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4.7 A Comunidade Cristã
E depois de ter cumprido a sua missão na cruz e na ressurreição, Jesus envia o Espírito Santo aos seus. Entre Jesus e o Espírito Santo há uma reciprocidade de relação. Jesus é o portador do Espírito Santo, pois o Pai “o ungiu com o Espírito Santo e com poder” (At 10, 38). Jesus é conduzido pelo Espírito; é pelo Espírito que o Pai o ressuscita dentre os mortos. Jesus envia o Espírito que recebeu, e é pelo poder desse Espírito Santo que o homem se torna cristão. “Quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a ele” (Rm 8, 9).
Todo corpo precisa não somente de uma cabeça, mas também de uma alma. O Espírito Santo é a alma do corpo cuja cabeça é Jesus. De fato, é Ele que derrama nas almas a caridade e a graça que nos mereceu o Senhor. [...] Por essa razão Ele é chamado Espírito que vivifica. (CTAM 144)
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O sinal distintivo da iniciação cristã é a recepção do Espírito Santo. Por isso, é fundamental que não seja administrado de qualquer maneira, sem qualquer conhecimento, pois receber o Espírito Santo é tornar-se cristão. Essa fase querigmática da evangelização deve ser feita no Espírito e voltada para a experiência que esse mesmo Espírito leva o catecúmeno a viver: Jesus Cristo vivo e ressuscitado.
4.7 A Comunidade Cristã
A Igreja, comunidade cristã, nasce do lado aberto de Cristo na cruz. Mais do que um artigo de fé, a Igreja pertence ao mistério de Deus e, dessa forma, ao mistério da salvação dos homens. Não se trata apenas de uma sociedade humana, organizada, juridicamente instituída, mas está no meio dos homens integrada ao conjunto das sociedades. Além disso, a Igreja é também é Corpo Místico de Cristo, do qual todos os homens são membros. E, sendo assim, o Espírito Santo é seu princípio vital. Desde os tempos dos Santos Padres, há uma expressão, atribuída a Santo Agostinho, que diz “tanto alguém possui o Espírito Santo quanto ama a Igreja”. A Igreja é o Templo do Espírito Santo. Ela torna o Reino de Deus visível no mundo. Ela leva o homem a Deus. Nela a vida cristã de fé, de oração e de união fraterna, acontece e se desenrola todos os dias. A Igreja se identifica na fé na Aliança de Deus com os homens, selada definitivamente em Jesus Cristo, que se uniu indissoluvelmente à Igreja como a uma esposa e se tornou um só corpo com ela.
Se a Eucaristia edifica a Igreja, e a Igreja faz a Eucaristia, como antes recordei, consequentemente há entre ambas uma conexão estreitíssima, permitindo-nos aplicar ao mistério eucarístico os atributos que dizemos da Igreja quando professamos, no Símbolo Niceno-Constantinopolitano, que é ‘una, santa, católica e apostólica’. Também, a Eucaristia é una e católica; e é santa, antes, é o Santíssimo Sacramento. (EdE 26)
A Igreja é una. Jesus fundou uma só Igreja (Mt 16, 18) e rezou para que todos os seus discípulos fossem um, como Ele e o Pai são um. Unidade essa refletida e vivida na única Igreja de Cristo. E para que esta unidade fosse possível e visível, estabeleceu Pedro como fundamento dessa Igreja, como seu representante. Por isso, afirma-se sem erro que fora da sucessão de Pedro, da sucessão apostólica, não há como firmar a unidade. A Igreja é santa. E isso não quer dizer que seja perfeita. Enquanto peregrinar pela Terra, não terá atingido a perfeição de Cristo, bem como nem seus membros ou estruturas. Isto significa que ela necessita constantemente de renovação e conversão, o que não diminui sua característica essencial de santidade. É santa no objetivo, é santa nos meios. Busca levar os homens à santidade, pois “esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4, 3). A Igreja é católica. Não está limitada a um povo, cultura, nação. Abrange o mundo inteiro, todos os povos, raças, épocas, classes e idades. Não elimina nenhuma característica nacional, cultural ou ideológica, mas respeita as diferenças. Não fica na superfície, mas mergulha numa linha mais profunda do homem em si, renascido pelo Batismo. Ser católica é ser universal, tanto quanto à verdade, tanto quanto ao espaço e ao tempo. A universalidade da Igreja significa abertura e empenho de todos os cristãos no sentido de fazer chegar a todos os homens a mensagem salvífica de Cristo. A Igreja é missionária por essência. A Igreja é apostólica. Tem sua raiz e autenticidade num critério indiscutível e inabalável. Não está à disposição de qualquer vento de doutrina (Ef 4, 14), nem segue a homens. Mas tem seu ponto de referência inalterável: a Fé dos Apóstolos. E isso não a limita apenas aos Apóstolos, mas está aberta a toda herança que o próprio Cristo confiou aos seus para o bem dessa mesma Igreja. Herança essa transmitida de geração em geração.