Publicação comemorativa do curso de biomedicina da Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde da Universidade Fumec Novembro | 2014 - Belo Horizonte
GRADUAÇÃO: s !DMINISTRA¥ÎO s !RQUITETURA E 5RBANISMO s "IOMEDICINA s #IÐNCIA DA #OMPUTA¥ÎO s #IÐNCIAS !ERONÉUTICAS s #IÐNCIAS #ONTÉBEIS s $ESIGN .OVO s $ESIGN DE -ODA s $IREITO s %NGENHARIA !ERONÉUTICA s %NGENHARIA !MBIENTAL s %NGENHARIA "IOENERGÏTICA
s %NGENHARIA "IOMÏDICA s %NGENHARIA #IVIL s %NGENHARIA DE #OMPUTA¥ÎO s %NGENHARIA DE 0RODU¥ÎO #IVIL s %NGENHARIA DE 3ISTEMAS s %NGENHARIA %LÏTRICA s %NGENHARIA -ECÊNICA .OVO s %NGENHARIA 1UÓMICA s %STÏTICA s *ORNALISMO s .EGØCIOS )NTERNACIONAIS s 0SICOLOGIA s 0UBLICIDADE E 0ROPAGANDA
Sumário Apoio jurídico, psicológico e de saúde: é esse o tripé de assistência viabilizado pelo projeto de extensão da Fumec destinado às mães que procuram o Centro de Reconhecimento de Paternidade (CPR-TJMG). Há três anos, o serviço é prestado à populacão carente da capital. O sucesso deste empreendimento garante ao aluno de biomedicina aplicar seus conhecimentos teóricos numa perspectiva social. Na página 16, a coordenadora do projeto, Profa Adriana dos Santos, dá mais detalhes.
As professoras, ex-coordenadoras e atual coordenadora do curso de biomedicina da Fumec, que se apresentam nas páginas 37 a 39 desta revista, por mais que cada uma traga em si sua marca pessoal, e um ponto de vista todas são comuns: o sucesso do curso se deve à sua construção diária, movida pela vontade de acertar. “ Hoje, se orgulham elas, depois de uma década, nosso reconhecimento dentro e extra-muros da universidade, é uma realidade indiscutível”. Pelo visto, outras décadas virão.
Da página 22 a 36, a Revista Biomedicina dedicou uma atençâo especial aos ex-alunos do curso que, hoje, estão atuando no mercado de trabalho. Cada qual com a sua história, experiência acumulada e performance, todos eles superaram obstáculos e administraram suas dificuldades. Por incrível que pareça: são unânimes em reconhecer a importância da biomedicina em suas vidas, e o acerto da escolha profissional.
Com a palavra
Pág. 05
Câncer e fitoterápicos
Pág. 06
Câncer de mama
Pág. 08
Banco de alimentos
Pág. 10
Entrevista Gemti
Pág. 12
Reprodução assistida
Pág. 14
Pai presente
Pág. 16
Como somos vistos
Pág. 18
Quem é o biomédico?
Pág. 22
Linha do tempo
Pág. 37
Foto dos professores e funcionários
Pág. 40
FUMEC Fundação Mineira de Educação e Cultura
EXPEDIENTE
Presidente do Conselho Executivo: Prof. Mateus José Ferreira Presidente do Cons. de Curadores: Prof. Pedro Arthur Victer Reitoria da Universidade Fumec Reitor: Prof. Dr. Eduardo Martins de Lima Vice-reitoria: Profª. Guadalupe Machado Dias Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde Diretor-Geral: Prof. Antônio Marcos Nohmi Diretor de Ensino: Prof. João Batista de Mendonça Filho REVISTA BIOMEDIDICNA Diagramadores: Carolina Mercadante (4º p./jornalismo) Clara Barbi (2º p./jornalismo) Coordenação Editorial: Prof. Rogério Bastos (RP 2375/MG) Projeto gráfico: Luis Filipe Pena Borges de Andrade Produção gráfica: Daniel Washington Soares Martins Cobertura Fotográfica: Leon Elias Aguiar de Oliveira Gráfica: Rona Editora Tiragem: 1.000 Conselho editorial Professoras: Adriana dos Santos Amália Verônica Mendes da Silva Ana Amélia Paolucci Almeida Maria Lectícia Firpe Penna
10 ANOS
E
EDITORIAL
m agosto de 2004, o curso de biomedicina da Fumec reunia 50 alunos que acreditavam em uma novidade na nossa Universidade. Apesar de já existir em várias outras cidades, desde 1966, e o profissional biomédico já ser reconhecido em grandes centros como São Paulo, ele era novo aqui em Belo Horizonte. Hoje, são 487 profissionais formados na Fumec e muitos deles espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Temos ex-alunos nos Estados Unidos, Espanha, Equador, França e Inglaterra. São profissionais que atuam em uma das 36 áreas nas quais o biomédico pode se habilitar com conhecimento do seu dia-a-dia de trabalho em decorrência das 700 horas de estágio curricular oferecidas. No início, os estudantes de biomedicina viram no curso a oportunidade de se preparar para atuar no diagnóstico laboratorial. No cenário atual, e após convênios estabelecidos em mais de 20 campos de estágio nos principais laboratórios, hospitais, clínicas de imagem, clínicas de reprodução humana assistida, laboratórios de análise ambiental, genética e biologia molecular na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o biomédico formado em nossa escola pode escolher, durante o curso, diversas áreas para buscar a sua habilitação junto ao Conselho Federal de Biomedicina. Com uma estrutura curricular dinâmica, o curso da Fumec oferece 50% de sua carga horária em atividades e aulas práticas que são desenvolvidas nos campos de estágio e em laboratórios modernos e completos, que constituem a infraestrutura oferecida. Além disso, são disponibilizadas oportunidades para o estudante cursar disciplinas optativas em áreas específicas, como biomedicina estética, perícias forenses, análise ambiental, entre outras, bem como participar de projetos de iniciação científica e extensão. Que ninguém duvide: a formação do biomédico e sua atuação passam, evidentemente, pela demanda e exigência do mercado. Este, por sua vez, não abre mão de clamar por um profissional com conhecimentos especializados, amplos e generalistas, claro, com a chancela da formação humanística crítica em nível de atenção à saúde. A biomedicina na Fumec apresenta esta perspectiva. Por tudo isto, nada mais justo do que comemorar seus 10 anos, oferecendo ao leitor a Revista Biomedicina.
10 ANOS
Com a palavra...
“
O tripé ensino - pesquisa - extensão, com certeza, é a principal marca do curso de biomedicina, embrionariamente, iniciado em 2004. Essa dimensão que é, em síntese, a artéria vital do Programa de Pesquisa e Iniciação Científica (Propic) da Universidade Fumec, atinge e corresponde diretamente aos ideais acadêmicos de professores e alunos. Ora, um curso que disponibiliza estes recursos, com um percentual de retorno muito acima da média, o que lhe garante estar de frente para as exigências generalistas que o mercado impõe ao biomédico, só pode ter razões de sobra para comemorar muito e bem os seus 10 anos. A Universidade Fumec, lisonjeada e vaidosa com a data, cumprimenta a todos que integram o curso. Prof. Doutor Eduardo Martins de Lima, reitor da Universidade Fumec
“
Sinto-me duplamente feliz e recompensado: primeiro por estar à frente da gestão de uma instituição que caminha a passos largos para ser uma referência nacional na produção de ensino. Segundo, por ser testemunha privilegiada do aniversário de uma década do curso de biomedicina. Tenho acompanhado sua trajetória de realizações. Só nos resta participar desta comemoração. Que o digam os quase 500 biomédicos, que atuam no Brasil e mundo afora, eternizando a marca Fumec e o curso pelo qual se graduaram. Nada mais justo, pois, estender meus cumprimentos aos professores que participaram e participam desta construção colegiada. Prof. Antônio Marcos Nohmi, diretor Geral da FCH
“
Tão novo e tão maduro! Nada foi fácil neste processo de construção do curso de biomedicina, desde 2004, quando do surgimento de sua primeira turma. Neste percurso – leia-se professores, coordenadores, alunos -, nossa escola sustentou com garra e obstinação as mudanças que a realidade sempre nos impôs. Sua matriz curricular de tal forma eficiente, diversificada e adaptada às circunstâncias acadêmicas, é reconhecida no país como uma referência acadêmica. Faz sentido ressaltar: todos os conteúdos essenciais do curso estão comprometidos com a formação intelectual e humanista do futuro biomédico. A comemoração destes 10 anos – quiçá seja reeditada ad aeternum – merece todos os nossos aplausos.
Prof. João Batista de Mendonça Filho, diretor de Ensino da FCH
10 ANOS
CÂNCER E FITOTERÁPICOS
*
Um projeto de pesquisa conduzida por professores da UFMG e Fumec há 14 meses identificou alterações metabólicas em células cancerígenas tratadas com fitoterápicos
S
egundo tipo mais comum, principalmente entre as mulheres – 22%, segundo o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) –, o câncer de mama tem na fitoterapia uma perspectiva, que pode, a longo prazo, elevar a sobrevida média. Pesquisa iniciada por colaboração entre a UFMG e Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde (FCH) da Universidade Com a estudante Gabriella Pires, as pesquisadoras Luciene Tafuri e Mariana Gontijo propõem novas formas Fumec há 14 meses, e de combater o câncer de mama cujos primeiros resultados foram apresentados na 29ª Reunião Anual da Federação das ção e cura, junto com o tratamento convenSociedades de Biologia Experimental (FeS- cional já adotado. Duas previsões de dados do Inca para este BE), em agosto, em Caxambu (Região Sul de Minas Gerais), identificou alterações metabó- ano ressaltam a importância do desenvolvilicas em células doentes tratadas com fitote- mento de pesquisas como esta no combate ao câncer de mama, que é relativamente raro rápicos, com indicativos de morte celular. A observação foi realizada por alunos de abaixo dos 35 anos: 5 mil mortes devem ocorbiomedicina, com a coordenação das pro- rer por câncer de mama até o fim do ano, além fessoras-doutoras nas áreas de bioquímica, de 57 mil novos casos em todo o mundo. A pesquisa surgiu do interesse de profesimunologia e patologia geral Andréia Laura Rodrigues, Mariana Gontijo Ramos e Lucie- sores e da universidade em desenvolver ativine Simões de Assis Tafuri, em parceria com dades científicas. Em colaboração com grupo os pesquisadores da Universidade Federal de de pesquisas da UFMG, surgiu a ideia de se Minas Gerais (UFMG) Jader dos Santos Cruz trabalhar com células de câncer de mama e e Alfredo Miranda de Goes) – que forneceram produtos naturais. No laboratório Lamex, coas células e as substâncias das plantas utili- ordenado pelo prof. Jader Cruz, da UFMG, zadas, além de infra-estrutura laboratorial. A existia uma série de substâncias a serem tesexpectativa agora, com a continuidade dos tadas. “Quando surgiu a ideia, pegamos as estudos, é identificar alternativas de preven- substâncias disponíveis e não sabíamos quais
6
10 ANOS
teriam atividade biológica. Realizamos testes para saber quais eram ativas e, dessas, quais as que apresentavam as melhores respostas.” A pesquisa durou cerca de um ano na fase inicial, com os resultados preliminares divulgados em eventos científicos, e vai continuar por pelo menos mais um ano em busca de respostas mais completas. Quatro alunos em iniciação científica – todos bolsistas (CNPq, e dois do Propic-Fumec) – participaram da pesquisa. Um deles integra hoje o Ciências Sem Fronteiras, do governo federal, participando de pesquisas nos Estados Unidos. A substância testada foi extraida a partir de plantas em laboratório, aplicada nas células de câncer e apresentou um efeito significativo. Além da UFMG, a Universidade Federal da Paraíba, com a participaçao do pesquisador José Maria Barbosa Filho forneceu a substância extraída de plantas. “São plantas comuns na natureza, encontradas entre o Ceará e a Bahia. Pequenas quantidades das substâncias, menos de 1mL, são colocadas com as células tumorais mantidas em cultura”, explica a professora Mariana. EXPOSIÇÃO Durante o procedimento de pesquisa, na medida em que as células foram crescendo, em intervalos de observação de 24 horas, 48 horas e 72 horas, doses da substância eram acrescentadas para medir esse crescimento. As pesquisadoras identificaram, então, que, quanto maior o tempo de exposição da substância à cultura, maior era o número de células mortas. “Além de matar a célula, a substância testada alterava o seu formato. O principal resultado foi a morte da célula. Em uma segunda fase, queremos entender quais os mecanismos de morte, como essa substância mata as células, testando o efeito citotóxico da substância na célula cancerosa. Também pretendemos fazer testes nas células sadias”, adianta a pesquisadora Luciene.
O tratamento conseguiu reduzir a viabilidade da célula cancerígena em 70%, em 72 horas de exposição, morte considerada expressiva pelas pesquisadoras. Essa é também a primeira e, até então, única experiência da Fumec no uso de fitoterápicos em células cancerosas. As pesquisadoras Mariana e Luciene sustentam que, com os resultados já obtidos, podem-se identificar substâncias a serem usadas em outros estudos e a longo prazo como auxiliares no tratamento do câncer de mama. Ainda há muitos estudos a serem feitos. “Temos um caminho bem longo pela frente, mas todas as pesquisas começam com esse tipo de estudo, que serve de base para estudos mais avançados. Esperamos contribuir para um achado importante. É preciso valorizar a pesquisa básica, para a qual não se dá tanta importância, porque não tem muita visibilidade”, conclui Mariana. As pesquisadoras ainda destacam a importancia de parcerias interinstitucionais e interdisciplinares, como a verificada na presente pesquisa.
“Temos um caminho bem longo pela frente, mas todas as pesquisas começam com esse tipo de estudo, que serve de base para estudos mais avançados” Profª. Luciene *Fonte: adaptado do Jornal Estado de Minas, caderno Ciência e Tecnologia 7
10 ANOS
ARTIGO/CIÊNCIA
Câncer de Mama A
pesquisa que venho desenvolvendo en- cálcio dependenvolve dois principais segundos mensagei- tes de voltagem. ros intracelulares (moléculas produzidas Para tal, estou dentro das células em resposta a estímulos): o utilizando, como cálcio e a Adenosina Monofosfato Ciclica (AMPc) modelo, quatro lino desenvolvimento do câncer de mama. nhagens de células O AMPc, assim como o cálcio, modula diver- oriundas de tecido sas vias de sinalização que controlam muitas epitelial mamário, sen- Profª. doutora Andréia Laura P. Rodrigues proteínas intracelulares e modulam a expressão do uma oriunda de tegênica, canais iônicos, ciclo celular, prolifera- cido epitelial normal (MCFção, diferenciação e morte celular. O influxo de 10), duas de tumor primário (MACL-1 e MGSO-3) cálcio na célula é controlado, principalmente, e uma de tumor metastático (MDA-231). A maior por proteínas de membrana conhecidas como parte das pesquisas desenvolvidas até o momencanais iônicos. Os canais de cálcio dependen- to utilizou apenas linhagens metastáticas que tes de voltagem, principalmente os do tipo L e não representam o desenvolvimento do câncer e T, têm sido identificados como moduladores de sim um estágio. A inclusão de duas linhagens de muitos dos eventos celulares. tumor no seu estágio inicial, estabelecidos recenUm controle rigoroso da concentração intrace- temente por pesquisadores brasileiros, visa obter lular tanto do cálcio como do AMPc é um impor- resultados que possam refletir o desenvolvimentante mecanismo de sinalização to do tumor de mama e, com isso, para manutenção da saúde ce“ Até agora, os re- abrir portas para busca de novos lular. Estudos mostram que tanfármacos que sejam mais efetivos e sultados apontam to o excesso, quanto a perda do potentes contra o câncer. controle nesta sinalização, podem uma relação complexa A primeira parte dessa pesquisa gerar alterações nos principais entre os diferente es- concentra-se no efeito do tratameneventos celulares, resultando em tágios do câncer de to do AMPc sobre essas certas procélulas anormais e, consequenteteínas envolvidas na sua via de sinalimama com a concenmente, em patologias. Alterações zação e sobre a proliferação dessas tração do AMPc. das concentrações de AMPc ou células. Para isso, venho utilizando, dos canais de cálcio do tipo L e T como técnica central, a Técnica de estão relacionadas, segundo a literatura, com os Fluorescência baseada na Energia de Transferêndiferentes tipos de cânceres. cia (FRET) e outras como a Citometria de Fluxo, Apesar dos avanços científicos na compre- Westem Blot, RT-PCR e Proliferation assays. ensão da modulação realizada tanto pelo AMPc A segunda parte, que envolve os canais de cálcomo pelo cálcio nos eventos celulares alterados cio ativados por voltagem, será realizada no Braem células cancerosas, o mecanismo desses se- sil utilizando a técnica de Patch-clamp. gundos mensageiros não está claro e a relação Apesar de interessantes, os resultados obtidos entre eles não foi investigada. deverão ser confirmados por experimentos em Esta pesquisa busca investigar se o tratamen- células tumorais de câncer de mama oriundas to por tempo prolongado (24 e 48h) de células de cultura primária. Sabemos que células de litumorais de câncer de mama com AMPc afeta nhagens sofrem várias modificações que, muitas a proliferação celular e se envolve os canais de vezes, nos distanciam da realidade. 8
10 ANOS
FLASH Biomedicina
A
ndréia Laura Rodrigues é professora-doutora do curso de Biomedicina (2006) e pesquisadora na Universidade Fumec (2008). Desde 2013, Andréia vem desenvolvendo seu projeto de pesquisa no Departamento de Fisiologia, Anatomia e Genética da Universidade de Oxford sob a orientação da professora doutora Manuela Zaccolo. Segundo Zaccolo, a pesquisa que Andréia Laura vem desenvolvendo (investigando a relação entre o cálcio e AMPc com proliferação) é uma área inexplorada com potencial para revelar novos caminhos para o tratamento do câncer. A técnica principal, FRET, utilizada pela professora Andréia Laura nesta investigação é importante, pois permite imagem em tempo real de eventos moleculares que ocorrem em células vivas. Essa técnica possibilitou e melhorou, de forma significativa, o estudo detalhado de como as células reagem a diferentes estímulos. SeDa esquerda para direita: pesquisadoras Manuela Zaccolo e Andreia Laura Rodrigues gundo a pesquisadora, a relevância dessa técnica na ciência pode ser constatada pelo número de publicações em revistas de alto impacto. Zaccolo manifestou-se bastante interessada em manter a colaboração com a professora Andréia Laura e otimista em relação aos frutos que a parceria poderá trazer em termos de publicação. Com retorno ao Brasil previsto para o final deste ano, a professora Andréia pretende implementar o laboratório de Pesquisa CaCIA (Pesquisa em Câncer, Canais Iônicos e AMPc) na Universidade Fumec em 2015.
9
10 ANOS
Banco de alimentos bate recorde na valorização de ações Com sete BA e cerca de 500 instituições atendidas, trabalho de pesquisa com interface em extensão do curso de biomedicina busca a formação de uma rede de bancos de alimentos
M
atar a fome de quem não tem o que comer. É este o principal e intransigente objetivo que pavimenta as atividades do Programa Banco de Alimentos (BA), assumido como uma das principais atividades de pesquisa do curso de biomedicina da Universidade Fumec, em parceria com a UFMG. O trabalho sistemático é realizado em sete unidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Grosso modo, o êxito de processo de mobilização dos BA, nos quais atuam universitários de formação multidisciplinar, já atingiu 1.400 pessoas entre manipuladores de alimentos e indivíduos de instituições atendidas. Paradoxo A fome e o desperdício de alimentos estão entre as maiores contradições da realidade brasileira: enquanto são produzidos 140 milhões de toneladas de alimentos, milhões de brasileiros são excluidos do acesso a alimentos. Os BA vieram dos EUA e foram implantados no Brasil no ano de 1994, em São Paulo, sob a coordenação operacional do Serviço Social do Comércio (Sesc). Sua sobrevivência é garantida pelo recebimento de doações de alimentos considerados impróprios para a comercialização, mas adequados ao consumo. Esses alimentos, após se submeterem a uma reciclagem rigorosa, são repassados a instituições sociais que produzem e distribuem refeições gratuitas como creches, asilos, casas de passagem, etc. Para a professora-doutora e pesquisadora do Programa de Pesquisa e Iniciação Científica (Propic), e coordenadora do projeto Banco de Alimentos, Ana Amélia Paolucci Almeida, é inegável a contribuição dos bancos de alimentos para a promoção da segurança alimentar e 10
nutricional das localidades onde estão instalados. “Este benefício pode ser observado em vários aspectos, relata ela: a começar por sua atuação relacionada à coleta, armazenamento e distribuição qualificada dos alimentos. Estes processos representam reforço na alimentação dos beneficiários. Além disso, os bancos contribuem para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis, pois grande parte dos alimentos por eles distribuídos é in natura”. Em relação à organização e dinâmica dos BA e de sua viabilidade institucional, “porque são muitos os atores que neles trabalham”, a professora-doutora Janice Henriques da Silva, da UFMG, admite que as iniciativas, hoje compartilhadas e articuladas entre os bancos da região, que se encontram em diferentes fases de implementação, contribuem para o êxito do projeto. “Há uma permanente construção de um ambiente rico em trocas e soluções, que busca agir no desenvolvimento de ações de educação alimentar e nutricional”. Do ponto de vista estritamente institucional, mas que passa como suporte à fala da professora Janice Henriques, esse projeto demonstra, segundo a professora-doutora da Fumec, Amália Verônica Mendes da Silva, a viabilidade de cooperação entre o poder público, os programas não governamentais de distribuição de alimentos, e a instituições de ensino superior. “Os ganhos caminham por várias trilhas.”
“Há uma permanente construção de um ambiente rico em trocas e soluções”
10 ANOS
Minientrevista Profª. Ana Amélia Paolucci Almeida, coordenadora do projeto Você acha que os BA são uma forma educativa de protestar contra o desperdício de alimentos no Brasil?
Não tenho dúvida de que este programa social traz em si este viés de indignação, através de ações propositivas. Cada cidadão alimentado pelas doações dos bancos de alimentos para as intituições beneficiadas atendidas significa um alerta de que é preciso fazer algo para acabar com a fome no país.
Como vocês viabilizam, com menos ruídos, a operacionalização dos BA?
Basicamente, estes ruídos, que são comuns num trabalho desta dimensão social, acontecem especialmente nos níveis de transparência, avaliação, gestão e articulação dos bancos da RMBH. A sinergia de todos estes aspectos, claro, envolvendo as instituições e seus profissionais, surgiu a partir da iniciativa da Fumec, com o seu projeto de extensão. Assim, houve a inclusão de ações educativas realizadas em oficinas de capacitação com as instituições beneficiadas, seus agentes e manipuladores de alimento. Tudo isso, graças aos ideais das professoras da Fumec, Marisa Antonini , Luciana Assis e Amália Verônica Mendes. Com isso, o que parecia problema virou solução, aumentando, sobretudo, o grau de confiança para o compartilhamento de informações, entre os gestores, técnicos e acadêmicos.
É possível alinhavar alguma nova perspectiva para este projeto?
Esperamos, com este trabalho articulado e de parceria, integrar novos bancos, bem como multiplicar e fortalecer este formato de inovação institucional.
Qual o principal ganho acadêmico da Fumec com este trabalho?
Os ganhos são muitos e são mensuráveis à medida que o processo de trabalho é desenvolvido e acumulado. Como exemplo, cito o crescimento intelectual e social dos alunos, o conhecimento de gestão compartilhada adquirido, a teoria praticada, enfim, é um leque de benefícios que o ensino, a extensão e a pesquisa articulados, agregam. Nada disso tem preço.
“Os bancos contribuem para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis” O projeto de extensão passa, também, pela pesquisa?
O nosso trabalho foi inicialmente desenvolvido dentro dos BA, apenas como extensão e a partir do momento em que fizemos levantamento e análise de dados este projeto de extensão passou a ser também um projeto de pesquisa. Esse é o ideal.
11
10 ANOS
Quando a gente quer o GEMTI faz Programa que trabalha em comunidades carentes com promoção de saúde socializa a biomedicina da Fumec “Contribuir para a formação de profissionais mais conscientes de seu papel na sociedade”. Não se trata de nenhuma utopia inatingível. O Gemti (Grupo de Estudantes que Multiplicam e Transformam Ideias), criado e mantido, há 10 anos, pelo curso de biomedicina da Universidade Fumec, para atuar no âmbito da saúde pública em comunidades carentes da Região Metropolitana de Belo Horizonte, vai mais longe: não só busca cumprir está máxima como participa ativamente, em parceria com a UFMG, dos processos de atuação popular na promoção da saúde. Premiado por várias instituições públicas como projeto de relevância acadêmica, o Gemti é coordenado pela professora-doutora, Amália Verônica Mendes da Silva, que nos concede a entrevista a seguir. Pontualmente, onde hoje o Gemti atua em Belo Horizonte. E qual o perfil da população assistida? Desenvolve atividades com menores carentes na Profª. Amália Verônica, coordenadora do projeto Gemti faixa etária de 4 a 12 anos matriculados em escolas públicas e creches comunitárias e municipais na científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza relação transformadora Região Metropolitana de Belo Horizonte. entre universidade e sociedade” (Fórum, l Encontro De que consistem as atividades de extensão Nacional de Pró-Reitores de Extensão 2001). deste projeto? Ações educativas visando à promoção da saúde por meio de atividades que envolvam as disciplinas anatomia humana, bioquímica, bromatologia, microbiologia e parasitologia. Para tanto, componentes do Gemti desenvolvem atividades lúdicas com jogos, trava língua, paródias, dramatizações dentre outros.
O Gemti não é uma estratégia elegante de atenuar a precarização da política de saúde pública do país? No que ele se difere de outros projetos? De forma alguma. Esses “10 anos ininterruptos de caminhada” do Gemti podem ser traduzidos, mais uma vez, pela indissociabilidade entre o ensino a pesquisa e extensão consolidada em um projeto Em que medida o Gemti alimenta a prática as- maduro de atenção às comunidades. sistencialista tão tradicional em intervenções sociais? O que significa, de fato, o “desenvolvimento Não alimentamos prática assistencialista. Trata-se de estratégias do cuidar em saúde de forma de um projeto de extensão e, a “extensão é con- coletiva que possam potencializar e facilitar cebida como um processo educativo, cultural e as decisões individuais”? 12
10 ANOS
O cuidar da saúde de forma coletiva envolve vários segmentos da sociedade que reconhecem o ser humano como parte integrante do processo saúde/ doença e defendem a autonomia desse em relação à sua saúde.
as visitas guiadas ao museu de morfologia do ICB (UFMG).
O Gemti e o Banco de Alimentos : como se da esta relação? Os componentes do Gemti desenvolvem atividades Quais as principais dificuldades que o Gemti educativas relacionadas à higiene alimentar junto enfrenta? E em que âmbito elas acontecem? aos manipuladores de alimentos nos bancos da No início, em 2004 e até mesmo 2006, o grande Rede Metropolitana de Belo Horizonte e também desafio era a questão financeira. A partir daí o grupo em instituições atendidas pelo programa. desenvolveu projetos que foram agraciados com bolsas para os acadêmicos. Em 2009, a Fundação Por falta de homenagens, no formato de mende Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) ções honrosas, citações em artigos, elogios elegeu, em terceiro lugar, dentre todos os projetos públicos, etc, o Gemti não morre. No entanto, apresentados em Minas Gerais, o projeto Banco de há sempre o risco da autofagia social. Já penAlimentos, com inserção do Gemti, que recebeu sou sobre isto? uma verba substancial para a realização das ativi- Não, pensamos sempre que fazemos a “promoção dades de educação para saúde. Posteriormente, da saúde no cenário da educação” Um projeto amos professores responsáveis tanto da Universidade bicioso!!! Fumec como da UFMG submeteram novos projetos aos órgãos públicos de fomento e, mais em A quem pertence o futuro do Gemti? 2013 e 2014, também, receberam verba para as A todos nós, comunidades, acadêmicos, professoações extensionistas. Essas verbas são utilizadas res das Universidades Fumec e UFMG que, desde para o pagamento de bolsistas, compra de mate- 2004, trabalhamos com amor e dedicação e acrerial educativo e para o transporte da crianças para ditamos no que fazemos.
Profª. Amália Verônica e equipe de estudantes bolsistas e voluntários do projeto Gemti
13
10 ANOS
Legislação de Reprodução Humana Assistida no Brasil e no mundo Primeiro bebê de proveta do mundo completou em 2014, 36 anos. No Brasil, a primeira nascida tem 30 anos. Após essas duas, já nasceram ao redor de 5 milhões de crianças, sendo, cerca de 300 mil no Brasil Para muitas pessoas, o desejo de ter um filho faz parte de seu projeto de vida e quando deparam com alguma dificuldade sentem uma grande frustação. Os estudos envolvendo técnicas de reprodução assistida foram iniciados no século XVIII e se tornaram mais frequentes na literatura a partir do século XX. Atualização
O trabalho intitulado “Estudo de Legislações e Regulamentações Relacionadas à Reprodução Assistida no Brasil e em alguns Países do Mundo”, realizado pela professora Maria Lectícia Firpe Penna, do curso de biomedicina da Faculdade de Ciências Humanas Sociais e da Saúde da Universidade Fumec, tem como objetivo apresentar um estudo comparativo da resolução vigente (CFM 2013/2013) no Brasil, com as resoluções/legislações de 20 outros países do mundo. A escolha deles se deu com base no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) devido ao fato de ser um índice que analisa políticas de desenvolvimento centradas nas pessoas e não apenas em indicadores econômicos (como por exemplo, renda per capita). No Brasil, ressalta a professora, até os dias atuais, não existe uma legislação específica que regulamente o uso dos procedimentos de reprodução humana assistida. “Quem regulamenta a realização de tais práticas é o Conselho Federal de Medicina através de regulamentações. A primeira foi a resolução CFM 1358/1992 que foi substituída pela Resolução CFM1957/2010 em 2010 e por último pela Resolução CFM 2013/2013, vigente até o momento atual”, completa. 14
Ainda segundo a professora, a reprodução humana assistida é toda reprodução humana realizada com algum tipo de intervenção do homem na reprodução natural, aumentando assim as chances de pessoas com problemas de infertilidade e/ou esterilidade realizarem o desejo de terem um ou mais filhos. A especialista explica que o primeiro caso de reprodução humana assistida com sucesso foi o nascimento de Louise Brown em 25 de julho de 1978 na Inglaterra. No Brasil, o nascimento da primeira criança resultante de fertilização in vitro ocorreu em 1984. De acordo com a OMS - Organização Mundial da Saúde - a chance de um casal engravidar é de 15% a 25% por mês e após 12 meses de tentativa apresentarão uma taxa cumulativa de sucesso na gravidez de 85% a 90%. Os demais 10% a 15% deverão ser investigados para problemas relacionados à infertilidade e/ou esterilidade.
“O projeto demonstra que, ao longo dos anos, diversas tecnologias que permitem a fecundação assistida possibilitaram incluir dentre os usuários da Reprodução Assistida um maior número de pessoas”
10 ANOS
De acordo com Maria Lectícia, “vários problemas podem levar um casal a apresentar dificuldade para engravidar ou mesmo conseguir levar uma gravidez até o nascimento do bebê. Estudos mostram que dentre as causas da infertilidade 40% envolvem fatores femininos, 40% masculinos e 20% causas relacionadas aos dois em conjunto”. Ela lembra que, desde 1978, com o nascimento de Louise Brown, as tecnologias utilizadas em reprodução humana têm sofrido grande evolução. Entretanto, a elaboração de legislações e/ ou regulamentações pelos países, em muitas situações não ocorrem com a mesma velocidade que o surgimento das novas tecnologias e
principalmente com os anseios da evolução das sociedades. O projeto demonstra que, ao longo dos anos, diversas tecnologias possibilitaram incluir dentre os usuários da reprodução assistida um maior número de pessoas. Porém, ao mesmo tempo, fez surgir novas situações que interesses de vários envolvidos nos programas que podem ser realizados como: pessoas que podem utilizar as técnicas, programas de doação de gametas e embriões, criopreservação de gametas e embriões, diagnóstico genético pré-implantação de embriões, gestação de substituição (doação temporária de útero) e reprodução assistida post mortem, explica a professora.
Profª. Maria Lectícia (4ª a esq.) com as estudantes de iniciação cientifica
15
Fumec participa do Pai Presente 10 ANOS
Projeto de extensão com alunos dos cursos de biomedicina, direito e psicologia alcança êxito e beneficia mães e crianças Da redação Em Belo Horizonte, desde 2011, o responsável por viabilizar o Programa Pai Presente, do Conselho Nacional de Justiça, é o Centro de Reconhecimento de Paternidade (CRP/ TJMG). Em 2012, dos 7.400 pedidos de reconhecimento de paternidade, em 54% dos casos (cerca de 4 mil) houve o reconhecimento. O sucesso deste empreendimento social, que há dois anos conta com o apoio dos alunos de biomedicina, direito e psicologia da Universidade Fumec já transcende os limites do Tribunal de Justica de Minas Gerais e alcança a vida familiar e escolar dos beneficiados.
paternidade, mas pode servir de base para processos na Justiça (por exemplo, pedidos de declaração da paternidade e de pensão alimentícia) que deverão ser acionados pelo cliente e não pela CRP/TJMG. Neste quesito, é oferecido apoio jurídico incluindo a disponibilização de atendimento pelo Escritório Modelo do Núcleo de Prática Jurídica/Fumec. Também é proporcionado um serviço de apoio psicológico a fim de diminuir a ansiedade ou depressão do cliente diante de uma situação que pode mudar sua vida, auxiliando na resolução de conflitos que fizeram com que a família recorresse ao Poder Judiciário (atenBeneficiados dimento do público no próprio CRP e, quando A professora-doutora do curso de biomedi- necessário, encaminhamento à Clínica-Escola cina e coordenadora do projeto, Adriana dos de Psicologia da Universidade Fumec). Santos, faz questão de enfatizar que o objetivo do projeto de extensão é, primeiramente, disponibilizar um serviço de esclarecimento sobre o teste de paternidade (exame de DNA) oferecido aos cidadãos que procuram o CRP. O público que necessita deste tipo de serviço é constituído, na sua maioria, por mulheres (mães) e os supostos pais que são convidados a comparecer a uma audiência de conciliação para esclarecimento de paternidade. Apesar de não haver dados de pesquisa, percebe-se que o público atendido no órgão é composto, majoritariamente, por cidadãos de baixo nível socioeconômico. Além disso, o resultado do teste de paternidade, por si só, não encerra apenas questões jurídicas: o laudo garante a resolução da Profª. Adriana dos Santos
16
Reconheça:
todos têm direito a uma
história
O Centro de Reconhecimento de Paternidade-CRP presta assistência às pessoas para a regularização do próprio registro ou do registro do(a) filho(a), nos casos em que falta o nome do pai - sem nenhum custo e de forma rápida.
No Centro de Reconhecimento de Paternidade - CRP, funciona o programa Pai Presente O programa Pai Presente foi criado para tornar mais rápida a realização de exames de DNA nas ações de averiguação de paternidade/maternidade em que as pessoas envolvidas têm direito à assistência jurídica gratuita.
O CRP busca, no reconhecimento espontâneo, solucionar as questões referentes a alimentos e visitas, conscientizando os pais da importância do amparo à criança, nos aspectos emocional, afetivo e financeiro.
Avenida Álvares Cabral, 200 - 5º andar - Centro - Belo Horizonte/MG
CRP
Centro de Reconhecimento de Paternidade
Identificação com a pesquisa
10 ANOS
Célia Gontijo (2ª à esq.), ladeada pelos mestrandos, Jerônimo Marteleto e Agnes Sampaio, e com o ex-bolsista de IC, Phillippe Saldanha
Célia Gontijo
Há algum tempo o Grupo de Estudos em Leishmanioses do Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR), da Fiocruz Minas, mantém uma produtiva parceria com o curso de biomedicina da Universidade Fumec. Através do olhar aguçado da professora Amália Verônica, que percebe o interesse de alguns de seus alunos pela investigação científica, são indicados potenciais candidatos às bolsas de iniciação científica dos programas institucionais Pibic e Probic da Fiocruz. Segundo a pesquisadora da Fiocruz Minas Drª Célia Gontijo: “Vários estudantes já fizeram e outros fazem parte de nossa equipe trazendo contribuições importantes para o desenvolvimento de nossos projetos de pesquisa. Cada um, com suas características individuais, contribui de forma particular. No entanto, se 18
complementam na dedicação e no compromisso com o que fazem. Parece-me que além da educação familiar também influencia neste comportamento o exemplo cunhado pelos professores do curso. Após a experiência na pesquisa e o término da graduação, muitos seguiram a carreira como biomédicos, mas alguns ingressaram no curso de pós-graduação do CPqRR. A minha experiência como orientadora destes estudantes tem sido das mais gratificantes pela correspondência positiva das expectativas neles depositadas. Espero que esta parceria perdure e que possamos continuar investigando aspectos das leishmanioses que contribuam para o conhecimento destas doenças negligenciadas, cumprindo assim com a missão institucional de compromisso com a saúde pública.
Compromisso com o aprendizado 10 ANOS
Prof. André Luiz Barbosa Roquette com suas estagiárias Larissa Gomes Dau, Sabrina G. Vivas de Sá e Danielle Menezes Xavier
André Roquette
O Instituto Médico-legal (IML) de Belo Horizonte mantêm convênio com algumas universidades da capital e região metropolitana, nas áreas de serviço social, biomedicina, medicina, química e psicologia. A Universidade Fumec possui edificante convênio com a Polícia Civil na área de biomedicina. O diretor do IML, prof. André Roquette, que também é responsável pela disciplina de perícias forenses no curso de biomedicina, destaca a importância dessa parceria: “Tem sido um importante aprendizado para todos, estagiários e preceptores, com crescimento científico importante, notadamente na área de toxicologia do IML. Percebe-se, nitidamente, o afloramento do espírito pesquisador em alguns, a aplicação e organização em outros e, acima de tudo, o com-
prometimento e empenho de todos. O grupo de estagiários se inseriu perfeitamente na Instituição e, por certo, está acumulando grande conhecimento e se colocando à mostra em um mercado de trabalho cada vez mais exigente. Se conseguirmos ajudar na construção de um caminho de sucesso profissional e, consequentemente, de felicidade, teremos conseguido nossa missão. Parabéns aos excelentes estagiários dessa renomada Universidade”, ressalta o professor Roquette.
“O grupo de estagiários se inseriu perfeitamente na Instituição” 19
10 ANOS
T
QUEM É O BIOMÉDICO? QUE CAMINHO SEGUIR?
odo estudante de biomedicina, em vários mo- seada naquela que tinha os melhores conceitos mentos durante o curso, é surpreendido por de acordo com Ministério da Educação (MEC), questionamentos relacionados às possíveis áreas por isso a Fumec foi a sua escolha. Durante o de atuação do biomédico e o que fará após o tér- curso, ela pode perceber que tinha encontrado mino do curso. “Cabe a nós, professores, escla- a profissão que realmente queria pelo resto da recer estas dúvidas e ajudar nossos alunos nessa sua vida. E nos estágios, viu que sua paixão era importante decisão”, destaca a coordenadora do a área de análises clínicas. “A maior oportunicurso de biomedicina da Fumec, professora Ana dade que a gente cria pra entrar no mercado de Amélia Paolucci. É esta a “missão” dos nossos trabalho é durante os estágios. Ali é onde você professores: apresentar as várias oportunidades mostra o quanto sabe, é quando colocamos em que poderão ser aproveitadas prática tudo que aprendemos na Foto: arquivo pessoal pelos estudantes durante a faculdade”, ressalta a biomédica. sua graduação. Numa trajeE a sua oportunidade surgiu justatória paralela a esta busca de mente a partir do estágio no Comcompreensão, vários deles triplexo Hospitalar São Francisco, lharam seus próprios caminhos onde a supervisora do laboratório e hoje se destacam pelas suas que a acompanhava a convidou escolhas acertadas, juntada a para fazer um treinamento-teste uma pitada de sorte. no momento da sua formatura. Pedro Seixas é um deles: coLogo após a colação de grau, Tameçou a sua carreira no Grumires já estava empregada. Com po Hermes Pardini, em 2009, um ano e meio de trabalho, a como estagiário no Departamesma supervisora que havia ofemento de Genética Humana recido a oportunidade a convidou para atuar na área de biologia para supervisionar o laboratório molecular e hoje se encontra de uma outra unidade e ser a resfora do escopo técnico, pois ponsável técnica. “A cada dia um Pedro Seixas trabalha atualmente no Grupo pode perceber competências novo desafio surge, mas se você Hermes Pardini que o fizeram alçar novos tem uma base muito bem formavoos dentro da organização. da enquanto acadêmico, isso não Atualmente, ele se dedica a um MBA empresarial se torna um problema, e sim mais aprendizado”, e atua como executivo de produtos, no mesmo destaca Tamires. grupo que lhe possibilitou forte crescimento e asEsses são apenas alguns dos vários casos de censão profissional. “Acredito que um biomédico êxito daqueles que passaram pelo curso e que possui uma gama de possibilidades para atuar, trabalham diariamente contribuindo para o bem basta ser sensível para perceber suas competên- estar e saúde de todos. Para melhor ilustrar oucias e habilidades, pois várias são as alternativas tros exemplos de sucesso dos nossos ex-alupara a escolha mais assertiva”, acredita Seixas. nos, fizemos uma serie de entrevistas com bioDe acordo Tamires Pimenta, sua escolha da médicos da Fumec que estão trabalhando em faculdade em que cursaria biomedicina foi ba- diferentes áreas de atuação. 22
10 ANOS
Banco de Sangue
N
os últimos anos, a atuação de biomédicos em Bancos de Sangue (Hemocentros) tem sido crescente. Essa procura por profissionais na área criou um grande mercado de trabalho para quem escolher essa habilitação. O biomédico estará habilitado a realizar coleta de sangue e executar os testes prévios à transfusão e à doação – a fim de verificar a compatibilidade sanguínea e a presença ou ausência de patologias, sendo estes exames imunohematológicos (tipagem sanguínea ABO, RhD, e pesquisa de anticorpos irregulares) e sorológicos (Doença de Chagas, Hepatite B, C, HIV/AIDS, HTLV I/II e Sífilis). Além disso, poderá manipular, separar e produzir hemocomponentes e hemoderivados, bem como realizar o armazenamento destes. O biomédico também é capacitado legalmente para assumir chefias técnicas, assessorias e direção destas atividades. Dois biomédicos formados na Fumec escolheram essa área para atuação: Thiago Vitarelli e Maíra Magalhães Ferreira trabalham em fases diferentes relacionadas a essa área de atuação.
Onde vocês estão trabalhando e quais as como validação de lote dos kits, validação da reação por meio do uso de controles internos suas atribuições? Thiago: Desde julho de 2013 trabalho na Fundação Hemominas. A Fundação é responsável pelo fornecimento de sangue e seus hemocomponentes para diversos centros de saúde do estado e pelo atendimento hemoterápico em pacientes que necessitem submeter-se à transfusão. Além de ser o centro de referência para o tratamento de hemoglobinopatias (anemia falciforme, Hb SC e talassemia) e portadores de coagulopatias hereditárias (hemofilias A e B) . Atualmente, integro a equipe no Laboratório NAT (Teste de Ácidos Nucléicos). Um setor relativamente novo na Fundação, que se tornou obrigatório, por força de lei, apenas, no final do ano passado com a publicação da nova portaria que rege as atividades dos bancos de sangue. O setor tem o importante papel de aumentar a segurança transfusional realizando a triagem molecular dos doadores de sangue de Minas Gerais a fim de detectar a presença ou ausência de HIV e Hepatite C, estreitando ainda mais a janela imunológica destas doenças. Em linhas gerais, realizo o acompanhamento de todas as etapas (pré-analíticas, analíticas e pós-analíticas) envolvidas na realização do teste de PCR Multiplex Real Time utilizado na triagem molecular dos doadores. Sou responsável técnico pela liberação dos exames e participo da execução de protocolos de qualidade, tais
e painéis de proficiência, manutenção e calibração dos equipamentos, monitoramento das temperaturas, acompanhamento dos indicadores, e outros parâmetros. Além disso, ministro treinamentos no Laboratório NAT e auxilio na elaboração e revisão de documentos. Maíra: Trabalho no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, e entrei na supervisão da área técnica da Agência Transfusional (AGT). Hoje eu coordeno a AGT. De um modo geral, além de supervisionar e dar suporte à área técnica na realização dos testes pré-transfusionais e ajudar com os estoques de hemocomponentes, reservas de sangue e pedidos de transfusões que recebemos diariamente, hoje eu cuido de toda a parte administrativa e burocrática, faço o controle de qualidade interno e externo, sou responsável pela interação entre todos os setores que atendemos do hospital, ajudando e orientando médicos e enfermeiros, e respondo em geral pela AGT. Faço o contato com as empresas que nos prestam serviços e, principalmente, com o Hemominas, que é o nosso fornecedor de hemocomponentes. Além disso, eu ministro aulas sobre hemocomponentes, sua administração e o uso racional, nos treinamentos introdutórios dados aos novos enfermeiros e técnicos de enfermagem do hospital. 23
Sou também membro do Comitê Transfusional, da Comissão de Revisão de Óbitos e do Time Cirúrgico. Neste último, atualmente, sou responsável pela implantação do protocolo de TEV no hospital.
Em que momento vocês escolheram essa área de atuação?
Thiago: Lembro-me que durante o primeiro período do curso na disciplina “fundamentos de biomedicina” realizamos trabalhos de campo com o intuito de conhecer na prática algumas das áreas de atuação do biomédicos, sendo que uma das instituições visitadas foi a Fundação Hemominas. Durante a visita técnica conhecemos um pouco a área técnica e tivemos palestras sobre as atividades da Fundação, que eram fascinantes para um estudante ainda na fase inicial da sua carreira acadêmica. Nesse momento, recordo ter pensado: “Se Foto: arquivo pessoal um dia conseguisse trabalhar Thiago Vitarelli, ex-aluno da Fumec, trabalha atualmente no Hemominas aqui, terei muita sorte”. Por coincidência, ao final do mestrado vi que tinha sido publicado o edital Como vocês se prepararam para atuar nespara o concurso público do Hemominas. Então, sa área? aproveitei a oportunidade. Preparei-me bastante Thiago: Quando decidi me dedicar ao estupara a prova e consegui passar no concurso. do para os concursos públicos, fiz aulas para Maíra: Já entrei no curso de biomedicina com aprofundar os conhecimentos em saúde púo sonho de trabalhar no Hemominas, que era blica e outras disciplinas corriqueiramente coo banco de sangue que tinha como referência, bradas nas provas. Já para a prova específica mas sempre gostei e me apaixonei mais ainda contei com os meus conhecimentos adquiripela hematologia durante o curso. Tinha certeza dos na Fumec. Como fruto dessa preparação, que esta era a área de atuação em que eu gos- consegui conquistar a vaga no Hemominas e, taria de trabalhar, apesar de não conhecer o tra- mais recentemente, um emprego público no balho de outros hemocentros e como essa área Hospital das Clínicas. Na Fundação Hemomifuncionava dentro de hospitais. Hoje, eu sou nas, para a execução das minhas competêncompletamete apaixonada pelo o que eu faço! cias recebi diversos treinamentos e participei 24
Foto: arquivo pessoal
Maíra Magalhães, coordenadora da Agência Transfusional no Hospital Madre Teresa
fundamentos e as metodologias que regem o laboratório clínico por meio das inúmeras disciplinas básicas e aplicadas que compõem a grade curricular. E tendo contato com as principais bibliografias que integram a área e que se tornaram, posteriormente, livros de cabeceira para as provas de conhecimentos específicos dos concursos que fiz. Além disso, ao final do curso, a integração teórico-prática proporcionada pelo estágio permitiu o enfrentamento dos desafios presentes na dinâmica laboratorial. Vivenciando momentos em que foi preciso desenvolver a habilidade para tomar decisões e aplicar as competências acadêmicas adquiridas. Maíra: Fiz uma visita técnica ao Hemominas logo no primeiro período do curso, na qual pude conhecer um pouco mais a respeito do Como o curso de biomedicina contribuiu trabalho da Fundação, e pude, nas aulas de para vocês chegarem onde estão hoje? imuno-hematologia, dentro das disciplinas de Thiago: O curso forneceu o alicerce inte- imunologia, e de hematologia, ter a certeza da lectual para a construção da minha carreira área que gostaria de atuar dentro de tantas profissional. O que permitiu compreender os outras que a biomedicina oferece. de cursos que me tornaram apto para atuar na área. Maíra: Durante o curso não tive muito contato com a área da hemoterapia. Porém, mesmo sem experiência na prática, encarei o desafio de entrar em uma instituição à frente da AGT, já que era a área em que queria atuar. Contei com a sorte de trabalhar em um hospital de referência não só em BH, administrado por Irmãs do Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, que confiam em mim e acreditam no meu trabalho, além de trabalhar ao lado do responsável técnico da AGT, Dr. Mário Soares, que é um médico de renome na Hemoterapia. Tudo isso me incentiva a continuar na área, procurando me aprofundar cada vez mais e buscar mais aprendizado e experiências.
25
Análises Clínicas
10 ANOS
O
principal mercado de trabalho dos biomédicos que atuam em análises clínicas está nos hospitais, clínicas e laboratórios. O profissional é capacitado para coletar, processar e emitir o laudo de exames e análises clínicas. Muitos biomédicos começam a trabalhar neste campo para adquirir experiência e, quando tiverem oportunidade, abrir o próprio laboratório de análises clínicas. No currículo do curso oferecido pela Universidade Fumec, que foi reestruturado em 2013, as disciplinas incluem conteúdos de formação básica e específica em diversas áreas. Os estudantes iniciam a graduação com aulas de anatomia, citologia e histologia, atendimento básico em saúde, fundamentos de biomedicina, química geral e analítica, bioquímica, genética humana. As disciplinas que acontecem no decorrer do curso incluem aulas específicas sobre o corpo humano e doenças, como imunologia, parasitologia e farmacologia. Para a atuação em laboratórios de análises clínicas, os alunos recebem formação em bioquímica clínica, genética clínica, hematologia, microbiologia clínica, entre outras. Os alunos ainda precisam cursar disciplinas de bioestatística, bioética, metodologia científica, além de fazer estágio em três laboratórios em campos de estágios conveniados com a Universidade Fumec. Esta foi a área escolhida pelas biomédicas Tânia Maria Braga Ferrari, Rafaella Barbosa e Débora Viana.
Onde vocês estão trabalhando?
boa escolha, para quem gosta de descobrir maTânia: Trabalho, desde outubro de 2009, na neiras de ajudar e melhorar a vida do próximo. UFPML/UFMG, como biomédica responsável Existe a questão da mal remuneração, mas isso pelo setor de distribuição e terceirizados. Atu- é um detalhe que pode ser melhorado. almente fui promovida e agora faço parte da equipe do controle de qualidade do laboratório. O que é necessário para ingressar em um Rafaella: Sou uma das Biomédicas respon- laboratório de análises clínicas? sáveis pelo setor de microbiologia e urinálise Tânia: Realizar um bom estágio foi fundado Laboratório de Análises Clínicas do Hospital mental para que o mercado estivesse de porMater Dei. tas abertas. Graças à Fumec, os meus estágios Débora: Trabalho, desde novembro de 2012, foram bem direcionados e, por isso, tive meu em um Laboratório de Análises Clínicas na cida- emprego garantido. Além disso, logo que me de de Pará de Minas (Laborfama), responsável formei fiz meu MBA em auditoria e controle de pela bioquímica, liberação de laudos e mais re- qualidade. centemente envolvida com o processo da qualiRafaella: Em primeiro lugar, estudar bastandade do laboratório. te para garantir boas notas durante a graduação. Em segundo lugar, aconselho nunca ficar A área de saúde ainda é uma boa escolha? parada. Durante a graduação fui monitora na Tânia: A saúde é uma preocupação constan- Fumec, bolsista de iniciação científica na Funed te na vida de todas ou, pelo menos, da maioria, e fiz bons estágios curriculares, um deles no das pessoas. Por isso, o mercado de trabalho Hospital Belo Horizonte, na área em que eu esestá sempre em expansão. tou hoje. Esse estágio, inclusive, contribuiu para Rafaella: Sim, principalmente para aqueles que eu pudesse ser indicada por uma profesque gostam dessa área. Percebo que estamos sora do curso de biomedicina da Fumec para o progredindo com relação ao reconhecimento do meu primeiro (e atual) emprego. Além disso, as biomédico como profissional da saúde. Acredi- boas notas, com consequente bom aprendizato, ainda, que a tendência é sempre melhorar. do, e as experiências profissionais enriquecem Débora: A área da saúde sempre será uma muito o currículo e fazem toda a diferença em 26
10 ANOS
um processo seletivo. E em terceiro lugar, é necessário correr atrás e persistir. O meu primeiro emprego demorou um pouco a chegar, mas eu sempre tive a certeza da minha escolha profissional. E graças a Deus, Ele abriu as portas para mim na hora certa. Eu amo ser biomédica! Amo exercer essa profissão! Débora: A experiência é primordial para o início das atividades em um laboratório de análises clínicas. E o que me deu essa experiência foram os estágios realizados, onde tive a opor-
tunidade de conhecer excelentes profissionais, que me passaram muitas coisas boas, essenciais para meu sucesso profissional. É muito importante que o profissional escolha a área com que mais se identifique, para que possa sempre se atualizar e buscar novas técnicas. No meu caso, me interessei muito pela parte da qualidade, por esse motivo ingressei no MBA em auditoria e gestão da qualidade, para sempre aplicar meus conhecimentos e estar inserida nesse mercado.
Foto: arquivo pessoal
Rafaella Barbosa no Labortório de Análises Clínicas do Hospital Mater Dei
Foto: arquivo pessoal
Débora em seu local de trabalho no LaborFama, em Pará de Minas
Tânia Ferrari na Unidade Funcional de Patologia e Medicina Laboratorial do Hospital das Clinicas
27
10 ANOS
Biologia Molecular e Genética Os biomédicos com habilitação em biologia molecular ou genética são aptos e autorizados a atuar na coleta, análise, interpretação, emissão e assinatura de laudos e de pareceres técnicos, inclusive a investigação de paternidade por DNA. É atribuído ao profissional biomédico, nessas áreas, a realização de exames que utilizem como técnica a reação em cadeia da polimerase (PCR), podendo para tanto, assumir a responsabilidade técnica e firmar os respectivos laudos. A área de genética foi a escolhida pela biomédica Sarah Abreu Coxir, formada em 2014, e a de biologia molecular por Cyntia Roberta Almeida Andrade, formada em 2008.
Onde vocês estão trabalhando?
Sarah: Em agosto de 2014 me formei e agora estou trabalhando no setor de citogenética do laboratório Codon Biotecnologia, onde antes havia feito estágio por um ano. Cyntia: Hoje em dia eu estou trabalhando em um laboratório especializado em exames genéticos chamado Codon Biotecnologia. Atuo no setor de genética molecular, realizando, analisando e liberando exames de biologia molecular.
Qual o maior desafio que o biomédico recém-formado enfrenta no mercado de trabalho?
Sarah: O maior desafio é entrar Sarah Coxir no Laboratório de Citogenética da Codon Biotecnologia no mercado. Principalmente se você nos enriqueçam sua graduação e saiam mais tem habilitação em uma área muito específica, preparados da universidade. Me lembro de uma como no meu caso, que era a genética. Muitas palestra que assisti quando estava no quarto das áreas da biomedicina requerem experiênperíodo, e a coordenadora do curso falou que cia, e quando saímos da faculdade, por mais nós não deveríamos deixar o curso passar em bem preparados que estejamos na teoria, só “branco”, apenas sendo aprovados nas discio dia a dia em um laboratório pode nos tornar plinas. Ela dizia que deveríamos aproveitar o realmente profissionais, o que pode dificultar a período da graduação para aprender ao máxibusca pelo primeiro emprego. mo, aproveitando todas as oportunidades que Cyntia: O maior desafio que eu enfrentei quana faculdade oferece, como os projetos de inido me formei foi acreditar que eu tinha formado ciação científica, projetos de extensão e came sabia alguma coisa. Além de ter que encarar pos de estágio. A partir daí, procurei sempre o mercado de trabalho que nem sempre está de dar monitorias, entrei em um projeto de iniciaportas abertas. ção científica e consegui o estágio na área que queria. Como a Fumec as preparou para este desafio? Cyntia: A Fumec me ajudou na minha forSarah: A Fumec desde o princípio do curso mação, me ofereceu estágio em análises clísempre oferece oportunidades para que os alu- nicas e no campo de estágio aprendi muito 28
10 ANOS
sobre a rotina de laboratórios e a me comportar como uma profissional. Finalizei o curso bacharel em biomedicina com habilitação em análises clínicas. Dessa forma, para trabalhar com biologia molecular fiz um curso de especialização em análises clínicas e moleculares. Hoje em dia, já são oferecidos estágios em diversas áreas de atuação e os colegas biomédicos que se formam podem fazer a opção de uma habilitação que melhor se encaixe ao seu perfil profissional.
tar sua inserção no mercado, porque aumenta o seu espectro de possibilidades. Mas no meu caso, por exemplo, desde que comecei o estágio sabia que era a citogenética o que eu queria, e não pensei em fazer outro estágio para conseguir mais uma habilitação. Resolvi focar e me dedicar à citogenética e acabei conseguindo o emprego, foi um risco, mas deu certo no final. De qualquer forma, acho que o que mais facilita a inserção no mercado não é a variedade dos campos de atuação, mas a dedicação que você impõe naquilo que quer. A diversidade dos campos de atuação do bioCyntia: As diversas áreas de atuação aumenmédico facilitam a inserção do profissional tam a identificação do biomédicos com sua área de atuação. Temos a opção de escolher no mercado? Sarah: Sim, claro. Mas essa “facilidade” tam- em qual área vamos atuar. Mais não sei falar bém depende muito do próprio aluno. Se você ao certo se isso facilita a inserção no mercado. gostar de mais de uma área e conseguir mais Pois, ao fazer a opção de estágio, o biomédico de uma habilitação é claro que isso irá facili- se limita a atuar na área escolhida.
Cyntia Andrade no Laboratório de Genética Molecular da Codon Biotecnologia
29
10 ANOS
Reprodução Humana Assistida O biomédico que trabalha com reprodução humana assistida atua na identificação e classificação oocitária, processamento seminal, espermograma, criopreservação seminal, classificação embrionária, criopreservação embrionária, biópsia embrionária, hatching e realiza ainda a manipulação de gametas (oócitos e espermatozóides) e pré-embriões. Esta área foi a escolhida pela biomédica Laura Vellez Foto: arquivo pessoal
frentam – conseguir entrar no mercado de trabalho. Devido a falta de experiência e a grande concorrência está cada vez mais difícil conseguir o primeiro emprego. Muitos deles, especialmente na área biomédica, exigem pelo menos que o profissional tenha pós-gradução. Por isso é muito importante que o biomédico continue estudando e se especializando mesmo depois de formado. Procure saber de profissionais que já estão na área, como entraram no mercado, como conseguiram determinado cargo e sua formação. Dessa forma, você pode se informar e planejar os cursos que deve fazer, se é necessário fazer pós-graduação, falar uma segunda língua, etc, e, então, estar melhor preparado para concorrer à vaga desejada.
Como a Fumec a preparou para este desafio? Primeiramente, apresentando as diferentes áreas de atuação do biomédico. Segundo, mostrando a importância da continuação dos estudos com uma especialização, mestrado, doutorado, para uma melhor qualificação profissional.
A diversidade dos campos de atuação do biomédico facilita a inserção do profissional no mercado?
A diversidade dos campos de atuação do biomédico não facilita a inserção do Sou embriologista em uma clínica de Repro- profissional no mercado de trabalho. A biomedução Humana Assistida chamada IBRRA – dicina é uma profissão relativamente nova, e, Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida, e por isso, muitas áreas ainda não sabem que o também estou fazendo mestrado na UFMG no biomédico pode atuar em determinado campo. Além disso, concorremos com diversos profisICB – Instituto de Ciências Biológicas. sionais que também podem atuar nas mesmas Qual o maior desafio que o biomédico áreas que o biomédico. Então, como já menrecém-formado enfrenta no mercado de cionei, a importância da especialização e de se qualificar para conseguir entrar no mercado de trabalho? trabalho na área escolhida e ajudar abrir as porÉ o mesmo que todos os recém-formados entas para futuros biomédicos.
Onde você está trabalhando?
30
Estética
10 ANOS
O mercado da estética vem crescendo em média 40% ao ano no Brasil. Sem dúvida está se revelando uma excelente área para os biomédicos. A demanda pela formação de profissionais capacitados para atuar nas áreas da biomedicina estética é relevante e esse campo de atuação encontra-se em expansão. Abriu-se mais uma possibilidade promissora de atuação profissional para o biomédico. Deve ser destacado que Universidade Fumec é a única em Minas Gerais que possibilita aos egressos de biomedicina que pretendem atuar na área de estética um curso de pós-graduação lato sensu. O biomédico Felipe Rodrigues trabalha na área de biomedicina estética e, também, é professor no curso de pós-graduação na Universidade Fumec.
Onde você está trabalhando e quais as Qual o maior desafio que o biomédico suas atribuições? esteta enfrenta no mercado de trabaAtualmente moro em Barbacena, interior de lho?
Minas Gerais, minha cidade natal. Atuo como biomédico esteta na mesma cidade, em algumas cidades vizinhas e em Belo Horizonte, onde também ministro aulas para turmas de Pós Graduação.
A falta de conhecimento da população em geral sobre o nosso curso e as competências do mesmo. Uma vez que trabalhamos diretamente com a população, e não com empresas conhecedoras de nosso trabalho.
Como a Fumec o preparou para este desafio?
Na Fumec, pude abrir meus horizontes e perceber o real tamanho da biomedicina. Fui estruturado a conquistar meus objetivos e a não aceitar qualquer coisa como futuro. Hoje, vejo como ponto positivo o curso de graduação em biomedicina já possuir em sua matriz curricular a disciplina de biomedicina estética, o que proporciona um estágio supervisionado na área e maior conhecimento e divulgação de nosso trabalho no mercado.
É fácil ter uma clinica estruturada para atender a legislação na área de biomedicina estética?
Não é fácil. Não que a legislação seja dura, ela pede o necessário para o bom funcionamento do ambiente de trabalho, mas, como em qualquer outra área, é preciso dedicação e empenho para estruturar uma clínica.
Felipe Rodrigues atualmente trabalha na área de Biomedicina estética
31
Pesquisa
10 ANOS
De acordo com a Lei Nº 6684, de 3 de setembro de 1979 que regulamenta as profissões de biólogo e de biomédico em seu artigo 5º cita que o biomédico poderá planejar e executar pesquisas científicas em instituições públicas e privadas. E é essa atividade que muitos biomédicos buscam desde o inicio do curso. Isabella Hirako e Matheus Proença fizeram essa opção para as suas vidas.
Matheus Proença está atualmente no doutorado
Em que momento vocês perceberam que tinham vocação para serem pesquisadores?
Isabella: Comecei a minha iniciação científica na universidade Fumec (e mais tarde no ICB-UFMG). Sempre ambiciosa, participei do processo seletivo para doutorado na Universitat de Barcelona no ultimo ano do curso. Passei na primeira etapa onde 26 candidatos foram aprovados de 270 inscritos de todo o mundo. Fui à 32
Barcelona com tudo pago para a segunda etapa e infelizmente fui reprovada (todos os candidates eram mestres). Logo em seguida, tentei mestrado em imunologia médica na mesma universidade e passei. Enquanto fazia as disciplinas nos melhores hospitais de Barcelona, desenvolvi minha dissertação no IRB Barcelona (Institute for Research in Biomedicine). Finalizei o curso e regressei ao Brasil, onde, após um mês, estava participando do processo seletivo da Fundação Oswaldo Cruz, sendo posteriormente aprovada para o doutorado. Após um ano e meio de curso, tive a oportunidade de estudar na “Harvard Medical School”, desenvolvendo parte da minha tese em um dos hospitais mais bem conceituados do mundo, o “Massachusetts General Hospital”. Matheus Proença: Acredito que a característica fundamental para todos que desejam ser pesquisadores é a curiosidade! Desde criança, sempre fui muito curioso. No 3º período, tive a oportunidade de fazer a iniciação científica no Laboratório de Biologia da Neurotransmissão no ICB-UFMG. Neste laboratório, no qual estou até hoje, a vontade de ser pesquisador e professor foi ainda mais aguçada. Realizei meu mestrado vinculado ao Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e pude realizar um estágio de pesquisa na Virginia Tech Carilion School of Medicine and Research Institute, Virginia, EUA, na qual fiquei por três meses aprendendo novas técnicas que utilizei para finalizar a dissertação, além de iniciar experimentos importantes para o doutorado. Essa experiência foi ainda muito importante para melhorar a comunicação na língua inglesa, essencial para quem deseja seguir carreira nessa área. Defendi minha dissertação e já iniciei o doutorado pelo mesmo laboratório e programa.
10 ANOS
Como vocês se preparam para atuar nes- E o que mais vocês planejam? Matheus: Por tudo que aprendi e venho sa área? Isabella: O curso de biomedicina da Universidade Fumec no âmbito da pesquisa científica, visa preparar o aluno para a descoberta de novos conhecimentos de grande relevância teórica, fidedigna e útil socialmente em uma determinada área. O biomédico pode ser responsável por um processo metódico de investigação, recorrendo a procedimentos científicos para encontrar respostas para um problema. Matheus: Sem dúvidas, o curso conta com uma excelente estrutura, não só física, mas também de profissionais (mestres e doutores) excepcionais, que não apenas transmitiam o conhecimento, mas aguçavam a nossa imaginação e a vontade de aprender! Com certeza, esses pontos foram muito importantes para o meu preparo.
aprendendo o meu desejo é seguir esse caminho: quero continuar pesquisando, contribuindo para a comunidade científica e que as descobertas possam um dia, ser aplicadas na sociedade, afinal, este é o objetivo principal da pesquisa. Quero também transmitir todo o conhecimento para outros alunos e quem sabe ser tão competente quanto aqueles que tanto me influenciaram! Isabella: Aplicar todo o conhecimento adquirido ao longo destes anos em uma iniciativa privada, transmitindo conhecimento e contribuindo para o crescimento de todos.
Como o curso de biomedicina contribuiu para vocês chegarem onde estão hoje?
Isabella: Atribuo todo o meu desenvolvimento a base sólida que obtive na Fumec. A universidade me deu a segurança que eu precisava para traçar o longo caminho que projetei. Matheus: Acredito que o curso na Fumec me deu as bases (teórico/práticas) fundamentais para que eu pudesse me preparar para essa instigante área. O curso conta com uma excelente estrutura física e um corpo docente que realmente sabe envolver seus alunos. Além disso, o curso de biomedicina na Fumec vem demonstrando, ano a ano, que a universidade realmente agrega os três pilares da educação: ensino, pesquisa e extensão e em relação a pesquisa, está preparada para alçar vôos ainda mais altos!
Foto: arquivo pessoal
Isabella Hirako está atualmente na Harvard Medical School
33
10 ANOS
Docência O biomédico pode exercer atividade profissional de magistério em matérias específicas constantes no currículo do curso de biomedicina. E foi esta a escolha de Ana Paula Moreira e Fábio Henrique Guimarães Braga. centivo para procurar caminhos fora dos portões da faculdade, tive oportunidade de participar de vários projetos internos e tudo isso serviu de pilar para a construção do profissional que sou hoje.
Como vocês se prepararam para ser professores do ensino superior? A Fumec tinha alguma exigência? Foi necessário passar por algum concurso ou bastava apenas ser ex-aluno?
Prof. Fabio Henrique Guimarães em sala de aula na Fumec
Em que momento vocês perceberam que tinham vocação para ser professores?
Ana Paula: Durante o período escolar já percebia que gostava de ajudar meus colegas nos exercícios, para casa, e era monitora da sala. Quando ingressei na universidade alguns professores foram os responsáveis por instigar essa vontade. No segundo período, cheguei a ministrar algumas aulas no ensino médio e participei das monitorias que a faculdade ofertava. Esse primeiro contato com o magistério, seguido do auxílio na preparação de aulas e provas práticas durante as monitorias, afloraram ainda mais o desejo de ser professora. Fábio: Fui traçando meu caminho profissional de acordo com o amadurecimento pessoal e técnico-científico que recebia na universidade. Para isso, também contei com a indispensável ajuda do corpo docente do curso. Além do in34
Ana Paula: Conversando e observando o currículo dos professores, percebi o que precisava ter para me preparar para ser professora. Procurei ter um bom currículo escolar e participar dos concursos de monitoria da universidade. Fui monitora de três disciplinas e fiz iniciação científica voluntária por dois anos. Todos esses fatores, dedicação e muito estudo me permitiram ingressar no curso de pós graduação. Atualmente, estou terminando o doutorado em microbiologia, com ênfase em padronizações de kits diagnósticos, epidemiologia e caracterização de doenças emergentes. Além disso, durante minha pós lecionei algumas aulas e palestras em algumas universidades. Essa experiência me permitiu concorrer com os outros 13 candidatos ao cargo de professor na Universidade Fumec. Portanto, não basta ser ex-aluno, é necessário se preparar e qualificar. Fábio: Dentro da própria Fumec fui incentivado a procurar mais qualificação após o curso e me aprimorar cada vez mais como profissional. Como gostava muito da área de pesquisa e, quase que geneticamente, possuía um viés de educador (grande parte da minha família está ligada direta ou indiretamente com a área da educação), fui indicado pelo querido professor e amigo Robson Rossoni a um dos mais antigos e tradicionais laboratórios de pesquisa do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, o Labo-
10 ANOS
ratório Profª Conceição Machado, antigamente conhecido como Laboratório de Neurobiologia. Lá, conclui meu mestrado em Biologia Celular e a partir daí dei início à minha carreira de pesquisador e docente. Como, também, sempre estive ligado à importância da capacitação técnica do profissional, não me afastei do mercado de trabalho e sempre que possível conjugava minhas duas paixões: pesquisa e docência em análises clínicas.
Foi difícil voltar para a Fumec e se posicionar do outro lado da sala de aula?
Ana Paula: Foi desafiador e muito gratificante. Primeira etapa foi encontrar meus novos colegas de trabalhos e ao mesmo tempo meus ex-professores (risos). Depois foi ministrar a primeira aula, até hoje sinto um “friozinho na barriga” quando entro em sala. Nas minhas aulas busco sempre me atualizar e estimular os alunos a desenvolverem um maior senso crítico, para que possam ser profissionais diferenciados no mercado. Fábio: Hoje, não sei se por ironia do destino, voltei para a Universidade Fumec, agora na condição de professor, e leciono no mesmo curso no qual me formei. Muitas foram as dificuldades percorridas. O mercado de trabalho não é um terreno fácil de caminhar. No campo de análises clínicas, habilitação que escolhi durante o curso, mesmo com o inchaço de profissionais na área, ainda falta mão de obra tecnicamente qualificada para a grande maioria dos setores no laboratório de análises clínicas. Porém, toda a bagagem profissional que a Universidade Fumec me proporcionou foi fundamental para que eu conseguisse me estabelecer profissionalmente nesse mercado competitivo. Atualmente, além de professor, também sou biomédico do Laboratório de Bioquímica Clínica do Hospital das Clínicas da UFMG.
a serem formadas o desafio foi grande, as pessoas não conheciam a biomedicina e tínhamos que quebrar muitos paradigmas. Aproveitar as oportunidades que a universidade fornece é essencial, dedicar-se ao estágio, nos cursos de extensão, isso tudo nos prepara para o mercado de trabalho. Além disso, permite que o aluno já, faça os contatos para o futuro, vários colegas de faculdade conseguiram seu primeiro emprego no local onde estagiaram. No meu caso, especificamente, ter feito iniciação científica me ajudou a ingressar no mestrado. Além disso, ter sido monitora da disciplina de bioquímica me abriu a primeira porta para ser professora. Eu planejo terminar o doutorado e me dedicar ao magistério e à pesquisa. A integração da universidade e da pesquisa com a sociedade é fundamental para melhorar a qualidade de vida e desenvolvimento das pessoas e do nosso país. Fábio: Para o futuro ainda quero mais. Procurar novos horizontes, fortalecer ainda mais as qualificações que já possuo e procurar novos desafios profissionais são minhas ambições. A formação que tive já nos primeiros semestres de curso me dão segurança para seguir em frente. Tenho certeza que estou preparado para isso. Com um pouco de determinação e uma pitada de sorte, um Belo Horizonte me espera e é atrás dele que vou.
Qual a contribuicao do curso de biomedicina para você chegar onde você está hoje? E o que mais você planeja?
Ana Paula: Como uma das primeiras turmas Profª. Ana Paula durante aula prática
35
Foto: arquivo pessoal
Imaginologia
10 ANOS
Os biomédicos podem atuar em serviços de radiodiagnóstico na operação de equipamentos e sistemas médicos de diagnósticos por imagens em diversos segmentos da área, tais como: tomografia computadorizada, ressonância magnética, medicina nuclear, radioterapia, ultra-sonografia e radiologia médica, sendo excluída a interpretação dos laudos. A habilitação poderá ser obtida durante o curso de biomedicina por meio de estágio com duração igual ou superior a 500 horas em instituições reconhecidas, bem como por meio de curso de pós-graduação ou por prova de título de especialista. As duas áreas em que o biomédico vem ganhando espaço crescente atualmente são a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, nas quais o biomédico poderá atuar na operação de equipamentos, no desenvolvimento de protocolos de estudo, desenvolvimento de novas técnicas, coordenação de grupos de colaboradores e a administração e gestão de conteúdo. A biomédica Tássia Guedes trabalha nessa área. Tássia Guedes trabalha atualmente na Siemens
Onde você está trabalhando e quais as suas pós graduação que cumpra as exigências do Conselho de Biomedicina. atribuições?
Trabalho como Aplication da Siemens, realizando treinamento de tomografia em todo o ter- A Fumec contribui para essa sua inserção no ritório nacional, capacitando novos profissionais mercado? para a realização de exames, reconstruções e Realizei o estágio na área conseguindo minha manipulações de imagens. habilitação em imaginologia. A união de diversas disciplinas cursadas na Fumec me ajudaO que é necessário para ingressar na área de ram a conquistar a oportunidade do estágio, onde pude aprimorar o que aprendi e ingressar imaginologia? Para o biomédico trabalhar na imaginologia é no mercado de trabalho. necessário a realização do estágio na área ou
36
2004...
Quando fui convidada pelo prof. Ramon Cosenza, Assessor Acadêmico da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS), para substituir a profa. Virginia Vidigal Fernandes na coordenação do curso de biomedicina estava diante de um desafio e tanto. O curso era novo, naquele momento havia entrado a segunda turma de vestibular. Era desconhecido e, não raramente o maior desafio, tanto internamente quanto para os alunos de segundo grau, era explicar as funções do profissional a ser formado. A pergunta mais frequente que escutávamos era: Bio o que? Para além destes, o desafio maior era a consolidação institucional da FCS e do curso de biomedicina. O planejamento de ações era cotidiano e a cada semestre novas disciplinas eram instaladas o que demandava a implantação de novas instalações, aquisição de equipamentos e contratações de professores. A seleção de professores sempre foi muito discutida, criteriosa e avaliada. Formamos ao longo destes anos um “time”, professorares jovens, entusiasmados, comprometidos com a formação dos alunos e com a instituição, muito qualificado, entretanto, até a formatura da primeira turma, apenas dois deles, tinham formação em biomedicina. A identificação e o estabelecimento dos campos e locais para os estágios foram tarefas desbravadoras, pois, também, nos locais o profissional que propúnhamos introduzir, era quase desconhecido. No entanto, a flexibilização legal, conferida pelo Conselho Federal de Biomedicina em reconhecer a habilitação do profissional após a realização de estágio com duração igual ou superior a 500 (quinhentas) horas, permitiu a diversificação de oportunidades de estágios aos nossos alunos. Foi neste processo que identificamos as habilidades de cada um dos professores, para a proposição da revisão do projeto político pedagógico, em 2007. Esta revisão demandou atividade coletiva, envolvimento dos alunos e discussões acaloradas. Foram estabelecidas matrizes curriculares para cada turma de entrada no vestibular.
“O corpo docente é constituido por professores gabaritados” Profª. Marilene Suzan Marques Michalick
O novo projeto consolidou a proposta de formação do profissional, e, neste mesmo ano, fomos avaliados pelo Conselho Estadual de Ensino, que nos conferiu a nota máxima. No relatório final da comissão examinadora já se delineava o que ajudamos a construir e julgamos ser precioso para o curso:“...O corpo docente é constituído por professores gabaritados, com qualificação profissional e adequação à disciplina, em sua maioria. O curso de biomedicina é capaz de propiciar habilidade ao aluno para o desenvolvimento de pesquisa científica desde os períodos iniciais. Os alunos participam de projetos de pesquisa e extensão, coordenados pelo corpo docente dos diversos cursos da FCS. A avaliação foi importante para o processo seguinte da participação de nosso alunado no Enade e, na sequência, o reconhecimento do curso pelo MEC. A consolidação se deu de forma crescente, passando por experiências interessantes em todas as áreas biomédicas, desde a pesquisa científica, à qual os nossos alunos se vincularam, gerando parcerias com projetos na UFMG, na Fiocruz-BH, entre outros e com a entrada dos primeiros profissionais no mercado de trabalho, em 2008. Iniciou-se aí, para o melhor qualificação do aluno o processo de ampliação do curso para o turno noturno, já que à tarde, como ele era oferecido mostrava, incompatibilidade com horários disponíveis aos estágios em muitos dos locais pactuados pela instituição. 37
2008...
Assumi a coordenação do curso de biomedicina da Faculdade de Ciências da Saúde em março de 2008, substituindo a Profa. Marilene Suzan Marques Michalick, que de forma brilhante consolidou a implantação do curso. O processo de coordenação de um curso é sempre muito dinâmico, pois temos sempre que estar atentos aos avanços científicos, tecnológicos, sociais e éticos para tornar a formação dos alunos adequada às demandas da sociedade e do mercado de trabalho. Em julho de 2008 formamos a primeira turma com 38 alunos. No primeiro semestre de 2010, nossa faculdade foi incorporada pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais e juntos formamos a Faculdade de Ciências Humanas, Sociais e da Saúde da Universidade Fumec. Até o final do primeiro semestre de 2010, o curso de biomedicina funcionava em Nova Lima, assim como os demais cursos da área da saúde. Iniciamos o segundo semestre deste ano no campus da rua Cobre onde novos desafios foram apresentados. Nova localização, novo espaço, nova estrutura física, novos laboratórios, novos colegas. Para todos nós foi oferecida a oportunidade de convívio em um campus que abriga cursos de várias áreas do conhecimento. Esta mudança demandou, novamente, atividades coletivas para adaptação à nova realidade para professores, funcionários e alunos. Ao final de 2011, o resultado positivo da avaliação do Enade de 2010, nos mostrou que o caminho foi percorrido com sucesso.
38
Profª. Maria Lectícia Firpe Penna
“O Enade de 2010 nos mostrou que o caminho foi percorrido com sucesso”
2012...
va ainda com o apoio incondicional da diretoria e, claro, com meu marido e filhas, sempre a meu lado em todos os momentos. No decorrer desses quase três anos, novos e brilhantes profissionais se juntaram a essa equipe. Meus objetivos: apresentar melhor os biomédicos e a biomedicina aqui na Fumec, apresentar o curso e suas principais realizações em cada inicio de semestre, aumentar as publicações cientificas, buscar novos campos de estágio, estruturar uma nova matriz curricular, implementar o curso no turno da manhã, preparar os alunos para o Enade, buscar inovações. Coordenar um curso é um esforço diário. É muito gratificante visualizar o caminho que cada um escolheu. A cada laboratório, instituto de pesquisa, hospital e clínica visitado durante o desenvolvimento desta revista, tenho visto muito reconhecimento. O ex-aluno Fumec é um profissional único e determinado. Consolidar toda essa trajetória de sucesso e grandes feitos ao longo de 10 anos foi naturalmente um grande desafio. Óbvio que não conseguimos listar todos os biomédicos que, em cada local de trabalho, tem tornado as nossas vidas cada dia melhor. Levantamos, com certeza, uma boa amostragem, mas muitos estão por ai, diariamente, atuando e fazendo um grande trabalho, por vezes anônimo. Outros Profª. Ana Amélia Paolucci Almeida alunos virão, outros coordenadores, professores Passei a coordenar o curso em 2012, a con- e funcionários ainda irão chegar, mas, evidentevite da nova diretoria da FCH. Foi um grande mente, a biomedicina Fumec continuará abrindo desafio. A pergunta que me tirava o sono: O que novas portas e deixando a sua marca por cada mais posso fazer para o crescimento do curso? canto do Brasil e do mundo que alcançar. As duas professoras que eu sucedia eram minha inspiração. A Marilene, com a sua determinação e experiência; a Maria Lectícia, com o seu equilíbrio e memória fantástica. Tinha uma grande herança: o curso bem estruturado, a maravilhosa equipe de professores e funcionários, muitos alunos ávidos por conhecimento. Conta-
“Coordenar um curso é um esforço diário”
39
Ana Amélia Paolucci Almeida
Andres Marlo Raimundo de Paiva
Fábio Henrique Guimarães Braga
Ana Paula Moreira Franco Luiz
Patricia de Azambuja
Luciene Simões de Assis Tafuri
Alexandra de Sá Pocceschi
Mariana Gontijo Ramos
Sheyla de Fátima Soares Rocha
Ariane Cynthia Guimarães de Souza
Robson de Barros Rossoni
Adriana dos Santos
Amália Verônica Mendes da Silva
Maria Lecticia Firpe Penna
Tania Mara Grígolli Almeida
Sandra Maria Oliveira
Jussara Julia Campos
Eduardo Carlos Tavares
Michelle Vanessa dos Anjos Carvalho
MELHOR de MINAS
MBA MAIS DE 60 CURSOS NAS SEGUINTES ÁREAS:
MBA
MBA em Gestão, Tecnologia da Informação, Economia, Finanças e Contábeis. Pós-graduação em Engenharia, Arquitetura, Jornalismo, Comunicação, Psicologia, Saúde, Educação e Direito. Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado.
Segundo o Ranking das Melhores Escolas de Negócios da América Latina 2014 - América Economia
PRESENCIAL E EAD
DIFERENCIAIS ÚNICOS*
Módulo Internacional no Brasil.
Módulo Gestão de Carreira.
Acesso e Integração com o Mestrado.
Módulo Internacional no exterior.
MBA Universidade FUMEC.
*consulte condições do MBA em fumec.br
INSCRIÇÕES ABERTAS
(31) 3280 5000 pos.fumec.br