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#COLUNASPLANT

BABILÔNIA 4.0 E OS JARDINS SUSPENSOS DA SUA PRÓXIMA SALADA

RICARDO CAMPO*

Às margens do Rio Eufrates, na região que hoje é conhecida como Iraque, ficava uma das sete maravilhas do mundo antigo, os Jardins Suspensos da Babilônia. Com relatos históricos que datam de 600 a.C., foi um jardim exótico construído nas alturas e de magnitude impressionante, com sistema de irrigação e engenharia muito à frente daquele tempo.

Se é verdade ou não, é um empreendimento que segue vivo no imaginário do presente em passagens bíblicas, em letra de música pop da Rita Lee e como inspiração para instalações futuristas de algumas startups. Dando um salto temporal, saindo dos andares verdes do Oriente Médio e chegando ao frescor dos ecossistemas de inovação, também é possível abrir o cardápio e discutir uma salada de ideias sobre a agricultura vertical.

Em construções que mais lembram cenários de ficção científica, pela alta tecnificação e ambientes geralmente iluminados pelas luzes coloridas dos leds, as fazendas verticais despontaram nos ambientes urbanos e estão colocando à prova a atuação de agfoodtechs, o paladar de consumidores e o apetite de investidores.

Neste contexto de agricultura de ambiente controlado, também conhecida como agricultura indoor, startups e grandes grupos econômicos estão fazendo as suas apostas com a produção de hortaliças, vegetais e frutas dentro de prédios e outras edificações, em experimentações que podem mudar o futuro da alimentação.

Num segmento que aproveita o bom momento de maior atenção para vida e alimentação saudáveis, em tendência alavancada pela pandemia e pelos cuidados com a saúde e o bem-estar, como destacou o relatório “A Fresh Start?” da Fruit Logistica, as cifras impressionam e colocam um tempero nas expectativas de quem está fincando raízes no setor.

É o caso da Bowery Farming de Nova York, que, de acordo com dados da Crunchbase, já levantou mais de US$ 640 milhões em nove rodadas de investimento e da paulista Pink Farms, que acabou de fechar captação de R$ 15 milhões contando com a participação da SLC Ventures, braço de investimentos de um dos maiores grupos rurais do País, a SLC Agrícola.

Aparentemente mais palatáveis na aceitação do público do que a carne de laboratório, que ainda sofre com o ceticismo do mercado e dos consumidores, parece que os produtos cultivados nos centros de inovação em andares têm ganhado um bom espaço nas gôndolas de varejistas e nas participações de fundos de investimento de risco. Mas, como toda inovação, há um custo de consolidação e validação do modelo desse negócio que está em maturação e que ainda poderá render um bom prato.

* Ricardo Campo é coordenador de inovação digital da Raízen e gestor do Pulse Hub. Especialista em Marketing e Inovação do Agronegócio, ajuda a conectar o campo à cidade, aproximando startups e produtores rurais. É graduado em Propaganda e Marketing pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, especialista em Marketing de Varejo pelo Centro Universitário Senac, com MBA em Marketing pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e mestrando em Administração pela Esalq-USP. Atuou nos times de marketing da DSM/Tortuga e do Rabobank Brasil.

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