Esta revista é produzida e comercializada pela A.S. Editora, Lda. e é distribuída a nível parcial com o Semanário SOL do dia 14/08/2014
Agosto 2014 | Edição Nº73 | PVP.2€
Jorge Neves da Silva, secretário-geral da ANECRA “É tempo de mudança no setor automóvel”
Jorge Mira Amaral, Presidente da ANIET “Todos temos obrigação de acrescentar cada vez mais valor aos nossos recursos minerais”
Ensino Superior: oportunidades no Interior
O melhor politécnico do país e uma terra de oportunidades O IPB afirma-se actualmente como uma âncora de desenvolvimento da região onde se sedia. Um legado patrimonial do pós-25 de Abril que transporta uma história de perseverança...
João Sobrinho Teixeira Presidente do IPB
O Politécnico de Bragança nasceu no pós-25 de Abril, no seio do processo de democratização do acesso ao ensino superior que, na minha opinião, constitui hoje o maior património que herdámos daquele registo histórico. Hoje, a principal obrigação de um estado democrático moderno é garantir aos seus cidadãos o exercício à cidadania. Só quem tem a capacidade de exercer o direito à cidadania consegue tirar partido do conjunto de obrigações, direitos e até de prazeres que uma sociedade moderna pode oferecer.
vocação agrícola da região. Leccionei no primeiro ano em instalações que eram emprestadas por outros organismos e tive a particularidade de ensinar num corredor, onde outras pessoas iam passando. O empenhamento e o carinho permite-nos ultrapassar uma série de situações... Entretanto, o IPB evoluiu, criando mais cursos, quer na Escola de Educação, quer na Agrária, foi criada a Escola Superior de Tecnologia e Gestão, tivemos a reconversão da escola de enfermagem em Escola Superior de Saúde, integrada no Instituto e, nessa fase de expansão, criou-se ainda a Escola de Comunicação, Administração e Turismo, sediada em Mirandela. O IPB teve um crescimento e afirmação muito grande e, actualmente, conta com cerca de 400 professores, 250 funcionários, 7 mil alunos... Imagine-se o que representa ter 7 mil alunos mais o conjunto de professores e funcionários numa cidade como Bragança, a sede do instituto, que alberga 24 mil habitantes... O mesmo se aplica a Mirandela, confirmando a importância do IPB para a região. O que pesará mais para uma instituição
Pensar hoje no desenvolvimento da região de Trás-osMontes sem uma âncora chamada Instituto Politécnico de Bragança (IPB) seria, no mínimo, utópico. O IPB representa actualmente 14 por cento do PIB gerado pela região, representando a preferência de 7 mil alunos e oferecendo mais de 700 empregos, entre docentes e funcionários. A preferência de 1200 alunos estrangeiros, de cerca de 40 países diferentes atesta a excelência da instituição, distinguida como o melhor politécnico nacional e uma das 10 melhores instituições de ensino superior portuguesas. Procuram essencialmente uma região que oferece qualidade de vida a baixo custo, segurança e um enorme potencial de crescimento, atestados de atractividade, também presentes numa região que oferece factores chave de sucesso através de uma mão de obra qualificada e diferenciada. Só o IPB oferece 44 cursos de licenciatura, uma oferta que promete gerar riqueza numa região que ainda reclama uma distribuição mais justa de fundos que contemplem projectos capazes de gerar emprego e riqueza. Em entrevista, João Sobrinho Teixeira, presidente do IPB, fala-nos numa região de oportunidades, alicerçadas em inúmeras potencialidades mas que se vê forçada a continuar a lutar para resistir ao processo de declínio que tem atingido os seus territórios.
E este exercício só se consegue com o
do ensino superior na sociedade actual:
acesso à cultura?
os indicadores económicos ou esse lega-
Diria que só quem tem algum grau de cultura, de qualificação e capacidade crítica pode ter acesso a todos os seus direitos e deveres. E esse acesso, hoje, não é exclusivo mas é essencialmente garantido pelo acesso ao ensino superior ou, se quiser, pela democratização que houve a este nível. Ou seja, pela garantia de que, hoje, um jovem de Trás -os-Montes, da Beira Alta ou do Alentejo beneficia das mesmas igualdades e condições no seu acesso ao ensino superior, no acesso à cultura e no exercício à cidadania. Numa época em que tudo se mede economicamente, gostava de realçar este valor imenso. O Instituto Politécnico de Bragança surgiu então de uma visão, romântica e simultaneamente determinada, de criar uma rede de ensino superior que garantisse este conjunto de princípios. É criado na década de 80, tem a sua primeira comissão instaladora, da qual fez parte aquela que é, para nós, uma figura omnipresente, o Prof. Dionísio Gonçalves e inicia-se com duas escolas: a reconversão do magistério primário em Escola Superior de Educação e a criação de outra escola superior que, neste caso de Bragança, se determinou que deveria ser do ramo agrário, tendo em conta a
do relacionado com os valores?
Embora tenha que ser um gestor e tratar da parte económica do Instituto, entendo que os valores devem prevalecer sobre a economia. Os valores são perenes, evolutivos no tempo mas não se aniquilam. Já as economias são voláteis. Há um banco que vai à falência e deixa o país na miséria... Claro que a vertente económica e financeira é necessária mas é muito menos consistente do que os valores. Todos os grandes impérios caíram a partir do momento em que perderam os valores que os criaram e passaram a assumir como determinação padrão a economia junta com a finança. De qualquer modo, nós temos Bragança, Mirandela e um núcleo desconcentrado em Mogadouro. Se pensarmos num universo de 7 mil alunos, sendo que cada um dispõe em média de um salário mínimo para poder estar aqui, que gasta em bem essenciais mas também em actividades académicas e de lazer, fazendo girar a economia local. Não contar com a presença do IPB seria um golpe fatal em termos económicos para a região. Em termos de input directo para a cidade de Bragança, termos aqui o Instituto corresponde a termos 100 fábricas
DA ESCALA DA MÃO À ESCALA DA CIDADE EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICA
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FACULDADE DE ARQUITETURA + URBANISMO E DESIGN
com 70 funcionários em cada... Existem estudos que concluem que 14 por cento do PIB local é gerado pelo Instituto. Mas mais importante ainda para a região é o alicerce de massa crítica representado por esta comunidade. Além da importância económica, o Instituto assume uma enorme importância social e cultural. Se a amputássemos, retiraríamos a parte económica mas também grande parte da capacidade de lutar, reivindicar, pensar e conseguir suportar a região em termos de afirmação. O que adquire, provavelmente, mais valor numa altura em que se fala tanto em falta de oportunidades, desertificação do Interior e na inclinação do país para o Litoral...
Sim, diria que se trata de uma inclinação de um país que está a afundar-se junto ao mar. Penso que existe uma culpa colectiva a par de um conjunto de oportunidades que se estão a criar. Por vezes, defendo a criação de um ministério do interior... Se não há, de facto, uma visão em que se acredita e se consegue suster uma determinada máquina pública e administrativa no Interior, com a qual a injecção de capital nomeadamente comunitário pode ajudar a alguma reversão, também não vale a pena injectar fundos e esperar que, sem uma acção concertada, se consiga promover desenvolvimento. Há aqui uma vertente política que é inconsequente e revela pura má gestão pela contradição em que está enferma. Serão então instituições como o IPB, geradoras de massa crítica e promotoras do desenvolvimento local, que poderão contribuir para a inversão desta tendência...
É verdade mas isso tem que ser continuado por uma política de não amputação de uma série de serviços e de situações menos dignas que existem na região. Parece-me também que a região deve tomar uma posição agressiva de afirmação e de captação de fundos, ancorada nas instituições que tem, nomeadamente as de ensino superior. Felizmente, os autarcas geriram bem os fundos e temos uma série de cidades e vilas que oferecem uma grande qualidade de vida. Como tal, as infra-estruturas prementes e necessárias existem e conferem conforto. O problema de Trás-osMontes não se prende, actualmente, com atractivida-
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Ensino Superior: oportunidades no Interior
de nem com gastarmos mais fundos para gerarmos mais infra-estruturas, tirando casos muito residuais. Temos condições para termos aqui gente, com a ofer-
Carta de Compromissos para o Desenvolvimento de Trás-os-Montes e Alto Douro
ta de qualidade de vida a baixo custo e com muita segurança. Cabe-nos majorar este potencial em termos de marketing e de captação de fundos. Mais gente a migrar para o Litoral representa mais gastos em infra-estruturas a criar e uma diminuição da qualidade de vida para quem lá vive. E as pessoas só vão pela falta de oportunidades no Interior. O nosso problema prende-se essencialmente com a criação de emprego. Neste momento, a região oferece condições muito significativas de atractividade, mesmo para a fixação de indústria. E já temos aqui alguns bons exemplos. Se olharmos para a região enquanto sede de um sector da indústria que gerará a sua actividade comercial, quer na exportação quer na importação pela via terrestre, constatamos que Trás-os-Montes encerra uma enorme competitividade, alicerçada em boas condições de vida, baixo custo de vida, uma mão de obra qualificada que advém das instituições de ensino superior cujos jovens preferem fixar-se na região e que até permite uma maior rentabilização salarial e do retorno proveniente dessa mão de obra qualificada. Mais ainda quando apresentamos como factores de oportunidade a maior proximidade com a Europa e as boas vias de comunicação terrestre. Temos que começar a vender, em conjunto, Trás-os-Montes como uma terra de oportunidades porque existem oportunidades que vão muito além dos sectores tradicionais da região.
Nove instituições que representam ramos como o ensino superior da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, IPB, UTAD e Instituto Politécnico de Viseu, as Comunidades Intermunicipais do Alto Tâmega, Douro e Terras de Trás-os-Montes e associações e núcleos empresariais como a ACISAT, o NERVIR e o NERBA uniram-se numa iniciativa pioneira e assinaram, no passado dia 12 de Julho, uma carta de compromissos que visa promover um programa de desenvolvimento para Trás-os-Montes e Alto Douro. A cerimónia de assinatura contou com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que reconheceu neste exemplo potencialidades a replicar, ao considerá-lo “inspirador de respostas para outras partes do nosso território”. Os signatários da carta destacam que, “apesar dos amplos recursos naturais, agrícolas e florestais, da riqueza paisagística, cultural e patrimonial, da importância da produção de energias renováveis, do excelente posicionamento ao nível da qualidade ambiental, da proximidade e crescente cooperação cultural e económica com a vizinha Espanha, da presença de instituições de ensino superior, Trás-os-Montes e Alto Douro continua a ter fortes desafios de reforço da sua competitividade e de coesão económica, social e territorial”. Apontando desafios presentes no novo Quadro Comunitário, “focado na mobilização e valorização dos ativos e recursos territoriais, na construção de novos modelos de negócio e busca de novos mercados, na criação de competências (através da formação avançada) e de emprego (com atenção especial a públicos e territórios mais afetados pela evolução económica), e na promoção do fechamento (com projetos que completem outros já realizados, por exemplo nas principais redes de infraestruturas e equipamentos) e das economias de rede, os signatários afiançam respostas, que passam “por um trabalho intenso e exigente, assente numa visão amplamente partilhada e numa governação integrada, diferenciando o território pela qualificação das suas pessoas e pela qualidade de vida dos seus cidadãos e dos seus produtos e serviços”. As instituições, que inauguram um novo paradigma assente na concepção de uma estratégia e plano de acção integrados, alicerçam a sua posição numa visão que prevê que “Trás-os-Montes e Alto Douro será uma região feita de territórios diversos e singulares, com uma forte matriz identitária, que se articulam e complementam, que assenta a sua afirmação, atratividade, competitividade e coesão económica e social na qualidade de vida diferenciada e na valorização criativa dos seus produtos endógenos e ofertas turísticas, bem como na identificação e desenvolvimento de novas atividades suscetíveis de consolidar e expandir empresas já existentes, por via da inovação, pelo acolhimento de start-ups e pela atração de investimento externo”. A “utilização da diversidade e singularidade dos territórios como argumento potenciador da valorização conjunta da região, nos planos nacional e internacional, e uma clara aposta na investigação, tecnologia e inovação” constitui um dos eixos desta visão, em que as nove instituições se comprometeram a unir esforços para combater o declínio do interior norte, a desenvolver um trabalho articulado, colaborativo e continuado de promoção do desenvolvimento territorial sustentável, a criar mecanismos apropriados de enquadramento institucional do programa, e a alargar a base institucional da Carta e promover um Fórum Territorial. Como contrapartida, exigem “que o Governo acredite na região e nos seus agentes e se comprometa a investir e a apoiar um programa desta natureza”.
“Os municípios constituem a base da educação” Entrevista com o Presidente da Câmara Municipal de Mogadouro
Francisco Guimarães Presidente da C.M. de Mogadouro
As novas vias de comunicação aproximaram grande parte dos municípios do Interior dos centros de decisão do país mas ainda não terão sido suficientes para convencerem os decisores da necessidade de promoverem, de uma forma mais integral, o seu desenvolvimento. Num país cada vez mais inclinado para o Litoral, sob o risco de afogamento nas próprias estratégias políticas, cabe às autarquias e aos autarcas do Interior a concepção de progrmas e medidas quase milagrosas que visam a captação de investimento, fundamental para a criação de emprego, sem o qual não é possível fixar mais do que mantas florestais… País Positivo visitou Mogadouro, um município que tem vindo a apostar na educação e cultura como forma de potenciar a criação de massa crítica e a fixação de jovens que, no futu-
ro, poderão contribuir com ideias empreendedoras para o desenvolvimento de oportunidades na sua terra. O investimento superado em exclusivo pelo executivo recentemente assumido por Francisco Guimarães no pelouro da educação da Câmara Municipal de Mogadouro ascende aos 650 mil euros só no primeiro ciclo. Estamos num território onde é necessário assegurar despesas relacionadas com transportes, alimentação e manuais escolares e onde as carências sociais são cada vez mais sentidas. O orçamento proveniente do Estado, esse, diminui à medida em que novas supostas contribuições solidárias com uma gestão central do país danosa coloca a descoberto novas necessidades centralistas… Ainda assim, produz-se obra no Interior. No caso de Mogadouro, é indisfarçável o potencial para aferição e fruição de qualidade de vida. Natureza, ar, beleza paisagística e edificada, cultura, segurança, gastronomia… A todos estes requisitos o executivo municipal vai tentando somar oportunidades de formação no ensino superior, como atestámos em entrevista com o edil, Francisco Guimarães. Que importância assume, para o município de Mogadouro, a celebração da parceria com o Instituto Politécnico de
Bragança que se traduzirá na criação de novos cursos de especialização tecnológica?
No âmbito da parceria que celebrámos com o Instituto Politécnico de Bragança, é com muito agrado que acolhemos no município de Mogadouro a oferta destes Cursos de Especialização Tecnológica. É importante para o município acolher uma base para o ensino superior. Este ano, após a realização de algumas reuniões, o IPB aceitou com bom grado a possibilidade de acrescentarmos um quarto curso, na área agrícola, particularmente a vitivinicultura, uma especialidade agrícola em franco desenvolvimento em Mogadouro. Quando se fala na necessidade de fixar juventude e demais faixas populacionais no Interior do país, em que medida traduzirá esta aposta uma ferramenta para contrariar uma tendência há muito tempo dominante?
Infelizmente, temos assistido a uma tendência de fuga por parte da juventude, fenómeno que já deixou até de constituir um exclusivo do Interior e se tem extendido ao Litoral. Estamos a criar quadros técnicos de grande valor que ve-
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Ensino Superior: oportunidades no Interior
mos partir para o estrangeiro, o que é muito mau. Por isso, entendo que actualmente devemos especializar técnicos nas áreas que nos fazem falta, o que será válido quer para o Interior quer para o Litoral e é isso que procuramos quando celebramos este tipo de parcerias, como a que concretizámos com o IPB. Face à conjuntura actual, marcada por uma crise económica acentuada, que importância tem assumido a acção social municipal?
Debatemo-nos diariamente com esse tipo de solicitações de cariz social e, até assistencialista… Forçosamente, nos tempos que correm, a área social é uma prioridade das autarquias. E os municípios não estavam preparados para o estado de calamidade que se vai instalando no país, que começou por atingir precocemente o Litoral e se vai notando paulatinamente no Interior. A nossa tarefa acaba por ser muito dificultada porque somos confrontados com cada vez mais solicitações e deparamo-nos com cortes cada vez mais significativos no orçamento. Ainda assim, vamos assegurando a prestação de cuidados elementares à população. Asseguramos o transporte gratuito a doentes oncológicos com carências financeiras que são seguidos no IPO do Porto, apoiamos a educação das nossas crianças, populações vulneráveis… Diria que mais de metade do nosso tempo é preenchido com a procura de soluções para esse tipo de situações. Um dos maiores problemas com que se defronta o país e, particularmente o Interior, prende-se com a criação de emprego. Como avalia a situação, a este nível, em Mogadouro?
O incentivo à criação de emprego será uma das nossas maiores dificuldades. Cada vez temos menos indústria e, nesse sentido, temos vindo a preconizar soluções que minimizem o impacto do desemprego, por um lado, e que visem a captação de investimento, por outro. Assegurámos o licenciamento, financiamento e o visto do Tribunal de Contas, com vista à concretização da terceira fase da zona industrial de Mogadouro. Temos muitas empresas interessadas mas, até aqui, não tínhamos terrenos para instalação. São 43 lotes de terreno que poderão traduzir-se em mais de 100 postos de trabalho. Além da acção social e criação de emprego, que outras prioridades ocuparão a sua agenda até ao final do actual mandato?
A educação é outro domínio que nos interessa particularmente e que será alvo da adopção de políticas e medidas. Hoje, os municípios constituem a base e o suporte da educação inicial. No ano lectivo transacto, investimos em transportes, alimentação, oferta de manuais do primeiro ciclo
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e outros apoios à educação mais de 830 mil euros, tendo recebido de financiamento cerca de 180 mil… A promoção cultural e turística do concelho é outra prioridade que definimos para um concelho constituído por uma área extensa, com mais de 700 km2, dotado de um património cultural muito rico. É nosso intuito explorá-lo, desde logo em benefício das pessoas que habitam o nosso concelho mas igualmente junto de potenciais visitantes. Neste momento, Mogadouro já é muito procurado por turistas e teremos muito brevemente criadas rotas turísticas que potenciarão estadias mais prolongadas por quem nos visita. É legítimo afirmar-se que existe qualidade de vida em Mogadouro?
Disso não tenho dúvida alguma! Quem pretende qualidade de vida, encontra-a no Interior do país e, particularmente, no concelho de Mogadouro. Neste momento, temos todas as infra-estruturas básicas criadas no concelho, que se encontra totalmente coberto pelas redes de abastecimento de água e saneamento. Também tivemos a preocupação, ao longo dos últimos anos, de assegurar que o município fosse atractivo do ponto de vista estético e urbanístico, bem como em termos de limpeza, o que constitui uma significativa mais-valia para quem pretende apostar em áreas como o turismo e a cultura. Que Mogadouro gostaria de ver no final do actual mandato?
Gostaria de ver Mogadouro com muita gente, essencialmente casais jovens. Qualidade já temos para oferecer e estamos a criar incentivos que potenciem a captação de população para a nossa região. Quando falo no concelho de Mogadouro, também me refiro a uma região que precisa, e muito, de estar unida num momento tão frágil como o que atravessamos.
Edil… guia turístico “Começando pelo turismo de natureza, temos excelentes cartões de visita como o Parque Natural do Douro Internacional, o Baixo Sabor ou o Parque Natura 2000, zonas de rara e real beleza. Depois, temos a vertente histórica e patrimonial, como o Castelo de Penas Roias, o Castelo de Mogadouro, a Igreja românica de Algosinho, a Igreja Matriz de Azinhoso, o monóptero de São Gonçalo – único na Península Ibérica. No que concerne à gastronomia, diria que se trata de um dos melhores argumentos para quem nos visita. Temos produtos de qualidade inigualável, distinguindo-se pela sua excelência os cogumelos, o gado ovino e caprino, o canhono mirandês (cordeiro), a vitela mirandesa, os cozidos, o mel e, finalmente, o azeite e o vinho de Mogadouro”.
Residência de estudantes de Mogadouro
Ensino Superior: oportunidades no Interior
Os benefícios do interior, para quem estuda Entrevista a Nuno Mocinha, Presidente da Câmara Municipal de Elvas.
Que principais desígnios visa a adesão da autarquia de Elvas ao projeto Cidades Amigas do Estudante?
O nosso principal objetivo é tornar Elvas numa cidade cada vez mais atrativa para os alunos do ensino superior. Para tanto, juntámo-nos a dois parceiros regionais – o Instituto Politécnico de Portalegre (IPP) e a Câmara Municipal de Portalegre – no sentido de criar condições mais favoráveis para o acolhimento, integração e bem-estar dos alunos do IPP, uma vez que este instituto tem escolas em Elvas e Portalegre. Que tipo de programas e ações materializarão essa adesão?
A nossa principal preocupação, nesta matéria, é criar benefícios para quem escolhe estudar em Elvas. Ou seja: tornar mais atrativa, para os alunos, e menos dispendiosa, para as famílias, a fixação de alunos do ensino superior em Elvas. No caso do nosso Município, propomonos criar o Cartão do Estudante do Ensino Superior, o Smart Jovem. Através desta iniciativa, os alunos do ensino superior em Elvas vão ter
descontos em bens e serviços municipais, bem como em lojas aderentes a este benefício. Os descontos podem chegar, em certos casos, a 50 por cento. Também desejamos implementar, em diversos serviços municipais, estágios extracurriculares de curta duração para estudantes do IPP. Que importância assume o ensino superior, para o desenvolvimento de um município do Interior do País, como é o caso de Elvas?
Ter, em Elvas, alunos provenientes de outras zonas do País, aumenta a população flutuante do concelho e o rendimento disponível da economia local; ao nível concelhio, todos ganham com uma maior dinamização da atividade económica; por outro lado, nessa perspetiva, Elvas ganha massa crítica e escala populacional, para possibilitar a realização de certos eventos capazes de atrair, ao nosso concelho, residentes de outros concelhos. Que outras políticas, estratégias e pro-
gramas a autarquia tem preconizado, no eixo da educação e ensino, que traduzem a importância conferida a este pelouro?
Dispomos das mais completas infraestruturas desportivas do Interior do País, com sete campos arrelvados, três pavilhões desportivos, 12 recintos polidesportivos, piscinas municipais
de ar livre e cobertas e aquecidas, centro de ténis com quatro courts, com grande utilização em especial por faixas etárias estudantis. A requalificação do parque escolar abrangeu todos os graus de ensino, do pré-escolar, aos três ciclos do ensino básico e à escola secundária. Nesta área, a Câmara Municipal entrega livros e material escolar aos alunos carenciados do
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Ensino Superior: oportunidades no Interior
primeiro ciclo do ensino básico, proporciona atividades ao longo do ano letivo através dos serviços educativos da Biblioteca Municipal e do Museu de Arte Contemporânea e atribui, a alunos de agregados familiares mais frágeis bolsas de estudo nos ensinos secundário e superior. Que outras prioridades elege até ao final do mandato em curso?
A concretização da Eurocidade Elvas-Badajoz, com os seus 200 mil habitantes no seu conjunto, vai ser muito importante, uma vez que pode proporcionar a utilização dos equipamentos públicos dos dois municípios, como se os munícipes não sentissem a descontinuidade territorial. Podemos promover o ensino da língua portuguesa em Badajoz e o ensino do espanhol em Elvas. Desejamos, progressivamente mas com início no curto prazo, implantar um ensino inteligente, com recurso às novas tecnologias, materializado em plataformas e redes sociais.
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Ciclum/XXXIV/Jun14
3300462
INDÚSTRIA EXTRATIVA E TRANSFORMADORA
“Os recursos endógenos não devem ser menosprezados” As palavras são de José Silva Pereira, Diretor de Serviços de Minas e Pedreiras da Direção Geral de Energia e Geologia, em entrevista ao País Positivo. Portugal tem uma área terrestre relativamente pequena mas a sua diversidade geológica enorme e exige medidas para o seu conhecimento, conservação e valorização. Apesa de a área terrestre ser apenas de 92 mil quilómetros quadrados, quando falamos em recursos geológicos devemos também ter em conta a área marítima, cujos recursos geológicos têm um potencial ainda desconhecido. Quais os recursos geológicos passíveis de extração em Portugal?
Ao nível do domínio privado, temos as massas minerais, mais conhecidas como pedreiras, e as águas de nascente. No domínio público, podemos encontrar as águas minerais naturais e as águas mineroindustriais, os recursos geotérmicos e os depósitos minerais metálicos e não metálicos. No entanto, não devemos esquecer o petró-
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leo, que goza de legislação específica e não se enquadra no domínio privado ou público.
constitui o referencial para todas as intervenções públicas que incidam sobre os recursos geológicos.
Fale-nos um pouco sobre a Estratégia
E quais os eixos estratégicos da
Nacional para os Recursos Geológicos
ENRG-RM?
O setor das indústrias extrativas e
– Recursos Minerais (ENRG-RM).
Eixo A — Adequação das bases do setor, através da redefinição do papel do Estado e da revisão das regras de organização e disciplina da atividade; Eixo B — Desenvolvimento do conhecimento e valorização do potencial nacional, através do aperfeiçoamento dos métodos de recolha e sistematização da informação e de um melhor aproveitamento dos recursos; Eixo C —Divulgação e promoção do potencial nacional, através de iniciativas de comunicação e da criação de um Gabinete de Apoio ao Investidor Mineiro, no âmbito da Direção-Geral de Energia e Geologia, que funcione como balcão
transformadoras é, então, um setor es-
A Estratégia Nacional para os Recursos Geológicos – Recursos Minerais (ENRG-RM) aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2012,de 11 de Setembro de 2012 visa promover um setor mineiro dinâmico sustentável, que promova o crescimento da economia nacional e que promova o desenvolvimento regional, garantido retorno e emprego para as populações locais e assegurando o desenvolvimento das comunidades onde se insere. A ENRG-RM estabelece um plano de ação com o horizonte de 2020, com especial enfoque nos minérios metálicos, por ser o segmento com maior valor, e
único do setor. Eixo D —Sustentabilidade económica, social, ambiental e territorial.
tratégico para o desenvolvimento económico do país?
as matérias primas minerais estão, no plano económico, na base da “cadeia económica” constituindo fonte de abastecimento de vários sectores de atividade. Neste contexto, os recursos geológicos do país devem ser tidos como recursos endógenos passíveis de exploração numa ótica de sustentabilidade tendo um potencial de crescimento que não é uma solução global do tipo receita miraculosa capaz de “salvar a economia do país” mas é certamente uma solução parcelar cujo efeito útil não pode ser menosprezado.
INDÚSTRIA EXTRATIVA E TRANSFORMADORA
“Um setor que representa mais de mil milhões de euros” A ANIET - Associação Nacional da Indústria Extrativa e Transformadora, é a associação patronal de utilidade pública que no âmbito extrativo e transformador representa três subsectores: rochas industriais, rochas ornamentais e as minas. Representa mais de mil milhões de euros e emprega cerca de doze mil trabalhadores diretos. Com 39 anos de existência o seu trabalho e importância são reconhecidos. Jorge Manuel de Mira Amaral Presidente da ANIET
Quais são os principais valores e objetivos da ANIET?
Entrevista a Jorge Manuel de Mira Amaral, presidente da ANIET.
O principal objetivo da ANIET é servir os seus associados. Defender e acompanhar os interesses dos associados e colaborar com o governo e instituições comunitárias no sentido de promover condições favoráveis ao desenvolvi-
mento do setor económico que representam. A indústria extrativa e transformadora exporta, globalmente, mais de 850 milhões de euros. Fazem ainda parte dos objetivos estratégicos da ANIET, a participação ativa nas reuniões das instituições internacionais ligadas ao setor, nomeadamente UEPG-Associação Europeia de Produtores de Agregados e Euromines-Associação Europeia da Indústria Mineira. A nossa participação nestas associações europeias é fundamental para promover a importância da indústria a nível nacional e europeu, para conhecer e atuar atempadamente sobre novas propostas legislativas, para preparar o setor e colaborar na sua transposição. Colaborar ainda com a AEP – Associação Empresarial de Portugal, a CIP – Confederação Empresarial de Portugal e a CPCI – Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, na qual integramos os órgãos sociais. Que análise faz do setor representado pela ANIET?
Dentro do setor extractivo a ANIET representa três subsectores: o das rochas industriais, o das rochas ornamentais e ainda as minas. As rochas ornamentais e as minas têm tido uma evolução positiva mas o mesmo não acontece com as rochas industriais ou agregados que, pelo facto da atual conjuntura económica nacional e consequente falta de obras se encontra numa situação preocupante. O subsetor das rochas industriais (agregados) está muito ligado aos ciclos da construção civil e ao mercado interno e enfrenta as dificuldades da estagnação na construção com uma redução muito significativa, isto é, em 12 anos sofreu uma redução de 75%. A escassez de obras públicas colocadas a concurso ou adjudicadas, grandes consumidoras destes materiais, associada à cada vez maior concorrência, potenciada pela elevada capacidade instalada, acentuou ainda mais esta quebra, situação agravada ainda pela dificuldade nas cobranças e agravamento da situação financeira dos clientes. Na generalidade todas as unidades reduziram o número de postos trabalho tendo-se registado ainda a suspensão de lavra ou mesmo o encerramento de várias unidades extractivas. Apesar da vertente de exportação não ser diretamente aplicável a este subsetor, na medida em que não é viável a exportação deste produto, já se verifica a sua internacionalização através da exportação do conhecimento e experiência.
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A extração e a transformação de Rochas Ornamentais revestem uma importância extrema para a atividade económica do país, assinalável pelo seu dinamismo exportador, sendo responsável por cerca de 1,5% das exportações nacionais. Esta é de facto uma indústria caracterizada por PME’s, tradicionalmente exportadora sendo a produção nacional bastante apreciada internacionalmente. Atualmente em Portugal, e consequência da falta de obras nacionais o setor da pedra natural vive um momento de grande dinamismo exportador – em 2013 as exportações totalizaram 372.09 milhões de euros – Portugal está entre os 10 principais produtores de rochas ornamentais do mundo. Esta posição de destaque a nível mundial proporciona um forte contributo para a sustentabilidade do setor e criação de riqueza, na medida em que 70% da produção é vendida no mercado externo. Também neste âmbito, a ANIET tem apoiado as empresas na internacionalização, através da organização de missões empresariais como as que decorreram a Argélia e Marrocos para promoção da qualidade dos nossos produtos. Constata-se uma maior diversificação e crescimento dos mercados extra comunitários. Europa e Arábia Saudita são os principais clientes. O subsector mineiro, caracterizado por multinacionais e onde a ANIET detém em termos de produção uma representatividade superior a 80% é reconhecidamente muito relevante em termos de criação e manutenção de emprego nas zonas onde os recursos são explorados, assumindo um peso significativo no quadro das exportações nacionais, com mais de 400 milhões de euros no ano de 2013. Apesar de um aumento significativo de contratos de prospecção e pesquisa nos últimos anos, não se tem verificado produção em novas minas de minerais metálicos mantendo-se apenas em atividade em Portugal as 3 grandes minas, sendo 2 destas–Neves-Corvo e Panasqueira-associadas da ANIET. Este subsetor está, no entanto, sujeito a uma enorme volatilidade, que se prende com o mercado internacional dos metais, no qual as empresas sedeadas em Portugal não têm capacidade de intervenção. Como classificaria o mesmo? É um setor onde a inovação assume uma importância de relevo?
Sem dúvida. As nossas empresas estão hoje dotadas de uma forte capacidade tecnológica que lhes permite a colocação dos produtos nos respetivos mercados com todo o valor acrescentado. Portanto, apoiar e potenciar este setor exportador tão importante na economia portuguesa deverá ser uma das prioridades dos nossos governantes. * Ler na íntegra em www.aseditora.pt
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INDÚSTRIA EXTRATIVA E TRANSFORMADORA
Principais desafios e obstáculos do setor Artigo por Fátima Nunes, Vice-Presidente da ANIET e Corrêa de Sá, Presidente da Mesa da Assembleia da ANIET
FÁTIMA NUNES Vice-Presidente da ANIET
Corrêa de Sá Presidente da Mesa da Assembleia da ANIET
Desde a aprovação, em Setembro de 2012, da Estratégia Nacional dos Recursos Geológicos até ao anúncio pelo Governo, em Julho de 2014, do Plano de Fomento Mineiro 2014-2020 e do projecto da nova Lei de Bases dos Recursos Geológicos, não se assistiu a nenhuma medida concreta tomada pelo Governo especificamente para esta área. Seria importante que o esforço que o Governo tem feito para analisar as dificuldades e desafios do setor resultasse, a curto prazo, em propostas de aplicação imediata, sob pena de a Estratégia se quedar no plano dos princípios e, dessa forma, não servir para incentivar e dinamizar o setor. Um aspecto central a ter em conta na revisão da legislação aplicável ao setor é a previsão de procedimentos de licenciamento desburocratizados, simples, céleres e uniformes. Existem casos em que as entidades competentes, perante situações análogas, decidem de forma diversa, o que é claramente prejudicial para qualquer investidor. Verifica-se, também, uma incompatibilidade entre a Administração Central e o Poder Local, designadamente ao nível da articulação dos Planos Directores Municipais com as áreas afectas à indústria extractiva e ao exercício de actividades inerentes à mesma indústria. O Governo e alguns municípios têm
envidado esforços para que os Planos Directores Municipais sejam revistos, mas ainda existem muitos Planos que estão desactualizados e desadequados. Para além da promoção a nível nacional, torna-se necessário continuar a promover o potencial mineiro português a nível internacional, atraindo investidores, mas também fomentando parcerias internacionais. O potencial mineiro português ainda é largamente desconhecido no contexto mundial, apesar de nos últimos anos se ter assistido a uma aposta clara na internacionalização e divulgação da marca nacional. Uma das principais dificuldades que as empresas mineiras enfrentam é a escassa disponibilidade de capital, mesmo a nível internacional, num setor cujo investimento é de capital intensivo. O Governo identificou essa necessidade no Plano de Fomento Mineiro e estará a estudar modalidades de financiamento que poderão ser postas à disposição das empresas mineiras. Por fim e não menos importante, o aumento dos custos de produção, em grande parte devido aos custos energéticos com combustíveis e energia eléctrica, é um grande obstáculo à actividade no setor. * Ler na íntegra em www.aseditora.pt
“A legislação que orienta a indústria extractiva não se adaptou aos novos tempos” Estas são palavras de Adriano Antas, vice-presidente da ANIET. Portugal é um país privilegiado no que diz respeito à quantidade e diversidade de recursos minerais. Adriano Antas esclarece que predominantemente “o granito está situado na zona norte e interior centro, os calcários no litoral centro e o mármore na zona do Alentejo. E ainda temos o lioz, que em termos comerciais é uma pedra refinada, valiosa mas relativamente escassa . Por exemplo, a Lisboa Pombalina é toda feita com pedra lioz”. O nosso interlocutor afirma que “ com o boom do mercado imobiliário, as pequenas empresas multiplicaram-se a um ritmo desmesurado. Toda a gente sabia fazer, a grelha da qualidade não era grande porque o cliente não era tão exigente face à urgência para ser fornecido. Com a queda do setor imobiliário em Portugal, acompanhada pela crise em países para os quais se exportava, houve centenas de empresas que faliram. Por exemplo, em Pêro Pinheiro existiam mais de seiscentas unidades transformadoras. Hoje, são menos de uma centena”.
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Tal como era de prever, as empresas que conseguiram, viraram-se para a exportação. No entanto, “não se acautelaram nem definiram estratégias para a abordagem em massa desses mercados. Ao fim de algum tempo estavam, em média, a praticar os preços que eram praticados em Portugal, concorrendo lá fora como era aqui. Resultado: continuam a haver empresas que lutam com grandes dificuldades económicas”. O setor bancário também tem grande influência, até porque esta indústria precisa de grandes investimentos. O vice-presidente da ANIET explica que “nenhuma indústria consegue sobreviver sem investimento. Os equipamentos deterioram-se, a tecnologia evolui muito rapidamente e todos os anos saem novos equipamentos adaptados à transformação muito específica e as empresas têm de se preparar para vender mais com menores custos de transformação. * Ler na íntegra em www.aseditora.pt
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INDÚSTRIA EXTRATIVA E TRANSFORMADORA
Um veículo de informação, atualização e discussão técnica Entrevista a Carlos Caxaria, Presidente do Colégio de Engenharia Geológica e de Minas da Ordem dos Engenheiros. Quais as principais funções do Colégio?
Carlos Caxaria Presidente do Colégio de Engenharia Geológica e de Minas da Ordem dos Engenheiros
Para além de desempenhar uma atividade que se prende com dar resposta às necessidades de enquadramento profissional que os seus membros formalizam junto do Colégio, é ainda um veículo de informação, atualização e discussão técnica a nível nacional e regional, do que mais de relevante acontece em Portugal na sua área técnica, e também um espaço de convivência entre os seus membros, sendo de referir os Encontros Nacionais do Colégio que acontecem de dois em dois anos, onde ao longo de dois ou três dias se trocam experiências e se discutem assuntos da atualidade. De referir ainda os contactos que temos vindo a ter com a organização congénere espanhola tendo em vista uma abordagem conjunta em organismos internacionais para o reconhecimento das respetivas competências.
Qual o balanço que faz da atividade do Colégio de Engenharia Geológica e de Minas?
O balanço que faço relativamente à vida interna da OE e do Colégio de Geológica e Minas em particular é positivo e muitas vezes isso não é reconhecido. Penso contudo que se estas organizações profissionais fossem mais reconhecidas pelo poder político, o contributo que poderíamos dar à sociedade seria muito maior. Havendo no interior destas organizações profissionais membros com uma elevada experiência e conhecimentos profissionais em inúmeras áreas técnicas, numa altura em que há um défice de meios humanos e de conhecimento técnico especializado em muitas entidades públicas, e salvaguardadas as questões de conflito de interesses, é possível estabelecer mecanismos de colaboração que só trariam vantagens para o País. Como classificaria a Engenharia Geológica e de Minas em Portugal? É uma área de futuro?
Esta questão tem duas abordagens distintas, a primeira que se prende com a engenharia geológica, que tem uma parte técnica mais ligada às obras públicas e à vertente geotécnica da construção civil, e que hoje por força da crise nestes setores, não tem constituído destino profissional dos engenheiros recém-licencia-
“A ANIET tem reforçado o seu papel no associativismo empresarial a nível internacional” Entrevista a Francelina Pinto, diretora executiva da ANIET.
Francelina Pinto Diretora Executiva da ANIET
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Quais são as principais atividades da
Dada a estagnação do mercado inter-
ANIET?
no o que tem sido feito pelas empresas?
Além de todas as atividades que caracterizam o trabalho de uma associação, como sendo a disseminação da informação, os esclarecimentos, a prestação de serviços em áreas especificas, apoio aos licenciamentos, analise e apresentação de propostas legislativas ao governo, a formação, as parcerias nacionais e europeias, entre muitas outras, a ANIET tem reforçado o seu papel no associativismo empresarial a nível internacional, com o objectivo claro de apoiar as empresas do sector na diversificação de mercados, intensificação de negócios e na conquista de quotas internacionais. Nesse sentido tem promovido e organizado Missões de Prospecção aos mercados Russo, Argelino e Marroquino e participado em projetos internacionais, como é o caso do projeto Kandandu. Em parceria com a SOMINCOR e aprovado pela Comissão Europeia, consiste na criação de uma comunidade que, através de uma plataforma, agregue todos os players relevantes da indústria extractiva criando pontes entre Europa, Africa e América Latina.
Têm apostado em novos mercados?
As empresas estão com grande capacidade de adaptação e a diversificação de mercados tem sido uma aposta das nossas empresas sendo de realçar o esforço dos empresários portugueses na procura de novos mercados para colocação dos seus produtos como forma de contornar a limitação do mercado interno. Para acompanhar este dinamismo e como referido anteriormente a Associação está a concentrar esforços, promovendo ações de internacionalização. No entanto, cada mercado necessita de uma abordagem específica quer por questões económicas, quer por questões culturais, factor muitas vezes não tido em conta mas que a ANIET não descura aquando da organização de cada ação sendo feira ou missão. A especificidade de cada mercado dita o público-alvo a contactar, sendo que em alguns deles ainda é necessário apresentar a pedra natural portuguesa e “vendê-la” aos prescritores, engenheiros e arquitetos.
dos. Estas dificuldades têm contudo sido minimizadas através da apresentação de candidaturas para a frequência de mestrados em áreas técnicas afins, como é exemplo o mestrado em Engenharia de Petróleos que existe há já dois anos no Instituto Superior Técnico, aliás como acontece, neste caso específico, com outras áreas técnicas onde a crise trouxe dificuldades, como é o caso dos engenheiros civis e dos geólogos, entre outros. Outra saída profissional tem sido a emigração, quer como técnicos das empresas portuguesas que hoje estão nos PALOP quer através da apresentação de candidaturas à procura que hoje existe no mercado europeu e global. A segunda abordagem é a da Engenharia de Minas, lecionado em Lisboa e Porto, curso tradicionalmente com um número de vagas reduzido, mas que de maneira geral são todos absorvidos pelo mercado de trabalho, que é variado, e que vai desde o setor mineiro propriamente dito, ao das pedreiras, ao do petróleo e também ao das obras públicas subterrâneas. Infelizmente muitas vezes também acaba na emigração. Penso que se a prospeção e pesquisa que hoje está a ser feita vier a dar resultados positivos e se abrirem novas minas em Portugal, poderá acontecer haver um défice de técnicos portugueses para a procura. * Ler na íntegra em www.aseditora.pt
A postura e a imagem com que nos apresentamos são também importantes. Nesse sentido a ANIET tem-se empenhado em promover a cooperação entre as empresas de forma a, associadas, poderem criar dimensão para competir no mercado mundial cada vez mais exigente, dando uma imagem de união e coesão do setor. No âmbito do Projeto “exportar Pedra com Valor”, e perante o sucesso da 1ª primeira Missão Empresarial de Prospecção a Marrocos, a ANIET irá realizar uma 2ª Missão Empresarial a Casablanca, em Outubro, sendo que a mesma tem por objetivo possibilitar às empresas do sector o estabelecimento de contactos com empresas locais e dar a conhecer ao mercado marroquino a Pedra Natural Portuguesa, bem como, a indústria com tecnologia moderna aliada à tradição e o desenvolvimento do setor nos últimos anos. Por forma a se estreitarem contactos e negócios, a ANIET está ainda a organizar missões “inversas” com compradores marroquinos e argelinos, que durante o mês de Novembro visitarão Portugal. O objetivo é, através do contacto direto com a realidade portuguesa, potenciar o setor da Pedra Natural junto de importadores e distribuidores dos dois mercados, promovendo a qualidade dos produtos portugueses e o desenvolvimento tecnológico desta indústria. * Ler na íntegra em www.aseditora.pt
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INDÚSTRIA EXTRATIVA E TRANSFORMADORA
“É mais fácil quando se conhece o terreno” Entrevista a Álvaro Bastos Quais as conclusões que tira desta colaboração?
A Sandvik surge numa altura em que procurávamos alguma diversificação horizontal. Pretendíamos produtos que nos permitissem crescer noutros segmentos, nomeadamente na obra subterrânea e conseguimos obter a representação, na sequência de anos menos bons da delegação própria que a Sandvik Mining and Construction tinha em Portugal. É hoje um dos produtos principais da Cimertex e com elevado potencial futuro.
pós-venda e, acima de tudo, da boa colaboração que temos conseguido manter com os nossos clientes. Pretendem expandir-se para outros países?
Naturalmente, estamos atentos às oportunidades. Principalmente as que surgem no universo das nossas representadas principais. De forma a esclarecer os nossos leitores, quais os produtos e serviços que Cimertex dispõe?
A área da construção e mesmo a área mineira foram afetadas pelo período atribulado que se vive no país. De que forma a Cimertex ultrapassou os even-
A Cimertex possui um leque completo de equipamentos para obra pública, indústria mineira de superfície e subterrânea, geotecnia, floresta e movimentação de cargas.
tuais problemas que esta situação pos-
Álvaro Bastos
Já se passaram cinquenta anos, qual a chave para o sucesso da Cimertex?
Julgo que grande parte do que conseguimos alcançar nestes cinquenta anos se deva à proximidade que a Cimertex tem aos seus clientes. Somos uma organização bastante horizontal, o que resulta numa capacidade rápida de atuar e numa confiança mútua que tem permitido estabelecer parcerias duradouras. Essa forma de estar também tem um efeito interno positivo, na medida em que é mais fácil melhorar quando se conhece realmente o terreno. Elucide-nos um pouco sobre o percurso da Cimertex no setor de equipamentos de construção em Portugal.
A nossa sociedade nasce em 1964, como um distribuidor de materiais e ferramentas para a indústria em geral. Em 1966 inicia a sua activi-
sam ter gerado?
O setor onde a Cimertex se insere tam-
A queda do setor de engenharia civil foi catastrófica para o setor. Vimos desaparecer muitos clientes e colegas de atividade e, acima de tudo, o know-how que se criou na construção em Portugal. É uma pena que não tenha havido um cenário alternativo, pelo menos mais suave, para a redução do investimento público. A rapidez com que se ajustou destruiu muito valor num setor onde a competência e os meios são facilmente exportáveis. Na Cimertex temos conseguido ultrapassar estes anos menos bons devido aos outros produtos, aos outros mercados, a uma frota de equipamentos muito relevante que continua a precisar de
bém conhece tecnologias inovadoras?
Sem dúvida. Temos escavadoras híbridas, telemática como em nenhum automóvel do mercado, máquinas sem operador e outras soluções altamente avançadas que visam aumentar a rentabilidade dos processos. Quais os passos a dar num futuro próximo?
Mantendo a atenção aos nossos clientes, diversificar para outras geografias e para outros produtos. Sempre concentrados em marcas de prestígio e no longo prazo.
dade com máquinas de construção, que retém como a atividade principal até aos dias de hoje. Como surge a oportunidade de colaborar com a Komatsu? Como avalia esta parceria?
A relação inicia-se em 1968, somos um dos distribuidores mais antigos da marca. Para além de ser uma das marcas principais de equipamento de terraplenagem e mineiro e um paradigma em termos de qualidade, trata-se de uma organização que pauta pelo respeito e compreensão pelas necessidades dos seus parceiros, sejam clientes ou representantes. Ao cabo de 46 anos de colaboração intensa, damo-nos por muito satisfeitos com o percurso que trilhamos em conjunto. Lançaram-se na área mineira com a Sandvik Mining and Construction.
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INDÚSTRIA EXTRATIVA E TRANSFORMADORA
MAXAM – Confiança e Compromisso Player de relevo no setor da Indústria Extrativa e Transformadora, a MAXAMPOR fornece explosivos civis para obras públicas, construção, minas, pedreiras e cimenteiras. Saiba mais, em entrevista a António Milagre Martins, Diretor-Geral de Portugal e Espanha da MAXAM Civil Explosives.
Como posicionaria a MAXAMPOR no mapa do setor da Indústria extrativa e Transformadora?
A MAXAMPOR é um fornecedor relevante do setor da Indústria extrativa e Transformadora, pois disponibiliza produtos cujo objectivo é proporcionar a energia necessária para provocar o desmonte, a ruptura ou a abertura necessária para a consecução dessas atividades. No fundo, somos “fornecedores de energia”, numa vertente diferente da tradicional. Qual é, concretamente, a área de negócio da MAXAM e de que forma atua em
Sem dúvida que assim é. Procuramos estabelecer parcerias com os nossos clientes e onde eles estejam, procuramos estar também presentes e oferecer o mesmo tipo de serviços e soluções ou então adequá-las às necessidades específicas requeridas. Várias empresas portuguesas que têm vindo a lançar actividades fora de Portugal mantêm a sua relação com a MAXAM nos países para onde vão e o mesmo ocorre com outros clientes em muitos países. O factor “Confiança e Compromisso” que podem obter por parte da MAXAM, transmite as garantias necessárias que um cliente procura num verdadeiro parceiro de negócio.
Portugal?
Fundada em Espanha, a multinacional MAXAM é a maior empresa europeia na área dos explosivos civis. A filial portuguesa, localizada em Alcochete, foi uma das primeiras apostas do Grupo MAXAM. O Grupo nasce em Espanha há quase um século e meio, começando por focar as suas apostas nos mercados de Espanha, Portugal e África do Sul. É a partir de 2005 que a MAXAM consolida uma estratégia de expansão mundial. Tendo em atenção a actual conjuntura da economia europeia, resulta determinante, o crescimento conseguido nas restantes regiões do mundo que assim passaram a ter um lugar de destaque na facturação global do Grupo. A filial portuguesa nasce da privatização da antiga SPEL – Sociedade Portuguesa de Explosivos. Atualmente, a MAXAMPOR dedica-se em exclusivo ao fabrico e comércio de explosivos civis para obras públicas, construção em geral, minas, pedreiras e cimenteiras. Além desta área de atividade, a MAXAM também se dedica ao fabrico e comercialização de cartuchos de caça (MAXAM Outdoors), sendo líder a nível mundial. De referir também a área de Defesa (MAXAM Defence) e a área de Química (MAXAM Chem). Num setor onde a concorrência existe, de que forma se destingue a MAXAMPOR?
António Milagre Martins Diretor-Geral de Portugal e Espanha da MAXAM Civil Explosives
A MAXAMPOR é uma empresa que devido à sua longa presença no mercado, tem um conhecimento profundo do mercado português. A este facto, soma-se também o conhecimento próximo e detalhado dos seus clientes e das suas necessidades. A presença de Norte a Sul do país, com instalações em Alcochete e em Jales é também um factor a destacar. Além disso, somos possuidores de uma capacidade de suporte técnico relevante, para encontrar as soluções que os clientes procuram. Os Serviços Técnicos de apoio ao cliente são um aspeto a destacar, pois não pretendemos ser vistos apenas como fornecedores de produtos. O facto de fazer parte de um grupo presente em todo o mundo faz com que MAXAM se assuma como verdadeiro parceiro de negócio dos seus clientes?
A inovação e tecnologia são dois pilares basilares da MAXAM? Qual o impacto destas duas vertentes naquilo que são as relações comerciais da empresa?
Apesar do fabrico e uso de explosivos se realizarem desde há centenas de anos, continuam a existir significativos desenvolvimentos, nos quais a inovação e a tecnologia são relevantes. A MAXAM orgulha-se de possuir Centros de Desenvolvimento e Inovação, cujo objetivo é a permanente adequação dos produtos às necessidades dos clientes. Além dos próprios produtos, também os métodos de aplicação têm vindo a sofrer uma evolução particularmente importante e para isso contribuem os referidos centros. As relações comerciais da empresa são potenciadas por estas capacidades adicionais que derivam do importante investimento em inovação e tecnologia. Em termos futuros, quais as perspetivas para a MAXAMPOR, em geral, e para o setor onde atuam, em particular?
A evolução do setor de atividade onde a MAXAMPOR se enquadra, depende totalmente da evolução dos setores de atividade onde os seus clientes se situam, uma vez que a exportação representa uma parcela muito pequena da nossa facturação, devido à presença da MAXAM na maioria dos potenciais países destinatários. A crescente dinamização da economia, seguramente irá promover uma evoluçao nesses setores ainda que não esperemos regressar aquilo que já ocorreu no passado. É fundamental que o desenvolvimento económico subjacente a estes setores, seja relativamente estável para evitar picos anormais de atividade, seja para cima, seja para baixo, como ocorreu num passado recente. O relançamento da atividade mineira de que tantas vezes se fala, seria também um importante impulso para o sector. Contudo, até ao momento e apesar de muitos anúncios feitos ao longo dos últimos anos, não se observa o aparecimento de novas explorações mineiras. Acredito ainda que para Portugal é importante incrementar as suas capacidades industriais e para isso, esta é mais uma atividade que se soma a esse objetivo e cuja especificidade a torna ainda mais interessante.
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Melanoma e proteção solar
Cancro cutâneo: Melanoma Os comportamentos inadequados que adotamos no que toca à exposição solar pode levar ao aparecimento de um melanoma. O País Positivo esteve à conversa com Maria José Passos, fundadora do Intergrupo Português do Melanoma.
várias combinações terapêuticas, reunindo fármacos ativos com diferentes mecanismos de ação, de modo a escolher o tratamento mais adequado a cada caso. Até lá todos os doentes devem ser encorajados a participar em ensaios clínicos com novos fármacos Quais as sequelas deixadas em sobrevi-
Maria José Passos Fundadora do Intergrupo Português do Melanoma
matologia. Em alguns casos estes nevos alteram a sua cor/ forma e devem ser retirados. É fundamental que os doentes estejam alertados para a importância de vigiar as alterações morfológicas dos seus sinais e o aparecimento de novas lesões cutâneas, consultando periodicamente o seu médico. Agora que voltámos a ir para a praia e para o campo, nunca é demais salientar os cuidados a ter com o sol, devendo ser evitados os comportamentos de risco, como a exposição solar intensa e prolongada, sem proteção e a ida aos solários. É importante usar óculos escuros, protetor solar >30, uma camisa de preferência escura, chapéu de pala com proteção das orelhas e evitar a exposição solar das 12-17h, horas em que a radiação ultravioleta é mais perigosa. Cuidado redobrado com as crianças! Há tratamento? Qual?
Breve caracterização do Intergrupo Português do Melanoma O Intergrupo Português de Melanoma (IPM) é uma sociedade médica sem fins lucrativos, constituída por profissionais de saúde de diferentes especialidades, interessados no estudo, diagnóstico e tratamento do melanoma. Foi criado em Dezembro de 2012 e é o 1º Grupo Nacional de Melanoma. Tem como um dos objectivos principais conhecer e juntar todos os profissionais que se dedicam à investigação, diagnóstico e tratamento do melanoma em Portugal, rentabilizando os recursos humanos especializados nesta área. O que é um melanoma?
O Melanoma é o tumor da pele, que resulta da transformação maligna dos melanócitos, células que derivam da crista neural e que são responsáveis pela síntese de melanina e pela pigmentação da pele. Geralmente apresenta-se como um “ sinal” castanho ou negro, mas mais raramente pode ser rosado ou branco (melanoma amelanótico). Quais os comportamentos que podem causar um melanoma?
As pessoas de pele clara, sardentas, ruivas ou louras (fototipos I e II), de olhos claros, nevos atípicos, com história de exposição solar intensa e intermitente (“escaldões”), sobretudo na infância, têm um maior risco de desenvolver um melanoma. Os doentes com múltiplos nevos atípicos devem ser regularmente observados em consulta de Der-
O melanoma cutâneo, quando precocemente diagnosticado cura-se em mais de 90% dos casos, apenas com cirurgia. Apesar dos avanços recentes registados no tratamento do melanoma avançado a única terapêutica curativa ainda é cirúrgica. Como caracteriza a evolução dos tratamentos e medicamentos para tratar o melanoma desde a descoberta até aos dias de hoje?
Desde 1837, data em que Isaac Parish descreveu o primeiro caso de melanoma avançado, até 2010 pouco se evoluiu no tratamento desta doença e tratar o melanoma metastático era uma tarefa árdua e muito decepcionante. Foram utilizados vários fármacos antineoplásicos em monoterapia e em combinação, mas sempre com taxas de resposta baixas e sem aumento da sobrevivência global. Só a partir de 2010 e graças aos avanços da genética, imunologia e biologia molecular, surgiram novos fármacos inovadores, com diferentes mecanismos de ação, que demonstraram pela primeira vez um aumento significativo da sobrevivência global, em doentes com melanoma avançado. Dois destes novos fármacos foram aprovados em primeira e segunda linha pela FDA e EMA e mais recentemente aprovados também pelo Infarmed em Portugal, tendo começado a ser utilizados na nossa prática clínica. O tratamento da doença metastática continua a ser um desafio, mas o futuro deve ser encarado com algum optimismo, pois iniciámos uma nova era que já alterou radicalmente o tratamento desta doença. O futuro passa por ensaiar
ventes de melanoma?
Quando operados em fases iniciais não existem sequelas significativas e esses doentes são os únicos, em que podemos afirmar com alguma segurança que estão curados. No que diz respeito ao melanoma avançado o número de sobreviventes é menor, mas há também longos sobreviventes tratados com cirurgia, quimioterapia e imunoterapia. O aparecimento deste tipo de cancro cutâneo tem vindo a aumentar de ano para ano. Que estudos têm vindo a ser realizados de forma a travar a progressão? O melanoma é um tumor relativamente raro, mas é responsável por 80% das mortes por cancro cutâneo. A incidência e mortalidade por melanoma têm vindo a aumentar em todo o mundo, sobretudo nas duas últimas décadas, estimando-se 160.000 novos casos e 48000 mortes por ano. Na Europa, nas últimas décadas, a incidência global de melanoma tem aumentado cerca de 5% em cada ano. Entre nós diagnosticam-se anualmente cerca de 1000 casos e a incidência situa-se entre os 8-9 casos/100.000 habitantes. Na última década verificou-se também um aumento de incidência de melanoma durante a infância, sobretudo nos EUA, em que se regista um aumento de 2% ano neste grupo etário. É justo reconhecer o trabalho efectuado pelos registos oncológicos no sentido da colheita de dados epidemiológicos, mas muito há ainda por fazer. Precisamos de bases de dados que permitam caracterizar melhor estes doentes, para que no futuro possamos definir estratégias de intervenção mais eficazes. Em Portugal está a ser levada a cabo alguma investigação quanto a este tipo de cancro? Sempre que possível temos participado em vários ensaios clínicos internacionais multicêntricos, em melanoma adjuvante e metastizado. Futuramente estão planeados mais 3 ensaios, um em adjuvância no âmbito da EORTC em melanomas de alto risco e dois outros em doença avançada com novos medicamentos. No âmbito das ciências básicas há também vários grupos a trabalhar ( IPATIMUP e IMM) em Melanoma. O que representam e em que se traduzem os recentes avanços da imuno-oncologia?
A imunoterapia pode ser definida como o tipo de tratamento que utiliza agentes biológicos que estimulam o sistema imunitário e o ajudam
a corrigir os mecanismos de defesa alterados, em caso de doença. Este conceito aplica-se a qualquer tipo de agressão e já é conhecida há muitos anos. A imunoterapia tem sido utilizada no tratamento de doenças alérgicas, como a rinite e a asma brônquica. O sistema imunitário possui células especializadas capazes de produzir dois tipos de proteínas: os anticorpos e as citocinas. Os anticorpos ou imunoglobulinas são glicoproteínas produzidas pelos linfócitos B para neutralizar e eliminar o antigénio que levou à sua produção. Os antineoplásicos que levam à destruição de células malignas atuam de forma indireta, sobre o sistema imunitário, estimulando os linfócitos T, as células NK (natural killer) e os linfócitos B. Recentemente, surgiram novos fármacos que utilizam mecanismos imunológicos inovadores, para tratar vários tipos de cancro, nomeadamente o melanoma avançado. Os anticorpos monoclonais são muito usados no tratamento de várias doenças oncológicas e com eficácia clínica comprovada (Exs. anti-CTLA4 e anti PD1). A imuno-oncologia baseia-se na modulação do sistema imunitário, levando a estimulação da destruição tumoral. Este fenómeno pode ocorrer por ativação direta dos linfocitos T por moléculas que se ligam a receptores agonistas ou pode existir um bloqueio dos receptores antagonistas que, sempre que estão ativos, inibem o normal funcionamento dos linfócitos T. É o que acontece com o anticorpo monoclonal antagonista do CTLA4 ( antigénio 4 do linfócito T citotóxico, regulador negativo da ativação das células T), utilizado atualmente no tratamento do melanoma avançado. O mecanismo de ação deste medicamento é indireto, baseado na ativação do sistema imunitário e é muito diferente do que se passa com a quimioterapia antineoplásica convencional. No caso dos anticorpos monoclonais são esperados vários padrões de resposta clínica, em que a resposta terapêutica pode ocorrer, após um aumento inicial do volume tumoral ou até o aparecimento de novas lesões. Outra particularidade destas terapêuticas biológicas (Imunoterapia) é que atuam fundamentalmente nas células cancerosas, sem afetar as células normais, tendo geralmente outros efeitos tóxicos. A integração da Imunoterapia na estratégia de tratamento de alguns tipos de tumores, como o melanoma avançado levou a um aumento de sobrevivência global e a respostas tumorais duradouras, transformando em alguns casos uma doença agressiva em doença crónica com poucos sintomas. Num futuro próximo vão surgir mais moléculas ativas e inovadoras que estão a ser alvo de vários ensaios promissores e que poderão ser usadas isoladamente ou em combinação no tratamento de vários tipos de cancro, nomeadamente no melanoma avançado.
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a: A pérola de Á
António Araújo fundou, em Leiria, a AF Araújo & Associados e confessa que a empresa pretende ser uma espécie de «médico financeiro» das empresas. Conheça a empresa, o profissional e a perspetiva do mesmo face ao potencial económico do continente africano. Formado em direito, com uma carreira de cerca de 20 anos e uma bagagem profissional acima da média, António Araújo aproveita os tempos que correm para trazer uma lufada de ar fresco para o setor financeiro, assumindo-se como conselheiro financeiro e desenvolvendo um conceito de negócio inovador e deveras importante para as empresas exportadoras, nesta primeira fase. Angola: A pérola de África “O que tem Angola para oferecer ao Mundo?”. A resposta foi mais que óbvia:”Angola, antes de mais, é um país com um imenso património. Possui uma diversidade cultural enorme, mas tem também um imenso potencial turístico, de agricultura, de agropecuária, tem um clima extraordinário, riquezas minerais que poucos países têm, como o ouro, os diamantes, o petróleo Ou seja, se acreditarmos em Deus, podemos dizer que Deus foi muito generoso com Angola já que esta é uma terra riquíssima a todos os níveis”. Mas apesar disso, o país atravessou, ao longo dos anos, diversos problemas e enfrentou vicissitudes que quase dizimaram a sua identidade. Ainda assim, António Araújo considera que Angola é um país jovem, com uma dinâmica capaz de derrubar qualquer obstáculo e, apesar de a sua escolaridade ser ainda baixa e a formação escassear, a verdade é que esta juventude tem uma capacidade imensa de se renovar.”Todos precisamos uns dos outros e esta noção perfeita de reciprocidade. Angola precisa do mundo é certo, mas o mundo também precisa muito de Angola”. António Araújo salienta, também, que”não obstante o facto de Angola ser um património incalculável da lusofonia, tem uma posição estratégica num continente que está a mudar e com riquezas imensas, que por diversas vezes viu o seu destino adiado, o seu progresso interrompido por guerras fratricidas, por interesses que nada tiveram a ver com os povos africanos. E mais concretamente na zona geográfica da áfrica Austral, Angola é uma potência económica, militar e será sem dúvida uma força, uma alavanca económica para os países da África austral. Aliás, Angola faz parte da SADC – Comunidade de Países da África Austral – que tem reuniões periódicas a nível política, bancário, entre outros pilares fundamentais de desenvolvimento, e onde todos os envolvidos pensam pouco em guerra, pensando antes na ânsia de progresso, de infraestruturas, de melhoria de qualidade de vida, de melhoria da qualidade de informação, de crescimento cul-
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tural, de crescimento tecnológico ou seja, há um mundo de oportunidades a explorar”. Dito isto, convém referenciar que Angola é uma potência, per si, e por ser capaz de se transformar numa plataforma incontornável para a concretização de negócios, para a internacionalização das nossas empresas para países limítrofes de Angola e para o aproveitamento dos 200 milhões de habitantes que rodeiam Angola.”Estamos a apresentar um potencial extraordinário, de um mundo ainda subdesenvolvido, de uma área geográfica que sofreu as guerras, onde tudo ficou destruído, desativado ou obsoletas”. Angola tem reunidas todas as condições para fazer um percurso de crescimento sustentado e rápido, mais do que europeus e americanos fizeram, mas com uma vantagem: Não cometerá os mesmos erros. Para o nosso interlocutor, Angola assume-se, cada vez mais, como uma potência regional.”Imaginemos o que pode significar o caminho-de-ferro de Benguela, uma ligação privilegiada entre os portos do país e todas as cidades, do país e dos países limítrofes. Para quem está em Angola, para quem tem ligações ao país, para as empresas portugueses e luso-angolanas, estes países limítrofes representam potencialidades infinitas e nós, portugueses e angolanos, temos que ser capazes de criar ligações capazes de gerar valor acrescentado para ambos”. António Araújo considera ainda a possibilidade dos países da África Austral criarem, entre si, uma espécie de União Europeia, juntando e criando sinergias que signifiquem crescimento e desenvolvimento de todos os envolvidos. Mas Angola é um El Dourado?”Obviamente que não. Admito que possam ainda existir algumas pessoas iludidas mas a verdade é que ninguém enriquece em Angola, pelo menos não do ponto de vista da legalidade. Em termos de negócios e sucesso, não há El Dourados. Há, no entanto, grandes oportunidades em Angola. Ainda assim, essas oportunidades devem ser partilhadas com os próprios angolanos. Assim, penso que a melhor maneira de se ter sucesso em Angola é através de parcerias, de empresas com capitais mistos há já uma classe empresarial emergente em Angola, com capacidade financeira, mas também com um nível cultural elevado, que já passaram por todo o mundo, já viveram nas grandes metrópoles mundiais e que vêm o mundo de outra forma. Há poder financeiro sim, mas há também cultura e portanto há a obrigação de respeitar e ser respeitado e só assim as empresas conseguirão ter sucesso. Esse respeito pela diversidade e pelo sentimento de pertença que os angolanos possuem. Angola é um país jovem e os angolanos sentem que a sua independência, com todas as suas vicissitudes e problemas vividos, foi conquistada e não ofereci-
da. Eles não chegaram até este ponto de uma forma gratuita, chegaram aqui a muito custo, conquistada com sangue, com trabalho, com ilusões e desilusões, com diferenças . Mas o facto de ser um país jovem faz com que eles sintam já um orgulho enorme em serem angolanos. Além de respeitar este sentimento, devíamos, quiçá, aprender um pouco com os angolanos e ir redescobrir este sentimento de orgulho”.
essenciais”. Um conceito inovador, é certo, mas que rapidamente se tornará indispensável ao nosso tecido empresarial porque, no fundo, ter um médico para os seu negócios é tudo aquilo que um empresário pretende, não só para curar a doença, mas sobretudo para a prevenir.
AF Araújo & Associados António Araújo gere a empresa que criou em Leiria e mantém acesa a esperança de criar, um dia talvez, uma espécie de banca regional capaz de ajudar a criar cluster, ou espécie de clusters, económicos e financeiros. Colocar bancos, empresas e particulares, com um objetivo em comum, sentados à mesma mesa, trabalhando em conjunto. O projeto de António Araújo estava desenhado mentalmente, já há alguns anos, e consistia em criar uma empresa que, por um lado, promovesse a literacia financeira das pessoas e das empresas e, por outro, ajudasse as empresas e as pessoas a terem interlocutores especializados junto da banca, auxiliando-os a tomar decisões mais conscientes. Assim, a AF Araújo & Associados cria alertas, aponta caminhos, descreve opiniões no sentido de identificar quais os melhores instrumentos financeiro para o apoio a determinado investimento, por exemplo. O conceito de banking advisory tem, na sua génese, a vontade de António Araújo participar e ajudar a que exista um relacionamento mais sério, mais equilibrado, mais consciente e ponderado entre as empresas/cidadãos e a banca. Mas o que é Global Banking Advisory?”Este é um conceito multidisciplinar. Queremos ser verdadeiros conselheiros e não um consultor. Não iremos, no entanto, tomar decisões, influenciar decisões ou obrigar à tomada de decisões, antes iremos identificar as possibilidades e dar a nossa opinião, tal como um amigo o faria”. Para além de ter o seu core na atividade bancária e no aconselhamento bancário e financeiro, o banking advisory é multidisciplinar porque é um conceito que acompanha o cliente até à tomada de decisões e depois acompanhar as consequências, a concretização e o impacto dessa decisão. Ou seja, “estar ao lado destas pessoas/empresas. Ter a certeza de que os riscos e as variáveis são sempre acompanhados e as decisões que se tomem sejam baseadas em conhecimento e informação. Este é um grande fator diferenciador naquilo que é o Global Banking Advisory mas existem outros fatores diferenciadores. Para além da banca, nós apoiamos também as empresas na gestão de pessoas, na redução de custos e na racionalização da sua estrutura de custos, no redimensionamento eventual do seu quadro de pessoal, na formação desse quadro de pessoal, entre muitos outros serviços
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Melanoma e proteção solar
Cancro da pele: como prevenir, como tratar. pele e carcinogénese. A Organização Mundial da Saúde considera os UV um carcinogéneo completo. Portanto, temos o “inimigo” identificado! Não somos todos iguais perante o sol! Há pessoas que não bronzeiam e fazem rapidamente queimadura solar, outas que bronzeiam muito pouco e facilmente fazem queimadura, outras ainda (as mais frequentes em Portugal) que bronzeiam progressivamente mas podem fazer queimadura se não houver cuidado, outras ainda que rapidamente bronzeiam e raramente fazem queimadura e depois os tipos étnicos de pele mais escura que têm protecção natural contra o sol. “Escaldão” António Picoto Presidente da Associação Portuguesa Contra o Cancro da Pele A Associação Portuguesa Contra o Cancro da Pele (APCC) foi fundada já há mais de 20 anos e foi das primeiras organizações deste tipo na Europa. Fundada por dermatologistas que sentiram a necessidade de fazer algo fora dos seus gabinetes para tentar travar o aumento anual de cancros da pele no nosso país. Tem duas missões: fazer a chamada prevenção primária e também a prevenção secundária. Estima-se que cerca de 90% dos cancros da pele se devem há exposição intemperada ao sol. Por outro lado, sendo este cancro num órgão que é superficial deveria sempre ser detetado precocemente e ninguém deveria morrer, o que infelizmente não é o caso. O propósito da APCC não é proibir o sol às pessoas, mas antes ensinar a conviver com o sol de forma a termos os benefícios. O primeiro aviso é que o sol é o mesmo em todo o lado e não apenas na praia! A exposição deve ser moderada, progressiva, evitando o sol direto entre as 12 e as 16 horas. Trinta minutos antes de se expor aplique um protetor solar que deverá ter um índice de proteção de pelo menos 30. Reaplique de 2 em 2 horas. Use chapéu, óculos escuros e T-shirt. A radiação solar é constituída por: UV, Luz visível, infravermelhos. Os UV dividem-se em UV C comprimento de onda 200-300nm - não chegam á crosta terrestre sendo absorvidos pela chamada camada do ozono; UV B 290320nm, responsáveis pela queimadura solar e efeitos agudos e crónicos da exposição solar e envelhecimento precoce da pele; UV A320400nm responsáveis pelo envelhecimento da
basalioma avançado ou metastisado surgiu um medicamento com bastante eficácia, o vismodegib. No melanoma novas terapêuticas imunológicas com alvos bem definidos aumentam a sobrevivência. No melanoma metastisado, utilizando análise genética do tumor. Surgiu primeiro o ipilimumab e depois o vemurafenib, o drabafenib e o trametinib. O tratamento combinado poderá atingir sobrevidas de 10.5 meses. São medicamentos com muitos efeitos secundários e que obviamente se administram em hospitais centrais. Têm preços elevados, mas abrem um caminho que esperamos acabe em triunfo. O nosso sonho é o da “pílula solar”, ou seja uma droga que tomada antes ou logo após a exposição solar que possa prevenir o efeito oncogénico dos UV. Há uma droga em investigação: N-acetilcisteína (NAC). Vitamina D
A insolação pode ser perigosa. O chamado “escaldão” tem sempre consequências nefastas para a pele e está relacionado com o aparecimento do melanoma maligno mais tarde. Infelizmente os nossos inquéritos demonstram que na população portuguesa o número de casos de “escaldão” aumentam todos os anos, apesar das campanhas. É um comportamento de risco, sobretudo dos adolescentes, que nos preocupa.
Sempre que se fala do sol a vitamina D é tema imprescindível. A vitamina D forma-se na pele pela ação dos UV B. Num país como Portugal bastam 10 a 15 minutos de sol por dia. A vitamina D é imprescindível para boa saúde óssea e presumivelmente preventiva em relação ao cancro do cólon, mama, próstata endométrio rim, linfoma não Hodgkin, atividade imunitária e função cardiovascular. Fontes de vitamina D são: óleo de fígado de bacalhau, salmão, carapaus, atum, leite fortificado, gema de ovo, queijo.
Tipologias de cancros cutâneos
Bronzeamento
Para facilitar, dividem-se em termos epidemiológicos os cancros da pele em dois grandes grupos: os cancros não melanoma (sobretudo o carcinoma basocelular ou basalioma, o tumor mais frequente da espécie humana, e o carcinoma espinocelular) e o melanoma maligno. Infelizmente em Portugal todos têm aumentado a sua incidência na última década.
O bronzeamento transformou-se numa verdadeira mania para certas pessoas. O bronzeamento é: constitucional, geneticamente determinado (não o podemos alterar); facultativo, também genético, dependente de fatores exógenos, UV, agentes fotosensibilisantes hormonas e análogos da MSH. A eumelanina responde aos UV e á hormona estimulante melanócitica MSH. Portanto a nossa capacidade de bronzear nasce connosco e não se altera por apanhar mais sol ou por frequentar solários.
Como detectar? Exame da pele (toda a pele e mucosas). Desejável ser feito pelo médico em pessoas de risco, o chamado autoexame em cada 3 meses. Com auxílio de espelhos observar toda a pele e verificar se surgiu algum sinal novo ou se se modificou algum sinal antigo. Em caso de dúvida, biopsia. O cancro da pele se diagnosticado numa fase precoce é curável. Novidades em relação ao cancro avançado Ao fim de muitos anos finalmente surge progresso nesta área. Para o tratamento do
Solários Repetimos que o bronzeamento quer pelo sol, quer artificial são considerados carcinogénicos pela Organização Mundial da Saúde. O uso de solários em menores de 35 anos aumenta o risco de melanoma em 59%. Na Europa estimase em 3400/ano o aumento de melanomas pelo uso dos solários. O bronzeamento obtido após exposição ao UVA não dá fotoproteção contra dano do ADN porque a luz UVA causa foto-oxidação da melanina existente e redistribui os grãos de pigmento mas não estimula a
síntese de melanina ou a proteção pelo pigmento. A indução da pigmentação (bronzeamento) exige que os queratinocitos da pele segreguem uma hormona, MSH, que é produto de clivagem da prohormona péptido pró-opiomelanocortina (POMC). Além da MSH a clivagem da POMC produz endorfina, um opióide endógeno que entre outros efeitos produz analgesia e euforia. Autobronzeadores Tópicos São alternativas seguras. São solúveis em água e duram cerca de 24 horas. Contêm dihidroxiacetona ou eritrulose. Estes produtos causam a chamada reação de Mailhard em contato com as proteínas superficiais da camada córnea da pele que provoca o aparecimento da cor escura desejada. Não conferem proteção em relação á radiação UV. Pílulas bronzeadoras As mais comuns têm como ingrediente ativo a cantaxantina. Muda a cor da pele para castanho-alaranjado ao depositar-se na epiderme e gordura subcutânea. Efeitos secundários gastrointestinais e retinopatia urticária, hepatite e anemia aplástica fatal. Uma nova preocupação: Análogos da Hormona MSH Foram sintetizados em 1980 para fotoproteção. O primeiro é chamado afamelanotido. Está em curso fase 2 e fase 3 do ensaio clínico. Infelizmente há muitos análogos da MSH á disposição do público sem ensaios corretos. Melanotan 1 foi o primeiro não regulado. Melanotan 2 é uma variedade mais pequena do melanotan1 e surgiu em 1990. Melanotan 1 e 2 são 1000 vezes mais potentes que a MSH endógena porque têm maior resistência á sua degradação enzimática. São estimulantes inespecíficos de receptores melanocortina envolvidos na atividade sexual, homeostase energética, função imunitária e função cardiovascular. Há casos de intercorrência graves como crises hipertensivas potencialmente capazes de estimular transformação maligna dos melanócitos. Em todo mundo tem aumentado o número de exéreses de melanomas finos de bom prognóstico, o que significa diagnósticos precoces. Mas não podemos abrandar as campanhas. Não podemos esquecer que em Portugal também a incidência do cancro da pele todos os anos aumenta e dentro em breve será um problema de saúde pública grave. É preocupante o facto que cada vez mais pessoas, de idade média, tenham melanomas.
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Melanoma e proteção solar
“Crianças, Praia e Sol” Osvaldo Correia Dermatologista, Secretário Geral da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo Professor Afiliado da Faculdade de Medicina do Porto Diretor Clínico do Centro de Dermatologia Epidermis (Instituto CUF), Porto. epidermis@epidermis.pt; www.epidermis.pt
Osvaldo Correia Secretário Geral da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo
A importância de “Saber conviver com o Sol” é fundamental desde bébé até à idade adulta. Três “mandamentos” que têm que estar sempre presentes e são úteis para todas as idades, estações do ano e latitudes. “Regra da Sombra: Sombra aumentada, hora apropriada…” Quando a nossa sombra é maior do que nós próprios é um horário mais seguro, com menor temperatura e ultravioleta (UV). Quanto maior a sombra, maior a segurança. É a hora das brincadeiras ao ar livre, das caminhadas, do desporto, das tarefas no jardim ou da exposição intencional ao Sol. É uma hora segura e eficaz para o estímulo da produção da vitamina D e para a eventual melhoria da mobilidade osteoarticular. Proteção Solar: para o passeio, o desporto ou o trabalho a melhor proteção solar é com o vestuário. Roupa de textura espessa, não porosa, pode ser em qualquer cor. Se a textura for porosa, algodão muito fino, linho, é preferivel cores mais escuras que, apesar de poderem aquecer mais, dificultam a penetração dosUV. Algumas roupas trazem já etiqueta de factor de proteção dos UV (idealmente UPF 50+). Essencial é o design adequado: chapéu de aba larga, camisola que proteja o decote, braço e antebraço, calções compridos e protetor solar (para todos proteção solar
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30+ (SPF30 +) embora em pessoas com pele mais delicada ou tipo de pele mais clara, sensivel ou sardenta (fototipo 1-2) e em crianças seja aconselhável o uso de SPF50 +. Muito importante é a textura do protetor. Hoje em dia as pessoas entusiasmam-se com texturas muito fluidas, em spray e quase invisíveis. Cuidado! Na prática podem não estar protegidas como pensam. Quanto mais fluido for um protetor mais vezes tem que ser renovado na mesma área para permitir a proteção expectável. As Sombras tem que ser grandes e generosas... Se o material for em tecido, no conhecido guarda-sol, toldo ou “barraca” tem que seguir as mesmas regras do vestuário. Ultravioleta (UV): para além da temperatura o conhecimento dos níveis de UV deve ser uma prática comum daqueles que se expoêm ao Sol, por lazer ou em trabalho. O Instituto Português do Mar e Atmosfera (www.ipma.pt) fornece diariamente as previsões de UV para as principais capitais de distrito. A escala vai de 0 a 11. Indices de UV 6 e 7 são elevados e muito frequentes em Portugal com excepção do Inverno e recomendam-se cuidados de proteção solar no dia a dia, os índices 8, 9 e 10 são muito elevados e recomenda-se que as
crianças não sejam expostas ao sol nestes dias. Estes níveis são muito frequentes, no nosso país, a partir de Maio, e nem sempre estão associados a temperaturas elevadas. As férias escolares estão aí e as crianças e adolescentes tendem a ter brincadeiras ao ar livre dai a necessidade de proteção redobrada. “Dias de vento e nevoeiro, podem originar sol matreiro...”, na verdade pode ocorrer falsa sensação de segurança pois os dias podem estar mais frescos, a temperatura amena, mas os índices de UV elevados o que facilita a queimadura solar. Desde pequenos deveremos ensinar as nossas crianças nas boas práticas de hidratação da pele e de proteção solar adequada. Se pretende saber quais os cuidados a ter com o Sol, numa linguagem acessivel, até para crianças, poderá ler ou dar a ler o livro que tivemos oportunidade de escrever designado “Brinca e aprende com o Zé Pintas. Sol... Férias... Cuidados a ter ... “ que está disponível nos seguintes sites: www.apcancrocutaneo.pt e www.euromelanoma.org. No primeiro ano de vida, particularmente nos primeiros 6 meses, a exposição direta ao sol está proibida. A importância do vestuário (chapéu, roupa) e da sombra é particularmente importante. No segundo semestre de vida caso haja um passeio ele deve ser a uma hora em que a nossa sombra é muito maior do que nós. No Verão, até às 9.30 e depois das 19 h, sempre com protetor solar, de preferência écran mineral, nas areas expostas ao Sol e nunca por tempo superior a 1 hora. Entre os 2 e 3 anos a exposição direta ao Sol deve ser minimizada e sempre num horário adequado: antes das 10 h e depois das 18 h e sempre com proteção solar elevada (SPF 50+). Evitar qualquer exposição direta das crianças ao Sol, em dias em que os UV são elevados (8 ou superior). Sempre que molhar, renovar o protetor solar mas este não deve ser usado para prolongar intencionalmente a exposição ao Sol. Ao fim de 1 h de exposição deve procurar uma boa sombra ou vestir roupa adequada. Nas crianças, em geral, incluindo a adolescência deve-se evitar exposições cumulativas ou exageradas. Nunca mais de 1.5 h segui-
da, de manhã e/ou final da tarde. O sol cumulativo é indutor de novos sinais (nevos) e a vermelhidão ou queimadura solar é particularmente grave quando ocorre nesta idade. A sucessão de queimaduras, sobretudo nestas idades, além de induzirem nevos atipicos (irregulares no contorno, cor) são fator reconhecido de risco acrescido de vários cancros da pele, incluindo o melanoma, na idade adulta jovem. Algumas informações úteis para todos, em particular para as crianças: na escola, campo, praia ou piscina, o Sol é todo igual; as horas mais seguras e saudáveis para nos divertirmos ao ar livre são aquelas em que a nossa sombra é maior que nós próprios; o protetor deve ser sempre de índice elevado (SPF 30 a 50), de textura não muito fluida, deve ser aplicado cerca de 30 minutos antes da exposição ao sol, idealmente reforçado 15 a 30 minutos após o inicio da exposição, sobretudo nas áreas de pele mais delicadas, deve ser renovado após o banho e nunca deve ser usado para prolongar a exposição ao sol ou julgar que nos dá a segurança absoluta às horas de maior risco (sobretudo entre as 11 e 17 h). Usar sempre o chapéu e sempre que possivel uma camisola que proteja o decote e braços, inclusivé quando se está a sair da praia antes do almoço ou a horas de risco solar. Evite tecidos (na roupa e guarda-sóis) com textura muito porosa. A intensidade dos UV aumenta com a altitude, a areia seca reflete 20%, a areia molhada até 40% e a água até 50%; a maioria dos vidros filtra apenas os UVB não protegendo dos UVA Os de pele clara, olho claro, sardentos, que queimam facilmente e têm dificuldade em ficar morenos, necessitam de cuidados redobrados. No entanto, o ser moreno e não ficar vermelho não é sinónimo de estar seguro. O vento e nevoeiro dão sol matreiro. Com a idade surgem sinais, a maioria sem risco de cancros da pele. No entanto estar atento a um sinal “de novo” diferente dos outros, que tem um crescimento, evolução ou aspeto diferente. Consulte a opinião do seu médico e idealmente do seu dermatologista.
Verão no oeste
Refresh yourself!
Hein Demyttenaere Director-Geral Ô Hotels & Resorts
Breve sinopse histórica sobre o Grupo Ô Hotels & Resorts e o seu posicionamento em Portugal.
A Ô Hotels & Resorts posiciona-se enquanto uma cadeia hoteleira portuguesa com uma proposta de valor baseada em experiências únicas, em que desafiamos quem nos visita com o mote Refresh Yourself. Somos uma cadeia hoteleira que prima pela qualidade do serviço e pelo gosto em bem receber, proporcionando uma experiência única e completa a quem visita as unidades Ô Hotels & Resorts. Unimos os dois destinos de Vimeiro e Monfortinho há já cerca de 4 anos sob o lema da Ô e terminamos o ano de 2013 com resultados positivos. Temos vindo a fazer um percurso sólido e sustentado, uniformizamos a nossa oferta no Vimeiro e Monfortinho, com a garantia de qualidade e satisfação Ô Hotels & Resorts. Neste momento, a prioridade passa por propor atividades e experiências diferenciadoras a quem nos visita. A oferta e os factores de diferenciação do Grupo no nosso país
A Ô Hotels & Resorts distingue-se por apresentar uma hotelaria que se pauta por valores como a Genuinidade, Autenticidade e Paixão pelo Bem -Receber. Gostamos que os nossos hóspedes se sintam em casa, num ambiente acolhedor e descontraído. Comprovamos isto pelo facto de novos clientes quererem conhecer as nossas unidades, atraídos pela diversificação de ofertas de lazer ativo, nomeadamente a realização de experiencias únicas
e memoráveis. Temos como principal objetivo promover o charme cultural das regiões de Monfortinho e do Vimeiro. Propomos um mix equilibrado de aventura, conforto e bem-estar no âmbito de uma rica herança cultural e paisagens protegidas – seja com a paisagem Raiana em Monfortinho ou com o Atlântico no Vimeiro. A proximidade da água, do mar ou dos Balneários Termais do Vimeiro e Monfortinho, permite à Ô Hotels & Resorts oferecer uma experiência verdadeiramente revitalizante, tendo a água como elemento e fonte de inspiração. A própria designação Ô advém de l´eau em francês. De salientar, também, a forte componente gastronómica dos nossos hotéis que se distingue pelo regresso às origens com sabores de uma cozinha tradicional com pastelaria própria, seguindo as tendências internacionais de gastronomia de “Cozinha d’Avó” e “Pot Au Feu”. No Vimeiro, o Ô Golf Mar está a reinventar-se, tem agora uma oferta mais completa e diversificada com várias propostas de atividades e diversão. Quem escolhe o Vimeiro terá razões para ficar mais tempo e passar momentos de grande qualidade no Ô Golf Mar. O Ô Golf Mar integra uma Surf Academy e um autêntico Clube Aventura. Na Surf Academy os clientes podem ter aulas particulares ou de grupo e fazer batismos de surf. Assim, tirarão ainda mais partido da nossa localização fantástica, na primeira linha de praia. No Ô Vimeiro Clube Aventura os nossos clientes terão mais atividades à disposição como Escalada, Paintball, Trekking, Birdwatching, Tiro ao Arco, Slide, Rappel, um campo de Ténis e um Bike Center. Em Monfortinho, uma das principais atrações é o Balneário Termal que alavanca sobretudo o segmento de Turismo de Saúde, tanto a nível de cura como de prevenção, com pessoas de todas as idades, desde crianças, jovens a adultos, que procuram restabelecer energias e tratar problemas identificados com tratamentos personalizados acompanhados por um quadro médico muito competente e polivalente. Nas Termas de Monfortinho retiramos o melhor partido da água através de diversos métodos: balneoterapia, ventiloterapia, fisioterapia, electroterapia, massagens de relaxamento, entre outras técnicas. O centro inclui ainda ginásio, solário e piscina. Para quem procura aventura e tempos de lazer animados, o Ô Monfortinho Clube Aventura propõe uma série de desafios: desde passeios pedestres, aluguer de bicicletas e percursos de BTT, safaris fotográficos, passeios a cavalo em Monsanto, escalada e rappel e muitas mais actividades.
O sector hoteleiro em Portugal vive momentos desafiantes. Hoje em dia temos de surpreender e desenvolver novas formas de comunicar e atrair actuais e potenciais clientes. Portugal tem condições de excelência para desenvolver o sector de turismo, há uma grande variedade de paisagens e tipos de turismo, entre o turismo de natureza; turismo sol e praia; turismo de saúde; turismo rural; turismo de aventura, etc. As condições naturais e base existem, precisamos de desenvolver um programa global de turismo em que Portugal comunique a uma só voz. Devem ser definidos claros objetivos – consoante a região e tipo de turismo, claro – e estabelecidas o máximo de parcerias possíveis, para que todos os esforços e recursos sejam concertados. Temos um elevadíssimo potencial de crescimento e oferta para uma grande variedade de turistas. Chegou a hora de, em conjunto, todo o sector hoteleiro definir uma estratégia global e a longo prazo. A aposta na região Oeste: que factores de sustentabilidade?
A região do Oeste esteve até há pouco tempo subestimada. O Oeste tem uma oferta cultural, gastronómica e natural fabulosa. Conseguimos em pouco tempo ter acesso a diferentes cenários e propostas lúdicas de grande relevância. Localizada bem no centro do país, o Oeste tem ainda mais vantagens nas propostas lúdicas quer a nível pessoal ou a nível empresarial. É essencial continuar a diversificar a oferta e, acima de tudo, promover a sustentabilidade da economia regional. Enquanto entidade investidora e que acredita na região do Oeste acreditamos que desde as mais-valias que conseguimos retirar do Mar, ao cenário paisagístico e natural único o que não faltam são matérias-primas ávidas se serem trabalhadas e dadas a conhecer, quer a nível nacional e mesmo internacional. A oferta integrada do Ô Golf Mar: uma experiência que perdura…
O Ô Golf Mar apresenta agora um novo conceito com opções para todas as idades. Temos uma oferta mais completa e diversificada, quem escolhe o Vimeiro terá razões para ficar mais tempo e passar momentos de grande qualidade. O hotel está mais dinâmico e divertido, passa a integrar uma escola de Surf e um verdadeiro Clube Aventura. No interior, o Ô Golf Mar tem também novidades
que tornam o espaço mais acolhedor e confortável. Os espaços da Piscina Exterior e Interior foram remodelados, as varandas foram substituídas. Nos quartos foram introduzidos novos colchões, almofadas e novas TV’s LCD. E, para reforçar o segmento corporate, o Ô Golf Mar foi selecionado para ser a casa-mãe da empresa de formação suíça Equites. A Equites tem um método único, baseado na confiança e interação com eficácia comprovada já em vários países. O Ô Golf Mar será a âncora para uma proposta de formação com valor acrescentado, através da relação e interação com cavalos. A unidade hoteleira do Vimeiro apresenta, assim, uma oferta completa e única pensada para todos os membros da família. Actividades para desenvolver na “família Ô” neste Verão
No Ô Golf Mar vamos ter um mês de Agosto em cheio com muita aventura e diversão. As atividades que disponibilizamos no Ô Golf Mar foram desenvolvidas a pensar em todos os membros da família. Desde opções mais agitadas para os mais novos, a atividades lúdicas e de observação da Natureza para os pais. Para as crianças, existem atividades pensadas para todo o dia. De manhã podem participar em Ateliers temáticos, desde magia a trabalhos manuais. Para os mais irrequietos as piscinas interiores e exteriores – com Pólo Aquático, Bingo Aquático ou Hidro Fun – são o local perfeito. E, para que desenvolvam a sua perícia e sentido de orientação todos podem participar nas Caças ao Tesouro diárias. Depois de almoço a diversão continua com Olimpíadas Tradicionais e Jogos Pré Olímpicos. Quanto aos adultos, as opções são várias. Para além dos tratamentos termais e de spa, o dia pode ser preenchido com passeios pelos espaços verdejantes que rodeiam o Ô Golf Mar ou, para os mais aventureiros, passeios de jipe, Birdwatching, escalada ou rapel. Ao final da tarde, para descontrair do dia cheio de energia, nada melhor do que desfrutar das Sunsets Parties à beira da piscina. Aos Sábados à noite, depois de jantar no premiado restaurante do hotel, aprecie as Noites de Fados. E, se gosta de desafios, teste a sua cultura nos animados Quis do Ô Golf Mar. A única questão que colocamos aos nossos hóspedes é se estão preparados para umas férias inesquecíveis com vista privilegiada para o Atlântico?
O sector hoteleiro em Portugal: presente e futuro, competitividade e potencial de crescimento
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OFICINAS AUTO: GARANTIA E CONFIANÇA
“É tempo de mudança no setor automóvel” de mais de 63 por cento. E, se olharmos só para a média dos últimos dez anos, a descida cifra-se nos 46 por cento. Isto é embandeirar em arco. Alexandre Ferreira: Não queremos ser os arautos da desgraça, mas importa olhar para as coisas De forma séria. É esse o nosso compromisso. Jorge Neves da Silva: Até porque se quisermos ser ainda mais sérios, observamos que este aumento nas vendas de automóveis deve-se, sobretudo, às compras efetuadas pelas empresas de rent-a-car, em especial devido ao crescimento do turismo, mas também ao facto de nos últimos anos estas empresas terem estado impossibilitadas de efetuar a normal renovação de frota por causa dos constrangimentos no acesso ao financiamento da banca. A ANECRA luta pela revitalização do
Jorge Neves da Silva
O setor automóvel está a passar por um momento de mudança profunda. O governo propagandeia o aumento da venda de automóveis como o sinal mais eminente da saída da crise, mas os números estão longe de ser animadores. A Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel não perde tempo em lamentos e apresenta propostas concretas para revitalizar o setor. Jorge Neves da Silva, secretário-geral da instituição, e Alexandre Ferreira, vice-presidente, corporizam esta vontade de reerguer este segmento vital para a economia portuguesa. Numa altura em que o governo anuncia uma recuperação das vendas no setor automóvel, a Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA) responde com dados comparativos que contestam essa visão otimista. Quer dizer que não há razões para sorrir?
Jorge Neves da Silva: O governo parte de uma comparação entre os dados do primeiro semestre de 2014 com o período homólogo de 2013 e propagandeia aumentos na ordem dos 37 por cento nas vendas de ligeiros de passageiros, mais de 60 por cento
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Alexandre Ferreira
método
mostra
Alexandre Ferreira: Nós não queremos matar os clandestinos, mas sim ajudá-los a certificarem-se. Temos condições para colocá-los no plano da legalidade e a própria ANECRA possui planos de formação que os podem ajudar a atualizarem-se. Jorge Neves da Silva: Elegemos três medidas prioritárias para lutar contra este flagelo. A primeira passa pela obrigatoriedade de apresentação nos Centros de Inspeção da fatura relativa à revisão de cada viatura. A segunda é a imposição do registo do número de identificação fiscal de qualquer consumidor que adquira peças, componentes ou consumíveis para o automóvel. E, por fim, a necessidade de reforçar a atuação das entidades fiscalizadoras, nomeadamente a ASAE e a SEPNA junto das oficinas clandestinas.
setor numa altura de fortes cons-
no que toca aos comerciais ligeiros e de 50 por cento nos pesados de mercadorias. Mas esta realidade é uma falácia, porque estamos a partir de premissas muito más. Assim, a ANECRA resolveu fazer uma tabela onde se comparam os dados de 2014 com a média dos últimos 21 anos, de 1993 a 2014. E, caso queiramos excluir os anos de boom que foram os finais da década de ’90, temos ainda outra tabela comparativa onde nos reportamos apenas aos últimos dez anos. Este
oficinas-fantasma?
conclusões
muito diferentes daquelas apresentadas pelo governo?
Jorge Neves da Silva: Atentando a estes dados, as vendas de ligeiros de passageiros registadas no primeiro semestre de 2014, quando comparadas com a média acumulada dos últimos 21 anos, apresentam uma quebra de 31,7 por cento e, se olharmos para a média dos dez anos anteriores, a descida é de 17 por cento. Se formos para os comerciais ligeiros, e este é um indicador muito importante porque estes veículos são o espelho da atividade económica do país, no primeiro semestre deste ano venderam pouco mais de 11 mil viaturas, ao passo que nos 21 anos transatos, a média de vendas correspondia a 33 mil viaturas, uma saldo negativo
trangimentos.
Ainda este mês, a ANECRA apresentou
Jorge Neves da Silva: Sim, é nestas alturas que os nossos associados esperam uma ação concreta da nossa parte. É tempo de mudança no setor automóvel. Foi esta vontade que nos impulsionou a apresentar o Manifesto em Defesa do Setor Automóvel em novembro de 2012, com 16 pontos prioritários. No fundo estas medidas passavam pela reposição do incentivo ao abate de veículos, chamando a atenção para o crescimento exponencial da economia paralela na área da reparação automóvel e exigindo medidas de combate eficazes, sobretudo através do reforço da atividade fiscalizadora. Harmonizámos estas ideias numa única proposta que levamos à Assembleia da República (AR) e que foi aprovada por unanimidade por todos os grupos parlamentares, consubstanciando-se na resolução da AR nº 128/2013. Alexandre Ferreira: Partindo desta unanimidade, iniciamos uma luta baseada em três pontos decisivos. Queremos romper com a inércia e impor consequências.
um portal que promete revolucio-
Em que consistem estes três pontos?
Jorge Neves da Silva: Focam-se, sobretudo, na luta contra a economia paralela, que ameaça as empresas cumpridoras. A solução passa pelo aumento da fiscalização no combate às chamadas
nar a relação dos consumidores com o setor automóvel.
Alexandre Ferreira: O Portal do Automóvel é uma ferramenta fantástica para unir consumidores e serviços, oferecendo ao utilizador aconselhamento, informações úteis, dicas e produtos. Por exemplo, o seu carro empanou na autoestrada, através deste portal e da sua aplicação para smartphones pode aceder às várias opções de desempanagem mais próximas. De salientar que a avaliação das oficinas no portal depende da opinião dos utilizadores. Este é um passo muito importante rumo à transparência total e ao reforço da proximidade entre o setor e os consumidores. A revitalização deste setor é, em definitivo,
um
trabalho
que
não
para…
Jorge Neves da Silva: E estão neste momento agendadas reuniões com o Ministério das Finanças, com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, com o Ministério da Economia, com o secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, com o Ministério do Ambiente e com o secretário de Estado do Ambiente para que as nossas preocupações sejam tomadas em linha de conta e o setor automóvel possa ter um futuro.
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OFICINAS AUTO: GARANTIA E CONFIANÇA
Bosch Car Service, a rede credível, qualificada e competitiva Bosch Car Service apresenta-se como o parceiro ideal na hora de cuidar do seu automóvel. Com mais de 90 anos de história, presente em 150 países com mais de 16 500 oficinas associadas, esta é a rede líder em Portugal com mais de 140 oficinas. Raquel Marinho, Trade Marketeer, responsável pela rede de oficinas em Portugal, explica que o seu sucesso deve-se à fiabilidade assegurada pela marca Bosch, mas sobretudo à relação de confiança que as oficinas estabelecem com os clientes.
todo o mundo e a ditar a necessidade de se criar uma rede de assistência competente e à escala planetária. Hoje, a rede Bosch Car Service assume-se como uma rede de oficinas multimarca e multisserviço fiável, credível, competitiva e próxima das necessidades do cliente, ao qual procura oferecer um nível de serviço premium ao melhor preço. Bosch Car Service é hoje a rede de oficinas multimarca mais difundida no território nacional. O que explica esta liderança?
Somos a rede, que dentro da nossa categoria, reúne maior número de oficinas distribuídas pelo país. O número de oficinas veio sempre a crescer ao longo dos anos, tendo já atingido um patamar de estabilidade. Tratando-se de um conceito de oficina premium, os critérios de nomeação são exigentes e o crescimento quantitativo não pode afetar a manutenção dos standards de qualidade preconizados para estas oficinas. São esses standards que nos garantem a prestação de um nível de serviço ao cliente que prima pela excelência. Para além de serem a maior rede de oficinas nacional, o que vos distingue no mercado?
Raquel Marinho Trade Marketeer
Em que consiste o conceito Bosch Car Service?
A Bosch é um dos principais fabricantes de componentes de automóveis do mercado. Entre os quatro setores de atividade nos quais a Bosch está presente, a divisão automóvel é a que assume maior preponderância, representando 66% do volume de vendas do grupo. Neste setor, a Bosch atua em duas frentes. Por um lado no desenvolvimento de tecnologia e no fabrico de componentes e sistemas que equipam as viaturas nas linhas de montagem dos construtores de automóveis. Atualmente não há nenhuma marca automóvel que não conte com um componente da marca Bosch. Por outro lado, somos uma marca também presente no mercado after-market, ou seja, o mercado que existe após a venda do automóvel e à sua volta. Neste contexto a colaboração da Bosch estende-se a todo o mercado de reparação e manutenção automóvel multimarca, com uma oferta muito completa e ímpar. Para além de uma vasta gama de peças de substituição para as mais diversificadas marcas, comercializamos equipamentos de diagnóstico e
comprovação para oficinas auto, às quais também proporcionamos informação e formação técnica e um abrangente leque de serviços. Este domínio em todas as vertentes do after -market automóvel coloca a Bosch num lugar de excelência para manter a maior organização de oficinas multimarca do mundo, fazen-
do com que a rede Bosch Car Service beneficie assim da experiência singular que a marca Bosch com os seus respeitáveis 128 anos reúne no contexto da tecnologia automóvel. O conceito de oficina Bosch Car Service tem a sua origem em 1921, quando a produção em série do automóvel começa a proliferar em
Usando o slogan de uma campanha que dinamizámos no passado, gostamos de dizer que o Bosch Car Service é “a oficina das coisas bemfeitas”. E de facto, estas oficinas diferenciam-se exatamente por disporem do que é necessário para fazer bem! São sensíveis às necessidades de cada cliente, dispõem de equipamentos sofisticados que lhes permite testar os automóveis de forma rigorosa e fiável, antes de avançar para qualquer intervenção. Usam peças de qualidade superior e acedem a informação e formação técnica que lhes garante atualização contínua para intervir de forma eficiente, nos diferentes automóveis que lhes chegam às mãos no dia-a-dia. Para além desta componente técnica, as oficinas Bosch Car Service conseguem assegurar conforto e comodidade aos seus clientes. Todo este “fazer bem”, o fazer corretamente está no ADN da marca. Temos orgulho nesta nossa forma de sentir e atuar. Estas características que se multiplicam em mais de 140 oficinas a nível nacional, traduzem-se em confiança e satisfação por parte do cliente. Como conseguem garantir padrões de qualidade tão elevados em todas as oficinas da rede?
O segredo é só levar a sério os standards de qualidade e trabalhar no sentido de os perseguir continuamente. Acompanhamos cada uma das oficinas no âmbito da formação e da melhoria contínua. Fazemos auditorias de qualidade todos os anos que são realizadas por
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margem da lei prejudicam, claro está, a economia e promovem uma concorrência desleal com aquelas que cumprem as normas, pagam os impostos e obedecem a exigências variadas.
uma entidade externa e isenta, a SGS, a qual é designada pela casa-mãe. Os chamados “clientes mistério” também são uma das formas que usamos para monitorizar e garantir os nossos standards qualitativos.
útil em casos de reparações mais onerosas, será a de os clientes poderem escolher uma mensalidade fixa com a qual se sintam confortáveis a qual poderão dilatar no tempo, em função da sua necessidade específica.
Num mercado onde o preço tem um va-
As chamadas oficinas-fantasma tam-
penalização é o caminho?
lor
bém comprometem o vosso negócio?
Penso que é aos órgãos do governo que cabe a fiscalização e punição de toda e qualquer prática ilegal. Aos marketeers, cabe-nos ter uma visão analí-
Considera então que fiscalização e a cada vez
mais
preponderante,
como adequam à vossa oferta à situação económica atual?
Acreditamos que o mercado tem lugar para propostas de valor diversificadas. As oficinas Bosch Car Service oferecem um nível de serviço de qualidade superior, que assegura durabilidade, segurança e garantia para o cliente, mas a um preço competitivo. Compreendemos e somos sensíveis às dificuldades económicas dos clientes das oficinas Bosch Car Service, mas não queremos que prescindam do nível de serviço que lhes proporcionamos em prol de um solução que lhes possa ser mais económica mas também menos satisfatória. Assim, promovemos um pricing competitivo e temos vindo a criar novas soluções à disposição dos clientes no sentido de melhor correspondermos as suas necessidades. Que soluções são essas?
Criámos um serviço de apoio ao cliente que aposta na total transparência dos nossos preços. Este serviço é capaz de prestar ao cliente um orçamento prévio e sem qualquer compromisso. O objetivo é que o cliente possa saber de antemão o que vai pagar e assim, planear a ida à oficina de acordo com o seu orçamento, sem surpresas inesperadas ou constrangimentos. Brevemente vamos possibilitar aos clientes da nossa rede, a possibilidade de dividir orçamentos a partir dos 150€ até 10 vezes, inclusivamente, sem juros. Outra modalidade, muito
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Acredito que as oficinas ilegais nesta altura estão a ganhar muito negócio, porque o IVA tem um peso significativo na fatura. Estas oficinas à
tica das dinâmicas de mercado e combater a procura dos consumidores pelas oficinas ilegais, tornando as nossas opções mais competitivas aos olhos dos clientes. Estou certa de que temos de nos focar em criar valor que o cliente seja capaz de reconhecer e pelo qual esteja disposto a pagar pela diferença. Ficar de braços cruzados à espera que as oficinas ilegais e a concorrência desleal tenham um fim não será certamente o caminho. Aliás, acredito que enquanto houver alguém que oferece e alguém que procura, não há como evitar essa transação de mercado, ainda que ilegal, porque se as pessoas considerarem que o risco justifica, arriscam. Como tal, o que podemos fazer é contribuir ativamente para favorecer a procura do mercado por um serviço que garante segurança, durabilidade e confiança ao cliente relativamente ao trabalho prestado. Conforme referi, é importante que todo o tipo de trabalho prestado ao cliente assegure qualidade e a sua segurança. Importa acrescentar que, por vezes, e devido à constante evolução tecnológica dos automóveis, estes prestadores de serviço ilegais, não conseguem dar a resposta adequada às necessidades dos automóveis e dos clientes, fazendo com que o trabalho final seja comprometido. O mercado é exigente e os clientes também. Os clientes tendem a optar por uma referência mais segura, que lhe transmita outro tipo de garantias.
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FEU VERT, símbolo de inovação e qualidade na manutenção automóvel Aproveitando a abertura do novo Auto Centro na cidade de Coimbra, o País Positivo esteve à conversa com Jorge Lobato de Faria, Diretor Geral da Feu Vert em Portugal.
Jorge Lobato de Faria Diretor Geral da Feu Vert em Portugal
Considerado o “pai” dos Auto Centros em Portugal e um dos maiores especialistas neste setor de actividade, Jorge Lobato de Faria contanos de forma alegre e descontraída um pouco da história da Feu Vert em Portugal desde a sua chegada a Portugal em finais de 2005, a evolução do negócio nos últimos anos e as perspetivas para o futuro próximo. Multinacional de origem Francesa, a Feu Vert actua no mercado da manutenção e reparação automóvel há quarenta e dois anos. A sua origem, na cidade de Lyon, foi igual a tantas outras oficinas tradicionais que embora em extinção ainda vamos vendo aqui e ali, no entanto, e aproveitando o crescimento que o retalho especializado teve no mercado Francês nas décadas de 80 e 90, transformou-se num gigante
da indústria dos Centros Auto tendo hoje 422 pontos de venda distribuídos por 4 países (França, Espanha, Polónia e Portugal). Jorge Lobato de Faria explica que a Feu Vert em Portugal surge na expansão natural do mercado Espanhol onde em 2004 já existiam 85 pontos de venda. Assim, e como o objetivo claro de ser líder de mercado na Península Ibérica, o Grupo decide abrir o seu primeiro Centro Auto em território nacional em Novembro de 2005 na cidade de Aveiro. Aproveitando o facto de há época o Grupo Carrefour ser detentor de 50% do capital da Feu Vert Ibérica e deter 8 hipermercados em Portugal, o processo de expansão parecia óbvio e automático, pois as localizações tidas como as que melhores servem para a atividade dos Centros Auto estavam à
partida garantidas. No entanto, o início da operação em Portugal foi um pouco mais atribulado (para não dizer mesmo muito complicado), visto que em Dezembro de 2005 o Grupo Carrefour comunica a sua decisão de sair do mercado português e com isso o fim da garantia de dar continuidade ao plano de expansão inicialmente traçado. “De um dia para o outro ficámos sem qualquer base e sem qualquer perspetiva de continuidade” diz Jorge Lobato de Faria com ar nostálgico mas divertido, situação bem diferente da vivida naquele tempo, pois sabendo que o processo de procura, escolha, negociação, obra e abertura são sempre morosos, a sensação que tudo poderia acabar de forma abrupta foi uma realidade. Hoje, posso afirmar, com algum alívio, que o início
da operação em Portugal foi um “parto difícil”, mas que valeu a pena. Mesmo com este contratempo a Feu Vert continuou o seu caminho e hoje é com enorme satisfação que Jorge Lobato de Faria assiste à inauguração do seu décimo segundo centro auto na cidade de Coimbra. Como modelo de negócio a Feu Vert abraça o conceito de “uma loja e uma oficina num só espaço”, onde o cliente encontra praticamente todas as soluções e respostas para as necessidades do seu automóvel. “Em espaços modernos, limpos, funcionais, de fácil acesso, num horário bastante alargado e com todas as garantias de qualidade e seriedade, o consumidor final encontra praticamente todas os acessórios e serviços para o melhoramento, embelezamento e manutenção do seu carro”. Também neste setor de actividade acompanhar a evolução tecnológica é importante, Jorge Lobato de Faria diz mesmo “ser uma necessidade imperativa, pois os automóveis de hoje são produtos onde a tecnologia está cada vez mais presente e em permanente evolução”. Atento a esta a esta evolução, o nosso interlocutor, orgulha-se de ter antecipado e liderado a transformação do conceito clássico de um centro auto para aquilo que é presentemente um Auto Centro da rede Feu Vert. “Se recuarmos 4 / 5 anos, o modelo de negócio de um auto centro típico passava pela venda de um grande número de acessórios, mas onde apenas se realizavam os chamados serviços de mecânica rápida (mudança de pneus, óleos, amortecedores, pastilhas e discos). Hoje a realidade é bem diferente. A oferta da Feu Vert assenta numa panóplia muito alargada de serviços de mecânica (inclusive chapa e pintura), serviços estes que exigem outro tipo de know -how, mão-de-obra muito qualificada, ferramenta e tecnologia de ultima geração, formação continua, etc, etc. Embora a concorrência também se tenha adaptado e toda esta diversidade de serviços e garantias comece a ser prática comum nos restantes operadores organizados actualmente presentes no nosso mercado, a Feu Vert contínua a ser líder na inovação e número de serviços oferecidos, mas se olharmos para 2007 aquilo que fizemos foi uma pequena revolução dentro do setor”. A Feu Vert Portugal foi pioneira nesta mudança e a verdade é que o sucesso e os resultados foram de tal forma significativos que esta práti-
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ca foi seguida e implementada em todos os países onde o Grupo Feu Vert está presente. Como referido a área da manutenção automóvel está em constante mutação. Um dos trunfos da Feu Vert é a rapidez com que acompanha e antecipa as necessidades do mercado. Sabendo que hoje em dia o consumidor hoje está cada vez mais informado, Jorge Lobato de Faria afirma que “para poder responder às diferentes necessidades que vão surgindo existem duas componentes importantíssimas que quando não interligadas são sinónimo de insucesso garantido: a componente tecnológica e a componente humana. Sabendo que a componente tecnológica depende quase e só de meios financeiros para a sua aquisição e implementação, todo o foco da Feu vert está orientado e focado na componente humana”. Para Jorge Lobato de Faria são as pessoas que fazem toda a diferença. São elas o rosto e o “coração” da empresa, são elas que fidelizam os clientes e são elas o futuro da companhia. Com mais de 200 colaboradores no ativo, tratar as pessoas com respeito, proporcionar um bom ambiente de trabalho, ter uma postura séria e justa para com todos, proporcionar planos de carreira aos melhores, remunerar acima do mercado, atribuir prémios por objetivos, ter uma política de formação contínua, definir critérios de rigor e exigência claros, são, entre outros, fatores decisivos e que fazem parte da cultura que Jorge Lobato de Faria implementou desde o primeiro dia e que não abdica sob nenhum pretexto. A conjunção de todos estes elementos é o mais difícil de gerir no dia-a-dia da operação de um auto centro, pois pela experiência de quase duas décadas neste mercado Jorge Lobato de Faria não tem duvidas em afirmar que” cada elemento por si só nada representa. É o saber conjugar de todos estes elementos que faz a diferença no trato, atendimento e serviço final prestado aos nossos clientes. Hoje em dia a oferta é muita, pelo que nada menos que um serviço de excelência nos serve como objetivo diário”. A abertura de uma nova unidade é o começo de todo um processo de integração e formação que na pratica nunca acaba. O novo Auto Centro implica o recrutamento de novos profissionais, momento fundamental para o sucesso futuro de cada ponto de venda. Por isso todos os colaboradores têm obrigatoriamente de passar por um período de formação em outro Auto Centro com a duração mínima de 45 dias. Conhecer, sentir e viver a cultura desta empresa é fundamental para o sucesso individual e coletivo futuro de cada equipa de trabalho. Existe um processo de aprendizagem inicial, formação contínua e um elevado sentido de exigência e responsabilidade constatastes que cimentam esta cultura. O período de abertura dos Auto Centros – sete dias por semana, das
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09h00 às 22h00 – dificulta, por vezes, encontrar mão-de-obra disponível para trabalhar. O nosso entrevistado reconhece que “esta situação requer que as pessoas percam alguns hábitos “culturais” tipificados no trabalho de segunda a sexta”. No entanto, esclarece, que “todos os nossos colaboradores trabalham as quarenta horas semanais previstas na lei portuguesa, apenas as mesmas são distribuídas de maneria diferente ao longo dos dias em dois diferentes turnos (da manhã e da tarde), com duas folgas por semana”. Jorge Lobato Faria confirma que “há uma aposta clara na mescla entre juventude e pessoas com mais experiência, até porque por norma são os jovens que estão mais atentos e despertos para as novas tendências, sendo que algumas vezes são os próprios colaboradores que nos sugerem ou alertam para lacunas que possamos ter na nossa oferta. Em termos de conhecimentos sabemos que admitir jovens implica mais formação, mas este é o caminho”. Os dez compromissos As dez vantagens expressas na comunicação da Feu Vert são uma imagem de marca, mas acima de tudo um selo de qualidade e responsabilidade para todos os intervenientes desta atividade que diariamente lidam e trabalham com esta multinacional, mas sobretudo uma garantia fundamental para os clientes que nos
confiam um bem precioso para todos eles – o seu carro! “Esta é melhor forma de comprovar a qualidade dos nossos serviços, assumindo com o cliente um conjunto de compromissos que passam entre outros por ter sempre preços super competitivos, um atendimento profissional, seriedade, financiamento sem juros ao longo de todo o ano e a garantia que se algo correr mal o cliente nunca ficará prejudicado”. Concorrência desleal A crise que Portugal atravessa fez com que surgissem no ramo da manutenção automóvel pequenas oficinas independentes que fazem reparações a preços “estranhamente” baixos. O diretor geral da Feu Vert acredita que “nem todas estas oficinas que surgem do nada sejam enganosas ou tenham maus princípios profissionais”, no entanto, sublinha, “que na grande maioria delas há um denominador comum que é a falta de transparência, a falta do cumprimento da legislação em vigor, falhas graves para com o meio ambiente, atropelos aos direitos dos recursos humanos e quase sempre a falta de uma entidade que se responsabilize quando as coisas correm mal”. A famosa expressão “o barato sai caro” é uma realidade que acontece muitas mais vezes do que as pessoas possam imaginar. Raro é o dia que não surgem pessoas na nossa rede de auto centros com problemas graves originados por situa-
ções que se resolveriam de forma fácil e económica se realizadas de forma séria e por profissionais qualificados. Para fazer frente à realidade sócio económica que Portugal vive a Feu Vert faz um esforço financeiro e disponibiliza financiamento sem juros para todo o tipo de montantes e prazos. “Desta forma tentamos facilitar e permitir que as pessoas possam fazer uma correcta e adequada manutenção ao seu automóvel. Circular em segurança é vital para todos!!!”. No futuro… A Feu Vert quer estar presente em todo o território nacional, tendo para isso focado o início da sua expansão com o objetivo de estar presente em todas as capitais de distrito. Coimbra é mais um objetivo concretizado na busca dessa presença nacional que garantidamente vai continuar ao longo dos próximos anos. Jorge Lobato de Faria não diz onde, mas garante que “estão previstas mais 3 aberturas para os próximos 12 meses. O segredo neste negócio também é importante”. O nosso interlocutor não se quis despedir sem antes deixar uma pequena mensagem aos nossos leitores: “Venham conhecer-nos, experimentem e façam vocês mesmo a vossa avaliação”. O País Positivo, pelo que viu, pode afirmar que na Feu Vert respira-se e vive-se um ambiente fantástico e muito profissional.
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Precision: Bem-vindo à “oficina de bairro moderna” e totalmente transparente A Precision trata os automóveis por “tu”. Este conceito de “oficina de bairro moderna” aposta no atendimento personalizado, na proximidade, na tecnologia e no know-how. Há 14 anos no mercado nacional, esta rede detém 25 oficinas em todo o país e uma vasta oferta de serviços de diagnóstico, manutenção e reparação. Em entrevista ao País Positivo, Manuel Lima, administrador da empresa, assume a ambição de contabilizar 30 oficinas até ao final do ano. Para a Precision, o futuro só tem uma direção: para a frente. Como define a filosofia Precision?
Apesar desta variedade de serviços à
A Precision trata do automóvel de A a Z. Distinguimo-nos dos nossos concorrentes por sermos uma oficina multimarca de serviço completo, ou seja a Precision oferece todos os serviços de diagnóstico, manutenção e reparação automóvel, desde uma simples mudança de óleo até à grande reparação. Trabalhamos, inclusive, em colisão, já que temos centros de colisão associados à nossa empresa e, por isso, conseguimos canalizar as viaturas sinistradas para os nossos centros, oferecendo um serviço verdadeiramente integral. De referir que somos ainda especialistas em ar-condicionado.
disposição, apresentam-se como uma “oficina de bairro moderna”.
É esse o nosso conceito de base. Apostamos no atendimento personalizado, na proximidade e, ao mesmo tempo, na tecnologia e no know -how. Acreditamos que as pessoas valorizam esta proximidade e a atenção constante. E nós somos os parceiros ideais para quem busca um tratamento diferenciado aliado ao serviço mais profissional e transparente. A Precision está implementada um pouco por todo o país e tem uma vontade enorme de crescer e, muitas vezes, as nossas oficinas localizam-se, precisa-
mente, no centro das cidades, junto das pessoas e atentos a todas as suas necessidades.
contínuo técnico e não técnico, como acontece em qualquer concessão automóvel. É pela formação diferenciada que nos queremos nivelar. Os planos de formação são constantes e perfeitamente calendarizados. Esta atualização técnica permanente é vital para operar nas viaturas mais modernas com garantia total. Este serviço altamente diferenciado permite-vos concorrer com as chama-
É esta atenção personalizada que dife-
das oficinas-fantasma?
rencia a Precision no setor?
Estas oficinas “de vão de escada”, como costumamos dizer,, não demonstram preocupações ambientais nem laborais, não têm regras ou obrigações fiscais, ou seja possivelmente não pagam impostos, representem 60 por cento do mercado. Por isso, não competimos em situação de igualdade.
É isto e muito mais. Apresentamos um binómio qualidade-preço absolutamente imbatível. A realidade é que a Precision realiza um trabalho com a mesma qualidade de qualquer um dos nossos concorrentes por um preço inferior. E estamos a falar de uma redução na ordem dos 30 por cento, sendo que as peças são iguais ou equivalentes, os lubrificantes unicamente da BP ou Castrol e tudo de acordo com as especificações do fabricante. Para nós, a qualidade é intocável e importamo-nos em oferecer o preço mais competitivo. A formação dos recursos humanos é outra das vossas grandes apostas.
Sim, é definitivamente por aí que nos queremos diferenciar. Temos um plano de formação
Qual a solução para este problema concreto?
Eu espero que as medidas que a ANECRA está a articular em parceria com o Ministério das Finanças, Economia, Ambiente e Energia, possam ter resultados práticos. Na minha perpestiva, para além da necessidade de reforço e melhoria da atividade fiscalizadora das entidades competentes. A solução pode passar por as empresas que vendem componentes automóveis sofrerem algumas restrições na venda direta, até porque há determinadas peças que se sabe, de imediato, que não podem ser adquiridas pelo consumidor comum. Atacando pela raiz acredito que podemos acabar com este problema de vez. O Manuel Lima trabalha há 26 anos no setor automóvel. Que balanço faz da situação atual e dos desafios rumo ao futuro?
Cheguei à Precision há dois anos. Foi um enorme desafio para mim, porque desconhecia totalmente a realidade das oficinas multimarca. Olhando para o futuro, acredito que o setor vai passar por redes como as Precision deste mundo, com nome, capacidade técnica e dispersão geográfica, porque são estas redes que dominam o setor na grande maioria dos países europeus. E acredita que o futuro será, definitivamente, crescer?
Manuel Lima Responsável pela Precision
Sim, até ao final do ano iremos adicionar mais cinco lojas às 25 existentes e disseminar a nossa filosofia de serviço a cada vez mais cidades no país. Neste momento, a aposta passa pelo franchising, já que possuímos uma imagem consolidada. A visão da Precision passa por oferecer um espaço aberto, onde o cliente usufrui de proximidade e transparência total. Não temos nada a esconder, porque pugnamos pela qualidade em tudo o que fazemos.
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nico, no Porto, numa primeira fase os futuros técnicos passam por uma formação teórica e prática com a equipa de Technical Trainning. Numa segunda fase, que dura entre uma e duas semanas, são acompanhados no terreno por um técnico experiente, designado por “Buddy”, que irá atestar quando é que o formando está apto a trabalhar sozinho. Quais as garantias que dão aos clientes?
Com o investimento que fazemos em produtos de qualidade, ferramentas exclusivas e nos nossos colaboradores temos tal confiança na nossa forma de trabalhar que oferecemos garantia vitalícia em todos os nossos serviços, sendo a única empresa do segmento com esta especificidade. Maior confiança que esta, não poderíamos dar! O feedback dos clientes que vêm à Carglass® é extremamente positivo reconhecendo a segurança que esta garantia lhes dá. E claro, outra das garantias que damos aos nossos clientes é que a Carglass® veio para ficar. De forma a clarificar quaisquer duvidas, se o vidro do carro se partir e quiserem contatar a Carglass®, o
Jorge Muñoz Cardoso Director geral da Carglass® em Portugal
que se tem de fazer?
Há três vias para chegar ao contato com a Carglass®: o drive-in, ir diretamente às agências; o call-center que é próprio, onde todos os nossos colaboradores estão formados na área de vidro automóvel, ou seja, têm todo o know-how para poder identificar o vidro da viatura e fazer os processos de seguradora; também é possível contatar-nos via online, que este ano já representa 23% dos nossos serviços e onde continuamos a investir por forma a acompanhar as novas tendências de mercado.
25 anos da Carglass® em Portugal Entrevista a Jorge Muñoz Cardoso, director geral da Carglass® em Portugal. Como surgiu a Carglass® em Portu-
concorrência?
gal?
Fazendo parte do Grupo Belron®, líder mundial na reparação e substituição de vidro automóvel, dedicamos todos os nossos recursos e sinergias no sentido de melhorar o serviço de reparação e substituição de vidro automóvel. No Reino Unido, onde se encontra o nosso centro global de desenvolvimento técnico, a “Belron® Technical”, trabalhamos de forma exaustiva na inovação e desenvolvimento de ferramentas ergonómicas e produtos exclusivos ao Grupo Belron®. Desta forma, salvaguardamos a segurança dos nossos colaboradores bem como a qualidade do serviço prestado. Para além disto, costumamos dizer que somos obcecados pela satisfação do cliente pois investimos muito neste campo, de tal forma que temos um acordo global com a
A Carglass® foi o primeiro grupo de especialistas do ramo de reparação e substituição de vidros automóveis a entrar em Portugal. Iniciamos operações em Portugal porque identificamos a necessidade de haver um especialista nesta área. Na altura era tudo feito pelos concessionários. A Carglass® pertence ao grupo Belron®, com mais de 25 000 colaboradores e com presença em trinta e cinco países. O Grupo a que pertencemos (Grupo Belron®) é o terceiro maior comprador de vidro a nível mundial, o que significa que conseguimos economias de escala que nos permitem ter acesso a condições muito mais favoráveis para os nossos parceiros. A Carglass® é uma empresa de renome. O que é que vos distingue da
Satmetrix, empresa norte-americana detentora da patente do NPS (Net Promoter Score), ferramenta utilizada por inúmeras multinacionais para a medição do grau de recomendação de serviços. Através desta ferramenta, poderemos medir através de uma escala de 0 a 10 a probabilidade de os nossos clientes nos recomendarem a familiares ou amigos, informação esta de extrema importância para a nossa melhoria contínua. Outro aspeto que distingue a Carglass® no mercado português é o facto de não operarmos através de franchisados. Todas as agências Carglass® em Portugal são próprias o que nos permite garantir o controlo rigoroso de procedimentos e qualidade. Para garantir a qualidade e uniformidade dos nossos serviços, todos os nossos colaboradores passam por uma rigorosa formação técnica e teórica. No nosso centro téc-
As seguradoras são os vossos maiores parceiros. Como essa relação? Há falhas a colmatar?
Trabalhamos verdadeiramente como parceiros. Com a maior parte das seguradoras já fazemos integração tanto dos processos como dos sistemas. Isto permite a ambas as empresas serem mais eficientes, com um objectivo de prestar o melhor serviço ao nosso cliente, tanto final como institucional. Ainda há muita burocracia?
Cada vez há menos. A Carglass® trata directamente com a seguradora de todo o processo burocrático, permitindo assim que o cliente não perca tempo e que não tenha quaisquer preocupações. Para além disso, a Carglass® tem uma mais-valia re-
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OFICINAS AUTO: GARANTIA E CONFIANÇA
presentada pelo facto de estarmos muito atentos à fraude. Somos uma empresa ética e a mensagem que passamos a todos os nossos colaboradores é que não toleramos fraude. Regemo-nos por um código deontológico global bastante rigoroso e portanto para a Carglass® há valores dos quais nunca iremos abdicar e que são inegociáveis. Os nossos parceiros reconhecem-nos estes princípios. Quais os próximos passos a dar pela
estudo de geomarketing para identificar potenciais zonas de implementação de novas agências, acreditando que poderemos crescer até às cinquenta agências num futuro próximo. O futuro passa também pelo desenvolvimento dos nossos colaboradores. Se tivermos colaboradores motivados temos, com certeza, um serviço de excelência. E assim, num espírito meritocrático, damos também oportunidade de todos poderem crescer dentro da empresa.
Carglass®?
A Carglass® continuará certamente a destacar-se como referência no mercado português de reparação e substituição de vidros automóveis. Presentemente a Carglass® tem trinta agências espalhadas pelo país e garantimos cobertura geográfica total através do nosso serviço móvel gratuito. Continuaremos o nosso processo de expansão, fundamentado sempre no feedback dos nossos clientes. Estamos neste momento a levar a cabo um AF PRESS 253x150 CARGLASS.ai
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Mensagem para os leitores
Muitas pessoas não sabem da importância do pára-brisas no automóvel. O pára-brisas é um dos três elementos principais da segurança passiva do veículo. Uma quebra, por mais pequena que seja, pode reduzir até 70% a rigidez do pára-brisas. Isto significa que num acidente poderá comprometer a segurança dos ocupantes. Portanto, exijam qualidade® para garantir a segurança!
07/08/14
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vindouro - festa pombalina
São João da Pesqueira Coração do Douro Vinhateiro Nos dias cinco, seis e sete de Setembro, São João da Pesqueira recebe mais um Vindouro – Festa Pombalina. O País Positivo esteve à conversa com o presidente da câmara, José Fontão Tulha, para ficarmos a saber mais sobre este evento.
Visite a VINDOURO – FESTA POMBALINA
5, 6 e 7 Setembro
José Fontão Tulha Presidente da C.M. de São João da Pesqueira
José Tulha afirma que “esta feira tem como objetivo a promoção dos produtos vitivinícolas do concelho, mas não só. É uma iniciativa da autarquia em parceria com empresa Essência do Vinho.” Engana-se quem pensa que este é apenas um evento dedicado exclusivamente ao vinho. Apesar de este ser o objetivo original houve um alargamento a outros produtos. O nosso interlocutor explana que “cada vez mais os produtores de vinho são também produtores de azeite.” O presidente da câmara acrescenta que a junção de “Festa Pombalina” prende-se com o facto de primeiramente homenagear o Marquês de Pombal, pois foi ele que criou a primeira região demarcada do mundo, o Douro. Em seguida, pretendemos com esta junção alargar o conceito da Vindouro a outros produtos agrícolas, nomeadamente o azeite como já foi referido”. No fundo, a Vindouro – Festa Pombalina “foi uma estratégia que arranjamos por forma a ajudar os pequenos e médios produtores a dar a conhecer os seus produtos. Mas não ficamos por aqui. Participamos em outras feiras como a BTL e estamos presentes também na feira em Macau e, pelo feedback que temos recebido
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dos nossos produtores, o esforço que temos feito tem dado os seus frutos.” São João da Pesqueira não se faz notar só pelo Vindouro. Há muitos outros motivos que tornam este concelho impar e que obri-
ga a uma visita. José Tulha começa por referir que “as paisagens que encontramos ao calcorrear todo o território são singulares, a hospitalidade dos habitantes e a cultura intrínseca, a gastronomia são já aspetos suficientes para uma visita a esta terra do Alto Douro Vinhateiro.”. Porém, há ainda outras atividades ligadas ao enoturismo que o concelho oferece, como a possibilidade de participar nas vindimas. O presidente da câmara acrescenta ainda que está em curso a construção do Museu do Vinho de São João da Pesqueira que permitirá que os visitantes aprendam a arte do vinho, da vitivinicultura, com exposições itinerantes”. Esta é mais uma
forma de dinamizar o concelho e toda a região demarcada do Douro, visto que “este museu faz parte de um roteiro que esta a ser criado por toda a região, permitindo assim uma visibilidade maior.” Pode até considerar-se que as acessibilidades para São João da Pesqueira não são as mais favoráveis. No entanto, visto por outro prisma, pode ao longo da viagem apreciar o percurso do rio e os belos socalcos característicos da paisagem vinhateira do Douro. Visite o coração do Douro Vinhateiro. De certeza que não se arrependerá.
A luta contra o novo mapa judiciário O interior do país tem sido afetado pelo fecho de serviços, o que acaba por condicionar o desenvolvimento do território. É com desilusão que José Tulha vê os serviços a desaparecer do seu concelho apenas por questões económicas, sem equacionar as necessidades da população. “Já nos fecharam as urgências, serviço agora colmatado pelo INEM. Agora querem fechar o tribunal. No interior ainda há muitas pessoas que referem o facto de nunca se terem sentado no tribunal. Acaba por ser uma condicionante na prática de crimes. Com o fecho deste acredito que começará a haver justiça pelas próprias mãos. Uma das propostas que fiz era de deslocar um juiz duas ou três vezes por semana do que ao invés de deslocar uma população inteira”. No entanto, o presidente da câmara garante que não vai baixar os braços.
agentes de execução
“Passados dez anos não temos estatuto, não temos uma organização própria (Ordem) e acima de tudo não temos padronização de procedimentos.” Estas são palavras de Francisco Duarte, agente de execução.
Francisco Duarte Agente de Execução
Para Francisco Duarte, o problema da ação executiva vem desde o início e difícil de resolver, porque quem ficou encarregue desta área não cumpriu o que era suposto. “O espírito da reforma executiva era realmente bom e se tem sido seguido, hoje, poderíamos orgulhar-nos da nossa ação executiva. Não o temos porque a entidade a quem foi confiada, a CÂMARA DOS SOLICITADORES, falhou em toda a linha e não cumpriu, minimamente, aquilo a que se comprometeu, designadamente, no que diz respeito às 3 mais importantes tarefas a que se propôs: FORMAR, FISCALIZAR E CRIAR UMA FERRA-
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MENTA FIÁVEL E EFICAZ. O nosso interlocutor afirma que a câmara falhou nestes três aspetos. “Não formou, não fiscalizou e o GPESE (programa informático de apoio aos agentes de execução) não funciona. Além disso, há cerca de quinze anos que a Presidência da Câmara dos Solicitadores funciona como uma espécie de dinastia, com recortes tenebrosos. Eu não tenho problemas em afirmar que a Câmara dos Solicitadores é vítima de gestão danosa e abuso de autoridade. A Câmara dos Solicitadores hoje é gerida contra os solicitadores e principalmente contra os agentes de execução.”
Francisco Duarte refere que a reforma de 2008 é a maior prova do falhanço da Câmara dos Solicitadores. “A Tutela viu-se obrigada a criar a CPEE, para fiscalizar, uma vez que até o Presidente da Câmara dos Solicitadores foi preso acusado de peculato, e a permitir que os advogados entrassem na profissão, os quais, inicialmente, tinham recusado encarnar o projeto da ação executiva. Assim, o SOLICITADOR DE EXECUÇÃO deu lugar ao AGENTE DE EXECUÇÃO. Além disso, dividiu a “conta-cliente” (saco azul) em duas contas para, pelo menos, os Agentes de Execução saberem, com rigor, o que a parte que lhes cabia e o que era dos executados e exequentes, quando recebiam qualquer quantia. Mas, esta reforma foi insuficiente, pois não criou as necessárias incompatibilidades e exclusividade da profissão, para além de os AGENTES DE EXECUÇÃO continuarem a ser os párias do direito, pois, continuam a não ter a sua própria Ordem, nem sequer Estatuto Profissional! Foi incompleta, também, porque continuou a confiar na Câmara dos Solicitadores no que diz respeito à ferramenta informática (SISAAE/GPESE) e quanto à formação continua e, consequentemente, quanto à criação de padrões e de procedimentos comuns a todos os AGENTES DE EXECUÇÃO, ou seja, a Câmara dos Solicitadores foi incapaz de criar um código de boas práticas que fosse comum a todos os profissionais desta área”. Na visão do nosso entrevistado, foi o próprio mercado que provocou a única consequência boa na ação executiva, visto que “partimos todos do mesmo patamar e os mais competentes conseguiram trabalho e os outros não. O problema é que para além dos mais competentes também conseguiram os mais desonestos. Passo a explicar: na fase um havia apenas um teto máximo de honorários e não um mínimo, permitindo que indivíduos mais desleais fizessem dumping e outro tipo de práticas menos corretas.” O balanço que Francisco Duarte faz dos métodos utilizados na criação e gestão de toda a ação executiva é negativo. “Passados dez anos não temos estatuto, não temos uma or-
ganização própria (Ordem) e, acima de tudo, não temos uma ferramenta eficaz e fiável, para além de não termos um código de procedimentos e boas práticas”. GPESE O GPESE é o programa informático de apoio aos agentes de execução. Em tom sarcástico Francisco Duarte explana que “o GPESE é uma boa ferramenta para guisar com batatas”. E mais uma vez critica a inatividade da câmara dos solicitadores nesta matéria. “Porque é que, em dez anos de mau funcionamento, de maus serviços, não há uma única reclamação ou interpelação da câmara à CASO, Lda., entidade que criou o GPESE, e que é a proprietária do código fonte da plataforma? Há, pelo contrário, comunicados que, por um lado defendem o GPESE, a CASO, Lda. (a entidade que o criou e gere) e, por outro lado, atacam, ferozmente, alguns dos Agentes de Execução, nos quais está sempre e à cabeça o nosso interlocutor. Aliás, o GPESE é tão bom que, eles, os dirigentes da Câmara dos Solicitadores, nos seus escritórios usam plataformas informáticas alternativas, como o MEDIADOC e o IBASE.” A.A.E. – Associação de Agentes de Execução A Associação de Agentes de Execução não foi criada contra nada, nem contra ninguém. Com a sua constituição tentou-se criar um espaço de organização e discussão, exclusiva, dos Agentes de Execução, para que, da sua ação, resultasse, como tem resultado, a defesa dos interesses e direitos dos Agentes de Execução. “A AAE foi criada há três anos, tendo nesse espaço de tempo, denunciado muito do que de errado se tem feito e, consequentemente, desviado a ação executiva do seu objetivo último, prejudicando, principalmente, os Agentes de Execução”. Francisco Duarte esclarece que “A.A.E. É consequência de uma reunião com o Presidente da Câmara dos Solicitadores e com o Presidente do Colégio da Especialidade dos Agentes de
agentes de execução
Execução, onde, pela via do diálogo e entendimento, tentamos explicar o nosso ponto de vista e encontrar uma forma de conjugar as diversas ideias, o que acabou por não suceder”. O nosso interlocutor lamenta ainda que “apesar de ser um dos mais antigos profissionais e de ser referenciado por alguns dos maiores e melhores escritórios de advogados, seja, permanentemente, atacado, caluniado e difamado pelos principais dirigentes da Câmara dos Solicitadores. Este ataque e descriminação é tão grande que chega a ser ridícula! Embora seja profissional inscrito na Câmara dos Solicitadores há mais de 30 anos, nem sequer lhe entregaram o emblema dos 25 anos de profissão, a que, estatutariamente, tem direito. Tudo isto porque tenho uma maneira diferente de pensar.” A evolução do direito Com as diferentes reformas que a ação executiva tem vindo a sofrer, com a abertura aos advogados, Francisco Duarte afirma que acabaram por criar três classes diferentes de agentes de execução: “os agentes de execução que abraçam a profissão, os advogados/ agentes de execução e os solicitadores/agentes de execução, criando-se, assim, uma difusão de interesses e práticas que não se compadecem umas com as outras. Mas, como se isto não bastasse, até os Notários que nem sequer tiraram o curso de Agentes de Execução executam e praticam atos que deveriam ser da exclusiva competência dos Agentes de Execução. Contrariamente ao que na realidade tem acontecido, a diluição das competências dos Agentes de Execução por outras classes profissionais, com a complacência da Câmara dos Solicitadores, que só se preocupa com o pagamento da Caixa de Compensações, o que é urgente acontecer é delinear rigorosamente as competências que são e devem ser da exclusividade dos Agentes de Execução, incompatibilizar o exercício da profissão com qualquer outra profissão ou atividade (afinal o Agente de Execução não está investido de Fé Publica?), criar o ESTATUTO DO AGENTE DE EXECUÇÃO e, consequentemente, criar a ORDEM DOS AGENTES DE EXECUÇÃO”.
la, no exato momento em que estamos a retirar a mobília do quarto das crianças. Ver a desilusão daquelas crianças custou-me imenso. Pior fiquei quando descobri que o individuo em questão tinha, na sua garagem, o que podemos chamar de Rolls Royce da pesca. Ou seja, tinha material de pesca da mais alta qualidade que, facilmente, cobriria o valor da divida. Um terço do valor da compra daquele material novo pagava a divida toda”. Várias vezes acontece que o exequente não está a par da realidade do executado e cabe ao agente de execução mediar, encontrando a forma possível que permita, por um lado, que o exequente receba o seu crédito e ao executado pagar o que deve, dentro das suas reais possibilidades. O nosso entrevistado refere que “acontece todos os dias termos que explicar ao exequente que, entre penhorar e conseguir um acordo de pagamento, a segunda hipótese é a melhor solução, visto que se evita um acrescenta de custos ao processo e os bens penhorados podem não ter valor suficiente”. Acrescenta que “acabamos por ter um papel disciplinador e pedagógico na sociedade portuguesa.” Nos bairros problemáticos acontecem, por vezes, situações hilariantes. Francisco Duarte conta que “ia penhorar o recheio de uma casa e ao avisar o executado da sua intenção, a reação que teve, por parte do executado, foi inesperada. Ficou muito contente porque, finalmente, se ia livrar da mobília e eletrodomésticos para comprar uns novos,
sem ter de gastar dinheiro.” É claro que, com tanta experiência, já houve quem o tentasse enganar. “Numa das penhoras, a senhora em causa recebeu-nos de braços abertos, ofereceu-nos lanche e quando lhe refiro que tenho que penhorar os bens ela responde-me: Sinta-se à vontade! Perante isto pensei que a senhora fosse maluca. Começo por tentar penhorar um plasma, os sofás e outros bens no qual obtenho sempre a resposta de que não lhe pertenciam. E era verdade, porque as faturas estavam em nome de outras pessoas, logo não podia penhorar. O que tinha acontecido é que entre vizinhos
do mesmo prédio tinha havido uma “permuta” de bens e o que era de uns estava na casa dos outros e vice-versa! Acabei por realizar a penhora e disse à executada para ir fazer queixa ao Juiz. No fim, foi realizado um acordo para o pagamento.”
Francisco Duarte Agente de execução – cédula 1201 Av. Conselheiro Fernando de Sousa, nº 19, 4º Piso, 1070-072 Lisboa Tel: 213839480 Email: 1201@solicitador.net
Casos Reais A atividade de agente de execução não é fácil. Muitas vezes enfrentam situações muito complicadas (assassinato e agressão física e verbal) e outras até caricatas. Francisco Duarte conta que uma das situações que mais lhe custou envolveu crianças. “Ao fazer uma penhora a um individuo, despreocupado com a situação, chegam os filhos da esco-
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agentes de execução
“O agente de execução ajuda a resolver o problema do exequente e do executado”
Fernando Cunha Agente de Execução
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Estas são palavras de Fernando Cunha, agente de execução há onze anos. O agente de execução é aquele individuo que muitas vezes é visto como um algoz, que cobra uma divida a toda a força. Ora, tal ideia não pode ser mais errada. Fernando Cunha explica que “um agente de execução é uma espécie de mediador que tenta resolver de forma pacífica o problema do exequente e do executado. O credor vê recuperado o seu dinheiro e o devedor vê o seu problema resolvido”. Dos primórdios desta atividade profissional até aos dias de hoje têm sido feitos progressos no que toca a um melhor entendimento por parte da sociedade civil sobre esta profissão. “Passados dez anos a figura do agente de execução está mais clarificada quer para os intervenientes judiciais quer para o cidadão, embora ainda haja algumas falhas a colmatar. A câmara dos solicitadores tem feito um acompanhamento regular, apesar de ser ainda necessário entender os problemas dos agentes de execução no terreno, algo que pode ser resolvido estando um pouco mais presente. Na minha opinião, a câmara devia ser um interveniente mais ativo na relação entre agentes de execução e instâncias judiciais, procurando agilizar alguns aspetos, facilitando assim a resolução de muitos casos”. Um dos grandes problemas que os agentes de execução enfrentam é o facto de serem nomeados pelo exequente / mandatário e só quando este não nomeia nenhum agente é que é nomeado por escala de entre os inscritos. Acredito que a execução seria mais justa para a todos os auxiliares da justiça se o agente de execução fosse nomeado de entro a escala dos inscritos, fazendo valer o princípio do agente de execução natural, tal e qual acontece com os juízes. Isto cria uma espécie de entrave porque cria uma ligação ao exequente, contri-
buindo assim para a tal imagem de carrasco. O nosso interlocutor explana que “somos agentes de execução das duas partes, logo o nosso papel tem que ser isento e imparcial. Numa certa perspetiva o agente de execução é uma espécie de mediador de litígios entre o exequente e o executado. Tentamos satisfazer o credor e ajudar o executado a resolver um problema. A única forma deste problema ser resolvido é a nomeação ser sempre feita por escala”. Fernando Cunha afirma que “por ser uma área em constante mutação, a formação contínua é essencial. Além disto, cada caso é um caso, o que obriga a um estudo continuo”. Só assim os conflitos podem ser solucionados mais rapidamente. O mandatário apenas quer ver resolvido o seu problema o mais rapidamente possível, esquecendo muitas vezes que existem leis, procedimentos a cumprir. O nosso entrevistado esclarece que “também o exequente, enquanto mandatário, deve também informar-se mais. Por vezes existem certos entraves por falta de informação do mandatário”. Este período atribulado que o país atravessa complicou imenso a vida de famílias e empresas. Fernando Cunha já se deparou com situações muito difíceis que obrigam ao tal papel de mediador anteriormente falado. Há casos em que temos de chamar à atenção ao mandatário e exequente sobre a inviabilidade da cobrança. Cabe-nos apresentar a melhor forma de resolver o caso, recuperando o crédito do exequente, tendo em atenção a situação das famílias”. Esta é uma profissão em constante evolução. Fernando Cunha crê que “irá sendo cada vez mais clarificada e compreendida pelas várias entidades envolvidas e pelo cidadão comum”, a publicação e entrada em vigor do novo código processo civil pela Lei 41/2013 irá de forma absoluta clarificar e estabilizar ação executiva e consequentemente a figura do agente de execução. FERNANDO CUNHA – Agente de Execução Avenida da Boavista, 1131 – R/C Direito 4100-130 Porto Telefone: 222021083
agentes de execução
“Considero que será importante a criação de um estatuto autónomo, destinado unicamente ao agente de execução.” Entrevista a Isabel Ramos, agente de execução.
damente, com a suspensão de algumas diligências judiciais. Entre o agente de execução e a miséria
acordo de pagamento com os executados evitando assim o prosseguimento da ação executiva com as respectivas diligências de penhora para pagamento coercivo.
não há mais nada. Quais as várias realidades que tem encontrado?
Quer deixar alguma mensagem para os
Não devemos ter uma atitude miserabilista; temos que ter a consciência de que os credores e devedores sempre foram uma realidade. Infelizmente, vive-se uma conjuntura económica menos favorável que originou a intensificação da atividade da cobrança coerciva promovida, agora, pelo agente de execução.
nossos leitores?
Conte-nos um caso complicado e em
Isabel Alexandra Ramos & Associados Sociedade de Agentes de Execução, R.L. Rua Ciriaco Cardoso 127 • 4150-213 Porto Tlm. +351 929193900 • Tlf. +351 226062925 Fax +351 226063629 • 4664@solicitador.net
que a sua intervenção competente fez com que tudo terminasse em bem.
Felizmente são vários os casos, por exemplo todos aqueles em que se conseguem celebrar
Quero deixar uma mensagem positiva para todos os destinatários: que encarem o agente de execução como mais uma personagem que aparece no contexto judicial em prol da eficácia e eficiência da aplicação da lei.
Isabel Ramos Agente de Execução
Como é ser uma mulher agente de exe-
Considera urgente a criação de um es-
cução?
tatuto próprio para os agentes de exe-
No plano profissional não sinto existir qualquer diferença; no meu caso concreto nunca notei qualquer tipo de diferenciação negativa ou positiva. Em contrapartida, no plano pessoal, reconheço que esta atividade me absorve muito tempo. Sou uma privilegiada pela estrutura familiar sólida que tenho e que é fundamental para colmatar as minhas ausências, essencialmente, como mãe. Seria perfeito o meu dia ter, pelo menos, 48 horas!
cução?
Considero que será importante a criação de um estatuto autónomo, destinado unicamente ao Agente de Execução. Defendo que seja um documento criado com maturidade, competência, seriedade, e de onde resultem claramente as regras do acesso e do exercício da profissão. De que forma é que as sucessivas alterações à lei prejudicam o vosso traba-
O aparecimento abrupto da figura de
lho?
agente de execução não necessitava de
As sucessivas alterações legislativas em períodos muito curtos funcionam como entraves à boa condução dos processos. Implica de imediato alterações de procedimentos internos e por vezes até da equipa. A nível legislativo as implicações são várias, desde logo, pela interacção com os diversos órgãos e auxiliares da justiça, bem como directamente com o cidadão comum; sendo que, as alterações legislativas não são muitas vezes interpretadas e aplicadas pelos diversos órgãos e auxiliares da justiça da mesma forma. De referir a título de exemplo a alteração da organização do mapa judicial dos tribunais com o Decreto-Lei n.º 49/2014, de 27 de março que ainda antes da sua entrada em vigor já provocou constrangimentos, nomea-
uma espécie de campanha de clarificação e informação desta figura por quem de direito?
Sem dúvida que sim para atribuir à figura do agente de execução, desde o seu nascimento, a credibilidade e legitimidade que a função exige. Todavia, nunca será demais salientar que a formação dos primeiros agentes de execução foi ministrada com base num projeto-de-lei com toda a fragilidade a ele inerente, razão pela qual não terá sido promovida qualquer campanha já que se tratava de uma fase embrionária daquela figura no nosso País. Rapidamente assumiu um papel preponderante na condução do processo executivo não dando margem de tempo para concretização de campanhas.
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agentes de execução
Função do Agente de Execução: Agilizar os processos de execução O País Positivo esteve à conversa com o agente de execução Orlando Sousa para percebermos quais as suas funções, as várias realidades com que lidam e saber qual o caminho a percorrer. Podemos dizer que a criação da figura do agente de execução é para retirar trabalho aos tribunais, acelerando, assim, os processos?
Podemos dizer que é uma espécie de outsourcing. Há uma desjudicialização da ação executiva e já não passa integralmente pelo tribunal, mas tem sempre o acompanhamento do mesmo. Isto é. Estamos sempre ligados umbilicalmente ao tribunal, até pelo poder que dele emana para o agente de execução, defendendo direitos, quer do exequente, quer do executado.
imobiliário. A ambição de qualquer cidadão era e é ter casa própria. Houve uma altura em que os próprios bancos incentivaval ao crédito e muitas pessoas que não tinham posses compravam casa, dado as facilidades concedidas. Os fiafores, a maior parte das vezes eram os pais, que por manifesta ignorância não se apercebiam da introdução nos contratos da cláusula de «renúncia ao benefício de excussão prévia». Hoje, este crédito foi dado ao desbarato está-se a refletir em muitas penhoras. Como vê a justiça em Portugal?
Em suma, podemos dizer que esta foi uma boa medida?
ORLANDO SOUSA Agente de Execução
Não acha que deveria ter sido realizada uma sensibilização maior à so-
após ano nas secretarias judiciais à espera de uma solução do poder político.
ciedade sobre a figura do agente de
Sim. Há de facto menos processos pendentes nos tribunais, o que fez agilizar a justiça. Passo a explicar: Era o funcionário do tribunal que fazia todo o serviço e citações e trabalha dentro do seu horário de expediente. Na maior parte dos casos, só se encontram as pessoas em casa ao final do dia ou ao fim-de-semana. Ou seja, demoravase muito tempo para citar alguém. Connosco, já não funciona assim. Fazemos muitas citações e penhoras ao final do dia e citações e notificações ao sábado. Convém referir a importância da citação, porque enquanto a pessoa não for citada o processo não avança, logo, contribuímos també para agilizar o andamento dos processos das ações declarativas. Qual a sua opinião quanto à criação
execução?
Ainda muitas pessoas confundem o
de um estatuto para os agentes de exe-
De facto, deveria ter sido feita uma preparação da sociedade para a figura do agente de execução para que as pessoas entendessem minimamente quais as funções e o poder que temos. E, também, como e porque surge a figura de agente de execução. Como é do conhecimento geral, a figura do agente de execução surgiu de forma algo abrupta, embora viesse a ser preparada por sucessivos governos, e as pessoas, por norma, não estão preparadas para mudanças tão repentinas. Deveria ter sido clarificado que o agente de execução é um profissional liberal com funções públicas e que esta alteração teve como finalidade libertar os tribunais do peso das ações executivas e de agilizar os processos de execução que se vinham amontoando ano
agente de execução com empresas de
cução?
cobrança de crédito?
Eu penso que não é necessário por dois motivos: Estamos ligados a duas instituições que têm grande importância na organização judiciária do país. A criação de um estatuto próprio acabaria por nos tirar a força que ainda possuímos. O trubunal execer o controlo. Por outro lado, a criação da associação/estatuto iria favorecer alguns, é possível o aparecimento de lóbis.
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Não faz qualquer sentido e não há qualquer semelhança pois o agente de execução tem uma função bem definida e faz parte do sistema judicial instituido, sendo essa função da maior importância para a aplicação da justiça pois é ele que executa as decisões dos tribunais, sempre no estrito respeito pela lei e regulamentos a que está subordinado pelos estatutos que regem a profissão. Não é, pois, uma entidade que surgiu do nada e que está ali para forçar as situações. Muito pelo contrário, temos que respeitar a lei, os regulamentos e a normal tramitação de um processo como se fosse realizado por um tribunal.
No cumprimento da sua função está em contacto direto com a situação das famílias. Qual a avaliação que faz das famílias portuguesas?
Estão mais pobres. Muito se nota no crédito
Os tribunais representam o poder judicial, independente do poder político e sempre foi visto pelo cidadão comum como um organismo à parte que não se adaptava aos novos tempos. Na minha opinião, foi com a introdução do agente de execução que a justiça deu um abanão no bom sentido. Começou-se a perceber que também eles tinham obrigações sociais que até ali passavam um pouco ao lado. Hoje há uma preocupação em acelerar os processos, agilizar a sua tramitação para que a economia também funcione. Com a abertura da economia ao exterior, com a entrada na CEE, tivemos que nos adaptar a novas mentalidades e à concorrência. Não podíamos continuar com tanta burocracia e lentidão em processos simples, mas com regras desajustadas da realidade. A mudança na justiça em Portugal foi profunda. Muitos dos processos que outrora demoravam imenso tempo foram facilitados. Por exemplo, não fazia sentido iniciar-se um processo com prioridade na penhora de saldos bancários, quando a lei obrigava a prévio despacho judicial a autorizar o levantamento do sigilo bancário. Nos dias de hoje, tudo está mais facilitado e é possível fazer penhoras de automóveis, prediais e bancárias por via eletrónica, de forma célere, sem por em causa os direitos dos cidadãos.
ORLANDO SOBRAL PINTO DE SOUSA Agente de Execução – Cédula Prof. 1704 Rua Brito Capelo, nº 188, 4050-128 Porto Telf: 222082764 – Fax: 220934237 E-mail: 1704@solicitador.net
Mar 2020
Aquacultura representa metade do consumo humano de pescado no Mundo Nos últimos dez anos a aquacultura registou a nível mundial uma rápida expansão, constituindo hoje o sector com o crescimento mais acentuado no segmento da produção alimentar de origem animal. Atualmente, cerca de metade do pescado para consumo humano provém da aquacultura.
Expectavelmente, este número irá crescer devido às limitações da captura de espécies selvagens, ao aumento da população, a uma melhoria da dieta alimentar de uma significativa fração da população mundial e a uma maior confiança do consumidor, pois cada vez mais a aquacultura é praticada de uma forma responsável e sustentável, tendo em conta a conservação do ambiente e dos recursos naturais e garantindo elevados padrões de segurança alimentar. Estudos demonstram que o volume de capturas permaneceu estável nas 2 últimas décadas, tendo o consumo de pescado per capita aumentado 70% nos últimos 40 anos. Este crescimento da procura foi compensado pela produção em aquacultura, sem aumento das capturas. Estima-se que até 2020 irá ser necessário um acréscimo de aproximadamente 25 Milhões de toneladas na oferta mundial de pescado que terá de ser obtido através da aquacultura. Em Portugal, a aquacultura é uma actividade primária relativamente recente podendo afirmar-se que “ainda muito está por fazer neste sector”, quando comparado com outros países. O peso da aquacultura nacional no fornecimento de pescado ao mercado português é ainda muito baixo, num contexto Europeu, onde vários países litorais apostaram na produção aquícola, tendo hoje um maior peso nas decisões Comunitárias. Essa diferença poderá ser comprovada pela comparação do volume de negócios do sector em Portugal com o de outros países Europeus. O setor conheceu um rápido crescimento nos anos 80 mas no início da década de 90 sofreu uma redução de produção, fundamentalmente devido a falhas estruturais dos métodos de produção e falta de critérios na aplicação dos fundos comunitários, culminando na inviabilidade económica de muitas das novas unidades. Em 2013, segundo estimativas da APA – Associação Portuguesa de Aquacultores, a produção situou-se nas 9.000 toneladas, continuando
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a corresponder a pouco mais de 1,5% do consumo nacional de pescado. No entender da APA – Associação Portuguesa de Aquacultores, e de acordo com as orientações que têm sido emitidas pela União Europeia, Portugal deve continuar a apoiar as empresas aquícolas que contribuem para o incremento da produção nacional. O consumo de pescado de aquacultura tem vindo a aumentar, destacando-se a procura crescente de moluscos bivalves (ameijoa-boa, ostra e mexilhão), dourada, robalo, truta, linguado, pregado (muitas vezes denominado por “faisão dos mares”) e, mais recentemente, da corvina. Pelo facto destas espécies serem, em aquacultura, capturadas em função da procura, chegam ao consumidor com elevado grau de frescura. Por outro lado, se a produção for de proximidade, isto é, feita em Portugal, a pegada ecológica relativa à emissão de CO2 é muito baixa, contrariamente ao que acontece ao pescado proveniente de aquaculturas de outros países (panga ou peixe-gato riscado, perca do nilo, salmão). Cumulativamente, os investimentos no incremento da produção nacional de aquacultura, contribuem para reduzir o défice da balança comercial (superior a 641 milhões de euros no ano de 2013), criar postos de trabalho em zonas desfavorecidas e, por último, obter um produto de elevada qualidade e frescura quando comparado com outros vindos de países estrangeiros. Acresce que para muitas espécies o nosso método de produção, em muitos casos, continua a ser tradicional e extensivo. País Positivo foi conhecer o trabalho e as propostas apresentadas pela APA e uma associação pioneira de dois projetos: a Materáqua, dedicada à criação e comercialização de dourada e robalo e a AlgaPlus, um conceito baseado na aquacultura multitrófica integrada (IMTA) com recurso ao cultivo de macroalgas marinhas e na sua aplicação como componente extractiva de sistemas de aquacultura integrada multitrófica. Pelo meio, realizámos ainda um periplo por um projeto de produção de ostras, guiados pela Som de Búzios...
Fernando Gonçalves, Secretário Geral da APA Que motivos originaram a criação da Associação Portuguesa de Aquacultores?
Antes de 2009, existiam várias associações espalhadas pelo país. Em 2008, foi publicada a taxa da água que, nos moldes em que estava prevista ser aplicada, pura e simplesmente, dizimaria o sector. Foi nesse momento em que se constatou a necessidade de o sector se unir no seio de uma única associação. Em 2009, realizámos uma reunião em Setúbal, que se traduziria no primeiro passo para a constituição da APA, a partir da qual surgiu a Comissão Alargada de Aquacultores de Portugal, que juntava vários representantes das associações e grandes empresas que tinham entrado no sector. Começámos a reunir mensalmente, a discutir sobre os problemas do sectore a apresentar propostas para a sua resolução junto do governo, entidades públicas ligadas ao sector, comissões parlamentares, entre outros. A nossa primeira vitória foi conseguir a isenção da aplicação da componente A da taxa da água. Finalmente, em 2010, decidimos formar a Associação Portuguesa de Aquacultores. Hoje, representamos cerca de 90 por cento da produção aquícola nacional, desde produção de dourada, robalo, truta, pregado, linguado, algas, mexilhão, ostras, ameijoas e camarinha. Que peso assume atualmente este setor em Portugal?
A nossa população consome anualmente cerca de 600 mil toneladas de peixe, sendo que 200 mil toneladas são fornecidas pela pesca extrativa e a aquacultura cifra-se apenas nas 10 mil toneladas de pescado. Que motivos suportarão esses escassos indicadores?
Há muitos anos que se sabe que Portugal apresenta ótimas condições e um enorme potencial para o desenvolvimento deste setor. O proble-
Fernando Gonçalves Secretário Geral da APA
ma é que existem vários estrangulamentos e barreiras administrativas que, de uma forma ou outra, limitam o setor às atuais 10 mil toneladas, apesar de todo o potencial que nos é reconhecido. O que deveria então ser alterado ao nível da legislação e em termos administrativos?
Muita coisa! Estamos esperançados que a nova lei de bases do ordenamento do espaço marítimo venha resolver um desses grandes problemas, o das licenças. Atualmente, estas são concedidas por prazos máximos de dez anos, não existe a possibilidade de renovação dessas licenças. Hoje em dia o investidor não sabe onde pode fazer os seus investimentos em aquacultura, para os quais é obrigatório o pagamento de uma caução de instalação que representa 5 por cento do valor do investimento, para além de uma outra caução ambiental... E estamos a falar de projetos alguns deles orçados em milhões de euros... Depois, as respostas aos pedidos de licenciamento podem estender-se por três anos ou mais anos. Com esta nova lei de bases do ordenamento do espaço
Mar 2020
marítimo, face a algumas indicações que nos têm surgido por parte do Governo, temos a esperança de que a aquacultura seja considerada como um regime de concessões, algo que, do ponto de vista jurídico, representa muito mais segurança do que uma licença, que os prazos possam ser dados por períodos superiores a dez anos, que haja a possibilidade, perante um bom uso do espaço do domínio público marítimo e cumprimentos dos demais requisitos, da renovação da concessão e que, realmente, se proceda a uma simplificação administrativa que resulte na diminuição dos prazos dos processos. Paralelamente, é necessário proceder a uma diminuição da caução de instalação para 0,5% e criar um balcão único, onde seja disponibilizada toda a informação e onde os investidores possam entregar os seus projetos. E que seja criada a figura do gestor de projeto, enquanto único interlocutor que percorrerá todas as entidades que terão que dar pareceres. No caso da simplificação administrativa, diminuir o número de entidades que têm que dar parecer é essencial. Já se reduziria significativamente o horizonte temporal relacionado com os pedidos se fossem apenas quatro entidades a darem os pareceres: a Direção Geral dos Recursos Naturais, a Agência Portuguesa do Ambiente, a Direcção Geral de Veterinária e, eventualmente, o IPMA ou o ICNF para pareceres técnicos. Depois, também será necessário implementar outras pequenas medidas de apoio. Temos, por exemplo, uma medida criada e prevista no Orçamento de Estado para 2014, a redução fiscal sobre os combustíveis mas que esbarra no facto de ainda não ter sido publicada qualquer portaria regulamentar. Como tal, propomos a publicação da portaria que regulamenta a medida de redução da carga fiscal sobre os combustíveis usados nos
equipamentos, veículos e embarcações das empresas, tal como existe para as pescas. Estamos em agosto, já passaram oito meses desde que foi publicada uma lei que, na prática, ainda não foi implementada. O mesmo se aplica ao seguro aquícola, criado em 2011... Depois, existem outras medidas, como a questão do IMI que, no caso da aquicultura, não prevê uma redução, ao contrário do que sucede nomeadamente com a agricultura, do IVA de 23% aplicado nas ostras (inviabilizando trocas comerciais em Portugal), as áreas de construção de estruturas de apoio em zonas de Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reservas Naturais, entre outros... Ainda hoje existem alguns mitos associados ao setor... fala-se em pegada ecológica, danos ambientais...
Muitas pessoas não têm esta noção mas existem já vários estudos publicados que demonstram que o setor da aquacultura é aquele que tem menor pegada ecológica na produção de proteína animal. Representa muito menos pegada ecológica do que, por exemplo, a produção de frango, porco ou vaca. Os índices de conversão dos peixes são muito mais baixos do que os destes animais, logo, a pressão exercida sobre o meio natural é menor do que a feita pela pecuária. Com sistemas como o semi intensivo da Materáqua são aproveitadas áreas que já existiam, antigas salinas, que de outra forma seriam abandonadas, transformando-se basicamente em lodo e lama. Ora, aproveitadas para este tipo de produção de peixe, têm um impacto positivo mesmo nos efluentes. Mais ainda neste caso, em que é realizada em articulação com a produção de algas, que assumem uma função de decantador natural da
Algaplus e Materáqua: uma aliança pioneira Empresas de Aveiro criam projeto integrado de Aquacultura A AlgaPlus nasceu da vontade de transferir o conhecimento e experiência de 2 investigadores para um negócio com impacte nos sectores da aquacultura, ambiente e biotecnologia. Atenta às necessidades da sociedade moderna, tanto em termos de consumo como de exploração responsável dos recursos naturais, a ALGAPLUS é pioneira em Portugal no cultivo de macroalgas marinhas e na sua aplicação como componente extractiva de sistemas de aquacultura integrada multitrófica.
A produção de macroalgas e produtos derivados de uma forma ecologicamente sustentável e socialmente responsável através de inovação constante e mantendo parâmetros rigorosos de qualidade e rastreabilidade e a promoção da implementação de sistemas de aquacultura multitrófica integrada são duas faces da missão desenvolvida pela AlgaPlus. A empresa adota como estratégia inovadora a associação do cultivo de macroalgas à aquacultura animal, beneficiando do excesso de nutrientes libertado nesses
Carlos Ramos, Som de Búzios Como surgiu a aposta na produção de ostras em aquacultura?
Eu estava ligado à pesca e, constatando que a mesma não era uma atividade sustentável, procurei uma alternativa dentro do meio em que estava habituado a trabalhar. Há 23 anos atrás, tive conhecimento da produção de ostra em França e optei pela aquicultura. Desde então, apliquei em Aveiro os conhecimentos que obtive em França. Sou atualmente o mais antigo produtor de ostras de Aveiro. A estrutura da ostra resultou num impacto positivo, através da criação de um bom habitat para a fauna, que hoje em dia existe em muito maior quantidade neste braço da ria de Aveiro. Por outro lado, existe o aliciante de a ostra apresentar em Aveiro um desenvolvimento muito mais rápido do que em França.
Carlos Ramos Som de Búzios
água. A produção de bivalves, por sí só, é igualmente amiga do ambiente, uma vez que aquelas espécies filtram a água. Quanto à segurança alimentar, a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária efectua controlos a to-
das as empresas aquícolas de modo a garantir a qualidade do nosso pescado. Em suma, em Portugal, com a legislação e controlo existentes, esses tais mitos não correspondem minimamente à realidade.
sistemas e contribuindo para a sustentabilidade do sector de produção aquícola. Manipular as condições de cultivo de forma a adequar a qualidade da biomassa às necessidades das indústrias de transformação resulta dessa mesma estratégia, alicerçada numa forte componente de I&D de forma a melhorar continuamente os processos de cultivo e a desenvolver novos produtos. Os sistemas de produção intensivos, mais comuns nesta indústria, produzem elevados níveis de nutrientes (nitratos, amónia e fosfatos). Com processos de remoção frequentemente inexistentes, ineficazes ou dissimulados, a libertação destes nutrientes nos ecossistemas tem impactes ambientais graves, ameaçando a sustentabilidade ambiental desta actividade. Os sistemas IMTA (Aquacultura multi-trófica integrada) são apresentados como uma tecnologia que pode ajudar a solucionar este problema. Estes sistemas combinam a produção de peixe ou crustáceos com organismos ex-
tractivos (bivalves e/ou algas) imitando o funcionamento natural dos ecossistemas. Além de uma ferramenta de bio remediação e sustentabilidade ambiental, os sistemas IMTA trazem outras mais-valias ao sector da aquacultura animal, como seja a criação de novos produtos (algas e/ou bivalves) e melhoria da imagem desta actividade junto do consumidor, com consequente valorização do seu produto principal. Este cenário cria novas oportunidades para o desenvolvimento da indústria das algas na Europa. A AlgaPlus comercializa neste momento algas secas inteiras e moídas (calibre de 1 a 8mm). As espécies comercializadas são: Gracilaria verrucosa, Chondrus crispus, Ulva lactuca, Porphyra spp., Codium tomentosum e está a trabalhar no desenvolvimento de diversos produtos, em parceria com outras empresas e instituições, principalmente nos ramos alimentar e bem-estar.
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Mar 2020
Helena Abreu, co-fundadora da ALGAplus Nós aproveitamos a água que deriva da produção do peixe, enriquecida em nutrientes dissolvidos (nitratos, fosfatos, CO2,) para aumentar a produtividade das macroalgas, o nosso produto de interesse. Ao mesmo tempo, contribuímos para aumentar a sustentabilidade ambiental da produção aquícola animal que, neste caso (semi-intensivo), já é bastante equilibrada. Basicamente, trata-se de um processo semelhante ao verificado com a produção biológica de outras plantas, um processo de fotossíntese, em que as algas usam apenas factores naturais (a luz solar, o CO2 e nutrientes) para crescer. Trata-se de um processo 100% natural, sem qualquer risco de contaminação.
omelete, no arroz, numa caldeirada, na sopa até em pão ou bolos).. E podem também ser usadas como condimento (sozinhas ou em associação com o sal mencionado acima) mas o limite está na imaginação de cada um. Para quem está a dar os primeiros passos na utilização das macroalgas, temos um blog onde colocamos receitas (www.tokdemar.wordpress. com) e existem muitos outros sites e até livros de culinária com deliciosas sugestões. Manuel Caçoilo, Materáqua “Somos um país de costas voltadas para o mar”
Helena Abreu Co-fundadora da ALGAplus
O que acabará por também beneficiar o ambiente...
Qual é a aplicabilidade prática das vos-
Beneficia o ambiente porque a água que sai do sistema já tem redução de nutrientes e beneficia a produção das algas, potenciando um aumento da produtividade das mesmas. Por isso tem toda a lógica estarmos em associação neste projeto com a Materáqua. No que concerne a benefícios para as duas empresas, resulta desde logo a partilha de custos, otimização de infra-estruturas, uma vez que aproveitamos a zona de processamento que, antes, existia apenas para dar apoio à piscicultura e passou a fazê-lo igualmente às algas. E também trabalhamos muito a vertente da comunicação ao consumidor. Recebemos alunos e pessoas das mais diversas áreas a quem explicamos as vantagens deste tipo de aquacultura, informamos como é produzido o peixe neste tipo de produção semi intensiva, de muito baixa densidade e muito amiga do ambiente. Além disto, nós e a Materáqua somos associados da campanha “Ria de Aveiro”, que muito tem ajudado a promover a nossa actividade e produtos.
sas produções?
Atualmente, usamos as algas essencialmente para o setor alimentar e para a cosmética. Vendemos em Portugal para empresas e para o consumidor e também já estamos a exportar para a Europa, para empresas que usam as algas como ingredientes, tanto alimentares como cosméticos. Temos a marca ALGAPLUS (ALGA+) para o business to business, incluindo o canal Horeca, e já temos vários restaurantes, cá e no exterior, a comprarem-nos macroalgas. Sob a marca Tok de Mar, chegamos ao consumidor final com as algas propriamente ditas, e outros produtos que desenvolve em parceria com outras empresas, como é o caso do sal e flor de sal com algas com a empresa da região de Aveiro, SalTalQual Lda. Também com esta empresa, a ALGAplus desenvolveu um kit de talassoterapia, SeaOriginals, que possibilita às pessoas disfrutar de um banho relaxante, 100% natural e com os benefícios reconhecidos do sal e das algas no conforto de sua casa. Por que motivos estará a crescer cada vez mais o interesse pelas algas?
O crescente interesse tem a ver com o reconhecimento nos países ocidentais de algo que há muitos séculos acontece na Ásia, em que as algas são conhecidas pelas suas propriedades nutricionais e pela possibilidade de actuarem como alimento funcional.Como se preparam as macroalgas para o nosso consumo? Neste momento as algas que vendemos para o consumidor estão desidratadas, por isso, numa primeira fase devem ser demolhadas durante alguns minutos para que voltem ao seu estado “fresco”; este passo pode ser ultrapassado quando se incluem as algas em cozinhados com água. Depois, as macroalgas são de fácil preparação e semelhante à que aplicamos nos vegetais tradicionais. Podem ser consumidas cruas ou cozinhadas de várias formas (numa
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O primeiro projeto que concebi neste setor consistia numa materinidade. Há cerca de 20 anos, o mesmo foi aprovado em Bruxelas mas, face a diversas barreiras burocráticas que se prolongaram por mais de dois anos, acabei por desistir. Na altura, tratava-se de um investimento orçado em 350 mil contos, que beneficiava de água com excelentes condições devida à existência de um furo junto ao mar. Desde então, pouco parece ter mudado...
Na altura, não foi tanto pelas estruturas governamentais que o projeto falhou... A autarquia foi a entidade responsável pela constituição de barreiras. Entretanto, fiquei com a Materáqua... Materáqua que, entretanto, assumiu novos modelos...
A Materáqua é hoje uma empresa moderna, que vai acompanhando paulatinamente a evolução que o setor patenteia. Surgem novas espécies, desenvolvemos parcerias, como a celebrada com a ALGAplus. A vertente alimentar é algo que me preocupa e, quando me deparei com a proposta da ALGAplus, surgiu-me desde logo a possibilidade de explorar as algas para a alimentação dos peixes, nomeadamente para a dourada. E estou perfeitamente convencido de que a adaptação da cultura de algas como um aditivo para ração representará um enome impulso para a piscicultura. Com que espécies trabalha atualmente a Materáqua?
Atualmente trabalhamos com robalo, dourada e linguado. Também já tive uma boa experiência com corvina... E se tivéssemos maternidades em Portugal continuaria certamente a trabalhar com esta espécie. Uma vez que não existem, temos que recorrer a Espanha e França para adquirirmos juvenis das espécies. Como procede ao escoamento das suas produções?
Toda a produção da Materáqua é escoada no mercado nacional. Chegámos a produzir cem toneladas de peixe por ano, valores que, por várias razões foram sendo reduzidos. Se fosse-
Manuel Caçoilo Materáqua mos capazes de apostar mais na comunicação ao consumidor, mostrando-lhes como é produzido o nosso peixe e a qualidade que atinge, estou seguro que poderíamos aumentar de novo os níveis de produção e rentabilidade da nossa actividade. Algum deste trabalho também está a ser feito no âmbito da parceria com a ALGAplus. Enquanto investidor, que tipo de barreiras sente em Portugal? Antes de mais, deixe-me referir que Portugal apresenta um enorme potencial. Nos casos de Aveiro, Figueira da Foz e Setúbal, temos este aproveitamento das salinas que poderia ser ainda exponenciado da parte governamental. Continuamos muito aquém da Europa. A vizinha Espanha oferece benefícios para este sistema de que nós não dispomos. Continuamos com o problema dos seguros, que por cá não existem... As licenças até já estão razoáveis mas continuam distantes do que deveriam. Temos o problema da lota, onde só podemos vender o peixe no último lugar. O primeiro peixe vendido é o que provém da pesca local... Ora, os compradores do peixe proveniente da aquacultura são, normalmente, os que compram o peixe da pesca local. O problema é que acabamos por ficar para depois do arrasto, em que os compradores mudam, sendo que os da pesca local se vão embora... Aquilo prolonga-se por horas e só no final pode entrar o nosso peixe. Isto é impraticável! Como surgiu a sua ligação a este setor?
Toda a minha vida fui um homem ligado ao peixe. Comecei a pescar com 14 anos, andei na pesca do bacalhau... Acabei por constituir uma empresa situada junto aos terrenos onde estão atualmente instaladas a Materáqua e a ALGAplus, comecei a comprar as salinas... Fui o primeiro a trabalhar neste domínio na zona de Aveiro. E até coloquei de parte a minha vida profissional, dedicada à transformação e comercialização de vários peixes porque vejo na piscicultura um grande futuro.
Mar 2020
Segurança e qualidade marcam a diferença
Miguel Morgado Marine Manager da Bureau Veritas
Em entrevista ao País Positivo, Miguel Morgado, marine manager da Bureau Veritas, fala sobre a importância das sociedades classificadoras para a economia do mar, identificando as suas funções e a importância da classificação e certificação dos navios.
De acordo com o nosso interlocutor, Miguel Morgado, conseguimos perceber quais as principais competências das sociedades classificadoras, como o é o Bureau Veritas: “As empresas de classificação naval, como é o caso da Bureau Veritas, representam um papel essencial na garantia de qualidade na indústria Naval, não só através das suas regras de classificação, como assistindo as Bandeiras na Certificação Estatutária. Cada uma das Bandeiras pode celebrar acordos com as Sociedades Classificadoras que, assim, assumem a competência de aplicar os instrumentos internacionais e da própria bandeira, para que os navios cumpram com a regulamentação sobre segurança marítima e prevenção ambiental”. Mas quando começa o trabalho de uma sociedade classificadora? Bem, este trabalho começa antes da construção do navio, prolongandose pela entrada ao serviço até ao final da sua utilização. Começando pelo projecto, o qual desde logo carece de uma aprovação analisada pelos Centros de Aprovação de Planos ou Plan Aprovall Centers, passando pela certificação dos inumeros equipamentos que compõem a embarcação, pelo acompanhamento da obra com o objectivo de controlar o cumprimento do projecto já aprovado. Terminada a obra e se o Navio cumprir com todas os requisitos é, então, emitido o Certificado de Classificação e os Certificados Estatutários aplicáveis. “Mas o nosso trabalho não termina aqui”, avança relembrando, no entanto, que o trabalho das sociedades classificadoras não se esgota aqui: “As sociedades classificadoras individualmente e/ou como um todo têm um papel muito importante, porque ao desenvolverem continuamente as suas próprias regras para além das já instituidas, estão em permanente inovação pelo que contribuiem também duma forma constante para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de regras de segurança”. Eficácia, acima de tudo O transporte marítimo depende da livre circulação de navios e capital, mas para que exista uma verdadeira eficácia destas trocas é necessário que estejam garantidas todas as normas internacionais. Aqui entra a Bureau Veritas, com a sua capacidade internacional de classificação e certificação de navios. Mas afinal, qual o papel da Bureau Veritas para a eficácia da circulação de navios e capital? Sendo uma das actividades da empresa a certificação dos navios em nome das Bandeiras, garante assim, que todos os requisitos e normas
internacionais e relativas a cada uma das Bandeiras sejam cumpridos. Assim, e como consequência natural, acabam por prestar um apoio essencial a armadores, projectistas navais, estaleiros, fabricantes de equipamentos, companhias de seguros, entre outros. De acordo com Miguel Morgado, “temos competências para desenvolver atividades, seguindo as mais altas exigências de qualidade, saúde e segurança do setor ambiental e naval. Nós, Bureau Veritas, acompanhamos o ciclo de vida do navio”. Classificação e Certificação Estatutária A classificação pode ser entendida como o cumprimento das regras de classificação aplicáveis ao navio. No entanto, está também nas mãos do inspetor verificar a qualidade da construção em si. Essa avaliação começa logo após o contrato entre o armador e o estaleiro ser firmado. O projeto é submetido à sociedade classificadora que fiscaliza os mais diversos planos, com vista a assegurar a resistência da estrutura, o funcionamento seguro dos mais variados sistemas como o de propulsão e manobra, a geração de energia elétrica, entre muitos outros seguindose o acompanhamento da obra e finalmente a classificação. Após a classificação é atribuído ao navio que respeite as regras instituídas pela sociedade classificadora um Certificado de Classificação. Após a entrada em funcionamento, o navio deve ser inspeccionado anualmente e, a cada cinco anos, é realizada uma renovação da classificação. A renovação obriga a que o navio entre em estaleiro para que seja tudo verificado de forma mais profunda. As vantagens de um navio com um certificado de classificação vão desde os prémios dos seguros pagos pelo armador junto das Associações de Armadores, até à subida de valor no caso de uma venda futura do navio. Ou seja, uma boa classificação reduz o risco e gera riqueza. O nosso interlocutor afirma que “apesar da não obrigatoriedade de forma sistemática da classificação, a industria naval, devido às vantagens inerentes, recorre à classificação”. A classificação de navios militares também é uma realidade hoje em dia, onde, as Marinhas Ocidentais utilizam os serviços das Sociedades Classificadoras pela sua experiência e conhecimentos na área da Engenharia Naval. No que respeita à Certificação Estatutária, esta sim de carácter obrigatório e imposta pelas Bandeiras, o processo de Certificação processa-se, muitas
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Mar 2020
A economia do mar O Bureau Veritas reforça que Portugal tem uma capacidade e conhecimento tremendo na exploração do mar. “Nós assumimo-nos como parte integrante deste futuro que passará por conseguir identificar e potenciar as riquezas que se encontram neste tremendo recurso. Somos um povo com cultura de mar e isso não se deve nunca descurar. O crescimento e evolução da economia do mar, na minha opinião, teria um impacto tremendo naquilo que é a economia geral do país”. De ressalvar que a engenharia naval, em conjunto com as ciências que suportam toda a atividade marítima, são um importante contributo para uma nova consciência sobre a dimensão de Portugal e do seu território. E, no limite, “para Portugal, haverá sempre mar, porque Portugal é Mar”. Bureau Veritas
vezes, a par com o de Classificação pois os dois processos têm requisitos semelhantes. No entanto, existem certos requisitos estatutários internacionais que não integram o processo de Classificação, bem como outros que resultam do facto de de cada bandeira poder impor requisitos específicos. Qualidade A Bureua Veritas, como organização reconhe-
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cida europeia, uniu-se a outras organizações reconhecidas e criaram a Entidade de Avaliação e Certificação de Qualidade Independente (QACE). Esta organização serve, primeiramente, para avaliar e certificar os sistemas de gestão de qualidade das sociedades classificadoras, garantindo a máxima qualidade das mesmas. Estas sociedades são supervisionadas, a nível europeu, pela Agência Europeia de Segurança Marítima, o que garante uma maior segurança e isenção.
A segurança/qualidade dos navios, dos tripulantes e passageiros, das cargas e do meio ambiente é um tema presente em todas as etapas de construção, inspeção e classificação de uma embarcação e que antecede a própria obra. Ao longo de todo o processo construtivo de um navio, a qualidade é um pensamento presente para qualquer sociedade classificadora e estaleiro que realizam inúmeras verificações com o objetivo de garantir ás suas novas construções, segurança/ qualidade em elevado grau.
Garantir que os navios respondem a todas as normas de segurança é a máxima do Bureau Veritas Portugal. Um dos líderes mundiais em testes e certificações e líder em Portugal, o Bureau Veritas é uma sociedade classificadora que vai um pouco mais além da sua actividade como representante de uma Bandeira. Dada a relação contínua que mantém com estaleiros e armadores e aproveitando o conhecimento técnico que possui, assume uma postura de aconselhamento na altura de enfrentar desafios a nível da qualidade, da segurança, de questões ambientais e responsabilidade social. A empresa foi fundada na Antuérpia em 1828, com um objetivo muito simples: fornecer informação atualizada dos prémios utilizados nos centros de comércio e informar sobre o estado em que se encontravam os navios e os equipamentos. Atualmente está presente em todo o Mundo.
Mar 2020
Companhia de Pescarias do Algarve no top 5 europeu A Companhia de Pescarias do Algarve (CPA) é a maior empresa ibérica de produção de bivalves em mar aberto e uma das cinco maiores da Europa, prevendo produzir 8.000 toneladas em 2016. A empresa prevê que, em ano cruzeiro, 90% da produção tenha como destino os mercados da UE, com especial incidência para a Espanha, uma vez que, tratando-se, numa primeira fase, de produtos frescos, os custos de transporte condicionam e limitam o raio de acção da empresa dentro do território da União Europeia. Guiado por Jorge Farinha, administrador da CPA, País Positivo foi conhecer um projeto pioneiro português, hoje com escala mundial.
dios paradigmáticos neste domínio. O primeiro numa fábrica no Porto de Olhão, inaugurada em Janeiro de 2011 e inoperacional durante 20 meses até ao seu licenciamento, por razões exclusivamente burocráticas, de fácil resolução pelo ex -IPTM. O segundo, relativo a um pedido de concessão de uma área no mesmo Porto para construção de uma unidade de congelados de bivalves, que está há mais de dois anos em análise pelo ex-IPTM e agora pela DOCAPESCA. Este cenário explica, na nossa opinião, uma das razões, pelas quais, a economia nacional teima em não crescer. A costa algarvia apresenta ainda opor-
D.R.
tunidades para quem pretenda investir
chmarking com empresas e peritos estrangeiros. O investimento na aquicultura requer um conjunto de requisitos que não abundam em Portugal: empreendedorismo, assunção do risco, capital, fortes competências técnicas, capacidade de inovação, recursos humanos qualificados, conhecimento dos mercados e domínio dos canais de distribuição. Na nossa opinião, é necessário possuir a maioria desses requisitos para investir numa escala relevante e ter sucesso no sector – é esse o “segredo” da CPA. Considera que o setor tem tido incentivos suficientes que alavanquem a sua evolução?
Jorge Farinha Administrador da CPA
De que forma encara o futuro da Aquacultura em Portugal?
A Aquicultura portuguesa tem um enorme potencial, sobretudo no domínio da produção de bivalves em mar aberto (off-shore), não só pelas condições marítimas únicas da Costa Atlântica, mas sobretudo, pelas oportunidades de mercado existentes na União Europeia que é deficitária nestes produtos. Só a Espanha, apesar de ser um grande produtor de bivalves, importa anualmente mais de 100.000 toneladas de mexilhão. O percurso da Companhia de Pescarias do Algarve, SA. (CPA) nos últimos 5 anos, ilustra bem essa ideia, tendo sido pioneira na instalação de infraestruturas desta natureza. Existem, no entanto, algumas condicionantes a esse potencial, citaria as mais relevantes: os processos de licenciamento são complexos e muito morosos e a investigação funciona em ciclo fechado e não está, com raras exceções, orientada para as necessidades do sector, razão pela qual a empresa teve que seguir um percurso de aprendizagem e de ben-
O PROMAR tem apoiado os investimentos do sector em Portugal, mas enferma de um problema crónico - tem uma estrutura pesadíssima, lenta, pouco flexível, com entidades regionais mal preparadas, sem competências para emitir pareceres técnicos neste setor (a DRAP Algarve, no nosso caso), com uma articulação deficiente entre os organismos e com um sistema de decisão complexo e moroso – em suma, igualmente desfasado da realidade competitiva, funcionando à margem das dinâmicas empresariais. Esperamos que o próximo Quadro Comunitário 2014-2020 (FEAMP) altere radicalmente a postura actual das entidades envolvidas e se adeqúe ao ritmo de investimento das empresas mais dinâmicas que geram valor para a economia nacional. Em termos de legislação/burocracia,
em aquacultura de off-shore?
Continuam a existir enormes oportunidades de investimento na aquicultura na Costa Algarvia que, pelas suas características, oferece excelentes e, diria, únicas condições naturais para a produção aquícola, em especial de bivalves (ostras, mexilhões e vieiras). Recentemente o Governo abriu um procedimento concursal para uma nova área de Produção Aquícola localizada em Monte Gordo, com 32 lotes. No entanto, a não serem alterados os habituais constrangimentos burocráticos, anteriormente descritos, há um sério risco de se repetir a situação da Área de Produção Aquícola da Armona, onde apenas a CPA investiu, tendo as licenças dos operadores que tinham intenções de investimento sido retiradas pela Agência Portuguesa do Ambiente. É necessário passar das boas intenções do discurso político para uma verdadeira simplificação dos processos de licenciamento e para a desburocratização da Administração Pública. Qual tem sido a evolução da Companhia de Pescarias do Algarve no último ano?
A CPA deu início à comercialização de bivalves no segundo semestre de 2013, uma vez que os investimentos que tem vindo a efectuar desde Agosto de 2010, estão condicionados aos ciclos de produção de bivalves que chegam a atingir, no caso das vieiras, 18 meses. A empresa está a crescer a uma taxa muito dinâmica e prevê registar, em 2014, um volume de negócios da ordem dos 2 milhões de euros.
como se encontra o setor? Tem sentido que os licenciamentos têm evoluído de
Posicione a Companhia de Pescarias do
forma positiva?
Algarve no contexto nacional e inter-
A evolução dos processos de licenciamento não tem, lamentavelmente, sido positiva. Na nossa opinião, esse aspeto constitui o principal entrave ao desenvolvimento mais célere de investimentos, porventura porque há um número excessivo de departamentos do Estado que intervêm nessas operações. No nosso caso, tivemos dois episó-
nacional.
A CPA é a maior empresa ibérica de produção de bivalves em mar aberto e uma das cinco maiores da Europa, prevendo produzir 8.000 toneladas em 2016. A empresa prevê que, em ano cruzeiro, 90% da produção tenha como destino os mercados da UE, com especial incidência para a Espa-
nha, uma vez que, tratando-se, numa primeira fase, de produtos frescos, os custos de transporte condicionam e limitam o raio de acção da empresa dentro do território da União Europeia. A reduzida dimensão da procura no mercado doméstico (Portugal), sugere também uma oportunidade única de expandir as vendas, uma vez que aquele tem, na nossa opinião, um potencial de crescimento que poderá atingir a curto prazo as 1.000 ton. de mexilhão. Nesse sentido, a CPA tem promovido acções de dinamização da procura, de que é exemplo o projecto “Mexilhões à Mesa”, objecto de uma candidatura apresentada ao PROMAR em Dezembro de 2013, mas ainda não aprovada e tem efectuado acções pontuais junto do retalho alimentar com o objectivo de estimular o consumo de mexilhão. Atualmente a empresa comercializa os seus produtos em Espanha e está já presente nas principais cadeias de retalho alimentar nacionais: Continente, Auchan, El Corte Inglês, LIDL, MAKRO, LeClerc e Pingo Doce, dispondo de um ponto de venda especializado em bivalves no MARL (Mercado Abastecedor da Região de Lisboa). Em termos futuros, estão previstos novos investimentos/ projetos para ampliação e/ou diversificação de negócio?
No final de 2014 a CPA completará um ciclo de investimento que se iniciou em Agosto de 2010 através da instalação de estruturas aquícolas em mar aberto, adquirindo duas embarcações dedicadas e construindo também nesse período uma unidade de tratamento e expedição de bivalves. A CPA expandiu recentemente a sua actividade para o sector das conservas de pescado, por via da aquisição de uma unidade em Olhão e conta, ainda este ano, efetuar um investimento de, aproximadamente, 2 milhões de euros, numa nova unidade de congelados. A Europa é deficitária não só em mexilhão e vieira frescos, mas também em congelados. É um segmento de mercado atrativo e com crescimento dinâmico - uma oportunidade que a CPA quer aproveitar, completando assim o seu portfólio de produtos. A CPA está atualmente a equacionar a sua internacionalização, estando em curso, uma avaliação das condições de produção aquícola de bivalves na Costa Angolana, em parceria com um grupo local. Os primeiros resultados, dão indicações de viabilidade de investimentos desta natureza naquele País, pelo que se afigura possível que, em 2015, a empresa possa concretizar essa operação. Será seguramente uma excelente oportunidade para expandir as competências que a empresa ganhou nos últimos 5 anos e uma boa perspectiva de afirmação da CPA como player global, criando valor para os accionistas da empresa.
Ficha Técnica: Propriedade: Actualidades do Século, Lda | Morada Apartado 000045 - ECE Vila Nova de Gaia - 4431-901 V.N.Gaia – Depósito Legal 215441/04 Editora: Ana Mota | Publicidade: Moura Lopes | Email: geral@as-agencia.pt
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ECONOMIA SOCIAL
O novo paradigma em saúde e apoio social Liga das Associações de Socorro Mútuo de Vila Nova de Gaia
Mais perto de quem precisa “Celebrámos um protocolo com a Câmara Municipal de Gaia, ao abrigo do qual fornecemos gratuitamente medicamentos a populações carenciadas. Temos uma relação estreita com o pelouro social da autarquia e, na sequência de inúmeras solicitações que se prendem com emergência social, encaminhamos esses casos para a Vilanovense, que encarna a missão social da Liga. Somos diariamente confrontados com casos dramáticos que nunca descuramos e para os quais, geralmente, encontramos resposta”.
miciliário, (a desenvolver pela societária A Vilanovense-AM), uma unidade de cuidados continuados e a transformação da clínica numa USF. Uma oferta muitas vezes a custos sociais que, no caso dos medicamentos chega a ser gratuita para pessoas carenciadas. Preparados por natureza e vocação para a ocupação de um espaço que o Estado está a deixar vazio, os gestores e profissionais da Liga têm mesmo vindo a assegurar a migração da procura dos serviços de saúde do SNS para a instituição, que oferece qualidade a preços competitivos. Como atesta, em entrevista, o presidente Luís Amorim: “reforçando serviços e procurando novas áreas de intervenção, este é um plano sustentado, profissional, responsável e solidário”. É inevitável recorrer a uma sinopse histórica para se compreender a importância e dimensão actual da Liga das Associações de Socorro Mútuo de Vila Nova de Gaia...
Luís Amorim Presidente da Liga das Associações de Socorro Mútuo de Vila Nova de Gaia
Com um legado secular, traduzido ao longo dos tempos na concepção de projectos inovadores em domínios como o apoio social ou de saúde, a Liga das Associações de Socorro Mútuo de Vila Nova de Gaia tem vindo a afirmar-se como um ícone, incubador de boas práticas, nos domínios de intervenção a que se dedica. A instituição, fundada em 1905, agrega as mutualidades societárias A Vilanovense – Associação Mutualista, Associação Oliveirense de Socorros Mútuos e Montepio Vilanovense de Socorro Mútuo Costa Goo-
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dolphim e serve actualmente mais de 50 mil associados. Farmácia, Clínica e Clínica de Estética são valências actuais que sublinham o seu papel enquanto instrumento de solidariedade social actualizado e indispensável. O projecto social e de saúde da Liga é hoje uma missão sem limites: 40 mil actos médicos e de enfermagem anuais, mais de 40 médicos, 3 enfermeiras, 22 especialidades médicas e 5 não médicas, serviço de enfermagem até à meia-noite... E em curso estão já três novos projectos: o apoio domiciliário apoio do-
Luís Amorim - Sem dúvida... A Liga das Associações de Socorro Mútuo de Vila Nova de Gaia é uma IPSS, fundada em 1905 e que surge a partir da constatação de uma necessidade por parte de uma das suas actuais associadas, a associação mutualista A Vilanovense: a prestação de apoio aos seus associados na área do medicamento. Já concedíamos apoios nas áreas social e da saúde mas sentíamos a necessidade da criação de uma farmácia. Por constrangimentos de natureza legal que impediam a Vilanovense de criar essa valência, dá-se à época a união de cinco associações que formam esta federação, que designámos como Liga das Associações de Socorro Mútuo de Vila Nova de Gaia. Assim, a Liga consegue obter o alvará régio, criar uma farmácia, passando a prestar o apoio medicamentosos aos associados das societárias. Com o desenrolar dos tempos, percebemos que a saúde seria uma área nuclear. O objectivo último presente nos nossos estatutos, prendia-se com a oferta de dignidade no fim de vida... Hoje, preocupamo-nos com a prestação de cuidados durante a vida. Todo o apoio social continua a ser prestado pela Vilanovense, que chegou a contar com 52 mil associados e que
reúne actualmente 38 mil, sendo que esta instituição continua a focalizar a sua actividade na oferta de dignidade no final de vida dos seus associados, através da atribuição do subsídio de funeral, ao passo que as áreas da saúde, do medicamento e da oferta de qualidade de vida transitaram para a égide da Liga. Em 2007, inaugurámos a actual farmácia, uma das melhores e mais bem apetrechadas do país, e porque não da Europa, um projecto cujo investimento se traduziu em cerca de 4 milhões e duzentos mil euros, alicerçado em capitais próprios. A farmácia cresceu, consolidou-se e é hoje uma estrutura de vanguarda. Paralelamente, temos uma clínica com 22 especialidades médicas e 5 não médicas, serviço de enfermagem e, fruto de novo investimento realizado há três anos, criámos uma clínica estética de elevada qualidade. Realço que as três unidades, farmácia, clínica e clínica estética estão instaladas no mesmo edifício. Apesar desse leque de serviços oferecidos e missão social prestada, a Liga, tal como muitas outras instituições da economia social continuam a ser, falaciosamente acusadas de não contribuírem para as finanças públicas...
Sendo uma IPSS, integrada na economia social, convém realçar que a Liga, só em sede de IRS, de IVA e de TSU, entregou mais de 1 milhão de euros ao Estado nos últimos três anos, o que, extrapolado para alguns milhares de IPSS e outras instituições da economia social contraria a falácia de as mesmas não pagarem impostos... Acima de tudo, produzimos riqueza e emprego - contribuímos para 2,8% do PIB, números certamente mais significativos do que aqueles assegurados pela actividade têxtil, telecomunicações e outras. Paralelamente, asseguramos 5,6% do emprego existente em Portugal, bem mais do
RedeMut A RedeMut é um projeto inovador, nascido por iniciativa de um conjunto de associações mutualistas portuguesas que decidiram unir esforços em torno do objetivo comum de prestar cuidados de saúde à comunidade de associados que as integram. Na RedeMut, independentemente da mutualidade a que os associados pertençam ou do local onde vivam, todos podem usufruir dos serviços e cuidados de todos. Reforça-se a proteção social garantida a todos os associados, num esforço de entreajuda orientado para uma vida melhor, e garante-se a prestação de cuidados de saúde primários, diferenciados e continuados, além de serviços de apoio domiciliário e ação social. Um projeto histórico para o Mutualismo português, um SMS: Serviço Mutualista de Saúde.
ECONOMIA SOCIAL
que a actividade seguradora ou da electricidade, sendo que estes são empregos duradouros e muito mais estáveis. Numa altura em que a demissão do papel social do Estadado é cada vez mais visível e, face aos sucessivos cortes na saúde, em que medida poderá a economia social adquirir um espaço entre-
fermagem; somos uma autêntica unidade de saúde. Hoje, afirmamo-nos como a grande alternativa enquanto sub-sistema de saúde. Mas, face à tal demissão do Estado, também devemos perceber que urge congregar esforços para ganhar dimensão e, para isso, há que acabar com aquele espírito de capela e de pensar pequeno que ainda hoje se verifica também em algumas IPSS.
tanto perdido?
Esta é uma oportunidade única que está a acontecer. Há um espaço social que foi ocupado pelas instituições durante o século XIX e início do século XX, ocupado a partir dos anos 50 pelo Estado Providência... Entretanto, estas instituições foram-se esvaziando, existem relatos de perseguições de natureza política, principalmente às cooperativas... Com a situação que vivemos actualmente, em que o Estado se desobriga, no seio de uma opção estratégica e política, dessas funções sociais, surge um espaço que, nós, melhor do que ninguém, saberemos ocupar e desenvolver. Desde logo, porque estamos próximos das populações e dos problemas, depois porque temos um know how alicerçado numa vasta experiência que nos permite solucioná-los. Repare: a Vilanovense tem 132 anos, a Liga tem 109 anos... Isto representa riqueza, conhecimento, muito caminho feito e capacidade de decisão. Cabe-nos ter a argúcia, inteligência e capacidade para percebermos, desde logo, que não podemos entrar de rompante porque não temos condições – muitas das nossas instituições não possuem condição económica, planos de sustentabilidade financeira ou escala. Por isso, devemos ponderar se temos estrutura e arcaboiço para garantir um trabalho desta envergadura. No nosso caso, em complemento das 22 especialidades médicas e 5 não médicas que asseguramos, temos mais de 40 médicos e três enfermeiras a trabalhar connosco; no final do ano, contabilizamos 40 mil actos médicos e de en-
Como tornar-se sócio da Vilanovense “Vá ao nosso site, contacte-nos via telefónica ou através do face-book, ou digira-se aos serviços, sitos na Rua Serafim Rodrigues da Rocha,39 em Vila Nova de Gaia. Temos três tipos de quotas: Quota Sénior, em que, por 2,5€ mensais, o associado beneficia de um de um subsídio de funeral, desconto de 10% na aquisição de produtos na Farmácia da Liga, do usufruto na Clínica da Liga (com 22 especialidades médicas mais cinco não médicas e serviço diário de enfermagem), e na Clínica Estética da Liga, de serviços de elevada qualidade nas áreas do bem-estar e medicinas complementares; Quota Vida, em que por 3,5€, terão acesso e beneficiarão, além dos descontos enumerados na quota sénior, de consultas a preços muito reduzidos. Refiro-me, concretamente a especialidades como cardiologia, otorrino, dermatologia, ginecologia, pediatria, urologia, oftalmologia, entre outras, por 29,50€... ou a uma consulta de clínica geral ou dentária por 10€... entre muitas outras. Temos ainda a Quota Mais, em que, por 5€ mensais, o associado tem acesso a todos os serviços pelo mais baixo preço e ao subsídio de funeral”.
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