Revista Agro DBO 101 - Julho de 2018

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Sumário 8 Ponto de vista

Presidente da John Deere, Paulo Herrmann historia a mecanização do campo e propõe caminhos para o desenvolvimento do país.

26 Safra

Agro DBO conversa com o diretor de Agronegócios do Banco Santander e outros especialistas sobre crédito, um dos “gargalos” do agronegócio.

30 Integração

Rogério Arioli aborda desafios da pecuária, como a descapitalização crescente: “Uma das saídas é a parceria com a agricultura”.

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Matéria de capa Produção 28% maior (em relação à do ano passado), dólar em alta e demanda internacional aquecida garantem rentabilidade acima de R$ 4 mil/ha aos cotonicultores brasileiros nesta safra.

32 Solo

Odo Primavesi destrincha um livro de sua mãe, Ana Primavesi: “Algumas Plantas Indicadoras: como reconhecer os problemas de um solo”.

38 Agroinformática

Manfred Schmid escreve sobre plataformas em cloud, blockchain e outros assuntos em debate no VIII Congresso Brasileiro de Soja.

40 Livro

Décio Gazzoni apresenta sua mais nova obra, “A saga da soja”, escrita em parceria com o também pesquisador da Embrapa Soja, Amélio Dall’Agnol.

42 Opinião

Hélio Casale deixa de lado, temporiamente, os assuntos cafeeiros e parte em cruzada contra os chamados “detratores da agricultura convencional”.

50 Legislação

Fábio Lamonica relaciona as condições e situações em que os agricultores podem negociar o alongamento de suas dívidas.

Seções Do leitor................................................7 Notícias da terra.............................. 10

Calendário de eventos.................. 44 Novidades no campo.................... 46 Biblioteca da Terra.......................... 48 julho 2018 – Agro DBO | 3


Carta ao leitor

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reportagem de capa da Agro DBO desta edição, “O branco vira ouro”, comprova uma tese defendida pela redação, desde a primeira edição, de que a cada safra uma cultura se destaca pela produção, pela produtividade ou pelos preços, e desta feita o algodão retorna aos holofotes, com preços excepcionais no mercado internacional, mesmo com a extraordinária safra brasileira. Apenas para lembrar, a tese que defendemos é a de os agricultores devem diversificar seus plantios, garantindo com isso sua renda, pois se uma cultura for mal, as demais garantem as despesas. Dificilmente três ou quatro tipos de culturas vão mal simultaneamente. Ao mesmo tempo, no Brasil de hoje começam a se desenhar novas oportunidades de diversificação, como o plantio dos chamados pulses (grão-de-bico, lentilha), proteínas vegetais consumidas pelos indianos, eis que são vegetarianos por natureza e religião, o que abre um excepcional mercado de exportação para o Brasil, diversificando ainda mais as oportunidades de ganhos para os produtores e ainda a nossa pauta de produtos agrícolas exportados. Que se apresentem os candidatos, a Embrapa já tem pesquisas sobre plantio e manejo dos pulses, e o Ministério da Agricultura lançou um plano de incentivo para o plantio desses grãos. Chamamos ainda a atenção, nesta edição, para dois artigos: primeiro, o de Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil, em tempo de análise sobre equívocos cometidos no passado e para evitar novos e futuros desvios pelos usos inadequados das tecnologias que estão sendo lançadas. O segundo artigo é um reconhecimento de que o olho do dono engorda o boi, mas o aforismo é válido também para as lavouras. A pesquisadora Ana Primavesi, hoje nonagenária, que prestou brilhantes serviços para a agropecuária brasileira, observou a natureza dos solos, e “descobriu”, lá nos idos de 1970, que as “plantas falam”, ou seja, quando certas plantas estão presentes em alguns solos ou lavouras, elas nos revelam a condição em que se encontram esses solos. Pois Odo Primavesi, recompilando um recente livreto de Ana, reeditado em 2017, mostra quais são essas plantas “conversadeiras”, e o que elas dizem sobre as condições dos solos onde vicejam. A sintonia fina da percepção de Ana Primavesi supera a inteligência das modernas tecnologias e de anos e anos de aprendizados em bancos escolares. Para manifestar sua opinião, envie e-mail para redacao@agrodbo.com.br

é uma publicação mensal da DBO Editores Associados Ltda. Diretor Responsável Demétrio Costa Editor Executivo Richard Jakubaszko Editor José Augusto Bezerra Conselho Editorial Décio Gazzoni, Demétrio Costa, Evaristo Eduardo de Miranda, Hélio Casale, José Augusto Bezerra, José Otávio Menten e Richard Jakubaszko Redação/Colaboradores Ariosto Mesquita, Décio Luiz Gazzoni, Fábio Lamonica Pereira, Hélio Casale, Manfred Schmid, Marco Antonio dos Santos, Odo Primavesi, Paulo Herrmann e Rogério Arioli Silva

Richard Jakubaszko

Arte Editor Edgar Pera Editoração Edson Alves e Jade Casagrande Coordenação Gráfica Walter Simões Marketing/Comercial Gerente: Rosana Minante Executivos de contas Andrea Canal, José Geraldo S. Caetano, Maria Aparecida de Oliveira, Marlene Orlovas, Mario Vanzo e Vanda Motta Circulação e Assinaturas Gerente: Margarete Basile ISSN 2317-7780 Impressão São Francisco Gráfica e Editora Capa: Foto Ariosto Mesquita DBO Editores Associados Ltda Diretores: Daniel Bilk Costa, Odemar Costa e Demétrio Costa Rua Dona Germaine Burchard, 229 Perdizes, São Paulo, SP 05002-900 - Tel. (11) 3879-7099 e 3803-5500 redacao@agrodbo.com.br www.agrodbo.com.br

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Do leitor “Parabéns!. Um muito merecido aplauso por este escore tão significativo. E desejo de mais100”. Luiz Fernando Coelho de Souza, Eng. Agr., professor emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

“Parabéns pela edição número 100 da Agro DBO. Vocês são um time vencedor. Forte amplexo”.

Enrico L. Ortolani, Médico veterinário, professor, consultor e colunista da revista DBO

Recebemos inúmeras mensagens de congratulações pela edição nº 100 da revista Agro DBO, publicada em junho. A seguir, relacionamos algumas delas: “Esta é uma ocasião que precisa ser celebrada: 100 edições de uma revista ligada ao agro é realmente algo extraordinário em nosso país”. Roberto Rodrigues, Eng. Agr., ex-Ministro da Agricultura, presidente do Conselho Deliberativo da Unica e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas

“Meus cumprimentos a Agro DBO por sua edição de número 100”. Paulo Herrmann, Presidente da John Deere Brasil

“Parabéns pela edição do nº 100 da revista Agro DBO: uma grande ferramenta para o incentivo da nossa agricultura na divulgação de inovações e defesa ferrenha dos interesses dos nossos agricultores”. José Carlos Christofoletti, Eng. Agr., consultor em Tecnologia de Aplicação

“Um marco para a história do jornalismo agro”. Jaqueline Antonio, Gerente de Comunicação e Marketing da Koppert

“Sabemos bem que nesse país precisamos de muita fé e perseverança, além da qualidade. Vamos comemorar”. Ondino Bataglia, Pesquisador e diretor da Conplant

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“Parabéns pelo excelente trabalho nessa 100ª edição. Ficou INCRÍVEL! Como sempre, jornalismo impecável e conteúdo de qualidade”. Val Machado, Jornalista

Parabéns pelo feito, pelo Centésimo! A edição está excelente, como sempre. Gostei também do artigo do Décio Gazzoni sobre o indicador PTF (Produtividade Total dos Fatores). Realmente, a iniciativa privada tecnificada e corajosa é determinante. Em relação ao futuro da agricultura, preciso complementar algo que aprendi com prof. Daniel Hillel, especialista em água na agricultura, quando esteve aqui em São Carlos, e que se refere ao fato de a gente estar criando um problema complementar, talvez maior que o de alimentar a população crescente, que é o do lixo, da poluição crescente. Então vejamos o quadro futuro com população crescente: unidade de área agrícola por pessoa reduzindo (muitas áreas agrícolas serão ocupadas por cidades, parques industriais e malhas rodoviárias crescentes); aumento das áreas de represamento de água, mineração ou contaminadas (locais de deposição de lixo, principalmente); redução da oferta de água potável (maior consumo, mais desperdício, mais poluição) e montanhas de lixo e descartados aumentando gradativamente. Devemos pensar em produzir mais alimentos por unidade de área, mais água potável e menos lixo. Odo Primavesi, Eng. Agr., Pesquisador científico, Doutor em Solos e Nutrição Vegetal.

RIO GRANDE DO SUL

Sou professor da Universidade Federal de Santa Maria e gostaria de ter acesso às tabelas publicadas na edição de dezembro de 2017 sobre misturas em tanque, em que são apresentadas as compatibilidades dos produtos. Saliento que as tabelas serão utilizadad tão somente para fins didáticos, com a respectiva identificação de fonte. Grato, André da Rosa Ulguim Santa Maria

NR: Caro professor, as tabelas estão disponíveis no Portal DBO (www.portaldbo.com.br), na página da revista Agro DBO, em arquivo PDF. Para uso em campo, recomendamos utilizar as impressas, mais prática que as digitais em tela de computador, tablet ou smartphone – o tamanho real da versão impressa corresponde a quatro páginas da revista. Caso queira as tabelas impressas, informe endereço completo e então nós as enviaremos pelos Correios, sem custos. Ainda este ano, vamos publicar outra tabela, desta vez de misturas indicadas para as culturas de tomate, batata, feijão, café, cana e algodão. Vocês poderiam me enviar as duas tabelas de compatibilidade e incompatibilidade de agroquímicos e fertilizantes foliares para misturas em tanque, publicadas na edição de dezembro da revista Agro DBO? Além delas, vocês também têm algum material (um artigo a respeito da legalidade das misturas nas fazendas, por exemplo) que possa ser enviado junto? Rafael Orsolin Passo Fundo

NR: Olá, Rafael. Por gentileza, informe seu endereço postal. Além das tabelas impressas, enviaremos um exemplar da edição de fevereiro deste ano da Agro DBO, que traz reportagem de capa sobre a polêmica em torno das misturas feitas pelos próprios agricultores. Olá, venho por meio deste (e-mail) solicitar as tabelas de compatibilidade físico-química de agrotóxicos em misturas em tanque, segundo orientações contidas


no Portal DBO. Há custos para o envio das mesmas? Leandro Bridi Redentora

NR: Não há custos, Leandro. Informe, por gentileza, seu endereço postal, para que possamos enviar as tabelas. SÃO PAULO

Primeiramente, parabéns pelo artigo sobre a ocupação e uso das terras no Brasil e nos Estados Unidos (Agro DBO nº 96, fevereiro/2018). Precisamos cada vez mais mostrar este tipo de informação, desmentindo as alegações de que o agronegócio desmata. Somos um país de extrema conservação de áreas naturais. Gostaria, se possível, que vocês me disponibilizassem os gráficos em forma de pizza que mostram a atribuição, uso e ocupação das terras no Brasil e nos EUA. Quero utilizá-los numa apresentação (com os devidos cré-

ditos). Gostaria também de alertá-los de que pode ter ocorrido um erro no gráfico referente ao Brasil, onde temos duas informações sobre “Terras Indígenas”. Acredito que uma delas (em roxo/azul) seja relacionada ao tema “Cidades, infra e outros”, com o percentual remanescente de 3,5% (100% - (66,3% + 30,2%). Obrigado pela atenção. Carlos Augusto Bedani, Ribeirão Preto

NR: O leitor é Gerente de Inteligência de Mercado da Ourofino Agronegócio. Agradecemos os elogios e informamos que já encaminhamos os gráficos e mapas utilizados pelo autor do artigo em questão, Dr. Evaristo De Miranda, Chefe Geral da Embrapa Territorial, publicado na edição de fevereiro 2018. Acreditamos que a qualidade visual deve atender suas necessidades para uma apresentação em power point. Bedani tem razão quando aponta

uma incorreção na “pizza” referente ao Brasil. Cometemos um erro ao editar o gráfico, corrigido na edição seguinte, através de uma errata. O gráfico que encaminhamos é, obviamente, o correto. Disponha da gente sempre que precisar.

ERRATA

Diretor da Associação Brasileira de Insumos para Agricultura Sustentável, Carlos A. P. Mendes é o autor do artigo intitulado “Luz e nutrientes para a vida. Vida para o solo”, publicado na edição de junho. Grafamos o nome corretamente na página 42, mas, no Sumário, por um ato falho, ele virou “Carlos Dias”. Pedimos desculpas pelo descuido. AgroDBO se reserva o direito de editar/resumir as mensagens recebidas devido à falta de espaço.

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Ponto de Vista

Do arado ao chip Da tração animal à inteligência artificial, a incrível evolução da mecanização agrícola no Brasil, porque ninguém segura o agro. Paulo Herrmann *

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e um passado não tão longínquo, onde o trabalho no campo era predominantemente manual ou movido a bois e cavalos e se afirmava solenemente que a tecnologia disponível das máquinas no Brasil estava defasada 30 anos em relação ao hemisfério norte, aos dias de hoje onde alguns lançamentos de produtos ocorrem antes aqui do que nos Estados Unidos ou Europa, transcorreram um pouco mais que 50 anos. Mas as máquinas recebiam outras críticas, como a de causarem desemprego, lá nos anos 1970, e de que incentivavam o êxodo rural. Um relato da época expressa, conforme nos revela a história, que nos

* O autor é engenheiro agrícola e presidente da John Deere do Brasil.

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anos 60 o então ministro da Agricultura Hugo de Almeida Leme (governo Castelo Branco), professor da Esalq/SP em mecanização, ministrou palestra em que incentivou agricultores a comprarem tratores, mas recebeu críticas de que isso causaria desemprego. O crítico disse que 10.000 tratores seriam suficientes para tornar o Brasil um gigante na produção agrícola, mas causariam muito desemprego, e preferiam trabalhar com muares. Hugo Leme fez os cálculos: se um trator de 55 cv substituía 55 muares, para 10.000 tratores seriam necessários 550.000 muares, e perguntou “onde o Brasil encontraria uma burrada tão grande?”.

Mesmo agora nos anos 2000 os produtores de cana-de-açúcar também foram acusados de causar desemprego ao adotarem a colheita mecânica, exigência de ambientalistas para acabar com as queimadas. Mera discussão política, até mesmo de caráter ideológico, pois a colheita mecânica foi adotada, hoje já é de quase 100% no estado de São Paulo, e a mão de obra nem foi dispensada, foi treinada, qualificada e formada para outras atividades nas lavouras e nas usinas, com ganhos na renda dos trabalhadores. Ao contrário, chega a faltar mão de obra qualificada para operar as atuais máquinas agrícolas. É um tempo relativamente curto, quando se trata do desen-


volvimento de bens de capital e da histórica carência de recursos das nossas instituições em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Entretanto, alguns fatos desencadearam nosso processo de desenvolvimento: primeiro, o Plano de Metas do presidente Juscelino Kubitscheck, lançado em meados dos anos 1950, que tinha como lema “cinquenta anos em cinco”, e que atraiu um grande número de empresas, entre as quais diversas indústrias de máquinas agrícolas; o segundo fato foi a criação da Embrapa em 1973, que aportou conhecimento científico ao campo, transformando o cerrado brasileiro na maior fronteira agrícola do mundo. O terceiro fator decisivo neste processo de conquista do cerrado, que ocorreu de forma natural e não planejada como as anteriores, foi a migração de grandes levas de agricultores do Sul e Sudeste do país para o Centro-Oeste, em busca de um futuro mais promissor para seus filhos. Nesta corrida para o cerrado, dois produtos se destacaram: a cultura da soja, hoje considerado o grão de ouro que mudou a história do Brasil, transformando o nosso país, em pouco mais de meio século após sua introdução, no maior produtor mundial desta oleaginosa, e, de outro lado, os tratores CBT que de tão populares passaram a identificar tipos de cerrados em anúncios de venda de fazendas. Aliás, aqueles tratores, originalmente desenvolvidos para as planícies do meio oeste americano, não tinham no sistema de freios sua característica principal de eficiência, e logo muitas histórias davam conta que as lâminas frontais da Tatu eram a mais eficiente solução para frear aqueles tratores no campo. Muito da infraestrutura até então inexistente na região Sul, como estradas, pontes, hidrelétricas, hospitais, escolas, foram construídas pelos próprios agricultores, individualmente ou reunidos em cooperativas, entretanto, muitas

dessas deficiências de logística ainda persistem na região central do país nos dias atuais, dificultando a nossa competitividade em termos mundiais. Do plantio direto, na década de 70, tecnologia importada que abrasileiramos e nos tornamos insuperáveis em competitividade, passando pelas inovadoras duas safras ao ano na década de 90, até chegarmos à ILPF nos dias atuais, a estrutura do agronegócio no Brasil foi evoluindo constantemente, principalmente pelo conhecimento que desenvolvemos de produzir em ambiente tropical. Nisso somos campeões mundiais, reconhecidos mundo afora pela nossa competência e criatividade, com a ajuda divina através do clima, é claro, pois dizem que Deus é brasileiro. Com a abertura gradual dos mercados ao redor do mundo e a crescente globalização da indústria de máquinas agrícolas nos últimos 20 anos, muitas tecnologias disponíveis e modernas no hemisfério norte passaram a ser produzidas e comercializadas ao redor do mundo, inclusive no Brasil, acelerando a sua oferta em regiões nem sempre aptas ao uso eficiente dos pacotes tecnológicos ofertados. Lamentavelmente, esta massiva oferta de tecnologia para o

co não pode ser freado com uma lâmina frontal, como se fazia na época dos tratores CBT; start ups nascem aos borbotões a cada dia e a inteligência artificial já é uma realidade nas nossas máquinas agrícolas. Portanto, é hora de arregaçarmos as mangas e liderarmos as seguintes iniciativas, porque o futuro tem de ser feito hoje: – fortalecer a Embrapa e todo o sistema de pesquisa agropecuário tropical, pois sem ciência não existirá um agro forte; – acelerar a inversão do êxodo rural de jovens, trazendo para o campo este contingente que se urbanizou, mas tem raízes no campo; – atrair capital privado para investir em infraestrutura de logística, conectividade e formação de profissionais; – criar um sistema de certificação de origem das propriedades agrícolas brasileiras, que produzem de forma sustentável, com o objetivo de agregar valor aos nossos produtos no mercado externo; – incentivar os produtores rurais a estabelecerem uma entidade associativa nacional, com representatividade plena, de ação e natureza política, para defender os interesses deles próprios em temas institucionais;

A inteligência artificial é uma realidade nas máquinas, falta conectar aos humanos. campo não foi precedida da adequada formação de profissionais para atuarem neste novo mercado, por meio da modernização dos nossos sistemas de ensino, pesquisa e extensão rural. Da mesma forma, a inexistente infraestrutura de telecomunicação no meio rural, por exemplo, torna muitos avanços tecnológicos vendidos aos clientes em meros enfeites das máquinas, sem a menor utilidade prática aos seus usuários. Entretanto, o futuro não espera e o desenvolvimento tecnológi-

– reestabelecer um sistema de assistência técnica que leve aos pequenos produtores rurais as tecnologias disponíveis nos institutos de pesquisas, que permitam aos mesmos buscarem a sustentabilidade de sua sobrevivência com dignidade no campo; – implantar um sistema de seguro rural moderno que atinja a todos, e que tenha também o seguro de renda. Nossos principais concorrentes no mundo inteiro fazem isso. Por que só o Brasil continua de fora? julho 2018 – Agro DBO | 9


Notícias da terra Safra I

Conab prevê 229,7 milhões de toneladas

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Safra II

IBGE reduz para 228,1 milhões

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quinta estimativa de 2018 do IBGE para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas totalizou 228,1 milhões de toneladas, 5,2% inferior à de 2017 (240,6 milhões t). Em relação à estimativa de abril (230 milhões), teremos uma safra 0,8% menor (- 1,9 milhão t). A projeção quanto à área plantada indica um incremento de 4.521 hectares, chegando a 61,2 milhões de hectares. A safra de soja foi calculada em 115,8 milhões de toneladas e a de milho, em 86,1 milhões. Considerando as regiões em que se divide o país, a produção apresentará a seguinte distribuição: Centro-Oeste, 101,4; Sul, 75,4; Sudeste, 23,1; Nordeste, 19,6 e Norte, 8,6 milhões de toneladas.

Safra III

USDA mantém estimativas

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Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) manteve em junho as projeções sobre as safras norte-americanas e argentina de soja e elevou a do Brasil e a do mundo, em relação ao que previra em maio. Conforme o relatório de oferta e demanda de junho, os EUA vão colher 116,6 milhões de toneladas no ciclo 2018/19; a Argentina, 56 milhões; o Brasil, 118 milhões (a previsão anterior era de 117 milhões) e mundo, 355,2 milhões (354,5). Os estoques finais globais passaram de 86,7 para 87,2 milhões de toneladas. Quanto ao milho, o USDA manteve as estimativas para os EUA (356,6 milhões t), Brasil (96 milhões) e Argentina (41 milhões). A produção global do cereal cairá de 1,056 para 1,052 bilhão e os estoques mundiais finais, de 159,2 para 154,7 milhões de toneladas.

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Café

Ranking atualizado

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evantamento da Embrapa Café, com base em dados da Conab, OIC e outras instituições dos setor, mostra que o Brasil vai produzir 58,1 milhões de sacas de café de 60 kgs neste ano (44,4 milhões de arábica e 13,7 milhões de robusta) e o mundo, 159,6 milhões (97,4 milhões de arábica e 62,2 milhões de robusta). No ranking nacional, Minas Gerais continua em primeiro lugar entre os estados produtores, com 30,7 milhões de sacas (53% de participação), seguido pelo Espírito Santo, com 12,8 milhões (22%); São Paulo, com 6,1 milhões (10%); Bahia, com 4,5 milhões (8%), Rondônia, com 2,2 milhões (4%) e Paraná, com 1,1 milhão (2%). No ranking mundial, o Brasil se mantém em primeiro lugar, com 36% do total global, seguido pelo Vietnã, com 29,5 milhões de sacas (18%); Colômbia, com 14 milhões (9%); Indonésia, com 12 milhões (8%); Honduras, com 8,3 milhões (5%) e Etiópia, com 7,7 milhões (4%). O restante é dividido por outros países com pequena participação no comércio internacional.

Fabiano Bastos

Felipe Barros

e acordo com o 9º levantamento da Conab, divulgado em junho, o Brasil vai produzir 229,7 milhões de toneladas na safra 2017/18 de grãos, 3,4% a menos em relação à safra passada (237,7 milhões t). Na pesquisa anterior, divulgada em maio, a companhia previra 232,7 milhões de toneladas. A diferença foi atribuída à quebra na segunda safra de milho, impactada por problemas climáticos em algumas regiões produtoras, especialmente no Paraná. A produção nacional de soja deve chegar a 118 milhões de toneladas e a de milho, a 85 milhões. A área plantada foi estimada em 61,6 milhões de hectares, superior à da safra passada graças, principalmente, à expansão das lavouras de soja, algodão e feijão.


Notícias da terra Exportações

Maio valioso

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APPA Divulgação

s exportações brasileiras de produtos do agronegócio atingiram US$ 9,97 bilhões em maio deste amo, 3% acima do valor registrado em maio do ano passado. Considerando-se o mês, foi o terceiro maior valor da série histórica iniciada em 1997, situando-se abaixo apenas dos obtidos em 2012 e em 2013. O montante representa 51,8% das exportações totais brasileiras, superando o percentual de maio do ano passado, de 48,9%. As importações caíram 16,5%, recuando de US$ 1,3 bilhão para US$ 1,1 bilhão. Consequentemente, o superavit passou de US$ 8,4 bilhões para US$ 8,9 bilhões, o segundo maior da série histórica. Os embarques do complexo soja renderam US$ 5,81 bilhões, superando em 22,9% o valor contabilizado em maio de 2017. O montante representa 58,2% das exportações do agronegócio nacional no período..

VBP

A agricultura garante

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Valor Bruto de Produção da agropecuária brasileira em 2018 foi estimado em junho em R$ 552 bilhões, 2,3% abaixo do montante de 2017. A agricultura participa com R$ 377 bilhões e a pecuária, com R$ 174,9 bilhões. O VBP da agricultura (68,3% do VBP nacional) é o segundo maior desde 1989. O da pecuária (31,7% do VBP) é o menor dos últimos seis anos. Entre vinte produtos agrícolas com aumento de valor este ano, destacam-se o algodão (+32,3%); o cacau (+27,6%); o café (+9,1%); e a soja (+8,9%). O incremento no VBP brasileiro ocorreu após a Conab elevar a previsão sobre a safra de soja, principal produto do agronegócio nacional, para um recorde de 118,1 milhões de toneladas, ante 116,9 milhões t na previsão do mês anterior.

Funrural

Mais tempo para adesão

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ela terceira vez, o prazo para aderir ao PRR – Programa de Regularização Tributária Rural, que refinancia as dívidas de produtores rurais através do Funrural – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, foi prorrogado. A data limite agora é 30 de outubro, conforme a Medida Provisória 834/2018, publicada no Diário Oficial da União em 30 de maio. Inicialmente, o prazo fora fixado para 28 de janeiro deste ano, seguindo instruções da Lei 13.6060, de 9/1/2018. Depois, foi adiado para 30 de maio, quando então foi novamente alterado. A lei garante a redução das multas e encargos fiscais em até 100% (dependendo do caso) e parcelamento dos débitos.

Solo

Será que agora vai?

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Sebastião Calderano

PronaSolos foi lançado pelo governo federal no mês passado como o maior programa de investigação da história. “É um passo para o futuro; estamos tratando água e solo com a dignidade necessária. Com a assinatura do presidente da República, o Brasil passa agora a ter uma estratégia de 30 anos para levantamento do uso dos solos”, disse na ocasião o Chefe-Geral da Embrapa Solos, José Carlos Polidoro, coordenador do programa. Orçado em R$ 1,3 bilhão, o PronaSolos pretende mapear o território brasileiro e gerar dados com diferentes graus de detalhamento para subsidiar políticas públicas, auxiliar gestão territorial, embasar agricultura de precisão e apoiar decisões de concessão do crédito agrícola, entre muitas outras aplicações. julho 2018 – Agro DBO | 11


Notícias da terra Pesquisa I

Novo vírus em lavouras de sorgo

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Sandra Brito

esquisadores da Embrapa Milho e Sorgo identificaram, pela primeira vez no Brasil, a ocorrência da espécie Johnsongrass mosaic virus (JGMV) em lavouras de sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench]. Em condições ambientais que favoreçam o seu aparecimento, a doença, transmitida por pulgões, pode provocar perdas consideráveis na produção. Em todo o mundo, seis espécies de potyvírus foram relatadas como causadoras do mosaico comum em milho ou em sorgo: Sugarcane mosaic virus (SCMV), Sorghum mosaic virus (SrMV), Maize dwarf mosaic virus (MDMV), Johnsongrass mosaic virus (JGMV), Zea mosaic virus (ZeMV) e Pennisetum mosaic virus (PenMV). “No Brasil, a doença no sorgo tinha como agente causal a espécie SCMV, previamente identificada em 2012. Entretanto, a partir de agora, no país são duas as espécies de potyvírus capazes de infectar e causar mosaico comum em sorgo: SCMV e JGMV”, ressalta a pesquisadora Isabel Regina de Souza. Os resultados da pesquisa foram obtidos após análises moleculares realizadas com amostras de tecido foliar coletadas de plantas infectadas nos municípios mineiros de Paracatu e Felixlândia. O sorgo é o quinto cereal mais cultivado no mundo, atrás do arroz, do trigo, do milho e da cevada.

Pesquisa II

Bactérias produtivas

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studo realizado pela Embrapa Arroz e Feijão mostra que, quando as bactérias Rhizobium tropici e Azospirillum brasiliense são implantadas no feijão-comum, a produtividade da planta pode aumentar em até 11%, em relação à adubação nitrogenada. De acordo com o pesquisador Enderson Ferreira, a nova técnica dispensa a utilização da ureia e pode substituir totalmente a aplicação de nitrogênio. “A utilização conjunta dos microrganismos aumenta os rendimentos porque o A. brasiliense potencializa o desenvolvimento do feijoeiro, melhorando a absorção de água e de nutrientes do solo, e o R. tropici auxilia na fixação do nitrogênio”, explica. A média de produção do feijoeiro analisado pelo estudo ficou acima de 3.200 kg/ha. Conforme análise econômica feita pelo pesquisador Alcido Wander e pela analista Osmira Silva, os pequenos produtores rurais que adotaram a coinoculação tiveram retorno de R$ 1.130 a cada R$ 1 mil investidos, ou seja, 13% de ganho. No segmento da agricultura empresarial, o rendimento chegou a 90% em Goiás e 114% em Minas Gerais, com ganhos de R$ 1.900 e R$ 2.140, respectivamente, para cada R$ 1 mil aplicados.

Mecanização

Colheitadeira familiar

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m parceria com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, na sigla em inglês), a Embrapa Algodão está desenvolvendo uma colheitadeira de algodão de uma linha, acoplada a um trator, como mostra o desenho esquemático à direita. No Brasil, não existem colheitadeiras de pequeno porte para atender a agricultura familiar. “Os grandes fabricantes não investem nessa modalidade de equipamentos, pois são menos lucrativos, pelo seu menor valor de mercado”, lamenta o pesquisador Odilon Reny Ribeiro, lembrando, porém, que em outros países produtores como a China, Índia, Paquistão e Uzbequistão, onde se cultiva poucos hectares por agricultor, existem equipamentos adaptados para pequenas áreas. O semiárido nordestino, grande produtor de algodão no passado, busca revitalizar o cultivo da pluma mas enfrenta um grande obstáculo: o custo da colheita. No Cerrado, a colheita mecanizada representa até 5% do custo total de produção; no Semiárido, onde predomina a colheita manual, chega a 60%. Os pesquisadores pretendem aproveitar unidades de colheita (fusos) provenientes de colheitadeiras em desuso no Cerrado para fabricar as máquinas de uma linha, cada uma delas capaz de colher até 120 hectares por safra (0,3 ha/hora). Segundo Ribeiro, a importação de pequenas colheitadeiras custaria três vezes o valor da colheitadeira adaptada de fabricação nacional. O protótipo da Embrapa Algodão será testado na próxima safra e deve estar disponível aos agricultores num prazo de dois anos, com custo estimado entre R$ 80 mil e R$ 100 mil.

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Notícias da terra Meio ambiente

Cerrado preservado

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evantamento feito pela Embrapa Territorial em 32 municípios do oeste baiano, região integrada ao Matopiba (acrônimo para a área de Cerrado formada por partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), mostra que as manchas verdes correspondentes aos espaços reservados à preservação dentro das propriedades rurais (veja mapa ao lado) recobre mais de quatro milhões de hectares, o que equivalente a 52% do espaço total dos imóveis. De acordo com os pesquisadores, o percentual é 2,5 vezes maior do que o exigido pelo Código Florestal - 20%. A estimada foi feita com base em dados do CAR - Cadastro Ambiental Rural, a pedido da Associação Baiana dos Produtores de Algodão. A área preservada corresponde a 30% do território do oeste do estado. “É a região da Bahia que mais dedica área à preservação da vegetação nativa”, afirma o Chefe-Geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda. O estudo ainda calculou o valor do patrimônio imobilizado pelos agricultores nas áreas de reserva legal. As estimativas apontam pelo menos R$ 11 bilhões em terras não cultivadas. “Se manejadas, o valor subiria para R$ 26 bilhões”,

Legenda Divisa Municipal Áreas destinadas à preservação nativa nos imóveis rurais (APP + RL + Veg. Exc. + Hidrografia) (sicar, 2018)

compara Miranda. Com produção concentrada no oeste do estado, a Bahia respondeu, na safra 2016/217 por 23% da produção brasileira de algodão. Nas 132 propriedades com cotonicultura na região, a área destinada à vegetação nativa é próxima de 40% – mais de 220 mil hectares.

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Notícias da terra Feijão e pulses

Plano para aumentar produção foi lançado pelo Mapa

F

oi lançado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a 20 de junho, o Plano Nacional para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Feijão e Pulses. O ministro Blairo Maggi assinou portaria que define o plano e cria comitê gestor para fomentar a atividade. Maggi destacou que, para aumentar a participação no mercado internacional do agronegócio, o país precisa diversificar as culturas, além da soja e do milho, investindo, por exemplo, na produção de feijões, leguminosas e frutas. A iniciativa é resultado de parceria do ministério e das entidades do setor liderada pelo Conselho Brasileiro do Feijão e Pulses (CBFP) e pelo Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE). Entre as metas do plano está a de ampliar em 5 quilos per capita/ano o consumo de feijão no país; elevar a exportação em 500 mil toneladas anuais até 2028 de feijões e pulses (lentilha, grão-de-bico e ervilha) e incrementar em 20% a produção de variedades diversificadas

de pulses, para abastecimento dos mercados interno e externo. O Plano nasceu a partir da detecção da demanda crescente da Ásia por grãos secos, na viagem do ministro Blairo Maggi aquele continente em 2016. Os principais desafios à implementação são aumentar a capacidade de armazenagem, compensar a oscilação de preços, reforçar a sanidade vegetal; estimular o processamento e a industrialização para agregar valor aos produtos e maior assistência técnica e extensão rural (ATER), pois a maioria dos produtores são de pequeno e médio porte. A previsão de aumento das exportações, segundo o ministro, é especialmente, de produtos como grão-de-bico e ervilhas. “O Brasil tem uma grande oportunidade de fornecer a outros países, principalmente à Índia, onde estimam uma demanda em torno de 30 milhões de toneladas nos próximos 20, 30 anos. Isso significa uma área em torno de 10 milhões de hectares semeados. É renda para o produtor e um caminho para diversificar

Agroquímicos

EUA aprova condicionalmente a aquisição da Monsanto pela Bayer

A

s operações de Bayer e Monsanto serão integradas tão logo os desinvestimentos para a Basf forem concluídos, ou seja, ficou combinado que a Basf vai adquirir algumas linhas de produtos da Bayer e Monsanto, para evitar a criação de um monopólio da nova gigante dos agroquímicos. “O recebimento da aprovação americana nos aproxima de nossa meta de criar uma empresa líder no setor agrícola”, disse o CEO da Bayer, Werner Baumann. Nos próximos dois meses a Bayer se tornará a única acionista da Monsanto Company, após o recebimento das aprovações pendentes. O nome Monsanto, oficialmente, vai desaparecer.

16 | Agro DBO – julho 2018

a produção”, afirm Maggi. “A Índia está tendo um crescimento econômico muito grande, e população superior a 1 bilhão de pessoas, com renda melhorando e é um país basicamente em que não se come carne. São vegetarianos e, daí, então, o interesse que têm nesses produtos e a oportunidade que queremos aproveitar”. A produção e o consumo de feijão no Brasil seguem estáveis há mais de 10 anos. Em 2011/12 a produção do grão foi de 2,9 milhões de toneladas e na safra passada o volume foi de 3,3 milhões de toneladas. A exportação de feijões somava 36.164 toneladas em 2012, e, no ano passado chegou a 106.330 t. Um dos principais motivos da exportação quase simbólica de feijão, comparada aos outros grãos, é que a produção se concentra basicamente no feijão-carioca, variedade que não encontra muita demanda no exterior. Até pouco tempo, o Brasil também tinha uma produção muito pequena de pulses.

Sob nova direção

Embrapa mudará a presidência

A

nunciada a saída do cargo do atual presidente da Embrapa, Maurício Lopes, em outubro próximo, pelo ministro da Agricultura Blairo Maggi. As candidaturas estão em fase de campanha, depois haverá consultas internas na Embrapa, e os nomes mais votados serão submetidos ao ministro numa lista tríplice, para que ele indique o novo presidente. A fase de campanha promete ser “caliente”.


Notícias da terra Logística reversa

Devolução de embalagens vazias de agrotóxicos reinicia no Rio Grande do Sul

Depois de percorrer municípios catarinenses, o Programa de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos, desenvolvido pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), reiniciou no dia 25 de junho a coleta das embalagens tríplice lavadas na região central do Rio Grande do Sul. Até o dia 24 de setembro, produtores de 54 municípios poderão realizar o descarte de forma prática e segura, iniciando por municípios da região do Vale do Rio Pardo: n Vera Cruz – 3 a 5/7 n Passo do Sobrado – 9 a 10/7 n Rio Pardo – 11 a 12/7 n Vale do Sol – 16 a 17/7 n Vale Verde – 18/7 n General Câmara – 18/7 n Candelária – 19 a 31/7 n Venâncio Aires – 31/7 a 14/8

O setor do tabaco foi pioneiro no descarte correto das embalagens vazias. Sejam aquelas utilizadas para o tabaco ou para outras culturas, o produtor conta há 17 anos com um sistema itinerante de devolução, com hora marcada e próximo da propriedade rural. “O número de embalagens recolhidas pelo programa do setor pode dar a impressão de que utilizamos muito agrotóxicos, quando na verdade as pesquisas apontam que o tabaco é produto comercial agrícola que menos utiliza agrotóxicos”, destaca o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke.

FATOS SOBRE O PROGRAMA n Criado no ano 2000, o programa antecedeu a legislação de 2002 que determina a devolução das embalagens às suas respectivas origens; n Atualmente, o programa percorre cerca de 2,6 mil pontos da zona rural, em oito regiões do Rio

Grande do Sul e Santa Catarina. No Paraná, iniciativas semelhantes realizadas pelas centrais locais são apoiadas pelas empresas associadas ao SindiTabaco; n A coleta itinerante beneficia um universo de 120 mil produtores de tabaco gaúchos e catarinenses que, com comodidade e segurança, podem realizar a devolução dos recipientes tríplice lavados em pontos próximos de suas propriedades; n O programa itinerante já retirou quase 15 milhões de embalagens do campo em seus 17 anos de atuação, destinando-as para centrais de recebimento e triagem credenciadas pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV); n Quem adere ao programa e entrega as embalagens tríplices lavadas, ganha recibos – fundamentais para apresentação aos órgãos de fiscalização ambiental.

Tecnologia

EsalqShow 2018

O

Fórum de Inovação para o Agronegócio Sustentável será entre os dias 9 e 11 de outubro próximo, no campus da Esalq/USP, em Piracicaba (SP). O EsalqShow 2018 foi criado com a proposta de estimular inovações, o empreendedorismo e fomentar novas parcerias. Os eventos que integram a programação do Fórum vêm para conectar profissionais e lideranças nacionais e internacionais, estimulando a cooperação na busca por soluções para aos grandes desafios e oportunidades do agronegócio como um todo. “O EsalqShow vem para fortalecer e expandir o papel da USP ESALQ e seus parceiros, bem como ampliar a integração entre universidades e demais setores que envolvem todo o agronegócio. O evento é uma forma de dar visibilidade às iniciativas da academia e também mostrar ao público as novidades em produtos, serviços e projetos”, afirma o diretor da ESALQ, Luiz Gustavo Nussio. julho 2018 – Agro DBO | 17


Notícias da terra Produtividade

Produtor de Sarandi (RS) colhe 127,01 sc de soja e se torna campeão nacional

D

ois produtores do Rio Grande do Sul conseguem os melhores resultados entre mais de 5,5 mil inscritos na 10ª edição do Desafio do Cesb. O produtor Gabriel Bonato, de Sarandi (RS), é o novo campeão do Desafio Nacional de Máxima Produtividade 2017/2018, realizado pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb). O produtor gaúcho colheu 127,01 sacas de soja por hectare, em sua fazenda localizada na região norte do Rio Grande do Sul. O número representa mais do que o dobro da média nacional de produção de soja em áreas comerciais. O anúncio do vencedor aconteceu a 12 de junho, em Goiânia (GO). Gabriel Bonato faz parte da segunda geração da família que cultiva soja em Sarandi. Desde 2010, ele investe no aumento da produtividade em 116 hectares de soja plantados. O levantamento técnico realizado na área inscrita no Desafio apontou fatores climáticos e excelente histórico de manejo como razões para o ótimo resultado obtido. Foi a primeira participação do produtor no Desafio do Cesb. O segundo lugar no Desafio 2017/2018, ficou com Vitor Alexandre Ceolin, que colheu em uma área irrigada 113,04 sc/ha. O resultado também foi obtido no estado do Rio Grande do Sul, na cidade de Pinhal Grande. Desta forma, Ceolin também se tornou o campeão nacional de produtividade em áreas irrigadas. Neste ano, a premiação dos campeões do Cesb ocorreu junto à oitava edição do Congresso Brasileiro de Soja, promovido pela Embrapa, na cidade de Goiânia. Mais vencedores Na ocasião, também foram premiados os campeões de produtividade nas demais regiões do país. Na Região Sudeste, o vencedor foi a família Guimarães, da cidade de Serra do Salitre (MG), que colheu 108,96 sc/ha. Nas regiões Norte e Nordeste, o vencedor do Desafio foi

Marcelino Flores de Oliveira da cidade de São Desidério (BA), com 104,4 sc/ha. No Centro-Oeste, a produtora Dilma Aparecida Brito Baron foi a campeã com a marca de 100,44 sc/ha registrada na cidade de Cabeceiras (GO). A 10ª edição do Desafio do Cesb recebeu mais de 5,5 mil inscrições de produtores rurais interessados em colher mais soja na mesma área de plantio. O estado com maior participação foi justamente o Rio Grande do Sul, com 1808 produtores inscritos. Desde a sua criação, o Desafio Nacional de Máxima Produtividade, já recebeu mais de 20 mil inscrições de produtores rurais de todo o país. Em 2018, agricultores de 956 municípios participaram do evento. Plataforma de conhecimento Nos próximos anos, o Cesb pretende contribuir e influenciar ainda mais no aumento da produtividade agrícola nacional. Para isso, iniciou o desenvolvimento de uma plataforma para disseminar esse objetivo, com a sustentabilidade e a rentabilidade dos campeões do Desafio. “O produtor sabe que o campo apresenta riscos e desafios. O nosso comprometimento é ajudá-lo a caminhar pela trilha da alta produtividade”, explica Nery Ribas, presidente do Cesb.

Os campeões do Cesb 2017/2018 Cidade

UF

Produtividade (sc/ ha)

Categoria

Titulação

SARANDI

RS

127.01

NÃO IRRIGADO

CAMPEÃO NACIONAL

GABRIEL BONATO

SARANDI

RS

127.01

VITOR ALEXANDRE CEOLIN

PINHAL GRANDE

RS

113.04

IRRIGADO

CAMPEÃO IRRIGADO

FAMILÍA A. GUIMARÃES

SERRA DO SALITRE

MG

108,96

NÃO IRRIGADO

CAMPEÃO SUDESTE

MARCELINO FLORES DE OLIVEIRA

SÃO DESIDÉRIO

BA

104,4

NÃO IRRIGADO

CAMPEÃO NORTE/NORDESTE

CABECEIRAS

GO

100,44

NÃO IRRIGADO

CAMPEÃO CENTRO-OESTE

Nomes GABRIEL BONATO

DILMA APARECIDA BRITO BARON

18 | Agro DBO – julho 2018

CAMPEÃO SUL


Notícias da terra Agroquímicos

Objetivo é modernizar a legislação, em vigor há 30 anos.

R

eunidos em evento dia 14 de junho último, em São Paulo (SP), dirigentes e autoridades, defenderam que o processo decisório de registro de defensivos agrícolas – hoje dividido entre Anvisa, Ibama e Ministério da Agricultura – seja centralizado na pasta agrícola. A proposta, conforme a deputada federal Tereza Cristina, presidente da Frente Parlamentar de Agropecuária, está no polêmico projeto de Lei na Câmara dos Deputados. As indústrias de agroquímicos, através da Andef, dizem que o processo atual de registro de novos produtos é muito burocrático, chega a demorar mais de 8 anos, enquanto que em outros países se faz esse registro entre 2 a 3 anos. A premissa é seguir padrões internacionais, de acordo com a deputada. Eduardo Leduc, presidente da Andef, afirma que sem previsibilidade e segurança jurídica as indústrias deixam de investir em pesquisas. O argumento central de Leduc é que se demora de 1 a 4 anos para pesquisar uma nova molécula, entre 200 a 300 moléculas analisadas inicialmente. Depois, as indústrias demoram

de 6 a 8 anos com pesquisas laboratoriais e de campo (respeitando os tempos da natureza), para fazer testes de eficácia, estudos toxicológicos e de impactos ambientais, e com isso atinge-se de 8 até 12 anos o desenvolvimento de um novo produto. Se somarmos a isso os 8 anos exigidos pela burocracia governamental apenas para o registro, alcança-se 20 anos, o que é um tempo inadmissível. Com isso, perdem espaço os agricultores e as indústrias. Leduc comparou ainda que os custos de pesquisa primária são de US$ 107 milhões, o custo de desenvolvimento no campo é de US$ 146 milhões, e o de registro de US$ 33 milhões, totalizando hoje US$ 286 milhões para a indústria lançar um produto. Fabrício Rosa, presidente da Aprosoja Brasil, presente no evento, sugeriu a centralização das decisões. Em processo semelhante ao que faz hoje a CTNBio. O professor Edivaldo Vellini argumentou que a agricultura brasileira é muito diversificada, além de ser um ambiente tropical, o que exige ampla diversificação de defensivos, questão que

a legislação atual não reconhece, até porque, para produtos iguais, genéricos, a legislação segue a norma de exigir análises completas, o que atrasa o tempo de registro, desestimulando as indústrias em termos de pesquisas, de um lado, e de outro tornando a vida dos agricultores mais difícil, porque dependem de forma perversa de alguns poucos fabricantes, impedindo a entrada de novos concorrentes.

Soja

Vazio sanitário vai até de 15 setembro

O

vazio sanitário da soja começou 15 de junho no Mato Grosso e segue até o dia 15 de setembro. Durante este período, é proibida a presença de plantas vivas de soja no estado. Os produtores rurais que descumprirem o prazo pagarão multa de 30 Unidades Padrão Fiscal (UPF’s-MT), mais 2 UPFs por hectare de planta não eliminada. As guaxas que nascem às margens das rodovias, na frente ou vizinhas das propriedades rurais, também são de responsabilidade do proprietário. O vazio segue a Instrução Normativa Conjunta nº 002/2015, entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT). De acordo com o Indea, na safra 2017/2018 foram cadastradas 11.787 propriedades. É válido lembrar que durante os 90 dias, além de não poder haver plantas vivas de soja, as guaxas (germinação voluntária), também é considerado proibido pelo Indea o plantio da soja, cabendo multa a quem infringir a norma. julho 2018 – Agro DBO | 19


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Safra cheia, bolso idem. Com produção 28% maior, demanda aquecida e dólar valorizado, os cotonicultores brasileiros podem lucrar mais de R$ 4 mil/ha neste ano. Ariosto Mesquita

A

brisa fria de outono, o céu nublado e o solo branco sugerem um ambiente mais europeu do que tropical em pleno Centro-Oeste brasileiro. A lavoura de algodão está pronta para a colheita. Aos poucos, as máquinas entram em campo e começam a rasgar o enorme tapete de plumas, extraindo e embalando a fibra em enormes fardos de 2,2 mil quilos. A cena, documentada pela Agro DBO na Fazenda Catléia, em Chapadão do Sul (MS), no dia 8 de junho, marcou o início da retirada da safra 2017/18 no norte do estado do Mato Grosso do Sul, que, juntamente com o sul de Goiás, formam o terceiro maior polo produtor de algodão do país, com mais de 63 mil hectares cultivados, atrás apenas dos “gigantes” Mato Grosso (777,8 mil ha) e Bahia (265 mil ha). 20 | Agro DBO – julho 2018

Este ano, além do show visual, a cotonicultura brasileira vive a expectativa de uma grande produção – perto de dois milhões de toneladas de plumas (28% superior à safra anterior) e de uma alta rentabilidade para os produtores, graças a um mercado internacional sedento pela fibra, embalado pela retomada da demanda asiática comandada pela China e pela alta cotação do dólar, favorecendo as exportações brasileiras. Até meados de junho, os preços se mantinham em alta, trazendo boas perspectivas para o bolso do produtor. Estimativas da Ampasul – Associação Sul-Mato-grossense de Produtores de Algodão, indicam que a lucratividade por hectare na safra em curso pode atingir níveis próximos a R$ 4.200. No mês passado, a cotação da arroba no Centro-Oeste girava em torno de R$ 120.


Fotos: Ariosto Mesquita

Quem é do ramo sabe que o mercado algodoeiro é cíclico. Na Catléia, por exemplo, o clima é de euforia contida, enxuta, bem pé no chão. A propriedade integra o Grupo JCN, que cultiva algodão desde 1997 e que plantou, no atual ciclo, 14,5 mil hectares em quatro propriedades: duas no Mato Grosso do Sul e duas no vizinho Mato Grosso. Considerando uma produtividade média prevista de 120 arrobas por hectare, a empresa espera colher perto de 26 mil toneladas de plumas nesta safra. Só na Catléia (6,4 mil hectares de área total), são 3,6 mil hectares cultivados. Por questões estratégicas, a propriedade não se limita a uma única atividade produtiva. Também cultiva soja na safra de verão (2,68 mil hectares) e milho na segunda safra (2,37 mil ha). “Nosso trabalho é focado em

Elson Esteves, no meio do algodoal: “A área de soja é maior, mas a pluma remunera mais”.

julho 2018 – Agro DBO | 21


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um sistema integrado. O preparo de solo, por exemplo, sempre é feito pensando nas três culturas. Todas em cultivo direto e rotacionado”. O carro-chefe da empresa, no que se refere à área plantada, é a soja, com 23,5 mil hectares cultivados nas quatro propriedades, mas o orçamento e o faturamento são maiores no algodão. Em termos comparativos, a relação de lucratividade hoje seria de dois para um”, revela Elson Aparecido Esteves, gerente-geral de agricultura do Grupo JCN no dois estados (a empresa também trabalha com bovinocultura de corte no Mato Grosso e café em São Paulo). A alternância de plantio de três culturas (em modo rotacionado) garante, segundo ele, maior fluxo de caixa e melhor sanidade no campo: “Plantando só algodão teríamos de esperar oito meses para começar a ver dinheiro. A soja é colhi-

Colheita na Fazenda Catléia, em Chapadão do Sul (MS).

da 100 dias depois de colhida”, compara. Na Catléia, soja e algodão são culturas de verão, plantadas alternadamente, em sistema rotacionado, com o milho entrando como cultivo de segunda safra. “Nesse sistema, o solo agradece. O nematoide de cisto, por exemplo, é um complicador na soja. Mas quando entramos com o milho e com o algodão, culturas que nematoide não parasita, cortamos a disponibilidade de alimento para a praga e conseguimos segurar a população”. A aposta nos três cultivos também otimiza custos para a propriedade, segundo Esteves: “Usamos as mesmas plantadeiras, pulverizadores e adubadores, mantendo a estrutura em funcionamento, assim como a utilização da mão de obra o ano todo”. Quando percebe talhões não tão bem estruturados, ele suspende a rotação com soja e milho e planta milheto no curto intervalo entre as safras de algodão. A planta, segundo o gestor, tem alta capacidade de ciclagem de nutrientes, desenvolvimento rápido e elevada produção de palha: “O milheto germina no início de outubro e, já no final de novembro, nós o dessecamos para plantar algodão sobre a biomassa que fica”. Nos últimos anos, a Fazenda Catléia vem trabalhando também com insumos biológicos para reestruturar organicamente as terras mais desgastadas. “Estamos usando produtos naturais para controlar nematoides, mas sabemos que é um processo longo fazer com que o solo volte a ser o que era. É coisa para oito a 10 anos”, estima. Com experiência de 13 anos trabalhando com algodão no Grupo JCN, Esteves sabe que a volatilidade neste mercado tende a ser mais intensa do que na soja. “Infelizmente, quem planta e quem consome não ditam totalmente os preços. Nesta relação também estão os fundos que costumeiramente entram no mercado adquirindo algodão para venda posterior. Usam o produto como moeda, de forma especulativa”, lamenta. Para conter efeitos nocivos de eventuais flutuações e,

Mercado aquecido De acordo com o 9º levantamento de safra da Conab, divulgado em 12 de junho deste ano, a área plantada com algodão no Brasil cresceu 25,2% na safra em curso, em relação à do ciclo anterior (2016/17), saltando de 939,1 mil para 1.176 mil hectares. A produção de algodão em pluma deve crescer ainda mais: 28,1%. A estimativa da companhia indica que a produção nacional pode chegar a 1,9 milhão de toneladas este ano, contra 1,5 milhão de toneladas colhidas em 2017. Comparada à produção de pluma

22 | Agro DBO – julho 2018

de algodão há quase 10 anos (1,2 milhão de toneladas no ciclo 2008/9), o crescimento foi de 61,5%. Segundo cálculo da Abrapa – Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, serão necessários 62 mil caminhões este ano para transportar a produção brasileira até as indústrias processadoras nacionais e aos portos, para exportação. E, se depender da China, estes números podem aumentar bastante na próxima safra (2018/19). O país asiático já foi o maior importador de algodão do mundo. Suas compras ca-

íram de mais de cinco milhões de toneladas em 2012 para, aproximadamente, um milhão de toneladas no ano passado. Porém, com o enxugamento de suas reservas e o aumento da demanda interna, os dirigentes chineses anunciaram no mês passado a intenção de elevar o nível de suas importações, emitindo novas cotas para aquisições externas. A expectativa de especialistas, produtores e tradings é de que a China manterá o mercado aquecido em 2019, abrindo novas oportunidades para os brasileiros.


Os cotonicultores alertam: a cultura exige muitos investimentos e atenção redobrada. Não aceita erros, não é lugar para aventureiros. através de planejamento, assegurar alguma estabilidade nos preços, a maiar parte da produção do grupo é negociada no mercado futuro. Neste ano, com o dólar em alta, o gestor já fechou negócios para as próximas safras, travando o preço com base na moeda norte-americana. “Para nós, este bom momento do algodão deve durar pelo menos mais dois anos. Temos contratos fechados para 2019 e alguma coisa também para 2020. Para a safra 2018/19, cerca de 70% do algodão já está comercializado e isso não é apenas uma realidade nossa. É um espelho do que acontece nacionalmente”, explica. Cultura exigente Diante de um quadro de alta, é normal que a área plantada com algodão se eleve no Brasil. Na temporada 2017/18, o aumento foi de 25,2% em relação à anterior, de acordo com o último levantamento de safra da Conab. O gestor do grupo JCN faz, entretanto, um alerta: “Não aconselho aventureiro nenhum a entrar no algodão. É uma atividade que exige extrema tecnificação e muito investimento. Quem chegar tem de estar preparado para ficar em definitivo, enfrentando momentos bons e difíceis”, afirma, usando a própria estratégia do grupo como justificativa: “Quando o mercado cotonicultor se complica um pouco, a empresa mantém seu espaço médio cultivado; quando o quadro evolui um pouco, aumentamos a área plantada entre 10% e 15%, sempre alternando com a soja. Assim, mantemos resultados financeiros e não levamos sustos”. O gaúcho Adão Hoffmann, diretor-executivo da Ampasul – Associação Sul-Mato-grossense dos Produtores de Algodão, faz coro com Esteves: “A cotoni-

Algodoeira do Grupo JCN no município de Chapadão do Sul.

Amostras de algodão para classificação na Ampasul e Hoffman, com o indefectível chimarrão: “Estamos trabalhando para aumentar a área plantada no estado”.

cultura exige muito do produtor e não aceita erros. A equipe técnica tem de ser muito bem qualificada e isso é bom. Quem for bem no algodão também será bom em soja, commodity que possui maior estabilidade de mercado e comercialização mais facilitada”. A diferença de investimentos exigidos entre as duas culturas, no entanto, é grande. “Na soja, o produtor tem de desembolsar em torno de R$ 3 mil por hectare. No algodão este gasto sobe para algo perto de R$ 9 mil/ha a cada safra”, avalia. A compensação, segundo ele, pode vir da margem que é possível obter. “Na soja, produzindo 70 sacas/ha com remuneração de R$ 70 por saca, a receita bruta chega a R$ 4,9 mil/ha, garantindo uma lucratividade final de R$ 1,9 mil/ha, equivalente a 27 sacas. No algodão, uma produtividade de pluma na casa de 120@/ha a um preço da @ em R$ 110 proporciona

julho 2018 – Agro DBO | 23


Capa

faturamento bruto de R$ 13,2 mil/ha. Mesmo com o altíssimo custo de produção de R$ 9 mil/ha, o lucro será de R$ 4,2 mil/ha, o equivalente a 60 sacas de soja”. Segundo Hoffmann, poucos cotonicultores da região colhem abaixo de 120 arrobas por hectare. As exigências do algodão não terminam, porém, na colheita. O que vem depois, segundo Hoffmann, é muito complexo e exige dedicação do produtor: “Ele tem de levar o produto a uma algodoeira para o processo industrial de beneficiamento, fazer em seguida a classificação de qualidade, separar os lotes e providenciar a destinação para o mercado adequado”. Na chamada “Região dos Chapadões” (norte do MS e sul de GO), a Ampasul oferece o serviço de classificação em seu laboratório, que tem capacidade para avaliar 6 mil amostras/dia a um custo

Fardos de algodão de 2.200 quilos de peso médio. O custo de produção é alto, mas a rentabilidade compensa.

de R$ 2,30 por amostra. Com uma altitude média de 900 metros acima do nível do mar e um clima sujeito a temperaturas baixas a partir de abril e maio, além de dias mais curtos, os municípios de Chapadão do Sul, Costa Rica e Alcinópolis – onde se concentra a maior parte dos quase 30 mil hectares plantados no Mato Grosso do Sul – exigem antecipação do cultivo do algodão como safrinha, em relação ao vizinho Mato Grosso. “Nossa janela é bastante limitada. Temos de semear soja no finalzinho de setembro e comecinho de outubro, torcer para chover e fazer a colheita até o início de janeiro. Usa-se soja precoce, de ciclo mais curto e, por isso mesmo, menos produtiva. Algo em torno de cinco a sete sacas a menos. O algodão em geral vai bem se plantado até 30 de janeiro. Caso a semeadura aconteça dentro de fevereiro terá seu crescimento limitado

O diretor do IMAmt, Álvaro Salles, admite que as janelas curtas entre cultivos e o plantio sistemático em sucessão no estado do Mato Grosso são motivos de críticas com relação ao risco de esgotamento do solo e disseminação de pragas: “O ideal é que os produtores se concentrem em sistemas de plantio rotacionado, envolvendo outras culturas”, recomenda. Como compensação, a tecnologia vem suprindo e minimizando riscos de prejuízos financeiros. Para a safra 2018/19, o IMAmt pretende disponibilizar a variedade 5801 B2RF, desenvolvida em seu campo experimental, em Primavera do Leste (210 km a leste de Cuiabá). “Esta cultivar é totalmente resistente aos nematoides de galhas e à ramulária”, garante. A infestação do nema-

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toide de galhas (Meloidogyne incognita) é considerada um dos fatores de contenção da produtividade agrícola. Sua ação pode provocar necrose das plantas, murchamento ou desfolha, galhas ou rachaduras na raízes (ao lado, raiz de algodoeiro com danos causados pelo parasita), dificultando a penetração no solo a partir da camada entre 10 e 20 cm da superfície. A mancha de ramulária, também conhecida como falso oídio ou mancha branca, é provocada pelo fungo Mycosphaerella areola, capaz, conforme estudos, de reduzir a produtividade da lavoura em até 35%. Segundo o diretor do IMAmt, as duas pragas podem onerar o agricultor em mais de US$ 100/ha, exigindo entre oito e nove aplicações de agroquímicos por safra.

Wirton Coutinho

Guerra aos nematoides


O sistema de produção soja-milho em sucessão está se esgotando, abrindo espaço para o cultivo rotacionado de grãos com algodão. em função da redução da irradiação solar a partir de abril, com os dias mais curtos”, explica. Além da expectativa de elevar em pelo menos 15% a área plantada com algodão nos Chapadões no ciclo 2018/19, a Ampasul está trabalhando em uma ofensiva no centro-sul do Mato Grosso do Sul. A ideia é que municípios como Sidrolândia, Maracaju e Dourados retomem a cultura. Em passado recente, a região ajudou o estado a chegar perto dos 100 mil hectares cultivados com a fibra. “Faltou evolução na genética. Por lá só se trabalhava com duas variedades e, quando o milho surgiu como opção para a safrinha, o agricultor abraçou o cereal. Era menos trabalhoso e havia expectativa de boas produtividades. Há mais de 10 anos só se planta por lá soja e milho em sucessão e o produtor sabe que isso está fadado ao fracasso. A margem de resultado sobre o milho vem diminuindo. Estão sobrando somente entre cinco e oito sacos por hectare como remuneração. Os próprios agricultores vêm alegando que a sucessão soja-milho está diminuindo a produtividade geral com o esgotamento do solo e tornando inviável o sistema. Queremos, portanto, recolocar o algodão como uma opção para rotação de cultura”. A proposta da Ampasul, apresentada em reuniões nas regiões produtoras do estado, é de que o agricultor não cultive a fibra como safrinha. “A ideia é que ele cubra 10% da área destinada à safra de verão com algodão. Com o tempo, este espaço pode chegar a 30%, deixando 70% da área para a soja e o milho para a segunda safra. A cada ciclo os espaços seriam alternados entre soja e algodão, proporcionando melhores resultados e economia para o produtor”. Hoffmann lembra que a carga de insumos nutricionais exigida pelo algodão é alta, apesar de a planta não extrair tudo: “A soja entra no residual, obtém uma boa produtividade e o agricultor economiza na adubação. Ela varia de caso a caso, mas é significativa. O sistema também ganha em qualidade de enraizamento, de palhada, na quebra de ciclo de pragas e na redução da incidência de doenças”. Trunfos mato-grossenses Com clima mais quente, comparativamente ao do Mato Grosso do Sul, e pouca variação de fotoperíodo (duração do dia em relação à noite) ao longo do ano, o Mato Grosso consegue manter a safra de soja (verão) mais tempo no campo e esticar a segunda safra de algodão ao longo do inverno. Este é um dos trunfos do estado, hoje o principal produtor do Brasil. A previsão da Ampa – Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão é de uma produção de 1,3 milhão de tonela-

Clima mais quente e dias mais longos (maior período de insolação) favorecem a cultura no Mato Grosso, em relação ao seu vizinho do Sul.

das de pluma em 783 mil hectares. Segundo a entidade, 83% do plantio foi feito como segunda safra, após a retirada da soja. “Grande parte de nossa produção está concentrada nas regões médio-norte e noroeste. O maior núcleo de algodão é o município de Sapezal, com cerca de 20% do que é cultivado no estado”, diz Álvaro Salles, diretor-executivo do IMAmt – Instituto Mato-Grossense do Algodão, órgão técnico ligado à Ampa. Segundo Salles, a soja é semeada entre setembro e outubro e colhida, em sua maioria, até o final de janeiro. O algodão segunda safra entra na mesma área ao longo de fevereiro, com o forte da colheita se concentrando entre agosto e setembro. A opção de muitos pela safrinha de algodão em detrimento do milho tem, de acordo com o executivo, uma justificativa econômica, desde que corretamente cultivado e cercado do devido apoio tecnológico: “Atualmente, o faturamento bruto com o milho no Mato Grosso pode chegar à casa de R$ 1.500/ha, valor que corresponde ao faturamento líquido médio atual com o algodão por grande parte dos produtores. E quando o cotonicultor acerta na mosca, dependendo do preço da fibra no mercado, sua lucratividade pode atingir patamares superiores a R$ 4 mil por hectare”. julho 2018 – Agro DBO | 25


Safra

O juro é barato, mas vai faltar crédito na agricultura familiar. Como sempre, o crédito rural tem críticas, e neste ano nada mudou. O dinheiro é curto, o juro vai subir e vai ter marketing. Richard Jakubaszko

O

Carlos Aguiar diretor de Agronegócio do Santander

governo federal lançou no início de junho o Plano Safra 2018/19. O programa define o volume de crédito e as taxas de juros para os produtores rurais, da agricultura familiar e da empresarial. Serão R$ 194 bilhões de reais aplicados entre julho de 2018 e junho de 2019. Os juros serão mais baixos, e o montante é maior que o mobilizado, conforme imposição do governo. Mesmo assim, o valor ainda é insuficiente

26 | Agro DBO – julho 2018

para o setor, conforme reclamaram inúmeras lideranças do agro, fato que o ministro Blairo Maggi reconhece, esclarecendo que “o agro demanda R$ 400 bilhões ao ano, e isso é o dobro daquilo que o governo vai disponibilizar no chamado crédito agrícola, para custeio e investimento”. Maggi esclarece que a diferença será coberta por entidades de crédito não oficial a juros negociados com os bancos, e por recursos próprios dos produtores rurais. Agro DBO conversou com o engenheiro Carlos Aguiar, que é diretor de Agronegócios do Banco Santander há pouco mais de 3 anos. Conforme Aguiar, o juro de 7% para custeio e investimento será aplicado aos produtores da agricultura familiar. Já para a agricultura empresarial os juros começam em 9% a.a. Portanto, todos os juros estarão acima da taxa Selic, pois o Copom – Conselho de Política Monetária, órgão do Banco Central, decidiu em reunião do dia 20 de junho último manter essa taxa em 6,5% ao ano, o nível histórico mais baixo já registrado. Dentro do chamado crédito oficial para a agricultura familiar o subsídio será de 0,5% ao ano, através de equalização do Tesouro Federal, pois os bancos públicos e privados retiram esse montante do Depósito Compulsório recolhido ao Banco Central, antes de 34% e agora de 30% aplicados sobre os depósitos em conta-corrente. Para a agricultura empresarial os juros serão de 9%, sem a equalização, porque é

um valor acima da Selic atual. Esse percentual, conforme explica Carlos Aguiar, deve ser maior do que a taxa de captação de dinheiro paga pelos bancos particulares, hoje em torno de 8% a.a. Cooperativas O Plano Agrícola e Pecuário 2018/19 anunciado pelo governo federal foi considerado tímido pelo setor cooperativista em relação à queda nas taxas de juros. A redução ficou em torno de 1,5% em relação à safra passada. Segundo o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, em relação à inflação os juros poderiam ser menores, lembrando que os bancos já praticavam percentuais menores que os propostos para credores com pequeno risco e altos volumes, inclusive bem abaixo do que os juros do crédito rural do ano passado. “Isso é uma novidade no Brasil, porque talvez seja uma das primeiras vezes que acontece, ou seja, os juros de mercado propostos para algumas empresas e, especialmente para as cooperativas, mais baratos que os juros controlados do crédito rural”, observa ele. Do total de R$ 194,3 bilhões disponibilizados para a safra, a frustração, de acordo com Pires, ficou por conta do valor para a subvenção ao seguro rural, de R$ 600 milhões. O dirigente reforça que houve um crescimento de menos de 10% na


O custo do crédito para o tomador final urbano, por exemplo, representado por empresas e pessoas físicas, continua bastante alto, respondendo muito pouco à redução dos juros básicos e dificultando a retomada do crescimento econômico. Conforme José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, “o BC é peça-chave na solução do problema. Deveria incentivar a concorrência bancária com a rápida adoção do cadastro positivo, com incentivos às empresas que usam a internet para concessão de crédito – as chamadas fintechs – e com a atração de novos bancos para operar no país”.

comparação com o ano passado. “A expectativa era de que fosse anunciado, no mínimo, R$ 800 milhões. O seguro rural é uma política pública muito interessante para o setor, pois é determinante até para o governo por se tratar de um bom investimento, uma vez que diminuem bastante as prorrogações, os acertos de contas com os produtores depois, quando ocorrem os problemas”, salienta. Pires, no entanto, enfatiza que o valor anunciado para o Plano Safra é equilibrado. “O setor agropecuário foi muito demandante de crédito nos últimos anos, então, talvez tenha sido mais prejudicado pela seletividade do que pelo volume de recursos. Acredito que esse plano terá uma aceitação interessante no mercado por existir um período represado. No ano passado tivemos uma inflação muito baixa e um juro alto, o que represou um pouco os investimentos. Hoje, os investimentos de necessidade primordial terão que ser feitos nesses patamares apesar da expectativa de que os juros cairiam mais fortemente”, sinaliza. Carlos Aguiar, do Santander, resume a questão num raciocínio simples: “a realidade é que apesar de o governo ter anunciado mais subsídio

de seguro, mais volume de dinheiro disponível e a juros mais baratos, a verdade é que tem menos dinheiro, tendo em vista que o compulsório dos bancos passou de 34% para 30%. O dinheiro vai acabar rápido, e com isso os retardatários nas solicitações de créditos terão de pagar taxas de juros superiores àquelas pagas pelos bancos na captação de volumes financeiros no mercado”. Outra verdade, admitida pelo mercado financeiro, é que o planejamento do Plano Safra ocorreu num momento em que havia certa estabilidade no país em termos de inflação e de perspectivas de o país voltar a crescer, mas a situação política e econômica se deteriorou bastante depois da greve dos caminhoneiros, tudo isso em ano de eleições indefinidas, o que deixou os agentes financeiros em polvorosa, e explica a desestabilização a partir de junho, depois do anúncio do Plano Safra, pois as bolsas caíram e o dólar foi valorizado, o que aumentou o risco dos empréstimos. Crédito ao consumidor urbano continua muito alto O cenário parece e é complicado. Não apenas para a agricultura.

Agência Agro de Primavera do Leste (MT)

Seguro agrícola O seguro agrícola, de acordo com Carlos Aguiar, do Santander, continua o mesmo. O produtor rural vai pagar de 4% a 7% de seus investimentos pelo seguro normal, sem considerar o seguro de renda, que tem percentual mais elevado, a partir de 7%. Questionado sobre as razões de o seguro agrícola no Brasil não decolar, mesmo com o subsídio do governo federal, Aguiar aponta, de um lado, a falta de cultura e tradição do brasileiro de fazer seguro, e, de outro lado, a carência de informações oficiais para que as seguradoras possam calcular as chamadas taxas de risco. Aguiar exemplifica que, “no Brasil existem 300 pluviômetros, enquanto que nos Estados Unidos a quantidade é de 20 mil”. E explica, “sem dados oficiais sobre os períodos microrregionais de seca e de chuvas é muito difícil calcular o risco”. Ao mesmo tempo, conforme Aguiar, o seguro rural, se ocorrer uma quebra individual de 10% na safra, por seca, excesso de chuvas ou pragas, nem adianta o produtor reclamar o seguro, porque ele entra na faixa de carência. E isso afasta o produtor rural da vontade de fazer o seguro, até porque, ele se candidata a fazer o seguro quando contrata o crédito agrícola, mas sem saber se haverá o julho 2018 – Agro DBO | 27


Safra “No seguro, sem dados oficiais sobre os picos microrregionais de seca e de chuvas é muito difícil calcular a taxa de risco.” subsídio por parte do governo. “Se o subsídio estiver com os recursos oficiais esgotados o produtor terá de pagar o seguro de forma integral”, explica. Todo o cenário nacional complicado, mas altamente competitivo no mercado financeiro, obriga aos bancos, inclusive aqueles vinculados ao sistema cooperativista, a praticarem muito marketing agressivo para conquistar o produtor rural como usuário de seus serviços. Para estar fisicamente mais próximo do produtor rural, o Santander, desde janeiro de 2017 inaugurou 16 espaços de negócios totalmente voltados ao Agronegócio, as chamadas “lojas Agro”. As cidades escolhidas pelo Santander foram Cristalina (GO), Naviraí (MS), Posse (GO), Campo Novo do Parecis (MT), Canarana (MT), Paragominas (PA), Balsas (MA), Primavera do Leste (MT), Unaí (MG), Maracaju (MS), Redenção (PA), Alta Floresta (MT), Mineiros (GO), Nova Mutum (MT), Vilhena (RO) e Chapadão do Sul (MS). Há previsão de abertura de mais seis a dez agências especializadas até o final de 2018. As lojas são dedicadas totalmente ao atendimento ao produtor rural com uma estrutura de atendimento em horários

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pré-agendados, composta por um gerente-geral, dois gerentes comerciais, mas sem a presença de caixas. O Santander não fala em números de clientes, mas os espaços especializados vêm apresentando um ótimo desempenho e o sucesso do modelo de negócios e a forte demanda têm transformado algumas das lojas em uma agência completa, como é o caso de Campo Novo do Parecis, Vilhena e Alta Floresta, em Mato Grosso. Além das lojas Agro, o banco possui 300 agências vocacionadas ao setor, distribuídas por todo o país. Nesses locais, os produtores são atendidos por gerentes especializados e contam com a assessoria de agrônomos. O reforço no atendimento ao Agronegócio fez com que o Santander tenha sido o banco que mais cresceu na concessão de créditos ao agronegócio. A carteira de crédito ampliada (que considera Recursos Obrigatórios e Livres, BNDES, Funcafé e os títulos CPR e CDCA) teve um aumento real de 122% entre 2015 e março de 2017, chegando a R$ 14,23 bilhões. Somente em 2017, quando o montante atingiu R$ 13,03 bilhões, o crescimento foi de 42% ante 2016. A participação de mercado do Santander no crédito ao agronegó-

cio, segundo ranking da Febraban, saiu de 2,29%, em 2015, para 3,22%, em 2016, e subiu para 4,64%, em 2017. Em abril, dado mais recente, o porcentual era de 4,95%. Prêmio Novo Agro Durante a Agrishow 2018, o Santander divulgou o “Prêmio Novo Agro”, uma forma de reconhecer e valorizar as atitudes e espíritos empreendedores do produtor rural brasileiro. As inscrições vão até o dia 30 de junho por meio do site www.premionovoagro.com.br A iniciativa é uma parceria com a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, a Esalq/USP. Poderão participar desde os pequenos produtores até os de médio e grande porte e que tenham iniciativas que se encaixam nas seguintes categorias: Empreendedorismo, Sustentabilidade, Inovação e Mulher na Gestão. “Queremos evidenciar as boas práticas do agronegócio brasileiro em suas variadas culturas pelos esforços do pequeno, médio e grande produtor. Vamos conectar histórias dos ambientes rural e urbano e reconhecer as ações que disseminam conhecimentos que contribuem para a evolução do setor”, diz Carlos Aguiar, diretor de Agronegó cios do Santander.



Integração

Desafios do agro O autor identifica a necessidade de parcerias entre agricultores e pecuaristas, através da ILP, para prover sustentabilidade. Rogério Arioli Silva*

E

* O autor é engenheiro agrônomo e produtor rural em Mato Grosso

m recente evento sobre as perspectivas futuras da pecuária, promovido pelo INPI (International Plant Nutrition Institute) evidenciaram-se as profundas modificações que afetarão a criação de gado como atividade nos próximos anos. Algumas delas serão comentadas a seguir, com o intuito de antecipar tendências, e alertar agricultores e pecuaristas dos desdobramentos desta nova realidade. O primeiro dado intrigante mostra que é muito provável que aproximadamente 40% dos atuais pecuaristas serão excluídos ou desistirão da atividade em pouco mais de uma década. Isto não acarretará diminuição na produção de carne, no entanto. Esta produção continuará crescendo com menos produtores, menos áreas destinadas às pastagens e menor rebanho. Um dos motivos desta tendência é que faltam sucessores, além de funcionários treinados para prosseguirem nesta atividade, na medida em que ela se intensificará incorporando novas tecnologias. É cada vez mais raro, por exemplo, que filhos de funcionários estejam sendo treinados para seguirem na atividade de seus pais, demonstrando um vácuo na qualificação da mão de obra. Outro aspecto discutido demonstra que 44% dos atuais pecuaristas não conseguem pagar o COT (Custo Operacional Total) apenas o COE (Custo Operacional Efetivo). Traduzindo: não conseguem pagar os custos totais da atividade, o que significa descapitalização a

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cada ano. É como uma escada que se desce alguns degraus a cada ano, ficando cada vez mais difícil iniciar o caminho inverso. A falta de intensificação da atividade através da aplicação de tecnologia (já existente) é o principal motivo desta descapitalização. Esta também afeta indiretamente a qualificação da mão de obra, pois quem ganha pouco paga pouco, não conseguindo, consequentemente, manter os melhores funcionários. É o que se convencionou chamar de “ciclo da pobreza”, uma definição forte, porém verdadeira.

Historicamente se sabe que os pecuaristas não gostam de contrair dívidas, porque é uma atividade de retorno financeiro de médio prazo, de 3 a 4 anos. Some-se a isso o fato de as linhas de crédito destinadas à pecuária serem escassas e não contemplarem suas reais necessidades ao oferecerem juros e prazos de maturação incompatíveis com o setor. Práticas relativamente comuns possuem baixa adesão pela maioria dos pecuaristas brasileiros. Adubação de pastagens, suplementação proteico energética, melhoria genética, inseminação


artificial, IATF (inseminação artificial em tempo fixo) são práticas que, apesar de serem adotadas em maior grau a cada ano, ainda estão longe de se popularizar. A IATF, por exemplo, que objetiva antecipar o ganho genético do rebanho, melhorando as deficiências da inseminação artificial tradicional é utilizada em apenas 8% das 79 milhões de vacas do rebanho brasileiro. Outro dado interessante apresentado no evento diz respeito à limitação financeira de quem resolve intensificar o uso de tecnologias na pecuária. Para quem decide investir R$ 1,00 na adubação e no pastejo rotacionado são necessários R$ 7,00 de investimentos na aquisição de animais para que haja resposta em rentabilidade. A decisão, portanto, deve começar em apenas uma parte da

propriedade para que não se perca no meio do caminho. Para isto é preciso assessoria especializada, e aí existe outro gargalo que significa uma quebra de paradigmas: mudar o que se vem fazendo há muito tempo aderindo a práticas novas e desafiadoras. É voz corrente a assertiva de que é mais fácil um agricultor virar pecuarista do que o inverso acontecer. Todavia, a conclusão é que ambos precisam absorver novas tecnologias de modo a garantir uma permanência duradoura na atividade. A vida do pecuarista tradicional normalmente é mais longa do que a do agricultor pouco tecnificado, em função da diferença no ciclo de tempo das duas atividades, entretanto, também chegará um tempo em que a demora em absorver o pacote tecnológico comprometerá a ambos.

Para o pecuarista que não se sente em condições de aderir às mudanças, uma das saídas é buscar parcerias com agricultores eficientes que demandam mais área para produzir. Isto será uma tendência futura que poderá minimizar o impacto para aqueles pecuaristas que não se modernizarem. A ILP - Integração Lavoura– Pecuária é um dos caminhos mais seguros e comprovados no intuito de melhorar e conferir sustentabilidade a estas duas atividades complementares. Os investimentos em fertilização de solo na pecuária têm seu impacto financeiro minimizado pelo fornecimento de nutrientes residuais das áreas de lavouras já corrigidas. Estas, por sua vez, beneficiam-se nos aspectos físicos e biológicos que a entrada de pastagens e animais promovem nos solos explorados.

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Solo

Plantas indicadoras A percepção humana da Dra. Ana Primavesi, em observação da natureza, indica que as plantas “falam” sobre a sua existência.

Cravo-de-defunto (Tagetes erecta): Indica nematoides que ele consegue matar com suas excreções radiculares

A

* o autor é engenheiro agrônomo e pesquisador aposentado da Embrapa, doutor em Solos e Nutrição Vegetal.

caba de ser relançado um livro de Ana Primavesi, sobre uma ferramenta técnica para identificar, de modo visual, se está ocorrendo algum manejo deficiente do solo, para se alcançar produtividade contínua e sustentável da cultura econômica; a interpretação da ocorrência de “Algumas plantas indicadoras: como reconhecer os problemas de um solo”. Este texto, embora tenha sido escrito inicialmente nos anos 60 e 70, relançado de forma ampliada em 2004, para identificar problemas de solo em pastagens naturais e lavouras conduzidas de maneira tradicional, no início da revolução verde, também tem sua validade atualmente, na agricultura conservacionista, agricultura de precisão ou digital, desde que se utilize solo como substrato, em sistemas de agricultura familiar ou em agricultura de escala.

32 | Agro DBO – julho 2018

JOÃO MEDEIROS/CC-BY 2.0

FOREST & KIM STARR/CC-BY-3.0

PSUMUSEUM/CC-BY-SA 4.0

Odo Primavesi *

Amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla): deficiência de molibdênio

Joá-bravo (Solanum palinacanthum e S.viarum): deficiência de cobre

Assim como a identificação visual de deficiências agudas de nutrientes nas folhas de plantas (texto relançado: Deficiências minerais e culturas, junto com “A Biocenose do solo na produção vegetal”), e que posteriormente podem ser confirmadas de maneira mais exata por análises de solo ou foliar, a identificação da ocorrência de plantas indicadoras pode ser um procedimento rápido para tomada de decisões. Tem-se notícia de as plantas indicadoras serem as próprias culturas de valor econômico, como a de cevada que produzia bem em áreas de plantio de trigo, degradadas pela salinização por causa do processo de irrigação no tempo dos babilônios, no Oriente Médio. Conhece-se a escada decrescente de exigência de forrageiras, iniciando pelo napier e colonião (com necessidade saturação por bases em torno de 60%), caindo para braquiária (com

saturação por bases em torno de 40%), capim gordura, e finalmente sapé e samambaia (condições ácidas e álicas), indicando o grau de fertilidade do solo ou seu pH (grau de acidez). Assim, além do grau de fertilidade, as plantas indicadoras podem apontar a deficiência de algum nutriente essencial, por carência real (como de boro, por falta de matéria orgânica) ou induzida (por adubação unilateral de algum nutriente, como de cobre, por excesso de N, ou de manganês por excesso de calagem, ou de zinco por excesso de fósforo). Assim, a deficiência de micronutrientes e também de magnésio e de enxofre pode ser induzida por aplicações unilaterais de NPK e calagem. Esses problemas podem ser mais comuns em nossas condições onde os solos, por natureza mais antigos e lixiviados (exceto os de altitude e os da região árida do nordeste), e


ODO PRIMAVESI

PICCOLONAMEK/RASBAK/CC-BY-SA 3.0 CC-BY-SA 3.0

Corda-de-viola (Ipomoea purpurea): demonstra baixo teor de K e relação K/B (entre 50 a 100)

que tinha a vantagem de romper o encrostamento superficial (permitindo a entrada de água das chuvas e de ar; o que os herbicidas não fazem), e atualmente pelo controle químico que vem resultando na resistência às moléculas mais utilizadas e eficazes inicialmente. Procurando-se pelas características ecofisiológicas de cada uma das invasoras resistentes a herbicidas, encontram-se alternativas de mane-

to ou de compactação superficial e subsuperficial, neste caso limitando ainda o desenvolvimento radicular (o intestino e os pulmões das plantas) em profundidade. As plantas indicadoras em geral são nativas ecótipos, mais adaptadas às condições do solo natural, podem transformar-se em plantas chamadas invasoras, que antigamente se combatia com o cultivo mecânico ou escarificação do solo, J. M. GARG/CC-BY 3.0

HUGO.ARG/GFDL

Picão-branco (Galinsoga parviflora): nitrogênio em relação a cobre, e falta de cálcio em solo arenoso

Caruru (Amaranthus viridis): presença de matéria orgânica (e boro)

“Algumas plantas são indicadoras de como reconhecer os problemas de um solo”.

CWMHIRAETH/CC-BY-SA 4.0

os arenosos, apresentam deficiência multielementar, agravado pela deficiência de matéria orgânica no solo (que provê o solo com nutrientes e com cargas elétricas que podem reter os cátions, ou com quelados, que facilitam a absorção pelas plantas). As deficiências específicas de nutrientes também podem ser geradas ou agravadas por monocultivos (plantas são especializadas em extrair determinados nutrientes, que depois vão faltar para o mesmo cultivo seguinte, como falta de cálcio e de magnésio e excesso de potássio após soja, com CTC de raiz maior; condição melhor para gramíneas, com CTC de raiz menor, mais especializadas em absorver potássio; assim, as rotações de cultivos evitam excessos e deficiências extremas, e que prejudicariam os cultivos comerciais, beneficiando assim as invasoras). As plantas indicadoras também revelam a presença ou não de matéria orgânica, essencial para elevadas produtividades e maior eficácia dos insumos aplicados, bem como condições de aeração (oxigênio) do solo, importante para o aproveitamento adequado da energia disponível, e que pode ser limitada por má drenagem ou água estagnada continuamente ou periodicamente, ou por condições de adensamen-

Nabiça (Raphanus raphanistrum): indica deficiência em boro e manganês

Carrapicho-de-carneiro (Acanthospermum hispidum): indicam baixos teores de cálcio

julho 2018 – Agro DBO | 33


ODO PRIMAVESI

RASBAK/CC-BY-SA 3.0

ODO PRIMAVESI

Solo

Humidícola (Brachiaria humidicola): indicam baixos teores de cálcio

Capim amargoso (Digitaria insularis): indica erosão subterrânea, com água estagnada após chuvas

jo ambiental similares aos que os textos de Ana Primavesi, sobre plantas indicadoras, que originalmente era um capítulo da Cartilha do solo, ou melhor, “Manual do solo vivo”, recomendam para o manejo adequado do solo, para ser vivo e mais eficiente nos processos envolvidos de produção agrícola. São práticas conservacionistas, práticas de revitalização do solo com vida (micro, meso e macro) diversificada e de seus resíduos, além da diversificação preconizada de moléculas herbicidas. Desta forma, confirma-se que o dilema da resistência de invasoras poderia ser amenizado e mesmo eliminado se o produtor rural tivesse paciência e uma visão mais integrada e de longo prazo do manejo adequado de seu sistema de produção.

Excesso de minerais e deficiência induzida: samambaia (Alumínio em relação a cálcio); picão branco (nitrogênio em relação a cobre, e falta de cálcio em solo arenoso); nabiça indica deficiência em boro e manganês; braquiária humidícola e carrapicho-de-carneiro indicam baixos teores de cálcio; corda de viola demonstra baixo teor de K e relação K/B (entre 50 a 100); capim-colchão revela baixo teor em potássio, joá bravo a deficiência de cobre; caruru indica presença de matéria orgânica (N e B).

No caso de compactação ou adensamento de solo aparece guanxuma, grama-seda, capim-carrapicho. Em solos adensados e secos: capim-favorito. Indica solo lavrado recentemente: capim-marmelada. Recomenda-se: rotação de culturas (diversificação de culturas); uso de plantas de cobertura; cobertura permanente do solo (4 a 6 cm de espessura com resíduos de gramíneas, ou 8 a 12 t/ha; para abafar a sementeira e evitar aquecimento do solo ou seu ressecamento superficial), além da rotação e diversidade de mecanismos de ação de herbicidas; manejo de plantas daninhas na entressafra; e outras. Certamente a nutrição adequada da cultura econômica para que tenha um sistema radicular saudável e vigoroso e para ter desenvolvimento rápido é desejável. O sistema Plantio direto na palha, com rotação de culturas ou culturas de cobertura, seriam os manejos mais exitosos, podendo estar embutida a Integração Lavoura Pecuária, ou Integração Lavoura Pecuária-Floresta. O livro “Algumas plantas indicadoras: como reconhecer os problemas de um solo” foi reeditado pela Editora Expressão em 2017 – mais informações no site www. expressãopopular.com.br

Para exemplificar Picão preto (Bidens pilosa): indica presença de matéria orgânica; leiteiro ou amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla): deficiência de molibdênio; Capim-amargoso (Digitaria insularis): indica erosão subterrânea, com água estagnada após chuva; Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica): solos adensados, embora férteis; Caruru (Amaranthus palmeri): indica presença de matéria orgânica (e boro). 34 | Agro DBO – julho 2018

FOREST & KIM STARR/CC-BY 3.0

Capim-colchão (Digitaria sanguinalis): revela baixo teor em potássio

Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica): solos adensados, embora férteis


VIII Congresso

O EVENTO DA DISTRIBUIÇÃO DE INSUMOS AGROPECUÁRIOS

13 - 15

DE AGOSTO

2018

Transamerica Expo Center São Paulo | SP

/andavbr

@andavbr

/congressoandav

www.congressoandav.com.br Realização

Organização


Clima

Serão poucas as surpresas Na safra de inverno e no pré plantio da futura safra de verão, o autor prevê neutralidade, o que é ótimo para as lavouras. Marco Antônio dos Santos * Figura 1. Previsão de anomalia de chuvas acumuladas para o período de agosto a outubro de 2018, segundo o modelo americano CFSv2. 15N EQ

Fonte: NOAA/CFSv2

15S 30S 45S 60S

90W

75W

60W

45W 30W

-10 -6 -4 -2 -1 -0,5 -0,25 0,25 0,5 1

2

4

6 10

Figura 2. Previsão de ENSO (Oscilação Sul El Niño) para os próximos meses, segundo o Instituto IRI (International Research Institute for Climate and Society). 100 90 80 La Nina Neutral El Nino

Probability (%)

70 60

Climatological Probability: La Nina Neutral El Nino

50 40 30 20 10 0 MJJ

JJA

JAS

ASO

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A

* o autor é engenheiro agrônomo e agrometeorologista da Rural Clima.

NDJ

DJF

JFM

safra 2017/18 já está praticamente encerrada, faltando apenas a real definição da safra de milho safrinha, que já está em pleno andamento da colheita e o que se observa no campo, são índices de produtividade realmente mais baixos. Como já havíamos previsto, por conta da forte estiagem ocorrida no outono. Para as demais culturas de verão, como soja, a produtividade essa

36 | Agro DBO – julho 2018

safra bateu um novo recorde, ficando na casa dos 118 milhões de toneladas. Já o arroz, sofreu algumas perdas, mas ainda obteve uma boa produção. E o algodão, por sua vez, deverá ter uma magnífica safra, principalmente na Bahia, Maranhão e Piauí, regiões que estão necessitando muito de uma boa safra, para quitar as dívidas oriundas das perdas ocorridas entre 2012 e 2016. Com relação às lavouras de inverno, em especial o trigo, a perspectiva é de uma boa safra, já que o clima tem tudo para colaborar com a cultura, como iremos ver nos próximos parágrafos. O problema é que devido a perdas que os produtores tiveram nas últimas safras, a área cultivada com o cereal está menor este ano, o que conferirá produção menor, mesmo num ano onde o clima tem tudo para ser benevolente. Para as culturas perenes, como café, cana-de-açúcar e citros, a forte estiagem ocorrida entre abril e maio, na região Sudeste, provocou queda no potencial produtivo das lavouras. É provável que a produção este ano não atinja seu potencial. É o que se observa com o andamento da colheita que está a todo vapor, em todas as principais regiões produtoras do país. Os produtores já planejam a próxima safra, que deve ser iniciada nos próximos 30 a 60 dias. Segundo os modelos de previsão a tendência é que o clima venha a ser bastante favorável ao desenvolvimento das lavouras, visto que não há nenhum indicativo

de que até o final deste ano venha a se formar qualquer fenômeno climático (El Niño/La Niña). As águas da região equatorial do Oceano Pacífico estão em gradativo aquecimento, porém, ainda muito longe para se formar um El Niño. Podemos esperar chuvas mais frequentes e volumosas no Sul do Brasil neste inverno, com a possibilidade de que eventualmente uma dessas frentes frias consiga avançar sobre o Centro-Oeste, Sul e Sudeste e, desse modo, provocar eventuais pancadas de chuvas sobre as regiões produtoras. Porém, no Matopiba e Pará, a tendência é que até o início de outubro, o tempo continuará firme, sem previsões de chuvas. Com relação às temperaturas, a previsão é que após a passagem da frente fria, massas de ar polar consigam avançar sobre o Centro-Oeste e o Sul e provocar a queda nas temperaturas. Porém, nem todas terão intensidade para provocar geadas ou prejuízos às lavouras. Devido ao aquecimento gradual do Pacífico a tendência é que durante o inverno não haverá longos períodos de frio, mas picos curtos de no máximo 2 a 3 dias. Deveremos fechar o inverno com temperaturas mínimas médias um pouco acima da média climatológica. Com um clima dentro da normalidade para o início de safra 2018/19, a tendência é que os meses de setembro e outubro venham a ser com chuvas mais concentradas sobre o Sul e chuvas irregulares no Centro-Oeste e


O mesmo deverá ocorrer no Norte. Diferentemente do que com a soja. Apesar de a previsão ocorreu na safra passada, onde as sinalizar o início de safra com chuvas atrasaram muito em todo chuvas irregulares até o final de o Centro-Oeste e no Norte, este outubro, não há previsão de lonano teremos pancadas de chuvas gos períodos de estiagem como mais frequentes, entretanto, basem setembro e outubro de 2017. tante irregulares, sendo que soAssim, o plantio deverá ocorrer mente em novembro é que haverá de forma lenta, mas bem mais de fato, a regularização do regirápido do que na safra anterior. me de chuvas em todo o Sudeste, Centro-Oeste e no Matopiba. Já no Sul, mesmo com a previsão de chuvas mais regulares e em bons volumes nos próximos meses, não há riscos iminentes às culturas Os EUA finalizaram um dos de inverno, como longos períodos melhores plantios de grãos dos de invernadas durante a colheiúltimos 20 anos. Há muito temta. Pelo contrário, até poderá vir po as condições meteorológicas a ocorrer um ou outro período de não eram tão benéficas como chuvas mais frequentes, mas como nesta safra, conferindo exceserão de curta duração, não afetarão de fato a qualidade/produtivilentes perspectivas de produção para a nova safra. Entretanto, dade dos grãos de inverno. Além 0695_18-AD-Agro-DBO-Hospital-Cancer-18,4x12,2cm-ALTA.pdf 1 17/05/2018 12:30:00 nem tudo são boas notícias para de não atrapalhar o plantio das culeles. Por conta de um clima neuturas de milho 1ª safra e arroz.

tro, há tendência de que entre os meses de julho e agosto venham a ocorrer alguns períodos de estiagem sobre as principais regiões produtoras de grãos, reduzindo os percentuais de lavouras em condições boas a excelentes e assim, podendo alavancar os preços das commodities na bolsa de Chicago.

Podemos esperar chuvas mais frequentes e volumosas no Sul do Brasil neste inverno Mas como desde o começo do plantio até o mês de junho as chuvas foram frequentes e em bons volumes, os solos apresentam boa reserva hídrica, o que dará condições a um desenvolvimento razoável das lavouras de grãos norte-americanas. A conferir no final, uma produção de soja superior à da safra 2017/18.

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julho 2018 – Agro DBO | 37


Agroinformática

Congresso discute a digitalização do campo A informática cresce e evolui no cluster da soja, ajudando a gerar novas tecnologias e safras mais produtivas e lucrativas. Manfred Schmid *

C

* O autor é engenheiro agrônomo e diretor da Agrotis Agroinformática.

om satisfação participei, como congressista e expositor, do VIII Congresso Brasileiro de Soja, entre 11 e 14 de junho passados, em Goiânia (GO), e tudo organizado sob a batuta da Embrapa Soja. O evento trouxe novidades em todos os aspectos desta cultura: tendências de mercado, usos especiais, fitossanidade, mecanização, armazenagem, melhoramento, produção de sementes, enfrentamento da seca, integração com pecuária, entre outros. Um time de mais de 60 palestrantes, vários deles de outros países, e 50 empresas expositoras apresentaram tecnologias para mais de 2.200 congressistas (produtores, pesquisadores, fornecedores, indústrias) de todas as regiões produtoras do Brasil e países vizinhos. Para mim, a experiência no CBSoja contrastou muito com outros eventos recentes, principalmente com aqueles focados em softwares e startups tecnológicas (agtechs), onde não faltam apresentadores profissionais e marketing, mas sobretudo lançamentos de pouca

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utilidade ao agronegócio, ou ainda longe de serem realidade. Durante o congresso houve a edição do Fórum Nacional de Máxima Produtividade, quando foram premiados os vencedores do Desafio Safra 2017/2018 do CESB – Comitê Estratégico Soja Brasil. Para cada região produtora foi apontado o vencedor, apresentando detalhadamente o pacote tecnológico adotado. O resultado deste concurso é muito interessante, porque além dos vencedores, ganham os fornecedores de insumos e tecnologias, os consultores, os responsáveis técnicos, e os outros concorrentes, pois o concurso incentiva a produzir mais e melhor. Como o tema central do CBS era inovação, a agroinformática estava presente dentre os expositores: empresas de software, de plataformas de informações digitais e empresas de agricultura de precisão puderam apresentar seus produtos, com boas novidades. Detalhe: os expositores eram empresas de mercado, com produtos, serviços e clientes reais. Num painel concorrido, com três excelentes palestras (Biotechnology in the next years, what can agriculture expect? John Woodward – Corteva / Genome edition and impacts in agricultura, Matthew Begemann – Benson Hill Biosystems / e ainda Aspectos legais e uso da biotecnologia na agricultura brasileira, Alexandre Nepomuceno – Embrapa Soja) pudemos conhecer as novidades globais em

termos de biotecnologia para melhoramento de plantas. A principal vedete é a edição de genomas pela tecnologia CRISPR/Cas9. Com ela podemos reprogramar uma planta como se fosse um software, através de alterações controladas, ligando e desligando genes conhecidos pelo mapeamento genético da cultura. E edição de genomas é uma tecnologia que foge da polêmica dos OGMs, além de ser muito mais acessível técnica e financeiramente. Certamente acelerará a indústria de melhoramento de plantas, gerando melhores cultivares. O painel final do Congresso foi “Fazendas do Futuro”. Foram apresentadas tendências e novas tecnologias, com destaque para as plataformas em cloud e o uso do blockchain no comércio de grãos. Muitos mitos foram desfeitos e muito se discutiu sobre a importância da qualidade e utilidade dos novos softwares. Gostei de ouvir que empresas de telefonia celular estão prestando serviço pontual de levar sinal de internet para dentro de grandes propriedades rurais. Também interessante saber que melhoraram as condições do programa Inovagro, especial para financiamento de inovação tecnológica nas propriedades. É a agroinformática crescendo no cluster da soja, ajudando a gerar tecnologia e safras mais produtivas e lucrativas. Ganha o agricultor, os agrônomos, a indústria de insumos e serviços. Ganha a economia brasileira.



Livro

A soja esmiuçada O livro é uma obra destinada a ampliar o conhecimento sobre o mercado de soja e provocar uma reflexão sobre os seus rumos. Decio Luiz Gazzoni *

A

* O autor é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.

Embrapa, com o patrocínio do Cesb (Comitê Estratégico Soja Brasil), lançou em junho, durante a realização do VIII Congresso Brasileiro de Soja, o livro “A saga da soja: de 1050 a.C a 2050 d.C.”. É a obra mais completa sobre a cultura da soja, com seis capítulos distribuídos em 200 páginas, 156 figuras e 30 tabelas, detalhando a jornada da soja da China antiga aos dias de hoje. O primeiro capítulo reconstitui as origens e usos da soja, sua expansão no continente asiático, Europa (1712), Estados Unidos (1765), até aportar no Brasil (1882). O segundo capítulo detalha a evolução da soja, com estatísticas completas da área, produção e produtividade das lavouras, bem como de óleo e farelo de soja, entre 1960 e 2018, tanto em escala global quanto para os maiores países produtores. Os fatores associados à consolidação da soja no mercado compõem o terceiro capítulo. São abordadas a população e as taxas de crescimento, fertilidade, mortalidade, esperança de vida, urbanização e estrutura etária. Do ponto de vista econômico, são analisados aspectos relativos ao Produto Interno Bruto (PIB) global e dos países consumidores de soja, as taxas de crescimento do PIB, a renda per cápita e suas taxas de incremento. Inclui estatísticas de produção e exportação até 2018, bem como as cotações do grão, óleo e farelo na bolsa de

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Chicago. O Brasil é tratado em capítulo separado, incluindo a evolução comparada com os demais países do Mercosul, e os impactos econômicos, sociais e ambientais em nosso país.

outros produtos como ovos, leite e manteiga, que dependem da soja para a sua produção. Na média dos diferentes modelos matemáticos, estima-se que, em 2050, o mundo deverá produzir além de 700 milhões de toneladas anuais de soja. Também, aborda o que deve ser a nova geografia da soja no mundo, devido ao grande aumento da produção. O último capítulo é uma análise aprofundada do papel do Brasil nessa nova geografia, em função de suas vantagens comparativas e da necessidade de transformá-las em efetiva competitividade de mercado. São apresentadas projeções da produção brasileira, que poderá alcançar 40% da produção mundial. Paralelamente, é efetuada uma análise das ameaças à expressão do potencial do Brasil em função de restrições e entraves que

“A saga da soja: de 1050 a.C a 2050 d.C.”, é a obra mais completa sobre a cultura da soja. Os cenários futuros do mercado de soja foram estabelecidos com base em modelos matemáticos considerando os fatores demográficos e econômicos, a desigualdade no acesso à alimentação, a melhoria dos índices nutricionais, os mercados primários de óleo e farelo e os secundários de carnes (bovina, suína, de aves, aquacultura e pequenos animais), além de

necessitam serem equacionados, mormente aqueles enquadrados no que se convenciona chamar de “Custo Brasil”. Em resumo, é uma obra destinada a ampliar o conhecimento sobre o mercado de soja e provocar uma reflexão sobre os seus rumos, em especial sobre as oportunidades que se descortinam para o Brasil.



Opinião

Carta aberta aos inimigos da agricultura O autor se diz estupefato diante da ignorância de jornalistas da grande mídia e dos ambientalistas contra o uso de defensivos. Hélio Casale *

A lavoura é um agrossistema, e não um ecossistema. Na lavoura, os invasores não encontram inimigos naturais, os predadores, e reproduzem-se de forma exponencial, não há como evitar o uso de defensivos para produzir alimentos, especialmente num país tropical.

O * O autor é engenheiro agrônomo desde 1961, cafeicultor e membro do Conselho Editorial da Agro DBO.

s veículos midiáticos, principalmente a televisão, que possuem alcance nacional, e até países vizinhos têm usado e abusado da arte de destratar nossa agricultura convencional, divulgando notícias inverídicas, sem se preocupar com as consequências de tais atitudes. Tais informações são multiplicadas com sabor de vitória por profissionais de pouco conhecimento e que não gostam da pesquisa científica. Difícil saber o quanto é ignorância, má fé ou mesmo burrice. Programas dominicais tecnicamente muito bem produzidos são assistidos e comentados por milhões de brasileiros de todos os cantos de nosso país.

42 | Agro DBO – julho 2018

Na apresentação dos diversos temas, chama atenção a valorização dos produtos e produtores orgânicos ao mesmo tempo em que taxam os alimentos convencionais como carregados de venenos que fazem mal à saúde dos consumidores. Grandes e respeitados repórteres fazem tais afirmações sem se darem ao trabalho de confirmar cientificamente a realidade. Deveriam ter como missão principal levar ao conhecimento do público informação real, e não mensagens negativas. Precisamos de informação real, séria, e que reflita a realidade. A palavra agrotóxico é empregada com grande frequência nesses programas. Etimologicamente, agrotóxico seria produto tóxico

para a agricultura. Na realidade o que se emprega em nossa agricultura são defensivos agrícolas, para o controle de pragas e doenças e que, empregados na dose certa, na hora certa, não causam danos às plantas nem ao meio ambiente, sendo que apenas as estão protegendo. Tais produtos são avaliados por técnicos do Ministério da Agricultura, Ministério da Saúde (Anvisa) e Ministério do Meio Ambiente (Ibama), em processos que duram em média 8 anos. São avaliadas características químicas, físicas, biológicas e os eventuais resíduos tóxicos para animais e humanos. Passam por um verdadeiro pente fino. Chamar esses produtos de tó-


xicos para a agricultura é não reconhecer o trabalho dos técnicos envolvidos em cada processo de registro, não reconhecer o valor das indústrias que gastam milhões de dólares em pesquisas para lançar uma nova molécula. Assim, os detratores passam uma informação inverídica aos ouvintes. Informação falsa, na base da achologia. Dados da FAO e do Banco Mundial mostram o “consumo de defensivos” por habitante, por ano, em diversos países deste nosso mundão, como se isso fosse possível. É um mero dado estatístico, sem pé nem cabeça, porque ninguém consome diretamente os agroquímicos. Usa-se o total de defensivos fabricados/utilizados/ importados, em quilos e litros, dividido pelo total da população, sem levar em consideração uma série de diferenças, a começar por tipo de lavoura plantada. No Japão = 11,5 kg, Holanda – 4,5 kg, França = 2,4 kg, Alemanha = 1,9 e BRASIL = 1,16. Esse nosso número se deve por sermos um país tropical onde se pode fazer diferentes cultivos, num mesmo solo duas a duas e meia safras por ano, enquanto os nossos concorrentes fazem uma única safra/ano. Por aqui não temos neve, nem frio intenso, que iniba o desenvolvimento das plantas, mas o calor tropical faz com que nasçam muito mais insetos, ao contrário dos países temperados. Aqui, sem os defensivos, as perdas na produção podem ser de até 50% da safra se os insetos não forem combatidos. Gostaria que os profissionais da mídia televisiva levassem sementes de soja transgênica e de soja orgânica para análise completa de macros, micronutrientes e resíduos de agroquímicos contidos em cada uma delas. Pode ser sementes de feijão ou carne bovina, leite, cenoura, chuchu. Tal apelo vale também aos ecologistas de plantão. De posse desses resultados, tomar a verdadeira posição sem qualquer pai-

xão ideológica, sem achologismo. A análise laboratorial da ciência vai falar que alimentos orgânicos, ou convencionais e os transgênicos são absolutamente iguais. O esterco de frangos ou de galinhas poedeiras quando aplicado como adubo num cultivo chamado de orgânico, será que as aves comeram apenas produtos orgânicos? Um franguinho caipira dá panela aos 6 meses e um de granja moderna chega na panela com pouco mais de 30 dias. A diferença é a ração balanceada, sem minhocas, sem sementinhas, sem insetos e outros. Mas o esterco chega na lavoura com bactérias e vírus, danosos aos seres humanos. Vale lembrar que as plantas “bebem” os nutrientes essenciais somente na forma mineral, pois não existe nutriente orgânico. Se assim fosse, o que seria dos produtos produzidos com hidroponia onde a alimentação das plantas é feita somente com os nutrientes devidamente balanceados dissolvidos em água filtrada. Atrás dos resultados tem muita ciência que deve ser valorizada, e devidamente respeitada.

Por outro lado, mesmo “comendo” os chamados agrotóxicos, como dizem os ambientalistas, nossa expectativa de vida atual passa dos 72 anos no Brasil, praticamente semelhante à de países desenvolvidos. Em vez de condenar os defensivos, deveríamos dar graças por vivermos mais uns aninhos por aqui. Pelo jeito, comer veneno é bom… Ficar achologicamente contra os defensivos, ou os fertilizantes minerais, é desconhecer a importância dos mesmos, é trabalhar contra a ciência, é trabalhar por dias piores, dias do “quanto pior, melhor”. No fechamento desta edição da Agro DBO lemos nos jornais que o debate no Congresso Nacional para votar a nova lei dos defensivos, que regule de forma mais moderna a questão, evoluiu para um autêntico tiroteio da mídia e dos ambientalistas, para recusar o projeto de lei, esquecendo que hoje levamos 8 anos de tempo de vida para que as empresas façam o registro de um novo produto ou molécula, e que nos tragam novas tecnologias mais eficientes para o

Cremos e esperamos que os profissionais das diferentes mídias devam se reposicionar. Essa história de orgânico é invencionice recente para valorizar o produto mais um pouco, sem levar em conta que a menor produção dos orgânicos poderá prejudicar milhões de pessoas mundo afora. Hoje, no Brasil, somos mais de 200 milhões de bocas. Na China, onde se praticava agricultura orgânica, no pós-guerra mundial, morreram cerca de 15 milhões de chineses por falta de comida, ou seja, de fome mesmo, já pensou? Já a China de hoje se beneficia da descoberta da síntese da amônia por Haber e, fertilizando seus campos, está fazendo comida mais abundante, rica e barata. Acabou a fome.

controle de pragas e doenças. É um tempo perdido, ficamos a cada dia mais atrasados em relação aos países que são nossos concorrentes e que podem usar essas tecnologias mais modernas, as quais eles liberam com no máximo 2 anos de análise pelos órgãos reguladores, especialmente na Europa e EUA, países mais exigentes do que nós em questões dessa natureza. Cremos e esperamos que os profissionais das diferentes mídias devam se reposicionar, procurando enxergar a realidade, sem qualquer paixão ideológica, e nem achológica. Por isso, escrevemos esta carta aberta. julho 2018 – Agro DBO | 43


Calendário de eventos

JULHO

16

1° Campo Grande Expo – De 16 a 20 – Terra Nova

Eventos – Campo Grande (MS) – Fone: (67) 3043-0027 – Site: www. campograndexpo.com.br – E-mail: alessandra@certifica.com

25

III Workshop Internacional sobre Cadeia Sucroenergética – De 25 a 26 – Esalq/USP – Piracicaba (SP) – Fone: (19) 3417-6600 – Site: www.fealq.org. br – E-mail: contato@fealq.org.br

28

56º Conber/Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – De 18 a 1/8 – Universidade de Campinas – Campinas (SP) – Fone: (61) 3326-5292 – Site: www.sober.org. br – E-mail: sober@sober.org.br

30

Feacoop 2018/Feira de Agronegócios Coopercitrus

– De 30 a 2/8 – Estação Experimental

de Citricultura de Bebedouro (Rodovia Brigadeiro Faria Lima, km 384) – Bebedouro (SP) – Fone: (17) 33443000 – Site: www.feacoop.com.br

AGOSTO

1

16º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha – De

1 a 3 – Centro de Eventos Ari José Riedi – Sorriso (MT) – Fone: (43) 3025-5223 – Site: www.febrapdp.org. br – E-mail: enpdp2018@fbeventos. com

1

11º Congresso Nacional de Bioenergia – De 1 a 2 –

Campus da Universidade Paulista – Araçatuba (SP) – Fone: (18) 2103-0528 – Site: www.udop.com.br – E-mail: uniudop@udop.com.br

6

47º Conbea/Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola – De 6 a 8 – Centro

44 | Agro DBO – julho 2018

Internacional de Convenções do Brasil – Brasília (DF) – Fone: (16) 3203-3341 – Site: www.cicb.com.br – E-mail: conbea.sbea@gmail.com

7

46° Exposul – De 7 a 12 – Parque de Exposições Wilmar Peres de Farias – Rondonopolis (MT) -Telefone: (66) 3421-5257 – Email: sindrural.org.br

12

21º Congresso Mundial de Ciências do Solo – De

12 a 17 – Windsor Convention & ExpoCenter – Rio de Janeiro (RJ) – Fone: (21) 2195-9950 – Site: www.21wcss.org – E-mail: 21wcss@21wcss.org

13

VIII Congresso Andav – De 13 a 15 – Transamerica Expo Center – São Paulo (SP) – Site: www.congressoandav.com.br – E-mail: info@congressoandav.com.br

15

– VI Fórum Brasileiro do Feijão e Pulses – De 15 a 17

– Expo Unimed Curitiba – Curitiba (PR) – Fone: (41) 3029-4300 – Site: www.forumdofeijao.com.br – E-mail: edgar@airpromo.com.br

21

Fenasucro & Agrocana – De 21 a 24 – Centro de

Eventos Zanini – Sertãozinho (SP) – Fone: (11) 3060-4717 – Site: www.fenasucro.com.br – E-mail: atendimento@reedalcantara.com.br

25

41ª Expointer/Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários – De

6/8 – 17° Congresso Brasileiro do Agronegócio – Dia 6/8 – Sheraton WTC São Paulo Hotel – São Paulo (SP) – Fone: (11) 32853100 – Site: www. abag.com.br – E-mail: abag@abag. com.br Um dos mais importantes fóruns de discussão do agronegócio brasileiro, o 17º congresso da Abag (organizado este ano em parceria com a B3) tem como tema central “Exportar para Sustentar”. Estão previstos três painéis: “Agronegócio, exportações e mercado financeiro”, “Comércio exterior: limites e oportunidades” e “Novo governo e prioridades”. Apesar da importância dos dois primeiros (ligados diretamente ao tema central), o terceiro deve monopolizar os debates, dada a proximidade das eleições presidenciais – é provável que alguns candidatos (senão todos) passem por lá na tentativa de angariar votos.

– Centro de Convenções Riocentro – Rio de Janeiro (RJ) – Fone: (21) 2434-7100 – Site: www.cbcpd2018. com.br – E-mail: congressos@ activiaconferences.com

SETEMBRO

5

III Simpósio Desafios da Fertilidade do Solo na Região do Cerrado – De 5 a 6 – Centro de Convenções – Goiânia (GO) – Fone: (19) 3417-2138 – Site: www.simposiocerrado.com – E-mail: simposiocerrado2018@ gmail.com

5

Irrigashow 2018 – De 5 a 6 – Distrito de Campos de Holambra – Paranapanema (SP) – Fone: (14) 3769-1788 – Site: www. irrigashow2018.com.br – E-mail: aspipp@aspipp.com.br

10

XXXII CNMS/Congresso Nacional de Milho e Sorgo – De 10 a 14 – Universidade

Federal de Lavras – Lavras (MG) – Fone: (43) 3025-5223 – Site: www. abms.org.br – E-mail: cnms2018@ fbeventos.com

17

III International Conference on Agriculture and Food in an Urbanizing Society – De 17 a

21 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre (RS) – Fone: (51) 3308-1191 – Site: http:// agricultureinanurbanizingsocietycom.umbler.net/ – E-mail: alimentossaudaveis.workshop@ gmail.com

25 a 2/9 – Parque Estadual de Exposições Assis Brasil – Esteio (RS) – Site: www.expointer.rs.gov.br – E-mail: expointer@seapa.rs.gov.br

25

27

a 27 – Hotel Continental – Canela (RS) – Fone: (19) 3243-0396 – Site: www.ensub.com.br – E-mail: eabramides@terra.com.br

31º CBCPD/Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas – De 27 a 31

XI ENSub/Encontro Nacional sobre Substratos para Plantas – De 27


de agosto

Sheraton WTC São Paulo Hotel

2018

6

PARTICIPE DO MAIOR ENCONTRO ANUAL DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Informações e inscrições www.abag.com.br

Realização


Novidades no campo Combate à mosca-branca

Controle do mofo-branco

▶100EC, indicado para o controle da mosca-branca A Rotam do Brasil apresenta o inseticida Porcel

(Bemisia tabaci). Além de induzir anomalias fisiológicas, o inseto transmite vírus e reduz o vigor da planta por se alimentar da seiva e introduzir substâncias tóxicas. A infestação também favorece a ocorrência de fumagina pela deposição de secreção açucarada, o que prejudica os processos fisiológicos da folha, podendo, ainda, afetar a qualidade da produção quando incidir sobre culturas com frutos. Segundo a empresa, o inseticida tem eficiência de até 100% na erradicação de ovos e ninfas da mosca-branca.

▶cida líquido à base de Procimidone e Carbendazim,

Outro lançamento da Rotam, o Rotaxil é um fungi-

indicado para aplicações foliares pouco antes do florescimento (R1) e aos (R1 + 10 dias), visando à proteção preventiva das plantas contra o mofo-branco, doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum. Conforme a empresa, as aplicações em estádio (R1) e aos (R1 + 10 dias), proporcionam controle de 99% e 98% dos fungos, respectivamente. De larga ocorrência (incide em mais de 400 espécies de plantas), a doença pode ocasionar perdas de produtividade de 30% até 70%.

Genéricos para cana

▶genéricos para uso nas lavouras de cana-de-açúcar. O portfólio da empresa recebeu o reforço dos produtos Abone (Diuron 500 Há dois anos no Brasil, a norte-americana Albaugh ampliou sua participação no mercado nacional com a oferta de produtos

SC) e Broker (Hexazinona 750 WG), herbicidas seletivos de ação pré-emergente e pós-emergente inicial. “São essenciais ao manejo de plantas daninhas, indicados para os períodos úmido e semiúmido da cultura”, diz o gerente de portfólio e desenvolvimento, Reginaldo Sene. A companhia atenderá produtores do setor por meio de revendas e cooperativas agrícolas parceiras.

Guerra à ferrugem

Produtividade e resistência

▶trolar a ferrugem asiática, o fungicida Cronnos, da

▶pinas e do Polo Regional de Pindamonhangaba

Lançado no ano passado como solução para con-

Adama, combina três princípios ativos, entre eles um protetor multissítio. Agora a empresa oferece o Cronnos em uma formulação líquida e exclusiva, chamada “T.O.V.”, que une os conceitos de “Tecnologia em formulação”, “Operação simplificada” e “Valor ao produtor”. Como explica o gerente de produtos da empresa, Leandro Garcia, esta combinação dos modos de ação faz com que o agricultor evite fazer misturas em tanque e a sua formulação líquida facilita a operação, evitando perda de tempo com pré-misturas e entupimentos de bico.

46 | Agro DBO – julho 2018

Pesquisadores do Instituto Agronômico de Cam-

da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) desenvolveram três novas cultivares de arroz: a IAC 301, do tipo arbóreo, com potencial produtivo de 4.281 kg/ha e maior rendimento no beneficiamento, em relação à antecessora (IAC 300), e a IAC 108 e IAC 109, ambas do tipo agulhinha. O potencial produtivo da IAC 108 é de 6.421 kg/ha e o da IAC 109, de 6.238 kg/ha, superiores aos dos materiais usados comparativamente. De porte ereto, caracterizam-se também pela resistência à brusone, principal doença da cultura.


Novidades no campo Soja quente

Tomate para petiscos

▶ção Bahia, a BRS 8781 RR é resistente aos nematoides

Desenvolvida pela Embrapa, em parceria com a Funda-

de galhas M. incognita e M. javanica, ao vírus do mosaico e à podridão radicular de fitóftora. Com altura média de 90 centímetros, desenvolve-se bem em áreas de abertura e regiões com solos férteis. Apresentada aos agricultores durante o Bahia Farm Show, realizado de 29/5 a 2/6 em Luis Eduardo Magalhães (BA), tem ciclo adaptado às condições agroclimáticas do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e dos estados de Goiás (incluindo Distrito Federal) e Mato Grosso.

▶tec, realizada no mês passado em Holambra (SP), uma

Entre outras novidades, a Seminis apresentou na Horti-

variedade de tomate do tipo grape, de sabor adocicado, ideal para petiscos, segundo a empresa. Com peso médio de 15-20 gramas e alto rendimento, o Santawest possui uma cor vermelha mais intensa, comparativamente às cultivares convencionais disponíveis no mercado, alta tolerância ao rachamento de fruto e resistência ao vírus do mosaico (TYLCV), uma das doenças mais importantes da cultura. Em testes a campo, agricultores relataram outras vantagens como ponteiro graúdo, padrão, firmeza e precocidade.

inseticida biológico

Resultado de parceria entre a Embrapa e a Simbiose Agrotecnologia Biológica, o VirControl Sf é um inseticida à base do baculovírus Spodoptera frugiperda multiplenucleopolyhedrovirus (SfMNPV), indicado para controle da lagarta-do-cartucho. Formulado em pó molhável (WP), deve ser aplicado diretamente sobre as plantas, seja com equipamentos terrestres (pulverizador costal ou tratorizado), seja com equipamento aéreo. A recomendação técnica é de 50 gramas do produto para cada litro de água. Segundo o fabricante, 150 litros de calda cobrem um hectare de lavoura.

Manejo de plantas daninhas

Ladrões em choque

▶venção de Roubo de Cargas, realizado no mês A TS4 apresentou no 4º Fórum Nacional de Pre-

passado em São Paulo (SP), uma blindagem elétrica para baús de caminhões denominada “Tela Energizada T4S”. Trata-se, segundo a empresa, de sistema totalmente novo e patenteado. Em caso de tentativa de roubo da carga com rompimento ou perfuração do baú, um arco elétrico é formado instantaneamente, repelindo os agressores com choques de alto impacto, porém não letais. A tecnologia, não oferece risco aos motoristas, na medida em que o sistema só ativa em caso de tentativa de violação/perfuração do baú.

▶cida de ação graminicida, sistêmico, altamente seleti-

Novidade da Nufarm, o Kraken 240 EC é um herbi-

vo, indicado para o manejo de plantas daninhas de folhas estreitas. Composto pelo ingrediente ativo Clethodim na concentração 240 gramas por litro, é recomendado, na sojicultura, para controle do capim-amargoso resistente ao glifosato. Segundo a empresa, em testes a campo o herbicida também demonstrou sua eficácia no manejo de azevém em dessecação pré-plantio de milho e trigo. A Nufarm registrou o produto também para as culturas de algodão, alho, batata, café, cebola, cenoura, feijão, fumo, mandioca, melancia e tomate. julho 2018 – Agro DBO | 47


Biblioteca da Terra Desafios fitossanitários O livro “Entressafra – Desafios Fitossanitários e Manejo Sustentável” traz conceitos e informações sobre o impacto das atuais práticas agrícolas e suas consequências no sistema produtivo. Os autores (professores, pesquisadores e consultores voluntários do Clube de Relacionamento e Inovações Arysta – Núcleo Tecnológico) explicam de maneira conceitual o que é a entressafra, suas características e como realizar um bom manejo de plantas daninhas nesse período. A publicação tem distribuição gratuita. Os interessados devem fazer o pedido pelo link http:// arysta.com.br/produtos/

Pesquisas em cafeicultura Editado pela Universidade do Café (UdC), o livro Pesquisa em Café Università del Caffè Brazil, 2013-2017 é uma coletânea de pesquisas realizadas nos últimos anos na área da cafeicultura, divididas em sete tópicos: Pesquisa em cafeicultura no Brasil: pavimentando o caminho do futuro; Estudos de caso sobre inovação na cafeicultura brasileira; Estratégias contratuais de suprimento de cafés de alta qualidade; Direcionadores de mudança na cafeicultura: passado, presente e desafios futuros; Avaliação de riscos de contaminação do café por agrotóxicos; Possibilidades de diferenciação na produção de café e o comportamento do consumidor; Secagem do café cereja e cereja descascado, com e sem movimentação e seus efeitos na bebida do espresso. A publicação custa 60,00. A versão em português, em e-book, pode ser adquirida através do site http:// www.tanlup.com/pesquisa-emcafe-1189289. Para adquirir a versão em inglês, o link é https:// amzn.to/2wEyAcw

48 | Agro DBO – julho 2018

Fisiologia da cana Lançamento da Editora Andrei, o livro Fisiologia da Produção de Cana-de-Açúcar, contempla os seguintes aspectos: crescimento das plantas e desenvolvimento da lavoura, florescimento e maturação, ações hormonais de auxinas, giberelinas, brassinosteróides e citocininas, metabolismo fotossintético, reguladores vegetais estimuladores de enraizamento. Os autores tratam, de forma sucinta, temas como botânica, cultivares, cultivos, terminologia e critérios para avaliação da qualidade. Com 176 páginas, a obra custa R$ 115. Para comprá-la, acesse www.editora-andrei.com.br

Cultivo de citros Produção de mudas, escolha de variedades, manejo, pragas e doenças, colheita e pós-colheita dos frutos são alguns dos temas abordados no livro Citricultura do Rio Grande do Sul: Indicações Técnicas. Segundo os autores, o objetivo principal da publicação é a troca de informações entre os diversos elos da cadeia produtiva. O cultivo de citros tem grande importância econômica em regiões como os vales do Taquari e do Caí, Alto Uruguai, Fronteira Oeste e Serra. O conteúdo está disponível gratuitamente pelo link http:// agrossilvicultura/upload/arquivos/201805/15144652-citriculturado-rio-grande-do-sul-indicacoes-tecnicas-efrom-souza.pdf

A história da FBN Especialista com mais de 50 anos dedicados à pesquisa e à produção de inoculantes, o engenheiro-agrônomo e consultor da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes, Solon Cordeiro de Araújo, resume no livro Caminhos, escolhas e conquistas, a história da Fixação Biológica de Nitrogênio. Editado pela Newslink Comunicação, compõe-se de 144 páginas, divididas em 12 capítulos repletos de fotos históricas permeando os relatos do autor. Lançado durante o Congresso Brasileira da Soja, realizado em Goiânia (GO), custa R$ 75. Os pedidos de compra podem ser feitos pelo e-mail solon@scaconsultoria.com.br.


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julho 2018 – Agro DBO | 49


Legislação

Alongamento de dívidas É possível renegociar com os bancos as dívidas em atraso por prejuízos provocados pelo clima, conforme demonstra o autor. Fábio Lamonica Pereira *

A

O autor é advogado especialista em Direito Bancário e do Agronegócio

Lei nº 13606/2018, regulamentada pela Resolução nº 4.660 do Banco Central, permitiu o alongamento de operações de crédito rural de custeio e investimento que tenham sido contratadas até dezembro/2016, com origem em “recursos controlados do crédito rural”. Os recursos controlados são os obrigatórios, os sujeitos à subvenção, os administrados pelo BNDES, os da poupança rural, os dos fundos constitucionais e os do Funcafé. Os demais são classificados como não controlados. Vale lembrar que as taxas de juros para a normalidade não podem ser superiores a efetivos 12% ao ano, exceto para os casos em que o Banco Central expressamente autorizar taxa superior, eleváveis em tão somente 1% ao ano para o caso de mora. Ainda que as operações já tenham sido objeto de renegociação anterior, poderão ser beneficiadas com as citadas normas. Somente as operações cujos empreendimentos estejam localizados na área de abrangência da Sudene, que pode ser conferida em www.sudene.gov.br, e no Estado do Espírito Santo, estão contempladas. O produtor deverá comprovar, por meio de laudo elaborado por profissional capacitado, a ocorrência de prejuízo em decorrência de fatores climáticos (seca, por exemplo), com exceção dos municípios em que haja decretação de estado de emergência ou calamidade reconhecida pelo governo federal, o que pode ser confirmado em

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http://www.mi.gov.br/reconhecimentos-realizados Ainda que as operações tenham sido objeto de indenização parcial devida em função de seguros privados ou do Proagro, poderão ter o saldo devedor remanescente (descontada a indenização) renegociado. Os grandes produtores da região do Matopiba somente poderão ser beneficiados nos casos em que haja Decreto Federal de emergência ou calamidade pública publicado até 18 de abril de 2018. É essencial que o pedido de renegociação (preferencialmente elaborado segundo modelo disponibilizado pelo credor) seja formalizado (acompanhado do laudo, quando exigível), mediante protocolo com comprovante de recebimento, em até 180 dias contados da data de publicação da referida Resolução, que se deu em 18/05/2018, sendo que a formalização pode dar-se por simples carimbo lançado no título, assinado pelo credor. Para as operações de custeio será exigida amortização inicial mínima de 2% (dois por cento) e para as de investimento, 10% (dez por cento), exceto para os casos em que houver comprovação de decretação de emergência ou de calamidade pública com publicação após 01/01/2016, situações em que o valor a título de entrada será dispensado. Os encargos permanecerão os mesmos pactuados nos títulos originais. O pagamento do saldo devedor poderá ser feito em até 10 anos,

sendo que a primeira parcela vencerá em 2020 e a última em 2030. Desde que o produtor atenda às exigências legais, o credor não poderá deixar de efetivar a prorrogação. Em sendo necessário, o pedido, devidamente instruído, poderá ser feito judicialmente, uma vez que para situações como essas o judiciário entende que o banco tem obrigação de realizar a prorrogação. Para produtores de outras regiões em situações semelhantes e que não se enquadrarem nas referidas disposições, é possível que, em caso de frustração de safra devidamente comprovada por meio de laudos ou de decretos federais, estaduais ou municipais de reconhecimento de situação de emergência ou de calamidade, ou ainda por meio de laudo elaborado por profissional qualificado, haja a prorrogação de parcelas de operações, conforme já prevê o conhecido item 2.6.9 do Manual de Crédito Rural do Banco Central do Brasil. Neste caso, é importante que o pedido seja protocolado junto ao banco antes do vencimento da operação e seja exigida uma resposta formal, uma vez que o judiciário tem sido muito exigente para a concessão do direito nessas situações. Assim, é importante que o produtor verifique sua situação e providencie os documentos necessários a fim de que não deixe passar o prazo e a oportunidade de alongamento nas condições propostas, o que, em muitos casos, ajudará a viabilizar a continuidade da atividade agrícola.



DUPLA FORÇA

GRAMINICIDA

P a ra a mp lo espectro de ação n o c o nt r o le de f o lha s e s tre it a s, c onte com a dupl a força de C a r t a g o e V ent ur e, o Cle t od im e Hal oxi fope da A l ta.

C O N H E Ç A

N O S S A

L I N H A

D E

P R O D U T O S

*Produto em fase de registro

A TENÇÃ O Estes p ro d u to s sã o per igos os à s aúde humana, animal e ao m ei o am bi ente. Lei a atentam ente e s i ga r i go r o s am ente as i ns tr uç õ es co n tid a s n os rótu los , nas bulas e nas r eceit as . Ut ilize sem pr e equi pam ento s de pr o teç ão i ndi v i dual . N unc a per m i ta a uti l i z aç ão d os p ro d u to s p o r menor es de idade. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO. CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNO MO.

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