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6 Conclusão
6. Conclusão
Deus, em sua infinita misericórdia, mesmo diante do pecado do homem, não desiste da humanidade (Ef, 2, 4s). Na plenitude dos tempos, enviou seu Filho único (Jo 3, 16), Jesus Cristo, para salvar o homem e trazê-lo novamente para junto de Si. Para perpetuar sua presença no mundo, deixa a sua Igreja (Mt 16, 18) como seu sinal perene, seu sacramento. E, na Igreja, através do Espírito Santo, age nos fiéis pelos Sacramentos, instituídos segundo a sua vontade e os seus desígnios de salvação. Os Sacramentos são sinais sensíveis da graça de Deus (CCE 1084), que agem no seu povo, santificando-o e chamando-o à missão. Cada Sacramento da Igreja tem sua função específica, e perpassam toda a vida do homem, do nascer até o seu ocaso. O Batismo é a porta de entrada na Igreja, o nascimento para a vida de Deus. De criatura, o homem torna-se filho de Deus e herdeiro do Reino. A Confirmação unge esse filho para também ser soldado de Cristo e evangelizador. A Eucaristia é o alimento da jornada, o Pão Vivo descido dos céus (Jo 6, 51), que sustenta e fortalece. Ordem e Matrimônio trazem a perspectiva da missionariedade da Igreja, uma vez que são para a santificação do outro, levando, assim, à santificação pessoal. Por ser de natureza pecadora, o homem pecou e peca, e Deus sempre vem em seu auxílio e socorro. O Sacramento da Reconciliação refaz os laços de amizade entre Deus e o homem que foram rompidos pelo pecado, reabilitando a Graça Santificante. E já no termo de sua vida, quando a doença e a senilidade chegam, o Senhor alivia os sofrimentos humanos com a Unção dos Enfermos. Como um dos focos centrais desse trabalho, os Sacramentos da Iniciação Cristã formam um grupo fundamental na vida de santificação do homem. Aquele que era apenas uma criatura, agora torna-se filho de Deus, herdeiro dos céus, além de ser feito também, pelo Batismo, rei, profeta e sacerdote. O pecado original é lavado definitivamente da alma humana e a Graça Santificante encontra seu lugar de repouso. O Espírito Santo, amor que procede do Pai e do Filho, agora é o doce hóspede da alma e do coração do homem. Hóspede que não apenas habita, mas que fortalece e capacita esse homem na Confirmação para sua vocação primeira, a santidade, e para sua missão fundamental, ser um apóstolo de Cristo, um evangelizador, um novo Cristo. A Eucaristia é mais que um alimento para o sustento do homem. É a presença real e absoluta de Jesus Cristo na sua Igreja, como Ele prometeu na sua Palavra (Mt 28, 20). É Deus que se dá em comida e bebida para o homem, que ao receber o Corpo e Sangue, Alma e
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Divindade de Cristo, se faz um com Ele e penetra no seio da Santíssima Trindade. É da Eucaristia, o Sacramento dos Sacramentos, que não apenas recebe-se a graça, mas também o Autor de toda graça, Jesus. Como fonte e cume de toda a vida da Igreja (SC 10), a Eucaristia o pretende ser também para o homem pecador. Cristo se dá à humanidade para que a humanidade se santifique nele. A grande missão da Igreja – da qual Cristo é a Cabeça – é evangelizar. Ele mandou que seus apóstolos fossem e pregassem o Evangelho (Mc 16, 15), testemunhassem sua salvação até os confins do mundo (At 1, 8). Anunciar a Boa Nova do reino de Deus (Lc 4, 43) é um dever se impõe não apenas à Igreja, mas a todos os seus fiéis, que, fortalecidos e enviados pelos Sacramentos, devem-no cumprir oportuna e inoportunamente (2Tm 4, 2). A Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi ratifica o mandato do Senhor à sua Igreja:
A Igreja sabe-o bem, ela tem a consciência viva de que a palavra do Salvador – ‘Eu devo anunciar a Boa Nova do reino de Deus’ (Lc 4, 43) – se lhe aplica com toda a verdade. Assim, ela acrescenta de bom grado com São Paulo: ‘Não tenho, de fato, de que gloriar-me se eu anuncio o Evangelho; é um dever este que me incumbe, e ai de mim, se eu não pregasse’ (1Cor 9, 16). Foi com alegria e reconforto que nós ouvimos, no final da grande assembleia de outubro de 1974, estas luminosas palavras: ‘Nós queremos confirmar, uma vez mais ainda, que a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja’; tarefa e missão, que as amplas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes. Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa, que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição. (EN 14)
Para essa evangelização ser mais eficiente e eficaz, a Igreja utiliza-se do querigma, do primeiro anúncio, para atingir o coração humano, ferido pelo pecado, distante da graça de Deus. Apresenta o amor incondicional do Pai que, mesmo diante da negativa do homem, que peca e se afasta do seu Criador, vem até a humanidade caída e dá seu Filho como Senhor e Salvador. Cabe ao homem crer em Jesus Cristo, transformar sua vida, sua mentalidade, seu caminho. Essa metanoia – conversão total –, abre o coração humano para que o Espírito Santo, Dom de Deus, possa agir e fazer uma obra completamente nova (Is 43, 19), trazendo o homem, agora redimido, para o seio da Igreja, de onde ele poderá tirar toda fonte de vida e santidade necessárias à sua santificação e salvação. A seguir do primeiro anúncio, da evangelização inicial, após tocar o coração do homem e trazê-lo para mais perto de Deus, inicia-se a segunda etapa da evangelização: a catequese. Funciona como um eco do querigma e apresenta todas as verdades de Fé necessárias para que o fiel se aproxime mais ainda do Senhor e possa amá-Lo de forma cada vez menos imperfeita. Não se ama o que não se conhece, pois o amor supõe intimidade e mútuo conhecimento (1Jo 4,
8). A função básica da catequese não é formar teólogos ou doutores, mas apresentar um Deus que, além de amar, quer o bem máximo para o homem, a sua salvação.
Deseja-se acentuar, antes de mais nada, que no centro da catequese nós encontramos essencialmente uma Pessoa: é a Pessoa de Jesus de Nazaré, ‘Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade’ (Jo 1, 14), que sofreu e morreu por nós, e que agora, ressuscitado, vive conosco para sempre. É este mesmo Jesus que é ‘o Caminho, a Verdade e a Vida’ (Jo 14, 6); e a vida cristã consiste em seguir a Cristo, ‘sequela Christi’. O objeto essencial e primordial da catequese, pois, para empregar uma expressão que São Paulo gosta de usar e que é frequente também na teologia contemporânea, é ‘o Mistério de Cristo’. Catequizar é levar alguém, de certa maneira, a perscrutar este Mistério em todas as suas dimensões: ‘expor à luz, diante de todos, qual seja a disposição divina, o Mistério... Compreender, como todos os santos, qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade... conhecer a caridade de Cristo, que ultrapassa qualquer conhecimento... (e entrar em) toda a Plenitude de Deus’ (Ef 3, 9.18s). Quer dizer: é procurar desvendar na Pessoa de Cristo todo o desígnio eterno de Deus que nela se realiza. É procurar compreender o significado dos gestos e das palavras de Cristo e dos sinais por Ele realizados, porquanto eles ocultam e revelam ao mesmo tempo o seu Mistério. Neste sentido, a finalidade definitiva da catequese é a de fazer com que alguém se ponha, não apenas em contato, mas em comunhão, em intimidade com Jesus Cristo: somente Ele pode levar ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar na vida da Santíssima Trindade. (CT 5)
Na perspectiva querigmático-catequética de jovens e adultos, há que se buscar uma fidelidade ao que a Igreja propõe. Cumprir cada etapa não como uma obrigação, sem preocupação com o tempo de cada uma, mas cumpri-las de forma que tenham bom êxito. O querigma tem que atingir o mais profundo do coração e da alma do catecúmeno, fazendo com que tenha uma verdadeira experiência de conversão ao Senhor, para, então, passar à segunda etapa, da catequese. Não há como se fazer um bom eco sem uma boa emissão inicial. Não há como se fazer uma catequese profunda sem uma conversão inicial verdadeira. Essa missão não deve ser limitada apenas aos catequistas, mas a todo o povo de Deus, que tem por chamado primeiro a santidade; santidade essa que só será alcançada e vivida em sua plenitude, se o mandato do Senhor de ir e evangelizar também for cumprido. Voz e eco, querigma e catequese, santidade e evangelização: aspectos da mesma e única vida de Deus.