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Valorização da genômica

ESPECIAL

Genética e Reprodução ExpoGenética entra na onda virtual

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A 13ª edição da exposição aconteceu em novo formato, mas não deixou de lado os debates sobre melhoramento, com destaque para a genômica.

Um dos paineis de debate com participação de palestrantes on line, usando tecnologia moderna de transmissão

Larissa Vieira, de Uberaba, MG

Antecipar o futuro. Isso é o que pecuaristas e pesquisadores desejam conseguir com auxílio da genômica. Dentro das raças zebuínas, especialmente no Nelore, a ferramenta está ficando mais robusta a cada ano, com a inclusão de mais animais genotipados no banco de dados dos programas de melhoramento. Somente no Sumário de Touros do PMGZ/Geneplus 2020, o total de zebuínos genotipados das raças Nelore e Tabapuã chegou a 100.000 (95.000 de Nelore). O sumário foi apresentado na 13ª ExpoGenética, ocorrida entre os dias 15 e 23 de agosto, em formato virtual, por causa da pandemia do novo coronavírus.

Nas últimas edições da Expogenética, a genômica tem sido tema recorrente nos debates técnicos. Desta vez, foram organizados dois painéis sobre o potencial da tecnologia e seus impactos na pecuária de corte. Um deles – intitulado “E essa tal de genotipagem?” – foi realizado no primeiro dia do evento (15 de agosto). Já no dia 17, o assunto voltou à tona, durante o lançamento dos diversos Sumários de Touros, dos programas PMGZ/Geneplus, IZ, Paint e ANCP. Em ambos os casos, buscou-se “traduzir” a ferramenta para o produtor e sinalizar o que está por vir, nos próximos anos.

Uma novidade apresentada foi a publicação da avaliação genômica para a raça Tabapuã dentro do Sumário de Touros PMGZ/Geneplus. O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Tabapuã, Sérgio Junqueira Germano, destacou que, nas últimas décadas, a raça vem evoluindo em vários aspectos funcionais. “Os criadores já estavam aprimorando seus sistemas de seleção para obtenção de animais com bons aprumos, umbigo curto, bom aparelho reprodutivo nos machos e tetos menores nas fêmeas. Agora, com a genômica, esse avanço será mais rápido. Isso permitirá que a raça dê um grande salto, aumentando sua confiabilidade e dando maior segurança ao pecuarista para que use o Tabapuã em seu rebanho”, acredita Germano. Segundo ele, outro reflexo já percebido é o aumento do número de criadores interessados em participar do PMGZ e em genotipar seu gado. Atualmente, a base de dados do programa conta com 5.000 animais Tabapuã genotipados.

À medida que as avaliações genéticas/genômicas forem chegando ao campo, os pesquisadores pretendem trabalhar para que características de impacto econômico, mas de difícil mensuração, possam ser mais facilmente selecionadas, em um futuro breve. Segundo Lúcia Galvão de Albuquerque, professora da Unesp de Jaboticabal, a precocidade sexual é uma dessas características. “Por ser de baixa herdabilidade, ela não se expressa nos touros. Já a aptidão para prenhez precoce tem mostrado uma herdabilidade mais alta, porém depende de se expor mais precocemente as fêmeas ao acasalamento. Não são todos os criadores que fazem isso ou têm condição de fazer. A genômica vem melhorando a acurácia da predição para a idade à primeira cria”, informa Lúcia.

Outra contribuição está nas pesquisas para identificação de genes ligados à interação genótipo-ambiente na raça Nelore. Atualmente, estão sendo estudados modelos estatísticos para incorporação da genômica às avaliações. Com o avanço das pesquisas, será possível identificar animais menos sensíveis à variação ambiental. Segundo Fernando Flores Cardoso, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, de Bagé, RS, sempre existiu uma preocupação em melhorar a média da produtividade dos animais, mas agora é preciso também identificar aqueles mais resistentes às mudanças do clima. “Estudos mostram que existem animais cujo desempenho varia conforme o ambiente”, destaca o pesquisador. Para ele, quanto mais intensivo for

ESPECIAL Genética e Reprodução

O investidor estrangeiro também busca uma genética competitiva e selecionada de forma sustentável”

Icce Garbelini, gerente da ABCZ.

Rivaldo Borges, presidente da ABCZ, salientou bons resultados da mostra, que reuniu mais de 80 expositores. o sistema de produção, mais determinante será a genética para lucratividade do negócio.

Mas voltando às atuais possibilidades proporcionadas pela genômica, os especialistas reforçaram, durante o evento, que o sucesso da tecnologia depende do engajamento do criador no processo. “É preciso deixar claro: uma coisa é a avaliação genômica; outra é a seleção genômica. Pode parecer óbvio, mas é preciso esclarecer que nas propriedades com animais genotipados, o critério de seleção precisa levar em conta a informação genômica. Se o criador não usar esse dado no processo, jogará dinheiro fora”, advertiu o superintendente adjunto de melhoramento genético da ABCZ, Henrique Torres Ventura.

O superintendente técnico da ABCZ, Luiz Antônio Josahkian, reforçou esse ponto, destacando que, na genética, erros e acertos são acumulativos, portanto, o produtor precisa fazer bom uso da ferramenta, que já comprovou ser eficiente. “A acurácia média dos animais avaliados pelo PMGZ teve um aumento de 73%, em função da genômica. Indivíduos cuja característica de peso a desmama tinha 20% de acurácia agora chega a quase 40%”, assegura Josahkian.

O Sumário de Touros ABCZ/Geneplus ainda traz, como novidade, a publicação de duas novas características: peso ao nascimento e marmoreio, mas elas ainda não foram incluídas no índice ABCZ. Para os usuários do Geneplus, foi anunciado durante a ExpoGenética que uma nova DEP será lançada em 2021. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Corte e coordenador do Geneplus, Gilberto Menezes, a equipe do programa trabalha no desenvolvimento de uma DEP para Eficiência Alimentar, dentre outras mudanças.

Exportações de genética em alta

Sem a possibilidade de receber as comitivas internacionais, a 13ª ExpoGenética realizou 221 rodadas de negócios virtuais e cinco webinars, um deles sobre segurança sanitária da genética brasileira. De acordo com Icce Garbelini, gerente de Relações Internacionais da ABCZ, o número de negócios em 2020 deve superar

Faturamento nos 14 leilões virtuais surpreendeu: superando R$ 34,5 milhões

o das edições anteriores do evento. “O mercado lá fora está bastante aquecido no segmento de genética voltada à produção de carne. Para atender essa demanda, o pecuarista brasileiro precisa continuar selecionando seus animais para precocidade, velocidade de abate e qualidade de carcaça. O investidor estrangeiro também busca uma genética competitiva e selecionada de forma sustentável”, destaca Icce.

Segundo ela, a América Latina continua sendo um mercado em consolidação e há possibilidade de se ampliar as vendas de material genético e animais vivos para regiões como o sudoeste da Ásia e Oriente Médio. “O protocolo sanitário está em fase de finalização para a região asiática, com foco em sêmen e embriões. Com grande população, boa estrutura e tecnologias, eles apostam na genética brasileira para elevar a produção de carne”, informa. Já no Oriente Médio há boa demanda por animais vivos. A exportação de material genético no primeiro semestre de 2020 cresceu em relação ao mesmo período do ano passado. Dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) apontam que foram exportadas 202.524 doses no período analisado, ante 168.270 nos primeiros seis meses de 2019.

Expectativas superadas

Para o presidente da ABCZ, Rivaldo Machado Borges Júnior, os resultados da ExpoGenética confirmam o bom momento vivido pelo segmento de genética e pela pecuária de corte em geral. “Tivemos um aumento de 25% no número de expositores, médias expressivas nos leilões, mais de 180.000 visualizações (pessoas de 70 países) no site da ExpoGenética 360, que permitiu fazer um tour virtual pela feira. Esse novo modelo nos possibilitou mostrar, a um público muito mais amplo, toda a qualidade das raças zebuínas e como nossa pecuária é moderna e competitiva”, destacou o presidente da ABCZ.

Para ele, a pandemia não desacelerou os negócios em 2020. “Encontramos novas maneiras de chegar aos produtores, com vídeos explicativos, lives, atendimento personalizado da nossa equipe técnica. O número de usuários do PMGZ também cresceu, com mais de 160 novos criadores. Já o de associados está 20% maior neste ano”, informa Rivaldo Júnior, salientando que a venda de animais também surpreendeu. O faturamento dos 14 remates virtuais superou R$34,5 milhões, ante R$28,5 milhões em 2019. A média por animal aumentou 67,5%, atingindo R$32.875, em contraste com R$19.573, no ano passado. n

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