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#COLUNASPLANT

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Quem está no vermelho não pensa no verde

Depois desse menu degustação do que há de mais fresco nas novas formas de plantio nas cidades, é hora de falar de uma verdade que, para alguns, pode ser um pouco mais indigesta. A tecnologia das fazendas verticais e outros agentes de inovação estão acelerando a cultura da alimentação saudável nas metrópoles, com alimentos funcionais, orgânicos e de alta qualidade. Mas como ficam os moradores de regiões periféricas, com menor poder aquisitivo e que costumam “plantar na janta o que sobrou do almoço”?

Da mesma forma, com novas bolhas de produção e consumo, como viabilizar o acesso ao mercado para produtores tradicionais e com modelo de pequena escala, alguns em situação de subsistência, dependendo de intermediários (para não dizer atravessadores) que condicionam o acesso aos canais de venda e ao consumo final? Quem planta colhe e faz a diferença quem compartilha.

De acordo com a Sampa+Rural –plataforma da prefeitura de São Paulo, financiada pela Bloomberg Philanthropies, que reúne iniciativas de agricultura, turismo e alimentação saudável –, há cerca de 105 hortas urbanas na cidade, sendo parte desse contingente iniciativas coletivas e de livre acesso. Como a Horta na Laje, projeto desenvolvido pela Associação de Moradores de Paraisópolis com suporte do Instituto Stop Hunger, que aplica oficinas de cultivo de hortaliças na maior favela de São Paulo, com 120 mil habitantes.

Em outra frente, olhando para a questão da produção rural, a startup Raízs conecta mais de 800 pequenos produtores de orgânicos à mesa dos grandes centros urbanos em modelo que elimina intermediários, barateia o preço na ponta e aumenta a renda dos produtores. A empresa atende a mais de 60 mil clientes e utiliza tecnologia para previsão de demanda, roteirização de entregas e aprendizado de máquina para definir oferta customizada.

Se as startups nascem, em sua essência, com fome de revolucionar mercados e democratizar o acesso a novas tecnologias, por que não fazer isso para gerar impacto com empoderamento de agricultores e acesso a alimentos diferenciados àqueles que mais necessitam? Empreender no ecossistema de inovação não é uma receita fácil. Mas talvez seja o momento de semear uma nova ideia de inclusão, que resulte em notas e folhas verdes, nos bolsos e nos pratos de quem pode e para quem precisa. Os ingredientes estão aí. É começar o preparo e servir!

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