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Minerva Foods cria comitê
Carne Carbono Neutro chega ao mercado
Abate inicial é de 400 cab/mês, porém a tendência é crescer, visando exportação.
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Carne dos animais certificados está sendo direcionada à linha Viva, da Marfrig.
Ariosto Mesquita
Após oito anos de pesquisas, validações de critérios produtivos desenvolvidos pela Embrapa e parceiros, habilitação de certificadoras e licenciamento de marca, chegou ao mercado brasileiro a Carne Carbono Neutro (CCN), que, segundo seus idealizadores, deverá se tornar referência em produção de “carne limpa”, com zero emissões de gases de efeito-estufa (GEE). O produto foi lançado comercialmente dia 27 de agosto, pela Marfrig, que adquiriu o direito de exclusividade de uso do selo por 10 anos (7 de agosto de 2020 a 7 de agosto de 2030) e pretende investir R$ 10 milhões no projeto. A viabilização da CCN contou com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Associação Brasileira dos Produtores de Carne Carbono Neutro e de Baixo Carbono, além de certificadoras.
O acordo de cooperação técnico-financeira entre a Marfrig e a Embrapa prevê o pagamento de royalties ao longo de sua vigência. “Recolheremos o equivalente a 2,5% do valor do animal abatido”, revela Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade e comunicação da empresa frigorífica. O licenciamento também prevê o pagamento de uma anuidade (de valor não revelado). Por enquanto, os abates de animais CCN estão concentrados na unidade da Marfrig em Bataguassu, MS, que tem capacidade para processar 1.100 animais/dia. “À medida que a oferta de animais for aumentando, qualificaremos mais unidades”, informa Pianez, que aposta na exportação do produto: “Ainda não iniciamos tratativas, mas vejo um enorme potencial para venda de carne carbono neutro no mercado europeu e, principalmente, nos Estados Unidos”.
A Marfig está abatendo, inicialmente, 300-400 animais/mês. A carne produzida destina-se à marca Viva, criada pela empresa para abrigar a produção carbono neuto. Por enquanto, os 21 cortes dessa linha estão disponíveis em 10 lojas do Pão-de-Açúcar, em São Paulo. “Aos poucos, vamos ampliar a distribuição para outras regiões brasileiras”, prevê Pianez. Quanto às bonificações, a Marfrig se limita a informar que equivale ao “valor da @ no MS + prêmio, um adicional negociado diretamente com o produtor”. Nos bastidores, porém, alguns apostam que esse ágio pode variar de 2% a 5%.
Processo de certificação
A Embrapa iniciou o desenvolvimento da CCN em 2012 e as validações ocorreram em diferentes regiões brasileiras, a partir de 2018. O protocolo prevê que a carne seja proveniente de animais recriados e terminados em áreas de integração pecuária-floresta (IPF) ou integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), com emissões de GEE comprovadamente inferiores ao total sequestrado (balanço positivo). Para produzir carne carbono neutro, o pecuarista deve certificar a área, não a fazenda como um todo. Até o final de agosto, haviam 16 certificadoras credenciadas para validação do protocolo CCN (veja lista no página www.ranimal.cnabrasil.org.br).
O custo do serviço depende do tamanho da área, devendo ser negociado pelo produtor. Até 27 de agosto, a única fazenda apta a fornecer gado certificado para o selo em escala comercial era a Santa Vergínia Agropecuária e Florestal Ltda, do Grupo Brochmann Pollis, em Santa Rita do Pardo, a 320 km de Campo Grande, MS. Essa propriedade soma 30.769 ha, dos quais 7.884 ha são explorados com ILPF. Segundo o gerente José Albino Zacarin, foram certificados 904 ha ao custo de R$ 7.000/ano.
“O protocolo da CCN não abrange área de integração voltada à produção de celulose, então certificamos a que produz madeira para serraria. Nossa previsão é chegar a 20.000 ha de integração silvipastoril até 2026, reservando cerca de 5.000 ha para a CCN (recria/engorda de machos)”, informa Zacarin. Outra fazenda em processo de certificação é a Boa Aguada, do Grupo Mutum, em Ribas do Rio Pardo, MS, parceira da Embrapa, em 2018, na validação do projeto. n