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Área de pastagens vem crescendo

Qual a área de pastagens no Brasil?

Athenagro Consultoria questiona números da Plataforma MapBiomas, cuja série histórica destoa fortemente dos censos agropecuários do IBGE.

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MapBiomas relata 182 milhões de ha de pastagens em 2017, contrariando tendência de queda apontada pela Athenagro

Se o MapBiomas está certo, é preciso considerar o IBGE errado”

Maurício Nogueira, da Athenagro

Moacir José

Aárea de pastagens do Brasil está estável, aumentando ou diminuindo? Uma verdadeira polêmica se formou em torno dessa questão. Se observados os censos agropecuários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa área teria caído de 179 milhões de ha, em 1985, para 150 milhões, no levantamento de 2017, publicado em 2019. Já a Plataforma MapBiomas, mantida por 26 organizações não-governamentais (ONGs), universidades e empresas, sinaliza forte avanço das pastagens desde 1985 e leve entre 2006 e 2016 (de 183 milhões para 182 milhões de ha). Essa discrepância de dados motivou o consultor Maurício Palma Nogueira, da Athenagro, a escrever três artigos questionando a metodologia de análise computacional com base em imagens de satélite usada pelo MapBiomas, cujos dados, segundo ele, têm sido usados, em diversos estudos, para associar o desmatamento no Brasil à atividade pecuária. A Athenagro considera o censo do IBGE, pesquisas regulares do órgão (pecuária municipal e pecuária trimestral), além de fontes complementares, para elaborar suas estimativas, que também apontam redução na área de pastagens: de 188 milhões de ha, em 1995, para 162 milhões, em 2017 (veja gráfico 1). Segundo Nogueira, o início desse movimento de queda (tanto na série do IBGE quanto da Athenagro) coincide com a década de 90, pois foi justamente nessa época que a pecuária começou seu processo de intensificação, aumentando a produção por hectare, enquanto cedia terras à agricultura. Já a série do MapBiomas indica queda pós-2016, levando à inferência, conforme Nogueira, de que essa inflexão seria decorrente das medidas de proteção ambiental tomadas a partir de 2008, sem levar em conta a evolução tecnológica da pecuária. Para aceitar os dados do MapBiomas como certos, diz o consultor, é preciso considerar os do IBGE errados, bem como outras informações sobre rebanho, abates, vacinação antiaftosa e área de ILP.

Procurado por DBO, Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, rebateu as críticas de Nogueira, repetindo argumentação já apresentada em nota técnica da organização. Segundo essa nota, a metodologia da plataforma é robusta, transparente e tem análise de acurácia. Quanto à comparação direta com os dados do IBGE, não apenas seria equivocada, como induziria a erros, pois as duas bases de dados têm objetivos e universo de análise diferentes. “O censo visa caracterizar a atividade agropecuária, aplicando questionários a produtores rurais, enquanto o Mapbiomas se propõe monitorar as mudanças de uso e cobertura da terra no Brasil, por imagens de satélite. O primeiro abrange 40% do território [apenas fazendas] e o segundo 100%”, diz o documento.

Revisões muito drásticas

Nogueira insiste, contudo, que a série histórica do MapBiomas não faz sentido, que a metodologia usada para construí-la não é clara e que há muita discrepância entre as revisões. A primeira versão (3.0) indica área de 96 milhões de ha de pastagens em 1985, ante 179 milhões do IBGE, uma diferença 83,44 milhões de ha. Na versão mais recente (4.1), a área muda para 134 milhões de ha e a diferença em relação ao censo cai para 45,16 milhões,

Gráfico 1 - Área de pastagens segundo três diferentes fontes

88 108 122 154 166 175 179 134 180 178 161 188 160 184 182 150 182 162

1940 1950 Censo Fonte: Athenagro 1960 1970 1975 MapBiomas (4.1) 1980 1985 1995 2006 Composição Athenagro 2017

mais continua grande. “Como se explica isso?”, questiona Nogueira. Houve revisão drástica também nos números de 2017: a área de pastagem passou de 137 milhões de ha, na versão 3.0 da série histórica, para 182 milhões, na versão mais recente, 32,28 milhões de ha a mais que o apontado pelo censo (veja gráfico 2).

Tasso Azevedo garante que as diferenças entre as versões da série histórica do MapBiomas (3.0 e 4.1) refletem o aperfeiçoamento das ferramentas usadas para diferenciar áreas de padrão heterogêneo denominadas “mosaico”, nas quais é difícil separar agricultura de pastagens, uso misto ou remanescente de vegetação nativa. “Por isso, ao invés de comparar nossos dados com os do censo agropecuário, o mais correto seria compará-los com os do Programa de Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil (MCUT), do próprio IBGE, que também usa imagens de satélite e passa por revisões frequentes”, argumenta Azevedo. Por exemplo: antes, esse sistema considerava formação campestre como pastagens, chegando a ter 277 milhões de ha nessa classe, em 2010. Alterou-se a classificação em 2018, distinguindo-se pasto de formação campestre, e toda a série teve de ser revisada.

Segundo Azevedo, há registro de tendências semelhantes nos dois sistemas, como o crescimento da agropecuária, o espaço ocupado pela agricultura e pelas florestas plantadas nesse segmento. Eles divergem apenas no tamanho da área de “mosaico”, que é bem menor no MapBiomas (17 milhões de ha) do que no MCUT (108 milhões de ha), como mostra o gráfico 3. “Conseguimos reduzir essa área de mosaico empregando imagens de maior resolução do que as do IBGE, o que possibilita distinguir as classes de uso da terra”, explica Azevedo. A maior parte das áreas “decifradas” foram consideradas pastagens pelo MapBiomas e aí começa o problema, pois não se sabe exatamente o perfil dessas áreas.

Dar nome aos bois

Maurício Nogueira, da Athenagro, defende o cruzamento de dados com outras fontes para “decifrar” verdadeiramente esses mosaicos. “O que tem nessa área? Capoeira, mato, área em regeneração, pasto sujo. Não contestamos que o Brasil já teve mais de 200 milhões de

Gráfico 3 - Área de Agropecuária (Mosaico no MapBiomas é menor do que no IBGE)

300

250

200

150

100

50

17.403.359

183.237.512

8.608.196 60.016.749

MapBiomas 4.1

108.731.900

112.519.400

8.595.100

66.478.400

IBGE MCUT2020

Agricultura Floresta plantada

Fonte: Nota técnica do MapBiomas Pastagem Mosaico

-45,16 -16,40 24,06 32,28

1985 1995

Fonte: IBGE (Censo), MapBiomas, elaboração Athenagro

2006

ha de pastagem. O que questionamos é por que vamos classificar uma área como pasto se ela não é mais pasto? Esse é o problema. O Terraclass, programa do INPE [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais], fornecia esse dado; era o melhor sistema que tínhamos para saber o que estava acontecendo com os pastos. Mas foi desativado em 2014.” Ele explica que uma área degradada por subpastejo vira mato. “Se virou mato e não é floresta, mas também não é pasto, tem de mudar de nome. Tem de classificar a condição dessa área”, argumenta.

Tasso Azevedo admite que a classificação do MapBiomas para a área de pastagem não entra nesse detalhamento. Inclusive os 13 milhões de ha de integração lavoura-pecuária (ILP) e de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) calculados pela Embrapa podem estar contidos nessa área que deixou de ser “mosaico”, hoje considerada pastagem. Também admite que a pecuária perdeu área para a agricultura nos últimos anos, mas frisa que isso aconteceu apenas em alguns Estados brasileiros, como São Paulo, por exemplo, onde a área de floresta está aumentando. “Não é o caso de MT, PA, RO, AM, todo o Nordeste brasileiro, onde não há dúvida de que a área de pastagem continua crescendo sobre a área de floresta. Todo ano são desmatados de 1 a 2 milhões de ha, que vaão para a área agropecuária. Há várias formas de se demonstrar isso”, garante o coordenador do MapBiomas.

No documento “Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra do Brasil 2016/2018”, os técnicos do IBGE afirmam que, entre 2000 e 2018, houve realmente uma expansão de 27% nas áreas de “pastagens com manejo”, “especialmente na borda leste da Amazônia, onde ocorre o avanço das pastagens sobre as florestas”. Outra conclusão do documento é que, de forma geral, prossegue a substituição das áreas de vegetação natural por áreas antrópicas [resultante da ação do homem] e o avanço da agricultura sobre pastagem. O processo já ocasionou a redução de 7,6% da área de vegetação florestal e de 10% da vegetação campestre entre 2000 e 2018. Maurício Nogueira concorda que o desmatamento nunca parou e que parte da área continua sendo convertida em pastagens, mas garante que a regeneração e a perda para outras atividades tem sido maior. Segundo ele, indicadores de produtividade confirmam isso. “Se tivéssemos 182 milhões de ha como aponta o MapBiomas, pelo pacote tecnológico atual, nosso rebanho seria de 240 milhões de cabeças e não de 214 milhões, como é hoje”, pondera. Pelo visto, o debate continua. n

2017

O mais correto é comparar nossos dados com os do MCUT, programa de monitoramento por satélite do IBGE e não com o censo” Tasso Azevedo, do MapBiomas

Leia o QR Code e acesse https:// bit.ly/2CXHtll, no Portal DBO, os PDF’s dos artigos da Athenagro e a Nota Técnica do MapBiomas

MOCHO CARACU DA TB - FAZENDA TRÊS BARRAS

Em meados de 1980, com um número pequeno de fêmeas e mais quatro touros, todos da raça Mocho Nacional, trazidos de Curitibanos/SC para Uberaba/MG, o Sr. Adílio Camargo Costa deu continuidade à criação desses exemplares remanescentes na propriedade Fazenda Três Barras. Por volta de 1991, na tentativa de localizar os últimos núcleos de criação de animais puros da raça Mocho Nacional, a EMBRAPA-CENARGEN estabeleceu a Fazenda Três Barras como um dos três núcleos de criadores existentes à época e aqui desenvolveu, sob a coordenação de capacitada equipe de doutores, zootécnicos e veterinários, importante programa para conservação desses recursos genéticos visando o máximo aproveitamento do potencial produtivo dos animais selecionados na propriedade.

Ainda nesse período, Sr. Adílio passou a realizar o cruzamento de animais Mocho Nacional com animais da Raça Nelore em

sua propriedade e obteve excelentes resultados, pois os produtos eram comercializados com melhores preços em leilões na região em razão, da conformação moderna de carcaça e habilidade para ganho de peso.

Posteriormente, com a abertura do registro de animais da variedade Mocha do Caracu (Mocho Caracu), homologado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Caracu – ABCC, a Fazenda Três Barras passou então a realizar o controle e registro de seus animais, sempre com rigorosa seleção e acompanhamento para aprimorar a raça em sua variedade mocha.

Animais selecionados do plantel do Sr. Adílio, em conjunto com seu filho Adílio Júnior, são encaminhados anualmente para o Instituto de Zootecnia (IZ) em Sertãozinho/SP, para provas de ganho de peso e sempre têm obtido excelentes resultados. Ademais o rebanho possui acompanhamento técnico para avaliação de acasalamentos para monta e dos quesitos: fertilidade, precocidade, marmoreio e habilidade materna com respostas positivas e sucessivos ganhos ao longo dos anos. Verifica-se como resposta de todo esse trabalho de mais de 25 anos de seleção, a boa comercialização dos animais Mocho Caracu da marca TB para diversos Estados do Brasil, com a venda de exemplares para reprodução, coleta de embriões, bem como, machos e fêmeas com idade de 13 a 30 meses para recria. Como exemplo, entre outros, temos o Touro Quilate da TB que rendeu excelente prole reconhecida nacionalmente, cujo exemplar foi submetido à coleta de sêmen sendo o material comercializado em sua totalidade em curto tempo.

Essa é uma parte da história do Mocho Caracu da TB, que espera contribuir muito para o aprimoramento da raça, em sua variedade mocha, que tem se mostrado apta a atender o crescente e exigente mercado da carne.

Adilio Camargo Costa (34)99978-1932 adiliocc@uol.com.br

Adilio Camargo Junior (34) 99928-6787 adilio.jr@uol.com.br mochocaracu Site: www.mochocaracu.com.br / www.fazendatb.com.br

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