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Boi gordo entra em setembro a
Compromisso foi assumido em agosto e tem prazo de 10 anos para execução
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Temos de trabalhar com mecanismos financeiros diferenciados, como os créditos de carbono
Que motivos levaram a Marfrig Foods – segunda maior empresa frigorífica do País e líder mundial na produção de hambúrgueres – a assumir publicamente o compromisso de rastrear 100% de seus fornecedores indiretos (produtores que fornecem bezerros para fazendas de engorda), tanto no bioma Amazônia quanto no Cerrado, no prazo de 10 anos? “Estamos atendendo uma demanda inexorável do consumidor, que não apenas carne de qualidade, mas também garantias que ela não veio de áreas de desmatamento ilegal, reservas indígenas ou fazendas que usam trabalho análogo ao escravo”, responde Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade e comunicação corporativa da Marfrig Foods para a América do Sul. Segundo ele, não se trata de uma decisão intempestiva. A companhia já vem se preparando para assumir esse compromisso há vários anos: em 2009, assinou o pacto
Maristela – De onde virão os recursos financeiros para execução do Plano Marfrig Verde+?
Pianez – Além dos R$ 500 milhões que a empresa pretende investir, estamos buscando parceiros junto ao mercado financeiro, mas não queremos trabalhar com as linhas de financiamento convencionais, que têm uma série de travas. Precisamos de algo diferente, com foco na implementação do Código Florestal e na intensificação da produção pecuária. Já estamos em negociações avançadas com alguns bancos. Em breve, vamos conseguir apresentar soluções diferentes das disponíveis no mercado, porque o produtor que desejamos atingir não tem como dar as garantias exigidas atualmente pelos bancos. Temos de trabalhar com mecanismos diferenciados, como os créditos de carbono. antidesmatamento na Amazônia. com o Greenpeace (moratória da carne), que exigiu monitoramento de 100% de seus fornecedores diretos na região. Em 2019, criou uma diretoria de sustentabilidade, hoje ocupada por Pianez, e, em 2020, um comitê específico sobre o tema, com participação de representantes da sociedade civil.
“A empresa tem trabalhado fortemente nessa área, mas, no ano passado, percebemos que a cadeia não avançava. Ora assumia uma atitude negacionista, ora esperava soluções de governo. Então, decidimos estruturar o Plano Marfrig Verde+. Ele é amplo, porque pretende dar respostas concretas ao consumidor, aos produtores, ao Ministério Público, a nosso investidores internacionais e à sociedade em geral”, relata Pianez. Elaborado junto com o IDH (Iniciativa para o Comércio Sustentável), esse plano contém uma linha do tempo (2020 a 2030) e compreende dezenas de ações (muitas simultâneas e interconectadas), que demandarão forte investimento da Marfrig e parceiros.
Segundo Pianez, todas essas ações terão por base o princípio da inclusão. “Até hoje, foram tomadas ações para identificar os fornecedores conformes, deixando à margem uma imensa gama de pecuaristas que não consegue cumprir os critérios estabelecidos pela indústria, por falta de orientação ou recursos. Queremos fornecer assistência técnica e apoio amplo a esses produtores, principalmente os pequenos que produzem bezerros, criando maior isonomia de mercado”, diz o executivo. Veja na entrevista a seguir, concedida à editora de DBO, Maristela Franco, mais detalhes sobre o plano.
Por que eles não podem servir de garantia? Eu sei que esse mercado é pouco desenvolvido no Brasil, mas, se fizermos arranjos econômicos, poderemos conseguir viabilizar isso. Se os bancos querem, efetivamente, ser parte da solução, não podem continuar fazendo mais do mesmo. Se isso der certo, outras instituições financeiras vão seguir o exemplo. Eu sei que é uma pretensão grande, mas, se a gente não der esse passo, vai continuar tudo do mesmo jeito: o produtor bravo, o frigorífico pressionado, a sociedade insatisfeita. Ou a gente dá um passo mais ousado ou simplesmente não tem solução. Decidimos dar esse passo.
Maristela – Os recursos serão empregados de que forma?
Pianez – Em várias ações, mas principalmente para via