso. A Docapesca coopera ainda com todos os intervenientes na fileira da pesca, colabora na sistematização de informação e transparência sobre o preço desde a lota até ao consumidor final, produzindo semanalmente um observatório dos preços médios no seu site institucional. A manutenção e aumento do número de lotas com número de controlo veterinário é outro desígnio estratégico da Docapesca, que tem vindo a realizar um significativo esforço financeiro neste e noutros domínios nos portos e lotas portuguesas. O reforço das condições de segurança e qualidade alimentar nos edifícios, equipamentos e procedimentos da empresa têm sido traduzidos no desenvolvimento de

um modelo de reorganização da rede de lotas com dois objectivos principais: a melhoria das condições de funcionamento e operacionalização e a alteração dos circuitos do pescado e das condições de descarga, venda e parqueamento.

DOCAPESCA MARCA PRESENÇA NO FÓRUM DO MAR 2014 A DOCAPESCA – PORTOS E LOTAS, S.A. MARCOU PRESENÇA NO FÓRUM DO MAR 2014, UM EVENTO ORGANIZADO PELA AEP E PELA OCEANO XXI E QUE SE REALIZOU NA EXPONOR, EM MATOSINHOS, ENTRE OS DIAS 28 E 30 DE MAIO. NESTE ÂMBITO, A DOCAPESCA DESENVOLVEU VÁRIAS INICIATIVAS, ENTRE ELAS A APRESENTAÇÃO DO

PROJETO

“PROGRAMA

BOMBORDO”,

MAGAZINE SEMANAL SOBRE O SETOR DA PESCA E ECONOMIA DO MAR, COM O APOIO DA DOCAPESCA, E ATUALMENTE EM EXIBIÇÃO NA RTP2 (SÁBADOS ÀS 21H50), E QUE DECORREU DURANTE O ENCONTRO NACIONAL DOS GRUPOS DE AÇÃO COSTEIRA, SEGUINDO-SE UMA DEGUSTAÇÃO COM CAVALA E POLVO DAS LOTAS PORTUGUESAS. TAMBÉM NO DIA 30 DE MAIO, NO ÂMBITO DESTE FÓRUM, FOI ASSINADO O PROTOCOLO DE ADESÃO DO PROJETO CCL - COMPROVATIVO DE COMPRA EM LOTA - AO PROJETO “PORTUGAL SOU EU”. O COMPROVATIVO DE COMPRA EM LOTA É O PROJETO DE VALORIZAÇÃO DO PESCADO PORTUGUÊS DESENVOLVIDO PELA DOCAPESCA EM 2010 E CUJA ETIQUETA, COM AS CORES DA BANDEIRA

NACIONAL,

PERMITE

IDENTIFICAR

NO CONSUMIDOR FINAL, A LOTA ONDE O PESCADO FOI TRANSACIONADO E É GARANTIA DO CUMPRIMENTO DAS NORMAS DE HIGIENE E SEGURANÇA ALIMENTAR, IDENTIFICANDO AINDA A ARTE DE PESCA UTILIZADA. DIARIAMENTE, NO ESPAÇO DE COZINHA DO FÓRUM DO MAR, A DOCAPESCA DESENVOLVEU AINDA SHOWCOOKINGS COM O PESCADO DAS LOTAS PORTUGUESAS, A CARGO DA ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO DO PORTO.

/Junho


MAR 2020/ VALORIZAÇÃO DO PESCADO

SEGURANÇA ALIMENTAR COM A INTRODUÇÃO DE BOAS PRÁTICAS NOS

VETERINÁRIO (NCV) A TODAS AS LOTAS, APÓS A

SEUS ESTABELECIMENTOS, INCLUINDO AS FÁBRICAS

VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS

DE GELO, A DOCAPESCA PASSOU A GARANTIR A

GERAIS APLICÁVEIS NO REGULAMENTO (CE) N.º

APLICAÇÃO DAS REGRAS DE HIGIENE E SEGURANÇA

852/2004, DE 29 DE ABRIL, E DOS REQUISITOS

ALIMENTAR

EM

ESPECÍFICOS DO REGULAMENTO (CE) N.º 853/2004,

VIGOR. COMO SE TRATA DE UMA QUESTÃO DE

DE 29 DE ABRIL, ENTRE OUTROS DOCUMENTOS

SAÚDE PÚBLICA, A SEGURANÇA ALIMENTAR É

LEGAIS.

IMPOSTAS

PELA

LEGISLAÇÃO

TRANSVERSAL A TODA A EMPRESA, PORQUE ENVOLVE MUITAS ESPECIALIDADES – A CONCEÇÃO DAS INFRAESTRUTURAS E EQUIPAMENTOS, A HIGIENE E SEGURANÇA (DE INSTALAÇÕES, DE EQUIPAMENTOS E DE PESSOAL), A FORMAÇÃO PROFISSIONAL E O PROCESSO OPERACIONAL DAS LOTAS. NOS ÚLTIMOS ANOS, A DOCAPESCA MODERNIZOU E MELHOROU INSTALAÇÕES E PROCEDIMENTOS, PARA MELHOR SE ENQUADRAR NA LEGISLAÇÃO EM VIGOR RELATIVAMENTE À SEGURANÇA ALIMENTAR. A MAIOR PARTE DAS SUAS INSTALAÇÕES ESTÃO DOTADAS DE PLANOS DE HIGIENE E SEGURANÇA ALIMENTAR, BASEADOS NOS PRINCÍPIOS DO HACCP, APOSTANDO EM PRÉ-REQUISITOS COMO PESSOAL, QUALIDADE DAS ÁGUAS E DO GELO, HIGIENIZAÇÕES, MANUTENÇÕES, CADEIAS DE FRIO, RECIPIENTES, CONTROLOS DE PRAGAS E SUBPRODUTOS. O

RECONHECIMENTO

DAS

CONDIÇÕES

HIGIOSSANITÁRIAS EXIGIDAS PELA LEGISLAÇÃO COMUNITÁRIA

E

NACIONAL

DETERMINARAM

A ATRIBUIÇÃO DE NÚMERO DE CONTROLO

/Junho

27


MAR 2020/ INVESTIGAÇÃO

CIIMAR: a inteligência ao serviço do mar O CIIMAR - CENTRO INTERDISCIPLINAR DE INVESTIGAÇÃO MARINHA E AMBIENTAL - É UMA INSTITUIÇÃO DE INVESTIGAÇÃO E FORMAÇÃO AVANÇADA DA UNIVERSIDADE DO PORTO. A SUA MISSÃO CONSISTE NO DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO DE ALTA QUALIDADE, NA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E NO APOIO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA DAS CIÊNCIAS MARINHAS E AMBIENTAIS. O

CENTRO ABRIGA 27 GRUPOS DE INVESTIGAÇÃO, ORGANIZADOS EM

TRÊS LINHAS DE PESQUISA, SENDO DOTADO DE UMA EQUIPA CIENTÍFICA COM MAIS DE

400

INVESTIGADORES COM DIVERSAS FORMAÇÕES.

DE DIFERENTES DISCIPLINAS, O

CENTRO

ATRAVÉS

DA INTEGRAÇÃO

ELEGE COMO OBJETIVO CONTRIBUIR PARA

A COMPREENSÃO DOS PROCESSOS BIOLÓGICOS, FÍSICOS E QUÍMICOS QUE OCORREM

NO OCEANO E NAS ZONAS COSTEIRAS, PARA O USO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS AQUÁTICOS E PARA A AVALIAÇÃO DO IMPACTO DAS ATIVIDADES HUMANAS SOBRE OS ECOSSISTEMAS.

A

TRADUÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA EM BENEFÍCIOS TANGÍVEIS

PARA A SOCIEDADE É UM OBJETIVO IMPORTANTE, PERSEGUIDO ATRAVÉS DA IMPLEMENTAÇÃO DE CINCO PROGRAMAS TRANSVERSAIS.

ESTE CENTRO DE FORMAÇÃO AVANÇADA DE INVESTIGADORES EM CIÊNCIAS DO MAR E DO AMBIENTE APOIA DIVERSOS CURSOS DE MESTRADO E DE DOUTORAMENTO, SENDO AINDA RESPONSÁVEL PELA PUBLICAÇÃO DE UMA SIGNIFICATIVA QUANTIDADE DE ARTIGOS NAS MAIS PRESTIGIADAS REVISTAS CIENTÍFICAS MUNDIAIS. PAÍS POSITIVO FOI CONHECER ESTE PÓLO AGLUTINADOR DE COMPETÊNCIAS RELACIONADAS COM O MAR, GUIADO POR

VÍTOR VASCONCELOS, PRESIDENTE DA DIREÇÃO DO CIIMAR.

VÍTOR VASCONCELOS Presidente da Direção do CIIMAR

O QUE É, CONCRETAMENTE, O CIIMAR?

O Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental é uma entidade associada à Universidade do Porto que faz ainda parte do seu pólo de competências na área do mar, o OCEANUS, que congrega várias instituições, como o INESC ou o INEGI, e visa a criação, no seio da UP, de uma rede de competências na área do mar.. Em suma, o CIIMAR é um pólo de excelência das áreas que visam estudar o oceano no seu todo e entendê-lo nos vários domínios que o compõem. Do ponto de vista físico e químico, temos grupos que trabalham no estudo das correntes e das marés, o que nos ajuda a compreender os processos biológicos, desde a distribuição dos peixes ao funcionamento do plâncton, o que acontece quando há um derrame

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de petróleo... podemos tentar prever que áreas serão afectadas. Essa vertente da oceanografia física é importantíssima no nosso centro que tem igualmente grupos ligados à dinâmica costeira, que estudam por exemplo a distribuição das areias nas zonas litorais e de que forma isso altera a dinâmica costeira, a erosão de que tanto se fala... Temos grupos ligados à engenharia nessa área. Depois, temos os processos químicos: a contaminação química, desde os riscos naturais, como o aparecimento de algas tóxicas que influenciam nomeadamente a capacidade de se vender pescado ou marisco, aos antropogénicos, como o derramamento de petróleo... Estudamos a biodiversidade e os impactos resultantes das alterações globais, bem como as medidas de

remediação. Temos também duas linhas muito aplicadas: uma tem a ver com a aquacultura e o controlo de qualidade dos produtos do mar, em que temos um grande historial de trabalhos como o estabelecimento dos ciclos de vida de novas espécies em aquacultura. Sendo certo que já trabalhamos há muitos anos com o robalo, a dourada, o salmão ou a truta mas existem novas espécies que podem ser introduzidas em aquacultura, como os moluscos, o polvo, bivalves, gastrópodes, e o ouriço do mar... Fazemos o ciclo de vida e os demais estudos de base mas igualmente tudo o que tem a ver com as dietas desses animais. Produzimos as rações que optimizam o crescimento, estudamos os aspectos da patologia e os métodos de combater

as doenças que surgem, avaliamos a qualidade final do produto e toda a fileira, que poderá passar, por exemplo, pela produção de uma conserva ou de um peixe congelado. Com a entrada no CIIMAR de alguns grupos do Instituto do Mar e da Atmosfera, assumimos também essas competências da fileira do pescado. Resumindo, esta questão da aquacultura e da qualidade do pescado é para nós fundamental. Por fim, temos uma área também muito importante, a biotecnologia marinha. Sabemos que o mar tem uma riqueza em organismos ainda muito por explorar. Falamos particularmente de microorganismos, como bactérias ou fungos marinhos, cujo conhecimento se revela extremamente pertinente. Fazemos esse trabalho

/Junho


MAR 2020/ INVESTIGAÇÃO de conhecimento das espécies, o seu cultivo em laboratório e a extracção de produtos naturais que as mesmas produzem, de forma a podermos potenciar as suas várias utilizações, desde a área farmacológica para o tratamento de vários tipos de cancro, ao combate a infecções com bactérias multi resistentes, à produção de antiinflamatórios, anti-obesidade, entre outras aplicações de produtos naturais em organismos humanos, bem como aplicações industriais, como os anti-encrustantes para estruturas marítimas ou barcos. COMO SÃO DEFINIDAS AS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO? O CIIMAR É CONTACTADO PELO TECIDO EMPRESARIAL OU CONCEBE, POR INICIATIVA PRÓPRIA, PROJECTOS DE INVESTIGAÇÃO?

Essas escolhas têm diferentes origens. Por um lado, temos que definir linhas de investigação que vão de encontro às políticas regionais e nacionais. Temos a Estratégia Nacional para o Mar, bem como as políticas de especialização inteligente da Comissão de Coordenação da Região Norte e as políticas internacionais, nomeadamente europeias que definem linhas orientadoras e nos facilitam a obtenção de fundos que nos permitem financiar a investigação a partir de projectos concursados. Depois, temos que pensar um pouco mais à frente, nomeadamente na questão que referiu das empresas. Isso significa irmos ao encontro das empresas e conceber-lhes soluções que respondam aos problemas com se deparam em vez de ficarmos à espera que estas nos contactem. Muita da nossa investigação é de base, fundamental, mas tem que ser cada vez mais aplicada, orientada para os mercados e para a valorização económica. QUE PROJECTOS DESTACARIA ENTRE OS INÚMEROS QUE O CIIMAR TEM ACTUALMENTE EM CURSO?

Não sendo fácil elencar, destacaria três que apresentaremos no Fórum do Mar e que integram um pacote financiado pelo Programa Novo Norte: o Aquaimprov, um projecto de valorização

da aquacultura e a produção de novas espécies, potenciando ainda dietas que sejam amigas do ambiente, provocando menores impactos. Criámos assim um sistema que minimize perdas do alimento que é fornecido aos peixes e que potencie menos dano ao ambiente pela via dessas mesmas perdas. Temos um sistema de aquacultura multitrófica que visa fazer o cultivo em simultâneo de peixes, de moluscos e algas. As ostras vão aproveitar os resíduos dos peixes e as algas vão aproveitar os resíduos de todo este sistema resultando no final uma água quase purificada. Em simultâneo, temos as mais-valias resultantes da produção de peixes, moluscos e algas. Outro projecto, o Ecorisk, incide na avaliação dos danos resultantes de resíduos de petróleo. Estudamos o impacto das substâncias petrolíferas, os danos provocados e medidas que visam remediar esses danos, nomeadamente através da utilização de comunidades de bactérias que degradam o petróleo. Por fim, o Marbiotech, que tem a ver com a valorização de microorganismos marinhos no intuito de criar produtos com fins farmacológicos ou destinados à indústria naval, nomedamente para a produção de tintas anti vegetativas. São três projectos bandeira que implicam a dedicação de praticamente todos os profissionais do CIIMAR. Estará Portugal, finalmente, a dar passos no rumo certo, com uma política, uma estratégia e um plano de acção orientados para o mar? Creio que é um caminho... É importante, por um lado, definir objectivos, até porque o mar é imenso e corremos o risco de nos perdermos nele se tentarmos abarcar todos os assuntos. O estabelecimento da Estratégia Nacional para o Mar e de políticas regionais no âmbito da especialização inteligente, em que cada região define áreas e especialização são sinais que denotam estarmos no bom caminho. Estamos a tentar focar-nos nalguns problemas que podemos resolver e, dessa forma, todos os

recursos, sejam financeiros ou humanos, são envolvidos nesses poucos pontos salientados em cada região e no país no seu todo. Não podemos esquecer-nos que somos um país muito pequeno, comparativamente com os países europeus e, se queremos competir, temos que estabelecer algumas uniões. Esse trabalho ainda está um pouco por fazer, quer nos centros de investigação, quer nos centros ligados ao Estado, que têm que trabalhar mais em conjunto. Em suma, creio que estamos no bom caminho mas ainda com muito a fazer... A QUE NÍVEL SITUARIA A INVESTIGAÇÃO PRODUZIDA EM PORTUGAL COMPARATIVAMENTE COM O QUE SE PRODUZ INTERNACIONALMENTE?

Temos indicadores que nos revelam, claramente, que estamos a um nível de excelência. Por um lado,

/Junho

publicamos nas revistas de topo, indexadas e nos quartis superiores, o que demonstra competência e capacidade de atingir essa qualidade. Por outro lado, também nos é reconhecida competência quando somos coordenadores ou participamos em projectos e redes europeias. Depois, temos também uma capacidade cada vez maior para atrairmos gente estrangeira. No CIIMAR, temos mais de 20 nacionalidades, conseguindo atrair alunos de doutoramento e investigadores de pós-doutoramento, invertendo uma tendência dominante há duas décadas atrás. Outro sinal, embora menos positivo, é que muitos dos nossos investigadores que não conseguem encontrar emprego em Portugal conseguem muito facilmente colocação noutros países de topo na Europa e nos EUA.

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ECONOMIA DA CULTURA

À descoberta do mundo científico O MUSEU DA CIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA TEM AS PORTAS ABERTAS DESDE 2006 PARA DAR A CONHECER, AO PÚBLICO DE TODAS AS IDADES, A CIÊNCIA.

PAULO MOTA Diretor do Museu da Ciência de Coimbra

E

m conversa com o País Positivo, Paulo Mota, diretor do museu, explica que o projeto do museu tem duas fases: “A primeira fase foi a recuperação do Laboratorio Chimico e a segunda corresponderá à requalificação do Colégio de Jesus, onde se encontra a maior parte das colecções do Museu. Foi preciso experimentar, formar pessoas. O Laboratorio Chimico foi a primeira experiência que acabou por correr muito melhor do que o previsto”. Concluída a primeira fase, que tem contado com imensos prémios de atividade do Museu, deram início à projetação para a remodelação do outro edifício, para o que se lançou um concurso internacional de arquitectura. No entanto com a vinda da Troika para Portugal “o projeto acabou por ficar parado” e só agora voltaram a pegar nele. O nosso entrevistado acrescenta ainda que “apesar de já estarem a trabalhar no projeto final, a implementação irá ser faseada”. Se pensa que o museu da ciência não é a sua praia, que é para pessoas habilitadas para essa matéria, engana-se. Este é um museu para todos. O diretor do museu afiança que “a exposição foi pensada para qualquer pessoa com formação básica e, portanto, são acessíveis a todos os públicos. O Museu tem mesmo uma estratégia especial para crianças até aos nove anos que passa por um acompanhamento apropriado. Para as crianças muito pequenas, “existem ateliês que exploram um tema da ciência, muitas vezes relacionado com a exposição e temos também visitas de grupo. O sucesso das actividades

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que desenvolvemos é atestado na regularidade com que muitas crianças participam nas nossas atividades, ao longo de anos”. As atividades são constantes. Em média têm cerca de duzentas atividades por ano. Paulo Mota acrescenta ainda que “temos um conjunto de ateliês que fazemos todos os sábados, os Sábados no Museu, e que mantemos desde 2007. Costumamos também ter, uma vez por mês, aos domingos de manhã, a Ciência em Família, trazendo um cientista que desenvolve uma atividade sempre diferente no ateliê, fazemos também festas de aniversário, temos atividades de férias, entre outras, todas elas temáticas”. Este museu tem uma exposição permanente, onde está a incluída a joia da coroa, o Gabinete de Física. O nosso interlocutor adianta, orgulhoso, que “há agora uma candidatura da Sociedade Portuguesa de Física a propor o reconhecimento da Sociedade Europeia de Física do gabinete de física como um espaço histórico singular”. Mas não se fica por aqui. Pode ainda visitar as secções de zoologia e de minerologia. A visita a estes espaços é paga, exceto alguma exposição temporária que seja gratuita. “O bilhete geral permite visitar a exposição permanente, o gabinete de física e as exposições temporárias”. O que está exposto é apenas uma pequena parte do espólio da Universidade de Coimbra. Por isso, criou-se uma base de dados online, o Museu digital, para que o público tenha acesso a todo o espólio e, de alguam forma, exista uma listagem que ajude à preservação do espólio existente

e que serve ainda para os investigadores. “A exposição permanente no Laboratorio Chimico tem 190 objetos expostos. No entanto, as nossas coleções temos cerca trezentos mil objetos, acrescentando-se ainda o herbário que com mais oitocentos mil, é o segundo maior da Península Ibérica. Os cerca de três mil objetos de física estão todos acessíveis no Museu digital. Um outro objetivo numa vertente menos pública e menos cultural, mas mais científica é a da preservação das coleções e o seu estudo. O museu digital é um interface que permite a qualquer pessoa ter acesso”. Este não é um museu qualquer. É um museu

aberto. Não se fecha no mundo científico, permitindo a interação com outras disciplinas, tornando-o muito rico em exposições e atividades. Paulo Mota esclarece que “apesar de sermos um museu de ciência temos também colaborações com unidades de áreas consideradas não científicas como, por exemplo, a Casa da Escrita. Já realizámos um colóquio sobre “A Ciência na poesia de Camões”. Percebe-se por aí que, de facto, era uma pessoa extraordinariamente instruída, com conhecimentos de muitas áreas. Mantemos também uma colaboração com o Instituto de Estudos de Cultura Tradicional da Universidade Nova de Lisboa, com grupos de

/Junho


ECONOMIA DA CULTURA

Teatro, artistas plásticos, entre outros. Realizamos sempre iniciativas ligadas à ciência, mas sem se fecharem sobre si, abrindo-se antes às colaborações enriquecedoras. A exposição permanente cobre várias áreas científicas, numa abordagem transversal e temática. Esta é a nossa filosofia de base, o que nos permite estabelecer pontos com outras áreas do saber”. A tão aclamada pérola, o Laboratório de Química, remonta aos tempos de Marquês de Pombal e representa um enorme investimento feito na ciência, na altura. Esta é a prova da abrangência às várias áreas do museu. Espalhadas pela exposição, estão “uma série de referências a figuras que foram importantes. Por exemplo Vicente Coelho de Seabra, que introduziu o ensino da química de Lavoisier. Há uma memória do primeiro diretor, Domingos Vandelli, que também fundou uma fábrica de faiança em Coimbra. Aqui se apresenta a primeira inseminação artificial, que foi realizado por Spallazani em rãs e salamandras, no século XVIII. Temos também referências a Egas Moniz, único

/Junho

Prémio Nobel da ciência português, que foi aluno da Universidade e que realizou trabalhos sobre uma descoberta científica acabada de realizar, os Raios-X, sob orientação do Professor Teixeira Bastos que realizou as primeiras radiografias em Portugal, uma das quais pode ser vista no Museu”. Com honra, Paulo Mota refere que “em 2008 recebemos o prémio para o Melhor Museu Europeu de Ciência Técnica e Industria. O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra foi ainda recentemente referenciado como um dos dez museus universitários mais excitantes do mundo. Em 2012 chegamos aos trinta mil visitantes, o que é muito positivo, tendo em consideração a dimensão do espaço, que conta sobre o número de visitantes e a localização na região centro, que não é um grande centro demográfico”. O Museu da Ciência foi concebido para dar a conhecer o mundo da ciência a todas as pessoas, independentemente das habilitações literárias. Não espere mais. Junte a família e rume ao museu. De certeza que não se arrependerá.

Rei dos Leitões: Charme à mesa

N

uma soalheira quinta-feira de Maio de ascenção, 40 dias após a Páscoa, no longínquo ano de 1947, os meus tios, ela irmã do meu pai, decidiram assar um leitão. E, vender a retalho na pequena tasca de que eram proprietários, onde já se comiam outros belos petiscos autóctones. Tasca na verdadeira acepção da palavra. Um simples, rude e humilde corredor, cujo terminus, já longe da luz solar, se encontrava um balcão de madeira. Depois destes as pipas de madeira de carvalho francês. Claro, sempre bem acompanhados dos bons vinhos, na altura apenas do lavrador, mais baratos e mais de encontro ao gosto dos clientes de então. Humildes e de parcos recursos. Quase sempre lavradores. Longe viria ainda o tempo em que o movimento registado na estrada nacional 1 seria demasiadamente brutal e até incomodativo. Desde então até hoje não mais parámos. Continuamos a manter a tradição dos fornos aquecidos a calorias proporcionadas pela madeira, casca de eucalipto, e atender bem....estas são algumas das características que diferenciam e enaltecem o Rei dos Leitões, a segunda casa mais antiga do país, quiçá do mundo, na venda desta iguaria, nacional e internacionalmente reconhecida. O concurso “As 7 Maravilhas da Gastronomia” são bem exemplo disso. Tornaram ainda mais distinto e distante de outros pratos, igualmente fascinantes, o leitão assado da Bairrada. Hoje, e após 4 remodelações e re-stylings e outras tantas mudanças de gerência, o Rei dos Leitões, tornou-se um dos mais apetecíveis e procurados restaurantes de leitão da Mealhada. Temos 162 lugares sentados em três salas perfeitamente distintas, ainda que interligadas. Contudo, desde a decoração mais ou menos naif, até à luminosidade, todas elas têm o seu elan. A última remodelação, em Janeiro deste ano, onde os linhos das cortinas em conjunto com o travertino da coluna de entrada e das paredes do hall, bem como a ardósia do piso á tela de cunho pessoal na parede do balcão, dão um toque peculiar de luminosidade ímpar e bom gosto indesmentível no meu restaurante. No exterior, a pintura recente, de Junho, num ocre solar, os azulejos de século têm outra beleza. O parque, asfaltado também em janeiro, circunda um pequeno jardim com uma quase secular nespereira e uma não menos nova magnólia de dimensões nada

normais. O leitão foi e será sempre o centro gravitacional das refeições no Rei dos Leitões. Claro, não podemos esquecer a chanfana, assada como antigamente; o bacalhau no forno; as costeletas de novilho das Astúrias; o nobre polvo, à lagareiro ou cozido com camarão; os rojões, tão da nossa zona; o peixe fresco selvagem, pescado nas gélidas e salgadas águas do atlântico, quase sempre à linha. Pois claro, e as isquinhas de leitão, tão tenras e suculentas que eram receitadas antigamente aos meninos de colo quando sofriam de icterícia ou anemia. Feitas de cebolada, são um repasto único. A cabidela de leitão. Desta última forma, os miúdos do leitão (fígado, coração, rins) são cozinhados no forno do leitão, debaixo deste, em assadeiras, vulgo pingadeiras, nome advém do pingar do molho do bácaro, para que o sabor seja o mesmo de 1947. O Rei dos Leitões foi contratado para o catering de comemoração do dia nacional de Portugal, Camões e as Comunidades, em Bétera, Valência, Espanha. E daqui levámos tudo. Tem ainda a honra de ser uma “PME Líder”, certificação atribuída pelo IAPMEI em parceria com o Banco Santander, dados os nossos rácios de solvabilidade e liquidez. Também temos levado a cabo jantares temáticos, em parceria com um chef português radicado na Suíça há mais de trinta anos. O ano passado foram “alvo” da visita da Confraria do Leitão. Esta visita não mais se deveu à nossa candidatura ao concurso promovido pela Câmara Municipal da Mealhada, denominado “4 Maravilhas”. O Rei dos Leitões, uma vez mais, distanciou-se dos demais e conseguiu o primeiro lugar do pódium, com o galardão de “EXCELÊNCIA”. Desde os espumantes da região do Távora Varosa, aos vinhos quentes e frutados do Douro, passando pelo Dão, das suas seculares quintas, à já falada Bairrada, outra vez em ascensão, descendo à Estremadura, Vale do Tejo e Península de Setúbal, até ao Alentejo, oferecem um pouco de tudo. Existe sempre um vinho ao gosto de cada um. Estes são alguns dos nossos melhores e maiores predicados. A existência desta casa deve-se a um trabalho árduo diário e a uma busca incansável de melhorar dia após dia. Os prémios ganhos, e o maior prémio é-nos atribuído pelos clientes, fazem desta a casa do Leitão à Bairrada.

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PROTEÇÃO CIVIL/ FORMAÇÃO

Planeamento, Estratégia e Combate O PRESIDENTE DA LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES, JAIME MARTA SOARES, DÁ A SUA PERSPETIVA ACERCA DA PREVENÇÃO, DO PLANEAMENTO, DA ESTRATÉGIA, DA FORMAÇÃO DOS BOMBEIROS E DO PAPEL DA LIGA JUNTO DAS ASSOCIAÇÕES E DOS CORPOS DE BOMBEIROS. REVELA OPINIÕES FORTES E CONCRETAS SOBRE O PAPEL DOS BOMBEIROS NA SOCIEDADE E DOS PROBLEMAS QUE OS MESMOS ENFRENTAM, NÃO SÓ EM ÉPOCA DE INCÊNDIOS FLORESTAIS, MAS TAMBÉM,AO LONGO DE TODO O ANO E NAS MAIS VARIADAS ÁREAS DE ATUAÇÃO NO SOCORRO.

JAIME MARTA SOARES Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses

A Liga é a Confederação Nacional das Associações e Corpos de Bombeiros de todo o país, instituída desde 1930, teve sempre um papel fundamental na procura do bemestar comum, quer a nível financeiro, material e social das várias corporações de bombeiros, quer voluntários, quer profissionais e também junto das associações em prol de melhorias estruturais, que levem a uma melhor e competente prestação de serviço às comunidades onde estão inseridas. O ano de 2013 foi um ano dramático no combate aos incêndios florestais em Portugal, não só pela área ardida, como também pela morte de pessoas, entre elas 8 bombeiros. Com a chegada do calor e a falta de prevenção estrutural da floresta portuguesa há uma conjugação de factores que permite a propagação de incêndios florestais assumindo foros de grande destaque e de grande preocupação em Portugal. A floresta portuguesa é extensa e tem sido alvo de danos significativos ao longo dos anos, seja por causas naturais ou por mão criminosa. Os bombeiros e a população têm tido grande influência no debelar deste flagelo. Além do impacto ambiental, os incêndios florestais põem em risco as pessoas os seus bens materiais, o ambiente e a economia nacional.. Jaime Marta Soares, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, defende com convicção o papel dos bombeiros na sociedade e das mais variadas adversidades com que se deparam no dia a dia. Traduziu o trabalho dos bombeiros assente na solidariedade e no humanismo, que Jaime Marta Soares destaca como práticas e valores bem enraizados nos soldados da paz. Qualquer cidadão português sabe de cor o número de telefone dos seus bombeiros, sabendo também que estas mulheres e estes homens que fardam de soldados da paz estão sempre prontos a socorrer, por todo o país, desde o Portugal mais urbano ao Portugal mais

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profundo. Há sempre um bombeiro a quem as pessoas podem recorrer, refere. Enquanto presidente da Liga, o próprio define o cargo como aliciante mas ao mesmo tempo com muitas dificuldades de percurso. Jaime Marta Soares constata que há ainda muito a fazer e que resolver problemas não é tarefa fácil, acreditando que com perseverança e convicção tudo se resolverá, apostando no diálogo como arma para combater as resiliências que vão surgindo. Apesar disso, o presidente afirma que neste momento muito do que estava pendente nos vários departamentos dos poderes públicos instituídos está resolvido , ou prestes a sê-lo, afirmando que o balanço dos dois últimos anos é tido como muito positivo. O presidente elege o voluntariado nos bombeiros como a práticamais nobre que existe ao serviço dos cidadãos e que este tipo de serviço não deve ser desvalorizado, outrossim incentivado e apoiado por todos. O voluntariado em Portugal nos bombeiros não é sinónimo de amadorismo, mas sim competência e profissionalismo.,Os b o m b e i r o s portugueses para mais saberem criaram a sua Escola Nacional de Bombeiros, que forma e especializa os seus formadores e técnicos, com alta qualificação e competências ao nível dos melhores da Europa e do Mundo, reforça o presidente, que reclama mais aapoios e incentivos

ao voluntariado que motive um maior número de jovens para as suas fileiras. Um dos maiores problemas apontado pelos bombeiros é a sua sustentabilidade financeira que lhe permita responder sempre com eficácia, às necessidades que lhes surgem todos os dias na gestão das suas associações. A escassez de equipamentos também é um problema permanente e constante e que tarda a ser resolvido, apesar da nossa insistência e propostas concretas. No que se refere a outros equipamentos, nomeadamente rádios SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal),este é um sistema que permite colocar, em caso de emergência, todos os bombeiros a comunicar na mesma plataforma, explica. Esta tecnologia é suportada numa rede TETRA trunking digital, ou seja, um sistema de rádio móvel profissional bidirecional, que permite uma conversação em grupo, seja para coordenação, como para planeamento, com capacidade para manter em contacto mais de

50 mil utilizadores em simultâneo. O sistema pode ser utilizado também em rede privada. De um total de sete mil, já foram entregues cerca de três mil. Os equipamentos de protecção são uma ferramenta relevante no combate incêndios florestais devido ao seu desgaste e à escassez dos mesmos. Na época dos fogos o equipamento denominado de EPI´S (equipamentos de proteção individual) é constituído por materiais com propriedades especiais para proteção pessoal no combate aos fogos. Para cada bombeiro serão no mínimo necessários três equipamentos diz Jaime Marta Soares. Infelizmente hoje não é essa a realidade. Estamos a envidar todos os esforços para que este cenário seja rapidamente ultrapassado. Além de equipamentos individuais, também as viaturas de combate, precisam de ser recuperadas ou na maior parte dos casos substituídas por novas, não se esgotando obviamente nessas, todo o outro material necessário para uma prestação normal do socorro, o que implica recursos

/Junho


PROTEÇÃO CIVIL/ FORMAÇÃO

financeiros que os bombeiros não têm. A prevenção de incêndios florestais volta a ser um assunto pertinente, por essa razão o presidente aponta falhas na organização e vai mais longe dizendo que a questão problemática não é o combate aos fogos, mas sim a prevenção estrutural da floresta portuguesa que não existe. As ferramentas mais uteis na prevenção dos incêndios florestais além da limpeza das matas, planeamento e ordenamento são também necessários o combate à negligência e ao crime. Há que criar sistemas de sensibilização e educação cívica para a defesa da floresta apostando na afirmação de uma competente e exigente cidadania activa, como ainda uma maior sensibilização e respeito pelo trabalho do bombeiro em que o risco é parte integrante da sua actividade diária. A legislação é também um factor a não ser esquecido, já que é altamente relevante como acção preventiva. Esta última terá que incidir sobre a falta de civismo já que em Portugal o número de incêndios florestais com origem humana e criminosa ocupa a percentagem maior das ignições verificadas anualmente. Para 2014, Jaime Marta Soares deseja e espera que não se repita um ano catastrófico como foi o de 2013.

Sensibilizar para prevenir JOSÉ FERREIRA, PRESIDENTE

DA DISCURSO DIRETO.

ENB, EM

FALE-NOS UM POUCO FLORESTA SEGURA 2014.

SOBRE

O

PROJETO

O Floresta Segura é um projeto que tem vindo a ser desenvolvido a nível nacional, desde 2012, pela Escola Nacional de Bombeiros (ENB) em estreita parceria com o grupo Portucel Soporcel e que tem por objetivo central: a redução do número de ignições com origem em fogueiras ou queimas de sobrantes agrícolas. O projeto é composto por ações de sensibilização em que se ensinam os princípios básicos de prevenção e como efetuar uma queima legal e segura. QUAIS AS AÇÕES A SEREM REALIZADAS E QUAL A DURAÇÃO DAS MESMAS?

Em 2014, foram desenvolvidas 15 ações de sensibilização distribuídas, entre os meses de março e maio, pelos municípios de Rio Maior, Paredes e S. Pedro do Sul. As primeiras ações realizaram-se, nos dias 22 e 23 de março, em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (concelho de Rio Maior), uma área da responsabilidade do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) que, desde o início, se associou a esta iniciativa. Já em abril, o Projeto chegou a S. Pedro do Sul - um município selecionado pelo aumento, verificado em 2013, de ignições por ações negligentes. Na primeira semana de maio, repetiram-se as ações em Paredes como forma de verificação dos resultados obtidos em 2012 durante a fase piloto da “Floresta Segura”. Mas a “Floresta Segura” não está limitada aos municípios onde decorrem as ações. Qualquer autarquia pode, em parceria com o corpo de bombeiros local e outras entidades, sensibilizar a sua comunidade com recurso aos materiais desenvolvidos pela ENB e que se encontram disponíveis no seu sítio. Algumas câmaras municipais já demonstraram interesse nesta reprodução mas são esperadas mais.

extintores, até ações mais complexas, como a primeira intervenção num fogo nascente em ambientes adversos, ou a simples higiene e segurança das instalações. O nosso cliente direto, ou os clientes que por intermédio dos formadores externos da ENB, solicitam formação credenciada e ministrada nos Corpos de Bombeiros, visam basicamente elevar os conhecimentos dos seus colaboradores, dentro da filosofia, que cada um é o primeiro agente de segurança. ATÉ QUE PONTO SÃO AS VOSSAS AÇÕES DE FORMAÇÃO ADAPTADAS ÀS VARIADAS EMPRESAS/ INSTITUIÇÕES QUE VOS PROCURAM?

Apesar de terem formações de certa forma estandardizadas, igualmente temos a flexibilidade para adaptar a formação em função de pedidos específicos. Como abrangemos a área dos primeiros socorros, a área de combate a incêndios e a área de segurança contra incêndios, as soluções são sempre adequadas às necessidades do cliente.

EM TERMOS FUTUROS, QUAIS OS PRINCIPAIS PROJETOS?

O grande desafio é formar formadores de qualidade, de forma a cobrir de forma realista os recursos humanos, que são os quadros de comando o ativo dos bombeiros, acompanhando a função com novos materiais pedagógicos e introduzindo as novas tecnologias na formação. A título de exemplo, iremos ter a partir de outubro a utilização a utilização de simuladores de realidade virtual especificamente concebidos para a formação de bombeiros. Em paralelo, a melhoria das condições infra estruturais das instalações da ENB, nomeadamente Sintra e Lousã. Além disso, o trabalho da certificação internacional da formação, estabelecendo parcerias com algumas das melhores escolas de bombeiros da Europa, particularmente do Reino Unido, França, Itália e Espanha, estes três últimos países muito derivado das características e problemáticas dos fogos florestais

QUEM PODE SOLICITAR AS VOSSAS AÇÕES DE FORMAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DE FOGOS FLORESTAIS?

A nossa tarefa foi a estruturação das ações e a produção dos materiais, folhetos e desdobráveis. Com este material, qualquer Câmara Municipal, através do seu gabinete Técnico florestal, junta de freguesia, o corpo de bombeiros local, GNR e Comando Distrital de Operações de Socorro, podem desencadear as ações que entenderem junto das respetivas populações. QUANDO FALAMOS EM RELAÇÕES INTEREMPRESARIAIS, QUAIS AS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES TEM O CLIENTE QUE PROCURA AS VOSSAS FORMAÇÕES?

JOSÉ FERREIRA Presidente da ENB

/Junho

No âmbito do Centro de Formação de Empresas, promovemos formação muito diversificada, que vão desde a simples, mas correta utilização dos

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QUALIDADE DE VIDA

Resende: Um concelho com muitos desafios É

ENTRE A MARGEM ESQUERDA DO

ENCONTRAMOS

RESENDE. ESTE

RIO DOURO

E A

SERRA

DE

MONTEMURO

QUE

É UM CONCELHO PROMISSOR, MAS QUE TEM SIDO

DIZIMADO COM AS MEDIDAS APLICADAS PELO GOVERNO NAS QUESTÕES DE FECHO DE SERVIÇOS E TÉRMINO DE INVESTIMENTO.

responsabilidade e conhecimento nesta área para ajudar a elaborar este projeto”. Resende é exemplo da importância das universidades na comunidade onde se inserem pois neste projeto de melhoramento da cereja estão a ser estabelecidas ligação com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

GARCEZ TRINDADE Presidente CM de Resende

E

m conversa com o País Positivo, Garcez Trindade, presidente da câmara, explana todas as potencialidades do concelho. “É um concelho essencialmente agrícola, não temos indústrias significativas. Temos uma fábrica de transformação e engarrafamento de água, próprio da nossa serra de Montemuro. Temos também algumas empresas ligadas à produção e comercialização de cereja. E ainda beneficiamos do rio Douro. E é aqui que vamos apostar”. Em conjunto com a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, da qual fazem parte,

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(UTAD). O presidente de câmara explica que “esta ligação possibilitará o desenvolvimento científico e tecnológico no que diz respeito à cultura, elevará a produção de cereja e a escolha das melhores espécies, bem como, abrirá a possibilidade de dar origem à indústria da transformação da cereja, como por exemplo,

elaboraram um plano estratégico para que seja possível alcançar fundos comunitários de forma a impulsionar o desenvolvimento do concelho. “Em seu tempo, Resende verteu aos professores da Universidade Católica, que foi a identidade que elaborou o estudo, nomeadamente no desenvolvimento da cultura da cereja, ou seja, desenvolver ações que visem subir de patamar na produção, na qualidade, na comercialização e até com a possibilidade da certificação da nossa cereja, algo que é necessário para que se consiga usufruir dos mercados com mais potencial. Necessitamos de mais produção, necessitamos de maior qualidade de produção e para isso é preciso elaborar um projeto que envolverá uma entidade congregadora de todas estas intervenções. Será a câmara municipal a convocar alguma massa critica que tenha alguma

/Junho


QUALIDADE DE VIDA

cereja cristalizada, compotas, licores, sumos, etc. Isto também envolve o tratamento de patologias da cereja e de outros frutos, que é algo que está muito ativo e que poderemos beneficiar com a prevenção e tratamento de pragas, assim como na formação, em relação ao tratamento que cada produtor deverá dar às suas cerejeiras e no equipamento que cada um terá que ter para fazer esse tipo de fitoterapia”. Os projetos não se esgotam por aqui. Garcez Trindade acrescenta que “também vertemos a possibilidade de aumentar o incentivo à criação de gado de raça arouquesa na nossa serra e também o facto de sermos o único concelho da região que tem matadouro municipal e que irá ser alvo de requalificação, aumentando as suas valências para abate, desmancha e embalamento, podendo, assim, abrir as portas à certificação e comercialização da carne de raça arouquesa”. Caldas de Aregos e a sua oferta termal não foram esquecidas: “Caldas de Aregos é uma localidade muito bonita e tem umas termas que foram requalificadas há pouco tempo. Temos a piscina e a possibilidade de acesso ao espelho de água natural do rio Douro para embarcações de desporto, de lazer e de competição. Há toda uma série de estruturas que sustentam esta potencialidade que se encontram agora numa fase de renascimento”. DESAFIOS

Até então este esforço para desenvolver Resende tem-se mostrado, de algum modo, infrutífero muito por culpa das políticas adotadas pelo poder central. Este concelho não viu, ainda, terminadas as obras da sua escola secundária, a concretização da estrada que iria ligar a A4 à Ponte da Ermida – construída propositadamente para o efeito –, viu encerradas freguesias e recentemente o seu tribunal, havendo a ameaça de encerramento da repartição de finanças. O nosso interlocutor mostra-se indignado com esta centralização de poder e com este esquecimento por parte do Estado da sua

/Junho

população. “Infelizmente, estamos a passar por um período muito mau, um período altamente agressivo por parte do poder central que tem abalado, sem precedentes, o poder local em Resende. Tem-se assistido nestes últimos tempos a uma desqualificação vergonhosa dos concelhos do interior. O ano passado extinguiram-nos freguesias e o mais caricato de tudo é que ainda hoje eu assinei aqui autorizações para mesas de voto nessas freguesias já extintas. Pelo facto de não haver investimento público, a estrada que estava prevista que ligaria a A4 à A24 ainda não apareceu. Com o término do investimento público ficou tudo em standby e esse troço que é fundamental para a nossa sobrevivência ainda não se concretizou”. O presidente da câmara não entende as razões destas medidas nem o facto dos autarcas dos municípios afetados não serem ouvidos. “Nós vivemos em democracia. Este governo um dia vai embora, mas vai deixar marcas profundas. Relativamente ao fecho do Tribunal em Resende, o presidente afirma: “Constatamos que não existe nenhum daqueles pressupostos que foram colocados para encerramento dos tribunais”. Posto isto, acredita que “é tudo uma questão de ideologia. Não há outra explicação a dar. Ideologia de alguém que quer centralizar o poder. O poder local nunca esteve tão ameaçado como agora. Retirar o acesso ao tribunal e ao juiz às pessoas é imperdoável”. Neste momento, para ser autarca de concelhos do interior é preciso coragem e determinação. Garcez Trindade agarra-se à esperança de poder haver conversações entre o governo e a União Europeia para que alguma parte dos fundos possa servir para terminar a ligação rodoviária que falta e que é indispensável ao desenvolvimento do concelho e, também, que “futuramente o Poder Central seja presidido por pessoas que no desempenho das suas responsabilidades utilizem ideologias que contemplem os direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa, de igualdade, garantias e liberdades”.

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GESTÃO

CodeOne: Amplamente reconhecida no mercado, continua comprometida em garantir aos clientes as melhores soluções globais de gestão

A

CodeOne, empresa sedeada no Porto desde 2003, apoia a atividade dos seus clientes através do fornecimento de equipamentos de recolha, tratamento de dados e Voice Picking, produz software empresarial à medida das necessidades desta área de mercado, assim como presta os necessários serviços de assistência técnica e formação. É atualmente um dos principais e mais reconhecidos players no mercado de desenvolvimento de soluções para recolha e identificação automática de dados em Portugal, contando com diversas empresas operantes nos setores da Indústria e Distribuição Alimentar e

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Não Alimentar, Logística e Transportes na sua carteira de clientes. A empresa registou, em 2013, um crescimento de 28% no volume global de vendas, valor do qual se destaca um crescimento de 21% no setor dos serviços. Este resultado, bastante positivo para o cenário económico-empresarial do ano transato, fica, em grande parte, a dever-se uma aposta contínua da empresa na melhoria da qualidade dos serviços prestados, bem como na diminuição do tempo de resposta. De salientar o investimento constante, por parte de toda a equipa da CodeOne, na fidelização da

carteira de clientes, a qual atingiu um nível de 90%, em 2013. De acordo com Carlos Figueiredo, Diretor Geral da empresa, o “Processo de fidelização de clientes só é conseguido através da consciencialização permanente de toda a equipa para a importância dos valores que norteiam a atividade da empresa, mas também através do investimento numa cultura permanente de orientação para o cliente, qualificação técnica, flexibilidade e capacidade de serviço”. A CodeOne, ao longo de toda a sua cadeia de valor, dá especial ênfase à sua experiência, capacidade e flexibilidade, para se ajustar à evolução do mercado, às necessidades dos seus clientes e às especificações técnicas e funcionais de cada projeto. Reconhecendo a necessidade de as empresas integrarem nas suas atividades diárias uma solução global integrada de mobilidade, de modo a permitir a disponibilização e troca de

informação em todos os pontos de atividade da empresa em tempo real, com elevada qualidade e fiabilidade, a CodeOne tem vindo a disponibilizar aos seus clientes o a solução Gral Suite. Esta solução consiste num software de controlo e de gestão global para empresas, o qual consegue abranger, gerir e suportar todos os atuais módulos de gestão no ponto de atividade e desta forma permite, em tempo real, fornecer e receber a informação útil de cada um desses pontos. O sistema Gral Suite controla a rastreabilidade total das pessoas e produtos em todas as fases do negócio, desde a aquisição e armazenamento, até à fase do pós-venda. Permanentemente orientada para o cliente e para a satisfação das suas necessidades, a CodeOne adapta-se num mercado em constante evolução, reforçando a produtividade e competitividade dos seus clientes, disponibilizando-lhes um abrangente leque de soluções.

/Junho



ENSINO E FORMAÇÃO

Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro na vanguarda da educação OUTRORA,

AS

CALDAS

DA

RAINHA

FOI UM MUNICÍPIO COM ALUNOS A MAIS PARA A

QUANTIDADE DE ESCOLAS QUE TINHA. HOJE, A SUA OFERTA FORMATIVA É MAIOR E MELHOR.

EXEMPLO DISSO É A ESCOLA SECUNDÁRIA RAFAEL BORDALO PINHEIRO.

ANTÓNIO VEIGA Diretor Em conversa com o País Positivo, António

Veiga, diretor da escola, confessa que a escola em si e a forma como é vista mudou imenso. Hoje, assume perante a sociedade um papel preponderante no encaminhamento dos jovens e também no alargar dos horizontes dos adultos. “Há cerca de 12 anos, o concelho das Caldas da Rainha estava superlotado de alunos e tínhamos aulas em tudo que era canto. Neste momento, temos cerca de 950 alunos. Logo, a oferta teve que ser alterada. Agora temos novas instalações que oferecem condições bem melhores que então não tínhamos. A requalificação baixou o número de alunos, mas aumentou a qualidade. Passamos de três salas laboratoriais para sete. O mesmo aconteceu com as salas de informática que passaram para sete e estão totalmente equipadas. Os professores têm três salas de trabalho. Devido à qualidade dos nossos equipamentos desportivos apostamos no desporto. Atrevo-me a dizer que temos uma oficina mecânica que faz inveja a muitas empresas. Além disso temos um edifício dedicado às artes nas suas mais variadas formas”. OFERTA FORMATIVA

Com as obras realizadas pela Parque Escolar, apesar de ainda não concluídas, a oferta formativa da escola foi reajustada. No entanto, tem sempre em conta “o palpitar das necessidades da região. Temos uma proposta de escola em que fazemos um reforço de continuidade dentro dos cursos que temos, porque a escola foi requalificada tendo em vista aquelas ofertas, e acrescentado mais três ou quatro cursos. Isto nas áreas dos audiovisuais, marketing, publicidade, apoio à infância, mecatrónica, turismo e desporto. O desporto é um caso particular, porque passou a prioridade zero em Lisboa e Vale do Tejo, porém temos alunos que gostariam de frequentar este curso. Acrescentando aos cursos temos

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todo o ensino regular e funciona, esta escola, como Centro para Qualificação e Ensino Profissional (CQEP)”. CENTRO PARA PROFISSIONAL

QUALIFICAÇÃO

E

ENSINO

Os CQEP são a evolução dos CNO – Centro de Novas Oportunidades. O nosso interlocutor explica que “no que toca ao reconhecimento e validação não muda nada. Na oferta para os cursos EFA não existem alterações. Na prática as alterações substanciais são a integração no CQEP da coordenação dos cursos profissionais e a mudança do nome. O nosso CNO funcionou sempre bem e teve por base duas coisas: proporcionar um bom serviço, ciom qualidade e seriedade. Não “demos” diplomas. Fizemos um trabalho sério porque quem estava envolvido eram professores do quadro da escola. Não empenhavam o seu nome no projeto para fazer um mau serviço. Foi identificada a necessidade deste serviço no concelho e por isso desafiei uma colega a fazer a candidatura, que por sinal foi apelidada de excelente. Para já estamos no terreno a receber candidaturas de adultos. Estamos a tentar fazer um encaminhamento no sentido de podermos arrancar em setembro com o reconhecimento e validação de competências e com a formação”. OITO SÉCULOS DA LÍNGUA PORTUGUESA

Como não podia deixar de ser, a Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro não deixou passar em branco esta celebração. Cristina Meneses, coordenadora da biblioteca da escola, explica que “com o objetivo de comemorar os 8 séculos da Língua Portuguesa, preparámos uma mostra de livros/obras que representassem a escrita em Português. Desafiámos por email toda a comunidade a enviar uma lista de dez autores que representassem a Língua Portuguesa, sem mais especificações, assim seria uma escolha livre. A lista foi crescendo,

mas alguns dos autores indicados iam-se repetindo. Eliminámos essas repetições. De seguida, tentámos uma representação por períodos históricos, e foi preciso verificar quais os autores fundamentais que não tivessem sido indicados, acrescentando-os à lista final. Para complementar a exposição e torná-la mais interativa, elaborámos e colocámos online um jogo que colocava aos alunos o desafio de relacionar os autores com as obras. Após a resolução desse jogo/ desafio, propúnhamos que, a partir de dois dos títulos, redigissem uma frase ou um pequeno texto que os incluísse, apelando à sua criatividade. Para tal, utilizavam a caixa de comentários do blogue para publicar essa mesma frase/texto”. No entanto, as atividades não se ficaram pelo desafio. “Realizámos ainda a seleção de poesia para a final de escola do Concurso interconcelhio Batalha da Leitura | Poesia com o tema aglutinador da Língua Portuguesa, cujo resultado final foi interessante. Este concurso é uma atividade conjunta das bibliotecas escolares dos concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos e da Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha, cuja final foi dia 23 de maio, às 14horas, no auditório da ESAD. Ainda no âmbito dos 800 anos das comemorações e do projeto Ler+ Jovem “Ler para escutar a voz humana”, realizámos no dia 28 de abril uma visita de estudo à Torre do Tombo”, acrescenta a coordenadora. Para além disto, a escola conta com uma exposição, na biblioteca, de obras literárias e documentos em língua portuguesa. “Além das obras literárias expostas, estão três documentos históricos: a Notícia dos fiadores, de 1175; o Testamento de D. Afonso II, de 1214 e a Notícia do Torto do mesmo ano. Se Portugal foi fundado oficialmente em 1143, no século XII, a Língua Portuguesa foi evoluindo e só no século seguinte, XIII, os especialistas consideram ter sido escrito o texto não literário que mais se aproxima do que é a Língua Portuguesa (Testamento de D. Afonso II). Contudo, mais recentemente foi apresentada a ideia de que um documento

datado de 1175, a Notícia dos Fiadores será já próximo do Português Arcaico. No final da exposição havia a referência a dois dos documentos históricos portugueses que estão classificados pela UNESCO como ‘Memória do Mundo’: a Carta de Pêro Vaz de Caminha, de 1500 e o Tratado de Tordesilhas de 1494 (edição fac-símile). O Programa Memória do Mundo foi criado em 1992 pela UNESCO para sensibilizar o público para a necessidade de preservar e valorizar o património documental”, explica Cristina Meneses. ATIVIDADES ALÉM-FRONTEIRAS

Se há algo que caracteriza o corpo docente desta escola é a visão futurista e uma mentalidade aberta, que sempre os ajudou a ultrapassar dificuldades e a estar na linha da frente no que toca à inovação nas escolas portuguesas. António Veiga reforça que “somos uma escola com um corpo docente com alguma idade, mas é uma escola que não foge a nenhum desafio. Somos parceiros da mais antiga parceria europeia: uma escola alemã, nós, uma norueguesa, uma turca e, depois a espaços, uma russa e uma grega. Somos participantes de dois projetos europeus: o projeto Comenius e o Leonardo. Além disso candidatámo-nos também ao projeto Erasmus Mais”. A RELAÇÃO COM A COMUNIDADE ONDE ESTÁ INSERIDA

A escola e a comunidade são indissociáveis, porque ambas tiram proveitos das atividades de cada uma. Hoje, a escola deixou de ser um lugar fechado para se abrir e estar completamente ligada ao local onde está inserida, procurando, dentro do possível, satisfazer as necessidades da mesma. A prova é a facilidade com que os alunos são colocados para estágio. “Temos cerca de duzentos protocolos com empresas e serviços. Nunca tivemos dificuldade em colocar alunos. Antes pelo contrário, chegamos a um ponto onde são os próprios empresários a ter a iniciativa e a nos contactarem para pedirem estagiários”, sublinha o diretor.

/Junho



O ST. PETER’S SCHOOL é um colégio bilingue que oferece

aos seus alunos a oportunidade de desenvolver a sua educação desde os 2 anos de idade ao 12º ano do Ensino Secundário. Os nossos alunos têm oportunidade de contactar amplamente tanto com a cultura portuguesa como com a inglesa, beneficiando de aulas de Inglês diárias e inúmeras atividades e eventos que espelham a cultura anglo-saxónica.

Os alunos que frequentam o Colégio St. Peter’s School têm a possibilidade de certificar o seu nível de língua inglesa e o de língua espanhola através de parcerias que estabelecemos com a University of Cambridge e Instituto Cervantes. Estas certificações, em conjunto com a orientação individual que cada um recebe, abre portas a todos os que esperam candidatar-se ao ensino superior, quer em Portugal, quer no estrangeiro. O nosso objetivo principal é o de preparar os nossos alunos para um futuro de sucesso, em que possam alcançar todos os seus objetivos pessoais.

Para além da duplicidade do nosso currículo, o Colégio também oferece um vasto leque de atividades e disciplinas extracurriculares que enriquecem o ensino dos nossos alunos. Com uma panóplia de desportos, línguas estrangeiras, áreas relacionadas com a tecnologia e comunicação e vários clubes, em conjunto com as diversas visitas de estudo e cursos no estrangeiro que realizamos, contribuem para o desenvolvimento pessoal das nossas crianças e dos nossos jovens.

INTERNATIONAL SCHOOL Quinta dos Barreleiros, Volta da Pedra 2950-201 Palmela geral@stpeters.pt | Tel. 212 336 990 | Fax. 212 336 999 www.stpeters.pt


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