3 minute read

Animais de reposição seguem em

bilizar um dos pilares do nosso plano: a assistência técnica. Os produtores precisam de apoio para melhorar seu sistema de produção, seu rebanho, suas pastagens e trabalhar dentro da regularidade fundiária e ambiental. Repito, nosso objetivo é incluir, não excluir. Somos parceiros de um projeto-piloto no Vale do Juruena, PA, em pleno Bioma Amazônia, para testagem de um modelo de assistência técnica. Esse projeto, lançado pelo IDH e a Fundação Carrefour em 2018, envolve 150 produtores de cria, a maior parte deles, assentados. Então, lá temos problemas de baixa produtividade, irregularidade ambiental, fundiária. São pessoas com dificuldades de acesso a recursos.

Maristela – Como está sendo conduzida essa assistência técnica aos produtores? Qual o balanço do projeto?

Advertisement

Pianez – O que a gente descobriu nesse piloto no Vale de Juruena, com 150 pequenos produtores de cria – que têm meia dúzia de matrizes e, muitas vezes, nem conseguem vender seus bezerros diretamente, entregam para marreteiros a preço baixo –, é que, na verdade, ele precisa de muito pouco. Precisa saber manejar o pasto, rotacionar piquetes, combinar lavouras com gado, suplementar na seca, usar o capim certo para a região, produzir bezerros de melhor qualidade. Não é nenhum bicho de sete cabeças. São tecnologias que já estão disponíveis, basta saber como acessar e ter dinheiro para fazer o básico.

Maristela – O intenção da Marfrig é ampliar essa piloto ou replicá-lo em outras regiões do País?

Pianez – As duas coisas. Temos dezenas de iniciativas (veja lista completa em https://www.marfrig.com.br/ pt/sustentabilidade/plano-marfrig-verde). A partir desse piloto, queremos ganhar escala e atrair novas parcerias. De novo: nosso propósito é incluir esse fornecedores indiretos, ajudá-los a intensificar sua produção.

Maristela – Como a Marfrig pretende rastrear 100% de seus fornecedores indiretos? É um universo muito grande.

Pianez – Bom, a gente sabe que não faltam ferramentas (temos o top das galáxias em termos de tecnologia nessa área). O problema é como conseguir o real engajamento da cadeia para que essas tecnologias sejam aplicadas, como convencer os produtores de que isso é bom, que pode ajudá-los a atingir patamares mais altos de produção e acesso a mercados. Essa é a ideia. Mas, primeiro, precisamos saber onde estão as zonas mais críticas nos biomas Amazônia e Cerrado. A gente contratou a Agroicone para mapear os principais polos de cria do Brasil. Quando ele ficar pronto, vamos sobrepô-lo aos mapas de localização geográfica, de pastagens, de preservação nativa e vários outros, para saber se estamos, indiretamente, comprando gado de produtores que se encontram em áreas críticas, tanto do ponto de vista ambiental quanto social. Na prática, estamos construindo um mapa de mitigação de risco de fornecimento. Com isso, vamos traçar estratégias de monitoramento dos indiretos para os biomas Amazônia e Cerrado.

Maristela – O que está previsto para o bioma Cerrado?

Pianez – A Marfrig capta 80% dos animais que abate nos biomas Amazônia e Cerrado. A participação da Amazônia varia de 35% a 38%. A do cerrado é de cerca de 42%. O restante dos animais vem de outros biomas, em especial do Sul. No cerrado, vamos começar fazendo o monitoramento dos fornecedores diretos. O trabalho de georreferenciamento já está quase pronto. Estamos finalizando a metodologia de interpretação dos mapas, porque o Cerrado tem cinco fisionomias diferentes (desde florestas até savanas). Vamos começar em 2021. Não é uma carta de intenções, é fato. Mas, eu gostaria de frisar que a maioria esmagadora dos pecuaristas produz da maneira correta. Então, eles têm de dizer: “Olha, eu não sou bandido, sou o herói dessa história, sou um grande preservador, porque mantenho minha reserva legal, minhas APPs, fontes hídricas. Não tem porque ser reativo nessa história.

Maristela – Quais as tecnologias de monitoramento vocês pretendem usar para mapear os indiretos?

Pianez – Estamos testando várias alternativas: técnicas modernas de georreferenciamento, dispositivos clássicos de rastreabilidade (brincos, chips) e sistemas de cruzamento de dados, como o Visipec, desenvolvido por várias instituições, dentre elas a National Wildlife Federation (NWF) e a Universidade de Wisconsin. Também estamos conversando com o poder público, porque o ideal é termos uma política nacional para controle de origem. A GTA poderia ser um caminho, se incluirmos nela informações ambientais ou a se intregrarmos com o CAR (Cadastro Ambiental Rural). Não pretendemos apenas monitorar, mas ter critérios para reinserção dos produtores não-conformes. n

Estamos mapeando a cria no Brasil para criar um sistema de mitigação de risco de fornecimento”

This article is from: