JULHO 2013 | EDIÇÃO Nº 62
“A ESTRATÉGIA NACIONAL PARA O MAR 2013 – 2020, ATUALMENTE EM DISCUSSÃO PÚBLICA, É A PROVA DE QUE PORTUGAL TEM UM PROJETO PARA O MAR”, Afirma, Manuel Pinto de Abreu, Secretário de Estado do Mar EM DESTAQUE: DOCAPESCA | SAER | CM VIANA DO CASTELO | ENERCOM PORTO DE VIANA DO CASTELO | VIANA PESCA | CM OLHÃO | LISNAVE | MÚTUA DOS PESCADORES
ÍNDICE 04
Manuel Pinto de Abreu, Secretário de Estado do Mar, traça a rota da Atratividade e Competitividade do Mar
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Eduardo Graça, da CASES, aposta na Economia Social e revela a sua visão sobre o setor
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O ICBAS em destaque
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Descubra o Cluster do Papel, em Vila Velha de Ródão
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A Prévoir Portugal é o parceiro privilegiado na área dos seguros de vida
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Fatacil: O Algarve no seu melhor
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Qualidade de Vida no Interior, Câmara Municipal de Almeida em destaque
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Região Oeste em análise
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Educação e Formação com a Multiway
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Segurança e Vigilância: Soluções que o fazem sentir seguro
FICHA TÉCNICA Propriedade As - Agência, Lda Morada Apartado 000045 - ECE Vila Nova de Gaia - 4431-901 V.N.Gaia Depósito Legal 215441/04 Editora Ana Mota Publicidade Moura Lopes Email geral@as-agencia.pt PVP 2€
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“Portugal tem que ser um ator mundial incontornável como nação marítima” PORTUGAL TEM PROCURADO, NOS ÚLTIMOS ANOS, O DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA DO MAR E ESTÁ A CRIAR AS CONDIÇÕES INDISPENSÁVEIS PARA QUE AS EMPRESAS POSSAM INVESTIR COM SEGURANÇA NO MAR DE PORTUGAL.
Manuel Pinto Abreu, Secretário de Estado do Mar
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Estratégia Nacional para o Mar 2013 – 2020, atualmente em discussão pública, é a prova de que Portugal tem um projeto para o mar, o qual inclui medidas e ações concretas em curso ou em preparação, e visa objetivos, como promover um crescimento de 50% na participação do Mar na economia portuguesa. As atividades ligadas ao Mar valem, atualmente, cerca de 2,4 por cento do PIB e esperamos chegar a 2020 com uma participação de entre 2,9 e 3,8 por cento, em função do comportamento das economias com as quais nos relacionamos, não incluindo nestas projeções a eventual descoberta e exploração de hidrocarbonetos ou minerais que, entretanto, possam ocorrer. Por outro lado, a nova Lei de Bases do Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo Nacional, atualmente para aprovação na Assembleia da República, vem estabelecer os princípios necessários à segurança jurídica dos investidores nas suas atividades no mar, sejam elas a aquicultura
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ou qualquer outra que dependa da utilização do espaço marítimo. Portugal é um país marítimo. Oitenta por cento do comércio mundial faz-se por mar e as atividades ligadas ao Mar têm uma importância fundamental na economia portuguesa: a pesca e aquicultura, o turismo de costa e de cruzeiros, a construção e reparação naval ou os portos e logística. São mais de cem mil empregos e uma participação direta para a economia de quase quatro mil milhões de euros. Se juntarmos as atividades indiretas, chegamos a mais de oito mil milhões. Não conseguimos, contudo, que a economia do Mar tenha, hoje, na economia nacional, o peso expectável face à nossa dimensão, posição e natureza marítima. Em entrevista, o Secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu desvenda como o Governo pretende posicionar o país face ao mar, projectando uma estratégia com horizonte 2020, resultante de uma alargada discussão pública.
Há sensivelmente um ano atrás, na última entrevista que concedeu ao País Positivo utilizava uma palavra-chave quando falava de desígnios futuros: desburocratizar. Será hoje mais fácil a um investidor empreender no nosso país em projectos relacionados com mar? É mais fácil pela atenção que tem. Aliás, a semana passada começou muito bem porque a primeira coisa que fiz quando cheguei ao gabinete foi ler um mail de um empresário do Algarve, que tem tido várias dificuldades mas me dava os parabéns por, pela primeira vez, ter telefonado para a DGRM, ter sido atendido à primeira e, meia hora depois, ter a resposta solicitada e a situação resolvida. Isto não sucedia há muitos anos e espero que passe a ser um padrão. O facto de estarmos a trabalhar melhor na generalidade das situações não tem sustentação porque os instrumentos legais da simplificação estão actualmente a ser desenvolvidos. Temos um instrumento fundamental da ação no mar, a Lei de Base do Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo Nacional, que está ainda em discussão na Assembleia da
República. Embora tudo o resto esteja a ser preparado em simultâneo, ainda não temos o ponto de partida. Em suma, temos uma atenção redobrada e capacidade de resposta mas o quadro ainda não é diferente mas espero que se resolva o mais rapidamente possível. Faz sentido preconizar-se uma estratégia sem a sustentação de um quadro legal? A estratégia em si já toma em linha de conta o conteúdo da proposta, nomeadamente da Lei de Bases, e não será substancialmente alterada no modelo simplificador que encerra. A estratégia define as orientações gerais, tendo depois programas e projetos concretos, cirurgicamente deixados em aberto para que não necessite de ser alterada. O que consta da estratégia é nossa visão e a da Administração Central para o mar de Portugal. A discussão pública quis trazer empresários, privados e todos os portugueses para a discussão mas Portugal não deixou de ter em linha de conta tudo o que se passa no mundo. Essa filosofia de olhar o mar, que Portugal tem
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ajudado a moldar, é algo também vertido na própria estratégia que apresenta como maior evolução a definição de um plano de ação, constituído por um vasto conjunto de projetos. Há cerca de um ano iniciou um périplo, em que foi auscultando as expectativas da sociedade civil e das entidades com negócios relacionados com o mar, repetindo-o no quadro da discussão da estratégia nacional para o mar. Que principais pontos teve em conta neste conjunto de reuniões? Para além desse problema burocrático e administrativo que resultava em dificuldades para os empresários, uma das principais queixas prendia-se com a inexistência de linhas de crédito para o mar. Celebrámos uma série de protocolos com oito bancos e existe actualmente uma linha de crédito de 1500 milhões de euros para investimento no mar em condições bastante atractivas. A possibilidade que houve de abrir crédito para o investimento no mar deve ter resultado. Convidava-os a ler as palavras do presidente do Montepio Caixa Económica, em que se congratulava por, neste enquadramento da economia nacional, a área do mar e o crédito concedido neste domínio estarem claramente em contra-ciclo e a crescerem muito. Outra medida espelhada na estratégia prende-se com a existência de várias áreas de actividade em que precisamos de estabelecer um plano estratégico específico. Não só aquelas que já estão hoje tratadas, como os portos ou a proteção e valorização do litoral mas, por exemplo, as áreas de atividade tradicionais como as pescas em termos de frota, a aquicultura e outras que se prendem com
valorização. São matérias que resultaram da auscultação que realizámos e que pretendemos concretizar. Mas também espero destes dois périplos um resultado que considero fundamental: desde então, tenho-me preocupado em “provocar” os nossos empresários e os portugueses em geral para que assumam compromissos de ação no mar. A estratégia é um convite a isso mesmo. E há que não esquecer que nalgumas áreas, como na reflexão sobre o que é o mar, da ação no mar, do que deverá ser o mar no futuro e na capacidade de investigação do mar profundo estamos na linha da frente. E podemos contar pelos dedos de uma mão os estados no mundo com capacidade ao nível de Portugal… Não correremos o risco de privatizarmos o “nosso” mar? Não. Essa é uma das questões que mais vezes me colocam na Assembleia da República e em debates sobre esta matéria. Ao contrário do que acontece em terra, os Estados não têm soberania plena sobre o mar. Os Estados têm uma soberania “condicionada” sobre certas parcelas do mar e possuem ainda direitos de soberania e de jurisdição sobre outras, sendo que, ainda há áreas que não são susceptíveis de qualquer apropriação pelos Estados. Assim, não podemos atribuir a um privado a propriedade de algo cuja utilização é “condicionada” também por direitos de outros. Portanto, o mar nunca será privatizado. Mesmo a Lei de Bases que permite concessões para o exercício de atividades nas áreas onde Portugal exerce direitos de soberania ou de jurisdição, estas terão que ter em conta os interesses globais naquela parcela.
A estratégia nacional para o mar
Mais apoios para as empresas
“Os objetivos atualmente contidos na estratégia são, fundamentalmente, cinco. O primeiro consiste na recuperação da identidade marítima nacional. Pretendemos que resulte numa identidade moderna, proativa e empreendedora. O segundo reside na valorização económica do ativo mar. Pretende concretizar-se através de uma exploração sustentável do oceano e tem que ter em linha de conta necessidades fundamentais como a coesão, o emprego e a promoção de um melhor futuro para todos os portugueses. O terceiro objetivo é quantificado e visa aumentar a contribuição do setor mar para o PIB nacional em 50 por cento. Falamos de 1500 e 2000 milhões de euros até ao ano 2020, quando hoje representa 4700 mil milhões. O quarto objectivo reside no reforço da capacidade nacional de investigação e conhecimento do mar profundo. E o quinto objetivo é tornar Portugal um ator incontornável a nível global no quadro das estratégias e políticas marítimas. Portugal tem que ser reconhecido como um estado costeiro, marítimo”.
É significativo que a Comissão Europeia tenha aprovado, recentemente, o Plano de Ação para o Atlântico, que prevê a mobilização de cerca de quatro mil milhões de euros para investimentos no Mar. Estes fundos resultam da priorização de utilização de todos os fundos existentes, para atividades e investimentos no Mar. Os grandes beneficiários serão os países do Atlântico, desde logo Portugal como o país que mais Mar da à União Europeia mas, também a Espanha, a França, a Irlanda e o Reino Unido. Entretanto, o Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e da Pesca, FEAMP, que vigorará entre 2014 e 2020 é, porventura, o único fundo comunitário que vê reforçada a sua dotação financeira, ao mesmo tempo que assume uma vocação multifundos, o que significa que poderá recorrer a outros fundos como o Fundo Social Europeu ou o FEDER. Este fundo, edificado na base do Fundo Europeu da Pesca, FEP, é alargado aos assuntos marítimos e, nesta fase, para o controlo, a inspeção e a investigação dos recursos. O que vem reforçar a disponibilidade de financiamento de projetos de investimento.
“O mar é o grande recurso endógeno da economia portuguesa” ENTREVISTA A JOSÉ POÇAS ESTEVES, SÓCIO - GERENTE DA SAER - SOCIEDADE DE AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA E RISCO PARA QUE AS EMPRESAS POSSAM INVESTIR COM SEGURANÇA NO MAR DE PORTUGAL.
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ssumindo uma posição pioneira, em 2001 a SaeR realizou um estudo onde foram traçadas estratégias para a Economia do Mar em Portugal.
Quais as premissas que estiveram na origem deste estudo? No início da década de 2000 já se perspetivava o definhamento da economia portuguesa. Neste contexto, entendemos ser necessário definir os domínios estratégicos com maior potencial de desenvolvimento da economia portuguesa, isto é, com maior procura externa e melhores condições competitivas. Surgiram, desde logo, duas áreas: o turismo e o cluster da Economia do Mar. Uma das conclusões foi que a Economia do Mar só faz sentido se for olhada de uma
forma holística, isto é, tomando em consideração a interligação e sinergias entre os vários setores (clusters), daí a criação de um hypercluster. Ganha-se em sinergias e em escala, o que permite que a economia do mar ganhe dimensão e possa constituir o grande organizador da transformação e de um novo modelo de desenvolvimento para a economia portuguesa. O mar é o grande recurso endógeno da economia portuguesa, quer quando consideramos a sua superfície, quer quando consideramos os recursos existentes no seu fundo. As estratégias definidas neste estudo serviram de pano de fundo à política que está a ser atualmente discutida e implementada em Portugal. Quais os principais eixos deste estudo? Neste estudo a Economia do Mar está organizada em doze clusters, mas quatro deles são os motores do hypercluster devido às suas potencialidades em termos de procura externa e competitividade. Em primeiro lugar surgem os portos, a logística e os transportes internacionais. Numa economia cada vez mais globalizada, mais de 90 por cento das cargas são feitas por via marítima e Portugal está numa posição geoestratégica privilegiada. Os nossos portos podem ser portas de entrada para a Europa. Simultaneamente pode criar-se, através deste setor, uma dinâmica ao nível dos serviços marítimos, da reparação
naval, obras marítimas, ferrovias, entre outros. Um segundo eixo diz respeito ao turismo náutico, uma matéria em que ainda há muito a fazer em Portugal. Um estudo da SaeR englobando cinco países da Europa identificou uma procura frustrada de cerca de 150 mil barcos em termos falta de postos de amarração. Esta amostra permite perceber o potencial desta área. Em Portugal existem cerca de 12 mil postos de amarração. Existe procura internacional para a construção de marinas, criação de infraestruturas de apoio, promoção da indústria naval para este segmento de embarcações, bem como para o estacionamento e conservação desses barcos durante o período de inverno na Europa. Esta aposta iria ter reflexos em termos de hotelaria, restauração e comércio. Em terceiro lugar, surge o cluster da pesca, aquacultura e todas as atividades relacionadas com a transformação e comercialização do pescado. Como não temos o cluster organizado, estamos a perder um valor significativo. Existem dois erros fundamentais. Por um lado, não produzimos peixe, nomeadamente em aquacultura e, por outro, o pescado selvagem que capturamos não é comercializado ao valor que ele tem. É preciso notar que Portugal importa dois terços do peixe que consome e toda a cadeia de valor do pescado, desde a produção, transformação, distribuição e comercialização, nomeadamente exportação,
tem de ser reorganizada. Por último, surge o cluster da energia e novas indústrias, relacionados com a exploração das energias renováveis e a exploração dos recursos existentes na profundidade do mar. É falacioso dizer-se que Portugal é um país pequeno, pobre e periférico. Com quatro milhões de quilómetros quadrados (considerando o espaço marítimo e assumindo a aceitação da extensão da plataforma continental pela ONU), Portugal é o maior país da Europa e um dos maiores do mundo. Está no centro do Atlântico, onde os grandes fluxos acontecem e há elevados recursos por explorar. A nova fronteira da economia é o mar. Quais devem ser as prioridades estratégicas nacionais para os recursos marítimos? Há atualmente uma tendência que advém da globalização, que se prende com o facto de os países começarem a perder força para as cidades e regiões, que passam a assumir um papel de dinamizador nevrálgico das economias. Conjugando as potencialidades do mar com esta tendência, desenvolvemos na SaeR o conceito de Centros de Mar, uma estratégia concertada de aproveitamento das diversas potencialidades marítimas, que visa que as cidades com ativos ligados ao mar os potenciem dentro da lógica de cluster apresentada no estudo. Julho 2013
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DOCAPESCA aposta na requalificação da rede de lotas para aumentar a qualidade do serviço e os requisitos de segurança alimentar ENTREVISTA A JOSÉ APOLINÁRIO, PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA DOCAPESCA
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ue eixos estão englobados no Plano Estratégico da DOCAPESCA, ao nível dos investimentos a realizar em 2013 no âmbito da requalificação da rede de lotas e de infraestruturas? O Plano Estratégico da empresa prevê investimentos, em projetos de requalificação, adaptação e apetrechamento dos edifícios das lotas e áreas circundantes, com prioridade à melhoria do cumprimentos dos requisitos de segurança alimentar. O investimento em curso é superior a 10 milhões de euros, a realizar entre 2013 e 2015, em toda a rede de lotas sob a gestão da Docapesca, visando dotar 22 lotas no continente com todas as exigências de procedimentos de segurança alimentar e qualidade de serviço.
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A DOCAPESCA tem promovido a abertura ao setor, desenvolvendo um trabalho de parceria com as entidades que atuam nesta fileira. Quais as estratégias que a DOCAPESCA tem levado a cabo para uma ação de proximidade com o setor? Neste âmbito, a Docapesca é parceira ativa da Fileira do Pescado, da indústria conserveira, dos comerciantes de pescado e dos vários grupos de ação costeira e de diversas associações relacionadas com a economia e o cluster do mar. Para além destas entidades diretamente ligadas ao setor, temos desenvolvido também parcerias com os municípios e com as escolas de turismo e hotelaria, através das diversas iniciativas realizadas sobre a gastronomia do pescado e valorização dos produtos do nosso mar.
Qual a estratégia que tem sido desenvolvida ao nível da valorização dos recursos do mar? Enquadrado na missão da DOCAPESCA de prestação de um serviço de qualidade ao setor da pesca, a empresa definiu como um dos objetivos estratégicos, a Valorização do Pescado comercializado nas lotas do continente português. Para isso, tem vindo a dinamizar um conjunto de projetos, como o CCL – Comprovativo de Compra em Lota, que assenta na nominalização do pescado e em campanhas de promoção e informação sobre espécies pouco valorizadas comercialmente e abundantes na costa portuguesa. Queremos que a venda do pescado em lota seja uma atitude resultante de uma perceção da mais-valia no produto e da confiança dada ao consumidor final.
As campanhas de promoção do pescado têm contribuído para potenciar o setor, promovendo o seu crescimento, competitividade e sustentabilidade? As campanhas de promoção e informação têm incidido sobre espécies pouco valorizadas. As capturas de pescado têm vindo a estabilizar, na última década, exceção feita à sardinha. Torna-se por isso necessário maximizar os preços de venda em lota, e consequentemente, o rendimento dos pescadores, pescar com mais assertividade no sentido do rendimento, em vez de apenas mais quantidade. Foi o caso da Campanha da Cavala, que a DOCAPESCA iniciou em 2012, que teve bons resultados, traduzidos num aumento das vendas em lota de cerca de dois milhões de euros. É uma espécie na qual, vamos continuar a apostar, para que no futuro,
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se possa equacionar uma eventual certificação MSC desta espécie, o que seria um importante passo para consolidar a valorização da cavala. Em 2013, a DOCAPESCA está também a iniciar uma campanha de promoção do Consumo Responsável e Sustentável do Polvo Nacional, organizando para o efeito um conjunto de ações de sensibilização e promoção, entre as quais se destacam degustações de polvo em diversas capitais de distrito e as “Conversas em Rede”, fóruns de debate promovidos em conjunto com o setor. Qual o trabalho e o investimento que têm sido desenvolvidos pela DOCAPESCA ao nível da promoção da Segurança Alimentar, bem como da sustentabilidade do pescado e da promoção de saúde? Tal como referido anteriormente, o investimento na requalificação da rede de lotas, prende-se com o cumprimento dos requisitos de segurança alimentar e do HAACP. De igual forma, o projeto do Comprovativo de Compra em Lota visa fazer chegar informação ao consumidor final, sobre o pescado transacionado nas lotas, e que cumpre as quotas e tamanhos mínimos exigidos por lei. O certificado MSC
atribuído à sardinha portuguesa é também uma evidência da sustentabilidade desse recurso e os seus custos são suportados por toda a fileira. Ao nível da promoção de hábitos alimentares mais saudáveis, o incentivo ao consumo regular de pescado, especialmente de espécies ricas em ómega-3, como é o caso da cavala, permitem à população portuguesa ter alternativas alimentares ricas, provenientes de um recurso nacional e baratas. Trata-se também de promover a Dieta Mediterrânica, apoiando a candidatura portuguesa. A cavala é rica em proteínas (com um teor idêntico ao da carne e constituída por todos os aminoácidos essenciais e não essenciais) e em ácidos gordos da série ómega-3, reconhecidos em diversos estudos, pelo seu papel protetor sobre o sistema cardiovascular e cerebrovascular e preventivo sobre doenças como cancro, aterosclerose e Alzheimer. Os estudos revelam também que as propriedades dos ácidos ómega-3 são igualmente importantes no tratamento da artrite reumatoide, da asma e na redução do risco de diabetes tipo 2 em pessoas com obesidade. Para fornecer a dose diária recomendada de 500mg de ómega 3 (EPA+DHA), são necessários apenas 15g de Cavala ou Sardinha, enquanto que de Bacalhau são necessários 250g.
PAÍSES
ORGANIZAÇÕES
EPA+DHA (mg/dia)
REINO UNIDO
HEALTH DEP.
440
UE
EANS
200
HOLANDA
EANS
200
USA
EANS
<3000
ISSFAL
500
A criação do selo CCL – Comprovativo de Compra em Lota visa ser um fator de diferenciação do pescado. De que forma se concretiza a sua valorização através desta etiqueta? Como é feito o processo de adesão a este selo? O Comprovativo de Compra em Lota (CCL) lançado em 2010 e tem como objetivo principal a identificação e diferenciação do pescado nacional junto do consumidor final, bem como contribuir para a valorização, qualitativa e quantitativa do pescado e maior sustentabilidade e rentabilidade do setor da pesca em Portugal. Este Projeto tem atualmente protocolos com seis grandes superfícies comerciais, dez Câmaras Municipais e os cerca de 18.218 suportes com a insígnia CCL, distribuídos pela Docapesca, podem ser encontrados em 1.397 pontos de venda em todo o país. O processo de adesão é bastante simples, sem custos para o comerciante, bastando apenas que este seja comprador de pescado em lota e o circuito comercial do pescado ser rastreável, da lota ao ponto de venda. Queremos agora que os operadores coloquem o nome da lota onde o pescado foi transacionado.
Campanha de promoção da Cavala: Objetivo da campanha e ações que serão desenvolvidas neste âmbito No âmbito do CCL, foi lançada, em 2012, a “Campanha de Valorização da Cavala”, fresca e em conserva, que resultou em 43 ações de divulgação e informação, promovidas nos mercados municipais de 26 cidades, onde cerca de 860 pessoas participaram em aulas de culinária gratuitas e degustações de cavala, ministradas por Chefes das Escolas de Hotelaria de cada região, numa parceria com o Turismo de Portugal. A mensagem desta campanha incide na promoção do consumo responsável e sustentável de uma espécie abundante na costa portuguesa, rica nutricionalmente e com benefícios para a saúde e bem-estar, para o aumento do rendimento justo pago ao pescador e respetivo desenvolvimento das comunidades piscatórias. A Docapesca considera que os resultados têm sido muito positivos, quer do ponto de vista ambiental, com a diminuição das rejeições e aumento da procura, quer económico com o aumento de 20 por cento das transações em lota, quer ainda social pela promoção de uma alimentação mais saudável e a valores económicos.
EANS - European Acadmy of Nutritional Sciences ISSFAL - International Society for the Study of FA and Lípids
Estudo realizado pela Dr.ª Narcisa Bandarra sobre as quantidades que são necessárias ingerir de cada espécie para cumprir a Dose Diária Recomendada Julho 2013
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“Toda a dinâmica da Vianapesca visa criar riqueza e emprego na região, contribuindo para o seu desenvolvimento através das potencialidades do mar” ENTREVISTA A PORTELA ROSA, ASSESSOR DA DIREÇÃO DA VIANAPESCA fazer contratos entre um comprador e o armador, estando no meio a OP. Neste caso, o peixe não vai a leilão, passa pela lota para controlo e formalidades, seguindo para o veículo do comprador. Esta possibilidade legal origina uma escassez de pescado no leilão e um preço justo para os pescadores. Atualmente, a Vianapesca congrega mais de 600 empresas associadas, localizadas em Viana do Castelo, Aveiro, Póvoa do Varzim, Vila o Conde, Matosinhos, Figueira da Foz e Lisboa.
Portela Rosa
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Vianapesca completa este ano 25 anos de atividade e tem assumido desde sempre um papel importante na dinamização do setor das pescas em Viana do Castelo e em toda a região do Alto Minho. Que balanço faz destes 25 anos de atividade? O balanço é francamente positivo. A Vianapesca foi criada a partir de uma série de necessidades que o setor atravessava à época, com relevo para a obrigatoriedade das pequenas embarcações se coletarem e se sujeitarem às exigências de uma empresa comercial. A partir daí foram contactados diversos armadores para a criação de uma associação, reconhecida como uma Organização de Produtores (OP), que tinha como objetivo fazer planos de ação para as pescas e elaborar relatórios, o que permite atuar em áreas relevantes. Por um lado, na regularização dos preços em lota, onde nos é permitido retirar o peixe quando o preço num leilão chega a um determinado patamar (os preços mínimos para cada espécie são definidos anualmente). Quando a situação é repetida informamos os pescadores/armadores para dirigirem a pesca para outras espécies. Por outro lado, para os associados de uma OP é permitido
Quais têm sido os principais eixos estratégicos da atividade desenvolvida pela Vianapesca? Um exemplo concreto: foi a Vianapesca que propôs o primeiro regime jurídico para a pesca que, após uma revisão parlamentar, veio a ser lei. No documento inicial a Vianapesca tinha uma proposta de garantia do salário mínimo aos pescadores que foi retirada. Foi criado um Fundo de Compensação Salarial com garantia de rendimento para os pescadores até ao máximo de 90 dias por ano, que atua em situações de intempéries e quando os bivalves absorvem algumas microalgas que os torna impróprios para consumo. Em finais da década de 80 avançamos com uma iniciativa apoiada pelo Governo de então de queimar as redes com malhas inferiores a 80 milímetros. Nos primeiros anos perdemos pescado, mas passamos a pescar peixes maiores, mais valorizados, garantindo a reprodução das espécies. Com a mudança de Governo houve uma alteração da medida mínima. Isto tem consequências na sustentabilidade dos recursos, pois o peixe pequeno tem menos valor comercial o que obriga a que se aumente as pescarias, com mais tempo de mar, para fazer face aos custos de produção. A Vianapesca tem lutado nos últimos anos para que as malhas mínimas das redes nunca sejam inferiores a cem milímetros, excetuando o arrasto e o cerco. Hoje em dia ainda temos malhas de 60/65 milímetros espalhadas pelo país. É preciso que a Comissária Europeia, que supostamente está preocupada com os recursos, defina uma uniformização e olhe para esta questão numa perspetiva de sustentabilidade, preservação e reprodução do pescado, já que a nossa administração não o impõe. Por exemplo, no caso da sardinha, por meio da Associação Anopcerco
foram desencadeados procedimentos que levaram à certificação em MSC que tem exigências ambientais e meios artesanais, com reflexos ao nível da sustentabilidade dos recursos, preservação de espécies e valorização comercial, garantindo o futuro das comunidades piscatórias do cerco. Na área da investigação a Vianapesca tem promovido a proximidade com o Ensino Superior, através da colaboração com a Universidade do Minho no projeto Safesea. Em parceria com o Politécnico de Viana do Castelo está a ser feito um trabalho para ser encontrado um material para a feitura das armadilhas de pesca. Recentemente lancei o desafio para o desenvolvimento de uma bomba que funcione com a energia das ondas e que faça empurrar a água para as aquaculturas para reduzir os custos de energia. Na área da educação, entendo que os planos curriculares devem incluir disciplinas ligadas ao mar com avaliação obrigatória. A autarquia de Viana do Castelo é um exemplo, atendendo a que integra diversas atividades no programa curricular das escolas do concelho, desde a pré-primária até ao 9º ano. Tenho afirmado que os portugueses não viraram as costas ao Mar, mas sim o Ministério da Educação. Quais são as estratégias futuras para a Vianapesca? Toda a dinâmica da Vianapesca visa criar riqueza e emprego na região, contribuindo para o seu desenvolvimento através das potencialidades do mar. Temos várias iniciativas, uma delas diz respeito a um projeto desenvolvido em parceria com a autarquia para a construção de armazéns de aprestos para os pescadores, numa candidatura a apresentar ao PROMAR. Estamos a desenvolver contactos para a criação de um espaço junto à lota para disponibilizar a feira do peixe e do marisco aos sábados e domingos, com venda direta dos pescadores, após formalização do procedimento na lota. Estamos a desenvolver um projeto para a criação do Museu da Arte dos Caminhos do Oriente e do Museu do Mar, que se apoiará em gentes do Mar e que se perspetiva que pela sua arquitetura seja o edifício mais emblemático de Portugal o que certamente atrairá muitos turistas. Pretendemos criar um porto seco, para que os barcos de recreio possam aí ficar durante o inverno e a fazer sua manutenção. Pretendemos estabelecer uma parceria e criar uma empresa de venda de veleiros
VIANAPESCA–OP - COOPERATIVA DE PRODUTORES DE PEIXE DE VIANA DO CASTELO CRL – ZONA PORTUÁRIA 4900-363 VIANA DO CASTELO
Tel: 258 822 016/7 | Fax: 258 822 015 | Email: vianapescaop@mail.telepac.pt | www.vianapescaop.com
a nórdicos que os compram por 15 dias ou um mês para fazer viagens de Viana do Castelo até à Madeira e Açores. Este projeto potencia os serviços do estaleiro e toda a economia local. Prevê-se ainda o desenvolvimento do turismo náutico, com um projeto que inclui um circuito turístico que parte de Viana do Castelo numa viagem de barco pelo Rio Minho, parando em Caminha, Cerveira e Valença, com mostras de gastronomia e produtos regionais. Chegando a Valença há duas possibilidades: ou o regresso a Viana em comboio a vapor ou a realização de um percurso pelo monte utilizando as casas dos guardas florestais que neste momento estão abandonadas, fazendo um percurso até Ponte de Lima, passando por Paredes de Coura onde deveria ser criado um Parque visitável com animais, que pode ser feito em safari de jipe, de bicicleta, a pé ou em cavalos serranos, onde haverá barcos para o regresso a Viana do Castelo pelo Rio Lima. Esta iniciativa incentivaria a utilização dos percursos existentes entre Melgaço e Valença pela antiga via-férrea e descidas do Rio Minho, bem como entre Ponte da Barca e Ponte de Lima.
Pescadores de viana lançam conservas gourmet com a marca Vianapesca “A Vianapesca vai lançar uma gama de conservas gourmet, que se distingue, desde logo, pela qualidade do pescado, mas também pela embalagem que recorda os bordados dos fatos à lavradeira do Alto Minho e os bordados de Viana. Vamos fazer conservas nas variedades de sardinha sem pele e sem espinha em azeite, picante e tomate, filetes de cavala em azeite, picante e tomate, atum e ovas de sardinha em azeite, azeite picante com limão”, diz Portela Rosa. O início da produção está marcado para Julho e será feito em parceria com uma fábrica de última geração. Os produtos, já apresentados numa feira em Boston, têm como destino o mercado nacional e a exportação para os EUA, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Suécia e Inglaterra.
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Viana do Castelo aposta no futuro
UM CONCELHO COM 90 MIL HABITANTES, SENDO QUE 36 SE SITUAM NA ÁREA URBANA, VIANA DO CASTELO É UM CONCELHO QUE TEM CONSEGUIDO MANTER O EQUILÍBRIO ENTRE O URBANO E O RURAL, SEM NUNCA ESQUECER O MAR COMO PONTO ESTRATÉGICO PARA O DESENVOLVIMENTO. Costa avança a aposta no mar e nas energias renováveis. Assim, dentro desta perspetiva, “Viana do Castelo tem já o maior cluster eólico nacional e, neste momento, o concelho tem já cinco fábricas com produção de aerogeradores e está já a exportar para toda a Europa, Estados Unidos e Brasil. Este cluster teve muita importância porque trouxe a cidade novas empresas, especializadas e subsidiárias e foi responsável por 1900 postos de trabalho”. Associado à excelente localização do porto de mar e às acessibilidades, o concelho está também a apostar na criação de pontos logísticos na região: “Estamos já a trabalhar em alguns projetos para algumas áreas logísticas ligadas ao setor da alimentação. Além disso, temos um segundo projeto PIN industrial com uma empresa de Viana do Castelo que tem crescido sustentadamente, altamente exportadora e que, em 2012, abriu a primeira fábrica de produção de fraldas do país”, afirma o edil. Ao longo dos últimos anos, Viana do Castelo tem conseguido atrair bastante investimento mas a verdade é que o concelho quer mais. Promotora de desenvolvimento e incentivadora de investimento, a Câmara Municipal de Viana do Castelo tem vindo a apostar em empresas de valor acrescentado e, neste momento, está também a apostar numa unidade de transformação de pescado, criando as condições para que o investimento seja feito no concelho.
José Maria Costa, Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo
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iana do Castelo é um concelho que sempre foi, e pretende continuar a ser, um espaço de interface com o Atlântico, apostando no porto de mar, na pesca e nos estaleiros de construção naval. Daqui saíram muitos barcos rumo a Inglaterra, carregados de vinho, mesmo antes do Marquês de Pombal ter criado a zona demarcada do Douro. Mas a Viana do Castelo de hoje tem novos desafios. José Maria Costa, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, assume que o concelho tem-se afirmado na modernidade: “Hoje, a nova arquitetura, com nomes sonantes como Fernando Távora, Sisa Vieira e Souto Moura, tem uma expressão visível em Viana. Tivemos o cuidado de planear e organizar a própria cidade, criando uma coabitação virtuosa entre antigo e moderno e uma reabilitação da frente ribeirinha que promove a modernidade e a uma nova interface com o rio e o mar”.
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O Plano Estratégico está já aprovado e é com base neste diploma que a autarquia irá intervir. Antes de mais, Viana do Castelo terá que se afirmar pelo território e o ambiente, criando formas de aumentar a sustentabilidade. A dimensão económica é também fundamental e a esta área o executivo tem dado especial enfoque, possibilitando a formação de novas empresas e apoiando as que existem em ações de internacionalização, entre muitas outras iniciativas. Relacionada com a coesão do território, encontramos a dimensão social e cultural, com relevo no apoio às instituições do concelho, à rede social e à afirmação da cultura vianense. Mas os novos desafios da governação não foram esquecidos e é assumido pelo executivo a importância de trabalhar em rede, de Viana do Castelo estar inserida em redes de cidades como o Eixo Atlântico, por exemplo. Consciente destas áreas nevrálgicas, José Maria
Reabilitação e Regeneração José Maria Costa revela uma atenção especial ao setor da reabilitação e da regeneração urbana, considerando que esta é uma área bastante importante para o concelho. Neste sentido, foi criado um gabinete técnico local e desenvolvidas metodologias de trabalho e apoio aos empresários. Assim, no segundo trimestre de 2011 foram criados um conjunto de incentivos, replicados em 2012 e aprofundados em 2013 que promovem estas medidas. Mas em que consistem estas medidas concretamente? Todos os edifícios do centro histórico com valor patrimonial e que tenham, na sua reabilitação, a função de atividades económicas ou de nova habitação têm isenção de taxas de reabilitação na ordem dos 50 por cento. Com estas medidas, em 2012, face a 2011, houve um aumento de cerca de 34 por cento das obras de reabilitação do centro histórico. Mas a autarquia foi mais além: “Quando a reabilitação visa o turismo, as obras têm cem por cento de isenção, assim como os edifícios industriais”, revela o nosso entrevistado. A crescente procura turística de Viana do Castelo tem permitido que os investidores apostem na cidade e desenhem os seus projetos de investimento à medida dos eixos estratégicos de desenvolvimento do concelho.
As ex-scut e o investimento José Maria Costa tem sido um ativo interveniente na luta contra a implementação de portagens e aumento destas nas scuts. “A luta começou em 2010 porque entendemos que a fixação das empresas no interior do país e fora das áreas metropolitanas é muito mais difícil porque os custos da mobilidade são maiores Ainda assim, os autarcas têm vindo a dotar os concelhos de estruturas de excelência que promovam investimento e aumentem a qualidade de vida das pessoas. E, de repente, percebemos que estão a tentar matar todo este trabalho. Os empresários ainda não se refizeram do aumento do IVA e do combustível e já estão a levar com o aumento das portagens e isso faz com que, além de ser mais complicado atrair investimento, seja mais fácil ter empresas a deslocalizar as suas sedes para as zonas limítrofes do Porto. Se os ministros que detêm esta matéria percebessem que na região norte temos uma região que se chama Galiza e que esta relação transfronteiriça muito importante e que se a Galiza fosse um país era o sexto maior destino das nossas exportações. Nós exportamos mais de mil milhões de euros por ano para a Galiza, exportamos mais para aqui do que para os Estados Unidos, para a Holanda e Inglaterra. Portanto, se nós queremos também alavancar as nossas empresas e criar condições para as exportações e também captar turismo e investimento, temos é que ser capazes de agilizar tudo aquilo que está relacionado com as exportações”. Com a introdução das portagens na A28, os concelhos do Minho perderam cerca de 30 por cento da atividade económica, mas as perdas poderão ser ainda maiores, se considerarmos que cerca de um terço do trafego do aeroporto do Porto é de utentes da Galiza e esses estão não estão nada contentes com as portagens nem com a forma de pagamento das mesmas. Para o nosso interlocutor, estas portagens “mostram que existe um total desconhecimento do território português e que as medidas não visam uma maior riqueza para o país porque a introdução de portagens acaba por gerar menos atividade económica e um aumento dos custos para as empresas e pessoas”. O porto e os estaleiros O porto de Viana do Castelo, apesar de ter uma grande força anímica, tem neste momento um problema difícil de ser contornado: a inexistência de uma acessibilidade que ligue o porto à autoestrada. Apesar de termos tido a promessa do anterior e do atual Governo, “continuamos à espera de avançar com o projeto. Fala-se com ligeireza de mil milhões para mudar um porto em Lisboa, mas seis milhões para ativar um porto de exportações e que tem uma dinâmica empresarial muito grande não existe”. O acesso rodoviário ao porto de mar é fundamental para dinamizar e apoiar as exportações e este é o tipo de investimento
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Centro de Mar O Navio Gil Eanes é a porta de entrada do projeto Centro de Mar em Viana do Castelo. O projeto, ambicioso, pretende promover os desportos náuticos e ser promotor destes desportos aos mais variados níveis. Assim, foi desenvolvida uma vertente de formação que irá fazer incluir nos currículos escolares, a prática destes desportos. Mas foi também desenvolvida uma parceria com a Finisterra para aumentar a prática de desportos náuticos, não só na formação, mas também no turismo e na competição para que na região e em todo o país possa utilizar este recurso como mais uma mais-valia turística e possa criar uma oferta diferenciada para responder à procura destes equipamentos. Assim, “lançamos uma série de eventos nacionais e internacionais que irão ser aproveitados para fomentar
o turismo e todas as atividades turísticas. Em julho, teremos aqui os jogos náuticos do atlântico, em agosto temos o campeonato do mundo de bodyboard e o campeonato do mundo de sprints em remo, na vela campeonato mundial de juniores, entre muitos outros eventos já angariados e nos mais variados desportos náuticos. Todos estes eventos pretendem transformar Viana do Castelo na cidade náutica do atlântico e este é o grande projeto, neste momento”. O projeto Centro de Mar envolve a construção de três novos edifícios. Neste momento, está já construído o Centro de Alto Rendimento de Surf que será coordenado pela Fundação do Desporto, numa parceria com o clube de surf local que promoverá a formação e o incentivo junto das escolas.
público que é essencial para a economia. Os Estaleiros de Viana do Castelo têm feito rolar muita tinta nos órgãos de comunicação social e para o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo o que se está a passar é um como um crime já que estes estaleiros são os únicos de reparação naval no país. “Aquilo que é confrangedor é não terem sido criadas condições para que os estaleiros pudessem estar neste momento a trabalhar tendo um contrato para a construção de dois navios para a Venezuela com intenção de mais navios, com intenção de outros países poderem construir. Aquilo que me parece é que o Governo anterior geriu mal este processo, deixando apodrecer a situação e o novo governo, por desconhecimento daquilo que era o próprio objeto e por má preparação também, quis libertar-se do problema, sem interessar como. Desta forma, não quis colocar nos estaleiros de Viana do Castelo nem
mais um euro, não percebendo que estaríamos a investir num setor que é tecnologicamente avançado, onde temos alta competência e para o qual havia mercado. Faltou, a este governo, a capacidade de criar um grupo de trabalho que permitisse recuperar e desenvolver o estaleiro”, avança. Sendo o mar uma área estratégica para Portugal, “não se entende como é que um setor fortemente empregador e que gera atividade económica direta e indireta, está a definhar por falta de visão política e de falta de investimento público. É hora de se olhar para os Estaleiros Navais de Viana do Castelo como uma área estratégica para o país, que nos colocará na linha da frente da construção e reparação naval. Além disso, esta área acaba por alimentar toda a europa já que irá consumir produtos e serviços que são fabricados e produzidos na comunidade europeia”, refere José Maria Costa.
Porto de Viana do Castelo aumenta o volume das exportações DESEMPENHO REGISTADO EM 2012 INDICA O AUMENTO DA ATIVIDADE PORTUÁRIA EM VIANA DO CASTELO, POTENCIADO PELO AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES. “Numa área de jurisdição com cerca de 360 hectares, o porto de Viana do Castelo apresenta diferentes valências portuárias, que se dividem entre a vertente comercial, o core business do porto, e as valências da náutica de recreio, da pesca, e do setor industrial (temos concessões de duas indústrias importantes, os estaleiros navais de Viana do Castelo e a Enercon), aos quais se junta a componente turística com equipamentos de restauração e de hotelaria”, caracteriza Vasco Gameira, diretor-geral do Porto de Viana do Castelo. “É preciso notar que no contexto portuário nacional, o porto de Viana de Castelo tem uma dimensão pequena, não chegando a movimentar um por cento do total de cargas dos portos nacionais”, salienta.
Do conjunto da carga de mercadorias transportada destacam-se, sobretudo, os granéis sólidos (34.5 por cento), granéis líquidos (5.6 por cento) e a carga fracionada (60 por cento). A carga contentorizada ainda não tem expressão nos movimentos globais do porto, representando cerca de 0,5 por cento anual, apesar do seu crescimento em relação ao ano anterior, perspetivando-se uma aposta do porto para potenciar o crescimento desta área. Dos principais destinos ou países de origem das mercadorias salientam-se Itália, Holanda e França, que no conjunto dos três países representam 48 por cento da atividade portuária em Viana do Castelo. No que diz respeito ao desempenho do
porto em 2012 destaca-se o crescimento da sua atividade em cinco por cento comparativamente ao ano anterior. Além disso, manteve a característica de porto exportador, que assume desde 2011. “Atualmente, a exportação representa 55 por cento da atividade por oposição aos 30 por cento que representava em 2009”, afirma. Vasco Gameira diz que para tal aumento contribuiu a dinâmica de dois dos principais clientes da área de influência direta do hinterland portuário, a Portucel e a ENERCON, pelo facto de terem aumentado as suas exportações. “Temos ainda outra empresa recentemente instalada no porto, a Euronete, cuja atividade se destina a cem por cento à exportação”, acrescenta.
Nos últimos anos o porto foi alvo de uma requalificação das suas infraestruturas, nomeadamente no que diz respeito ao acesso marítimo, com intervenções ao nível do assoreamento, tendo sido feitas dragagens que permitem o acesso de navios com oito metros de calado e para cinco metros no cais do Bugio. Foi igualmente feito um investimento no melhoramento dos equipamentos de elevação, estando em curso desde o ano passado um programa para a reabilitação e restauro de todos os guindastes do porto, de forma a torná-los operacionais. Outro projeto diz respeito ao novo acesso rodoviário de ligação da zona portuária à A28. Julho 2013
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Exportações da ENERCON dinamizam porto de Viana do Castelo
rancisco Laranjeira, Diretor-Geral da ENERCON F em Portugal
Foi no âmbito do consórcio ENEOP – Eólicas de Portugal, vencedor do concurso lançado em 2005 e contratualizado em 2006 que previa a injeção de potência na rede do sistema eléctrico de energia produzida em centrais eólicas, que a ENERCON se instalou em Viana do Castelo. Para além desta filial da empresa alemã, o consórcio era também composto por mais quatro promotores: a EDP Renováveis, a FINERGE, a Térmica Portuguesa e a Generg. “Previa-se que este projeto estivesse concluído até 2012, ano a partir do qual era expectável o início da exportação. Contudo, a crise financeira que se começou a fazer sentir a partir de 2010, reduziu o acesso ao financiamento bancário
deste tipo de projetos o que levou a antecipar o início do processo de exportação. A ENERCON, sem diminuir a sua produção e o número de postos de trabalho, conseguiu reorientar a sua produção para o exterior e em 2011 inicia-se a exportação a partir das unidades de Viana do Castelo”, explica Francisco Laranjeira, diretor-geral da ENERCON em Portugal. Toda esta dinâmica da ENERCON fez com que fosse considerada no ano passado uma das principais empresas exportadoras no contexto nacional. Dos 1200 megawatts de potência eólica previstos no consórcio ENEOP foram instalados até ao momento mil megawatts, estando o projeto na sua fase final de execução. Findo este projeto, as perspetivas estão voltadas principalmente para a renovação dos parques eólicos em Portugal. “É necessário que haja mercado e procura interna para dar sustentabilidade a este projecto, pelo que aguardamos por novos parques nacionais”, diz.
ENEOP. “A logística é muito importante nesta área de atividade. O transporte para exportação é feito por via marítima, daí que a proximidade a um porto seja fundamental em termos de competitividade”, afirma Francisco Laranjeira. “Em Viana do Castelo colocou-se a possibilidade de partilhar um cais na margem norte que tem jurisdição portuária, mas que é gerido pelo estaleiro. Daqui advêm alguns constrangimentos. Se o país aposta nas exportações como fator decisivo para a sua economia, e se em Viana há empresas que têm essa capacidade, é preciso que existam as infraestruturas necessárias. Atualmente a logística portuária em Viana do Castelo é deficitária para as nossas necessidades. Por exemplo, deveria ser feita uma
melhoria dos meios de elevação, uma vez que o guindaste não está operacional. Caso estivesse podíamos utilizá-lo, pagando os respetivos custos. Este constrangimento retira competitividade”, lamenta. “Em 2011 saíram do porto de Viana cerca de 46 navios, número que em 2012 aumentou para 62. Fruto do contributo da atividade da ENERCON, o Porto de Viana, tradicionalmente considerado como um porto importador, passou no ano passado para um porto exportador”, salienta Francisco Laranjeira. As exportações feitas pela ENERCON a partir de Viana do Castelo destinam-se a diversos países como França, Irlanda, Estónia, Suécia, Lituânia, Roménia, Itália, Alemanha e Brasil.
As potencialidades de Viana do Castelo Dedicada à produção de equipamentos e gestão de parques eólicos, a ENERCON marca presença em diversos países do mundo. Em Portugal, a escolha de Viana do Castelo para a instalação da unidade de produção justifica-se, por um lado, pela sua proximidade ao porto e, por outro, por a própria região indiciar à época níveis de desenvolvimento e de qualificações atrativos. Importante empregador na região, a ENERCON tem cerca de 1400 funcionários nas cinco fábricas que construiu em Viana do Castelo no âmbito do consórcio
Município de Olhão aposta no mar como motor de desenvolvimento do concelho ENTREVISTA A FRANCISCO LEAL, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE OLHÃO
Francisco Leal, Presidente da Câmara Municipal de Olhão
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ual a estratégia para a promoção das potencialidades marítimas de Olhão definida pelo município e qual o seu impacto no desenvolvimento do concelho? A Ria Formosa e o Mar foram, ao longo da história de Olhão, os dois principais fatores de desenvolvimento. Ainda hoje, a pesca e a aquacultura são dois setores que assumem grande relevância na dinâmica económica do concelho. Sempre temos defendido a necessidade de continuarmos a criar condições para aproveitarmos as potencialidades destes dois recursos marítimos. Na nossa zona de influência, temos cerca de 70 por cento dos bivalves que se produzem na Ria Formosa. Esta área húmida é uma das mais importantes da Europa e considerada uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal. Por outro lado, Olhão continua a ter o principal Porto de Pesca do Algarve. A maior parte da população do concelho vive do mar, seja da pesca, da aquacultura, salinicultura ou da indústria conserveira, com três unidades a funcionar no concelho.
Desde 1993 que a autarquia defende a valorização do setor das pescas e aquacultura e com o apoio de fundos comunitários temos apostado no desenvolvimento dos recursos marítimos. Recentemente foi criado um Grupo de Ação Costeira, englobando outros concelhos algarvios, e conseguimos obter 3,2 milhões de euros para investimentos em equipamentos nas embarcações e para criar postos de trabalho ligados ao mar, mas em terra. Neste âmbito, uma das candidaturas a fundos comunitários permitiu a aquisição e distribuição de 400 coletes de salvação e estamos a preparar outra candidatura para um aparelho que permite localizar os barcos dos pescadores, de forma a contribuir para uma maior segurança de quem está no mar. O Município de Olhão traçou há vários anos uma estratégia de desenvolvimento assente na resolução de problemas urbanos, que se prendiam com o facto de se poder transferir as unidades transformadoras de pescado para uma das duas zonas industriais que foram criadas. Recentemente, foi inaugurada a fábrica Freitas Mar, uma
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Marisqueira de Algés
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das unidades tecnologicamente mais modernas da Europa. Temos também instaladas em Olhão duas das maiores empresas de comercialização de pescados congelado. Na zona do Porto de Pesca está ainda instalada uma unidade de expedição de bivalves. Na zona marítima, em frente à costa de Olhão, foram colocados 40 lotes destinados à aquacultura, em sistema de offshore. Por estes exemplos, julgo que é fácil perceber a forte aposta que temos feito no mar e na Ria Formosa. Fica a faltar a concretização de algum projeto definido nesta estratégia e considerado como sendo relevante para o desenvolvimento da dinâmica concelhia? Naquilo que foi definido como sendo fundamental na estratégia autárquica para o desenvolvimento do concelho, assente nas potencialidades marítimas, fica apenas a faltar importantes obras de melhoramento no Porto de Pesca. Há vários problemas identificados, ao nível das infraestruturas básicas, a ausência de ordenamento, de rede de vedação e de vigilância. Por outro lado, falta espaço para ancorar os barcos de pesca, sendo também necessário o desassoreamento do porto. Ao longo dos anos muitas promessas têm sido feitas pelo IPTM, mas nenhuma delas surtiu qualquer resultado. Surge agora a possibilidade de fazer uma melhoria na lota por parte da Docapesca, mas continua a ser necessária uma intervenção de fundo no Porto de Pesca. Há já vários anos que sugiro que seja feito um projeto para ser executado em diversas fases.
O mar à mesa Os melhores sabores do mar, num ambiente relaxante, com o glamour au point. Referência desde 1966 na arte de bem servir marisco, a Marisqueira de Algés prima pela excelência quando falamos em sabores do mar. Sabores e saberes… A seleção dos fornecedores é, por estes lados, uma arte. Da lagosta, lavagante, perceves ou camarão várias são as especialidades colhidas na costa nacional. Acabadinhos de chegar do mar, sente-se frescura à mesa. Há também a sapateira do Pacífico, a garoupa, o cherne, o robalinho e o rei da casa, o Bife à marisqueira, sempre ótimo para terminar o gourmet de marisco. A tradição aliada à modernização faz da Marisqueira de Algés o local ideal para saborear bom Marisco, Peixe Fresco e também o Bife à Marisqueira!
Olhão: um novo destino turístico algarvio Quais são os atrativos turísticos do concelho? Até há bem pouco tempo, Olhão era, dos concelhos do litoral algarvio, aquele que não tinha nenhum empreendimento turístico, porque não existiam condições para a concretização de uma aposta turística no concelho. Não fazia sentido que, numa região turística por excelência como o Algarve, Olhão estivesse à margem. Para que se apostasse no turismo neste concelho foi necessário primeiro requalificar a cidade e criar condições para o investimento turístico. Atualmente já existe na cidade uma unidade hoteleira 5 estrelas, com excelentes níveis de ocupação durante todo o ano. A requalificação urbana da zona ribeirinha e do porto de recreio de Olhão, já se havia juntado a requalificação dos mercados municipais de peixe, frutas e legumes – dois edifícios centenários que são um ponto de atração turística e que atualmente reúnem todas as condições de funcionamento. Além disso, está em curso uma intervenção na zona histórica. Vamos em breve começar a recuperação de cinco largos do centro histórico e a partir daí será criado o Caminho das Lendas, onde serão colocadas peças de arte urbana alusivas às mesmas. Na componente gastronómica, Olhão teve desde sempre uma grande procura pela qualidade do seu peixe e marisco. Exemplo disso é o Festival do Marisco que se realiza anualmente de 10 a 15 de agosto e que é um dos principais cartazes turísticos da região algarvia.
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Lisnave é líder europeia nas A LISNAVE FOI FUNDADA EM 1961, É UMA EMPRESA DE REFERÊNCIA NO MUNDO DA MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL, COM CRÉDITOS PLENAMENTE FIRMADOS A NÍVEL INTERNACIONAL. NESTE ÂMBITO, TRATA- SE HOJE DA HERDEIRA MAIS REPRESENTATIVA DA TRADICIONAL INDÚSTRIA NAVAL PORTUGUESA QUE, NOS SÉCULOS XV E XVI, FOI RESPONSÁVEL PELA CONSTRUÇÃO DAS PRIMEIRAS REDES ECONÓMICAS GLOBAIS, VERDADEIRAMENTE À ESCALA PLANETÁRIA.
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a senda da tradição marítima portuguesa, a Lisnave é detentora de elevado saber tecnológico e, atualmente do maior e mais moderno estaleiro de manutenção e reparação naval da Europa. Readquirindo e reforçando o seu prestígio, a Lisnave é uma empresa emblemática, reconhecida no mundo do shipping dos cinco continentes, sendo, porventura, o único grande projeto industrial português, criado na década de sessenta, que se mantém vivo e florescente, destacando-se pela elevada reputação e prestígio a nível internacional. Após o ano 2000, data a partir da qual foi encerrado o Estaleiro da Margueira, em Cacilhas, Almada, a empresa mudou-se para os Estaleiros da Mitrena (ex-Setenave), em Setúbal, passando a ser nesse local o seu centro de laboração. No Estaleiro da Mitrena destacam-se, pela originalidade da solução, as três docas secas 31, 32 e 33, situadas acima do solo e acessíveis por meio de uma. Este projeto é uníco no mundo, com engenharia portuguesa. A Lisnave, tem seis docas secas com uma capacidade até 700 mil toneladas brutas, com inúmeras oficinas, sete cais com um comprimento total de 1.400m, 20 guindastes móveis com capacidade até cem toneladas e um pórtico (localizado por
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cima das docas 20 e 21) de 500 toneladas, disponibiliza infraestruturas de primeira categoria para qualquer tipo de reparação naval ou conversão. O estaleiro da Mitrena, idealmente localizado para navios que comercializam ou estão de passagem pelas águas do Atlântico ou do Mediterrâneo, está sediado perto de Setúbal, a 60 quilómetros a sul de Lisboa e do Aeroporto Internacional. A mais-valia é a elevada qualificação dos colaboradores da lisnave, nas mais variadas áreas, qualificados para a pintura, substituição de aço, mecânica, engenharia, gestão, projeto, diagnóstico, viabilidade e formação. Com o evoluir da legislação e das medidas de proteção do ambiente a nível europeu e consequentemente nacional, muitas têm sido as medidas implementadas na empresa por forma a promover a sustentabilidade. Uma frota corretamente mantida proporciona uma maior segurança no transporte marítimo. A existência da atividade é por si só uma medida de proteção do ambiente, os navios que circulam nos mares e oceanos, principalmente se detidos por armadores responsáveis e conscientes da
importância do bom estado das suas frotas, têm os navios regularmente inspecionados por forma a evitarem os acidentes marítimos. Têm sido tomadas medidas a nível internacional para reduzir os impactos ambientais do transporte marítimo, nomeadamente a do casco de parede dupla, o controlo das emissões dos navios, a instalação de equipamentos de tratamento de efluentes e resíduos, a redução do teor de enxofre dos combustíveis, entre outras. A Lisnave também tem acompanhado a evolução destes aspetos proporcionando aos armadores a instalação destas tecnologias mais limpas nos seus navios. O Estaleiro da Mitrena está dotado com duas Estações de Tratamento de Águas Residuais (uma dedicada ao tratamento dos efluentes industriais da instalação ETAR e outra para tratamento das águas residuais domésticas - ETAR), diversos parques para parqueamento temporário de resíduos com vista à sua contentorização para saída e envio para tratamento e valorização. Ao chegarem ao Estaleiro os navios, na sua grande maioria, são docados, iniciando-se assim o processo de manutenção e/ou reparação. Todos os efluentes resultantes de lavagens ou limpezas
são conduzidos para a ETAR para tratamento. Existe uma grande preocupação na separação dos resíduos na origem, garantindo-se também que apenas as empresas autorizadas os recebem para valorização ou tratamento, sendo que mais de 60 por cento dos resíduos produzidos se destinam à valorização. Contudo, além das infraestruturas, equipamentos, ferramentas e processos, também a própria gestão segue os princípios da boa engenharia, norteando-se pela eficácia, eficiência, racionalidade e versatilidade como formas de promover mais-valias económicas, comerciais e tecnológicas. De fato, a Lisnave opera num mercado onde as conjunturas se transformaram com especial rapidez, em função das alterações dos equilíbrios da economia e da política internacional. Numa indústria onde a globalização é expressa de um modo literal, a versatilidade e a inovação assumem-se como vetores decisivos para o reforço de uma competitividade que, em última análise assenta na implementação e cumprimento de rigorosos requisitos, orientados para a melhoria contínua, tendo em vista a otimização do funcionamento do estaleiro e a satisfação dos clientes que recorrem aos serviços da Lisnave.
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s reparações navais Para o efeito, a gestão da Lisnave apostou, ao longo dos últimos anos no desenho e concretização de vários sistemas dedicados ao aperfeiçoamento de processos e procedimentos considerados estratégicos, como a qualidade, o ambiente, a proteção e a segurança, higiene e saúde no trabalho, assumindo-se no total controlo e monitorização dos numerosos sistemas produtivos em que se desdobra a atividade da empresa. Neste contexto, foram definidos critérios próprios, cuja exigência normalmente ultrapassa o estipulado por instituições oficiais. A introdução e consolidação destas rotinas levaram a que, de modo natural os serviços da empresa viessem a ser certificados, ficando assim patente também por esta via, o vanguardismo com que a Lisnave entrou no século XXI. Atualmente a Lisnave tem cerca de 300 trabalhadores efetivos, sendo no entanto assistida por uma bolsa de prestadores de serviço que ronda os 2000 colaboradores. No ano de 2012 foram reparados 101 navios oriundos de sessenta clientes de 23 países. Apesar da conjuntura mundial pouco favorável à atividade de reparação naval, a Lisnave conseguiu manter um interessante nível de trabalho, tendo incluído reparado o mesmo número de navios do anotransato. Singapura, com vinte e dois navios e a Grécia com quinze, são os países com mais navios reparados nos estaleiros da Mitrena, ao longo de 2012. O Chipre com dez navios, o Japão com nove, a Dinamarca com sete e a Alemanha com cinco, outros países a destacar são a Espanha, os Estados Unidos e a Noruega, com quatro navios cada.
Efetivamente, sendo, procurada por clientes de todo o Mundo, a Lisnave exporta cerca de 97 por cento dos seus serviços, cujas vendas ultrapassam os 110 milhões de euros anuais, com um Valor Acrescentado Nacional de cerca de 95 por cento, fazendo da Lisnave uma das empresas que, percentualmente mais contribuiu para a riqueza nacional. Ao mesmo tempo, assegurando trabalho de elevada qualificação a cerca de 2.500 trabalhadores, o estaleiro em Setúbal constitui a base da economia familiar de cerca de dez mil pessoas. Operando essencialmente no mercado global, a Lisnave prossegue uma política de fidelização dos seus clientes, sem deixar, em simultâneo de procurar atrair novas oportunidades. Outra aposta da Lisnave é a continuação do chamado “repeated business”, ou seja, diversos clientes de todo o mundo que continuam a confiar a responsabilidade da reparação/manutenção dos seus navios aos estaleiros da Mitrena, reconhecendo assim, a qualidade do trabalho desenvolvido. Devido ao know-how acumulado e reconhecido pelos clientes, a Lisnave aposta na reparação de vários tipos de navios, mas continuam a ser os segmentos tradicionais que contribuem de forma mais significativa para o total da atividade, nomeadamente os petroleiros. Em 2012, reparou 66 petroleiros, contudo é de mencionar os trabalhos realizados em doze graneleiros e dez porta-contentores. Em suma uma visita constante das imediações do Estaleiro, são as roazes corvineiros, para quem os navios de grande porte representam uma companhia agradável, sendo vulgar vê-los brincar à proa dos mesmos.
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“A relação do país com o Mar é fundamental para o desenvolvimento do país” ENTREVISTA DE JOÃO PIMENTA LOPES, DIRETOR DA MÚTUA DOS PESCADORES, AO PAÍS POSITIVO possibilidade do reforço do capital social da MP por via do associativismo, através da subscrição de títulos de capital, bem como benefícios de ordem fiscal consagrados no Código Cooperativo. É importante referir que nos últimos anos, os benefícios fiscais justamente atribuídos ao setor cooperativo têm vindo a ser adulterados, não reconhecendo atualmente o Estado, praticamente qualquer diferença entre uma cooperativa e uma sociedade comercial, em muitas das atividades. Na perspetiva associativa, o modelo cooperativo permitia o reforço de práticas já bem arreigadas na MP. A sua democracia interna, a gestão da instituição por corpos eleitos, a responsabilização dos seus associados, agora cooperadores, a aposta na sua formação, a prestação de serviços que vão de encontro àquelas que são as reais necessidades dos seus cooperadores e utentes.
João Pimenta Lopes, Diretor da Mútua dos Pescadores
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uando surge a Mútua dos Pescadores e quais os motivos subjacentes à criação desta seguradora? Compreender esta organização, distinta no setor segurador, impõe um enquadramento histórico que não se pode resumir à sua constituição. A Mútua dos Pescadores (MP) foi constituída em 1942, por iniciativa do Almirante Henrique Tenreiro, a par das Mútuas do Arrasto, do Bacalhau e da Sardinha, organizações de cariz corporativo ligadas aos respetivos Grémios de Armadores. A MP não se encontrava ligada a qualquer Grémio, estando antes orientada para garantir cobertura, preferencialmente, às embarcações e pescadores da pequena pesca artesanal. Era a seguradora para os “pescadores sem patrão”. Com o 25 de Abril, as organizações corporativas são desmanteladas, Mútuas e Grémios de Armadores transformam-se em associações de classe geridas pelos seus associados. Tal processo permitiu à Mútua dos Pescadores as condições necessárias ao seu desenvolvimento e democratização. A estrutura da MP cresce, consolida-se economicamente e descentraliza a atividade afirmando-se territorialmente em todo o país, fruto de um trabalho de estreita proximidade com as comunidades piscatórias e demais segurados, encontrando aí os seus dirigentes associativos, que desde então têm vindo a assumir as mais diversas responsabilidades nos seus órgãos sociais. Com a absorção da Mútua da Sardinha em 1994, e a extinção das Mútuas do Bacalhau e do Arrasto, a mais pequena das Mútuas, no seu início, é hoje o interlocutor vivo dessa memória histórica. Hoje, a MP é uma instituição universalista que dá cobertura a pequenas e grandes embarcações,
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armadores, trabalhadores por conta própria e por conta de outrem, olhando a todos com os mesmos direitos e deveres associativos. No ano passado a Mútua dos Pescadores celebrou o seu 70º Aniversário, que coincidiu com o Ano Internacional das Cooperativas. Para honrar a história da Mútua e projetar os próximos 70 anos, a Mútua marcou a efeméride com uma edição especial da sua Revista Marés e com a edição de um livro da autoria do conceituado historiador Álvaro Garrido, que conta a história da MP desde a sua génese aos tempos mais recentes. Em 2004, a Mútua dos Pescadores transformou-se na primeira e única cooperativa portuguesa de consumidores de seguros. Qual a razão desta mudança e de que forma esta mudança beneficia os utentes? A ideia da adopção da forma cooperativa surge com naturalidade, sendo o próprio legislador a apontá-la às mútuas de seguros. A tradição europeia da Economia Social de Mútuas no ramo segurador apelida estas instituições de mútua de seguros, mas reveste-as da forma cooperativa ou da forma mutualista, conforme os países. Por outro lado, seria difícil em Portugal, face à ausência de estruturas similares, criar sinergias e dinâmicas associativas ou federativas. De forma natural e pesando razões do foro associativo, financeiro e fiscal, iniciou o seu processo de transição para o modelo cooperativo. A adopção da forma cooperativa permitiria à MP a integração numa dinâmica social de maior expressão: o movimento cooperativo. Foram identificados alguns potenciais benefícios económicos, que passavam pela
Enquanto cooperativa, o core business da Mútua dos Pescadores mantém-se inalterado? A Mútua dos Pescadores, é uma seguradora que emana da Pesca desde a sua génese. Este importante setor produtivo nacional, continua a ter uma expressão muito significativa na vertente comercial da MP, correspondendo a cerca de 70% da produção. Para que a MP possa continuar a ser a seguradora de referência na Pesca, um setor que infelizmente se encontra em definhamento, é um imperativo que alargue horizontes. Por esse motivo surgiram outros vetores estratégicos, a náutica de recreio e a marítimo-turística, as comunidades ribeirinhas e o setor cooperativo e social. Mas não devemos ficar estagnados e devemos, além de desbravar caminho nestes três vetores, estar atentos e ser oportunos na definição de novas frentes de exploração comercial, que garantam que a MP se mantenha com os elevados níveis de sustentabilidade e solvabilidade que lhe são conhecidos. “É também objetivo estratégico assegurar uma plataforma de seguros para o setor cooperativo e social”. De que forma pretendem dar corpo a este objetivo? A consagração desse objetivo definido, não poderá ser alcançado exclusivamente por ação da MP. O estabelecimento de uma ampla rede de contactos institucionais, a comunicação direta com os diversos atores do movimento cooperativo e social, a caracterização de realidades e necessidades do setor, que é tão amplo e abrangente com milhares de entidades e dezenas de áreas de intervenção, o estabelecimento de sinergias colaborativas, no fundo, a aplicação de um dos princípios fundamentais do Cooperativismo, a Intercooperação, será condição fundamental para que o nosso desejo se possa constituir uma realidade efetiva e consagrada no setor. Por outro lado, não efetuando a MP seguros
de todos os ramos, apoia-se na mediadora Ponto Seguro, que faz parte do seu grupo, para poder oferecer toda a gama de coberturas necessárias a qualquer atividade ou entidade. A formação desempenha aqui um papel fundamental, como serviço de apoio aos utentes? A formação, como referem, é fundamental. E procuramos implementá-la a três níveis. Aos utentes, com vista à aquisição de conhecimentos que, no potenciar da melhoria das capacidades e condições de segurança, contribuam para a redução de sinistros e da sua gravidade. No plano interno, formando os trabalhadores quer no plano técnico, quer no sentido de melhor apreenderem os valores cooperativos, contribuindo para uma abordagem direcionada e alicerçada em objectivos que não são exclusivamente comerciais. No plano dos cooperadores e dos seus órgãos sociais, onde deveremos projetar ações que garantam o alargamento da sua participação e responsabilização, reforçando a sua formação cooperativa, para que possamos continuar a projetar no futuro uma Mútua dos Pescadores solidária. No setor do cooperativismo, as parcerias e ações conjuntas são uma mais-valia. Neste sentido, a Mútua dos Pescadores possui alguma parceria de relevo ou algum projeto neste âmbito? Com a transição para o modelo cooperativo, estreitou-se também a ligação às instituições da Economia Social, tal como é consagrada na Constituição da República Portuguesa. A ligação mais evidente terá sido às Cooperativas de Consumidores, através da FENACOOP, na qual a Mútua se filiou, mas não só. A MP mantém relações institucionais com outras áreas da economia social, mas é oportuno referir protocolos de colaboração com a FENACERCI (cooperativas de solidariedade social) e instituições mais próximas do setor. Nesse sentido temos protocolos estabelecidos com a Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, com cooperativas de diversos setores, com Federação Nacional de Voluntários em Saúde, clubes náuticos e a Marinha Portuguesa. e com muitas outras entidades da Economia Social. Sendo uma seguradora especializada em seguros para profissionais, a Mútua encara a aposta no Mar como factor estratégico para Portugal com bons olhos? Diríamos mais. Diríamos que a relação do país com o Mar é fundamental para o desenvolvimento do país, por oposição às políticas efetivas que têm vindo a ser seguidas de virar as costas a este manancial, embora com um discurso de sinal contrário. A definição do Mar como vector estratégico do país é acertada e um imperativo. Mas a exclusiva
ATRATIVIDADE E COMPETITIVIDADE DO MAR / ECONOMIA SOCIAL
definição deste princípio não serve de nada se apenas figurar no papel. O tão propalado alargamento da ZEE de pouco servirá o país se não se dinamizar a economia para a exploração do potencial que todo esse vasto território pode proporcionar. Mas para isso a pesca tem que ser dinamizada, temos que voltar a investir na marinha de comércio nacional, temos que apoiar a construção e reparação naval, temos que aproveitar as óptimas condições para as atividades marítimo-turísticas e todas as atividades de lazer e de desporto no mar. E naturalmente ir desenvolvendo capacidade para que novas atividades económicas possam surgir, como seja o aproveitamento energético e de recursos minerais hoje ainda mal conhecidos, mas que estas novas atividades a revelarem-se viáveis que sejam desenvolvidas em condições de favorecer a economia e a sociedade portuguesa. A referência ao Mar como potencial maior do país vem dos descobrimentos. A diferença para os dias de hoje, é que então olhámo-lo de frente e navegámo-lo. Hoje, parece-nos, que apenas o miramos… Já se sente uma efetiva aposta no mar e, consequentemente, na existência de mais investimento no setor? Refere-se ao setor das Pescas? No setor das pescas o investimento que tem sido feito nos últimos 30 anos tem sido no seu depauperamento, na redução da sua capacidade produtiva. Em 50 anos, o setor perdeu 30 mil postos de trabalho diretos. Se alargarmos isto a outros sectores produtivos
que orbitam a pesca, o setor transformador por exemplo, juntaremos, seguramente, mais algumas dezenas de milhar de postos de trabalho. E essa redução, só em parte se ficará a dever aos avanços tecnológicos. Numa perspetiva mais ampla. Têm sido feitos alguns investimentos, sobretudo na vertente do transporte de cargas. O mais expressivo será talvez o complexo de Sines. Mas a aposta no mar tem que ser mais ampla. Não podemos encarar o mar como uma fonte potencial de desenvolvimento de forma desintegrada e sem a perspectiva do aumento da produção nacional. Pensemos nos estaleiros navais, a qualidade inatacável tecnológica e profissional dos seus recursos humanos e o quanto estão desaproveitados. E como podemos potenciar determinados sectores destes sem ter na retaguarda outros como a siderurgia, a metalurgia, o setor transformador, que já referi, entre outros. Quais os projetos de relevo a serem desenvolvidos durante o ano de 2013? No final de 2013, e início de 2014, concluiremos o projeto de formação “Salva-vidas”, direcionado ao setor da pesca profissional, com ações de formação dispersas pelo país que abordarão áreas da segurança e da saúde. Por outro lado, estamos a preparar um novo projeto “COAST LIGHTS” que dará continuidade a um anterior já concluído, o “MARLEANET”. Este projeto, que se propõe explorar áreas não identificadas no anterior, nomeadamente a criação de produtos que respondam
a necessidades prementes quer de organizações que chamam a si a responsabilidade de formação quer de utilizadores finais, aposta forte e novas abordagens de formação, nomeadamente através de e-learning e b-learning. Mas há outros desafios associativos a dar resposta. Não só para este ano, mas para todo o mandato dos órgãos sociais recém-eleitos, o reforço do número de cooperadores é um objectivo marcante. Também nesta área, será importante definir as formas de dinamização cooperativa, alargando o leque de cooperadores ativamente envolvidos, dando mais contributos para que se possa reforçar a MP na sua vertente colectiva. A Comunicação e Informação é outra área a que a MP está a dar muita relevância. A melhoria na sua já consagrada revista MARÉS, a aposta em novas formas de comunicação, com ferramentas como a Newsletter ou o interface de comunicação que o Facebook permite, são apostas que estão a ser trabalhadas com vista a chegar aos cooperadores e segurados de forma constante e consequente. Em termos futuros, quais as perspetivas para o setor e de que forma irá a Mútua dos Pescadores encarar os desafios? A fazer fé nos indicadores que temos, e das políticas que vêm sendo tomadas, o futuro para o setor da pesca não parece muito risonho. Mas aqueles que trabalham diariamente no setor, e as suas organizações, de classe ou de setor, poderão e deverão ter uma palavra a dizer para a garantia de
um futuro sustentável e de desenvolvimento, um futuro de garante de produção adequada às necessidades do país e de melhoria das condições de trabalho e de vida dos que dependem diretamente do Mar. A Mútua cá estará sempre para servir o setor de forma ponderada e responsável, em permanente e viva interação com todos os outros atores. A superação dos desafios que se colocam à MP, passará, seguramente, pelo que já falámos. O reforço dos diversos vetores, o alargamento a outras áreas de exploração, o reforço da dinâmica cooperativa… Gostaria de deixar alguma mensagem aos nossos leitores? Seguramente. Nos tempos difíceis que vivemos, uma palavra de esperança e de apelo à resistência face às contrariedades que têm vindo a ser impostas à população em geral. E que possam despertar para a validade e necessidade do modelo cooperativo como ferramenta, ela própria, de resistência, de resposta às carências das populações, das comunidades, do individuo. A Economia Social, onde se enquadra o modelo cooperativo, é parte da resposta a dar face ao enquadramento político que vivemos. Uma resposta solidária, colectiva, de valorização do bem comum como forma de valer a todos, uma resposta de envolvimento democrático dos cidadãos, que mutualiza os esforços e os riscos para garantir o sucesso dos projetos a implementar. Este é o momento de afirmação da Economia Social. Sejamos ousados, solidários e disponíveis para a construção de futuros comuns!
“Um novo modelo da organização económico-social que emergirá da crise” A COOPERATIVA ANTÓNIO SÉRGIO PARA A ECONOMIA SOCIAL ( CASES ) CONSTITUI - SE COMO UMA PARCERIA ENTRE O PODER PÚBLICO ( O ESTADO ) E AS MAIS RELEVANTES ENTIDADES PRIVADAS DA ECONOMIA SOCIAL. EM ENTREVISTA AO PAÍS POSITIVO, EDUARDO GRAÇA, PRESIDENTE DA INSTITUIÇÃO, FAZ UM RESUMO DA ATIVIDADE DA CASES E APONTA A SUA VISÃO SOBRE ECONOMIA SOCIAL, DO CONCEITO À PRÁTICA.
O
Eduardo Graça
que é a Economia Social e qual a visão de Eduardo Graça sobre esta matéria? O termo Economia Social que, em diversos países, pode assumir múltiplas designações, como “Terceiro setor”, “setor não lucrativo”, “economia social e solidária”, “economia alternativa” e tantas outras expressões, corresponde à dinâmica gerada por um conjunto de organizações cuja atividade e sentido de existência reside, sobretudo, nas pessoas e na utilidade social. A Constituição da República Portuguesa, no artigo 82º, prevê a existência de três setores de propriedade dos meios de produção: o setor privado, o setor público e o “setor cooperativo e social”. A Economia Social, ao incluir entidades tão heterogéneas como Cooperativas, Mutualidade, Misericórdias, Fundações e Associações, está, genericamente, equiparada a este “setor cooperativo e social”. A Economia Social é um “Conjunto de empresas privadas, organizadas formalmente, com autonomia de decisão e liberdade de adesão, criadas para satisfazer as necessidades dos seus membros através do mercado, produzindo bens e serviços,
assegurando o financiamento, onde o processo de tomada de decisão e distribuição de benefícios ou excedentes pelos membros não estão diretamente ligados ao capital ou quotizações de cada um, correspondendo a cada membro um voto. A Economia Social agrupa também as entidades privadas organizadas formalmente, com autonomia de decisão e liberdade de adesão, que produzem serviços não mercantis para as famílias e cujos excedentes, quando existem, não podem ser apropriados pelos agentes económicos que os criam, controlam ou financiam”. Esta definição não tem em consideração nem critérios jurídicos, nem administrativos, centrando-se na análise do comportamento dos atores da Economia Social, assim como na procura de semelhanças e diferenças entre os próprios atores e entre estes e os outros agentes económicos. Tem ainda em consideração os princípios históricos, bem como os valores próprios da Economia Social. É, por conseguinte, uma definição que tem um amplo consenso científico e que permite quantificar e tornar visível, de forma homogénea e harmonizada internacionalmente, alguns agregados
das entidades pertencentes à Economia Social. Foi o conceito adotado na recém-publicada Conta Satélite da Economia Social (CSES) resultante de uma parceria entre a CASES e o INE. Do conceito anterior é possível inferir sobre as principais características das entidades da Economia Social: São entidades privadas com personalidade jurídica e autonomia de decisão; têm liberdade de adesão e os benefícios ou excedentes, quando existem, são distribuídos em proporção da atividade (e não do capital) que os membros realizam. A atividade económica desenvolvida visa a satisfação de necessidades de pessoas e famílias e são organizações democráticas e de utilidade social. Quais os desafios que se apresentam, neste momento, à economia social? Os desafios têm que ser enquadrados num processo em movimento que está e decorrer com coerência nos últimos três anos. Os principais desafios, em síntese, podem identificar-se como o desafio institucional que consiste na consolidação e aperfeiçoamento da CASES e do Conselho Julho 2013
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Sessão de apresentação da Conta Satélite da Economia Social
Nacional para a Economia Social (CNES) - órgão de consulta do governo; o desafio legal que decorre da aprovação da Lei de Bases da Economia Social (LBES), que entrou em vigor no passado dia 8 de junho de 2012, e que exige, além de outras ações de regulamentação, a reforma de legislação ordinária do setor da economia social; o desafio estatístico que consiste na elaboração da CSES, conforme previsto naquela lei de bases. Considero ainda, como grande desafio do movimento da economia social, em Portugal, o amadurecimento do movimento associativo, aglutinando energias na diversidade, densificando o debate, estimulando a academia, formando os práticos, entrosando os protagonistas, criando sinergias entre os mundos do saber e do fazer, tendo em vista abrir à renovação de ideários sem perda na fidelidade a valores e princípios distintivos, em suma, fazer mudança. Por um conjunto de razões torna-se necessário, e urgente, estruturar um debate alargado acerca do papel e futuro da economia social no qual participem os protagonistas das organizações que a integram, audível em toda a sociedade portuguesa, tendo em vista promover o seu reconhecimento a todos os níveis e a sua projeção externa com especial incidência no mundo lusófono. Um novo modelo de gestão, menos capitalista e mais social, sairá desta crise. Estarão as instituições capacitadas para fazer face a novos paradigmas? Os tempos de crise estimulam e fazem crescer o interesse das sociedades e organizações pelo tema da economia social e do empreendedorismo, seus princípios e valores, em que avultam os da democracia, da liberdade e da intercooperação. Em Portugal, não há sinais de abrandamento da parte de qualquer dos poderes, incluindo o governo em funções, de interesse pelo setor e pelo tema em toda a sua extensão e complexidade. No seu conjunto, a economia social, em Portugal, constitui uma rede, densa e diversificada, implantada ao longo de todo o território nacional, constituindo-se como um poderoso movimento que gera emprego e coesão social, cria riqueza e exerce um papel preponderante, real e potencial, no fomento da integração social e da regeneração de territórios que têm vindo a ser esvaziados de população e de equipamentos. São mais de 55000 entidades, responsáveis por 2,8 por cento do VAB e de 5,5 por cento do emprego remunerado total.
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As questões que se debatem nos centros de poder europeu, e global, devem-nos interessar, em particular, as que respeitam à definição de conceitos inovadores, como o de empresa social, com redobrada atenção ao surpreendente interesse, ou talvez não, atribuído aos méritos dos princípios mutualistas, e aos princípios do bem comum, pela empresa capitalista, e seus ideólogos, e sem demérito para a história, e papel, do capitalismo no desenvolvimento da humanidade ao qual no meu pensamento a economia social, ao contrário do que alguns defendem, não se constitui como alternativa global mas tão-somente como parceira, numa confluência de valores e princípios diversos que, estrategicamente, confluirão num novo conceito de organização no qual o económico não capturará o social nem o social condicionará o económico. Como afirmei antes, as organizações da economia social portuguesas têm que encarar os desafios do futuro de forma positiva, ganhar escala em cada um dos seus subsetores, eficiência e eficácia, adotando, sem prejuízo da fidelidade aos seus princípios, uma gestão profissional que lhes permita adotar com sucesso estratégias nas quais a sustentabilidade terá um papel cada vez mais relevante. Qual o papel da CASES em todo o processo? No âmbito das reformas na área social, no decurso do ano de 2010, foram criadas duas organizações que correspondem a um novo modelo de relacionamento do Estado com as organizações da economia social: a Cooperativa Antonio Sérgio para a Economia Social (CASES), que sucedeu ao Instituto António Sério do setor Cooperativo (INSCOOP), e o Conselho Nacional para a Economia Social (CNES), órgão de consulta do governo para as questões da economia social. Esta recente reforma institucional enceta um caminho de mudança profunda no relacionamento entre o poder público, a economia social, e suas organizações, representando a assunção pelo estado da importância política e relevância económica e social deste setor em coerência com a Constituição da República que consagra o “sector cooperativo e social” ao mesmo nível de dignidade dos sectores privado e público (art.º 82º). A Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES) constitui-se como uma parceria entre o poder público (o Estado) e as mais relevantes entidades privadas da economia social. A CASES assumiu, assim, a forma jurídica de régie
Edição da ICN, no âmbito do protocolo com a CASES
cooperativa – cooperativa de interesse público – na qual se associaram o Estado e na fase inaugurar, encetada a partir de 7 de junho de 2010, seis organizações privadas: CONFECOOP, CONFAGRI, ANIMAR, CNIS, UMP e UMP. O papel da CASES tem sido, desde o início, o de um “lugar de encontro”, ou dito de forma mais institucional de “concertação” entre o estado e as organizações da economia social. Quais os programas que se encontram no ativo e que, de certa forma, promovem a economia social? Os programas da economia social, nas suas diversas frentes, que estão no terreno são vocacionados para o fomento da economia social. Destaco o programa SOCIAL INVESTE – uma linha de crédito no valor de 12,5 milhões de euros; o programa COOPJOVEM destinado a contribuir para o combate ao desemprego jovem através do fomento da criação de cooperativas por jovens entre os 18 e os 30 anos e, no caso das cooperativas agrícolas, até aos 40 anos; o Programa Nacional de Microcrédito (PNMC) destinado a promover negócios viáveis com acesso ao crédito e, entre muitos outros, o desenvolvimento de iniciativas
de promoção da economia social através da criação de redes de cooperação entre as diversas famílias da economia social através e iniciativas nas áreas da formação para dirigentes, da interação com entidades públicas e privadas estabelecendo acordos de colaboração assim como plataforma digitais, de que é exemplo o Portal ZOOM. Como encara o futuro? Quais os desafios que se afiguram? Em duas palavras, por entre todas as dificuldades e desafios dos tempos conturbados que estamos atravessando, tenho a profunda convicção de que os valores e princípios da economia social, de que destaco a cooperação e a solidariedade, serão incorporados de forma efetiva, num novo modelo da organização económico-social que emergirá, no futuro, da atual crise. Quero crer que os ventos da história correm a favor de uma mudança que tornará mais fortes, no futuro, os que hoje dão a aparência de ser mais fracos, o que quer dizer, que o trabalho, em prol do fomento das organizações da economia social, seja qual for a sua natureza jurídica, frutificará, contribuindo para a construção de uma futura sociedade mais justa e fraterna.
Sessão de apresentação da Conta Satélite da Economia Social com Marco António Costa, Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social
ECONOMIA SOCIAL
“O cooperativismo tem que afirmar a sua modernidade pela sua própria capacidade de inovação e de resposta aos desafios que as novas gerações colocam” ENTREVISTA A JERÓNIMO TEIXEIRA, PRESIDENTE DA CONFECOOP - CONFEDERAÇÃO COOPERATIVA PORTUGUESA As cooperativas são a nível mundial a família mais desenvolvida da Economia Social com mais de mil milhões de membros, mais de cem milhões de trabalhadores (isto é, mais do que as multinacionais) e só as trezentas maiores cooperativas representam uma economia semelhante à de Espanha, ou seja a décima economia mundial e têm dado provas de resistir melhor aos efeitos da crise. Vejamos o que diz a Aliança Cooperativa Internacional – ACI, na sua mensagem para o Dia Internacional das Cooperativas, celebrado em todo o Mundo no dia 6 de julho de 2013: “Os modelos empresariais detidos por investidores sofrem hoje uma crise de insustentabilidade económica, social e ambiental, enquanto o modelo cooperativo demonstrou por diversas vezes e de novo uma grande resiliência em tempos de crise. A crise financeira foi um exemplo épico dos perigos de valorização dos ganhos de curto prazo sobre a viabilidade a longo prazo. A crise global que enfrentámos deriva de um modelo de negócio que põe o retorno financeiro à frente das necessidades humanas; um modelo que procura privatizar ganhos, mas socializando as perdas.”
Jerónimo Teixeira
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Economia Social está na base da atividade da Confecoop. Enquanto presidente da Confecoop e interveniente ativo nesta dinâmica, qual a sua visão do atual panorama do estado da Economia Social e do cooperativismo? A Economia Social não é uma ilha isolada e por isso é condicionada pela realidade em que as sociedades vivem, pela mais profunda crise global a que o capitalismo financeiro conduziu a Humanidade. Mas, porque a Economia Social assume um caráter não lucrativo e se rege por princípios e valores universais centrados na pessoa humana, foi menos afetada do que o setor capitalista e o setor público.
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“É BOM QUE NÃO SE ESQUEÇA QUE AS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO QUE HOJE CONSTITUEM A ECONOMIA SOCIAL SÃO MUITO MAIS ANTIGAS E PERENES QUE A EMPRESA CAPITALISTA, QUE APENAS VEM DOS ÚLTIMOS DOIS SÉCULOS”
Qual tem sido a dinâmica da Confecoop nesta matéria? Em que áreas de atuação concretiza a atividade desenvolvida pela Confecoop? A CONFECOOP - Confederação Cooperativa Portuguesa, organiza as cooperativas de todas as áreas com exceção do setor agrícola e neste momento assenta a sua base orgânica em três Federações de Cooperativas, FENACOOP (consumidores), FENACHE (habitação) e FENACERCI (solidariedade social). Porém, em breve, os seus estatutos permitirão que cooperativas de primeiro grau e uniões, sem organização federativa, não só se inscrevam diretamente na Confederação, como participem enquanto membros de pleno direito em toda a sua vida. Esta é a resposta para dar expressão organizativa a centenas de cooperativas que se encontram mais isoladas do Movimento Cooperativo, procurando que as suas especificidades e necessidades, ganhem outra visibilidade e expressão nos muitos fóruns em que a CONFECOOP tem espaço. Sem ser exaustivo lembro que a CONFECOOP é membro do CES – Conselho Económico e Social, CNES – Conselho Nacional para a Economia Social, CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, ACI – Aliança Cooperativa Internacional,
“O QUE CERTAMENTE DISTINGUE DUMA FORMA RADICAL A EMPRESA COOPERATIVA OU SOCIAL DA EMPRESA CAPITALISTA, PORQUE SÃO DE NATUREZA DISTINTA, É QUE ENQUANTO A PRIMEIRA VISA RESPONDER A NECESSIDADES DAS PESSOAS, A SEGUNDA TEM COMO OBJETIVO O LUCRO PARA REMUNERAR O CAPITAL. NA PRIMEIRA O CAPITAL É INSTRUMENTAL, NA SEGUNDA É A SUA RAZÃO DE SER”
Cooperativas Europa e ESMED – Rede Euro-Mediterrânea da Economia Social, com participação ativa em todos estes órgãos. A intervenção na defesa de uma fiscalidade adequada para as cooperativas com diferenciação positiva, dando cumprimento ao estatuído na Constituição da República Portuguesa - CRP e a medidas financeiras, de crédito e de apoio técnico como também determina a CRP, tem sido uma linha permanente da nossa atuação e que bem se justifica em face das medidas que sucessivos governos têm vindo a tomar. O conceito de Economia Social está cada vez mais na ordem do dia, em muito propiciado pela atual conjuntura socioeconómica. Contudo, entidades como a Confecoop estão envolvidas nesta matéria há já largos anos. É um despertar tardio de consciências para a relevância do papel da Economia Social? Ainda há trabalho para fazer neste âmbito? Há sempre trabalho para fazer, até porque na fase de produção capitalista, em que vivemos, é naturalmente dominante a empresa capitalista. Mas é certamente interessante que teóricos, como temos visto nos tempos mais recentes, comecem a interrogar-se sobre se a Economia Social é uma alternativa. Ninguém tem a resposta, porque só conhecemos a história do passado,
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mas é o Homem com o seu pensamento e ação que faz o devir, a eterna mudança do ontem ser diferente do hoje. No seu entender, quais são as mais-valias da Economia Social e do cooperativismo? É bom que não se esqueça que as formas de organização que hoje constituem a Economia Social são muito mais antigas e perenes que a empresa capitalista, que apenas vem dos últimos dois séculos. Há áreas da Economia Social em que a empresa capitalista simplesmente não atua, mas em muitas áreas, nomeadamente onde atuam a grande maioria das cooperativas, os produtos ou os serviços podem ser comparáveis. Mas o que certamente distingue duma forma radical a empresa cooperativa ou social da empresa capitalista, porque são de natureza distinta, é que enquanto a primeira visa responder a necessidades das pessoas, a segunda tem como objetivo o lucro para remunerar o capital. Na
primeira o capital é instrumental, na segunda é a sua razão de ser. E não se confundam excedentes que a empresa cooperativa tem que ter, nomeadamente para reinvestimento, mas também para remunerar a atividade cooperativizada (trabalho, produtos), com lucro (remuneração de capital). Isto faz toda a diferença, porque daí decorrem princípios e valores bem distintos e práticas que caracterizam cada um dos campos. Quais devem ser os principais eixos de desenvolvimento e consolidação da Economia Social, e em concreto do cooperativismo? O cooperativismo tem que afirmar a sua modernidade pela sua própria capacidade de inovação e de resposta aos desafios que as novas gerações não deixarão de colocar e nunca pela deficiente cópia das soluções que a empresa capitalista vai assumindo e impondo à laia de modelo e pensamento único (ideologia), ainda que dominante no presente.
“AS COOPERATIVAS SÃO A NÍVEL MUNDIAL A FAMÍLIA MAIS DESENVOLVIDA DA ECONOMIA SOCIAL COM MAIS DE MIL MILHÕES DE MEMBROS, MAIS DE CEM MILHÕES DE TRABALHADORES”
Animar – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local “A ECONOMIA SOCIAL VISA A CRIAÇÃO DE RIQUEZA E DE MAIS -VALIAS QUE POTENCIEM O DESENVOLVIMENTO LOCAL”
“A
Eduardo Figueira
Economia Social tem como grande finalidade a agregação de competências, para dar resposta a necessidades sociais e, desta forma, criar riqueza e mais-valias que potenciem o desenvolvimento local. Em Economia Social a riqueza decorre daquilo que for criado no local, das necessidades que forem satisfeitas e dos problemas sociais que forem resolvidos”, salienta Eduardo Figueira, presidente da ANIMAR - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local. Esta associação, que este ano completa 20 anos de atividade, congrega 80 associações e cerca de cem indivíduos, numa rede que abrange todo o território nacional. “A ANIMAR é uma rede composta por indivíduos, associações, cooperativas, mutualidades e IPSS, tendo como traço comum a promoção do desenvolvimento das comunidades, dos territórios, promovendo a qualidade de vida das populações e a igualdade de oportunidades. O núcleo técnico central tem como papel principal o de ser um agente facilitador da promoção do desenvolvimento a nível local, através da atuação dos seus associados. A ANIMAR incentiva ainda o estreito relacionamento, fomentando a atuação em parceria com as autarquias e o poder local, uma vez que em termos de entidades públicas, estas são aquelas que estão mais perto dos cidadãos”, explica Eduardo Figueira. Desta forma, as associações promovem e executam estratégias de desenvolvimento local, utilizando incentivos, nomeadamente o PRODER, ou outros programas, ajudando os promotores
a desenvolver os seus próprios projetos a favor do território e da comunidade, que podem ser de Economia Social, autarquias locais ou ligadas a micro empresas, sempre dentro de uma estratégia de desenvolvimento local, tendo uma visão de futuro para determinado território, envolvendo a participação da comunidade. No terreno, a ação da ANIMAR concretiza-se em torno de projetos concretos. “Estamos neste momento a terminar três projetos. Um deles, que diz respeito às “Aldeias Sustentáveis”, envolve um contacto de proximidade com o país real para, através do contacto com os habitantes locais, saber que fórmulas e estratégias eles têm para manter as aldeias sustentáveis. Algumas aspetos apresentados vieram ao encontro das nossas ideias, ao mesmo tempo que surgiram ideias complementares. Neste momento está a ser divulgado por vários sítios o programa mínimo de sustentabilidade de uma aldeia, tendo a Animar já sido contactada por várias entidades que souberam deste projeto e que nos pediram para o divulgar nessas localidades. Temos outro projeto ligado à dinâmica do mundo rural, que visa olhar para a população local e aproveitar toda a atividade que existe na localidade para promover o desenvolvimento local. Por último, temos o projeto “À descoberta do Mundo Rural”. Atualmente, o mundo rural não é o mesmo que era há duas décadas atrás, tem vindo a transformar-se e temos que saber qual a sua realidade atual. Há questões como a sociabilidade, a vizinhança, a ajuda mútua, que se mantêm e que é natural nos meios Julho 2013
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mais pequenos, mas há aspetos que mudaram, como, por exemplo, a questão da faixa etária dos residentes, em que há um claro envelhecimento populacional, devendo tornar isto num aspeto positivo, que deverá passar pelo desenvolvimento humano das pessoas de uma forma ativa, em que os idosos possam ser proveitosos para as novas gerações e vice-versa. Ultimamente, tem-se verificado um retorno, ou aquilo a que eu chamo um refúgio, dos jovens para a terra. O desafio que aqui se põe, e que o poder local e central tem que enfrentar, é o de conseguir fixar estes jovens, criando oportunidades para que isso aconteça. Caso contrário, na falta de uma política de fixação dos jovens, poderá perder-se uma oportunidade de desenvolvimento e rejuvenescimento das localidades do interior do país”, destaca Eduardo Figueira. Neste âmbito, “a ANIMAR, no desenvolvimento da sua atividade, está empenhada em dar o seu contributo para que isso não aconteça. É preciso que os jovens se fixem no meio rural porque é preciso que haja população para gerar uma dinâmica que leve à sustentabilidade desses locais e isto só se pode fazer se existir uma estratégia de desenvolvimento a nível local, num município ou entre um conjunto de concelhos. Esta estratégia deve ser participada pela população local, que nem sempre tem os instrumentos técnicos para desenvolver estas estratégias e é neste ponto que entram os nossos associados. Defendemos uma estratégia de plurifundos, multisetorial e plurianual. O desenvolvimento faz-se concertando e complementando as naturezas
dos diversos fundos”, acrescenta. Da colaboração com a CASES - Cooperativa António Sérgio para a Economia Social – resultam ainda outras iniciativas, de que é exemplo o programa COOPJOVEM, que pretende fomentar e dinamizar cooperativas criadas por jovens. “É um setor importante, com inúmeras oportunidades e no qual se deve apostar. Neste âmbito, vamos lançar o Dia da Cooperativa para chamar a atenção dos jovens para as vantagens da criação de uma cooperativa”, ressalta. No âmbito da cooperação com a CASES, há ainda o programa Social Investe, que é uma linha de crédito criada para apoiar a implementação de projetos criado ao abrigo do programa COOPJOVEM. A nível interno, os novos projetos da ANIMAR passam pela modificação da orientação estratégica da implementação e desenvolvimento dos seus projetos. “Os projetos devem ser promovidos pela rede, numa perspetiva descentralizada. Damos preferência a que sejam os nossos associados a tomar a iniciativa de realização de projetos, complementando as suas competências, contando com o apoio da estrutura central. A direção da Animar pretende percorrer o território nacional para conversar com os seus associados e assim perceber as suas necessidades e as expectativas que têm da unidade técnica da direção”, afirma Eduardo Figueira. Por outro lado, o conhecimento será posto à disposição das localidades, fazendo a divulgação e capitalização do conhecimento adquirido, para que este possa ser incorporado nas suas próprias estratégias.
“UM P RO JETO DESENVO LVI D O NO Â MB ITO DA ECO NO M I A SO C IA L V ISA A C RIAÇÃO DE RIQ UEZA E DE MA IS - VA LIA S Q UE POT E N C I E M O DESENVO LV IMENTO LO CA L. A DIFERENÇA RESIDE N O FACTO DE O LUC RO O U A S MA IS - VA LIA S Q UE S ÃO CO NSEGUIDA S NÃO SÃO PA RA DISTRIB UIR P ELO S SÓC I O S, MA S PA RA REINV ESTIR N A SUA P RÓ P RIA MISSÃO E O B JETIVO” As oportunidades da Economia Social Os 20 anos de experiência da ANIMAR e todos os projetos desenvolvidos por esta associação, permitem fazer um balanço, lançando perspetivas quanto àquilo que ainda há a fazer em termos de Economia Social e as estratégias que importam definir neste momento dentro do contexto nacional. “Em primeiro lugar, existe ainda um conceito de Economia Social pouco consolidado e pouco compreendido pela população em geral. Há um trabalho para fazer neste aspeto. Para isto,
HOTEL ALVORADA *** Rua de Lisboa, 3, 2765-240 Estoril, Portugal www.hotelalvorada.com | Tel: (+351) 214 649 860 | Fax: (+351) 214 687 250
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contribui também o papel e a atividade desenvolvida pelas Universidades, na componente de formação e do conhecimento científico através dos projetos ligados ao estudo e à análise da Economia Social que estão a ser desenvolvidos em Universidade como a Lusófona e Universidade de Coimbra. Economia não quer dizer só dinheiro, mas também dinâmica, produção e criar riqueza para a comunidade em que se inserem. A componente social deste conceito visa ir ao encontro das necessidades encontradas nessa comunidade, fazendo um diagnóstico das necessidades sociais, no sentido de as satisfazer, criando mais-valias e melhorando a qualidade de vida. A ANIMAR pretende não só apoiar esta dinâmica, mas também divulgar os conhecimentos adquiridos com os projetos que desenvolve”, diz Eduardo Figueira, que acredita que a atual conjuntura económica do país criou oportunidades para o desenvolvimento da Economia Social. “Um projeto desenvolvido no âmbito da Economia Social visa a criação de riqueza e de mais-valias que potenciem o desenvolvimento local. A diferença reside no facto de o lucro ou as mais-valias que são conseguidas não são para distribuir pelos sócios, mas para reinvestir na sua própria missão e objetivo. Quem cria uma cooperativa cria o seu emprego, tem o seu salário, gera dinamismo e cria riqueza para a comunidade, podendo gerar mais postos de trabalho”, afirma o presidente da ANIMAR.
ECONOMIA SOCIAL
Marcar a diferença
CONSTITUÍDA EM JUNHO DE 2005, A FUNDAÇÃO AFID DIFERENÇA É UMA IPSS QUE APOIA, ATRAVÉS DE INÚMERAS RESPOSTAS SOCIAIS, UMA LARGA FRANJA DA POPULAÇÃO, COMEÇANDO NA INTERVENÇÃO PRECOCE, ACOMPANHANDO A CRIANÇA, O JOVEM COM DEFICIÊNCIA E EM RISCO E CUMULANDO COM O APOIO AO IDOSO.
Domingos Rosa, Presidente da AFID Diferença
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omingos Rosa é o homem que encabeça os destinos da Fundação AFID Diferença, uma instituição que tem como objetivos a promoção de criação de estruturas que garantam a reabilitação, a saúde, a educação, a formação, a desinstitucionalização e integração de pessoas com deficiência, as suas famílias e outros grupos desfavorecidos, sempre com uma lógica de qualidade. A fundação desenvolve ainda ações de apoio a populações desfavorecidas e isoladas e desenvolve atividades arte-terapêuticas e culturais com autores com deficiência e outros grupos desfavorecidos, visando a sua inclusão. Além disso, pretende despertar na comunidade o interesse pelos problemas da deficiência e dos grupos desfavorecidos, assim como fomentar atividades de proteção e deteção precoce da deficiência. Ao longo dos anos, esta instituição marcou a diferença e posicionou-se na linha da frente em termos de respostas sociais que levavam a bom porto os objetivos por si definidos e, hoje, são elo fundamental da nossa sociedade, tendo sido já condecorada com a Ordem de Mérito. Hoje, a sua ação é direcionada para cerca de 1300 pessoas, nas áreas da infância, pessoas com deficiência, jovens, adultos e idosos e para isso conta com o auxílio de 143 colaboradores. Consciente de que, apesar do apoio que já existe ser fundamental, a Fundação AFID Diferença quer ir mais longe e lança-se agora na experiência do lar de idosos, com a abertura do novo equipamento social para Idosos “ AFID Geração “.
Inauguração do Equipamento Social “ AFID Geração “ da fundação AFID Diferença Está prevista a inauguração do novo equipamento social Intergeracional “AFID Geração”, constituído por um Lar de Idosos com 60 camas, uma Creche para 33 crianças e um Serviço de Apoio Domiciliário para 50 pessoas, situado na Praça de São José, Amadora, durante o próximo mês de Setembro. O lançamento da primeira pedra que assinalou o arranque do projeto teve lugar em 31 de Maio de 2011 e a data ficou recordada, por todos, como sendo um marco indelével para a melhoria das condições de vida de muitas pessoas, ao mesmo tempo que significará desenvolvimento da economia local, a criação de emprego e, neste caso, mais apoio social. O projeto de construção do equipamento criou um espaço muito agradável, com amplas zonas de lazer e de atividades, cheias de Luz e Vida. O terreno onde foi implantado o edifício tem uma área de 1523 metros quadrados, tendo sido construído um edifício com uma área de implantação de 958,98 metros quadrados e de construção 3.389,55 metros quadrados, distribuídos por quatro pisos: O edifício insere-se numa zona habitacional, de construção predominantemente plurifamiliar, com fácil acesso, com boa exposição solar e afastado de qualquer unidade industrial poluente, ruidosa ou insalubre, mas geograficamente central relativamente ao universo de população a que se destina. O Piso (-1) cave, semienterrado, destina-se a zonas de apoio e parqueamentos para viaturas, incluindo 2 para utilização de pessoas com mobilidade reduzida. No Piso (0), de entrada do edifício, estão localizadas as áreas de desenvolvimento de atividades diárias do Lar de Idosos e uma Creche com a capacidade para 33 crianças, incluindo Berçário. Os Pisos (1) e (2) destinam-se exclusivamente aos quartos de Pessoas Idosas e salas de apoio.
Foram construídos 37 quartos (individuais e duplos), todos amplos e bem apetrechados, com casa de banho privativa com ajudas técnicas para pessoas com mobilidade reduzida, ventilação e climatização, sistema de chamada e alarme, camas elétricas. O edifício tem excelentes condições térmicas e acústicas e tem instalados dois ascensores que permitem as comunicações de acesso vertical e excelentes e espaçosos refeitórios. O edifício está equipado com Sistema de Vigilância interna e externa e Sistema de Som e Controlo de Acessos. O custo total do projeto ascende a cerca de 2.750.000 euros, (valores sem IVA), para o qual temos vindo a ter apoio financeiro, a fundo perdido, do Governo, através do Programa Pares, no montante de 1.328.063 euros e da Câmara Municipal da Amadora, no montante de 413.985 euros. O esforço financeiro da Fundação AFID Diferença ascende, atualmente a cerca de 1.007.952 euros. A economia social, na voz de Domingos Rosa Na opinião de Domingos Rosa, presidente da Fundação AFID Diferença, a economia social integrada na atual estrutura da economia Solidária terá pouco peso ou implementação no nosso país. “Parece-me difícil que uma instituição de Solidariedade Social consiga criar sustentabilidade por via da economia real (das empresas) a não ser em casos muito específicos e pontuais. Não vai ser fácil uma instituição de solidariedade social criar um esquema de negócio empresarial que lhe permita sustentabilidade, salvo se alargar as actividades sociais que desenvolvem num contexto de atividade empresariais. As Instituições de Solidariedade Social têm uma preocupação muito específica - a intervenção social - e ter um outro core business irá implicar dispersão de atuação, reforço dos seus quadros especializados e actuação
em outros mercados o que, de todo, não será fácil. Numa altura em que empresas com estruturas profissionais, implementadas no mercado estão a desaparecer no mercado, é complicado apresentar a economia social como alternativa ao desenvolvimento de atuação das IPSS. “Não tenho dúvidas que as Atividades Sociais são as que apresentam maior possibilidade de crescimento (envelhecimento da população), mas as necessidades de intervenção social vão assentar em públicos mais empobrecidos, com maior dificuldade de solvência e, consequentemente, em populações com menores capacidades de dinamizar a Economia Social. Na opinião do nosso interlocutor, a alternativa da Economia Social apresenta-se antes como um sinal para os tempos difíceis que se aproximam: “É o sinal interpretativo de que não há dinheiro e que portanto terá que existir algum mecanismo que liberte verbas para o setor social. Estou bastante cético relativamente a esta situação e não vejo que seja exclusivamente por via da Economia Social que se crie sustentabilidade nas organizações de apoio social.” A visão de Domingos Rosa é de incerteza e de alguma preocupação relativamente ao futuro, mas convicto de que tudo se irá fazer para conseguir vislumbrar uma alternativa, não deixando cair por terra tantos anos de trabalho em prol das pessoas. A finalizar, “apesar deste ceticismo, tenho esperança que tudo isto se resolva. Não fosse esta esperança, não tínhamos dado o passo rumo ao novo projecto “ AFID Geração”. Estou com esperança e otimista que iremos continuar de pés bem assentes no chão a desenvolver a atividade, atingir os objetivos a que nos propusemos e que estarão sempre a par dos constrangimentos. Rigor e qualidade são conceitos que nunca abandonaremos”, revela Domingos Rosa.
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INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS ABEL SALAZAR
ICBAS quer marcar a diferença na área das Ciências da Saúde O INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS ABEL SALAZAR ( ICBAS ) É UMA ESCOLA DE CIÊNCIAS DA VIDA DA UNIVERSIDADE DO PORTO DEDICADA AO ENSINO DE MEDICINA, MEDICINA VETERINÁRIA, CIÊNCIAS DO MEIO AQUÁTICO, BIOQUÍMICA ( COM A FCUP ) E BIOENGENHARIA ( COM A FEUP ).
“TENCIONAMOS INAUGURAR EM SETEMBRO UM LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO DEDICADO ESPECIFICAMENTE A ESTUDOS COM CÉLULAS
António Sousa Pereira, Diretor do ICBAS
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em o estatuto de Faculdade Pública apesar de ter o nome de Instituto e é uma instituição onde, além do ensino, se dá uma particular atenção à Investigação Científica com mais de 250 artigos em revistas internacionais indexadas por ano. Tem como patrono o Professor Abel Salazar e foi criado com o lema:
«O Médico que só sabe Medicina nem Medicina sabe».
As cores do Instituto são o Azul e Amarelo que simbolizam a aliança da Medicina e da Ciência. Lecionam no Instituto Abel Salazar cerca de 137 docentes com o grau de doutor, dos quais 55 são professores catedráticos. No âmbito da Biologia Fundamental e Aplicada, o ICBAS é a maior das instituições portuguesas de estudos pós-graduados: frequentam-no mais de 690 alunos de doutoramento, num universo de 3296 alunos de 19 nacionalidades diferentes, só nos Doutoramentos. As novas instalações foram projetadas pelo arquiteto José Manuel Soares, com um enquadramento urbanístico que pretendeu respeitar a harmonia do espaço envolvente, incluindo a
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requalificação da antiga sede da Reitoria da Universidade do Porto. As Instalações do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) situam-se numa propriedade partilhada com a FFUP e por instalações de vários serviços do Centro Hospitalar do Porto, junto ao Palácio de Cristal. As instalações das duas escolas (ICBAS e FFUP) estão organizadas como um todo, com bastantes espaços partilhados. São constituídas por cinco edifícios, interligados por um piso comum de estacionamento. Um dos edifícios está ligado ao edifício do antigo Quartel, que foi remodelado por forma a acolher os serviços administrativos e de apoio, a Associação de Estudantes e a Direção do ICBAS. A estrutura principal dos Edifícios é em betão armado (pilares e paredes que suportam as lajes fungiformes dos pisos) sendo o aço apenas utilizado em casos pontuais como as pontes de ligação entre edifícios. Segundo o professor António Sousa Pereira, diretor do ICBAS,” houve uma altura em que o ensino assentava sobretudo na aquisição de conhecimentos, mas hoje em dia o foco é na aquisição de competências porque o acesso ao conhecimento faz-se muito a partir das tecnologias de informação. Esta mudança de foco mudou o paradigma da educação, sendo crítico que o estudante além de competências adquira conhecimentos que lhe permitam validar a informação a que tem acesso.”
ESTAMINAIS, POR SER UMAS DAS ÁREAS DE FUTURO QUE RETENDEMOS DESENVOLVER A PAR COM AS ÁREAS DOS BIOMATERIAIS E DA SEGURANÇA ALIMENTAR, ONDE TAMBÉM TENCIONAMOS INVESTIR”
Quer-se assumir como uma Escola de Ciências da Saúde, no sentido mais abrangente do termo, e as novas instalações partilhadas com a FFUP são uma oportunidade única para se afirmar e reforçar o papel no meio universitário e na investigação, estando perante um novo desafio. Hoje em dia, os cuidados de saúde são prestados em equipas multidisciplinares e é fundamental que estas se organizem desde os bancos da faculdade, razão pela qual a ligação entre o ICBAS e a FFUP é uma mais-valia, criando assim boas condições para que alunos de diferentes formações desenvolvam trabalhos em conjunto e se envolvam em grupos multidisciplinares. Do ponto de vista do professor, é necessário dar uma formação aos estudantes que seja inatacável em termos da qualidade. O mercado na área da saúde é bastante fluído, com fluxos vários a nível europeu e mundial “a Inglaterra por exemplo importa anualmente 60 por cento dos médicos que precisa. A qualidade é fundamental para que aqueles que formamos tenham aceitação em qualquer ponto do mundo como acontece atualmente”, refere. O ICBAS tem apostado no desenvolvimento de várias parcerias ao nível da bioengenharia, com empresas de tecnologia altamente diferenciadas, nas quais pretendem colocar os alunos a realizar estágios. Espera-se que estas experiências possam funcionar como catalisadores de desenvolvimento de empresas em que os alunos sejam capazes de lançar projetos inovadores. As formações do ICBAS privilegiam a preparação para o exercício profissional da medicina humana, da medicina veterinária, das ciências do meio aquático, da bioquímica e da bioengenharia, e oferecem especialização de 2.º e 3.ºciclos nessas em áreas e outras relacionadas, para além de cursos avançados e de pós-graduações. Em termos de investigação, o ICBAS participa ativamente com quadros seus nos laboratórios associados IBMC, IPATIMUP e CIIMAR sendo sede de duas unidades de investigação, a UNIFAI - Unidade de Investigação e Formação sobre Adultos e Idosos (na área da Gerontologia) e a UMIB - Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (na área da Biomedicina).
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS ABEL SALAZAR
O ICBAS dispõe de um Centro de Simulação Biomédica, associado ao ensino pré e pós graduado, onde se incluem simuladores de diversas patologias, alguns dos quais únicos no país, e também usados no treino de situações de emergência. O Centro de Simulação Biomédica está acessível aos estudantes do ciclo clínico e está equipado com modelos de simulação de suporte básico de vida, de suporte avançado de vida, modelos de terceira geração com resposta a fármacos, treino de punção lombar, toracocentese e gasimetria, de obstetrícia e ginecologia, recém-nascido, exame ao fundo dos olhos e aos ouvidos, de toque retal, de patologias cardiorespiratórias, de entubação de doentes, entre outros. Oferece também serviços especializados à Comunidade tais como: exames complementares de diagnóstico altamente diferenciados colaborando com os Hospitais de Santo António, S. João, IPO Porto e Lisboa, Instituto de Genética Médica, Hospital Maria Pia e Instituto de Medicina Legal do Porto. Na área veterinária o ICBAS conta com um Hospital especializado em clínica e cirurgia de animais de companhia dotado das tecnologias mais diferenciadas (TAC, Ecografia, Endoscopia etc.), e uma Clínica para animais de grande porte (cavalos, por exemplo) dotada de meios para cirurgia bem como de uma clínica dedicada à reprodução assistida de equinos.
HOJE EM DIA, OS CUIDADOS DE SAÚDE SÃO PRESTADOS EM EQUIPAS MULTIDISCIPLINARES E É FUNDAMENTAL QUE ESTAS SE ORGANIZEM DESDE OS BANCOS DA FACULDADE — O ICBAS DISPÕE DE UM CENTRO DE SIMULAÇÃO BIOMÉDICA, ASSOCIADO AO ENSINO PRÉ E PÓS GRADUADO, ONDE SE INCLUEM SIMULADORES DE DIVERSAS PATOLOGIAS, ALGUNS DOS QUAIS ÚNICOS NO PAÍS, E TAMBÉM USADOS NO TREINO DE SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA.
Apoia ainda projetos de implementação de aquacultura e apoio à indústria do pescado e estudos nas áreas de ecotoxicologia e ambiental, bem como, programas de educação e treino em áreas de intervenção específica. O ICBAS tem apostado e inovado em diversas áreas, como é o caso mais recente a consulta 50+, que numa perspetiva da promoção da saúde e do envelhecimento ativo, pretende responder às necessidades decorrentes de problemas cognitivo-comportamentais, de saúde e bem-estar das pessoas. Outra das áreas a desenvolver é a da medicina regenerativa, “tencionamos inaugurar em setembro um laboratório de investigação dedicado especificamente a estudos com células estaminais, por ser umas das áreas de futuro que pretendemos desenvolver a par com as áreas dos biomateriais e da segurança alimentar, onde também tencionamos investir”. A finalizar, António Sousa Pereira afirma que o ICBAS vai manter a aposta na investigação de estudos e métodos para o tratamento da obesidade, bem como, na investigação do cancro e das doenças neuro-degenerativas, uma vez que estas afectam cada vez mais a população e, por isso, são centrais no portfolio de linhas de investigação a manter e a desenvolver. Julho 2013
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CLUSTER DO PAPEL
O Tejo por Terras de Oiro
VILA VELHA DE RÓDÃO É UM CONCELHO DO DISTRITO DE CASTELO BRANCO, SITUADO NA MARGEM DIREITA DO RIO TEJO E JUNTO AO IMPORTANTE ACIDENTE GEOGRÁFICO DAS PORTAS DO RÓDÃO. O PAÍS POSITIVO FOI CONHECER O CONCELHO LIDERADO POR MARIA DO CARMO SEQUEIRA E ENTROU À CONVERSA COM LUÍS PEREIRA, QUE NOS APRESENTAM A VISÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO INVESTIMENTO NO CONCELHO. a criação ou o gado e faziam-se tigeladas, filhós e nógados e nos casamentos os copos d’água tinham sempre o arroz doce, as broas, os biscoitos, as cavacas, os bolos fintos, a broa enrolada e o pão-de-ló, sendo que às refeições principais serviam-se as sopas de boda, o cabrito ou borrego guisado ou chanfana.
Maria do Carmo Sequeira, Presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Rodão
Luís Pereira, Vice-Presidente
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oncelho tipicamente rural, Vila Velha de Ródão tem 328 quilómetros quadrados e divide-se em quatro freguesias. O seu território desenvolve-se na bacia hidrográfica do Tejo, entre os rios Ocreza e Ponsul, dominado em altitude pela serra da Vila ou do Perdigão e das Talhadas ou de S. Simao. As riquezas da terra Durante muitos anos, a alimentação em Vila Velha de Ródão foi orientada por princípios de frugalidade. Tudo o que se comia vinha da horta, das capoeiras ou dos campos. A sopa de feijão com couve era o prato principal, sem nunca descurar o toucinho, o feijão-frade e as saladas de almeirão. Mas como eram comuns as matanças do porco, os produtos como presuntos, chipes, toucinho e fumeiros de varas de chouriço, paínhos, farinheiras e morcelas eram uma constante. Nos dias de festa, matava-se
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Desporto e Lazer Vila Velha de Ródão é um concelho privilegiado, possuindo muita oferta no campo do desporto de lazer, quer em termos de infraestruturas, quer no que diz respeito à diversidade dos mesmo. O moderno cais de Vila Velha de Ródão convida à prática de desportos náuticos, como a motonáutica, o esqui aquático, a canoagem e o remo, mas serve também como excelente local de contemplação e de pescas. As piscinas de Fratel e de Vila Velha de Ródão enchem-se de pessoas nos meses de verão que se querem refrescar, mas também servem para melhor a condição física de todos os populares já que disponibilizam os serviços de natação e hidroginástica. Além disso, os courts de ténis do concelho proporcionam aos seus clientes excelentes ofertas desportivas, complementadas pela oferta de alojamento e de restauração. Na voz de Luís Pereira, Vice-Presidente As empresas são agentes fundamentais para o desenvolvimento e a promoção do equilíbrio socioeconómico e, assim, torna-se extremamente importante existir uma boa articulação entre os agentes de desenvolvimento e os decisores locais, no sentido de se estabelecer uma estratégia concertada e com objetivos bem definidos. Neste sentido, “temos conseguido estabelecer essa articulação e acreditamos que a determinação que colocamos na nossa atuação tem sido um factor acrescido de confiança para empresários e para as decisões de investimento que se têm concretizado no concelho”. A estratégia que a autarquia tem vindo a concretizar assenta numa visão global do território que procura valorizar e potenciar os recursos endógenos da região. A mensagem tem sido bem transmitida junto dos empresários e apesar do clima económico desfavorável e das dificuldades que os empresários enfrentam, “temos neste momento vários investimentos a serem concretizados no concelho”. O executivo da Câmara Municipal acredita existir um potencial de recursos que permitem ir mais longe. Nesse sentido, “estamos a promover a revisão dos instrumentos de gestão do território com a preocupação de os adequar á realidade e flexibilizar para garantir as condições necessárias à captação de investimentos que criem emprego, sejam sustentáveis e não coloquem em causa o meio ambiente”.
Luís Pereira considera importante que as empresas encontrem na administração pública uma resposta objetiva e célere às suas questões e, assim, foi criada uma espécie de “via verde” para as questões relacionadas com os investimentos das empresas onde todos os assuntos são alvo de análise imediata, procurando “junto das entidades oficiais envolvidas obter as respostas e decisões num tempo compaginável com as necessidades das empresas”. Além disso, “temos prosseguido uma política de aquisição de terrenos que nos permitiu ter condições para disponibilizar os espaços necessários á fixação das empresas e estamos a definir novas áreas para aquisição de espaço que nos permita avançar com um novo polo de desenvolvimento industrial”. A par destas iniciativas que visam reforçar a capacidade do concelho para a captação de investimentos, “temos ainda realizado um conjunto de iniciativas e ações no sentido de divulgar e promover as empresas e os produtos locais, que se tem traduzido numa maior visibilidade das empresas e dos seus produtos”. Desemprego em Vila Velha de Ródão Apesar do panorama desolador que se verifica no país, os indicadores colocam Vila Velha de Ródão numa posição privilegiada neste aspeto, com níveis de desemprego muito inferiores à média nacional e alinhados com os valores que se registam nos países da Europa do Norte. No entanto, “registamos alguma preocupação com o esboço de uma tendência de crescimento deste indicador na região, motivada pelos impactos da crise económica, em particular no sector da construção e do comércio, cuja persistência e até previsível agravamento provocará inevitáveis impactos negativos ao nível deste indicador”. Para contrariar esta tendência, a autarquia tem a funcionar um Gabinete de Inserção Profissional, que tem por objectivo apoiar os desempregados na definição ou desenvolvimento do seu percurso
de inserção no mercado de trabalho, em estreita articulação com o Centro de Emprego de Castelo Branco e que tem registado indicadores de sucesso muito encorajadores. Pese embora este panorama, “as nossas empresas estão neste momento com processos de recrutamento em curso e os investimentos que se perspectivam deixam-nos com esperança que o concelho continue a registar um bom desempenho neste domínio”, afirma o detentor da pasta do empreendedorismo e apoio aos investimentos. Cluster do papel Afinal, qual o papel do Cluster do Papel no concelho de Vila Velha de Ródão e de que forma tem sido impulsionado este setor? Luís Pereira responde: “Conseguimos passar de um concelho onde existia uma fábrica de pasta, para um concelho onde existe um cluster do papel, com duas unidades que se afirmam como referências a nível Europeu, resultado de uma qualidade de gestão notável. O dinamismo a que assistimos neste setor, leva-nos a antever que mantendo-se a articulação que se conseguiu estabelecer com os agentes económicos estão criadas condições para captar mais investimentos e consequentemente criar mais postos de trabalho”. Os impactos deste cluster, ultrapassam as fronteiras do concelho e abrangem toda a região, com impactos diretos muito fortes em toda a fileira da floresta e ainda na fileira dos serviços, nomeadamente das empresas de manutenção industrial, serviços eléctricos, metalomecânica, restauração e alojamento. “O eixo da economia local passa hoje, em muito por estas empresas e não posso deixar de salientar a preocupação que manifestam em contribuir para esse facto, privilegiando a aquisição de serviços no mercado local e divulgando os produtos tradicionais nos eventos que promovem”, finaliza o nosso interlocutor.
Espaços culturais, Casa de Artes Arquivo Fotográfico Municipal.
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Locais a visitar Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo Um dos mais importantes conjuntos de arte do pós-paleolítico da Europa, com mais de 20 mil gravuras submersas ao longo de 40 quilómetros de rio. Lagar das Varas Constituído por um edifício em alvenaria típica da região, o Lagar das Varas é composto por um receção/sala da fornalha, tulhas, moinho de tração animal, estábulo, sala das varas, tanque das tarefas, moinho e prensa hidráulica e roda de água vertical. Uma homenagem ao ouro liquido produzido no concelho.
Arte Rupestre.
Núcleo Museológico do Linho e Tecelagem Um local que faz uma abordagem histórica do linho e da tecelagem da aldeia. Núcleo Museológico: O Contrabando A importância do contrabando no relacionamento entre as comunidades portuguesas e espanholas, económica, social e cultural. Núcleo Museológico do Fratel Este espaço apresenta a história de uma comunidade rural situada na bacia do rio Ocreza e na margem direita do rio Tejo. Portas do Ródão: uma imponente garganta escavada pelo rio na crista quartzítica da serra
do Perdigão, ao romper a muralha ordovícica, criou um estrangulamento que mede 45 metros de largura. Monumento Natural, serve de habitat para a maior colónia de grifos do país e serve ainda de local privilegiado para a observação de 116 espécies de aves, muitas delas em vias de extinção. Castelo do Rei Wamba Uma torre-atalaia erguida numa escarpa que se transforma num magnífico miradouro para o concelho e que conta histórias do tempo do Visigodos. Portas de Almourão Local de Paisagem selvagem, magnificada pelas escarpas, pelas dobras tectónicas e pelo profundo rasgão que é o vale do Ocreza. Uma importante área de nidificação de aves de rapina e outras espécies como o melro-azul, a lontra, o texugo e o esquilo. Casa das Artes e Cultura do Tejo O ponto de encontro com a cultura onde as gerações se aproximam e tomam consciência das variadas formas de arte e cultura dos nossos dias. Biblioteca Municipal José Baptista Martins Parte integrante da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, este espaço promove a leitura e apoia os rodanenses a diversos níveis.
Ocreza - Vale Mouro.
AMS: O nosso papel na vida SEMPRE QUE UM HOMEM SONHA O MUNDO PULA E AVANÇA »: ESTE PODERIA SER O INÍCIO DA HISTÓRIA DA AMS GOMÀ CAMPS PORQUE A VERDADE É QUE ESTA EMPRESA SE ERGUEU DO SONHO DE UM HOMEM, JOSÉ MIRANDA QUE, NO ENTANTO, SOUBE RODEAR- SE DAS PESSOAS CERTAS PARA TORNAR REAL O SEU SONHO.
José Miranda, Administrador
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oi José Miranda, administrador da empresa, que esteve, desde sempre, por detrás deste projeto ambicioso que é a AMS Gomà Camps (AMS GC). Em 2005 uma multinacional líder no mercado de papel tissue decidiu retirar a sua produção de Portugal e localiza-la em Espanha e, foi aqui, que José Miranda, então country manager dessa multinacional, percebeu a oportunidade de negócio. Reunindo à sua volta
um conjunto de parceiros que lhe garantiam alguma estabilidade e autonomia financeira. E após os estudos de viabilidade económica e financeira, lançaram-se as primeiras pedras para a criação de uma empresa vocacionada para a produção de papel tissue e uma equipa de três pessoas começou a reunir-se em instalações improvisadas e a elaborar o projeto ambicioso que se viria a concretizar, fisicamente, tempos mais tarde.
No presente a pensar no futuro Apesar de a crise económica e financeira já se ter instalado em Portugal, os principais parceiros de José Miranda, Simão Rocha e Albano Mateus, não se deixaram abalar e com um assinalável espírito de coragem e de empreendedorismo impulsionaram o projeto. Três milhões de euros para a compra de uma máquina de papel foi o primeiro investimento deste grupo, muito antes de as instalações físicas da empresa estarem feitas e este foi o segundo passo desta equipa de sucesso que escolheu Vila Velha de Ródão para instalar o projeto da AMS, elaborando de imediato um protocolo com a autarquia que sempre se mostrou receptiva e potenciadora do investimento na região. Em 2008, o projeto foi considerado de interesse nacional pela AICEP e, no mesmo ano, a empresa estabeleceu uma parceria estratégica com um grupo Espanhol, a Gomà Camps, visando sinergias de entrada neste mercado. Desde então, a empresa passa a chamar-se AMS Gomà Camps SA. Seguindo a sua visão estratégica, José Miranda considerou de extrema importância a criação de características diferenciadoras e, daí, a empresa estabeleceu um protocolo com uma fábrica de pasta. Esta parceria visava o fornecimento de pasta de papel em estado líquido através de um pipeline (tubo subterrâneo). Com este investimento,
a AMS GC passa ser a única fábrica de papel tissue da europa a estar integrada com uma fábrica de pasta de papel e este processo veio a revelar-se determinante para a diminuição dos impactes ambientais e económicos, evitando a emissão de 11 mil toneladas de CO2 por ano pelo transporte de paste de papel por via terrestre. O arranque da AMS Gomà-Camps Para que a obra física da empresa fosse completada, foram construídos 30 mil metros quadrados de edifícios os quais ficaram concluídos em apenas sete meses e o arranque da empresa aconteceu com cindo dias de antecedência face ao previsto e o investimento ficou abaixo do previsto cerca de cinco porcento. O dia 10 de agosto marca o arranque oficial da fábrica da AMS GC, com a produção da primeira folha de papel nas instalações da empresa. A 15 de agosto dá-se a inauguração oficial das instalações com a presença do Primeiro-Ministro, mas esta não foi a única presença governamental na empresa já que em 2012 o próprio Ministro da Economia visitou a fábrica e indicou este projeto como um caso de sucesso. A maior riqueza José Miranda viajou pelo mundo e trabalhou com pessoas de todos os cantos do mundo e isso Julho 2013
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fá-lo enaltecer as qualidades dos recursos humanos portugueses. Defensor do potencial dos portugueses, o empreendedor destaca o elevado sentido de responsabilidade dos portugueses, conjuntamente com a dedicação e a criatividade como elementos chave para o sucesso das nossas empresas. Mas afinal o que falta para sermos exemplo europeu? José Miranda é peremptório: “Falta liderança e organização”. Para a AMS GC, que empresa 125 colaboradores e onde cerca de 83 por cento tem idade inferior aos 40 anos, é necessário juntar o potencial dos trabalhadores portugueses às melhores ferramentas de gestão e os resultados falam por si. Na verdade, as boas práticas de gestão são uma constante nesta empresa e existe um permanente enfoque na melhoria dos métodos de processos, na delegação de competências e na valorização dos recursos humanos que são o bem mais precioso da empresa. E porque o trabalho tem que ser feito com paixão, e o é efetivamente, a empresa aposta fortemente nas pessoas e aposta em medidas de motivação fora do comum, abrindo as portas da empresas às famílias e fazendo com que cada trabalhador se sinta parte integrante de todo o projeto e elemento fulcral no sucesso desta empresa. Como reconhecimento de todo este trabalho, a empresa, que recusa títulos e formalismo, foi distinguida, em 2012, com o Prémio Excelência no Trabalho e incluída nas cem melhores empresas para trabalhar em Portugal. Responsabilidade Social Muitas são as empresas que apostam na responsabilidade social como ferramenta de marketing, mas a AMS GC considera fundamental que se criem mecanismos de melhoria da qualidade de vida das pessoas. Sendo um dos maiores empregadores do concelho, a empresa aposta na envolvente social, na criação de valor e no comportamento ético como elementos presentes no dia-a-dia da empresa para que o presente tenha sempre como meta o futuro.
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“A nossa maior satisfação é saber que o nosso crescimento sustentado foi feito ao lado daqueles que desde a primeira hora acreditaram nas potencialidades deste projeto e é precisamente ao lado desses que queremos continuar a crescer e a potenciar a criação de valor”. Apostando no futuro, a AMS GC vai continuar a cumprir o seu papel na vida. AMS GC em números Em 2012 a máquina de papel produziu quase 30 mil toneladas de papel, valor expectável apenas após cinco anos do arranque da máquina.
Por outro lado, a eficiência de processo e os volumes de produção têm sido aumentadas e no ano passado foram transformadas quase 22500 toneladas de papel. Em apenas quatro anos de atividade a empresa alcançou uma faturação anual de 42 milhões de euros, mas espera um crescimento de dois dígitos no próximo ano. Em Portugal, a AMS detém 16 por cento do mercado e em Espanha tem uma quota de 0,7 por cento, mas as perspetivas são bastante positivas e ambiciosas e José Miranda espera atingir os 20 por cento em Portugal e os 11 por cento em Espanha.
O mercado da AMS GC No segmento de consumo, a empresa disponibiliza papel higiénico, rolos de cozinha e guardanapos No segmento profissional, disponibiliza uma vasta gama de produtos de higiene por forma a dar resposta às necessidades de hotelaria, restauração, instituições, empresas de limpeza, industria e empresas de serviços.
CLUSTER DO PAPEL
Guiados pela paixão APESAR DE TER VIVIDO TEMPOS COMPLICADOS, A CELTEJO É HOJE UMA EMPRESA RENOVADA E COM ÍNDICES DE SUCESSO ACIMA DA MÉDIA, APRESENTANDO-SE COMO UMA EMPRESA EM CONTRACICLO. CARLOS COELHO É O HOMEM QUE LIDERA ESTA EQUIPA GANHADORA QUE CONSTRUIU E QUE OPEROU TODAS AS MUDANÇAS, QUE COLOCARAM A CELTEJO NA SENDA DO DESENVOLVIMENTO.
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País Positivo rumou a Vila Velha de Ródão e foi conhecer a Celtejo, uma empresa produtora de pasta de papel de eucalipto branqueada com um volume de faturação que ascende os cem milhões de euros. Fruto das dificuldades sentidas, a Celtejo, empresa pertencente ao Grupo Altri, reformulou a sua atuação e levou a cabo uma reestruturação interna com vista à sustentabilidade. De acordo com Carlos Coelho, “esta reestruturação teve como objetivo mudar mentalidades, estruturar procedimentos, melhorar as relações com os clientes, com a autarquia, com o tecido empresarial em nosso redor e nestes últimos dois anos, a Celtejo teve um crescimento exponencial”. Além de necessária, esta reestruturação era essencial. E os frutos são já visíveis: “O ano passado aumentamos a nossa produção em cerca de 37 por cento, sem investimentos na capacidade instalada de produção de pasta. No entanto, fizemos um investimento fulcral nas pessoas que são a nossa grande mais-valia”. Com um número de funcionários adequado às necessidades de uma fábrica moderna e eficiente, a empresa tem vindo a apostar na formação dos seus recursos humanos e em criar condições para que todos aqueles que aqui trabalham se revejam nos objetivos da empresa e possam retirar o máximo partido de tudo o que lhes é proporcionado. Segundo nos explica o diretor fabril, neste momento, o grupo de
“QUALQUER EMPRESA DO SETOR QUE AQUI SE INSTALE IRÁ BENEFICIAR DE TODAS ESTAS SINERGIAS. AQUI TEMOS CONDIÇÕES FÍSICAS EXCELENTES PARA A CONSTRUÇÃO DE UNIDADES FABRIS E A PRÓPRIA AUTARQUIA É FACILITADORA DE INVESTIMENTOS, APOIANDO OS EMPRESÁRIOS NAQUILO QUE LHE SEJA POSSÍVEL”
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“O ANO PASSADO AUMENTAMOS A NOSSA PRODUÇÃO EM CERCA DE 37 POR CENTO, SEM INVESTIMENTOS NA CAPACIDADE INSTALADA DE PRODUÇÃO DE PASTA. NO ENTANTO, FIZEMOS UM INVESTIMENTO FULCRAL NAS PESSOAS QUE SÃO A NOSSA GRANDE MAIS -VALIA” pessoas que trabalha na Celtejo está altamente motivado e, de facto, houve uma revolução positiva no seio da empresa sendo que hoje as pessoas estão mais unidas e sentem que fazem parte de uma empresa com futuro. Prova disso, “é o hino que criarmos há cerca de dois meses. Uma prova viva do espírito que aqui se vive e que nos enche de orgulho”. Para Carlos Coelho é claro que pessoas felizes dão mais dinheiro e, portanto, o intuito deste gestor passa por manter os seus funcionários felizes já que o futuro e o sucesso da Celtejo passa precisamente pela felicidade dos seus funcionários e “eu tudo farei para manter esta elevada motivação e grau de felicidade dos meus colaboradores”. Assim, são inúmeras as atividades desenvolvidas para os funcionários, como é o caso de caminhadas pedestres com uma adesão enorme e o recente campeonato de futsal. O sucesso advém, portanto, da aposta nas pessoas certas. Uma equipa de trabalho coesa e profissional é o garante da qualidade e do sucesso de qualquer organização e isso pode implicar alguns dissabores: “Para termos esta equipa, tivemos necessidade de fazer alguns ajustes na estrutura organizativa que existia e isso implicou a saída de alguns funcionários que não se adequavam aos objetivos traçados e á estratégia de desenvolvimento então desenhada, mas percebemos que este era o caminho certo”, garante o diretor fabril Prova do reconhecimento deste sucesso e do
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mérito desta equipa, o Grupo Altri, liderado por Paulo Fernandes, realizou a sua reunião de quadros deste ano nas instalações da Celtejo e isso permitiu que cerca de cem pessoas tomassem contacto com este modelo de negócio e reconhecessem publicamente a evolução desta empresa. “Se o futuro está na pasta, fazemos a pasta do futuro” Cerca de 90 por cento da produção da Celtejo destina-se ao mercado externo e, hoje, toda a produção do ano 2013 tem a venda assegurada. Por mérito ou por sorte, sendo que a sorte dá muito trabalho, refere Carlos Coelho, esta é uma empresa de renome internacional que consegue, antecipadamente, escoar toda a sua produção.Usando matéria-prima portuguesa, altamente exportadora e sendo detida por capitais portugueses, esta empresa deverá servir de exemplo para o nosso país já que este será um modelo de negócio a ser replicado, pela geração de riqueza que produz. Graças a um sistema informático desenvolvido internamente, tudo o que se passa na empresa é monitorizado ao segundo e o “objetivo primário desta medida é a máxima eficiência e rentabilização máxima dos ativos da empresa. Assim, toda a informação sobre processos de fabrico é disponibilizada a quem dela necessita e isto permite que, em caso de desvio dos objetivos, se saiba precisamente onde aconteceu o
problema e desta forma a ação é muito mais célere e incisiva”. A sustentabilidade Até mesmo na área energética a Celtejo tem vindo a dar cartas tendo recentemente conseguido a certificação energética segundo a norma ISO 50001. Depois de recepcionada a matéria-prima, a casca é aproveitada para produzir energia biomassa que é posteriormente injetada na rede. Neste momento, “em termos de produção de energia, a fábrica é totalmente autossuficiente e isso é mais um exemplo daquilo que deveriam ser as empresas portuguesas”, avança. Depois do Investimento numa instalação de branqueamento, a Celtejo investiu numa moderna linha de descasque tornando a Celtejo uma referência também nestas áreas de processo. Cluster do Papel em Vila Velha de Ródão Cerca de dez por cento da produção da Celtejo é absorvida pela AMS, uma empresa de papel tissue situada ao lado. Não seria caso de destaque não fosse o facto de a matéria-prima consumida pela AMS ser enviada pela Celtejo em estado liquido e através de um pipeline com cerca de 700 metros de comprimento. “Uma obra de engenharia que correu muito bem. Desta forma, estamos a colocar a matéria-prima em estado puro na casa do nosso cliente”. Isto permite criar sinergias únicas entre empresas do mesmo ramo de negócio.
Tendo em conta este cenário, criou-se em Vila Velha de Ródão o cluster do papel já que “qualquer empresa do setor que aqui se instale irá beneficiar de todas estas sinergias.. Aqui temos condições físicas excelentes para a construção de unidades fabris e a própria autarquia é facilitadora de investimentos, apoiando os empresários naquilo que lhe seja possível”, admite Carlos Coelho. O futuro e os desafios Em um ano apenas, a Celtejo aumentou em 37 por cento o seu ritmo de produção e o ano de 2013 apresenta-se bastante positivo neste campo já que se esperam crescimentos na ordem dos 20 por cento. No entanto, “sabemos que estamos no limite da capacidade da nossa instalação e por isso já nos encontramos a trabalhar num plano estratégico cujo objetivo é continuar este caminho iniciado à dois anos, continuando a criar condições para o aumento da performance, rentabilidade e capacidade fabril. Sabemos que o período é complicado para investimentos avultados mas estamos a trabalhar no sentido de continuar a nossa evolução”. Carlos Coelho apresenta como único desafio a continuidade da motivação dos recursos humanos: “O nosso grande desafio é manter as pessoas felizes, sermos capazes de motivar os nossos funcionários e de lhes proporcionar momentos de felicidade que os levem a investir na empresa”, finaliza o nosso interlocutor.
PRÉVOIR PORTUGAL
Lado a lado com os clientes
NASCIDO EM 1910, O GROUPE PRÉVOIR APARECEU NO SEIO DA CLASSE MÉDIA BAIXA, RESPONDENDO ÀS NECESSIDADES DE PROTEÇÃO DOS MINEIROS DO NORDESTE DE FRANÇA. 103 ANOS DEPOIS A FILOSOFIA MANTÉM-SE, MAS O CRESCIMENTO DO GRUPO, ESPECIALISTA NOS SEGUROS DE PESSOAS, EXTRAVASOU AS FRONTEIRAS DO PAÍS.
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m entrevista ao País Positivo, Luiz Ferraz, Mandatário Geral da Prévoir-Vie em Portugal, fala sobre o passado, o presente e o futuro desta seguradora, que aposta na personalização e no apoio aos clientes como forma de diferenciação. “Criada para dar apoio e proteção aos mineiros do nordeste de França, a Prévoir recrutou os seus colaboradores no seio dos próprios mineiros, uma vez que o fundador considerou que se existia alguém capaz de falar sobre os problemas desta classe trabalhadora, seria o próprio mineiro. Com este entendimento, a companhia começou o seu percurso ascendente e foi reforçando a sua presença com duas outras sociedades, que se fundiram em 1968, formando então o Groupe Prévoir.” Durante mais de um século de existência, o Groupe Prévoir sempre se manteve fiel à sua missão inicial propor às famílias garantias contra os riscos da existência. Hoje, gere os seguros de vida de cerca de 350 mil famílias francesas, tendo atingido um volume de negócios de 466 milhões de euros, no último ano. Consciente de que o crescimento do grupo, em França, estaria limitado, o presidente Bertrand Voyer com uma visão empreendedora, apostou na internacionalização. Aproveitando os fluxos migratórios de Portugal para França, lançou a primeira pedra em Portugal e, em 1996, surgiu no mercado nacional a Prévoir Portugal. A sua atividade iniciou-se em Braga, mas rapidamente os responsáveis perceberam que a noção de seguradora nacional seria mais facilitada com a sede no Porto, e assim se mantém até aos dias de hoje. Com 14 escritórios implantados em todo o país e uma rede de 350 mediadores, a seguradora garante uma cobertura nacional, e em breve reforçará a sua presença no Algarve, com a abertura do escritório de Portimão. São 30 mil clientes geridos pela companhia através de uma rede de trabalho que segue a filosofia Prévoir e que garante um apoio e proteção ímpares aos seus clientes. “Os comerciais que recrutamos são formados à medida das nossas exigências, merecendo um acompanhamento regular de modo a dar resposta às mais variadas necessidades do mercado. São eles que vão ao encontro dos clientes e elaboram um estudo personalizado, identificando as suas preocupações e apresentando uma solução adequada e válida. Temos a noção de que as pessoas que contactamos têm limitações orçamentais e, por isso, temos que ser capazes de dar uma proteção máxima a um preço comportável”, avança o responsável. Questionado sobre se a Prévoir se diferencia das restantes seguradoras, Luiz Ferraz responde: “O modo de distribuição da Prévoir é assente numa rede tradicional de mediadores, não-bancária, que gere uma relação de proximidade com os segurados. Os nossos produtos são tradicionais.” Para melhor percebermos a Prévoir e a sua forma de atuar, lançamos algumas perguntas a Luiz Ferraz:
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O que são, na verdade, produtos tradicionais? São aqueles que têm uma componente de risco, ou seja, aqueles que asseguram a morte, a invalidez e a incapacidade, substituindo financeiramente alguém. A poupança e a reforma estão também presentes. Se os clientes são tipicamente da classe média, a crise far-se-á sentir de forma mais premente. Como se dá a volta a esta situação e se mantêm os produtos que comercializam? Como deve calcular não é um trabalho fácil e pressupõe muita preparação por parte dos nossos recursos humanos, no sentido de serem capazes exatamente de alertar as pessoas para a necessidade, cada vez maior, de se protegerem. Mas por outro lado, encontramos também pessoas que estão sujeitas a maiores dificuldades e, por isso, estão muito conscientes da importância do seguro. Nenhuma dessas pessoas, hoje em dia, põe em causa o interesse ou a utilidade do seguro de vida. O que podem pôr em causa é a capacidade para o suportar. A nós, compete-nos sensibilizá-las, mostrando que porventura vale a pena manter um seguro que tem uma importância vital para a família. Esta proximidade com o cliente, faz com que exista um maior esclarecimento por parte das pessoas… A Prévoir aposta no valor da proximidade com o cliente na medida em que partilha com ele as suas preocupações e procura encontrar soluções que o possam ajudar a atravessar períodos de tempo menos favoráveis. Queremos ocupar-nos do nosso cliente através dos nossos produtos, bem como dos serviços que associamos a cada um deles. Este binómio produto/serviço é uma realidade diária da Prévoir, porque a assistência de que gozam e beneficiam os nossos produtos, dá também aos nossos clientes a noção de que têm uma seguradora 24h por dia e 7 dias por semana, capaz de os acompanhar em vicissitudes e pontualidades. Há uma voz permanente e há, naturalmente, uma resposta capaz para as diferentes necessidades e expectativas. Como descreveria os Produtos Prévoir? Os produtos Prévoir vão do risco à poupança. Temos uma panóplia de produtos que se destina a segmentos tão específicos como as crianças, jovens, mulheres, séniores e famílias. São soluções para os diferentes momentos da vida que assumem um grau de importância significativo para as pessoas. A Prévoir, em Portugal, está ainda em fase de desenvolvimento? Estamos em pleno processo de crescimento. A melhor forma de o fazer é prepararmos as nossas redes comerciais no sentido de as consciencializar de que a dificuldade e a complexidade das situações aumentam, e desse modo a preparação
L uiz Ferraz, Mandatário Geral da Prévoir-Vie em Portugal
das pessoas e a sua forma de encarar o mercado tem que ser cada vez maior e melhor. A dificuldade aguça o engenho, e é nesse sentido que trabalhamos, encarando também as dificuldades como janelas de oportunidade. Quais os desafios e projetos para a Prévoir Portugal? Queremos continuar a crescer com rentabilidade e sermos reconhecidos como um parceiro de referência para as famílias portuguesas. Para além da sua presença em Portugal, o grupo está presente na Polónia, no Vietname, no Cambodja, e também no Brasil, onde se posiciona como corretora depois da aquisição da Movida Seguros. Pela proximidade linguística, a sucursal portuguesa pode ter aqui um óptimo polo de desenvolvimento. Graças a este património, outros países como Angola e Moçambique, poderão talvez fazer parte da rede de internacionalização do grupo e, também, a sucursal
portuguesa poderá, a esse nível, desempenhar um papel preponderante no desenvolvimento do Groupe Prévoir. Certo é que o futuro passa pelo crescimento do grupo.
Benefícios Fiscais “A retirada dos benefícios fiscais à realização de seguros de vida, doença e PPR, deixa perceber da parte do governo a pouca importância que atribui à realização destes contratos, o que não me parece uma decisão acertada. Por outro lado, também não me parece que as importâncias retiradas aos impostos das pessoas, por efeito da realização de seguros de vida, pesem assim tanto na definição do Orçamento de Estado ou nos argumentos a apresentar à Troika…”, refere Luiz Ferraz, numa opinião sincera sobre o tema.
FATACIL
34ª FATACIL aposta na internacionalização através do setor equestre ENTREVISTA A RUI CORREIA, PRESIDENTE DA FATASUL
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que se pode esperar para esta edição da FATACIL? Em 2013, a 34ª FATACIL – Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa, que vai decorrer de 16 a 25 de Agosto, no Parque Municipal de Feiras e Exposições de Lagoa, vai continuar a assumir-se como o principal certame generalista dirigido para o grande público que se realiza no sul de Portugal, onde centenas de milhares de visitantes, nacionais e estrangeiros, podem ver uma mostra ampla e abrangente de produtos de excelência do Algarve, em particular, e do país, em geral. A FATASUL – Feiras e Exposições do Sul, a entidade que organiza o certame desde 1993, consciente que a FATACIL é uma referência obrigatória do calendário de animação turística do Algarve, tem a responsabilidade de acompanhar as atuais exigências dos mercados turísticos, que procuram na região algarvia além do sol e praia, também as valências culturais como a gastronomia, o artesanato, o património histórico, as genuínas expressões artísticas que marcam a personalidade duma região; as valências naturais e ambientais não só do litoral, mas também da serra e do barrocal algarvio; as atividades desportivas de lazer disponíveis o ano inteiro como o golfe e os desportos equestres. Neste sentido, a grande aposta feita pela organização na 34ª FATACIL passa por apresentar produtos, serviços, projetos, sinergias, potencialidades nos diversos setores de exposição. Na 34ª FATACIL vai estar destaque o Setor Equestre, dando continuidade a um projeto de internacionalização iniciado em 2012, através de um intercâmbio luso-brasileiro com importantes empresários ligados à criação do cavalo e aos desportos equestres, que reconheceram as potencialidades da FATACIL como uma plataforma estratégica em Portugal para a promoção e lançamento no mercado europeu das raças equinas brasileiras e desportos equestres, que estão a ter um amplo crescimento no nosso país irmão. A modalidade desportiva brasileira EQUITHORSE será apresentada pela primeira vez na Europa na 34ª FATACIL. Além de um pavilhão de coudelarias brasileiras, onde se destaca, entre outras, a SASA, do português José Brito Eusébio, considerado o maior criador de cavalos lusitanos no mundo, o certame vai ter ainda um pavilhão de coudelarias espanholas e outro de coudelarias portuguesas de referência como a ORTIGÃO GOSTA e a MP Lusitanos de Maria Serra Pinho, filha do ex-ministro da economia Manuel Pinho. A Mostra de Aromas e Sabores dos Saberes Algarvios, o 6º Concurso “O Melhor Vinho do Algarve”, o Pátio das Tasquinhas, com representantes de várias regiões gastronómicas nacionais, incluindo as ilhas, oferecem na 34ª FATACIL uma maior diversidade e uma qualidade superior em relação ao ano passado.
Quais as principais atividades presente na edição deste ano? A 34ª FATACIL integra no seu programa atividades dirigidas a variados públicos: os profissionais podem participar em colóquios e concursos temáticos, ver demonstrações técnicas e processos inovadores em diversas áreas da economia algarvia, que revelam grandes potencialidades de crescimento; os visitantes turistas de todas as idades, nacionais e estrangeiros, podem assistir a concertos musicais, espetáculos e competições equestres, shows caninos e de outros animais, animações de rua e a muitas outras propostas que integram o programa ou que surgem espontaneamente por iniciativa dos expositores, como passatempos, degustações gastronómicas, lançamentos editoriais, passeios de charretes, ofertas de brindes, ações de solidariedade social, entre outros. Que áreas de atividade marcarão presença? A 34ª FATACIL integra cerca de 500 expositores em todos os seus setores de exposição, dos quais destacamos o Artesanato, que conta com a presença de 180 artesãos de todo o país. Nesta valência do certame, os visitantes podem ver muitos artesãos a trabalhar ao vivo, desde as técnicas mais tradicionais às mais urbanas. O Setor Comercial e Industrial comporta 220 expositores, onde predominam as pequenas e micro empresas, que apresentam uma ampla variedade de produtos e serviços, muitos deles inovadores. O Setor Agro-Pecuário integra 75 expositores, dos quais destacamos a valência equestre, com uma dezena de coudelarias portuguesas, brasileiras e espanholas, entre as quais a Coudelaria SASA do Brasil, considerada a maior do mundo na criação do cavalo lusitano. O Setor Gastronómico conta com 20 tasquinhas que apresentam nas suas ementas dezenas de especialidades gastronómicas regionais: as carnes certificadas de raças autóctones nacionais como a Marinhoa, a Barrosã, a Taurina; o peixe e os mariscos do mar algarvio; os queijos e os enchidos artesanais do Algarve, do Alentejo, da Serra da Estrela, de Trás-os-Montes, dos Açores, o Leitão à Bairrada.
R ui Correia, Presidente da FATASUL
Qual a relevância e o impacto que a FATACIL assume na dinâmica da região? No contexto económico que Portugal atravessa atualmente, e em particular a região algarvia com uma das taxas de desemprego mais elevadas do país, é importante aguçarmos a criatividade para aproveitarmos as oportunidades. Ao analisarmos a história da FATACIL, podemos encontrar na sua génese um exemplo dessa capacidade dos homens, quando nos momentos difíceis tomam consciência que aquilo que os une é superior ao que os divide, têm um sonho coletivo e a obra nasce. Foi precisamente isso que aconteceu em 1980 com o surgimento da 1ª Feira Regional de Lagoa, o embrião da FATACIL. No concelho de Lagoa, num período difícil para Portugal, que levou a um pedido de resgate ao FMI entre 1983 e 1984, um grupo de “visionários”, com um espírito empreendedor lançou as raízes de uma feira empresarial, que por ser pioneira na região algarvia, funcionou como uma plataforma estratégica de oportunidades para ajudar a estimular a economia da região. A FATACIL começou com 12 expositores em 1980, mas atingiu logo os 60 participantes em 1981, continuando sempre a subir para 200 expositores em 1982, 250 em 1983, 270 em 1984, 311 em 1985, e já com a retoma para uma situação económica de Portugal mais desafogada, com a entrada para a CEE,
num período em que o Turismo começou a assumir-se como o motor da economia da região algarvia, a FATACIL continuou com o aumento de expositores nos anos seguintes, atingindo em 1995 cerca de 800 em todos os seus setores de exposição. Hoje, em 2013, num período difícil para Portugal, pensamos que a FATACIL pode voltar a desempenhar um papel relevante para o estímulo da economia da região. As razões que nos levam a ter essa perceção são fundamentadas em indicadores decorrentes da edição do ano passado, no qual foi feito um profundo trabalho de reestruturação do certame, que estão a produzir resultados na procura registada este ano em diversas valências, nomeadamente no setor comercial com o interesse manifestado por pequenas e micro empresas de produtos e serviços inovadores. Mas é sem dúvida o setor equestre da 34ª FATACIL que está a reunir grandes sinergias, que poderão permitir potencialidades de negócios em diversas áreas importantes da atividade económica da região, como o Turismo, resultado da aposta de internacionalização no mercado brasileiro feita em 2012 na FATACIL, com a presença da Web TV brasileira Tribuna Lusitana, o principal canal de divulgação do cavalo lusitano no mundo, que realizou ao vivo uma série de reportagens e que têm continuado a fazer uma ampla promoção do certame e das potencialidades do concelho de Lagoa em particular e do Algarve em geral junto de empresários, criadores e diversas entidades brasileiras. Na sequência de uma visita ao Brasil, em novembro de 2012, de uma delegação da Fatasul, na qual foram promovidos alguns produtos de excelência do concelho de Lagoa e do Algarve, foram estabelecidos um conjunto de contatos que abriram uma série de canais de intercâmbio ao nível económico e cultural, que vão culminar na presença já na 34ª FATACIL de diversos empresários e dinamizadores do mundo equestre brasileiro, por considerarem que o certame reúne condições privilegiadas para ser uma plataforma de lançamento de coudelarias, raças equinas e desportos equestres na Europa a partir de Portugal. Tendo em conta que o Brasil é um dos mercados que estão a registar no mundo maior crescimento económico, a região algarvia através da FATACIL, pode beneficiar deste intercâmbio luso-brasileiro através de um maior fluxo de turistas com elevado poder de compra, que poderão compensar a quebra de alguns mercados tradicionais europeus.
“Navegar é Preciso” é a temática deste ano da FATACIL. O que está na origem da adoção deste slogan para a 34ª FATACIL? O Mar, pelas riquezas e potencialidades que tem por explorar, serviu como tema de inspiração para a criação do genérico visual da 34ª FATACIL, por se tratar de um dos mais atuais e consensuais paradigmas propostos para o desenvolvimento do nosso país. “Navegar é Preciso” é sugerido no cartaz para motivar o Algarve, em particular, e Portugal, em geral, a encontrarem rumos empreendedores e aberturas de horizontes para o seu crescimento económico. Julho 2013
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QUALIDADE DE VIDA NO INTERIOR
Almeida a estrela do Interior NUM RECENTE ESTUDO DO OBSERVATÓRIO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIAL, DA UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR, VQUE ANALISOU 308 CONCELHOS DO PAÍS, ALMEIDA É COLOCADA NO 36º LUGAR.
António Batista Ribeiro, Presidente da Câmara Municipal
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inda segundo este estudo, o concelho subiu 88 posições nesta escala desde 2009, sendo por isso um dos municípios que regista melhores índices de qualidade de vida a nível regional. “Esta subida justifica-se em boa medida porque nos últimos anos, fruto de grandes investimentos, dotámos o concelho com equipamentos de muita qualidade. Refiro-me concretamente à construção do novo complexo termal – Termas da Fonte Santa – à instalação do Museu Histórico Militar nas Casamatas e ao Centro de Estudos de Arquitectura Militar Abaluartada nas Portas de Santo António.” O executivo procedeu a várias intervenções urbanísticas e à construção do Pavilhão Multiusos em Vilar Formoso, aos complexos de piscinas cobertas, ao pavilhão gimnodesportivo, com uma forte aposta na promoção do nosso território mas também em intervenções da recuperação do património arquitectónico militar de que é um belíssimo
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exemplo Almeida. “Temos vindo a desenvolver políticas de acção direccionadas para as pessoas, principalmente as mais carenciadas e desprotegidas, os idosos e jovens.” A Câmara de Almeida tem definido um plano de apoio a todos os detentores do cartão social municipal e cartão jovem municipal, que foram instituídos para os idosos e jovens que proporcionam uma série de regalias aos seus titulares, nomeadamente descontos que chegam aos 50 por cento na utilização dos equipamentos termais, piscinas, e dos equipamentos desportivos e também na comparticipação de medicamentos. “Instalámos, como forma de segurança, para idosos e pessoas dependentes, um programa de teleassistência gratuito para quem aufere o complemento solidário para idosos (a rondar os 418,50 euros), que tenham idade igual ou superior a 75 anos, vivam sós ou sejam portadores de deficiência”. Os jovens detentores do cartão municipal têm as
mesmas garantias, usufruem dos mesmos descontos e percentagens que são dadas aos idosos. Também foi instituída uma medida para apoiar os jovens pertencentes a famílias com dificuldades em que o rendimento do agregado familiar é inferior ao ordenado mínimo nacional. Estes apoios, com ajudas anuais e por estudante do ensino superior, em montantes que rondam os 1.500 euros desde que obtenham aproveitamento nos seus resultados. O concelho de Almeida dispõe de uma boa cobertura de lares e centros de dia, acima da média nacional onde as IPSS têm tido um papel preponderante. Temos procurado colaborar com estas instituições na elaboração de projetos e apoios à construção e apetrechamento. “Fizemos um enorme investimento na rede viária municipal que renovámos e rectificámos, criando melhores condições de conforto e segurança. Queremos fazer de Almeida um ponto de referência atraindo investidores mas também
artistas, que desfrutem da nossa gastronomia, património arquitectónico e ambiental, concedendo-lhes benefícios e motivos para aqui se fixarem com a criação de uma Zona Franca Cultural.” Um ex-libris turístico de segurança Em termos turísticos, Almeida dispõe de um património arquitectónico riquíssimo: as muralhas mais bem conservadas da Europa, as casamatas únicas no mundo, onde se encontra o museu militar, “Daí nós aspirarmos à elevação de Almeida a património da Humanidade e estarmos a preparar a nossa candidatura para entrarmos na lista indicativa da UNESCO”. Outros pontos de referência são Castelo Mendo e Castelo Bom, vilas medievais e antigas sedes de concelho. “Além de outras aldeias com as suas belezas naturais, como Malhada Sorda, onde pontificam as construções em granito típico da região”.
QUALIDADE DE VIDA NO INTERIOR
No que toca à gastronomia, encontrará neste concelho umas ricas e apreciadas iguarias que vão desde os famosos enchidos e queijos até aos diversos pratos concebidos à base de caça da região, como o coelho à caçador e o arroz de lebre. Como tradição existem também os pratos de cabrito e borrego assados, a burzigada, a açorda de alho e a salada de meruges. O futuro António Baptista Ribeiro afirma que, neste momento, há que pensar positivo e delinear estratégias para o futuro, tendo como objectivo a estratégia 2014/2020, entre outras, a criação de emprego, combate à pobreza, fixação da população e apoios às pequenas e médias empresas, com especial incidência na agricultura. Vilar Formoso, pela sua posição estratégica na principal fronteira terrestre do país, pode oferecer condições à fixação de empresas voltadas para a exportação. Julho 2013
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REGIÃO OESTE
Uma Região de excelência com um projeto de futuro A COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DO OESTE É UMA INSTITUIÇÃO DE NATUREZA ASSOCIATIVA E DE ÂMBITO TERRITORIAL CUJA MISSÃO VISA A REALIZAÇÃO DE INTERESSES COMUNS AOS MUNICÍPIOS QUE A INTEGRAM.
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OesteCIM é composta pelos municípios de Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, correspondendo à Unidade Territorial NUT III Oeste. Respondendo ao desafio lançado pela Comissão Europeia, a OesteCIM congregou uma rede de entidades regionais para, em parceria, dar início ao processo de construção do quadro de referência regional 2014-2020 e, em simultâneo, projetar o futuro da Região Oeste que deverá passar pela inclusão, sustentabilidade e inteligência. Uma Região de excelência e um projeto de futuro, apresentados ao País Positivo pelo secretário executivo da OesteCIM, André Macedo.
André Macedo, Secretário Executivo da OesteCIM
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Em que consiste a marca Oeste Portugal, um dos projetos preconizados pela OesteCIM? A marca Oeste Portugal, um dos mais importantes projetos da OesteCIM, tem a ver com a identidade da região. Esta marca tem uma história ligada ao património, à cultura, ao desenvolvimento rural, ao mar… Nesse sentido, não pretendemos que esta marca resulte apenas num logótipo mas numa imagem que referencie precisamente essa identidade, traduzida nas pessoas, nos empresários, nos municípios, ou seja, em tudo o que tenha a ver com a Região Oeste. E são as pessoas e os empreendedores que podem dinamizar esta marca Oeste Portugal. Criámos toda esta política da rede de empreendedorismo Oeste Portugal com o objetivo de promover o desenvolvimento interno, a capacitação da região e a sua capacidade de afirmação externa, o empreendedorismo, a atração de investimentos e a prestação de serviços de assistência empresarial, aumentar a competitividade e visibilidade da Região. Em todos os grandes eventos aqui realizados, projetaremos a marca Oeste Portugal, quando alguém comprar um produto da Região verá associada a marca Oeste Portugal. No fundo, a lógica consiste em referenciar tudo o que tenha a ver com a identidade da Região, fomentando assim a atratividade do Oeste.
REGIÃO OESTE
Um dos desígnios da OesteCIM passa pelo fomento do empreendedorismo. Nesse sentido, surgiu mais um projeto, a Rede Oeste Empreendedor… A Rede Oeste Empreendedor é uma iniciativa aprovada pelo Programa Operacional Regional do Centro (Mais Centro) com o objetivo geral de implementar ações suportadas em rede de parceria na Região Oeste com vista à promoção e implementação do empreendedorismo. Pretende-se promover a criação de um ecossistema empreendedor, apoiado na estruturação e coordenação de uma rede regional que crie sinergias e condições de eficácia e eficiência no domínio do apoio ao empreendedorismo de base local. A Rede Oeste Empreendedor é um projeto em que a OesteCIM tem como competência animar e dinamizar, criando todos os meios para que os empreendedores sintam facilitação e flexibilização quando pretendem investir. Paralelamente, fomentaremos fácil acesso a todo o tipo de informações que o empreendedor necessite em qualquer ponto da rede, ou seja, nos municípios, e asseguraremos o devido acompanhamento para que possa dinamizar o seu negócio. Já realizámos uma série de ações em contexto escolar, promovemos eventos subordinados às dinâmicas dos empreendedores… Criámos um plano de ação, que estamos a colocar em prática, com uma série de iniciativas. O trabalho obedecerá
a uma lógica de equipa e de conjunto entre os municípios do Oeste, assentando numa visão da Região com várias áreas estratégicas de dinamização. É igualmente nosso intuito envolver os stakeholders, desde os operadores do setor agroalimentar, as empresas da Região, a pesca, o mar e as mais diversas entidades que nem sempre trabalham de forma integrada, como é desejável. A OesteCIM tem essa obrigação, de juntar as entidades. Em que principais vectores assenta a Estratégia 2020 – Oeste Portugal? A Estratégia 2020 - Oeste Portugal é um projeto que visa a construção do quadro de referência regional para o período 2014-2020, respondendo assim ao desafio lançado pela Comissão Europeia para que as novas estratégias territoriais de desenvolvimento comecem a ser definidas regional e localmente. A construção do quadro de referência subregional, que deverá ter por base as orientações nacionais e da Comissão Europeia, sustentadas na Estratégia Europa 2020 e no Quadro Estratégico Comum 2014-2020, passará por um trabalho intensivo de mobilização de todos os agentes de desenvolvimento, locais e regionais, liderado pela OesteCIM, e que permitirá a identificação de objetivos e metas de sucesso e a definição de projetos mobilizadores alinhados com as novas
prioridades: crescimento inteligente; crescimento sustentável e crescimento inclusivo, permitindo assim ao Oeste preparar-se para o novo período de programação financeira. No fundo, falamos do futuro da Região. Temos que aproveitar os fundos comunitários que ainda restam e, nesse sentido, apelamos à participação das pessoas. Os projetos estratégicos para a dinamização económica e social da Região têm que ser estabelecidos entre entidades públicas, entidades privadas e entidades ligadas ao ensino e à ciência. E têm que ser concentrados e integrados. Programámos um desenvolvimento para
o Oeste assente num crescimento inteligente, inclusivo e sustentado e, para o efeito, criámos uma metodologia de trabalho com planeamento detalhado de projeto e análise do potencial de desenvolvimento regional. Paralelamente, com a contribuição dos diferentes parceiros, definimos uma série de indicadores e de pistas para o que deverão ser os eixos de desenvolvimento da Região em diversas áreas. Durante um mês, reunimos com as entidades representativas da Região para definirmos a estratégia do Oeste e criámos uma análise do potencial, que resultou de um trabalho participativo.
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Turismo de charme a Oeste CHARME, IDENTIDADE COMUNITÁRIA E VISÃO… DUAS DÉCADAS DE ATIVIDADE NA ÁREA DO TURISMO E DE GESTÃO DE EXCELÊNCIA CONFEREM AO GRUPO MARTELEIRA HOTELARIA O KNOW HOW E FLEXIBILIDADE NECESSÁRIAS PARA RESPONDER AOS DESAFIOS DITADOS PELA MUTABILIDADE DO PERFIL DO TURISTA E CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO ÀS NOVAS EXIGÊNCIAS DE SEGMENTOS TÃO DIVERSOS COMO AQUELES QUE SERVE.
Luís Cruz
G
rande empregador local na região Oeste, o grupo é o detentor da maior oferta local ao nível da hotelaria - cinco unidades: Hotel Atlântico Golfe, Villas do Lago, Dona Rita Park, Hotel Praia Norte e SuperTubos Beach Hostel - e já projeta novos investimentos. Um hotel temático que revisita as origens do município de Peniche e projeta o futuro do território está em curso, num investimento previsto de aproximadamente dez milhões de euros. Em simultâneo, a somar a uma oferta atual que inclui gastronomia, golfe, surf e um vasto conjunto de parcerias com entidades locais que garantem experiências desportivas e de lazer ao nível do que a região tem de melhor, o grupo projeta a construção de um hotel quatro estrelas, contrariando um ciclo para muitos de austeridade. O País Positivo entrevistou Luís Cruz , um dos rostos deste arrojado investimento na região Oeste. Como surgiu o projecto imobiliário do grupo Marteleira Hotelaria? O nosso grupo deriva da área da construção. O nosso investimento centrou-se desde o início na região Oeste, com a construção de empreendimentos em Torres Vedras e em Peniche, até que, há cerca de 20 anos, surgiu uma oportunidade na zona da Consolação, na altura um pequeno local sem qualquer tipo de edificação. Um pouco à imagem do que se fazia no Algarve, projetámos o Complexo Turístico do Botado. O investimento incluiu uma rede de casas e apartamentos, um hotel, um campo de golfe, um parque aquático e um conjunto de infraestruturas de apoio. Volvido algum tempo, procedemos a uma reconversão do parque aquático, que revertemos noutro hotel, o Dona Rita Park, assegurando, a
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par do Atlântico Golfe Hotel, a oferta de dois hotéis muito próximos mas com abordagens muito distintas e que resultaram muito bem. Começámos a nossa incursão na hotelaria, sem deixar a construção, nessa altura. Entretanto, surgiu a oportunidade de adquirirmos outra unidade no centro de Peniche, o Hotel Praia Norte, que requalificámos. Ficámos assim com quatro unidades, Atlântico Golfe, Villas do Lago, Dona Rita Park e Hotel Praia Norte e, há cerca de um mês, inaugurámos um novo conceito, o Super Tubos Beach Hostel. O Super Tubos Beach Hostel inaugura um novo paradigma na área do turismo, dedicando-se a um segmento ainda pouco explorado no país. Em que consiste? O Super Tubos Beach Hostel está situado em frente à praia da Consolação e Supertubos, uma praia com uma extensão de areia enorme e o ambiente perfeito para a prática de surf, bobyboard, kitesurf e mergulho. É também um excelente local para bons passeios de bicicleta e boas caminhadas, óptimo para relaxar e recarregar baterias. Supertubos é o nosso jardim, a nossa motivação é o bem-estar dos nossos clientes. O Supertubos Beach Hostel foi criado e decorado inspirado na natureza do local, na tranquilidade, vida e aventura que nos inspira. É composto por duas casas, com oito quartos, (seis deles com vista para o mar), quatro quartos duplos, um quarto de casal e três quartos partilhados (com beliches), para quem viaja sozinho e precisa de um lugar confortável mas mais acessível para dormir. Dispõe também de duas salas, seis WC, duas cozinhas equipadas, duas churrasqueiras exteriores com algum espaço para refeições exteriores e ainda uma
sala de convívio para jogar, conversar, descontrair, ouvir música ou ver um bom filme. Toda a casa tem acesso Wi-Fi gratuito e TV Cabo. Estamos a pensar ainda fazer mais duas incursões neste tipo de oferta. Numa época de crise, parecem contrariar o ciclo de contração vigente… O nosso conceito de negócio foi muito baseado numa alavancagem de capitais próprios, o que nos permite ter este crescimento sustentável. Num momento complicado para a economia, em que existem muitos complexos turísticos e hotéis a viverem dificuldades, nós encontramo-nos em contra-ciclo. Aumentámos a faturação mas também o número de hóspedes que ficam nas nossas unidades. Não recorremos a financiamentos bancários por norma. Hoje em dia, em termos de gestão diária dos hotéis, beneficiamos de um excelente equilíbrio e conseguimos viabilizar os projetos que temos. Gostaria de realçar o trabalho que o presidente da Câmara Municipal de Peniche tem vindo a realizar ao longo destes últimos anos, atraindo eventos e turistas também de outras nacionalidades, sabendo vender a marca Peniche, o que não é tarefa fácil. É verdade que os portugueses ainda ligam a imagem de Peniche a uma terra fundamentalmente piscatória, atividade que ainda hoje representa grandes mais-valias para as populações locais, mas a equipa que gere a autarquia soube passar a imagem de um território inovador, hoje alicerçado em novas infraestruturas, em desportos náuticos, em atividades de lazer, em realidades inovadoras, na energia das ondas... Com os parcos recursos que tem, o presidente da Câmara conseguiu traçar um caminho, arrastando uma região atrás dessa ideia.
Ainda é possível oferecer hoje diferenciação ao nível da oferta turística? Criar diferenciação é uma das missões que cultivámos desde o primeiro dia. Um dos nossos valores consiste em oferecermos qualidade ao cliente, que tem que ficar obrigatoriamente satisfeito. Isso passa muito pelas pessoas que seleccionamos. Temos colaboradores que estão connosco desde o primeiro dia e, entre aproximadamente cem funcionários, só uma pessoa está ainda em contrato o que demonstra o compromisso que estabelecemos com os nossos colaboradores e suas famílias. Somos atualmente o grupo com mais quartos na região Oeste e sentimos necessidade de oferecer algo mais. Algo muito importante para nós é o turismo corporate. As empresas que trabalham connosco, grande parte das quais da área farmacêutica e financeira, gostam desta zona, onde se come bastante bem, onde se está relaxado, as acessibilidades são excelentes e escolhem-nos para fazerem as suas reuniões de ciclo. Temos ofertas especiais para este tipo de segmento, temos oito salas e muito brevemente preencheremos uma lacuna existente com a construção de um hotel dotado de uma sala para reuniões com capacidade para 700 pessoas e restaurante integrado. Falamos de um projeto de dez milhões de euros, que consistirá na remodelação do Hotel Praia Norte, no centro de Peniche. Teremos salas altamente tecnológicas e uma oferta estruturada em que garantimos simultaneamente serviços de refeições e de estadia. Mas decidimos inovar porque entendemos que Peniche tem um passado histórico riquíssimo ligado às pescas. Teremos no hotel um centro de interpretação ambiental, em que falaremos sobre o passado, com uma indústria piscatória que remonta há dois mil anos, o presente e o futuro, em que falaremos da energia das ondas, dos desportos aquáticos… Vai ser um hotel temático dedicado às raízes passadas e às novas raízes de Peniche. Enquanto membros desta comunidade, sentimos esse compromisso. Este projeto estará certamente concluído em 2014. Que motivos sustentam a continuidade da aposta do grupo na região Oeste? Sabemos que a região Oeste tem enormes potencialidades e muito futuro. Os ativos mar e energias naturais, a par da agroindústria, representam áreas estratégicas por onde passará certamente o desenvolvimento da região. As pessoas estão a despertar para a região Oeste e já não querem apenas estar deitadas numa toalha quando vão para a praia. Aqui não encontram confusão, têm praias grandes, têm desportos e um sem-número de actividades de lazer, têm gastronomia, um mar à mesa, um local para as famílias com segurança, com cultura, a 45 minutos de Lisboa e a pouco mais de 200 km do Porto. É uma espécie de relaxed elegance…
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
“Estudar no estrangeiro é uma experiência enriquecedora a nível pessoal e profissional” A MULTIWAY É UMA EMPRESA VOCACIONADA PARA APOIAR PESSOAS QUE NECESSITAM DE ENRIQUECER O SEU CURRICULUM ATRAVÉS DA REALIZAÇÃO DE CURSOS OU PROGRAMAS NO ESTRANGEIRO. “TRABALHAMOS COM UM LEQUE MUITO VARIADO DE ENTIDADES INTERNACIONAIS. CADA VEZ QUE A MULTIWAY ENTRA NUM SETOR NOVO DE ATIVIDADE INFORMO - ME SOBRE QUAIS AS ESCOLAS RECONHECIDAS A NÍVEL MUNDIAL E COMEÇO A TRABALHAR COM ESSAS INSTITUIÇÕES”, EXPLICA ANTÓNIO VALADAS, DIRETOR DA MULTIWAY.
António Valadas, Diretor da MultiWay
Na vertente académica, a MultiWay disponibiliza cursos que conferem equivalência ao Ensino Secundário e ao Ensino Universitário. “No secundário temos um programa dirigido dos jovens dos 15 aos 18 anos que inclui um ano letivo no estrangeiro. É um programa fundamental na preparação de um jovem para o futuro. Estando um ano letivo a estudar noutro país, um jovem vem falar bem a língua e durante esse ano ele vive noutra cultura. Há aqui um aspeto importante ao nível do desenvolvimento pessoal, o jovem cresce em maturidade, responsabilidade e autonomia. É com orgulho que constato que antigos alunos da MultiWay estão em cargos importantes em vários países e reconhecem que foi esse ano que marcou o seu percurso pessoal e profissional o que os leva a inscrever os seus filhos nestes programas”, afirma António Valadas. “Durante o ano em que o estudante vai para fora há um acompanhamento permanente. Na MultiWay tratamos de tudo. Cada programa tem o seu preço e a inscrição tem que ser feita com um ano de antecedência. O estudante é alojado numa família de acolhimento local com a inserção total na vida e cultura do país” explica. “Nos cursos académicos de nível superior a MultiWay tem um programa de colocação em universidades dos Estados Unidos da América, havendo a possibilidade de o aluno ter uma bolsa de estudo. Em Portugal, a MultiWay é a única entidade que oferece esta possibilidade a partir do primeiro ano”, acrescenta.
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A Multiway tem ainda cursos de línguas nos países onde elas são faladas dirigidos a dois grandes grupos: para jovens até aos 18 anos e para adultos. Para os jovens há cursos de verão, com duração de duas a três semanas, que inclui atividades recreativas e desportivas. Os cursos para adultos estão orientados para necessidades de progressão na carreira. “São cursos de melhoria do conhecimento geral, preparação para exames ou para fins técnicos. Temos Inglês (nos EUA, Nova Zelândia e África do Sul), Francês, Alemão, Italiano, Espanhol, Mandarim, Russo, Japonês e Árabe. Estes cursos funcionam durante todo o ano e o aluno pode escolher a duração, o nível e a carga horária”, diz. “Estes cursos para adultos deram origem a um programa de trabalho remunerado. No Reino Unido temos estágios remunerados na área da hotelaria e da restauração e estágios não remunerados nas restantes áreas. Além disso, temos o programa Au Pair, destinado a raparigas dos 18 aos 26 anos em que durante 12 meses vão para uma família tomar conta de crianças. São exemplos de programas que podem dar origem a oportunidades profissionais”, destaca. A MultiWay tem ainda cursos de Gestão Hoteleira, Gestão de Eventos, Gestão de SPAS, Turismo, Artes Culinárias, na Suíça, em algumas das melhores escolas de hotelaria. “São cursos que dão acesso ao mercado de trabalho mundial. Os licenciados em qualquer área podem fazer uma pós-graduação”. Estão ainda disponíveis cursos na área de Design e Moda, no Istituto Europeu di Design, com sede em Milão, mas que têm escolas em várias cidades de Itália e também em Espanha (Madrid e Barcelona). Pontualmente há cursos na área do cinema e da música. Recentemente, a MultiWay criou uma parceria com uma Universidade na República Checa nos cursos de Medicina e de Medicina Dentária (Licenciatura e Doutoramento), lecionados em Inglês e reconhecidos internacionalmente, incluindo nos EUA. A MultiWay conta com um representante da Universidade que se desloca a Portugal para a realização das provas de acesso a estes cursos. “Estudar no estrangeiro é uma experiência enriquecedora a nível pessoal e profissional. Os alunos jamais esquecerão aquilo que vivenciaram e os conhecimentos pessoais, linguísticos e culturais que adquiriram. Vêm com uma mentalidade empreendedorista que lhes dá ferramentas para a sua vida pessoal e profissional. Quando se vai estudar para fora vai-se ser cidadão do mundo, criando-se mecanismos de adaptação intercultural. A MultiWay tem como slogan “Vai, mas volta”. O nosso objetivo não é levar a que estes alunos se fixem no estrangeiro, mas sim que eles se enriqueçam e tragam o know-how e as experiências que adquiriram no estrangeiro para Portugal”, defende António Valadas.
A experiência de estudar no estrangeiro contada por quem a viveu Passar um ano nos EUA é uma decisão difícil de tomar mas acertada. Posso dizer que voltava a fazer sem pensar duas vezes. Ir um ano para fora, longe da família, dos amigos e de tudo, é difícil, há saudades e medos, mas é isso que nos ajuda a crescer. Quando cheguei fui muito bem recebida por uma família americana. Tive saudades e os primeiros tempos foram mais difíceis, mas com tantas aventuras e atividades que me levaram logo a fazer, a vinda para aqui começou logo a valer a pena. A escola começou dois dias depois de eu chegar. Tive aulas que nunca teria em Portugal como o yearbook (livro do ano), fotografia, cerâmica. O espírito dos alunos é ótimo. É um ano inesquecível e que vale todos os dias mais difíceis e stressantes que possam haver! Prometo que não se vão arrepender! Rita Cunha Quais as razões que te levaram a inscrever no programa? As vantagens do programa eram claras para mim: melhorar o inglês, aprender uma nova cultura, fazer novos amigos, ganhar independência, para além de que já estava a considerar
fazer a faculdade nos EUA. É um desafio passar um ano sem aquilo que conhecemos tão bem, as saudades e a mudança são assustadoras. O que me fez tomar a decisão final foi saber que se eu não participasse no programa, me iria arrepender de perder uma oportunidade que não sabia se voltaria a ter. Descreve a tua escola americana, aspetos particulares e diferenças para a tua escola em Portugal, e como te sentes integrado. A minha escola aqui é relativamente pequena. Os professores são interessados nos alunos e dedicados. Para além de tudo isto, na escola as pessoas são aceites por quem elas são, são genuínas e não têm de recear rejeição por parte dos outros. Achas que estar a ganhar alguma coisa com o facto de estar aí? Estou a ganhar imenso. Aprendi uma nova cultura, cresci e aprendi imenso sobre mim. Se soubesses o que sabes hoje voltavas a inscrever-te? Nem hesitava! Vasco Diogo. 11º ano nos EUA
SEGURANÇA E VIGILÂNCIA
Especialista em Segurança Eletrónica ENTREVISTA A BRUNO ELIAS VALENTIM, ADMINISTRADOR GRUPO VALARME
Bruno Elias Valentim e Álvaro Valentim
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Valarme conta com uma larga experiência no setor da segurança eletrónica. Como tem sido a sua evolução no setor onde atua? A Multi-Protecção, Segurança Electrónica, Lda. é uma Empresa constituída a partir da conceituada marca VALARME , fundada por Álvaro Valentim em 1975, especializada na venda, comercialização e instalação de sistemas electrónicos de segurança, de alta tecnologia. Atualmente a Multi-Proteccao sediada na Av. Almirante Gago Coutinho 33 lj em Lisboa, tem como administrador o seu filho Bruno Elias Valentim. Após uma restruturação e enquadrando-se com a conjuntura económica atual, apostamos na formação integrada dos nossos quadros assim como na certificação da empresa a nível de qualidade ISO 9001. A nossa proximidade com os nossos clientes, deve-se à confiança nos nossos serviços e na nossa disponibilidade e prontidão. Para nós um cliente não é um número, mas sim um rosto, uma pessoa que merece a nossa atenção e colaboração, pois são esses clientes que nos fazem acreditar neste projeto, confiando que a nossa qualidade está nos nossos equipamentos mas também no aconselhamento e na equipa técnica dando sempre prioridade às suas necessidades.
Quais os serviços prestados pela Valarme e que sistemas de segurança estão ao dispor dos clientes? A sua atividade desenvolve-se na área de alarmes de deteção de Intrusão, alarmes de deteção de incêndio, videovigilância, controlo de acessos, redes estruturadas e automação. Com uma grande variedade de soluções, a Multi-Protecção dispõe de uma diversidade de produtos capazes de detetar qualquer violação do perímetro interno e externo, seja na residência, Industria ou comércio, proporcionando assim a tranquilidade de quem faz questão de proteger os seus bens e a sua integridade física. A Valarme oferece a possibilidade de uma adequação dos equipamentos às necessidades e exigências de cada espaço comercial ou de habitação, assente numa lógica de conceção de projetos? Há um aconselhamento prestado a este nível? A Multi-Protecção apresenta-se no mercado como integrador de sistemas, através do fornecimento, não só, de equipamentos, mas essencialmente, de soluções adaptadas às necessidades do Cliente, disponibilizando um vasto serviço nas áreas de projecto, comercialização e prestação de serviços de assistência técnica. Nas áreas tecnológicas em que desenvolve a sua atividade, a Multi-Protecção, desfruta com os principais
fornecedores de acordos de parceria estratégica comercial e técnica, capaz de se diferenciar num mercado cada vez mais exigente e competitivo. Qual a garantia dada pela Valarme ao nível da assistência técnica que presta, no que diz respeito à celeridade e abrangência geográfica da sua resposta? Com aproximadamente 40 mil instalações efetuadas e a fazer manutenção e assistência a todos os clientes, a Multi-Protecção dispõe de uma equipa técnica altamente especializada capaz de satisfazer as mais variadas necessidades de quem procura os nossos Serviços. Abranjemos todo o território nacional, respondendo às solicitações o mais rápido possível de forma a satisfazer as necessidades dos nossos clientes e corresponder as expectativas. Enquanto jovem empresário, quais os projetos futuros que perspetiva para a Valarme? Como jovem empresário resta-me acreditar no meu projeto respeitando e incentivando todos os meus colaboradores e mantendo os meus princípios de satisfação prioritária aos meus clientes, fazendo tudo que esteja ao meu alcance para corresponder às suas necessidades.
“A nossa proximidade com os nossos clientes, deve-se à confiança nos nossos serviços e na nossa disponibilidade e prontidão. Para nós um cliente não é um número, mas sim um rosto, uma pessoa que merece a nossa atenção e colaboração, pois são esses clientes que nos fazem acreditar neste projeto, confiando que a nossa qualidade está nos nossos equipamento mas também no aconselhamento e na equipa técnica dando sempre prioridade às suas necessidades” “A Multi-Protecção apresenta-se no mercado como integrador de sistemas, através do fornecimento, não só, de equipamentos, mas essencialmente, de soluções adaptadas às necessidades do Cliente, disponibilizando um vasto serviço nas áreas de projeto, comercialização e prestação de serviços de assistência técnica” “Com aproximadamente 40 mil instalações efetuadas e a fazer manutenção e assistência a todos os clientes, a Multi-Protecção dispõe de uma equipa técnica altamente especializada capaz de satisfazer as mais variadas necessidades de quem procura os nossos Serviços. Abranjemos todo o território nacional, respondendo às solicitações o mais rápido possível de forma a satisfazer as necessidades dos nossos clientes e corresponder as espetativas”
Av. Almirante Gago Coutinho nº 33 Lj Lisboa 1000-015 Lisboa
Tel 211 518 626 www.valarme.pt | www.multi-proteccao.pt Julho 2013
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SEGURANÇA E VIGILÂNCIA
Viva em segurança FUNDADA EM 2003, A TRIAF É UMA EMPRESA DE SERVIÇOS QUE APOSTA NA ESPECIALIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO COMO FATOR DIFERENCIADOR. EM ENTREVISTA À NOSSA PUBLICAÇÃO, JOSÉ VASSALO, SÓCIO DA EMPRESA, APRESENTA- NOS AS SOLUÇÕES MAIS INOVADORAS E EXPLICA A RAZÃO DE SEREM UMA EMPRESA DE DESTAQUE NA ÁREA DA SEGURANÇA.
José Vassalo, Sócio da Triaf
Em 2009 dá inicio a uma política de investimentos cujo principal objetivo estratégico passa pela implementação de novos métodos de gestão e de produção. A modernização dos sistemas de informação é uma aposta na economia digital como motor de internacionalização da empresa e desenvolvimento de novos produtos. A prioridade em garantir um serviço de qualidade compromete a empresa que mais uma vez atinge uma das metas a que se propôs, a certificação pelas norma NP4413/2012, que permite cumprir a legislação em vigor relativa à Manutenção de Extintores e Iso9001/2008 pela implementação de um Sistema de Gestão de Qualidade. Apresentando-se como uma empresa de serviços tecnológicos, a Triaf disponibiliza aos seus clientes
uma vasta gama de serviços, todos apoiados pelas últimas novidades do mercado. Para poder assumir este nivel de compromisso o potencial humano é essencial, de modo que a empresa contou com dois programas de formação nos últimos dois anos, POPH e Formação MaisPme para que a formação continua aos colaboradores garanta sempre que estejam aptos a acompanhar as novas tecnologias e dar resposta às necessidades dos clientes. A Triaf é uma empresa cem por cento especializada em Segurança e em Telecomunicações, empresariais e residenciais. Com uma vasta experiência nesta atividade, adquirida ao longo do tempo, atua no mercado de venda, instalação, manutenção e assistência técnica, oferecendo equipamentos e serviços de última geração. Cada caso é
– Rua Nova do Noval, 33 | 4705-057 Braga
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Tel 253 925 234 | Fax 253 925 236 | www.triaf.pt Julho 2013
um caso e como tal, para cada cliente existe uma solução adequada às suas necessidades, sempre com qualidade, transparência e rigor. Na segurança destaca-se na Videovigilancia, reconhecendo que é uma mais valia permitir ao utilizador estar em qualquer parte do mundo e aceder às imagens da sua habitação vizualizando-as em tempo real. Os videogravadores contam já com uma capacidade de armazenamento muito superior, sem degradação da imagem, câmaras com visão noturna, câmaras antivandalismo, interligação com sistemas de segurança ou domótica, entre outras. É possivel por exemplo que quando toquem à sua campainha, o seu vídeo porteiro, através de um interface gsm, transmita diretamente para o seu telemóvel o audio e, dessa forma, consegue simular que está em casa e evitar alguns assaltos. Mas os novos vídeo porteiros também permitem captar imagem para criar um registo de quem toca à sua campainha”. No incêndio também tem um papel muito importante e é especialmente na manutenção de extintores que se revela, cumprindo todos os requisitos legais necessários a esta atividade, estando registada na ANPC, registo no INCI e certificações NP4413:2012 e ISO9001. A empresa possui oficina própria completamente equipada para proceder a manutenção dos extintores, de acordo com a legislação em vigor. A mais recente aposta consiste num produto muito particular, a vedação elétrica, que garante a segurança de todo o perimetro da sua habitação. As cercas elétricas impelem ao toque dos intrusos, traduzindo-se assim no produto certo para quem pretende estar em segurança plena. Especialmente destinado aos stands automóvel, o Horús Park, previne o proprietario de roubos .Consiste num sistema sem fios que colocado dentro do automóvel emite um alerta automático para o telemovel do utilizador sendo possivel identificar pela mensagem, o carro e o momento em que ocorreu. Com diversos produtos nas áreas das telecomunicações, videovigilância, incêndio, controlo de acessos, domótica, extintores e informática, a Triaf consegue ser uma empresa multi-facetada pois “somos capazes de interligar um sistema de intrusão a um sistema de vigilancia a uma plataforma informática sem qualquer problema e com os nossos proprios recursos, sem nunca precisar da subcontratação”, refere José Vassalo. Evoluções à parte, certo é que a Triaf é o seu parceiro privilegiado para a segurança e os seus técnicos especializados e certificados poderão ser a tranca que a sua porta necessita. Aqui, os clientes recebem sempre os produtos mais recentes e as tecnologias mais inovadoras, sem nunca esquecer a qualidade com que cada serviço é prestado.
APOSTAMOS NA QUALIDADE EM TUDO O QUE FAZEMOS.
Os nossos Valores
T
ransparência Desde a apresentação da empresa, à construção da proposta individualizada, à realização de trabalhos, ao apoio técnico prestado, ao atendimento personalizado, a Triaf de tudo faz para que a relação com o cliente seja o mais transparente possível.
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igor Com a contínua aposta no sistema de qualidade ISO9001 e NP4413, rigor é a palavra de ordem em tudo aquilo que fazemos. Controlamos todos os processos inerentes à empresa com o máximo profissionalismo tendo sempre em vista a maximização da satisfação dos nossos clientes. Possuímos um departamento específico de controlo de qualidade que conta com um quadro qualificado e certificado para garantir o máximo rigor nos nossos processos.
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ntegridade Com integridade, factor de absoluto destaque em toda a caminhada, conseguimos alcançar os objetivos dentro de uma perspetiva de verdadeiro sucesso. Honramos os nossos compromissos e conservamos na prática o que recomendamos.
A
titude Perante as adversidades a nossa postura prima pela dedicação e as melhores soluções são devidamente ponderadas. Somos uma equipa que baseia a atividade numa atitude profissional, assente na compreensão das necessidades dos nossos clientes, complementada com a competência técnica na abordagem aos desafios propostos.
F
ormação Constituída por técnicos especializados e devidamente qualificados, a Triaf continua a promover o bem-estar e o contínuo aprimoramento humano e profissional dos colaboradores, para que estejam preparados para enfrentar quaisquer tipo de desafios que possam surgir no contexto da sua atividade profissional, obtendo sempre os melhores resultados, quer ao nível da qualificação quer ao nível da produtividade.
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