Lusos - Notícias em Português no Reino Unido

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Edição nº 2 Abril 2022

Distribuido em mais de 600 pontos

Notícias em Português no Reino Unido

COMO A “BRAZILWATER” POVOU O NW10 EM LONDRES

BRASILEIROS DOMINAM ACTIVIDADE DE ENTREGAS EM LONDRES

A comunidade brasileira, inventora da Brazilwater há 20 anos atrás está hoje mais a Norte de Londres sobretudo na zona identificada pelo código postal NW10. Fomos desvendar esta deslocação e o crescimento desta comunidade no local.

São muitos milhares de trabalhadores que em Londres e em todo o Reino Unido fazem da sua profissão a tarefa de entregas sobretudo de comida. Entre 70% e 85% são seguramente brasileiros. Saiba mais. Pág.12

A minha amiga ucraniana Descobrimos caminhos para enviar ajuda à Ucrânia. Bens alimentares, material médico e militar no topo das necessidades. Entregas em Londres.. Pág. 6

Nathalie Oliveira. A filha do “salto” que chega a deputada

Jovem português candidato em Lambeth

Nathalie de Oliveira a lusodescendente que acaba de escrever história ao ser eleita deputada pelo Círculo Eleitoral da Europa. Pág. 19

Um jovem português de apenas 23 anos nascido em Londres arrisca ser o terceiro vereador municipal nas eleições locais em Maio de 2022. Conheça a personalidade. Pág. 19


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Nuno Brito é o novo embaixador de Portugal em Londres Nuno Filipe Alves Salvador e Brito é o novo embaixador de Portugal para o Reino Unido. Natural de Angola a exemplo de João de Vallera que esteve no cargo até ser substituido pelo embaixador Manuel Lobo Antunes que cessou as suas funções. LUSOS Londres

Chega a Londres com 63 anos de idade depois de um extenso percurso profissional ao serviço da diplomacia portuguesa. É licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa em 1984 tendo entrado de imediato na diplomacia começando por desempenhar funções no departamento americano. Três anos depois foi enviado para a Embaixada portuguesa em Washington, como Secretário de Embaixada, onde permaneceu até 1993. Regressando ao Ministério, foi nomeado para o gabinete do Ministro dos Negócios Estrangeiros, que serviu até 1995. Ainda nesse ano, foi chefe de gabinete do Secretário de Estado da Defesa, António Vitorino. Em 1997 o embaixador foi colocado na missão portuguesa junto das Nações Unidas, onde

desempenhou o cargo de representante alternante no Conselho de Segurança, do qual Portugal foi membro não-permanente no mandato de 1997/1998. Desempenhou o cargo de representante permanente nas Nações Unidas em 1999. Após ter passado pelas Nações Unidas, regressou a Portugal em 2002, como assessor do então Primeiro-Ministro, Durão Barroso, até março de 2005. Foi depois nomeado co-presidente da Comissão Luso-Espanhola para a Cooperação Transfronteiriça e, desde 29 de setembro de 2005, membro conselheiro do Conselho Económico e Social. A partir de 12 de junho de 2007, desempenhou o cargo de Diretor-Geral dos Assuntos Europeus. Entre 23.02.2011 e outubro de 2015 foi Embaixador de Portugal nos EUA. Desde outubro de 2015 é o Re-

Paulo Cafôfo novo Secretário de Estado das Comunidades LUSOS Londres

Licenciado em História, Paulo Cafofo tem 50 anos e ameaça ser um Secretário de Estado próximo das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Enquanto Presidente do Município do Funchal, cidade de onde é natural, o agora Governante teve oportunidade de contatar com várias comunidades madeirenses residentes no estrangeiro tendo neste contexto visitado Londres. A exemplo de Cafôfo, os seus dois antecessores também foram presidentes de Câmera como foi o caso de José Luis Carneiro e Berta Nunes. Para o seu mandato dos próximos quatro anos, Cafôfo pretende alinhar o Conselho das Comunidades, conhecer o mapa associativo e ouvir líderes comunitários. Uma das suas afirmações de maior destaque, é o apoio que pretende oferecer ao voto digital depois do que aconteceu nas últimas eleições legislativas com o Círculo da Europa. Os portugueses residentes no estrangeiro, terão também oportunidade de ver como o Governante

vai resolver, ou tentar, a asfixia dos diversos consulados espalhados pelo mundo. Este, será talvez o maior desafio para o seu mandato na modernização tecnológica da rede consular. Paulo Porto, também ele madeirense e até aqui deputado do PS pelo círculo fora da Europa (Resto do Mundo) e residente no Brasil, passa a integrar a equipa de trabalho na Secretaria de Estado. Na tutela desta Secretaria de Estado, fica ainda o Instituto Camões, a rede mundial de Ensino da Língua Portuguesa e que gere uma malha de professores de Português em termos globais. No seu percurso político, Paulo

presentante Permanente de Portugal junto da União Europeia. Foi embaixador de Portugal nos Estados Unidos da América e embaixador da União Europeia para a Commonwealth passando agora a representar Portugal em terras de Sua Majestade o Reino Unido.

Vem da Madeira onde foi Presidente da Câmara Municipal do Funchal tendo sido o primeiro Presidente de Câmara do Partido Socialista depois de um reinado de quatro décadas pelo PSD. Cafôfo apresenta uma derrota nas eleições para Presidente do Governo Regional da Madeira tendo contudo conseguido o que nunca tinha acontecido que foi limitar a maioria absoluta do PSD durante quase 40 anos e este detalhe, foi considerado uma vitória para o Partido Socialista na Região Autónoma. No imediato, as afirmações de Paulo Cafôfo a alguma imprensa, revelam sobretudo um clima de esperança que se espera venha a concretizar.

EDITORIAL

O QUE ESPERAR Para esta edição unimos a comunidade de dois cunhos. Brasil e Portugal observando como juntas se movem em Londres ao longo do tempo. Duas décadas de história a atravessar Londres e por onde duas comunidades se confundem em uma só. As eleições em Portugal elegeram pela primeira vez uma lusodescendente como deputada nacional enquanto outro se prepara para ser eleito em Londres. A comunidade, unida pela Língua, acaba por escolher os mesmos destinos no país de acolhimento a exemplo do que acontece em Manchester ou no condado de East Anglia e por quase duas décadas, vamos seguindo o seu trilho e acompanhando as suas mudanças geográficas como destinos comuns. A Língua é mais forte. Fomos à descoberta da atividade dos transportes de mudanças e desvendamos que existe uma atividade profissional que é absolutamente controlada pela comunidade brasileira maioritáriamente composta por jovens. Os portugueses, têm novo embaixador e novo Secretário de Estado. Este último, natural da Ilha da Madeira, local que tem uma larga mancha de residentes no Reino Unido desde Inglaterra até ás ilhas britânicas no Canal da Mancha. Como não podia deixar de ser, a guerra na Ucrânia e também aqui descobrimos cidadãos ucranianos dispostos a canalizar para o país todas as ajudas que se possam oferecer em géneros ou dinheiro. Ao final deste tempo, consideramos que mais uma vez está cumprida a nossa função de informar em Português quem reside no Reino Unido. Estamos juntos.


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Guerra na Ucrânia. Até quando? Chamou-lhe Operação Militar Especial e prende quem usa a palavra “Guerra” em território russo. LUSOS Londres

Vladimir Putin tornou-se no mais conhecido rosto da imprensa mundial das últimas semanas. Depois de ter abandonado a sua atividade ao serviço do KGB, antigos serviços secretos da União Soviética, Putin foi Presidente da República, Primeiro-Ministro para voltar a ser Presidente da República tendo alterado a legislação que lhe permite agora manter a sua posição na presidência até 2036. Casado e com duas filhas (e alguns boatos não confirmados), Putin raramente é visto fisicamente próximo de alguém. Sempre mantém distância de outras pessoas. Outra nota não confirmada, dá Putin como portador de doença terminal, razão, dizem alguns comentadores, para que tenha decidido criar o clima de terror que se vive na Ucrânia nas portas da Europa Ocidental. Foi com Ronald Reagan e Gor-

vatchov presidentes dos EUA e da URSS respevtivamente que se assistiu ao desmembramento da URSS e a independência de vários estados que faziam parte do bloco Soviético. Foi também o momento em que assistiu à queda do muro de Berlim e à unificação da Alemanha. Neste acordo, ficou decidido que os países da ex União Soviética não poderiam fazer parte do Tratado Atlântico Norte (NATO ou OTAN) e a candidatura da Ucrânia a este tratado enfureceu Putin ao ponto de ter iniciado esta guerra que contudo terá outras razões. Uma de las, é seguramente o acesso ao mar navegável como o caso do Mar Negro. Sabemos que os países sem acesso ao mar têm dificuldades acrescidas e que ao contrário do acesso ao mar por parte da Ucrânia no Sul, o acesso ao mar pela Russia no Norte bate de frente com as águas geladas que dificultam a navegação e por esta via o trafego marítimo está

assim mais dificultado. Quando os países da OTAN aceitaram discutir a integração da Ucrânia, Putin sentiu o seu ponto nevrálgico irritado e depois da invasão da Crimeia, entendeu que não sendo suficiente, toda a Ucrânia seria o ponto a chegar. A realidade é que o acordo entre a Russia e a OTAN, não foi consultado pela Ucrânia, assim, a violação do acordo não é da autoria da Ucrânia mas sim da OTAN pelo que, o ataque da Russia deveria ser contra a OTAN e não contra a Ucrânia. Esta é uma das leituras possíveis. Antes de Fevereiro, já Biden dizia que Putin pretendia invadir a Ucrânia o que sempre foi desmentido pelo Kremlin. Ficou provado que na verdade não se pode acreditar nas palavras de Putin. Para Moscovo, fica uma tremenda indiferença em relação às leis da guerra e que crimes de guerra não são um problema para o presidente Putin. Mulheres violadas e assassinadas, cadáveres de crianças e idosos

um pouco por todo o território ucraniano, são o cenário nos palcos abandonados pelas forças russas. Dificilmente Putin será levado a um Tribunal Internacional mas a verdade é que o seu rosto e nome, ficarão na história pelas piores razões. Biden chamou “carniceiro” a Putin e este por sua vez, apressou-se a informar que o insulto seria considerado no teatro de guerra. Por outras palavras, Biden insulta Putin e quem paga é o povo ucraniano. Biden, deveria ter mais tento na língua e usar mais diplomacia mas isso parece não favorecer os interesses financeiros e economicos dos EUA. Do outro lado da barricada, temos a oragem do povo ucraniano tampão da guerra em toda a Europa. O perigo de um acidente está latente. E também patente. Bastará que por erro técnico um dos misseis caia em território de um país da NATO e o rastilho estará aceso. Putin não é do género de saber pedir desculpas quando se engana e o resto do Mundo não acreditaria se a Russia tives-

se um erro por engano. Há que lembrar que já depois da invasão da Crimeia, aviões militares russos sobrevoaram clandestinamente os céus do Reino Unido e não é a primeira vez que Putin se mostra agressivo com Londres. O Ocidente, teme um alastramento e se isso acontecer (o que é pouco provavel), então estará desencadeada uma guerra cujos limites desconhecemos. As sansões do Ocidente poderão não ser suficientes para travar Moscovo que tem na energia a sua principal resposta. O Ocidente, dificilmente terá capacidade para eliminar as suas necessidades do fornecimento russo nos próximos anos e esta é mais uma questão que delimita o que possa acontecer em termos temporais. Enquanto o Ocidente tiver necessidade de um único fornecedor para as questões energéticas, Moscovo vai continuar a faturar para alimentar o seu esforço de guerra. Qualquer empresário, sabe que em termos estratégicos, não se deixa cair numa cilada de dependência de um só fornecedor e por esta via, não se entende como países como Alemanha e França (para citar apenas dois exemplos), se deixaram entrar nessa dependência exclusiva da energia russa. Perante as sações, Putin tirou nova carta da manga e exige agora que os bancos centrais do Ocidente tenham conta aberta em bancos russos para poderem pagar em rublos. Do lado de lá dos muros desta guerra, vemos as “indisposíções” da China, da Liga Árabe e da Índia. No caso da China, é conveniente aproveitar os negócios que mantém com todos os tabuleiros ao mesmo tempo que analisa a reação do Ocidente com os olhos postos em Taiwan e Hong Kong. A invasão da Russia à Ucrânia servirá como barómetro. No caso da Índia, Cachemira e o Tibete, são as pedras no sapato que não podem ser atiradas a telhados de vidro. Já a Liga Árabe, com forte dependência orçamental da produção de crude, assiste impávi-


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da a espreitar as oportunidades que se vão abrindo para aumentar o preço da matéria prima por barril. Juntos, teriam capacidade para fazer parar Putin mas não parece ser essa a intenção. Basta seguir o dinheiro. Putin, entende a Ucrânia como território russo e não parece disposto a abdicar dessa ambição. Já os ucranianos, não estão dispostos a abdicar da sua soberania e o seu Presidente Volodomir Zelenskyy tem-se mostrado um digno intérprete das ambições do seu povo e das preocupações de todo o mundo Ocidental. Assim, é uma conclusão possível de que Putin, ao sentir que a OTAN estaria a entrar muito perto das suas fronteiras, sentiu

ter razão para proceder da forma como procedeu. Mesmo que a tivesse, perdeu-a quando massacra todo um povo com requintes diabólicos. O que hoje o Ocidente pensa de Putin, será muito provavelmente o que o próprio pensa dele mesmo e sente-se vaidoso por isso. Na esgrima dos seus argumentos, está a defesa do povo russo e do território da Russia que nunca foi ameaçado. Nada justifica a violação das regras internacionais de guerra e o que tem estado a acontecer ao povo da Ucrânia não é compreenssível nem entendível a não ser pelo fio da ambição do dinheiro. O Ocidente, pode e deve prestar todo o apoio que puder em

termos economicos e militares. Os povos do ocidente, talvez devam vénias às vítimas ucranianas que estão a segurar (em muitos casos a vencer) as tropas russas. Até quando vai durar esta guerra? Ninguém sabe. Depois do que assistimos no Afeganistão, Síria e Líbia para citar apenas três exemplo, dá poucas esperanças a um fim rápido enquanto alimentam esperanças a um fim trágico e longínquo. Lamentavelmente. Como a história vai ler esta guerra? É a incógnita que só o

futuro irá responder. Na memória dos ucranianos, este período ficará para o resto das suas vidas. Décadas de memórias que serão incuráveis. Para os países do Ocidente, o rescaldo em termos economicos será também um rastilho bastante longo que não sabemos se apaga no caminho ou se se vai prolongar até ao barril de pólvora que pode atingir toda a Europa e o resto do mundo num efeito dominó. Esta guerra, levou à Ucrânia um volumoso contingente de jornalistas sendo que alguns deles

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pereceram no teatro de guerra para fazer chegar ao exterior a verdade dos acontecimentos. Os que conseguirem regressar, vão ter que se confrontar por um longo período (o resto da vida) com os cenários que estão a testemunhar. Feridas que o tempo não consegue curar. Riscos da profissão. Слава Україні (Glória à Ucrânia) e a solidariedade de todo o Ocidente que deve à coragem daquele povo a sua futura independência e autodeterminação.


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A minha amiga ucraniana

A viver em Londres, o mais fácil é ter amigos de diversas nacionalidades. A nacionalidade ucraniana é abundante em Londres com cerca de 70 mil cidadãos deste país a viver no Reino Unido. Manuel Gomes Londres

A Kate porém, salta à minha vista. Está casada com um velho e bom amigo português de apelido Silva com um filho ainda criança com o mesmo apelido. Mais português seria difícil. O irmão da Kate está na frente de guerra e pede ajuda para alimentar a coragem de um povo que está a surpreender o Mundo pela sua capacidade de resistir. Pedem sobretudo capacetes, luvas e coletas de proteção mas também pedem comida pronta a comer e com datas de validade alargadas e carrinhos de bébé. Fraldas e biberões, roupa e dinheiro para não deixarem que esta guera, cedo ou tarde, bata na porta de outros países europeus. Nada fácil para Oleksii, o irmão da minha amiga Kate que está a defender a Ucrânia e a liberdade que temos na Europa. Com ele, está Oleksandr, primo, e ambos de arma na mão a defender a minha liberdade de escrever este trabalho. Confesso, tenho alguma dificuldade em pensar que enquanto escrevo estas palavras, uma “azeitona” enviada por Putin possa abrir a minha janela e deixar este texto por acabar. Olho para os edifícios destruídos na televisão e gente sem água ou luz. Sem comida e medicamentos e fico incapaz de não ajudar com tudo o que tenho e posso. Afinal, há gente a morrer para que eu possa continuar a ter a liberdade de escrever o que estás a ler. Podemos todos oferecer o que não nos faz falta mas isso não será certamente o suficiente. É preciso roupa e comida, água e fraldas mas não podemos enviar uma embalagem de electricidade mas podemos enviar algum dinheiro. Pouco? Muito? Apenas o que possas e em Londres, te-

mos quem dê a cara UK help to #StandWithUkraine e um centavo por cada um de nós, não nos fará diferença no Reino Unido mas fará grande diferença a quem está a lutar para garantir a tua

liberdade. Basta uma libra por cada lágrima que não precisas de chorar enquanto a televisão te mostra cadáveres espalhados pelas ruas. De todas as idades e alguns de mãos atadas e com

requintes de tortura. Há pessoas na Ucrânia com as lágrimas secas por não terem mais lágrimas para chorar nem chão para andar. Agora, vamos desafiar a tua imaginação.

LISTA DE PRODUTOS SOLICITADOS

Estás na tua casa a ver televisão. Talvez a cozinhar e num único instante, tens o tempo de carregar uma mochila para ires a uma estação de combóio onde está gente demais sem lugar para sentar ou ficar em pé por dias de viagem para um destino com futuro incerto. Gritas por ajuda, desesperas por dormir e já não te lembras de como sorrir. Como te sentes quando percebes que a tua vida ou morte estão dependentes de um acidente, uma bala perdida, uma bomba no lugar onde estás? Segues pela rua e tens que passar por cadáveres espalhados pela rua e ninguém te ajuda. Não importa o que podes dar ou quanto podes oferecer. Importa que há gente a morrer para que possas continuar a viver. A Kate, em Londres, responde a todas as tuas perguntas e pergunta a todas as tuas respostas; e dá a cara. Ela conhece os corredores humatitários subterrâneos por onde podemos fazer chegar a ajuda. Para ela, o importante é ajudar o irmão a continuar vivo. E tu? Dá que não dói. Contato por email: k_vyshnyak@hotmail.com NOTA FINAL: Os donativos podem ser feitos online e as entregas de bens em Colindale (Barnet) a Norte de Londres. UK #StandsWithUkraine

E claro, dinheiro. 1 libra será uma ajuda. Dá quantas ajudas possas.

• comida enlatada (qualquer)

FORNECIMENTO MÉDICO:

SUPRIMENTO DO EXÉRCITO:

• comida pronta para comer

• Grampos para operações médicas

• sopas secas

• Pinças

• Roupas do exército

• massa • arroz • farinha de trigo

• Bisturis (cirúrgico)

COMIDA: • comida de bêbe

(jaquetas, calças, luvas, balaclavas, roupas térmicas, lã)

• Conta-gotas médico

• Armadura corporal

• Enemas

• Câmeras térmicas

• Garrafas térmicas

• Máquina de esterilização para instru • mentos cirúrgicos

• Caixas de primeiros socorros • Bandagens

• Desinfetantes

• Capacetes

• Caixas de primeiros socorros • Rádio


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A coisa boa da guerra na Ucrânia Em boa verdade, duas coisas boas. Ficou tácitamente decidido que a Ucrânia fará parte da Uniao Europeia. Com ou sem adesão à moeda Euro como é o caso por exemplo do Reino Unido e da Bulgária entre outros. LUSOS Londres

Está assinado que um ataque a um membro da OTAN, significa um ataque a todos os membros. Putin, ameaçou a utilização da força nuclear (informação confirmada) e o primeiro engenho lançado perto de Inglaterra (segundo boatos não confirmados). A isto temos que acrescentar as milhas marítimas nas fronteiras e depois olhar o espaço aéreo. Que bico de obra. A segunda coisa boa, é que os países da União Europeia não só

se uniram em favor da Ucrânia mas também se uniram em torno de si mesmos. A ameaça aos países nórdicos foi muito deselegante por parte da Rússia. Está na altura de a União Europeia mostrar o peito. Em boa verdade, três coisas boas se podem tirar da tragédia. A Ucrânia nasceu não apenas como país mas como Nação. Muito por força do seu Presidente da República. Escusado será dizer que por cada missil caído, outros valores se levantam. Daqueles que nem nós sabemos. Sabemos

apenas de cadáveres de militares, homens, mulheres, velhos e crianças. As verdadeiras razões são classificadas e ninguém sabe o que passa na cabeça de Putin ou Biden. Venha o Diabo e escolha. Para o bem e para o mal, Putin tem as suas razões. Perde-as quando procede desta forma. A Europa até aos balcãs, está mais unida que nunca. O mesmo acontece com a OTAN. A China e a Índia ou até mesmo o Brasil? São como aquela pessoa que vai a andar no passeio e vê o marido a espancar a mulher e olha

para o outro lado a assobiar ao vento. Os restos são sempre dos abutres. A Ucrânia tem a sua grande oportunidade de se tornar Nação e como sempre, isso custa san-

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gue. Se alguém estiver a ler este texto e conseguir chegar a Putin, agradeço que lhe faça chegar a história da Padeira de Aljubarrota. David e Golias não dá que ele não acredita na Bíblia.


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Ucrânia: assegurem evacuação e abrigo seguros para civis de Mariupol Moradores descrevem condições severas durante ataque russo LUSOS Londres

Trinta e dois civis que conseguiram escapar da cidade sitiada de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, na semana passada, contaram à Human Rights Watch como lutaram para sobreviver em temperaturas abaixo de zero enquanto as forças russas atacavam implacavelmente a cidade. Eles descreveram homens, mulheres e crianças abrigados em porões com pouco ou nenhum acesso a água corrente, energia, aquecimento, assistência médica ou serviço de telefonia móvel desde o início do cerco em 2 de março de 2022. As forças russas que cercam Mariupol devem imediatamente garantir que não seja negado ou impedido o acesso a itens essenciais a sobrevivência aos civis, como água, alimentos e remédios, e devem facilitar a passagem segura para áreas sob controle das forças ucranianas para civis que optam por deixar a cidade. “Os moradores de Mariupol descreveram a paisagem como infernalmente congelante, repleta de cadáveres e prédios destruídos”, disse Belkis Wille, pesquisador sênior de crises e conflitos da Human Rights Watch. “E estes tiveram sorte, pois

conseguiram escapar, deixando para trás milhares que estão isolados do mundo na cidade sitiada.” O atual número de mortos em Mariupol permanece desconhecido. Um assistente do prefeito da cidade, Petro Andryushchenko, disse à Human Rights Watch em 20 de março que mais de 3.000 civis podem ter morrido desde o início dos combates, mas ele disse que o número exato não é claro. As autoridades locais relataram que pelo menos 80% dos edifícios residenciais da cidade foram danificados ou destruídos. A Human Rights Watch não conseguiu verificar esses números ou avaliar quantos dos mortos eram civis. Nos dias 16 e 17 de março, a Human Rights Watch entrevistou pessoalmente 30 moradores de Mariupol em um centro de registro improvisado em Zaporizhzhia, uma cidade a cerca de 220 quilômetros a noroeste de Mariupol. Eles estavam entre os vários milhares de moradores de Mariupol que fugiram da cidade nos dias 15 e 16 de março em comboios organizados de forma independente com carros particulares, em viagens que duravam entre 24 e 72 horas. A Human Rights Watch também entrevistou um casal em Zaporizhzhia que estava esperando que seus dois

filhos chegassem de Mariupol. Somente em 16 de março, ao menos 3.200 pessoas de Mariupol chegaram a Zaporizhzhia, segundo dois funcionários locais que trabalham no centro de registro. A Human Rights Watch conversou por telefone com outros dois moradores de Mariupol que conseguiram escapar da cidade. “As últimas duas semanas foram puro horror”, disse um diretor de escola de Mariupol à Human Rights Watch. “Saímos

porque nossa cidade não existe mais.” Uma mulher de 32 anos que fugiu para Zaporizhzhia com seus três filhos disse que, quando partiram, sua casa em Mariupol estava tão danificada que parecia uma peneira, coberta de buracos causados ​​pelos ataques persistentes. Uma mulher de 64 anos disse: “Acho que aqueles que sobrarem serão mortos ou morrerão de fome. Não temos para onde voltar.” Mariupol é uma cidade costeira entre duas regiões atualmente sob o controle efetivo das forças russas. Desde aproximadamente de 2 de março, as forças russas cercaram completamente a cidade e bloquearam o porto. Relatos de combates no centro da cidade surgiram nos últimos dias, e muitos dos moradores que fugiram disseram ter visto soldados russos e ucranianos e equipamentos militares em seus bairros. Andryushchenko disse à Human Rights Watch que, em 20 de março, pelo menos 200.000, do total de 400.000 habitantes de antes o início da guerra, permanecem na cidade. Moradores que escaparam disseram que hospitais, escolas, lojas e inúmeras casas foram danificadas ou destruídas pelos bombardeios. Muitos disseram que seus familiares ou vizinhos sofreram ferimentos graves e, em alguns casos, fatais por fragmentos metálicos de explosivos e que viram cadáveres espalhados pelas estradas quando ao se arriscarem para procurar comida ou água ou para encontrar sinal para seus telefones celulares. A incapacidade de se comunicar com parentes, amigos e o mundo externo era um desafio particular para as pessoas em

Mariupol. Quase todas as torres de telefonia celular pararam de fornecer sinal em 2 de março, com apenas sinais fracos em locais específicos depois disso. Uma designer gráfica disse que todos os dias ela caminhava dois quilômetros e meio em direção a uma torre de celular Kyivstar para tentar obter recepção, deitando-se no chão toda vez que um avião sobrevoava. Todos os entrevistados apontaram que a falta de informação causada por rupturas nas telecomunicações e na eletricidade tornou muito difícil descobrir como evacuar a cidade com segurança. Os entrevistados descreveram ter ficado em porões por dias em condições de superlotação e insalubridade, sem poder tomar banho e com pouco para comer ou beber. Uma mulher disse que ficou por duas semanas em um porão que tinha cerca de 300 metros quadrados com pelo menos 80 pessoas; um homem ficou com 50 pessoas em um porão de 50 metros quadrados; e outro homem disse que ficou com 18 pessoas em um porão de 10 metros quadrados. Idosos e pessoas com deficiência descreveram os desafios adicionais que enfrentaram: incapazes de se mudar para seus porões para se abrigar, eles se sentaram em seus apartamentos com janelas estouradas e paredes vibrando a cada ataque. Um homem de 82 anos que ficou em seu apartamento no sexto andar desde que os ataques começaram, disse que se distraiu limpando os cacos de vidro que cobriam o chão: “Eu tremia enquanto as bombas caíam. As paredes estavam tremendo, e eu


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estava com medo de que o prédio desmoronasse. Mas passei meus dias tentando limpar os cacos de vidro. Eu estava apenas limpando, eu tinha que me ocupar de alguma forma. Era inútil, mas era tudo o que eu podia fazer para me manter ocupado.” Em 9 de março, as forças russas atacaram um complexo hospitalar em Mariupol, ferindo pelo menos 17 civis, incluindo equipe médica e mulheres grávidas. Uma mulher grávida teria morri-

haviam alertado os civis para deixarem o local. A Human Rights Watch não conseguiu verificar essas alegações. Em 16 de março, um teatro em Mariupol que abrigava pelo menos 500 pessoas foi atacado. Nas imagens de satélite do teatro de 14 de março, era nitidamente visível a palavra “crianças” escrito em russo em letras maiúsculas da escrita cirílica no chão na frente e atrás do teatro. Uma mãe e o filho que se abriga-

do em decorrência de lesões depois de ser transferida para outro hospital após o ataque. A Human Rights Watch verificou e analisou 7 vídeos e 10 fotografias mostrando as consequências do ataque, incluindo a destruição a fachada inteira do hospital infantil, marcas aparentes de fragmentação na fachada da maternidade vizinha e uma grande cratera de impacto da detonação de uma munição lançada do ar na parte sul do pátio. A Rússia mais tarde confirmou que tinha como alvo o hospital, alegando que forças ucranianas o ocupavam e que

ram no teatro por duas semanas disse que centenas de pessoas ainda estavam nele quando eles tinham saído, às 9h do dia 16 de março, poucas horas antes do ataque. Parece que a maioria das pessoas abrigadas no teatro sobreviveram pois estavam escondidas no porão, de acordo com as autoridades locais. O Ministério da Defesa russo negou ter realizado o ataque e culpou as forças apoiadas pelo governo ucraniano. As forças russas e ucranianas concordaram com os termos de um cessar-fogo temporário e a

criação de um corredor humanitário em 4 de março para permitir que os civis evacuem de Mariupol com segurança. Pelo menos sete esforços iniciais para cumprir o acordo e facilitar as evacuações falharam e o cessar-fogo foi quebrado. De acordo com Kirill Timoshenko, vice-chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, pelo menos 9.000 moradores de Mariupol conseguiram fugir para Zaporizhzhia usando um corredor humanitário acordado nos dias anteriores. No entanto, o assistente do prefeito, Andryushchenko, disse que o acordo cobria apenas um corredor entre a cidade de Berdyansk, controlada pela Rússia, 65 quilômetros a sudoeste de Mariupol, e Zaporizhzhia. Ele disse que a rota que sai de Mariupol para Berdyansk ainda está sujeita a fortes ataques e que os civis não receberam nenhuma garantia específica com relação a um corredor humanitário ou passagem segura para esse trecho. Em 19 de março, as autoridades locais em Mariupol relataram que as forças russas levaram “entre 4.000 e 4.500 moradores de Mariupol foram forçados a cruzar a fronteira” para o sudoeste da Rússia. O Ministério da Defesa russo anunciou em 20 de março que cerca de 60.000 moradores de Mariupol foram “evacuados para a Rússia” nos últimos três dias, e que os moradores de Mariupol têm uma “escolha voluntária” sobre qual corredor utilizar ou permanecer na cidade. A Human Rights Watch não conseguiu verificar essas informações. Se os residentes de Mariupol foram transferidos à força para a Rússia, isso pode

constituir um crime de guerra. De acordo com o Direito Internacional Humanitário, a transferência de civis, individualmente ou em massa, não é voluntária e, portanto, é proibida, simplesmente porque o civil concorda com isso. Uma transferência pode ser forçada quando uma pessoa se oferece como voluntária porque teme consequências como violência, coação ou detenção se permanecer, e a potência ocupante está aproveitando um ambiente coercitivo para realizar a transferência. Tanto a Rússia quanto a Ucrânia têm obrigações de garantir o acesso de civis à assistência humanitária e tomar todas as medidas viáveis para ​​ permitir que a população civil evacue com segurança, se assim o desejarem, independentemente de um acordo para estabelecer corredores humanitários entrar em vigor ou não. A Rússia está proibida de exigir que civis, individualmente ou em massa, evacuem para lugares na Rússia ou em outros países como a Bielorrússia. O uso de armas explosivas com impacto de ampla área em zonas povoadas aumenta as preocupações de ataques

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ilegais, indiscriminados e desproporcionais. Essas armas têm um grande raio destrutivo, são inerentemente imprecisas ou possuem várias munições ao mesmo tempo. Isso inclui o uso de projéteis de grande calibre não guiados e não observados e bombas de aviação. O uso dessas armas deve ser evitado em áreas populosas. O Tribunal Penal Internacional, a Comissão de Inquérito do Conselho de Direitos Humanos da ONU e outras jurisdições relevantes devem investigar possíveis crimes de guerra em Mariupol, com o objetivo de processar os grandes responsáveis, disse a Human Rights Watch. “Para aqueles que conseguiram escapar de Mariupol, deixando amigos e familiares para trás, as notícias das recentes evacuações lhes deram um pouco de esperança de que seus entes amados poderiam deixar a cidade vivos”, disse Wille. “As forças russas e ucranianas devem urgentemente fazer o que for preciso para proteger os civis que permanecem em Mariupol e permitir que aqueles que desejam deixar a cidade sitiada o façam em segurança”.


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Ucrânia: ataques letais matam, ferem civis e destroem casas Armas explosivas deixam pessoas mortas, feridas e desabrigadas; danos à infraestrutura.

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Foram reportados mais de 450 civis mortos ou feridos nos primeiros 11 dias da guerra, em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, como resultado de ataques aéreos russos e bombardeios de artilharia de áreas povoadas, disse hoje a Human Rights Watch. Os ataques danificaram edifícios civis, incluindo prédios, escolas, locais de culto e lojas, impedindo o acesso a alimentos e medicamentos. Também danificaram a infraestrutura da cidade, fazendo com que os civis ficassem sem acesso a serviços essenciais, como eletricidade, aquecimento e água. A Human Rights Watch identificou que a Rússia usou munições cluster e armas explosivas com impacto em vasta área em zonas densamente povoadas em Kharkiv, em ataques aparentemente indiscriminados e desproporcionais. O bombardeio indiscriminado em áreas densamente povoadas viola o direito internacional humanitário e pode constituir um crime de guerra. “Em Kharkiv, as forças militares russas demostraram um total desrespeito pelas vidas civis por meio de repetidos ataques aparentemente indiscriminados em áreas povoadas”, disse Hugh William-

son, diretor para Europa e Ásia Central da Human Rights Watch. “Os militares russos talvez acreditem que podem desrespeitar as leis da guerra em seus ataques a Kharkiv, mas o Tribunal Penal Internacional tem jurisdição sobre crimes de guerra cometidos em Kharkiv e haverá responsabilização dos envolvidos”. De acordo com a polícia regional de Kharkiv, entre 24 de fevereiro e 7 de março de 2022, um total de 133 civis foram mortos, 5 deles crianças, e 319 civis ficaram feridos. Um dos ataques documentados pela Human Rights Watch matou um homem enquanto ele esperava na fila do lado de fora de um supermercado; outro matou duas pessoas que aparentemente tinham acabado de sair de um abrigo para pegar água. Um porta-voz do gabinete do prefeito de Kharkiv disse à Human Rights Watch que, em 4 de março, aproximadamente 500.000 pessoas permaneciam na cidade, de uma população de 1,8 milhão antes da guerra. “As pessoas estão deixando Kharkiv ‘vazia’”, disse um morador à Human Rights Watch. “Eles não fazem as malas ou pegam suas coisas. Eles pegam seus documentos e uns aos outros e fogem.” Os que permaneceram tem suportado, na melhor das hipóteses,

serviço de aquecimento intermitente, já que as temperaturas externas variaram entre 2 e -4 graus Celsius, bem como a escassez de alimentos, água e medicamentos essenciais. Yuri Sydorenka, chefe do Departamento de Assuntos Externos do gabinete do prefeito de Kharkiv, disse que em 3 de março a cidade estava passando por uma grande escassez de medicamentos: “Até agora, conseguimos de algumas maneiras obter medicamentos, mas precisamos de mais”. Em 7 de março, a vice-chefe do escritório de Kharkiv do Ministério da Saúde, Zhanna Strogaya, disse à Human Rights Watch que pelo menos 14 instalações de saúde foram danificadas, 9 delas gravemente. A Human Rights Watch entrevistou 29 pessoas, incluindo moradores de Kharkiv, trabalhadores médicos, voluntários que ajudam na evacuação da cidade e funcionários municipais, sobre os ataques. A Human Rights Watch verificou e analisou 29 vídeos e 41 fotografias postadas no Telegram, Twitter, Facebook ou TikTok, e outros 2 vídeos e 18 fotografias enviados diretamente aos pesquisadores para corroborar depoimentos de testemunhas e identificar locais de impacto e danos adicionais. Os ataques documentados pela


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Human Rights Watch ocorreram entre 24 de fevereiro e 5 de março. Eles danificaram ou destruíram prédios residenciais, escolas, mercados, igrejas, lojas, hospitais, departamentos universitários e outras infraestruturas civis em toda a cidade. O grupo de direitos humanos ucraniano Truth Hounds também documentou muitos desses ataques. “O centro da nossa cidade está sendo apagado”, disse um morador de Kharkiv à Human Rights Watch. Sydorenka, disse que somente em 2 de março, um bombardeio russo matou 34 pessoas e feriu 285. Dez dos feridos são crianças. Ele também disse que os ataques danificaram centenas de prédios de apartamentos e interromperam o fornecimento de água e energia da cidade, deixando cerca de 300 prédios sem eletricidade. Uma mulher de 45 anos que morava no distrito de Industrialny, no sudeste de Kharkiv, disse em 2 de março: “Onde eu moro, não há internet, água quente, não tivemos aquecimento por vários dias. Só tenho a comida que comprei antes da crise começar. Tudo está fechado, não há pão”. Várias pessoas disseram que os porões, estacionamentos subterrâneos e outras instalações usadas como abrigos antibombas estavam muito frios e, quando se abrigavam neles, os civis tinham pouco acesso a necessidades

rões e existe o perigo de um cano de água estourar”, disse uma mulher. Outra disse que não se refugiou no porão, porque temia que o prédio desabasse e eles fossem “enterrados sob os escombros”. “É mais seguro no apartamento”, disse ela. Ela e seu filho de quatro anos estavam se abrigando no banheiro do quarto andar de seu prédio. Dezenas de instalações educacionais, incluindo escolas e pré-escolas, foram danificadas ou destruídas na primeira semana da guerra, disse Sydorenka. A Human Rights Watch documentou danos em oito escolas e dois prédios universitários. De acordo com o Direito Internacional Humanitário, as partes em um conflito armado têm a obrigação de distinguir sempre entre civis e combatentes, entre bens civis e objetivos militares, e tomar precauções para proteger civis e outros não-combatentes dos perigos da guerra. A não observância do princípio da distinção, em particular realizar um ataque contra civis ou bens civis ou realizar ataques indiscriminados ou desproporcionais, constitui um crime de guerra quando cometido de forma deliberada ou imprudente. A destruição excessiva ilegal e destruição de propriedade que não se justifique militarmente também é um crime de guerra. A Human Rights Watch não conseguiu realizar visitas in loco em

básicas, como comida e água. Um homem de Saltivka, uma grande área residencial no nordeste de Kharkiv, disse que sua família passou seis noites em um porão sem aquecimento em temperatura abaixo de zero, com pouca comida e água. “Estava tão frio que comecei a ter convulsões”, disse ele. “As lojas têm pouca comida e água, você ainda pode comprar uma Coca-Cola, mas é só isso.” Muitas pessoas também compartilharam seus medos de que a infraestrutura de seus prédios de apartamentos não fosse segura. “Há canos de água em nossos po-

Kharkiv e usou entrevistas com testemunhas e imagens dos danos para tentar identificar os tipos de armas que as forças russas usaram nos ataques documentados. Esta análise demonstra que, além das munições cluster, as forças russas usaram armas explosivas com impacto em área ampla. O uso de armas explosivas com impacto em área ampla em zonas povoadas aumenta a probabilidade de ataques ilegais, indiscriminados e desproporcionais. Essas armas têm um grande raio destrutivo, são inerentemente imprecisas ou despejam várias munições ao

mesmo tempo. Os efeitos de longo prazo de seu uso incluem danos a edifícios civis e infraestrutura crítica, interferência em serviços como saúde e educação e deslocamento da população local. A Rússia e a Ucrânia devem evitar o uso de armas explosivas em áreas povoadas. Todos os países, incluindo a Rússia e a Ucrânia, devem apoiar uma forte declaração política que inclua o compromisso de evitar o uso de armas explosivas com impacto em área ampla em zonas povoadas. As forças russas e ucranianas devem fazer todos os esforços para garantir que suprimentos adequados e assistência humanitária sejam capazes de chegar a civis em e ao redor de Kharkiv, e em todos os países, e as organizações intergovernamentais devem pressionar ambas as partes a cumprir suas obrigações de direito humanitário internacional e garantir o acesso a assistência humanitária e passagem segura para evacuações civis. As partes devem permitir o acesso a provedores de ajuda humanitária neutros e independentes para que possam oferecer apoio a civis vulneráveis ​​que possam precisar de assistência para sair, incluindo pessoas com deficiência, idosos, grávidas, crianças e pessoas com condições médicas crônicas ou graves. Se um acordo para estabelecer corredores humanitários for alcançado e posto em vigor, as partes não devem violar esse acordo de forma que coloque em risco os civis. O Tribunal Penal Internacional abriu uma investigação sobre a situação na Ucrânia. As extensas perdas e danos civis em Kharkiv sublinham a importância do escrutínio do tribunal sobre a legalidade dos ataques à cidade. A Comissão de Inquérito criada em 4 de março pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra também deve investigar supostos ataques ilegais em Kharkiv. “Nossa avaliação aponta para vários ataques indiscriminados nos primeiros 11 dias de hostilidades em Kharkiv, e relatos da mídia indicam que a Rússia realizou mais ataques indiscriminados prejudicando civis enquanto os combates continuam em Kharkiv e em outros lugares”, disse Williamson. “A Rússia deve cumprir imediatamente suas obrigações de evitar e minimizar os danos civis, e não perder de vista o fato de que várias investigações internacionais estão em andamento para responsabilizar aqueles que não cumprem suas obrigações.”

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Comunidade brasileira domina actividade de entregas em Londres Falta um levantamento sobre a quantidade de couriers (entregadores/delivers) em Londres mas um apanhado empírico, aponta para cerca de 40 a 50 mil na metrópole. Destes, um cálculo aproximado, revela que entre 80 a 90% têm a nacionalidade brasileira. Na pior das probabilidades e numa opinião modesta, teremos um valor de cerca de 40 mil couriers na cidade londrina com origem de nascimento no Brasil. No resto do Reino Unido (fora de Londres), não é possível ainda fazer essa estimativa dada a dimensão do território. LUSOS Londres

Sem dados científicos que possam justificar estes valores, fica porém uma certeza. A comunidade brasileira controla a actividade na capital britânica. Habituados ao trânsito caótico das capitais brasileiras, estes “couriers” depressa aprendem como se manobrarem em Londres onde, apesar de tudo, a organização do trânsito é mais fiável mas nem por isso mais seguro. Muitos dos “couriers” reclamam da falta de respeito que os condutores em Londres têm pelos motoqueiros. “São muitos os perigos que enfrentamos no trânsito” diz Marcelo Carvalho

“couriers” na city no centro de Londres. A Sul de Londres, pedimos uma estimativa a alguns “couriers” que nos deram as suas previsões e só nas zonas de Clapham e Battersea, estima-se que haja mais de 200 “couriers” brasileiros a trabalhar apenas para uma empresa. Já na zona Norte, entrevistamos um grupo de “couriers” brasileiros que estimam haver cerca de 300 trabalhadores deste segmento de atividade apenas na zona de Canning Town. Ao redor desta “freguesia” e num limite de apenas três milhas, ficam por apurar locais como Leyton ou Stratford

que se situam nos limites de Canning Town no “borough” (Município) de Newham. Voltando a Sul de Londres nos “boroughs” de Lambeth e Wandsworth estima-se que possam trabalhar entre dois a três mil “couriers” brasileiros a mostrar a força de trabalho da comunidade brasileira na região onde recentemente abriram mais dois estabelecimentos de raíz brasileira. Para o exercício desta atividade há porém que possuir uma licença atribuída pela empresa contratante que contudo mantém os “couriers” como “self employd” ou, se quisermos, autônomos na versão brasileira ou trabalhadores por conta própria na versão portuguesa e que significam exactamente a mesma coisa. Ou seja, os milhares de “couriers” a trabalhar no Reino Unido não possuem qualquer vínculo com a empresa que faz a distribuição dos serviços de en-


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trega. Em muitos casos, mesmo que indocumentado, o “courier” pode ter uma licença atribuída mediante o aluguer de uma conta. “Eu tenho documentos e alugo uma conta para trabalhar” diz uma brasileira a trabalhar na zona Norte da capital. Já no Sul, um outro cidadão brasileiro diz ter a sua própria conta e não estar disponível para alugar já que as avaliações caem no seu registo” e quando o “courier” não é o titular da conta, aparentemente não tem os mesmo cuidados no seu desempenho. Fica claro que para alugar uma conta, é necessário ter toda a documentação até para efeitos de abertura de conta bancária. “É fácil abrir uma conta mesmo estando indocumentado” diz um “courier” que entrevistamos. Não perguntamos como porque essa estratégia já era usada antes do tempo do Brexit. De quando em vez, estes cidadãos brasileiros são parados pela polícia que lhes exige ver os documentos. Quando não os possuem, são detidos com destino à deportação. Quisemos saber se esse movimento tem alguma influência no volume de brasileiros na atividade. “Por cada um que deportam vêm mais meia dúzia” – refere um outro “courier” com quem falamos. Muitos vêm com visto de estudante e começam a trabalhar e depois deixam arrastar a ilegalidade até que a sorte e o risco o permitam. Por vezes, sem documentos que lhes permitam trabalhar, ficam na mão da pessoa a quem alugam a conta. Por vezes isto

leva a desentendimentos e contam-se histórias de já terem havido agressões. Estando indocumentado, o agredido não apresenta qualquer queixa junto das autoridades. Em muitas comunidades, acontece que o imigrante necessitado é usurpado pelos seus próprios compatriotas principalmente quando em causa está a falta do domínio da Língua Inglesa que acaba por ser outra dependência. O volume de “courires” brasileiros, veio ainda dar origem a outro fenómeno empresarial que consiste na quantidade de estabelecimentos de venda e reparação de veículos motociclos. Muitos destes estabelecimentos, oferecem ainda fornecimentos suplementares como seguros, vestuário e acessórios necessários ao desempenho do exercício. Ao nível do rendimento da atividade, as opiniões variam a denunciar diferentes preços em função das empresas onde a conta está aberta e ao fato de a conta ser ou não uma conta alugada. Assim, o rendimento mensal pode variar entre as mil e quinhentas e as duas mil libras com uma carga horária variável entre as 10 e as 14 horas de trabalho diário embora no final, alguns dos nossos entrevistados tenham referido 10 libras por hora depois de despesas e impostos. Para quem vive em Londres, parece ser reduzido mas para quem envia o seu rendimento para o Brasil, significa mais de 60 reais por cada hora de trabalho que seja enviada para o Brasil. Embora a questão financeira relativa ao

câmbio pareça ser atrativa, nem tudo é fácil. Para enviar os valores almejados, muitos destes trabalhadores vivem em quartos alugados e casas partilhadas por várias pessoas. Alguns destes senhorios, são também eles de origem brasileira e um dos maiores alugadores de quartos na cidade, é também ele brasileiro. O clima britânico, é outro obstáculo. Os dias de chuva levam muitos destes “couriers” a ficar em casa. Fernando, um “courier” português que faz as entregas de carro, refere que os dias de chuva lhe trazem mais trabalho porque muitas motos ficam paradas. Outra das agruras, são os “couriers” que preferem trabalhar durante a noite. Embora haja

tadas 15.500 motos em Londres e estes valores subiram até 2022. Para se ter uma ideia da dimensão deste segmento de atividade, uma única empresa tem cerca de mil empregados em Londres e uma frota de 15 mil “riders” em Londres e um total de 50 mil no Reino Unido. Uma outra empresa de distribuição de comida assume ter tido 60 milhões de usuários apenas em 2020. Com esta dimensão humana e com o largo espectro de problemas, torna-se difícil entender como ainda não existe uma associação do setor. Questionamos alguns “couriers”. “Os brasileiros não são muito afoitos a esse tipo de solução” – disse-nos um deles que não podemos identificar para conti-

menos encomendas, a verdade é que a ausência de trafego na cidade permite mais velocidade. Para além do investimento no veículo que pode ser motorizado ou bicicleta, os “couriers” têm ainda que investir na indumentária e equipamento de segurança bem como tecnologias que lhes permitam ter orientação. Dependendo da disponibilidade financeira, assim será a qualidade do equipamento e por isso existem “kits” de diferentes valores. A título de exemplo, existem capacetes de diversos preços que incluem outros acessórios como vídeo e aúdio. Outro dos dramas com que os “couriers” se debatem e este de maior gravidade consiste na quantidade de roubos. Para se ter uma ideia, em 2017 foram fur-

nuar – “Muitos deles vêm por um período de tempo de 4 ou 5 anos e não querem perder tempo com questões cujos resultados só serão visíveis no futuro. Para estar presente numa reunião vai perder vinte libras ou mais e isso significa muito dinheiro quando convertido na moeda brasileira”. São diversas as soluções que poderiam ajudar os “couriers” nas questões sindicais já que sem uma estrutura não é possível negociar com as empresas a montante. “Houve uma greve que quase não se percebeu porque muitos “couriers” furaram essa greve e trabalharam a dobrar” – refere um dos nossos entrevistados. Contudo, nas questões de segurança, seguros, saúde, apoio jurídico e fiscal, uma estrutura

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de união destes trabalhadores poderia ser uma plataforma de soluções. Neste momento, a única associação que parece poder valer aos “couriers” é a IWGB que é um sindicato que também inclui trabalhadores da limpeza e que tem nos autônomos (Self Employd) a sua principal mancha de membros. Foi também esta associação que interviu quando os “couriers” enfrentaram os seus maiores problemas com as empresas de distribuição. Um empresário português referiu ao nosso jornal que a solução é política. “O Governo sabe bem que existem muitos indocumentados sujeitos a muitos dissabores. Estas pessoas vêm para trabalhar e o Governo devia oferecer documentação de legalização nem que fosse temporária para dar tranquilidade ao setor” – refere. Em Londres, detetamos um único edifício que aloja mais de 40 cozinhas em permanente atividade e é fácil encontrar lugares um pouco por toda a cidade que registam dezenas de veículos estacionados à espera de serem chamados através da aplicação instalada no telefone. Perguntamos a um empresário de restauração se é compensador trabalhar com estas empresas de distribuição já que as comissões cobradas podem ultrapassar o valor de 30% sobre o preço pago pelo consumidor. - Quando olhamos a frio dizemos que não compensa. No caso da minha empresa, desde que começamos a trabalhar com as empresas de entregas, tivemos a vantagem de ter uma cozinha a trabalhar num regime “no stop” e isso levou a aumentar as nossas compras. Se um frango nos custava X, a partir do momento em que triplicamos as vendas, o mesmo frango passou a custar Y e ganhamos na compra parte do que perdemos no lucro das vendas”. Fica claro que com ou sem conta aberta, com ou sem documentação, os brasileiros que chegam a Londres estão cá para trabalhar e vencer todas as dificuldades que enfrentam.


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Como a “Brazilwater” povou o NW10 em Londres Corria a década de 80 do Século passado quando se dá origem a uma tímida mas consistente comunidade brasileira que se inicia sobretudo com estudantes que acabaram por decidir ficar a residir. Existem cidadãos do Brasil em Londres desde há mais de 50 anos e há mesmo quem tenha essa idade e tenha nascido no Reino Unido com a nacionalidade brasileira.

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Devido ao elevado número de indocumentados de origem brasileira, e os que têm passaportes sobretudo português e italiano, torna-se difícil calcular com exactidão a quantidade de cidadãos do Brasil a residir no Reino

Unido. Num trabalho elaborado pelo jornal Palop News em 2015 e com informação recolhida através do Movimento Amigo Month, seria espectavel que existissem a esta época cerca de 120 mil cidadãos do Brasil a residir no Reino Unido. O Itaramaty referiu em 2012 cerca de 118 mil cida-

dãos brasileiros no Reino Unido. Os sensos efectuados e que são na verdade os valores oficiais, não correspondem contudo à verdade devido ao elevado valor de indocumentados e dos passaportes europeus. Após o Brexit porém, os valores dos indocumentados terá descido embora não exista informação sobre a quantidade de cidadãos do Brasil que tenha abandonado o Reino Unido com a sua maior incidência na capital Londres. Em 2005, a BBC afirmou que o número de londrinos de origem

brasileira era de aproximadamente 60 000. Os grupos comunitários, estimaram em 2007 que entre 130 mil e 160 mil brasileiros poderiam estar vivendo apenas na região de Londres. É nesta cidade que a comunidade se instalou sendo que o primeiro estabelecimento brasileiro (Casa Brasil) abre as suas portas no formato mercearia no ano 2000 pela mão de Juarez Eduardo Regis que antes, em 1989 fundou a SPI e que entretanto faleceu em 2005 deixando a empresa nas mãos da esposa Itamara Dall Alba. Este negócio, surge como uma oportunidade de fornecer a cada vez maior comunidade brasileira em Londres que se tinha instalado paredes meias com o Hyde Park, propriedade da residência ofi-

cial da família real britânica. Livros, cd’s, produtos de higiene e sobretudo produtos alimentares importados directamente do Brasil eram o principal negócio deste estabelecimento na Queens Way (Queens Way Market) junto ao cruzamento com a Bayswater. Haveria de ser esta avenida que daria o nome a esta zona como ““Brazilwater”” por força do crescimento exponencial da comunidade brasileira no local. A Casa Brasil, haveria de permanecer no local até 2018

tendo o espaço sido depois ocupado pela empresa também de origem brasileira Alezzolli, dedicada à produção de comida sem glutem e gerida pelo casal Alessandro e Rosangela que mais tarde se mudaria para fora do Queens Way Market. Em 2014, começa êxodo da

comunidade brasileira da ““Brazilwater”” para norte nomeadamente para Seven Sisters, Harllesden, Wiilesden Juntion e Willesden Green entre outros locais como Colindale, por força do aumento dos arrendamentos já que a Bayswater se tornou uma zona exclusiva de preços de arrendamento dos mais elevados da capital britânica. Apesar de a maioria se ter deslocado para Norte, muitos cidadãos brasileiros escolheram o Sul nomeadamente junto do Little Portugal desde Greenwich, passando por Lambeth até Croydon. Esta deslocação, acontece sobretudo para a área que tem como código postal as iniciais NW10 e onde em 2008 praticamente não existiam estabelecimentos de origem brasileira, está agora pulverizada por empresas de Língua Portuguesa sobretudo com assento brasileiro. A título de exemplo, a High Road em Willesden Green onde praticamente não existiam negócios de cunho brasileiro, tem hoje mais de duas dezenas de empresas com esta definição. Sintomático o caso da empresa de transferência de remessas (Money Transfer) Speed Fast que abre o seu primeiro estabelecimento em 2006 em Harllesden para apenas um ano mais tarde abrir o segundo espaço em Willesden Green. Isto demonstra o rápido crescimento da comunidade brasileira no local onde anos antes se tinha instalado a comunidade portuguesa oriunda sobretudo de Portobello e Camden Town.


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No Norte como no Sul de Londres, a comunidade de Língua Portuguesa abriu caminhos nos mesmos espaços com os brasileiros, portugueses e migrandes referenciados dos países africanos de Língua oficial portuguesa (PALOP) como acontece no Este de Londres atravessando Newham, Stratford, Colindale e Barking. Nas atividades comerciais, sobressaem sobretudo os cabeleireiros, barbeiros, restaurantes, contabilistas (contadores), mercearias e talhos (açougues), advogados e “couriers” sendo que neste ultimo caso, os cidadãos de origem brasileira, ocupam mesmo o primeiro lugar em todo o Reino Unido conforme publicado neste mesma edição em artigo dedicado a esta actividade. Apenas no negócio da carne, estima-se que em Londres existam mais de 50 unidades empresariais com tudo o que isso implica na força de trabalho e emprego. No caso do negócio da carne, não houve um respeito integral pela geografia comunitária como acontece com outras actividades e os comerciantes de carnes, ao contrário de outras empresas, estão vocacionados não apenas para a comunidade de Língua Portuguesa mas sim para a comunidade local onde estão instalados, independentemente da nacionalidade dos clientes, embora haja uma predominância de clientes que falam Português. Na origem do movimento da comunidade de origem brasileira da “Brazilwater” para o NW10, está a actividade de transferências de dinheiro vulgo money transfer e neste caso, terá sido a Speed Fast a primeira empresa a instalar-se naquilo que hoje se poderá chamar o Litle Brazil na zona 2 a norte da capital. Depois, outros estabelecimentos se seguiram e hoje na rua central de Willesden Junction, em cerca de uma milha de distância, é possível referir mais de duas dezenas de estabelecimentos em Língua portuguesa com uma incidência esmagadora por parte da comunidade brasileira. Se está a pensar vir para Londres e pretende ficar junto da Língua de Camões, tem duas opções para ficar perto de estabelecimentos que falam a sua Língua. O Little Portugal” a Sul de Londres e o NW a Norte como as referências de maior concentração de compatriotas e estabelecimentos que vendem os produtos do mercado da saudade.

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Comunidade Portuguesa cresce no “East” de Londres LUSOS Londres

O volume de estabelecimentos portugueses que vão sendo denunciados pelos seus fornecedores, empresas de importação e distribuição de produtos portugueses é uma dela mas também a informação vertida pela rede escolar. O Instituto Camões gere uma rede de professores da Língua Portuguesa em regime extra curricular e estes, estão geralmente destacados onde existe uma maior mancha de alunos lusodescendentes. Outra das avaliações consiste em encontrar o movimento religioso e assim, onde se concentram as celebrações religiosas na Língua Portuguesa encontramos um indicador da concentração de portugueses ou, se quisermos, falantes de Português. Neste último indicador, encontramos o Padre Marco Lopes que celebra a Missa na zona Norte de Londres. Até aqui, apenas no Sul de Londres se registava este detalhe a Sul de Londres através da Missão Católica Portuguesa que celebra a Missa em quatro diferentes locais e a Igreja Scalabrini Fathers em Oval com predominância de fiéis madeirenses. Natural de Lisboa, foi ordenado em 2001 veio para o Reino Unido em 2013 onde se instalou em Barking e Dagenham no East Ham londrino onde se encontra uma grande concentração de falantes de Português dos PALOP e onde o pároc o

reside desde 2019. Marco Lopes fala dos movimentos migratórios referindo que aos poucos, a comunidade se movimenta para outros locais. “Acredito que haja um movimento para Stanford e Manchester devido ao elevados custos de residência em Londres ao mesmo tempo que as candidaturas à habitação social faz circular a

Existesm diversas formas de registar a movimentação da comunidade portuguesa pelo Reino Unido. Em Londres, desenvolvemos um trabalho ao longo de 15 anos consultando alguns desses fatores. vendo uma ligação indireta mas fraternal. “Ainda hoje vou mantendo contato com os colegas em Portugal, com a Igreja irmã” – Diz. Marco Lopes tem ainda acrescida a celebração da Missa em

Só grandes musicas Conheci o Pastor David Catarino numa qualquer esquina de vida que ja perdi da memoria. A pessoa que mo apresentou disse-me um dia num cafe a Sul de Londres. – Nós salvamos almas. LUSOS Londres

comunidade com menos poder aquisitivo” – refere para acrescentar que “as pessoas se foram afastando de Barking indo para as extremidades de Dagenham principalmente quando houve uma razia em Barking onde agora se estão a construir novos empreendimentos imobiliários junto à Igreja de St Margareth e a zona onde se situa um restaurante português chamado Bela Lisboa”. Marco Lopes, aproveita ainda para referir que o projecto da Catequese começou este ano de 2022 abrindo portas para que as crianças lusodescentes possam participar mais ativamente na vida religiosa na Língua materna. A Igreja que gere, tem vínculos à Igreja Lusitana em Portugal fazendo parte da mesma comunhão com o Arcebispo de Cantuária ha-

Língua Espanhola acusando assim um trabalho dobrado. “Sim, quando celebro uma Missa em Língua Portuguesa celebro também em Língua Espanhola” refere para acrescentar que irá precisar de mais um colega para ajudar na sua missão. O Reverendo Marco Lopes refere a escassez de recursos humanos embora conheça um colega que também fala português a operar na érea de Heathrow embora não esteja a operar junto da comunidade de lusofalantes. Marco Lopes, refere ainda que mesmo para os lusofalantes que possuem algum domínio da Língua Inglesa, há sempre um “sentimento de participar na Eucaristia na Língua Materna por questões de conforto. A celebração na Língua Materna serve também para matar saudades”. No trabalho que desenvolve, tem a colaboração de cerca de uma dúzia de pessoas, fiéis que contribuem para o desenvolvimento do seu trabalho. “É uma equipa e doze pessoas para uma paróquia parece bastante bom” – afirma para acrescentar que esta equipa tem também um banco alimentar para socorrer as pessoas na sua zona de influência. Neste momento, Marco Lopes está a desenvolver a criação de um coro procurando quem esteja disponível para tocar na Missa, tarefa que neste momento é desempenhada pelo próprio que também tem no seu “cardápio” aulas de guitarra e de Língua Inglesa.

Fiquei pensativo na frase desta amiga comum. Mais tarde, tive oportunidade de conhecer melhor o David Catarino e de ficar curioso sobre o seu trabalho que nao tardei em visitar a seu convite. Confesso que fui curioso. Assim que o meu nariz entrou na porta da Up Church, esbarrou com um sorriso de boas vindas feliz por poder ajudar. Lá encontrei um lugar e baixei o casaco nas costas da cadeira. A meio tempo, apeteceu-me uma fumarada e apanhei a porta de saida. De repente mexi na fixa. O meu casaco com a carteira no bolso estava sozinho numa sala cheia de gente. Tranquilo, continuei o meu fumo. Depois de ter partilhado o ambiente com aquelas pessoas, eu só podia estar tranquilo. Voltei para a minha cadeira para ver um cojunto de talvez 20 criancas a cantar e dançar. Cairam-me os olhos de encantamento. Só no folclore eu tinha assistido a tanto na Comunidade Portuguesa. A seguir os cinco musicos sobem ao palco e cada um abraça o seu instrumento. Gospel cantado ao melhor estilo. A Filipa, esposa do David Catarino, solta um vozeirão todo rasgado de atitude. Eu pagaria ingresso para ver esta voz cantar. Todas as minhas amigas dizem que tem bom gosto. Atrevo-me mesmo a pensar que os Salmos foram escritos para serem cantados que nao lidos. Assisti de longe à forma como a UP Church atravessou uma pandemia e sou testemunha de como isso ajudou pessoas assustadas por um vírus. Porta-a-porta.

Pela sua amizade, foi possivel ter 40 voluntarios no Dia de Portugal em Kennington. Que generosidade! Agora soube que a familia Catarino vai regressar a Portugal. Acredito que alguém a vira substituir e receber esta herança de juntar pessoas. Imune a impossíveis. E vem outra vez a voz da nossa amiga comum. “Nós salvamos almas”. Ao longo desta quase década de amizade, a familia Catarino deixa na pegada do tempo um tempo de tranquilidade. Um tempo de reza. Escreveu o prefacio do meu ultimo livro e eu ganhei os elogios. Diz a voz do povo que os artistas são todos loucos. Cuidado com o David Catarino. Desenho, pintura e escultura são o seu escape. É uma “loucura” vezes três. O David é uma alma selvagem de regra Cristã. Nunca esta perdido por estar sempre achado. Que esta nota, fique como um diploma de parabéns pelo brilhante trabalho feito reunindo familias, fazendo amigos, dando ajudas e esperanças a gentes de todas as idades. E perdido nas minhas memorias, na escadaria da Up Church, apago o cachimbo e regresso à minha cadeira. É a hora do sermão e eu divido a palavra em dois. Ser e Mão. Confesso ser pouco paciente nesta fase mas faço um esforco e fico sentado a admirar os dotes de oratória e a forma como comunica a sua paixão pela Biblia e pelo Divino. São incontáveis as vezes que comunicamos pelas mais diversas formas ao longo de quase uma década. Da arte à filosofia ou simples coisas banais. E o meu casaco com a carteira lá dentro e eu em Londres tão tranquilo a cachimbar nas escadas da Up Church.


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Fadista não é quem canta

Maria Letras é uma portuguesa a residir no Reino Unido desde 2005. Em Portugal, esteve ligada ao mundo das letras e dos livros profissionalmente até que decidiu escolher outros destinos. LUSOS Londres

Já no Reino Unido, quis o destino cruzar o seu caminho com Jorge Miguel, uma das vozes

portuguesas mais conhecidas a cantar fado no Reino Unido. A sua página no Youtube conta com cerca de 300 fados cantados pela sua própria voz mas

é sobretudo no Facebook que Maria Letras, natural de Évora, comunica mais intensamente com um vasto publico amante de fado. Com um espólio de mais de um milhar de livros na sua biblioteca particular, Maria Letras e Jorge Miguel aliam à sua relação pessoal o gosto pelas questões da cultura. Nas suas principais publicações observa-se a promoção de poetas, guitarristas e vozes que se tornaram conhecidas a interpretar fado sejam eles vivos ou entretanto desaparecidos. Na mesma página do Facebook (Fadista não é quem canta), são promovidos diversos espectaculos de fado em qualquer lugar; alguns deles no Reino Unido, muitos deles em território de Portugal. Com o apoio de Maria Letras, Jorge Miguel vai tendo as suas interpretações em diversos lugares do Reino Unido com breves es-

capadinhas a Portugal ou Espanha onde o fado vai tendo lugar. Maria Letras é natural de Évora, já Jorge Miguel, enfermeiro de formação, sendo natural de Lisboa, Mouraria, migrou para o Porto onde geriu um investimento pessoal num dos mais famosos restaurantes com espectaculos de fado de nome D. Miguel. Este restaurante, situa-

do na mais típica zona do Porto, teve como padrinhos a cantora Florência na época casada com o empresário que lançou a carreira de Amália Rodrigues. Na sua residência em Portugal, Maria Letras possui uma extensa biblioteca mais mais de um milhar de livros e assim, temos em Londres duas almas gémeas de cultura a intrigar a fadistagem. Se gosta de fado e tem uma conta no Facebook, é fácil encontrar este caminho de fadistagem e da poesia. Basta procurar “Fadista não é quem canta”.Sem intrigas.


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Jovem português candidato em Lambeth

Nathalie de Oliveira. A filha do “salto” que chega a deputada

Chama-se Diogo Costa o jovem de 23 anos que se candidata a vereador no município de Lambeth a Sul de Londres, local onde nasceu. Candidato por Oval no quadro do Labour Party (Partido Trabalhista), Diogo Costa é também o Secretário da célula do Partido Socialista de Portugal para o Reino Unido. LUSOS Londres

No cargo de líder da secção do PS no Reino Unido, Diogo Costa sucedeu a Tiago Corais que foi eleito, também ele pelo Labour Party em Oxford situado a pouco mais de 60 kilometros de Londres. As eleições irão decorrer a 5 de Maio e em termos históricos o Labour Party é o tradicional vencedor no município pelo que tudo indica que Diogo Costa venha a ser eleito. Profissionalmente dedicado ás tecnologias, Diogo Costa arrisca nestas eleições a ser o terceiro vereador eleito pelo município que é conhecido em Londres como o Litle Portugal devido à grande concentração da comunidade portuguesa neste “borough”. Anteriormente, passaram por ser vereadores dois portugueses em diferentes tempos. O primeiro, Gabriel Fernandes foi vereador entre 2002 e 2003 tendo apresentado a sua demissão por estar apontado em assuntos judiciais. Já o segundo, foi Guilherme Rosa que exerceu o cargo entre 2014 e 2018 tendo terminado o seu mandato e regressado a Tomar (Portugal) pouco tempo depois. Guilherme Rosa foi também líder do Partido Socialista para o Reino Unido. Os pais de Diogo Costa, naturais de Mangualde (Viseu), residem em Lambeth desde 1996. A comunidade portuguesa arrisca-se assim a ter mais um vereador no seu histórico pelo que todos os portugueses a residir na zona de Oval são convidados a votar pelo jovem português enquanto que outros portugueses a residir em outras zonas são convidados a divulgar a sua candidatura e a apoiar um português que ameaça ser uma promessa na política britânica.

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Chama-se Nathalie de Oliveira a filha do “salto” residente em França e que integra o elenco da Assembleia de República eleita pelo Círculo da Europa naquela que foi a eleição repetida por força do embargo levantado pelo PSD nas últimas eleições legislativas. LUSOS Londres

PLS com novo escritório A empresa de serviços PLS que anos atrás estava situada na South Lambeth Road mudou para a Wilcox Road alguns anos atrás. Em 2022, chegou a hora de nova mudança por força dos investimentos imobiliários que vieram alterar a rua “mais portuguesa de Londres”. Mesmo assim, a empresa gerida por Pedro Xavier continua na mesma rua mas do lado oposto. LUSOS Londres

Toda a lateral da rua foi objecto de todos os estabelecimentos ali existentes devido ao projeto de um novo edifício previsto para o local que considera no seu projecto um edifício de habitação com estabelecimentos ao nível do solo. No total, foram cerca de seis os estabelecimentos portugueses afetados por este em-

preendimento onde estavam situados, para além dos serviços PLS, a rádio portuguesa Rádio Portuguesa UK, o café Flor do Mar e o infantário Strawberry. Do outro lado da rua para onde a PLS se mudou, continuam a existir cerca de 10 estabelecimentos portugueses distribuídos por diversos ramos de negócio como produtos alimentares, limpezas, construção civil, publicidade e ourivesaria entre outros.

Na década de 60 do Século passado ainda no tempo da ditadura, abandonar Portugal que não fosse para a África Portuguesa era uma manobra arriscada. Manuel Gomes conta a sua experiência pessoal. “Um tio meu foi viver para França para poder sustentar os seis filhos. Estavamos nos anos 60. Os meus pais, únicos parentes que tinham carro, foram levar a minha tia e os seus filhos à fronteira com Espanha. A partir dali, a minha tia e a sua “ninhada” teriam que atravessar todo o território espanhol para depois entrar na fronteira francesa. «Ficas em casa a tomar conta dos teus irmão que eu e o pai vamos levar a tias e os primos até Valença.» Disse-me a minha mãe. Todos em casa sabíamos quanto arriscado era atravessar a fronteira com a Espanha e o perigo de serem apanhados ainda do lado português da fronteira e os perigos que isso representava. Uma vez chegados a França, eram comunitáriamente catalogados como “Filhos do Salto” como identificação dos portugueses que atravessaram a fronteira para fugir à miséria da ditadura de António de Oliveira Salazar.” Foi assim que os pais de Nathalie de Oliveira chegaram a França onde esta nasceu há 44 anos, a hoje deputada, é

licenciada em Direito das Organizações Internacionais, na Sorbonne, antes de servir a UNESCO e as instituições europeias, nomeadamente a Comissão Europeia. Membro do PS francês, Nathalie Oliveira foi ainda Adjunta ao Presidente da Câmara de Metz de 2008 até 2020 (vereadora) além de se ter destacado como dirigente associativa. Como prioridades para o seu mandato, Nathalie Oliveira defende a reforma da Lei Eleitoral melhorando o voto por correspondência através da eliminação da exigência da cópia do Cartão de Cidadão. Nesta reforma, pretende ainda contribuir para uma harmonização do acesso ao voto em todas as eleições defendendo também a introdução ao voto digital. Ao jornal Lusos, Nathalie Oliveira refere que o seu mandato é “um mandato extraordinário porque represento várias gerações e um futuro mais europeu com todos os países do velho continente”. Sobre o seu eleitorado, refere que “Não há um país do continente europeu onde não estejam a residir Portugueses. Ou seja temos Portugal em toda a Europa!”, círculo que a elegeu. A fechar a conversa que teve connosco, a deputada afirma que “há milhões de cravos fora do país e devemos-lhes o mesmo respeito como os mesmos direitos”.


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The future for autocrats is darker than it seems Human Rights Watch Londres

Autocratic leaders faced significant backlash in 2021, but democracy will flourish in the contest with autocracy only if democratic leaders do a better job of addressing global problems, Kenneth Roth, executive director at Human Rights Watch, said today in releasing the Human Rights Watch World Report 2022. From Cuba to Hong Kong, people took to the streets demanding democracy when unaccountable rulers, as they so often do, prioritized their own interests over those of their citizens, Roth said. However, many democratic leaders have been too mired in short-term preoccupations and scoring political points to address serious problems such as climate change, the Covid-19 pandemic, poverty and inequality, racial injustice,

But Democratic Leaders Need to Do Better to Meet Global Challenges

or the threats from modern technology. “In country after country, large numbers of people have taken to the streets, even at the risk of being arrested or shot, which

shows the appeal of democracy remains strong,” Roth said. “But elected leaders need to do a better job of addressing major challenges to show that democratic government delivers on its

promised dividends.” The Human Rights Watch World Report 2022, its 32nd edition, describes the human rights situation in nearly all of the approximately 100 countries where

Human Rights Watch works. In his introductory essay, Roth challenges the common view that autocracy is ascendent and democracy is on the decline. Many autocrats claim to serve their people better than democratically elected leaders, but they usually deliver mainly for themselves and then try to manipulate electoral systems so citizens cannot deliver a negative verdict. Autocrats typically try to divert attention with racist, sexist, xenophobic, or homophobic appeals, he said. Covid-19 spotlighted this self-serving tendency, with many autocratic leaders downplaying the pandemic, turning their backs on scientific evidence, spreading false information, and failing to take basic measures to protect the health and lives of the public. In an important and growing development that must worry some autocrats, a broad range of opposition political parties has begun to gloss over their policy differences to build alliances that prioritize their common interest in getting corrupt politicians or repressive leaders voted out of office, Roth said. In the Czech Republic, an un-


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likely coalition defeated Prime Minister Andrej Babiš. In Israel, an even unlikelier coalition ended the longtime rule of Prime Minister Benjamin Netanyahu. Similar broad alliances of opposition parties have formed for forthcoming elections against Viktor Orban in Hungary and Recep Tayyip Erdoğan in Turkey. A comparable tendency within the US Democratic Party contributed to the selection of Joe Biden to contest the 2020 election against Donald Trump. Moreover, as autocrats can no longer rely on subtly manipulated elections to preserve power, a growing number, from Nicaragua to Russia, are resorting to overt electoral charades that guarantee their desired result but confer none of the legitimacy sought from holding an election. This growing repression is a sign of weakness, not strength, Roth said. However, to persuade people to abandon the self-serving rule of autocrats, democracies need to do better in addressing societal ills, Roth said. For example, the climate crisis poses a dire threat to humankind, yet democratic leaders are only nibbling at the problem, he said, seemingly incapable of overcoming national perspectives and vested interests to take the major steps needed to avert catastrophic consequences. The World Report 2022 includes assessments of the climate policies of the world’s top 10 greenhouse gas emitters, as well as more than a dozen other countries where there have been significant policy developments related to the climate crisis. The Covid-19 pandemic also exposed weaknesses of democratic leaders. Democracies met the pandemic by developing highly effective mRNA vaccines with remarkable speed but have failed to ensure that the people of lower-income countries share this lifesaving invention. Some democratic governments took steps to mitigate the economic consequences of Covid-19 lockdowns, but have yet to tackle the broader and persistent problem of widespread poverty and inequality or to build adequate systems of social protection for the next inevitable economic disruption, he said. Democracies regularly debate the threats posed by technology, he said. These include the dissemination of disinformation and hate speech by social media platforms, the large-scale inva-

sion of privacy as an economic model, the intrusiveness of new surveillance tools, and the biases of artificial intelligence. But democratic leaders have taken only baby steps to address them. Democracies fare no better when acting outside their borders. They frequently descend to the compromises of realpolitik, bolstering autocratic “friends” to curtail migration, fight terrorism, or protect supposed “stability” rather than defending democratic principles. In contrast to Trump’s embrace of friendly autocrats when he was US president, Biden promised a foreign policy that would be guided by human rights. But the US has continued to provide arms to Egypt, Saudi Arabia, the United Arab Emirates, and Israel despite their persistent repression. In the face of an autocratic trend in Central America, Biden mainly prioritized efforts to curtail migration rather than autocracy. Other Western leaders displayed similar weakness in their defense of democracy. Former German Chancellor Angela Merkel’s government helped to orchestrate global condemnation of the Chinese government’s crimes against humanity in Xinjiang. But while holding the European Union presidency, Germany helped to promote an EU investment deal with China despite Beijing’s use of ethnic Uyghur forced labor. The government of French President Emmanuel Macron helped to coordinate broad condemnation of Beijing’s conduct in Xinjiang but was blind to the abysmal situation in Egypt. If democracies are to prevail, their leaders must do more than spotlight the inevitable shortcomings of autocratic rule, Roth said. They must do a better job of meeting national and global challenges of making sure that democracy in fact delivers. “Promoting democracy means standing up for democratic institutions such as independent courts, free media, robust parliaments, and vibrant civil societies even when that brings unwelcome scrutiny or challenges to executive policies,” Roth said. “And it demands elevating public discourse rather than stoking our worst sentiments, acting on democratic principles rather than merely voicing them, and unifying us before looming threats rather than dividing us in the quest for another do-nothing term in office.” Human Rights Watch

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Já alguma vez te sentiste perdido?

Eu por natureza sei que tenho um fraco sentido de orientação, por isso uma das primeiras coisas que fiz quando comecei a conduzir foi comprar um GPS, agora qualquer smart phone já vem com GPS, sou plenamente confiante com o sistema de orientação funcional e uma lastima sem ele. David Catarino Londres

Eu por natureza sei que tenho um fraco sentido de orientação, por isso uma das primeiras coisas que fiz quando comecei a conduzir foi comprar um GPS, agora qualquer smart phone já vem com GPS, sou plenamente confiante com o sistema de orientação funcional e uma lastima sem ele. Houve uma altura que tinha de levar um pastor convidado ao Aeroporto de Heathrow (Londres), mas como um dos meus filhos tinha gasto toda a internet daquele mês a ver YouTube Kids, fiquei sem internet e por isso sem GPS no telefone, e pensei: “bom David tem calma, já fizeste este caminho muitas vezes, vais conseguir!”, mas bastou uma dúvida, virar numa estrada errada e pronto, tudo estragado, … perdemos o voou. É frustrante sabermos que estamos perdidos e sem GPS, a bíblia é o nosso GPS que nos irá levar não apenas ao céu, mas a um relacionamento com Deus e a uma vida com propósito. Pior que estar perdido é pensar que estás no caminho certo mas terminar num beco sem saída. As religiões são os mapas dos homens de como podemos chegar a Deus ou ao céu, mas como saber se esses mapas estão correctos? A bíblia afirma que o único que nos pode com verdade levar ao céu é aquele que veio do céu á terra, e o seu nome é Jesus, Ele mesmo é o GPS para chegarmos ao Pai. Jesus não veio implantar uma nova religião ou sistema político humano, Ele veio implementar um reino no coração de cada ser humano, a sua mensagem foi: “Arrependam-se pois o Reino de Deus está próximo.” Jesus veio derrubar os pressupostos que achávamos normais. Os “bonzinhos” acabam por ser os vilões; e os desprezados os heróis. O últimos são os primeiros; e os primeiros os últimos. Os religiosos são repreendidos

e os excluídos acolhidos; Os que pensávamos estar mais perto do céu, estão afinal a um passo do inferno; Os pequeninos e desprezados são elevados; O mais importante é o que mais serve; O mais próspero o é o que mais dá, não o que mais tem. Os mais “iluminados” são afinal cegos a guiar outros cegos! 1. SEU NOME É SALVAÇÃO Uns dizem que Jesus Cristo foi apenas um bom homem, outros o Filho de Deus que andou entre nós. Uns dizem que foi um profeta outros o Salvador do mundo. Sem dúvida Jesus é a pessoa mais influente que caminhou entre nós, ele dividiu o tempo em dois, (antes de Cristo e depois de Cristo) seus ensinos sobre amor e perdão ainda hoje são estudados e seguidos por mais de 2 biliões de pessoas no mundo. Alguns tentam negar a divindade de Jesus mas se Cristo não é o Filho de Deus, como podemos explicar o seu nascimento, seus ensinos, seus milagres, o seu túmulo vazio, e ressurreição? Como explicar tantos milagres feitos no nome de Jesus, e tantas vidas transformadas por Ele? Se Jesus foi “apenas” um profeta (mensageiro de Deus) por-

que disse chamou Ele Deus de seu Pai, e declarou de si mesmo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”? Ou “antes de Abração Eu Sou”. (João 8:58) O apóstolo João diz que Jesus era o Verbo ou a Palavra que criou do nada todas as coisas. (João 1) No evangelho que escreveu João, um dos discípulos mais próximos de Jesus, temos 7 declarações de Jesus sobre si mesmo, que nenhum outro líder religioso alguma vez ousou dizer: 1. EU SOU A LUZ DO MUNDO “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.” João 8:12 ARA 2. EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA “Então Jesus afirmou: — Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso?” João 11:25-26 NTLH 3. EU SOU A PORTA “Jesus, pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram


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ouvido. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem. O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” João 10:7-10 ARA 4. EU SOU O PÃO DA VIDA “Jesus respondeu: — Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede.” João 6:35 NTLH 5. EU SOU O BOM PASTOR “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” João 10:11 6. EU SOU A VIDEIRA VERDADEIRA “Jesus disse: — Eu sou a videira verdadeira, e o meu Pai é o lavrador. Todos os ramos que não dão uvas ele corta, embora eles estejam em mim. Mas os ramos que dão uvas ele poda a fim de que fiquem limpos e deem mais uvas ainda. Vocês já estão limpos por meio dos ensinamentos que eu lhes tenho dado. Continuem unidos comigo, e eu continuarei unido com vocês. Pois, assim como o ramo só dá uvas quando está unido com a planta, assim também vocês só podem dar fruto se ficarem unidos comigo. — Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada.” João 15:1-5 NTLH 7. EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA “Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” João 14:6 NAA O nome Jesus significa literalmente “Salvação” e Cristo significa “ungido” ou escolhido para um propósito, Jesus Cristo significa Aquele que foi escolhido por Deus para ser o Salvador do mundo. MAS PORQUE PRECISO SALVO? Jesus afirmou: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma (vida verdadeira)?” Marcos 8:36 ARA. Nunca entenderei totalmente o amor de Deus, sem antes entender o que o motivou que levou o Pai a enviar seu Filho Jesus para morrer em meu lugar - o meu pecado. “Depois levou-os para fora e suplicou: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?” Eles responderam: “Creia no Senhor Jesus, e será salvo você e a sua casa”.” Atos 16:30-31 NBV

A mensagem de Jesus desde o início ao fim foi a mesma, Ele disse ser o Filho de Deus, e que detinha as chaves para um correcto relacionamento com Deus, que resultaria em vida eterna. Jesus transformou a cruz, um instrumento de morte, NUM SÍMBOLO DE AMOR E SALVAÇÃO. A MELHOR NOTÍCIA DE SEMPRE O Evangelho são “boas notícias” é saber que apesar dos nossos erros e pecados somos amados incondicionalmente por Deus. Ele mesmo traçou um plano extraordinário para que fôssemos libertos do pecado por meio do sacrifício perfeito de Jesus Cristo na cruz, é somente pela graça que podemos ser salvos de uma vida eterna distante de Deus (no inferno) Jesus veio não apenas nos perdoar mas nos dar vida, eterna e abundante. Jesus veio nos revelar que através Dele podemos agora ter um relacionamento pessoal e íntimo com Deus. A salvação não pode ser merecida ou conquistada, precisamos apenas crer pela fé em Jesus como Salvador e aceitar pela fé esse fantástico presente da vida eterna. A salvação foi conquistada por Cristo na cruz, precisamos reconhecer que foi por causa do nosso pecado que Jesus foi morto. Mas a morte não pode reter o Autor da vida e ao terceiro dia ele ressuscitou e está vivo para todo o sempre. Crês tu nisso? Se sim, muitos parabéns!!! Agora és filho de Deus, adotado pelo Pai para sempre, foste totalmente perdoado e podes te relacionar pessoalmente com Deus. Podes falar com o teu Pai e pedir o que precisas em nome de Jesus. Continua a crescer pelo estudo a bíblia e dar fruto para Sua glória. Quando entendemos aquilo que Cristo fez por amor por nós e aceitamos que foi por cada um de nós, é como se nascêssemos de novo. 2. SEGUIR JESUS É SER A CADA DIA SEU APRENDIZ “Quem diz que vive unido com Deus deve VIVER COMO JESUS VIVEU.” 1 João 2:6 NTLH O grande desafio de Jesus foi “vem e segue-me”, ele nos desafia a olhar para ele e a fazer as mesmas coisas que ele realizou, somos seus aprendizes, vamos olhar agora para sete áreas específicas que precisamos dia a dia ser mais como Jesus. Ser mais como Jesus é uma jornada, uma mudança de hábito, uma mudança de dentro para fora.

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Vou mudar. E agora? Seja para mudar de casa dentro do Reino Unido ou num regresso a Portugal, uma das imposções é a escolha do transporte dos bens. Estes, podem ser equipamentos como mobília e electrodomésticos, roupas, equipamentos informáticos ou até viaturas como motos e carros. LUSOS Londres

O que dizer do transporte de seres vivos como plantas ou animais, é assunto a que voltaremos e outra das preocupações, é também o transporte de cadáveres para pessoas que antes de perecer optaram por serem sepultadas na sua terra natal. Neste trabalho, vamos porém

concentrar a nossa atenção nos bens perecíveis e no seu transporte. Como escolher a sua transportadora? Como negociar ou como orçamentar o seu transporte? São questões a que vamos tentar responder. Antes de começar a tarefa de contatar as empresas de transportes para pedir orçamentos,

devemos começar por calcular a cubicagem do que pretendemos transportar. Parece uma tarefa fácil medir a altura pela largura pela profundidade quando se trata de transportar um móvel inteiro mas o que dizer de um transporte de cadeiras? Sabemos que uma cadeira pode ser acopolada com outra em posição inversa. Ao mesmo tempo, os

espaço livre entre as quatro pernas de cada cadeira pode acumular outras peças mais pequenas como texteis ou calçado entre outras coisas menores mas, como calcular a cubicagem de uma cama de casal desmontada? E um guarda fatos? Neste caso, importa salientar que os orçamentadores das empresas de transportes sabem como calcular estes volumes cúbicos. Algumas empresas, têm no seu website uma ferramenta que permite fazer o cálculo da cubicagem. Para se ter uma ideia, uma europalete tem as medidas de 1200x800mm ou 1,2 metros de comprimento por 80cm de largura. A altura está compreendida entre o 144mm e os 146mm. O que pensar quando sabemos que as laterais de uma cama tem cerca de dois metros? Tudo perguntas que devem ser levantadas à empresa de transportes. Como escolher a empresa de transportes? Para começar analise a publicidade da empresa, lugar onde todas as empresas mostram o que de melhor têm. As páginas nas redes sociais também ajudam pela quantidade de comentários registados. Verifique a frota. Quanto maior e mais diversificada esta for, mais qualidade terão no seu trabalho. Se a empresa tiver um guindaste para carregar a carga a partir de uma janela é um bom indicador. Vai poupar o tempo de carregar pelas escadas ou elevador com a carga a descer diretamente à viatura. Verifique se o quadro de pessoal usa uma farda que identifica a empresa. Este detalhe mostra a preocupação que a empresa tem na sua identificação. Será suficiente? Não parece. Luis Beleza da empresa Transportes Beleza refere que a escolha começa pelo lado oposto quando se pensa transportar as mercadorias pessoais a partir do Reino Unido. “É conveniente começar por assegurar que a documentação esteja tratada com um despachante”. O empresário especializado

em mudanças refere que quando a burocracoia não está convenientemente tratada pode levar a dificuldades de desalfandegamento e que a demora se traduz em custos. “Enquanto a mercadoria não for desalfandegada está a pagar o armazenamento o que pode levar a que haja custos que ultrapassem o valor da mercadoria” – Refere. Por outras palavras, é preciso confirmar que a emprea de transportes e o Despachante Oficial tenham um bom relacionamento profissional. “Algumas empresas não estão preparadas para tratar da burocracia adjacente ao trânsito das mercadorias” – Diz o empresário. No caso das mercadorias a partir do Reino Unido para outro país, as mercadorias estão sujeitas ao pagamento das taxas de importação. No caso de Portugal, 23% sobre o valor atribuído à carga que não pode ser inferior ao valor do frete. Algumas empresas têm soluções para manobrar esta questão embora não revelem a informação. Há que lembrar que atribuir um baixo valor à carga, em caso de acidente ou danificação, será o valor a definir pelo seguro. Assim, entre o valor do transporte e do seguro, deve calcular o valor da mercadoria sempre acima do valor do transporte. Exercício nada fácil para quem não domina a atividade. Outra das questões a considerar é a embalagem de proteção. Caixas de cartão, plásticos de bolhas, papel para objectos frágeis, fita cola entre outros produtos serão necessários. As empresas de transportes com alguma dimensão possuem pessoal especializado para embalar e acondicionar a sua carga. Outra das formas para escolher a sua empresa de transportes é a oferta de fazer o “track” da sua carga. Assim, poderá saber em qualquer momento onde esta se encontra. Na altura de escolher, tem pelo menos duas hipóteses credíveis para contratar o serviço.


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Se tiver uma empresa de transportes em quem confia, questione por um despachante. No sentido inverso, se cohece um despachante de confiança, questione por uma empresa de transportes. Analise que cada um deles cumpra o seu trabalho através dos comentários na internet ou de pessoas conhecidas. Se possível, faça depender a contratação de um deles pela recomendação do outro ou seja, um transportador que recomenda um despachante ou o seu inverso. Lembre que após o brexit, nem todas as empresas estão habituadas e habilitadas a trabalhar estes dois patamares de fornecimento de que vai precisar. Certifique-se que entre as duas empresas haja um clima de confiança. Tendencialmente, quam faz o transporte de mercadorias comerciais não faz mudanças. As empresas de mudanças são especializadas neste tipo de trabalho. Quando a empresa de transportes não faz o desalfandegamento da carga é a imagem do despachante que está em risco mas o risco maior será sempre do cliente. Não aceite que a empresa de transportes peça um excesso de preço pela informação. Esta deve sempre ser grátis assim, quando pedir cotação para o transporte, exija a informação e peça o

valor do trabalho do despachante. Mais do que perguntar o que deve fazer, é importante perguntar o que não deve fazer. Nos casos internacionais, note que existem diferentes legislações para diferentes países assim, o despachante a escolher deve ter ligações profissionais no país de destino. Outra das questões a exigir especial atenção é o caso de viaturas automóveis ou motos. “No caso das motos deixou de ser um negócio interessante para as empresas comerciais após o Brexit. São muitas as complicações criadas” – Diz Luis Beleza. No caso dos automóveis, fica a dúvida sobre o imposto a pagar ou não pagar no caso de o chassis da viatura ser inutilizado, caso em que a viatura deixa de o ser. No caso de pretender transportar seres vivos como animais ou plantas, procure diferentes soluções. As empresas de mudanças, tendencialmente, recusam transportar seres vivos. O mesmo acontece para cadáveres que exige um sistema de frio e que não admite misturas com outros tipos de cargas. Verifique que a sua carga esteja idenficada com etiquetagem. Códigos de barras ou QR Code ajuda a que a sua carga não seja perdida

e refere o uso de tecnologias por parte da empresa transportadora. No caso de transportes para Brasil ou África, duplique os seus cuidados com a burocracia e assegure que o trânsito entre o ponto de partida ao cais é assegurado e que do cais de destino até ao ponto final está assegurado e recorde que os documentos devem estar assegurados. Quando pensar em transportes, comece por saber tudo o que puder sobre a documentação no país de destino para evitar que a sua carga fique retida. Em alguns casos pode ser mais um dia ou uma semana; noutros casos pode demorar meses e o tempo de armazenamento é pago. Só para o transporte, um contentor de 20 pés para o Brasil chega a ultrapassar os 20 mil euros. Para lá disso, o Brasil, assim como África, oferece dificuldades acrescidas para desalfandegar as mercadorias. Outra forma de avaliar uma empresa de transportes, é a sua agenda. Do Reino Unido para Portugal a agenda tem uma duração de duas semanas. Por outras palavras, a empresa deve assegurar transportes a cada duas semanas e desde o dia de carga no Reino Unido até à sua entrega em Portugal, o prazo não deverá ultrapassar os 12 dias. Ficam as dicas.

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Os portugueses não sabem dizer adeus

Quando um português diz adeus, é preciso ter cuidado. Geralmente, acrescentam qualquer coisa como “gostei de te ver” “vejo-te amanhã” ou “até à próxima”. O adeus de um português nunca é definitivo nem quando olha para um cadáver dentro de uma urna. Paulo Dezembro Londres

No limite, o português quando diz adeus, acrescenta a esperança que não o seja no seu sentido lato. Dois colegas de trabalho que se encontram num dia de folga, dizem adeus sabendo que no dia seguinte estarão no mesmo lugar, no mesmo ofício.

Quando o jantar de Natal se acaba e os excedentários têm que recolher a casa, dizem adeus. Provavelmente acrescentam “e obrigado”. Alguns até dizem adeus e acrescentam “que Deus te abençoe ou/e proteja”. É aqui que “a porca torce o rabo”. Parece que na Língua, adeus seja não uma palavra mas sim um conceito. “A Deus”.

Quando um português diz adeus, entrega nas mãos de Deus a tal esperança que tem guardada no alçapão da Língua. “Se outros mundos houvera”. É aceitável que os haja. Há pessoas que se entendem imediatamente como se fossem amigas desda há muitas vidas atrás. É o desejo de se voltarem a ver ou conhecer, de cruzar o caminho e quando falamos de cruzar, é suposto falarmos dos Cruzados e da Cruz. Ou de cruzadores. Ou cruzanças. Ou cruzamentos. O português quando diz “adeus”, abre um labirinto de esperanças com as paredes cheias de espelhos. Quando se despede de alguma coisa que o preencheu, o português despede-se na esperança de a voltar a encontrar. Ou no mínimo, substituir ou recuperar. Quando perde um animal de estimação ou quando a casa

onde estava feliz pegou fogo. Quando um relacionamento com a idade de uma vida acaba. Adeus ou a Deus? Por norma, o português diz adeus a toda a hora. Quando diz adeus, muitas vezes completa com um “até já” ou “até logo”. O adeus absoluto é uma coisa que não existe na génese ou no ADN do português. Dizer apenas adeus, nunca é suficiente. Quando diz adeus, quer na verdade dizer “espero voltar a ver-te”. É como um truque de ilusionismo que deixa nas palavras a intenção de repetir. Só se zanga com as pessoas de quem gosta. As outras não têm esse «privilégio». No fim de qualquer reunião com mais de duas pessoas que tenha sido positiva, invariavelmente o português quer replicar o momento e, cria no a Deus, a sorte e o destino de o (re)viver. Repetir ou substituir. No português, a sorte tira-se numa tourada. O português vai mais longe. Muitas vezes além do adeus, acrescenta “que Deus te acompanhe”. Mesmo que seja ateu. Daqui a pouco, até logo, até amanhã, no próximo Natal, na próxima noite de Ano Novo ou daqui a muitas vidas. O português diz adeus mas não sabe dizê-lo. Inventou o fado e nele o exclusivo “saudade”. Mesmo

quando diz “adeus” de forma violenta e revoltada nunca o diz em definitivo. Mesmo quando diz adeus e acrescenta “nunca mais te quero ver”, o português está a cinquenta por cento de poder mudar de ideias com o passar do tempo. Os ingleses dizem “Good bye” que numa tradução crua significa “bom caminho”. Deus não é chamado ao assunto. Em italiano o mesmo adeus. “Arrivederci” que traduzido para inglês significa “goodbye until we meet again” e que em português significa “até já, até amanhã, até onde, até qualquer coisa. Mas o português vai mais longe e por vezes diz “adeus..., até sempre”. Já em francês “au revoir” também tem truque já que “revoir” significa rever. A mesma esperança mas sem Deus no assunto. O português não sabe dizer adeus e ficar calado. Para o português, adeus em culinária diz-se cozido à portuguesa ou sopa de pedra. Acrescenta sempre mais qualquer coisa. Também o espanhol partilha a mesma sensibilidade. “A Dios” para línguas gémeas. Entre os que falam português e os que falam espanhol, o “adeus” português ou o “adios” espanhol são gémeos. É como o “amigo”. Uma porca de rabo torcido.


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PS agradece vitória eleitoral O Partido Socialista alcançou um resultado histórico na repetição das eleições do círculo eleitoral da Europa, onde ganhou claramente com 32,9% (36.069 votos) contra 14,9% do PSD (16.391 votos). Elegeu os 2 candidatos e o PSD perdeu o seu representante, o que só aconteceu uma vez na história da nossa democracia, há 23 anos, quando era PM António Guterres e o Secretário de Estado das Comunidades era José Lello. LUSOS Londres

Ganhou com mais do dobro em todos os países, com exceção de Espanha, onde ficou muito perto deste resultado. Em algumas mesas da contagem chegou mesmo a ter o triplo dos votos do PSD. Esta votação exprime muito claramente que os “portugueses votaram em quem defendeu o seu voto e o respeitou” – refere o comunicado do PS. Mas também não se pode ignorar que neste contexto de repetição de eleições e depois do drama que foi a anulação dos votos a pedido do PSD com o argumento de não estarem acompanhados da cópia do documento de identificação, mesmo assim ainda se registaram 32.777 votos nulos (32,9% e mais do que em 2019 e também devido a protes-

tos apresentados pelo PSD). Há, obviamente, lições a tirar, a principal das quais é que esta forma de garantir a identificação do eleitor está ultrapassada. “Foi um combate difícil, porque foi preciso contestar a ofensiva muito agressiva do PSD, porque era preciso que ficasse absolutamente claro que o PS não teve qualquer responsabilidade na

anulação das eleições. Foi preciso, pois, desmontar todos os argumentos falsos que o PSD e, muito particularmente Rui Rio, andaram a espalhar, obviamente porque não queriam ficar com o pesado fardo da anulação de 80 por cento dos votos e da perturbação das instituições num contexto nacional e internacional tão complexo. Desde o início quise-

ram empurrar para o PS e para outros as responsabilidades que eram apenas deles” – Diz o mesmo comunicado para continuar. “A expressiva votação no PS revela bem que as comunidades não dormem e compreenderam quem sempre esteve do seu lado, quem sempre respeitou o considerou os seus votos e a sua vontade de participar nas eleições. E por isso nos deram os dois deputados do Círculo da Europa, alargando assim com outra maioria absoluta a que já

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tinha sido alcançada pelo PS”. O PS agradece aos candidatos e a cada um dos militantes, a todos os que estiveram presentes “mesmo não sendo do PS (e foram muitos), o seu contributo para esta vitória histórica”. O agradecimento vai também para o ex-Secretário-Geral-Adjunto, José Luís Carneiro que passa a Ministro da Administração Interna, que esteve sempre presente e que participou num conjunto de iniciativas em Londres, Paris e Luxemburgo.



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