Edição nº 54 Abril 2018
Distribuido em mais de 600 pontos
Notícias em Português no Reino Unido
Empresário português em Londres suspeito de milhões de libras em fraudes
A toca do 25 de Abril em Londres
pag 13
Aprender inglês em Londres é grátis pag 21
Ex residente em Londres é candidata a Presidente da Rep. da Guiné pag 8 Bissau Diz facturar milhões de libras embora o website da Companies House anuncie um registo “dissolved via compulsory strike-off”
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A realidade dos padres estrangeiros em Portugal Num país onde a Igreja Católica continua a desempenhar um papel estruturante, a sociedade portuguesa tem assistido nos últimos anos à chegada ao território nacional de um cada vez maior número de sacerdotes estrangeiros que têm vindo a assumir responsabilidades paroquiais junto das populações. António Justo Alemanha
A tendência, que se tem espalhado pela Europa, deve-se em grande medida à falta de padres em Portugal, como revela nas últimas décadas a diminuição acentuada do número de seminaristas, cuja formação por estes tempos se concentra principalmente em Lisboa, Porto e Braga. Ainda no final do ano passado, a Agência Ecclesia, no âmbito da Semana dos Seminários 2017 que teve como lema “Fazei o que Ele vos disser”, revelava que a Arquidiocese de Braga tinha 37 seminaristas, Lisboa 32 e o Porto 30, num total de 196 em todas as dioceses. Segundo a agência de informação da Igreja Católica em Portugal, existiam no termo do séc. XX, 547 seminaristas no território nacional, e
apenas 474 em 2012, o mínimo então do séc. XXI. É nesse entrecho de falta de sacerdotes, contexto que inclusivamente já se sente
nas comunidades portuguesas emigrantes, e numa época de crescente pedido de apoio nas missões católicas, que se enquadra a chegada a Portugal de padres da Ucrânia, Brasil, Angola, Itália, Polónia ou Espanha. Este fenómeno de imigração sacerdotal está longe de ser um contexto que abrange somente a Igreja Católica em Portugal, antes pelo contrário, são vários os setores da sociedade portuguesa que têm recorrido ao movimento de entrada de diversos profissionais. É por exemplo, o caso dos médicos estrangeiros a trabalhar no território nacional, profissionais de saúde sobretudo naturais de países da União Europeia, em particular de Espanha, mas também de Angola e do Brasil, que têm desempenhado um papel relevante na prestação de cuidados de saúde à população portuguesa. A Igreja Católica, principal instituição de religião em Portugal, tanto que como suportam os últimos censos a larga maioria dos portugueses identificam-se como católicos, ao adaptar-se à realidade dos novos tempos dá um sinal claro que Deus não tem fronteiras, e que por isso mesmo não podem existir barreiras físicas a dividir países, sociedades e culturas.
EDITORIAL
Seguimos o nosso trabalho na procura de histórias que perseguimos com o sentido da ética do jornalismo. Perseguimos também o que de melhor acontece com a nossa comunidade. Afinal, somos parte dela. Apoiamos projectos, eventos, pessoas. Detectamos situações, contamos histórias que reúnem provas e testemunhos. Corremos o Reino Unido, vamos até onde os aviões nos levam por essa Europa afora, sofremos do stress de cada letra impressa. Queremos uma Comunidade informada, atenta e atrevida, inspirada no que de melhor se pode fazer enquanto expatriados a viver no Reino Unido. Desejamos firmemente que os nossos anunciantes ganhem muito dinheiro e para isso, pretendemos que todos os portugueses o possam fazer de igual forma. Próximo dia 5 de Maio, será o Dia da Língua Portuguesa. Uma oportunidade que se repete a cada ano e que tem escapado aos ambientes festivos da Comunidade. Seria importante que os principais líderes da Comunidade, de qualquer tipo de estrutura ou Organização, pudessem conversar entre eles. Numa sala fechada ao custo de uma pizza até que pudessem sair com ideias sobre como podemos fazer como outras comunidades fazendo valer o nosso valor no País de acolhimento. A minha Pátria é a minha Língua, disse Fernando Pessoa que também ele, viveu em Londres. Tudo o que fazemos, fazemos por si que nos lê.
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Advogada portuguesa em Londres vence Federação Mundial de Croquet Palop News Londres
A sede mundial da Federação de Croquet sediada no Reino Unido, aprovou uma competição de Croquet em território português organizada por uma estrutura com origem em Espanha. A Federação Portuguesa de Croquet, presidida pela advogada portuguesa com sede em Londres Lita Gale, não baixou os braços e deu início a um protesto de dimensão global. “Para sermos honestos é uma vergonha” – diz a americana Sarah Byrne ao Palop News. O competidor espanhol Miguel Bausa, adianta que embora não tenha toda a informação, sabe ter havido “alguém que a partir de Espanha tenha organizado uma competição em Portugal”. Já o atleta Irlandês Mark Stephens, diz desconhecer o que
se passa. O assunto chegou à imprensa e é o jornalista inglês Chris Wright que revela ao Palop News apoiar o trabalho de Lita Gale em prol do Croquet. A advogada portuguesa, depois que soube da actividade de espanhóis em território português, viu ainda um pedido para que a Federação Portuguesa de Croquet fosse banida da Federação Mundial. O caso, foi levado ás diversas federações nacionais à volta do Mundo e depois de uma defesa elaborada por Lita Gale a votação acabou por dar razão à Federação Portuguesa de Croquet. O Croquet em Portugal, conta já com alguns clubes inscritos na Federação e as promessas de um ritmo de crescimento para os próximos anos parece assegurado. “Temos instalações, equipamento e boa vontade para ensinar a jogar Croquet e organizar competições inter-
nacionais” – diz Lita Gale ao Palop News. Para além de desenvolver a modalidade em Portugal, Lita Gale dá ainda a novidade de estar a preparar um evento de Croquet em Londres especialmente vocacionada para a Comunidade Portuguesa em Londres em data que será anunciada. “Temos já várias pessoas interessadas em participar” – refere fonte próxima da organização do evento. Sobre a batalha vencida por Lita Gale em confronto com a Federação Mundial, veja a peça no Youtube do Palop News.
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SECP apresentou Projeto Study & Research Abroad Palop News Londres
Este projeto consiste num guia destinado a quem pretenda realizar uma experiência de mobilidade internacional, no âmbito de atividades de ciência, tecnologia e ensino superior. Nesta ferramenta os serviços consulares surgem em destaque, assumindo-se como pontos de apoio para os cidadãos, que assim passam a conhecer melhor os seus direitos e deveres. O “Study and Research Abroad” reúne, num único local, informações úteis acerca do país escolhido para estudar, sobre a rede de Postos Consulares de Portugal, sobre os contactos dos serviços de emergência consular, a propósito da documentação a tratar ou, ainda, do planeamento orçamental necessário para estudar lá fora. “Os estudantes, investigadores e docentes portugueses são exemplos de integração harmoniosa e de diálogo alargado com outras culturas num Mundo de conhecimento global. Os serviços consulares podem servir como alicerces a esta mobilidade. Se os cidadãos estiverem inscritos no consulado torna-se muito mais fácil acompanha-los em situações de necessidade”, referiu José Luís Carneiro, acrescentando que os consulados podem também “apoiar
o diálogo de quem emigra com as redes de portugueses que já existem no estrangeiro, nomeadamente nas áreas da ciência e inovação”. Segundo a Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Fernanda Rollo o projeto Study and Research Abroad “É uma ferramenta também importante no que diz respeito ao crescimento, à afirmação e visibilidade da diplomacia científica portuguesa e a comunidade de portugueses nos estrangeiros. Todos os que partem, sobretudo os estudantes Erasmus recebem um cartão-de-visita personalizado. Cada estudante, jovem cientista pode colocar os seus contactos e ficar em contacto com os serviços consulares da região de destino”, adiantou. Em 2016 os serviços consula-
res praticaram 1 milhão e 960 mil atos consulares, enquanto o Gabinete de Emergência Consular foi responsável pelo tratamento de 13 mil e 400 chamadas e mensagens de emergência, sendo que muitas destas ocorrências envolveram cidadãos portugueses a realizar estudos e projetos de investigação no estrangeiro. O projeto Study & Research Abroad foi desenvolvido em colaboração com a Direção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, a Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação, a Direção-Geral do Ensino Superior, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e as Instituições de Ensino Superior. A sua apresentação ocorreu integrada num evento de reflexão sobre o programa Erasmus.
O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, salientou, o contributo fundamental que os serviços consulares portugueses presentes em 148 países do Mundo podem desempenhar na informação, no apoio e no esclarecimento dos estudantes, investigadores e docentes universitários em mobilidade. SECP falou em Lisboa, na sessão de apresentação do guia http://abroad.studyresearch.pt/, ao lado da Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo.
Português vítima de ataque com ácido em Londres Palop News Londres
Segundo Raul Costa, empresário português que circulava no local, chama-se Manuel e é português o cidadão que foi alvo de um ataque com ácido. O incidente ocorreu na zona de Harllesden, zona dois a Norte de Londres onde existe uma grande comunidade de Língua Portuguesa calculada em dezenas de milhar de portugueses. Manuel, estava parado no
semáforo quando parou ao lado uma moto. Não conseguimos apurar se com uma ou duas pessoas. O que sabemos através da nossa fonte, é que terão batido no vidro do carro para que Manuel pudesse abrir a janela. Foi o que sucedeu. Uma vez aberta a janela, foi perpetrado o ataque que deixou o rosto do português no estado que a fotografia documenta. Se lhe baterem na janela do carro, na dúvida, não abra e suspeite sempre de veículos de duas rodas motorizados que não param nos semáforos.
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Diálogos com a Comunidade com amargos de boca Decorreu na Embaixada de Portugal uma sessão «Diálogos com a Comunidade» que contou com a presença de algumas individualidades do Governo britânico no sentido de esclarecer os portugueses que estiveram presentes ao evento. Palop News Londres
Para alguns dos presentes, a sessão terá sido esclarecedora sob o ponto de vista das intenções do Governo britânico em relação aos cerca de 3.5 milhões de europeus a viver no Reino Unido. Pessoas mais esclarecidas porém, refutam que a sessão tenha trazido alguma novidade em relação àquilo que já era do domínio público. No canal da SIC, “Muitas perguntas e poucas respostas para os emigrantes portugueses no Reino Unido” foi o nome dado á peça de cobertura do evento que impediu a imprensa de gravar imagens e som de partes da sessão condicionando assim o trabalho dos jornalistas à informação ao público. “Foram respostas politica-
mente corretas mas sem qualquer substância acrescentada àquilo que já é do domínio público através dos documentos que têm vindo a ser publicados” – refere Pedro Xavier, empresário na área dos serviços de apoio à Comunidade. Maria José Seixas disse à Agência Lusa “Acho que não fiquei satisfeita, porque o Home Office [Ministério da Administração Interna] ainda não está preparado. Eles não nos estão a dar as respostas que nós queremos”. O mesmo declarou Conceição Ganhão à mesma Lusa que “declarou não ter ficado nada esclarecida e que os técnicos do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Administração Interna disseram foi o que já era conhecido publicamente”. A mesma entrevistada alega
que a sessão Diálogos com a Comunidade “informaram sem informar muito, ou porque não têm muitas respostas ou porque não têm muito para dizer, o certo é que as perguntas não foram respondidas” – refere o site da Lusa. Eu causa, para além do facto de os esclarecimentos não terem sido satisfatórios, está a insegurança de muitos europeus que ainda não sabem o que o futuro lhes poderá reservar. “Acredito que dos 3.5 milhões de europeus a viver no Reino Unido, apenas 600 mil reúnam as condições que estão nas entrelinhas do que foi dito” – refere Pedro Xavier. Conceição Ganhão, questiona ainda o facto de haver “muitas pessoas que não vão reunir as condições necessárias e não se falou sobre que
tipo de apoios serão dados ás pessoas que tenham que regressar aos seus países de origem”. O Embaixador de Portugal no Reino Unido Manuel Lobo Antunes, afirmou à imprensa que “muitas perguntas ficaram respondidas mas muitas ficaram por responder”.
“Se o Governo se prepara para exigir dos emigrantes o mesmo que exige dos nativos que pretendem casar com uma pessoa não britânica, então estaremos perante uma exigência que a maioria dos europeus a viver no Reino Unido não está em condições de garantir” – afirma Pedro Xavier.
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A concessão da nacionalidade portuguesa para netos é uma novidade? Não, não é. Pela lei anterior já era possível aos netos de portugueses pedirem a nacionalidade portuguesa, no caso do pai ou mãe já ter falecido, sem declarar que desejava ser português. Palop News Londres
Não, não é. Pela lei anterior já era possível aos netos de portugueses pedirem a nacionalidade portuguesa, no caso do pai ou mãe já ter falecido, sem declarar que desejava ser português. Conforme os testemunhos recolhidos pelo Palop News, é depois de enviar os seus clientes para Portugal que os abandona e regressa a Londres para novas investidas. Um dos casos que detectamos, trouxe mesmo uma família de Miami (EUA) para Londres. O que mudou com a nova lei, na realidade, foram os critérios para a aquisição e o modo pelo qual se concede a nacionalidade portuguesa: de derivada, passou a originária; e isso tem implicações para a sucessão. Pela legislação anterior, o neto de português podia pedir a nacionalidade, mas tal acontecia, apenas, pela naturalização (nacionalidade adquirida, derivada), com o preenchimento de uma série de requisitos que tinham, contudo, um
grande entrave: regras restritas para a transmissão aos sucessores. Assim, em relação aos filhos daqueles netos – que adquiriam a nacionalidade pela naturalização – era possível a transmissão apenas aos filhos menores; os filhos maiores, existentes à época da concessão da nacionalidade, não podiam receber a nacionalidade dos pais (netos de portugueses), somente podendo obter a nacionalidade pela naturalização se passassem a viver regulamente em Portugal, sem nenhuma relação com a ascendência. Pela ótica da nova lei, já regulamentada, o que realmente foi alterado é que a via adquirida, chamada, também, de derivada não mais existe, quando o pedido for apresentado por netos de cidadãos portugueses, nessa qualidade. Para os netos que pretendem a aquisição da nacionalidade, uma vez comprovados os requisitos, passa a ser concedida uma nacionalidade originária, assim como é concedida para os filhos de portugueses, diretamente. Com isso, sendo originária a
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aquisição (atribuição), os beneficiários podem transmiti-las aos filhos e depois estes, aos netos, o que independe, inclusive, da idade. Concluindo, por-
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tanto, o que a lei orgânica nº 9/2015, de 29 de julho (já regulamentada) fez, foi estender a nacionalidade portuguesa originária aos netos de portugueses nascidos no estrangeiro, diretamente, de tal modo que passem a ser portugueses “de origem”: “Os indivíduos nascidos no estrangeiro com, pelo menos, um ascendente de nacionalidade portuguesa do 2º grau na linha reta que não tenha perdido essa nacionalidade, se declararem que querem ser portugueses, possuírem laços de efetiva ligação à comunidade nacional e, verificados tais requisitos, inscreverem o nascimento no registo civil português”. Mas como se vê, a essa alteração foi atrelado o requisito dos “laços de efetiva ligação” à comunidade portuguesa, o que a própria lei procurou aclarar, sendo certo que a verificação da existência de laços de efetiva ligação à comunidade nacional, para os efeitos estabelecidos na lei, implica o
reconhecimento, pelo Governo português, da relevância de tais laços. Deste modo, não basta apenas ser neto de cidadão português para ter atribuída a nacionalidade portuguesa originária. O preenchimento da exigência relativa à efetiva ligação à comunidade portuguesa é relevante para o êxito do processo, através de factos concretos, de contatos regulares e frequentes com a comunidade portuguesa, inclusive com a sua cultura e costumes. Não basta ser neto ou ter vontade de ser português. Necessário demonstrar que tem ligação com Portugal. Cynthia Fonseca Advogada Brasil e Portugal Este artigo foi redigido meramente para fins de informação e debate não devendo ser considerado uma opinião legal para qualquer operação de negócio específico. 2017. Direitos Autorais reservados a NABAS INTERNATIONAL LAWYERS
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15 anos a servir a Comunidade Começou por ajudar portugueses que lhe batiam na porta de casa no tempo em que trabalhava no Job Centre no Departamento de Pensões. “As pessoas tinham uma barreira muito grande com a Língua e dificuldades em falar com um contabilista, um advogado ou um médico” – diz Pedro Xavier a justificar a forma como o negócio surgiu. Palop News Londres
Mais tarde, o volume de pessoas que recorriam aos seus serviços aumentou e Pedro Xavier teve que recorrer a uma arrecadação em casa dos pais. Quando esta arrecadação ficou demasiado pequena para o crescente volume de pessoas a atender, Pedro Xavier aluga um escritório na South Lambeth Road, no coração da Comunidade Portuguesa em Londres. Aí permaneceu desde Setembro de 2006 acabando por sair em 2011 para as novas instalações na Wilcox Road a pouca distância do escritório anterior. Hoje, a empresa conta com uma equipa de 12 pessoas a colaborar directa ou indirectamente com as necessidades dos clientes que abraçam um sem número de assuntos relacionados com a burocracia britânica e portuguesa. Actividades como a contabilidade fiscal ou o Direito, são algumas das vertentes desenvolvidas pela empresa a que se acrescenta todo o tipo de benefícios sociais, traduções ou equivalências académicas. A base de dados da empresa iniciada em 2011, conta hoje com mais 30 mil pessoas atendidas embora o histórico da
empresa desde o seu início em Abril de 2003, conte já com mais de 150 mil pessoas atendidas. No passado mais recente, a empresa investiu na Formação dos seus quadros como forma de libertar o gestor para outras actividades. Hoje, uma carta, uma tradução, uma reclamação para o Município, uma carta ao fornecedor de luz ou gás, continua no lote de serviços da empresa mas existe hoje também uma equipa de pessoas qualificadas para esse género de atendimento. A empresa, tem ainda o selo de tradutora oficial e tem todos os registos necessários para o desempenho da actividade. O gestor, juntamente com uma equipa em desenvolvimento, criou uma frente de serviços mais vocacionado para a área financeira e empresarial. “Tratamos de todo o tipo de assuntos relacionados com as empresas desde o alavancar de fundos para investimento até à aquisições de imóveis no Reino Unido” – diz Pedro Xavier que refere a imobiliária como um dos principais atractivos da sua actividade a que soma a actividade dos trespasses comerciais. O novo segmento de activi-
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dade da PLS, passa assim, por todo o tipo de gestão na aquisição imobiliária, comercial ou de habitação e como novidade, o financiamento dos negócios que passem pelo crivo do crédito com análise produzida internamente. Entretanto, a Comunidade Portuguesa deixou de ser o único fluxo de clientes da empresa que conta hoje com o atendimento à Federação Inglesa de Futebol, a Metropolitan Police, várias firmas de advogados, bancos e clubes de futebol da 1ª Liga inglesa. “Mesmo assim mantemos o atendimento privado ao cidadão porque na verdade foi com essa actividade que demos início a esta empresa” – diz. Na área dos investimentos, a empresa actua no apoio a quem pretende comprar habitação ao mesmo tempo que capta fundos com rendimento superior ao oferecido pela banca tradicional. “Com os investimentos que promovemos, conseguimos retorno financeiro para os nossos investidores 3 a 4 vezes maior que a banca tradicional ao mesmo tempo que procuramos as melhores soluções para os investidores. Muitas empresas podem ser financiadas com melhores taxas e mesmo assim conseguimos obter melhor retorno que a banca.” – diz Pedro Xavier. A trabalhar tendencialmente com fundos privados, a empresa está fiscalizada pelas autoridades britânicas e pelo Banco de Inglaterra. “Começamos este ano a trabalhar os créditos à Habitação, créditos pessoais e factoring. Para além destas actividades, a empresa conta também com um protocolo com o Metro Bank para abertura de contas e financiamentos.
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Procuração ou Preocupação Uma Arma ou uma ferramenta útil Palop News Londres
Ex residente em Londres é candidata a Presidente da República da Guiné Bissau Nancy Germano Schwarz, antiga residente em Londres anunciou a sua candidatura a Presidente da República da Guiné Bissau. Palop News Londres
Depois de ter deixado Londres, Nancy Schwarz foi para o seu País de origem onde desempenhou funções ao serviço do Governo. Incapaz de ficar indiferente ao que se passa na Guiné Bissau e descontente com as realidades, Nancy decidiu elaborar a sua candidatura com o apoio de vários activistas guineenses na Diáspora e em território Nacional. Conhecedora da forma como a Europa se comporta em ter-
mos políticos, Nancy Schwarz propõe que a sua candidatura identifique uma forma diferente de fazer política naquele país africano. Profundamente influenciada por valores religiosos, a socióloga assegura estar em condições de presidir a uma população que tem a característica de misturar de forma pacífica correntes de diferentes religiões. Com uma visão para a Guiné Bissau, Nancy Germano Schwarz promete pacificar a Nação e contribuir para o prestígio internacional da Guiné Bissau.
Para nós que temos uma vida cheia de azafama e pouco tempo para nos deslocarmos a Portugal para tomar conta dos nossos assuntos a solução muitas vezes é dar a procuração a alguém – o Mandatário / Procurador – e é essa pessoa que toma o nosso lugar e na maior parte dos casos zela pelos nosso interesses e assina por nós e tudo corre bem e poupa-se o dinheiro da viagem e dias de trabalho perdidos e não é preciso meses de espera para ir ao Consulado assinar a procuração. O procurador só tem os poderes que nós (Mandante) lhe damos e tanto pode ser específico para um único fim, tal como comprar uma casa ou para partilhas de heranças ou para contrair matrimónio ou ainda uma procuração geral para todos os fins e propósitos. Com procurações relacionadas com Contas Bancárias, empréstimos e hipotecas é muito importante obter o aval ou a minuta do banco, pois cada entidade tem os seus requisitos. Contudo a procuração nas mãos erradas pode tornar-se num pesadelo quando o uso dos poderes conferidos é abusado ou negligência e para evitar esses percalços é necessário exercer bastante cuidado na escolha do mandatário, bem como no teor dos poderes que damos. Cuidados básicos incluem, limitar os poderes do procurador em tempo e nos actos que pode fa-
zer, bem como na própria procuração exigir que o procurador preste contas e que o dinheiro da venda por exemplo seja depositada na conta do Mandante e ou ainda dar procuração a duas pessoas. Se a Procuração não tem limites em termos de tempo ou fim os poderes não se esgotam e continuam em vigor e se depois é necessário revogar essa procuração, e isso pode tornar-se dispendioso e em último caso envolve a publicação no jornal da Revogação da Procuração. Na Inglaterra uma Procuração para ser válida tem que ser assinada como Escritura Publica e obrigatoriamente na presença de uma testemunha independente. Contudo para ser depois usada em Portugal, a assinatura precisa ser reconhecida perante Advogado (Solicitor) para ser subsequentemente legalizada no Ministério dos Negócios Estrangeiros Britânicos, ie Foreign and Commonwealth Office, com o Certificado de Apostilha ao abrigo da Convenção de Haia de 5 de Outubro de 1961 e só depois está pronta para ser usada em
Portugal. Há ainda outros tipos de procuração que são extremamente úteis e para ser usadas no caso do que não podemos nós fazer fisicamente, devido a incapacidade física ou Mental. Essas procurações são muitas vezes chamadas “Living Wills”, isto porque se assemelham a um Testamento em vida, ie “Lasting Powers of Attorney”. Esse tipo de procuração que até há pouco tempo era um exercício caro e moroso está cada vez mais facilitado pelo Governo Britânico. É necessário ter uma pessoa especializada ou profissional, tal como Solicitor ou Médico atestar a capacidade mental do mandante e testemunha independente, sendo ainda que o mandante pode nomear uma ou mais pessoas. Existem dois tipos de Procuração que lidam só com bens e finanças ou só com assuntos de saúde e bem-estar do Mandante e que depois de outorgadas tem que ser registadas com o Court of Protection e tecnicamente só entram em vigor no caso de incapacidade ou antes se assim for a vontade do mandante. Por: Lita Gale Solicitors Advogados Ingleses e Portugueses Fundada e a servir a nossa comunidade desde 1996
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Programa Escolhas terminou em Londres. Comunidade perde milhares
O projecto adjudicado ao Centro Comunitário pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, no valor de 100 mil euros por ano, foi cancelado um ano antes de terminar o seu prazo. Alcino Francisco Londres
O contrato assinado pela Direcção de Lia Matos no valor de 300 mil euros, foi abortado com ape-
nas dois terços do tempo previsto para a primeira fase. Importa registar que o Programa Escolhas foi criado em Portugal em 2001 e vai já na sua 6ª edição e é gerido através do Alto
Comissariado para as Migrações – ACM, IP. Trata-se de mais um prejuízo incalculável para a Comunidade Portuguesa em Londres. Porquê incalculável? O Programa Escolhas, tal como o próprio nome indica, escolhe as instituições a quem pensa poder ser útil para facilitar a sua missão junto das migrações. Em território nacional, são muitas dezenas os projectos em funcionamento financiados pela mesma instituição. Fora do território português, o Programa Escolhas decidiu abordar as comunidades portuguesas fora de Portugal. O Luxemburgo e o Reino Unido, foram as escolhas. No Luxemburgo, conseguimos apurar que o programa se mantém activo depois de ter procedido a alguns ajustes. Pondo-se que o Programa Escolhas, pela idade que tem enquanto projecto (17 anos), e pe-
las centenas de projectos que já financiou, terá certamente as ferramentas e os técnicos competentes para avaliar ou não da execução ou reavaliação de um projecto. Foram várias as visitas de rotina que os técnicos de Lisboa fizeram a Londres para avaliar resultados e produzir expectativas. Foram vários os ajustes que o Programa Escolhas aceitou fazer em função dos regulamentos e da legislação britânica. Não terá sido por falta de meios, experiência, apoio e boa vontade que o Centro Comunitário deixa escapar esta oportunidade. Aparentemente, o erro começou na forma como o gestor do Programa Escolhas foi admitido ao cargo. Só duas pessoas o poderão dizer. O próprio e quem o contratou. Sabe-se porém das relações tensas entre o gestor e alguns
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directores, bem como o agastamento com as parcerias num total de quatro entidades. Ao mesmo tempo, a alegada protecção que a Direcção terá dispensado a este gestor que não foi capaz de fazer funcionar aquilo que tem funcionado em centenas de projectos. Segundo os regulamentos do Programa Escolhas, a Entidade Gestora (Neste caso o Centro Comunitário), é responsável pelo “desgoverno” na execução do projecto. Este “desgoverno”, não passa afinal de uma figura verbal para designar incompetência. Na correspondência trocada com o Programa Escolhas em finais de 2017, foram levantadas algumas questões que foram remetidas para o Centro Comunitário que respondeu que não responde. Em Dezembro, caiu a “machadada” final. Terminava o Programa Escolhas para a Comunidade Portuguesa de Londres. Isto, alguns meses depois de se ter assistido a um acto eleitoral em que a generalidade das pessoas presentes, não poderiam ter votado. Até quando?
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Green Man renasceu em Londres como restaurante português Ao longo da última década, a Comunidade portuguesa a Norte do Thames, tem vindo a conhecer o trabalho de Francisco Nunes através dos diversos estabelecimentos de restauração na zona do NW10 entre outros locais de Londres.
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No mais recente investimento e aliado ao empresário Marco Vasconcelos, o espaço antes conhecido como “Leãozinho” e mais tarde como “Pousada”, abre de novo as portas e desta vez com o nome britânico original “Green
Man”. Para esta reabertura, o espaço passou por uma grande reforma ao nível da arquitectura de interiores e mobiliário. Fomos saber que alterações sofreram a ementa e o ambiente que os portugueses em Londres podem encontrar. Na ementa, o casal Vasconce-
los decidiu apostar na diferença e o filete Diana inspirado no famoso prato Savoy dos anos 60 e os secretos de porco preto que são dois dos pratos mais invulgares na gastronomia portuguesa no Reino Unido. Com uma decoração bem conseguida, uma iluminação dispersa e um conjunto mobiliá-
rio sóbrio, o Green Man foge em definitivo ao vulgar na aposta de um ambiente requintado e pensado para o espaço. Nas traseiras, um parque vidrado com luz directa e sala, fica um convite para o mais parecido de uma refeição ao ar livre. Na ementa, é possível encontrar a generalidade dos pratos da gastronomia portuguesa a que se acrescenta a presença da gastronomia brasileira e italiana. Das diversas carnes aos pratos de peixe a passar pelos mariscos, no Green Man é possível sermos
surpreendidos pela diversidade de uma cozinha cuidada e uma ementa pensada na qualidade. A garrafeira inclui algumas das principais referências vinhateiras portuguesas e as cervejas acompanham a tendência de oferecer o ambiente português e brasileiro em simultâneo. Outra surpresa agradável passa pelos preços que acompanham o mercado da restauração portuguesa em Londres e bastante atractiva para quem tem por hábito frequentar restaurantes tipicamente ingleses.
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Fundado Partido Renovar na Grã-Bretanha contra o Brexit Os ventos da Democracia Há um novo partido britânico que promete travar o Brexit; de nascimento recente (19.02.2018), o nome do partido é Renew (Renovar), tem como lema: “Uma nova visão para a nação” e quer impedir o Brexit. António da Cunha Alemanha
Pretende, de maneira mais alargada, ser uma alternativa à atual classe política do UK. Na Europa a classe política encontra-se em plena ebulição (França, Áustria, Itália, etc.). Esta é certamente uma oportuna iniciativa! Um país da envergadura da Grã-Bretanha necessita de mudança na continuidade e não de ideologias revolucionárias que vivam de ideias peregrinas e do oportuno para poderem fazer dos arrabaldes das cidades, a Polis! Os opositores a um novo referendo, sobre a permanência da Grã-Bretanha na UE, têm medo de uma decisão mais preparada, reflectida e consciente, sobre o sim ou o não do Brexit. O povo é sempre soberano seja no dizer seja no desdizer Se-
ria sofrer de estagnação querer legitimar a validade de uma decisão tomada numa mera parcela de tempo de circunstâncias específicas em que foi tomada (referendo tornado vinculativo quando o não era e com apenas 52%; tal decisão deveria ter de atingir os 75%, porque se trata de uma decisão que implica sustentabilidade em termos nacionais!). Geralmente os intervalos entre o tempo não é mais que a distância que vai do erro à verdade, muito embora o tempo continue inocente! A experiência da vida chama a atenção para as circunstâncias que determinam a realidade de um acontecimento ou decisão. É da essência da democracia não se poder fixar nesta ou naquela posição; tem que estar sempre aberta ao desenvolvimento das pessoas e aos diferentes mandarins dos relevantes
sectores públicos que puxam a consciência da “manada” num sentido ou no outro. A teimosia e equívoco, de muitas pessoas relativamente à fixação nos resultados de consultas populares, peca por falta de exatidão e por confusão, ao mesclar a decisão de um momento em determinadas circunstâncias com a realidade como se fosse verdade sustentável. Um processo democrático está dependente das vontades e das circunstâncias que as formam. Por isso quem apela para decisões do processo democrático tem que estar atento para não perder o processo!!! Há que aceitar a realidade do ser humano e da sociedade como processo e viver na consciência de que a vontade popular vira conforme os ventos! A classe estabelecida no nosso sistema político-social, em vez de barafustar contra novos movimentos (populismos de direita ou de esquerda) ou de temer perder direitos adquiridos, tem que mudar de vida! A classe estabelecida da geração 68 tem de se ir preparando para dar lugar a uma nova burgalidade e uma nova cidadania! Uma sociedade democrática
verdadeiramente esperta, para ser coerente com o seu sistema político partidário, terá que se ir transformando em movimentos cataventos da democracia; o passo seguinte seria o estabelecimento da verdadeira democracia que passaria de democracia partidária representativa para democracia directa!!! O Brexit é um mal para a Grã-Bretanha e um mal para a Europa. A UE precisa do UK e o UK precisa da UE. A EU é ainda mais importante para a Inglaterra, que bem sabia ir buscar as uvas passas do bolo europeu! O Brexit constitui um mal para a Alemanha porque a nova constelação da EU, sem a Inglaterra, passa a ser mais influenciável pelos países latinos! Com a saída, a Alemanha não pode contar com a influência deste parceiro maior a seu lado. (Os interesses dos
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grandes são sempre diferentes dos pequenos!) Por outro lado, a Europa só se pode afirmar como um todo (EU), num futuro, já presente, de rivalidades incontidas entre civilizações. A não ser que se fizesse marcha atrás no desenvolvimento da História e se voltasse para um ecologismo regional com os seus múltiplos biótopos; diga-se, para uma democratização de economia e de regiões, não baseada só em povo e nações (grupos de nações). Por vezes tem-se a impressão que anda tudo à procura do Pai Natal! Mais exato seria, em vez de falarmos tanto contra o Estado, contra a EU, exigir-se mais dos eleitos, o que implicaria verdadeira formação política (e não partidária) do cidadão para que a maioria popular se metesse na alhada da política.
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A Toca do 25 de Abril em Londres A história dos portugueses em Londres confunde-se com alguns dos rostos que descobrimos no restaurante Toca (Sul de Londres) na última 5ª Feira de cada mês. Vieram para o Reino Unido antes da Revolução dos Cravos, por cá ficaram, por cá gastaram a sua juventude, por cá construíram a sua história. PN Londres
Alguns deles, foram jornalistas de grandes referências mundiais. Apenas um do Palop News esteve presente até porque não temos outro. “A seguir ao 25 de Abril publicamos o primeiro jornal a ser publicado para a imigração em Londres chamado Luta Comum. Não éramos profissionais embora o Carlos Alves fosse jornalista da BBC e estivesse envolvido” – diz o nosso entrevistado e porta-voz do grupo. Os iniciantes deste movimento que resulta hoje deste convívio, trabalhavam na hotelaria e hospitais e outros “eram operários e eu que era Professor Universitário” – refere Álvaro
Miranda para acrescentar: “O grupo nasceu com pessoas que tiveram actividade antifascista em Portugal e depois em Londres durante o período da outra senhora (exilados como eu que era exilado)” – diz. Estas pessoas, fundaram algumas das associações de imigrantes com nítido carácter de oposição ao regime de Salazar. “Fomos um grupo que fundou a associação 25 de Abril que funcionou durante muitos anos – antes disso fundamos a Liga do Ensino e da Cultura Portuguesa que foi a primeira Organização independente do Consulado … anterior a isso havia o Centro Católico que estava ligado ao regime e por consequência à Embaixada que foi a primeira
coisa que apareceu aqui para juntar os imigrantes. A actividade associativa porém, não parou por aqui. “Depois fundamos um grupo em que eu participei e que várias outras pessoas aqui presentes participaram, que foi a Liga do Ensino e da Cultura Portuguesa em 1968” - recorda. Esta actividade, terá continuado até muito depois do 25 Abril. O centro destes encontros são pessoas que tiveram actividades políticas contra o regime Corporativo. Estas pessoas eram de várias tendências políticas. Uns mais próximos do PCP, outras do PS e outras de esquerda mas sem conotações. “Na génese deste grupo está uma questão política” diz Álvaro
Miranda. “Começamos em 1968 mas várias pessoas, incluindo eu, já tínhamos actividade política anterior a essa data” – revela Álvaro Miranda para continuar. “Antes de 1968, havia actividade estudantil, exilados, refractários à Guerra Colonial. Depois dessa data, começaram a participar outros elementos; operários e trabalhadores da imigração económica. Várias das pessoas que aqui estão hoje, eram imigrantes económicos mas que tinham uma consciência política antifascista e que se juntaram a nós” – diz o antigo dirigente. Álvaro Miranda, revela ainda que muitas das pessoas que integraram o movimento em Londres, voltaram para Portugal a seguir ao 25 de Abril e “hoje temos o que resta dessa Organização nestes jantares mensais” diz. Inicialmente, os encontros eram feitos anualmente. No entanto, como a “generalidade de nós somos reformados, entendemos passar a realizar o encontro de forma mensal” – revela. Os primeiros encontros foram num Restaurante Galego com um pequeno grupo dos primeiros reformados. “Os donos, eram pessoas que tinham um passado de luta contra o General Franco de Espanha e havia um bom ambiente. Por isso reu-
nimos lá durante bastante tempo” – revela. Mais tarde, esse restaurante haveria de ser vendido e o grupo deslocou-se para um restaurante português em Stockwell que se chamava Café de Portugal e que também já não existe e onde o grupo se reuniu ao longo de alguns anos. Com o fecho deste restaurante e havendo um membro que tinha visitado o Restaurante Toca, “consideramos seguir a sua opinião e fizemos uma visita para falarmos com o gerente e foi o Toca que acabou por nos dar guarida a estes encontros” – adianta. “Ainda discutimos política e falamos de Portugal assente num passado que temos em comum de sofrimento com o regime fascista” – finaliza. Neste encontro, para além de outros participantes e do professor universitário Álvaro Miranda, participaram o fotógrafo Álvaro Ferreira que chegou a ver os seus trabalhos publicados no jornal Guardian, Carlos Alves da BBC (colega do saudoso Gilberto Ferraz também da BBC) e António Vidal da Associeted Press que «desfolha» nas suas memórias muitos dos teatros de guerra que conheceu por força do seu desempenho profissional como jornalista. Na última 5ª feira de cada mês no Restaurante A Toca.
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Empresário português em Londres suspeito de milhões de libras em fraudes Diz facturar milhões de libras embora o website da Companies House anuncie um registo “dissolved via compulsory strike-off” PN Londres
De um temperamento que parece variar do simpático ao irascível, fabrica inimizades com a mesma facilidade que cria amigos de ocasião. Várias pessoas que lhe foram próximas falam de um rasto de alegadas fraudes com quase duas décadas de história na capital britânica. É sobretudo na zona 2 do Norte de Londres que JSG (Joaquim dos Santos Guilherme) é conhecido pela Comunidade de Língua Portuguesa pela alcunha de “Quim das Flores”. O apelido, vem do tempo em que se dedicou ao negócio florista ainda em Portugal. Depois de ter passado pela Austrália e pela Suíça, é em Londres que assenta arraiais e descobre como fabricar uma rede de benefícios sociais que alegadamente lhe terão rendido milhões de libras. Na sua actividade oficial, JSG assume estar ligado aos segmentos da imobiliária e limpeza a que acrescenta a área de serviços solicitor(?). A primeira denúncia, surge através do facebook com as fotos de parte das pessoas mencionadas neste trabalho.
Ao longo deste trabalho, descobrimos os testemunhos que identificam a actividade de JSG. O esquema consiste na alegada angariação de «FAMÍLIAS» que fornecem a JSG os seus documentos pessoais. Na posse destes, JSG desenvolve um alegado conjunto de situações de encontro a todo o tipo de benefícios da Segurança Social Britânica e mesmo financiamentos bancários. Renda de casa, incapacidade para o trabalho, «abono de família» e outros apoios da solidariedade social são activados sem que os titulares muitas vezes tenham disso conhecimento. Entrevistamos oito pessoas incluindo o próprio e pessoas que lhe foram próximas desde 2012 até 2018 e publicamos o resultado nesta edição. JSG assume ser uma pessoa com ambição desmedida pelo dinheiro. Na Austrália, confessa ter ganho “fortunas” a trabalhar numa padaria ou numa empresa de construção civil. Na Suíça, assume ter ganho muito dinheiro a trabalhar num hotel mas é em Londres que encontra o seu eldorado. É também em Londres que deixa o lastro de uma inves-
tigação que levou o Palop News a Espanha. Em Londres, começa o seu percurso com Bela Batista (Ex-mulher) a trabalhar num hotel. Depois de Bela Batista ter abandonado o trabalho por via de uma filha, JSG sofre um acidente de trabalho que lhe dá incapacidade para trabalhar (Disability). Será? Um dos entrevistados afirma ao Palop News que JSG “conseguiu a disability porque ele quando foi para Londres foi trabalhar para um hotel caiu abaixo de uma escada com uma bandeja de copos e como já conseguia escrever os papéis, meteu os papéis da disability e foi aceite mas não foi de operação nenhuma. Ouvi falar de o JSG ter entrado no hospital e de ter feito uma operação que nunca fez. É mentira. Ele nunca foi operado” – refere. Não foi isso que nos disse JSG. O Ex motorista CMC, afirma conhecer a mesma história. “Ouvi que o JSG simulou uma queda e através de uma operação nunca feita conseguiu a disability para ele” – diz. Carlos Rey, um espanhol que reside em Londres, afirma mesmo: “Ele não é inválido. Eu vi-o
andar a cavalo e a cair do cavalo e a dançar rock and roll. Ele não tem deficiência nenhuma”. Nada disto faria sentido, se este produto (Disability) não fizesse parte do lote de produtos que JSG alegadamente vende nos seus serviços como veremos mais adiante. Ao longo dos seis anos que separam a publicação deste trabalho do seu início, o Palop News teve oportunidade de conhecer a «costela» filantrópica do empresário. Em 2013, JSG leva um carregamento de oferta para as
ilhas de S. Tomé e Príncipe com material hospitalar e escolar. No final de 2017, é no Biggest Deal, o reality show da TVI que mostra JSG ao mundo da televisão. “Ofereci 15 mil euros para uma corporação de bombeiros” – acabaria por dizer ao Palop News. No mesmo percurso de tempo fomos tentar saber que tipo de pessoa é JSG e o que faz? “Ele Começou a roubar a família” – diz Carlos Cruz, amigo de infância e que reside em Londres há 26 anos para adiantar “O JSG passou cheques sem cobertura em nome do pai. Conheço-o desde pequeno. O pai esteve preso por causa dele. Foi sempre um criminoso e filho de boa família. Os pais eram pessoas de bem e trabalhadoras. Sou amigo de infância do irmão dele. Nunca fui amigo dele. É uma pessoa sem
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qualquer tipo de escrúpulos” – confessa. A mesma informação, seria confirmada por Dúlio Alves (Ex-Guarda-costas). “Sim, ouvi falar que o JSG passou cheques sem cobertura em nome do pai que veio a falecer depois de sair da prisão. Sei dessas histórias porque as irmãs do JSG me contaram”. Bela Batista com quem JSG partilha uma filha, afirmou ao Palop News: “O JSG é rude. É mau. Só quer fazer mal aos outros”. A própria afirma ter sido vítima na compra de uma viatura da marca Volvo efetuado por JSG. “O carro é dele mas a divida ficou comigo. Ele falsificou a minha assinatura” diz para adiantar “Ele tinha uma firma e o carro estava no nome da firma e usou outra pessoa que é a Patrícia Rodrigues – uma mulher que apareceu – veio de Portugal – eles começaram a andar juntos – ela fez-se passar por mim, assinou por mim para poder mudar o carro para o nome dele” – desabafa. Dúlio Alves recorda um dos maus momentos vividos enquanto trabalhou para JSG. “Eu estava aí (Londres) com a minha mulher e os meus filhos e ele pôs-me praticamente na rua de uma das casas dele no nº 20 da Alton Close” – afirma.
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Publicação na rede Facebbok com a denúncia dos envolvidos
Bela Batista, afirma desconhecer as actividades do ex-marido. “O JSG fez coisas que eu nunca soube. Só depois da separação soube coisas que me espantaram. Estive 29 anos com um homem que nunca conheci” afirma. A mesma entrevistada, afirmaria ainda desconhecer em absoluto as actividades alegadamente fraudulentas de JSG. Sabe que
JSG atendia em casa entre “10 a 15 pessoas por dia” mas desconhecia do que tratavam. É a mesma entrevistada que afirma ao Palop News o seu próprio contraditório ao produzir afirmações que foram prontamente desmentidas. Na entrevista que nos concedeu, Bela Batista afirma desconhecer as actividades do ex-marido ao mesmo tempo que indica Márcio Prado e Dúlio Alves como pessoas conhecedoras dessas mesmas actividades. “O Dúlio sabe tudo sobre a vida do JSG” afirmou ao Palop News para posteriormente afirmar que Márcio Prado era o «braço-direito» do ex-marido. Diamantino (Empresário em Espanha) confirma que o guarda costa Dúlio Alves tinha conhecimento de toda a actividade. “O Dúlio sabia de tudo o que se passava. O Dúlio estava numa situação complicada. Tinha perdido o trabalho como segurança do Embaixador dos EUA em Lisboa” – refere. Entrevistamos ambos e ambos assumem que Bela Batista era cúmplice do ex-marido. CMC, ex motorista afirma “A Bela estava envolvida. Claro que ela sabia de tudo. Ela participava e sabia de todo o esquema. Tudo era na presença dela. Quando houve um confronto por causa do meu caso eu fui abertamente ofendido por ela. Ela saiu em defesa dele. Foi quando da entrega dos processos das «“FAMILIAS» que angariei. A Bela fazia as coisas por ele. Ela estava tão ligada como ele. Fazia tudo o que era preciso”. Dúlio Alves confirma.
“A Bela sabia de tudo. Tudo era feito na presença da Bela no nº 44 onde mora hoje. Conheci muitas pessoas envolvidas na rede. As irmãs, o irmão, a própria Bela também tinha «“FAMILIAS», a Jéssica (Filha de JSG) tinha «FAMILIAS» – disse. Como desculpa para que a ex-mulher tenha mentido na entrevista gravada, Dúlio Alves dá uma razão. “A Bela está com medo. Ele sempre a tratou mal”. Há porém outros testemunhos do temperamento de JSG. “Fez coisas intoleráveis à filha de ambos” diz a Ex-mulher. Fomos saber o que dizem as pessoas que lhe foram próximas e que passaram pelos «maus fígados» de JSG. O que descobrimos é sintomático. Márcio Prado começa por recusar ser nosso entrevistado. “Não quero falar. O meu filho de 12 anos foi agredido. Para me castigar a mim mandou agredir o meu filho” – confessa. A mesma informação, é confirmada por Dúlio Alves. “Quem agrediu o filho do Márcio foram uns ingleses e foi a mando do JSG” – referenciando mesmo o restaurante português onde o negócio foi acertado. As histórias de violência não terminam aqui. CMC, afirma ao Palop News “Eu cheguei a ser agredido por pessoas mandadas por ele. Não sei quem eram as pessoas. Foram mais que um. Foi em Wembley depois de eu ter parado com as coisas e de o ter confrontado. Levei uns sarrafos. Eu sabia o que aquilo era e por isso não fiz nada” – diz ao nosso jornal. Para além de ter visto o filho
agredido, Márcio Prado teve ainda a visita de JSG na sua agência imobiliária. “O Dúlio participou nessa visita” – revela. A mesma informação é confirmada pelo próprio Dúlio. “Estive sim senhor presente quando o JSG invadiu a agência do Márcio com ameaças. Entramos os dois e não foi só na agência. Foi também em casa porque a casa era do JSG. A coisa correu mal e se o Márcio for verdadeiro sabe bem que eu nunca lhe bati. O JSG nessa noite agrediu o Márcio quer verbal quer fisicamente mas não fui eu” – afirma. Dúlio Alves vai mais longe sobre as questões de violência. “Ele pediu-me muitas vezes para agredir outras pessoas. «Para que é que eu te pago? Se eu te mando bater é para tu bateres. Não tenhas problemas que a FAMÍLIA está garantida. Ele dizia que era cooperante da polícia inglesa. Sempre me disse isso a mim. Sempre me disse para não ter problemas porque ele era cooperante da polícia mas eu nunca o vi falar com ninguém da polícia. Eu trazia as pessoas na presença dele e ele fazia o que entendia” – revela. Tendo na sua presença as pessoas que requisitava através do guarda costas Dúlio Alves e escudado por este, JSG fazia como entendia. “Eu nunca agredi ninguém mas ele agredia ao pontapé e á chapada” – revela. E adianta: “O JSG pediu-me muitas vezes para agredir outras pessoas. A última foi num restaurante. Um baixinho, forte com pouco cabelo … um que vende frangos” – afirma e continua – “Obrigou-
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JSG na sua participação no Reality Show da TVI Biggeste Deal
-me a ir busca-lo lá dentro e a bater-lhe cá fora. Não o agredi. Puxei-o cá para fora mas não lhe bati. Quem lhe deu duas chapadas á minha frente foi o JSG” – recorda para acrescentar “Nunca agredi ninguém mas várias vezes fui buscar as pessoas a cafés e a restaurantes tanto em Londres como em Espanha. Eu nunca agredi ninguém mas ele agredia” – revela para adiantar. “As pessoas não se viravam a ele mas
ele agredia as pessoas. Assisti várias vezes a isso. As pessoas ficavam intimidadas com a minha presença e não reagiam. Uma das minhas funções era intimidar as pessoas” – termina. Já Diamantino confirma o ambiente. “O JSG ameaçou a minha mulher e o meu filho quando tivemos aqui uma discussão” e o próprio Carlos Rey confessa ao Palop News. “Ele disse ao Juany, amigo da minha noiva Mercedes
em Espanha e o Juany transmitiu que se eu não pagar os 95 mil euros que o JSG me vai matar. Fiquei com medo” – lembra e acrescenta: “Recebi o recado de que haveria dois corsegos para me esperar em Espanha para me matarem” – termina. Todas estas pessoas conhecem bem o «modus-operandi» da actividade de JSG. Uma vez na posse dos documentos do núcleo de negócio a que chamam
«FAMÍLIA», trata-se agora de ludibriar o sistema que é pago com os impostos de todos. “Sei que há muitas histórias mas só o direi na altura certa” – diz CMC. Importa agora saber quanto rende uma «FAMÍLIA» e quantas «FAMILIAS» podem estar envolvidas no esquema. CMC tinha mais de “20 «FAMILIAS» – diz Márcio Prado. “Mais de 82 «FAMILIAS» estavam registadas nos benefícios sem saberem” – confirma CMC. Dúlio Alves, abre um pouco mais a cortina. “O Vitor Silva (Cunhado de JSG) também tinha «FAMILIAS» mas estava a pagar ao governo inglês situações anteriores. O Piconalho e o Gazali tinham «FAMILIAS». Estamos a falar de muita gente” – afirma para adiantar: “As pessoas sabiam que estavam nesse negócio. O cunhado do Márcio, Leandro e o próprio Márcio tal como a esposa Cristina também tinham «FAMILIAS» – revela. Márcio confirma um dos nomes. “Gazali estava envolvido” – afirma. Surpreendentemente, o volume de nomes não para de crescer. Dúlio Alves, atira mais uma contribuição. “Estive com o CMC no Al-
garve. Ele também tinha «FAMILIAS» e foi o JSG que o ensinou a fazer a papelada. Toda a gente nega mas toda a gente sabe. O Paulo cabeleireiro também tem muitas «FAMILIAS». Um que dá aulas quase em frente ao (…) numa escola de cabeleireiros. Esse também tem muitas «FAMILIAS» – deixa cair. Diamantino confirma a mesma informação. “Conheço algumas dessas «FAMILIAS» que foram a Inglaterra e que entregaram os documentos ao JSG e que ele ficou com os cartões bancários das pessoas dizendo depois que afinal o Governo de Inglaterra recusou a proposta. As pessoas acabam por não receber nada e fica ele a receber” – atira. Márcio Prado afirma que eram criadas novas “15 «FAMILIAS» por semana”. Sobre as pessoas que vinham de Portugal a Londres, CMC afirma: “Essas pessoas faziam o que tinham a fazer e eram metidas outra vez no avião e depois teriam que receber algo pelo acordo feito com o JSG. As pessoas iam lá para fazer contratos de trabalho. As empresas, eram ao calhas” a confirmar a extracção de empresas a partir das Páginas
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Aeroporto de Reus (Barcelona - Espanha)
Portuguesas. Estas «FAMILIAS», acabam por receber algum dinheiro pelo facto de conhecerem JSG. “O JSG mandava dinheiro para Portugal. 200 a 300 libras para cada família” – informa. Estas «FAMILIAS» acabavam por ser objecto de transação comercial num sistema de compra e venda. “JSG vendia as «FAMILIAS» a outros parceiros” – revela Márcio Prado para denunciar, que o trabalho de angariação de «FAMILIAS» também era compensado. “A Anita de Lisboa recebia 1.000 libras por cada «FAMÍLIA» angariada” – diz. Como funciona a alegada máquina que recruta as «FAMILIAS» fora do Reino Unido? Quantas pessoas
podem estar envolvidas? “Muitas das «FAMILIAS» vinham de Portugal. Eu ia buscar 2 a 3 pessoas por semana ao aeroporto. O JSG criava dessas pessoas o núcleo do negócio.” – diz Dúlio Alves. CMC confirma. “As viagens ao aeroporto traziam sempre entre duas e seis pessoas e havia dias mais mexidos com duas viagens ao aeroporto”. Diamantino, revela ao Palop News. “Na investigação consta que há intermediários em Lisboa que lhe enviam as pessoas para Londres. Ele tem agentes em Lisboa que cobram uma comissão sobre isso”. Durante a sua estadia em Londres, o mesmo Diamantino afirma. “Todos os dias chegava gente de Portugal que
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ficavam a dormir na sala. Havia uns sofás grandes. As pessoas ficavam dois ou três dias. Saiam com ele para tratar de documentação e depois eram levadas ao aeroporto e iam embora depois de tratarem dos benefícios”. Já CMC revela “O que ele me pediu foi para angariar pessoas. Algumas pessoas fui eu que lhas recomendei mas não sabia o que se estava a passar. Algumas dessas pessoas eu conservo o contacto” – diz para continuar. “Muitas «FAMILIAS» estavam registadas. 82 ou mais. Aquilo era um corrupio de gente que vinha e ía de Portugal. Quando eu comecei a perceber havia brasileiros e outros brasileiros, havia portugueses e não sei quanta mais gente metida nesse negócio. Foi quando me apercebi do que se passava e que estava a ser enganado e o que estava a fazer e que aquilo não fazia sentido”. No transporte dessas «FAMI-
ção era normal. Ele ía lá tratar de coisas com o JSG num esquema que se não era o mesmo seria parecido. Pelas conversas que ouvi, o Piconalho cresceu nesse negócio devido ao JSG e os comentários que tenho ouvido agora será o JSG que depende do Piconalho” - revela. Cientes de haver outra personagem na mesma dimensão, decidimos não aprofundar. São demasiados testemunhos coincidentes com argumentos muito precisos sobre pessoas, locais e estratégias. Todo este cenário leva-nos a outra curiosidade. Qual o valor deste negócio? As opiniões divergem no volume mas conferem no conceito de JSG. Sempre muito dinheiro. “Tratar dos benefícios para um cliente particular pode rondar entre as 3 mil e as 3 mil e quinhentas libras” – diz Márcio Prado que nos ajuda a fazer as contas.
começava às 8 da manhã. Havia pessoas que esperavam das oito da manhã às 6 da tarde para serem atendidos.” refere CMC que diz que “em média seria meia hora para atender uma pessoa”. Já Dúlio Alves fala em atendimento de “cerca de 30 pessoas por dia”. Márcio Prado refere vários tipos de apoios sociais. “Housing, Child Tax Credit, Work Tax Credit mais as rendas dos quartos” são alguns dos exemplos. Diamantino refere ao Palop News que “Segundo as declarações que estão no processo da polícia aqui (Espanha), são 18 anos de actividade. Fala-se de milhões de euros”. Este volume de dinheiro, resulta, segundo os nossos entrevistados, do esquema mencionado acima. “Todas as pessoas que ele trouxe para cá, pegava nos documentos e fazia «claims» em nome dessas pessoas” diz Carlos Cruz. “Ele aluga os quartos e
LIAS» dos aeroportos de Londres para as instalações de JSG, várias pessoas estiveram envolvidas. CMC afirma que outros elementos faziam o transporte de pessoas. “Quem fazia esse trabalho era eu e chegou a ser o Gazali, o Piconalho, o Márcio” afirma CMC. Márcio afirma que “a Cristina (Ex-mulher) também fazia Minicab. Havia dias de 5 viagens ao aeroporto. Às vezes ganhava mais dinheiro que eu” -revela. Piconalho, de sobrenome Cardoso, haveria de ser ventilado pelos nossos entrevistados como sendo alegado gestor de um negócio semelhante ao de JSG. Dúlio Alves recorda para o nosso jornal. “ O Piconalho foi o JSG que o ensinou a fazer o negócio. Havia uma relação entre eles como havia com o Sr. Gazali que tinha 3 ou 4 «FAMILIAS» e a esposa Maria (Rosa é a esposa do Piconalho) e a Maria tinha também umas 3 ou 4 «FAMILIAS» – afirma. CMC, também confirma a informação. “Com o Piconalho a rela-
“190 «FAMILIAS» sendo que cada família rende entre 2.800 a 3.500 libras por mês. O «housing» mínimo é de 1.400 libras num total de 598.500 libras por mês em termos médios” diz para afirmar que enquanto trabalhou para JSG terá auferido mais de um milhão de libras. “Ele fatura muito dinheiro. Talvez 100 mil por semana” – atira CMC. Para Dúlio Alves, os valores são mais altos e pouco exactos. “Estamos a falar de 200, 300, 400 mil libras por semana. Conforme a semana” – refere. Já Diamantino eleva os valores: “Nos momentos do auge da situação era homem para facturar 20 milhões de libras ao ano” – denuncia. Já a ex-mulher, afirma não saber valores. “Nunca vi o dinheiro mas presumo que houvesse muito dinheiro” – diz ao Palop News. No atendimento, entre as «FAMILIAS» que se deslocam de Portugal e as que são residentes em Londres, os valores também variam. “Não sei quantas pessoas ele atendia por dia. Ele
recebe os benefícios em nome das pessoas e não lhes pagava” – refere Carlos Rey. Também Bela Batista confessa saber que “muitas pessoas iam lá a casa tratar de benefícios entre os quais o housing bennefit e as disabilitys” – afirma. Comecemos pelo housing benefit que consiste no apoio do Council para a renda que pode ficar próximo da totalidade. JSG aprendeu o caminho para esta burocracia por experiência própria. Na entrevista concedida em 2012, é o próprio JSG que afirma que foi com esta descoberta que “começou a vida.” CMC, confirma ainda ter conhecimento “dos benefícios para Francisco Maciel e a casa em Colindale” – um conhecido produtor de espectáculos que alegadamente não teria direito a estes apoios uma vez que não trabalhou no Reino Unido o tempo suficiente para deles beneficiar. Também Diamantino recorda episódios neste segmento de actividade. “O JSG ia depois acompanhar as pessoas às
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reuniões para traduzir nos bancos, no Brent Council – eu estive duas vezes no Brent Council ao lado do Arena Wembley no edifício envidraçado e ele foi lá com uma senhora por causa de uma casa” - refere. É também o próprio JSG que em 2012 assume ter “mais de 100 propriedades com 300 inquilinos”. Já Dúlio Alves, informa: “Quando eu fui para Londres ele tinha 85 casas. Nenhuma em nome dele” – afirma. Para Bela Batista, os números são mais modestos. “Conheci meia dúzia de casas do JSG”. Uma delas despertou a atenção da ex-mulher. “Ele tinha casas que eu não sabia. Até casas de prostituição. Soube isso mais tarde. Tinha lá meninas e homossexuais no 156 em Willesden Green junto a um café português” – recorda. Diamantino confirma a informação em termos gerais. “Ele falava das «FAMILIAS». Quando apareceu cá (Espanha) dizia que tinha 80 casas em Londres” - adianta. Estas, serão alegadamente as casas que estavam registadas em nome das «FAMILIAS» que não residem no Reino Unido. Para o efeito, era necessário que cada titular tivesse emprego e aqui, a informação é também confirmada. CMC, afirma ao Pa-
lop News “Ele abria as Páginas Portuguesas e escolhia uma empresa. Depois fazia o contrato em nome dessa empresa. As empresas provavelmente não sabem. Inicialmente eu pensava que ele arranjava o trabalho para as pessoas. Depois fui percebendo o que se estava a passar. O que me foi dado a entender é que ele arranjava emprego para as pessoas mas afinal não era isso. Ele arranjava situações ilícitas como se elas estivessem a trabalhar” – lembra o ex-motorista. Também Márcio Prado confirma. “Os empregos eram encontrados através das Páginas Portuguesas” – diz ao Palop News. Sandra Pranto, empresária portuguesa no segmento da restauração, confirma. “Por mais que uma vez me pediu para eu admitir pessoas no meu quadro de pessoal sem custos. Sempre lhe disse que não. Mesmo assim recebi algumas cartas a falar de empregados que nunca vi. Se é por isso ou não, não sei mas que aconteceu…, aconteceu” – diz para acrescentar: - “tenho suspeitas de que pudesse haver experiências com a gerência anterior à nossa”. Para contornar os obstáculos, JSG tinha como estratégia as prendas para os funcionários
Edifício da Polícil Judicial em Reus onde o Palop News foi recebido
públicos. Márcio Prado diz “conhecer os empregados do Council que recebem as prendas” enquanto que JSG assume ao Palop News trabalhar “com todos os municípios da Great London”. Para fazer funcionar o sistema de Segurança Social, torna-se facilitador haver o estatuto de disability (incapacidade para o trabalho). Também aqui, JSG tem as suas ferramentas. A principal delas, será alegadamente um médico de nome Nagarajan. “Fui com o JSG que foi tratar de uma disability para um senhor de Viseu que lhe pagou diante de mim 2.500 libras para ele o acompanhar. Esse senhor entrou na clinica de bengala, todo retorcido, de chinelos numa clinica mas depois andava direito” – afirma Diamantino. Dúlio Alves afirma ter conhecido o dr. Nagarajan e a forma como funcionava o atendimento das «FAMÍLIAS» de JSG. “O médico já sabia para que era. Não se estava muito tempo na sala de espera. Passava á frente daquela gente toda e depois era o que o médico pedia pelas consultas e éramos logo atendidos. A consulta era entre 60 a 80 libras cada. Era muita gente que o JSG lá levava” – diz. Márcio Prado e confirma “foram centenas de pessoas levadas ao dr. Nagarajan”. CMC adianta: “Ele arranjava a «disability» para as pessoas e eu tenho conhecimento de casos desses” – afirma. Segundo CMC, “as consultas eram feitas num Centro de Saúde em Queens Park”, logo num lugar onde as consultas não podem ser pagas ao médico. “O JSG ofereceu-me a disability” – diz Vitor Silva, cunhado de
JSG. Diamantino, confirma. “As «FAMILIAS» iam ao dr. Nagarajan para abrir a fixa no GP e depois ao banco onde JSG dava a sua própria direcção para poder receber os cartões bancários e o pin para poder movimentar a conta”. Na verdade, para se receberem os benefícios sociais, todas as pessoas tinham que possuir uma conta bancária e é aqui que detectamos mais uma frente de suspeitas. “No Barklays na Preston Road era uma mulher chamada Shumila(?) – diz Márcio Prado para adiantar que no “Loyds de Baker Street o contacto era Mr Jaba(?)”. Para a abertura das contas nos bancos, tornava-se necessário ter uma prova de endereço. Nada que atrapalhe a estratégia de JSG. “À noite, iam pelas caixas de correio tirar cartas com facturas da luz e scaneavam” – refere Diamantino para adiantar – “Abria as contas no Loyds e no Barklays e pelo que me apercebi havia directores de sucursais que cobravam comissões para que as coisas pudessem funcionar”. Diamantino vai mais longe: “O JSG disse-me que ao nível dos empréstimos cobravam comissões. Faz-se um seguro para esses empréstimos e depois uns médicos amigos passam uma declaração em como estás com stress laboral”. Dúlio Alves, refere ainda “o Santander e o Barklays. Todas as semanas íamos aos bancos” – afirma para adiantar: “Ele fez empréstimos para as pessoas através de um funcionário do Loyds Bank numa esquina em Willesden Green mas fica com o dinheiro”. O caricato, é a
afirmação seguinte de Dúlio Alves. “Eram feitos financiamentos bancários a pessoas que desconheciam o facto. Era alguém no banco que lhe assinava os papéis dos empréstimos. Esse homem também era remunerado e ía de férias para Espanha - (Miami) - Barcelona” – diz. Diamantino, dono de um restaurante em Réus, junto à praia, confessa: ” vi esse empregado do banco muitas vezes a passar férias aqui. O JSG dizia para ele ir lá almoçar e jantar ao meu restaurante e que o JSG pagaria mas nunca pagou. Eu penso que há alguém no banco que lucra com tudo isto” e adianta: “Sim, assisti a falsificação de assinaturas para abrir uma conta. Fiquei a saber que para abrir uma conta, é preciso ter uma direcção boa como eles dizem. Então o que faziam? Durante a noite, iam pelas caixas de correio dos vizinhos tirar cartas com facturas da luz e scaneavam, tiravam o nome do vizinho, punham o nome que queriam e a morada do JSG” – finaliza. O mesmo Diamantino denuncia as parcerias. “Era a Patrícia e o Paulo cabeleireiro que faziam os scans. Precisavam de uma fatura da luz para abrir a conta. Havia qualquer coisa referente ao número do registo das mitras ou não sei quê. Assisti três vezes a fazerem os scans. Depois o JSG assinava com o nome da pessoa que estava no jogo. Ou era a Patrícia, ou o Paulo ou o Dúlio que iam entregar isso não sei se ao correio ou a outro lugar. Faziam isso na sala de jantar numa mesa de vidro e faziam isso á minha frente” - firma Diamantino. A pérola porém, é quando se
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descobre que alegadamente JSG fez um empréstimo em nome de alguém que já tinha morrido. “Sei de um empréstimo em nome filha do Santana de 30 mil libras depois desta morrer” – diz Márcio Prado. Dúlio Alves confirma. “Sim, ouvi falar de um empréstimo feito em nome de uma jovem que já tinha morrido antes do empréstimo ser aprovado”. Também Diamantino confirma a informação. “Ouvi dizer que ele pediu um empréstimo em nome de uma rapariga portuguesa e cujo banco está a reclamar o empréstimo ao pai” – afirma. Boato ou demasiados testemunhos de pessoas próximas para ser mentira? Uma vez na posse dos cartões bancários, torna-se necessário o levantamento do dinheiro. Diamantino, dono do restaurante El Fuerno de Hospitalete em Réus, conta ao Palop News. “Conheço algumas dessas “FAMILIAS» que foram a Inglaterra e que entregaram os documentos e que ele ficou com os cartões das pessoas. Sim. Vi e falei com as pessoas. Sou testemunha” – confirma para disparar um dos maiores testemunhos do que acontece com os cartões bancários. “O JSG quis fazer aqui (Espanha) uma festa
com fado. Eu entendi que era uma oportunidade de promover o fado onde nunca tinha acontecido. Tinha tudo aprovado pelo Alcaide e pela polícia. O JSG trouxe para essa festa cantores e músicos. Foi quando conheci alguns dos artistas portugueses em Londres. Estavam 22 pessoas que vieram de Londres e de Portugal.” – Revela para continuar: “Os de Londres não cobraram cachet. Vim a saber por um dos músicos que havia um acordo com pelo menos alguns deles. Estava em causa um acordo que não me quiseram revelar”. Diamantino adianta. “Alguns deles trouxeram cartões bancários. Eu próprio os vi. Nesta povoação só existem três caixas ATM e o JSG ia e vinha dessas caixas. Acho que esses cartões são de pessoas que recebem os benefícios e que ele levanta em nome dessas pessoas. O JSG não poderia andar com tantos cartões a passar fronteiras sob pena de ser apanhado e não ter explicação para o lote de cartões”. Em Espanha, JSG não deixou os seus créditos por mãos alheias. Alugou apartamentos, um chalé e um armazém além
de um negócio com Carlos Rey, um apartamento junto à praia. É o próprio que fala ao Palop News. “Foi quando o denunciei e quando me chamaram (Inspector Tito da Polícia Judicial de Espanha). Eu estava ameaçado de várias formas. Quando o Inspector Tito foi lá e descobrimos como o JSG é perigoso. O Inspector Tito é que me deu informação sobre ele”. Diamantino afirmou ainda. “Ele alugou aqui um apartamento encostado ao Pub «O Bull», outro apartamento em frente ao porto desportivo, e um chalé com pompa e circunstância na costa Zefirmiano. Mais tarde um armazém aqui ao lado do restaurante” – disse e adianta. “O resultado é que não pagou nada e deixou as pessoas todas mal. Incluso no apartamento do porto desportivo desapareceu a televisão, a máquina de café, as colchas das camas, as cortinas, tudo”. Fomos a Réus e tentamos entrevistar Alexandra, a dona da Agência Imobiliária com quem JSG negociou. Recusou gravar mas foi visível o estado de nervos em que ficou quando dissemos o que pretendíamos. Quanto ao armazém, Diamantino, o dono do
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restaurante ao lado informa. “O dono do armazém, José Maria, esteve aqui e disse que já entregou tudo ao advogado porque ele já deve 8 meses de renda. A polícia tem fotos de tudo o que está lá dentro. Quanto a um dos apartamentos, o dono que eu
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não conhecia veio aqui. É funcionário do Governo da Catalunha. Chama-se Martin e veio aqui desesperado. Se o apanhava naquele momento a coisa ia ficar mal” – diz. De resto, as idas a Tribunal em Espanha parecem já ter entra-
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do na rotina de JSG. Apesar de afirmar ao Palop News que fala cinco línguas (Português/Francês/Inglês/Espanhol/Alemão), o Palop News apurou que em Tribunal (Espanha), JSG terá alegadamente solicitado um intérprete. “No Tribunal fazia de deficiente, depois que saiu do Tribunal começou andar direito” – diz Carlos Rey. Quanto à polícia, JSG parece fazer questão. “Ele diz que era cooperante da polícia mas eu nunca o vi falar com a polícia. A actividade dura á 19 anos e a polícia nunca fez nada presumo que deva haver cooperantes da polícia” – diz Dúlio Alves. Também Márcio Prado confirma. “Ele diz que colabora com a polícia”. Não nos foi possível apurar desta relação de JSG com a polícia britânica. Foi possível contudo apurar o alegado destino de algum do dinheiro. “Existe uma conta onde estão uns milhões largos no Panamá. Que eu saiba é lá que o dinheiro está. Eu estive no Panamá com o JSG e o Márcio Prado também esteve e ele sabe que esse dinheiro existe. O JSG dizia que estavam lá entre 3 a 4 milhões de libras. Que não sabia se um
dia iria ou não precisar deles mas que estavam ali. Sei o nome do banco mas não me recordo da cidade. Tenho isso escrito. O Márcio Prado também lá esteve e ele sabe qual a cidade. Não sei se o Márcio também tem lá dinheiro mas acho que não, mas sei que o Márcio o acompanhou lá a esse banco” – diz Dúlio Alves. A suspeita é confirmada por CMC. “O Márcio Prado era ligado ao negócio com o JSG. Fazia os esquemas todos das casas e dos benefícios”. “Aqui existe uma investigação em curso que está terminada. A Polícia Judiciária espanhola e a Europol fizeram os deveres de casa e a polícia inglesa passa-se olimpicamente do correio e das informações que recebem a respeito do assunto. Seria preciso abrir a luz verde em Londres” diz uma fonte em Barcelona. Diamantino revela – “Vieram pessoas de Portugal e de Londres. As pessoas pagaram viagens e estadias para colaborar com a investigação e a polícia fez um trabalho magnífico que competia agora á polícia em Londres fazer e que não o fizeram” – diz para continuar. “Se a polícia inglesa quiser fazer o favor de um
Dúlio Alves, Ex-guarda-costas
dia puxar o fio da cortina, será um mega julgamento. Terão que alugar o Arena – ironiza - A polícia aqui fez os deveres de casa e a polícia inglesa não se mexe. Em Espanha o processo está concluído. Basta a polícia no UK pegar na informação que foi enviada a partir daqui” – diz. Carlos Rey, por seu turno afirma. “Mandaram-me à Interpol em Vauxhall (Londres). 13 pessoas vieram falar comigo e disseram-me que a informação de Reus não poderia vir directamente para Londres porque teria que passar por Madrid”. JSG, em Espanha, tenta virar as coisas a seu favor e alegadamente denuncia antigos “comparsas” e apresenta denúncia na polícia sobre actividades que ele próprio alegadamente desenvolve. “O mesmo dossier foi enviado pelo JSG à polícia espanhola a denunciar que essas pessoas estavam a cobrar benefícios em Inglaterra e que tinham «FAMILIAS» que na altura eu não sabia o que era isso mas afinal as «FAMILIAS» era aquilo que ele fazia. Levava as pessoas a Londres para estarem acreditadas para receberem os benefícios e depois era ele que ficava a cobrar os benefícios” – diz Diamantino. “Como motorista ouvi muitas coisas. Sei alguns nomes mas não me lembro de todos. Tentei esquecer tudo isso para tentar uma vida normal. Houve uma altura que eu estive muito preocupado com a minha vida e a da minha família. Cheguei a pensar em fazer uma denúncia. Acabar com ele seria o meu fim. Ele tem uma
imunidade que eu não consigo compreender” – diz CMC ao Palop News. Ao nosso jornal, JSG confessa de onde lhe vem a alegada sorte. “Numa favela do Brasil, na presença de uma Mãe de Santo em Salvador da Baía, JSG vem convertido a falar com um português a viver em Colindale (Norte de Londres) sobre as questões da espiritualidade. É nesta «consulta» que JSG desabafa os azares que tem sentido na vida. O português Manuel, de Colindale, deixa-lhe uma «herança» sem retorno financeiro”. “Andava com uma bola de cristal e dizia que era bruxo e tinha visões” – diz Carlos Cruz. Dúlio Alves confirma. “Sei sobre as bruxarias. Fui com ele ao norte (Portugal) ao bruxo de Fafe duas vezes. O Diamantino também foi uma vez connosco. Sei de uma pessoa a quem ele chamava irmão em Odivelas que também faz essas coisas e lhe dá os chás e as ervas e essas coisas todas. O corno que usa no peito é para espantar os maus olhares”. Carlos Cruz, conhecido desde a infância, não tem dúvidas. “Ele andou a vender ouro maluco (ouro dos pobres). Foi sempre um criminoso. O JSG começou a carreira dele desde a escola sempre no crime, sempre a enganar pessoas”. Como? O mesmo entrevistado adianta. “Ele escapa-se bem. É daquele tipo de pessoa que é capaz de enganar outras sem que elas percebam”. Já Carlos Rey, confessa. “Ficou a dever-me um relógio em ouro Christian Dior”
Outra experiência comercial de JSG, foram os casacos de couro de Marrocos para Portugal. “Cheguei a pagar multas de um milhão de pesetas” – diz JSG. O ex-motorista CMC, adianta. “Provavelmente resolvo contar tudo o que sei - Resolvi parar e regressar a Portugal depois de ter sido agredido”. Já Dúlio Alves não tem dúvidas. “O cerco ao JSG já devia estar apertado. Se for preciso eu vou a Londres falar com as autoridades. Quero essa pessoa no lugar que ela merece” diz depois de se ter deslocado desde o Dubai até Barcelona para depor em Tribunal. Extenso, este é o trabalho possível de recolha de testemunhos. Muitos outros recusam. Uns, por medo. Outros por alegada cumplicidade e benefício de um homem que em 2012 confessou estar a viver na Austrália sendo proprietário de um restaurante e mesmo assim assumidamente em situação ilegal. É assim que muitas pessoas que precisam de apoio social não o conseguem. É assim que alguns vivem de forma milionária com o esforço fiscal de todos nós. JSG aceitou dar uma última entrevista antes da publicação deste trabalho mas nunca a confirmou. Fechamos este trabalho, da mesma forma que o fizemos em 2012. Com uma pergunta. - Pensa voltar a Portugal? - Gostava de morrer em Portugal – diz para acrescentar: “Embora em Portugal a Justiça não funcione” – E adianta: “No Reino Unido a Justiça funciona” – finaliza JSG. Será que sim?
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As visitas dos emigrantes de longa duração a Portugal
cuja prolongada crise política, económica e social está a afetar de sobremaneira a comunidade portuguesa. Os últimos Relatórios da Emigração Portuguesa não deixam de alertar para este conjunto de situações, apontando mesmo que o fluxo migratório regista inúmeros casos de sucesso mas que existem igualmente
vários dramas de isolamento e pobreza. Estas condições confrangedoras de dificuldades, responsáveis em grande medida pelo facto de muitos portugueses no estrangeiro ficarem largas décadas afastados da sua terra natal, tem originado a dinamização de projetos que têm possibilitado a visita de emigrantes de longa duração a Portugal. É o caso, por exemplo, do programa “Portugal no Coração” da Fundação Inatel, destinado a emigrantes de longa duração, com décadas de afastamento de Portugal, e que já trouxe ao nosso país cerca de 800 compatriotas, provenientes de mais
financiados pelo “PROFESSOR” de inglês até que recentemente, o Município de Lambeth libertou verbas para financiar algum do material didáctico. O Palop News, tem conhecimento que mesmo o LCD, o computador e toda a pesquisa, têm sido fruto do trabalho deste português em Londres. Começou a dar aulas de inglês nas associações de que se destaca a sua passagem pelo Cultural e pelo extinto Vasco da Gama desde 2005. Em 2012, passou de armas e bagagens para a Tate Library onde ainda se mantém em espaço oferecido pela Biblioteca. “Não sei bem como foi mas aconteceu que comecei a dar as aulas na Tate Library e ainda hoje me mantenho por lá” – revela Lino Diogo que conserva os livros de ponto que as pessoas assinam quando vão ás suas aulas. As aulas são gratuitas e não
precisam de inscrição. “As pessoas chegam, sentam-se e toca a andar” – afirma. Mais de uma centena de pessoas passaram pelas aulas e neste momento, serão cerca de duas dezenas as pessoas que marcam presença nas aulas de Lino Diogo para aprender inglês. “Existem dois detalhes que são fundamentais. Os verbos e ouvir, ouvir, ouvir, ouvir” – diz ao Palop News. Nem todos os alunos vêm a todas as aulas mas cada aula costuma ter cerca de vinte pessoas. “Basta chegar, sentar e participar sem ter que dar qualquer informação, preencher qualquer formulário ou pagar qualquer valor” – diz Lino Diogo que é também um activista político quer na política portuguesa, quer na política britânica onde é também militante. Para Lino Diogo, a pergunta é esta: “Fica em casa a fazer o quê? Para quem quer aprender
Contrariamente à ideia do senso comum que considera a emigração portuguesa como uma gesta onde só existem histórias individuais de sucesso de compatriotas que alcançaram o êxito lá fora, a realidade do fenómeno migratório nacional está cheia de casos de emigrantes que tiveram menos sorte e vivem com dificuldades, confrontados com situações de precariedade, de doença, de desemprego, de abandono e de solidão. Palop News Londres
Este número de casos de insucesso terá mesmo vindo mesmo a aumentar nos últimos anos em consequência do envelhecimento e das crises que afetam alguns dos tradicionais destinos da emigração lusa, como é o caso premente da Venezuela,
Aprender inglês em Londres é grátis Palop News Londres
Lino Diogo, é um português de Castelo Branco a viver no Reino Unido que conhece bem os caminhos da imigração. Intérprete de profissão, é chamado frequentemente a prestar os seus serviços nos tribunais ingleses, razão pela qual assimilou muita da informação legislativa do Reino Unido. Depois de vinte anos a viver em França, Lino Diogo mudou-se para Londres para em pouco tempo, começar a ensinar inglês de forma voluntária. Até os materiais didácticos têm sido
de 25 países, nas últimas décadas. Ainda no final do passado mês de outubro, um grupo de 15 emigrantes, composto essencialmente por emigrantes com mais de 65 anos residentes na Argentina, Brasil e Venezuela esteve de visita a Portugal, integrado num outro projeto da Secretaria de Estado das Comunidades, e que tem como principal objetivo trazer compatriotas que não visitam o nosso país há
inglês de forma gratuita, aqui ficam os detalhes. Sábados 10h30 até 12h30 (Recomeça ás 2h30com professor inglês) Terças das 14h00 às 16h00 Quartas das 17h00 às 18h00 Quintas das 18h00 às 19h30
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pelo menos 20 anos. Estes programas revelam-se de uma importância fulcral na consubstanciação das funções de vinculação identitária e de solidariedade social que devem nortear as prioridades políticas do Governo para as Comunidades Portuguesas, genuínas embaixadoras de Portugal no Mundo, mas que como nós, não estão imunes ou livres de infortúnios e crises.
Local Tate Library 180 S Lambeth Rd, Vauxhall, London SW8 1QP Autocarros - Buses 88 e 2. Metro Vauxhall ou Stockwell Para conhecer ou contactar Lino Diogo, visite a South Tate Library ao Sábado de manhã, “puxe uma cadeira e sente-se. Grátis.
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Emigrar ou não? A questão que se coloca aos jovens médicos do Norte A constância do fenómeno da emigração qualificada portuguesa ao longo dos últimos anos tem colocado a Portugal cenários e desafios (des)estruturantes do ponto de vista socioeconómico. Daniel Bastos Portugal
Dentro desse quadro socioprofissional, um dos grupos onde tem sido notória a apetência pelo estrangeiro é o dos profissionais de saúde portugueses. Segundo dados das Ordens da Saúde, no final do ano de 2015 havia 13 mil enfermeiros, 5 mil médicos, 2 mil farmacêuticos e mil dentistas emigrados no estrangeiro, mormente no Reino Unido, na França, na Holanda, na Bélgica e na Suíça. As motivações da saída destes profissionais de saúde são transversais e continuam a marcar a agenda nacional. Ainda no termo do ano passado foi divulgado um estudo intitulado A carreira médica e os factores determinantes da saída do SNS, baseado em inquéritos a três grupos distintos de profissionais inscritos na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, que aponta que metade dos médicos a fazer a forma-
ção na especialidade admite a possibilidade de emigrar no final do internato. O estudo, conduzido pela investigadora Marianela Ferreira, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), em colaboração com o bastonário da Ordem dos Médicos, revela que a maioria dos jovens médicos do Norte estão genericamente insatisfeitos com as longas jornadas de trabalho, a falta de oportunidades de progressão e a escassa remuneração que usufruem. Estando previsto a breve trecho o alargamento deste primeiro grande trabalho sobre a carreira médica realizado em Portugal, a outras regiões do
país (Centro e Sul), cujas conclusões provavelmente não serão muito diferentes destas, o estudo conduzido pela investigadora Marianela Ferreira mostra a urgência do país encontrar soluções para não continuar a perder o valioso capital humano que constituem as jovens gerações qualificadas portuguesas. Nenhum país, e Portugal não é exceção, antes pelo contrário, consegue projetar o seu futuro com confiança e crescimento sustentado se não tiver capacidade de fixar os seus jovens qualificados, como é o caso paradigmático dos profissionais de saúde que asseguram diariamente a prestação de cuidados de saúde à população.
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Manuel Gomes Londres
Terminou o Plano P em Londres Assinado por Lia Matos, o Plano P consistia num pacote de 100 mil euros por ano num total de 300 mil euros para serem investidos na Comunidade Portuguesa em Londres. Tratava-se da primeira internacionalização deste projecto que é da responsabilidade do Observatório das Migrações.
Por razões que não conseguimos apurar, foi escolhido João Dias para gerir o projecto na alçada do Centro Comunitário Português em Lambeth. Neste Centro Comunitário, entre demissões e investigações ainda não justificadas, aparece como dirigente Avelino Miguel, que por razões não apuradas conseguiu que este projecto fosse cancelado. O que conseguimos apurar e já publicado em anteriores trabalhos do Palop News, foi em resultado de um desvio de verbas que a Big Lotery entregou ao Centro Comunitário para a criação de um projecto de rádio para os jovens portugueses, que alguns directores se demitiram por divergirem sobre a forma como abordar esse desvio de verbas. Desse conjunto de demissões, surje uma nova Direcção não eleita e desta Direcção, destaca-se Avelino Miguel como dirigente da equipa. Alguns elementos desta equipa porém, procuram demitir João Dias do programa Escolhas, alegando incompetência na gestão do projecto. Na Assembleia Geral que se segue, vários membros não admitidos pela Direcção conforme é exigido pelos estatutos, votam pela saída de dois directores cometendo duas ilegalidades. A primeira porque os eleitores não estavam autorizados a votar. A segunda, porque a Assembleia Geral foi usada para uma decisão que sai do âmbito das suas competências. No final de 2017, o Programa Escolhas gerido a partir de Lisboa, faz a sua 5ª visita a Londres para se inteirar dos resultados obtidos e a 31 de Dezembro, decide unilateralmente terminar o investimento na Comunidade. Questionado o programa Escolhas e a Direcção do Centro Comunitário, não obtivemos respostas convincentes às questões levantadas. Sabemos porém que o investimento de 200 mil euros não produziu qualquer efeito na Comunidade de Londres, deixando um prejuízo incalculável para a Comunidade. A boa execução do projecto, teria como consequência a renovação do contrato para uma distância de tempo não previsível já que poderia ser renovado a cada três anos sem limite de tempo. Através das redes sociais, foi possível saber que o gestor em
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Londres João Dias, protegido por Avelino Miguel e a auferir um salário de cerca de quatro mil libras por mês, passava grande parte do seu tempo de trabalho em Portugal quando as suas funções deveriam ser exercidas em Londres. Responsável por este projecto para a Comunidade Portuguesa em Londres, Avelino Miguel não comenta as suas responsabilidades. Sabemos porém que Avelino Miguel terá passado também a integrar a Direcção da Academia do Bacalhau em Londres juntamente com José António Costa. De assinalar que ambos integraram a organização do Dia de Portugal em Londres tendo Avelino Miguel saído em confronto com José António Costa. Na mesma Academia do Bacalhau, continua integrado Casimiro Dias, antigo Presidente da Direcção. Ao mesmo tempo, o Palop News apurou que foram admitidas duas novas directoras no Centro Comunitário, sendo que dois dos três directores desconhecem o facto o que leva à conclusão que estas admissões foram executadas apenas com a intervenção de Avelino Miguel que terá alegadamente visitado João Dias no Porto quando do final do Plano P em Londres. No entanto, em declarações ao Palop News, Joana Gaspar, Cônsul de Portugal em Londres, afirma “O Consulado tem acompanhado a implementação do Programa Escolhas em Londres desde o primeiro momento” para continuar a afirmar que “O Consulado tem acompanhado o funcionamento do Centro Comunitário Português. Consideramos que o Centro Comunitário Português desempenha o seu papel junto da Comunidade Portuguesa em Lambeth de forma activa, promovendo actividades relevantes e fornecendo o apoio social necessário àqueles que o procuram e dele necessitam”. Sobram assim suspeitas sobre a qualidade das pessoas que gerem algumas das instituições que deveriam estar ao serviço da Comunidade e cujos resultados da sua intervenção resultam apenas no prejuízo dessa mesma Comunidade. Ao mesmo tempo, sobram suspeitas sobre a capacidade que o Consulado Geral de Portugal tenha para opinar sobre a competência da Direcção do Centro Comunitário quando produz afirmações contrárias aos acontecimentos confirmados.
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Como um arquitecto português vê os negócios portugueses em Londres Pedro Shuller é um arquitecto português a residir em Londres. Nesta entrevista, dá a conhecer as suas sensibilidades naquilo que é a sua especialidade e chama para cima os erros mais comuns e as vantagens que os portugueses gozam pelo prestígio do trabalho que desenvolvem na construção. Palop News Londres
Cardosos colecionam prémios Os estabelecimentos Tamariz a Norte de Londres estarão para sempre associados a uma família que além de investir nos estabelecimentos comerciais, tem também um passado filantrópico recheado de episódios. Palop News Londres
No Brent Council, onde estão sediados, o Tamariz Café deixou de fazer parte do património da família que depois de extinguir a Abraço ImiGrande investiu numa mercearia (Delicatessen) situada no mesmo espaço. Ao longo do tempo, os es-
tabelecimentos Tamariz têm vindo a coleccionar prémios atribuídos pela autarquia e desta feita, o prémio foi entregue em forma de diploma de melhor montra. Esta é também uma das formas de prestigiar a Comunidade Portuguesa já que estes prémios contribuem seguramente para a boa visibilidade dos portugueses na capital britânica.
Começando pelos estabelecimentos portugueses, sobretudo na área da restauração, Pedro Shuller destaca os erros cometidos ao nível da decoração de interiores e na organização do espaço. Pelo que fica dito, os estabelecimentos portugueses em Londres cometem muitos erros sob o ponto de vista da arquitectura de interiores. “Os erros mais frequentes, são principalmente na organização do espaço, na mobilidade dos clientes e na funcionalidade do espaço ao nível do staff, da organização da cozinha, da parte interior dos bares, a ligação do bar com a cozinha, a disposição das mesas, etc... Em alguns casos é preciso dar alguma privacidade aos clientes que tendencialmente é inexistente. Há uma série de erros arquitectónicos na organização do espaço, sendo o design de interiores o maior erro.” - diz Pedro Shuller ao Palop News. - É comum que os estabelecimentos propriedade de emigrantes em Londres se identifiquem com o país de origem desses empresários? - Alguns sim, principalmente os italianos que costumam ter uma decoração típicamente italiana. Os portugueses parecem-me mais uma misturada. Não têm um carisma próprio. Alguns são bem feitos mas em termos gerais haveria muito a fazer se os empresários recorressem a um técnico especializado em seu próprio beneficio. A bem da verdade conseguimos encontrar de tudo, bem e mal feito. Também existem restaurantes
portugueses que estão tecnicamente bem elaborados ao nível da identificação do pais de origem, o que na minha opinião é isso que deve ser feito. Passar através da imagem o lugar de onde viemos, a nossa cultura e quem nós somos, mas ainda podemos melhorar a apresentação dessa imagem no mercado onde estamos situados. - O que é que distingue os estabelecimentos de restauração portugueses dos tipicamente britânicos? - Os estabelecimentos de restauração britânicos seguem muito a linha do italiano ao nível da decoração de interiores. Desconheço a razão para esse facto. Não estou cá há tantos anos que me permita ter mais informação histórica sobre esta característica. A verdade é que constatamos que existem muitas semelhanças entre um “coffe shop” italiano e o britânico ao nível da decoração. Digamos que os ingleses, a exemplo dos italianos, trabalham muito com as madeiras cruas, madeira à vista, madeira bruta nos acabamentos enquanto que nós portugueses, os brasileiros, os espanhóis e os da América Latina trabalhamos de forma diferente na decoração de interiores. Trabalhamos também com madeira, mas com acabamento. Nós temos um conceito mais estético que os ingleses, temos uma maior preocupação com o detalhe. Se compararmos um restaurante inglês com um restaurante português num conceito de classe média (Não falamos de restaurantes ou cafés direccionados para a classe alta), verificamos que o acabamento em tosco está
mais presente num espaço comercial inglês que num espaço de origem portuguesa, brasileira ou espanhola, encontramos aqui acabamentos mais cuidados e com maior requinte. Isso faz parte da nossa cultura ao contrário dos ingleses que se orientam mais pela vertente prática. São estilos diferentes. A arquitectura em Portugal ou no Brasil, é mais sensível ao detalhe artístico enquanto que em Inglaterra a arquitectura é mais técnica. Nós temos uma maior preocupação artística e criativa, os ingleses tem uma preocupação mais técnica e prática em detrimento dos conceitos de beleza. São culturas diferentes não podemos afirmar se estáo certos ou errados. - Os estabelecimentos de restauração portugueses reflectem o típico de Portugal? - Do Portugal de há 20 anos atrás sim, do Portugal de hoje não. Hoje em Portugal há um cuidado com o design de interiores muito grande, com a organização do espaço, com acabamento dos materiais, com a conjugação de cores, etc... Quando se faz um restaurante nos dias de hoje em Portugal, já se trata de levar as cores do restaurante para o conceito gastronómico. São cores que convidam ao apetite, que fazem com que os clientes se sintam melhor lá dentro. Em Londres, ainda não encontramos isso nos restaurantes portugueses. Digamos que neste domínio, os empresários portugueses em Londres, não sofreram a mesma evolução que em Portugal. No nosso país o empresário de restauração evoluiu bastante em áreas como o con-
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forto do cliente o que não se verifica aqui nos restaurantes portugueses, com algumas excepções, claro. - As cores podem insinuar apetite? - Há cores que sim. De alguma forma, o arquitecto trabalha com as cores no sentido de que o estabelecimento venda mais. Nas cores e na organização do espaço para que as vendas sejam maiores. Só isso não basta mas as cores são muito importantes. - O que é que seria preciso fazer para que os estabelecimentos de restauração portugueses pudessem cativar uma clientela mais internacional em Londres? Shuller dá um exemplo. - Quando vamos a um supermercado, como o Cooperative, Sainsburys ou Waitrose, vemos que a maioria dos clientes são ingleses, há pouca imigração a fazer compras nesses estabelecimentos. Por outro lado se formos ao Iceland ou ao LIDL, verifica-se o contrário. O cliente inglês, prefere ir ao Costa pagar £2.30 ou £1.85 num café espresso, do que gastar £1.00 num café português. Isto não tem que ver com arquitectura mas tem que ver com cultura. É muito difícil chegar lá. Um empresário português que queira atingir o mercado do “inglês”, tem que fazer algo à semelhança daquilo que os ingleses fazem. Com uma decoração de origem portuguesa, brasileira ou até mesmo hispânica, querer atingir o figurino de cafés que tem 70% de clientes ingleses, dificilmente conseguirá. - Se o quiser fazer, tem mesmo que alterar o conceito de interiores? - Os que tenho feito até hoje e com exito, com proprietários de restaurantes portugueses que desejam atingir o cliente inglês, foi criar ambientes ao estilo inglês e ou italiano que são comuns. - Qual a primeira coisa a fazer para abrir um estabelecimento? - Definir o público alvo que se pretende atingir. E só a partir daí se trabalha em cima da decoração. A localização também é um ponto muito importante. Onde estamos? Que tipo de mercado temos à nossa volta? Então só depois de termos essas respostas podemos começar a trabalhar a
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imagem. Para lá das questões do design, da organização do espaço, iluminação e da mobilidade dentro dos espaços, há outras questões em que o arquitecto é útil e muitas vezes obrigatório. Falamos por exemplo da alteração da categoria do estabelecimento de A1 para A3, por exemplo. Quando temos um espaço com uma licença A1, que permite ser um coffee shop mas que não permite ter cozinha, onde só é possível aquecer comida e vender comida, mas não cozinhar nem ter fogão até pela ausência do sistema de extracção. Muitos empresários, querem converter essa licença A1 numa outra que lhe permita desenvolver outras actividades como cozinhar obtendo a licença A3. Estas alterações, obrigam a seguir uma série de regras que são avaliadas. Lugares sentados, lavabos, espaço, autorização dos vizinhos e também ver se o espaço tem condições para ser convertido em A3. Esse é um dos trabalhos que o arquitecto também faz, fazer o projecto e a aplicação para a licença A3. Como exemplo para criar sinergias entre as obrigações técnicas e a decoração as tubagens são um bom exemplo podemos aproveitá-las para a própria decoração do espaço. Há decorações muito bonitas com a tubagem de extracção à vista, tudo depende daquilo que se pretende fazer. Se for segundo o conceito estético inglês, os tubos vão ficar visíveis, até porque os ingleses defendem que assim é mais fácil fazer a manutenção. Aliás, vê-se que nas toilettes, tudo que é esgotos e água está à mostra. De facto, é mais fácil fazer a manutenção mas em termos visuais e estéticos não é o mais agradável até porque é possível recorrer as sancas, painéis falsos e amovíveis que são fáceis de remover, permitem a manutenção e são mais eficientes sob o ponto de vista estético. Não é necessário partir paredes quando acautelamos as situações e não temos por isso que deixar tudo amostra. - E no que refere a outro tipo de estabelecimentos? A generalidade dos imigrantes, tem duas alternativas. O recurso ao emprego, muitas vezes pouco qualificado, ou
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abrem o seu próprio negócio. Muitas vezes, a opção do emprego leva a actividades que não seriam as mais desejadas. Quando decidem abrir o seu próprio negócio, a maior parte das vezes os recursos financeiros são tendencialmente limitados. Há coisas que são essenciais e depois há outras que não sendo entendidas como tão essenciais ficam para trás. Pode-se abrir um restaurante com uma decoração melhor ou pior mas não se consegue abrir um restaurante sem um fogão. O investimento estético ou decorativo do espaço é o primeiro a sofrer o efeito da ausência de recursos financeiros. O assunto é importante mas o budget do cliente nem sempre chega para tudo. - Onde é que se peca em qualquer tipo de negocio, sendo ou não restaurantes? Na verba disponível para a decoração. - Poupa-se no farelo e desperdiça-se na farinha? Não, não é isso. Tem um pouco que ver com a cultura e principalmente nós portugueses, muitas vezes, quando se fala em publicidade ou em design, tudo é encarado como uma despesa e não como um investimento. Eu tenho duas preocupações quando faço um projeto de arquitectura de interiores e de design. Convidar a entrar quem passa na rua e, quando a pessoa entrar fazê-la sentir-se bem dentro do espaço. Essa é a minha obrigação. A responsabilidade do meu cliente, passa por atender bem o cliente que entrou com um bom serviço e atendimento. Não é o separar a farinha do farelo mas entre ter uma cozinha equipada ou um espaço decorado, quando a verba disponível é curta o empresário opta por equipar a cozinha em deterioramento de uma boa decoração e isso vai levar a que demore mais tempo para o cliente entrar, vai levar mais tempo a que se sinta bem no interior do espaço e o empresário vai levar mais tempo a recuperar o investimento. - Onde e que se peca em qualquer tipo de negocio, sendo ou não restaurantes? - Na verba? - Trabalhar com advogado é caro, trabalhar sem advogado é mais caro ainda. - - Podemos dizer o mesmo do arquitecto? Estou 100% de acordo. Por
um motivo muito simples e já nem vou falar do que falei antes. Falo no passo seguinte que é quem vai fazer a obra. Um plano da obra, daquilo que se vai fazer. O construtor, sabe olhar para o projeto e sabe dar um orçamento. Sabe o que vai fazer. O dono do estabelecimento ou da casa, também sabe aquilo que o construtor vai ter que fazer. Não existe o “acho que” ou “achava que” que geralmente se traduz num conflito do “eu pensava que ias fazer isto” ou “eu não sabia que era para ser feito”. Há exemplos flagrantes em que no final da obra é preciso colocar mais 3 ou 4 tomadas eléctricas na parede para ligar mais duas maquinas e o construtor não sabia e o dono da obra também não. Resu-
mindo; o que se podia fazer em 30 dias leva 60, o que supostamente iria custar dez mil, passou a custar quinze mil. Muitas vezes, até há o dinheiro para o arquitecto, o que não há é a ideia da necessidade do arquitecto. O arquitecto é muitas vezes como um luxo e não como um técnico que promove a excelência para que as coisas saiam organizadas e vistas antes de serem executadas. Não se pode abrir um negócio à moda antiga com o lápis atrás da orelha. Há que por no papel uma programação daquilo que se vai fazer, não só o plano a nível do negócio mas ter também um plano ao nível do espaço e da organização desse espaço. Quantas mesas vai levar? Se mudarmos este detalhe,
ganhamos espaço para mais uma mesa que pode atender mais duas ou quatro pessoas? Todo esse trabalho que é feito com o arquitecto em conjunto com o dono da obra, muitas vezes é descurado e isso vai levar a que haja atrasos na obra com custos acrescidos bem como até um subaproveitamento do espaço e tudo isso resulta num prejuízo futuro. A poupar no essencial, perde-se dinheiro no futuro do estabelecimento. - Em Portugal os arquitectos eram para desenhar janelas 50 anos atrás. Essa ideia ainda está presente nos empresários portugueses em Londres? As pessoas têm a mania que também sabem desenhar? - Dou o exemplo dos chineses. Nunca consegui fazer um
projeto para um cliente chinês apesar da quantidade de empresários chineses em Londres. Na cultura chinesa, se o empresário pode fazer tudo, é isso que ele faz. O empresário português é um pouco parecido com este espírito. Há excepções com alguns empresários portugueses que confiam o trabalho do arquitecto ao arquitecto. Há sempre discussões sobre as questões técnicas mas a partir de determinado momento as coisas separam-se. O dono da obra que é chefe de cozinha vai tratar dos detalhes da sua função e eu trato dos detalhes da minha. Raramente se encontram casos destes, mas acontecem. Normalmente o cliente já sabe o que pretende. Só não consegue é meter
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no papel o que pretende. A maioria dos empresários portugueses, recorre ao arquitecto quando não consegue fazer o que é necessário ser feito, como por exemplo submeter um projeto de licenciamento junto das autoridades competentes. - Quanto ao mercado residencial, o que difere? A construção britânica do inicio do Século passado, permite hoje que em Londres se assista a uma reconversão com investimentos que transformam uma antiga casa de família num conjunto de estúdios e pequenos apartamentos. Sótãos e extensões. - Temos dois mercados destintos neste âmbito. O mercado da aplicação, quando o projecto tem que ser submetido junto das autoridades onde a unica preocupação é a obtenção de mais espaço para valorizar o imóvel e temos o mercado com uma fatia que eu diria de 50% que tem preocupações com o aspecto estético e organizacional do que vão fazer. Falo de proprietários que se preocupam com o encobrimento das tubagens de água e esgotos, da electri-
cidade para que os cabos não fique amostra e que também se preocupam muito com a iluminação natural. Vivemos num país com pouca luz natural, é preciso jogar com o máximo de aproveitamento da iluminação solar quando ela existe. Neste caso o arquitecto faz falta para as janelas. Nesse âmbito eu diria que há uma metade que se divide apenas pela necessidade e vontade de valorizar o imóvel e outra metade que se preocupa também com o aspecto estético. Em grande parte esta forma de pensar dos proprietários também se deve à mentalidade do construtor português que é muito diferente da mentalidade do construtor inglês. Tal como nós os arquitectos que temos uma sensibilidade cultural que apela ao sentido estético o construtor português também é um aliado dessa sensibilidade. O construtor português também tem uma preocupação com o detalhe no acabamento. Eu classifico o construtor português em Londres como muito bom nos acabamentos. - Numa escala de 1 a 10, se
tivéssemos que classificar os construtores portugueses em Londres, que classificação lhes seria atribuída? - No mercado inglês, comparado com construtores de outras nacionalidades, eu lhes daria um 9. Os portugueses asseguram uma grande qualidade da construção que executam. Quando falamos de construção e consideramos tudo aquilo que fica por detrás das paredes, toda a parte estrutural, toda a gente faz igual. A grande diferença de uma obra bem ou mal feita, está no detalhe do acabamento e nós aí temos que valorizar o nosso povo porque os nossos construtores são bons quando comparados com construtores de outras nacionalidades a trabalhar em Londres. Portanto, nota 9 numa escala de até 10. Torna-se importante que se perceba que o arquitecto não pode ser o dono da obra ou o construtor, que o construtor não pode ser o dono da obra ou o arquitecto e que o dono da obra não pode ser o construtor ou o arquitecto. Como se diz no Ribatejo, ou se é toiro, ou se é toureiro - finaliza.
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