9 minute read
– Armando Figueira Trompowsky de Almeida (30 outubro a 29 de ja- neiro de 1951
Devido às más condições meteorológicas na região, o avião acidentou-se próximo a São Francisco de Assis, entre Alegrete e Santiago do Boqueirão, vindo a falecer todos os seus ocupantes.
Acompanhavam o Ministro Salgado Filho as seguintes personalidades: Oswaldo Dorneles, Ilves Mendonça Trindade, Rui Ramos Teixeira e Paulo Andrade Job.
– Armando Figueira Trompowsky de Almeida (30 de outubro de 1945 a 29 de janeiro de 1951)
No nome do Ministro Trompowsky, como foi mais conhecido, encontram-se os de mais duas famílias: Figueira e Almeida.
Tudo começou no início do século XIX, quando o tratado resultante do Congresso de Viena, que pretendeu rearrumar a Europa após o vendaval napoleônico, estabeleceu que a Polônia ficaria na órbita de influência da Rússia.
Junto à Corte do Brasil, representava a Polônia um cidadão daquela nação, da família Trompowsky. Este representante trouxera, entre os seus, a filha Ana Elizabeth Von Trompowsky.
Numa hora difícil foi chamado de regresso à sua pátria, sob forte influência da Rússia. Discordou do chamado e decidiu ficar no Brasil. Sua filha Ana casou-se com José Leitão de Almeida, com quem teve dois filhos: Roberto e Oscar. O primeiro, Roberto, seguiu a carreira militar no Exército; dedicou-se ao ensino, terminando como Patrono do Magistério do Exército. Casou-se com Luísa de Andrade Figueira e o casal teve quatro filhos: Armando Figueira Trompowsky de Almeida, que veio a ser Ministro da Aeronáutica; Dr. Trompowsky Leitão de Almeida, funcionário do Banco do Brasil S/A; Senhora Almirante Adalberto Menezes de Oliveira; e Dr. Roberto Trompowsky Júnior.
Nascido a 30 de janeiro de 1889, o Ministro, em sua juventude, viveria o tempo glorioso dos pioneiros da Aviação. Tinha doze anos quando Alberto Santos-Dumont contornou em balão a Torre Eiffel, segundo um circuito predeterminado, com o que arrebatou o Prêmio Deutsch de la Meurth. Entrou para a Escola Naval em 1906, ano em que novamente viveu as emoções do início da Aeronáutica, com o significativo feito de Santos-Dumont ao se consagrar como o primeiro ser humano que se despegou do solo com o mais-pesado-que-o-ar, impulsionado pelos seus próprios meios.
Em 1914 já é primeiro-tenente da Marinha. Vivera, e certamente com muita intensidade, os primeiros passos de nossa Aviação, como a fundação do Aeroclube do Brasil em 1911, e o início, em 1913, da Escola Brasileira de Aviação, a primeira deste tipo.
Em 1916, foi criada a Escola de Aviação da Marinha. Em abril de 1917 matriculou-se nesta Escola, onde completou o Curso de Piloto, no final do ano. Lá permaneceu como Instrutor até 1922 e, em 1923, foi para o Comando de Defesa Aérea do Litoral. Depois assumiu o Comando da Segunda Esquadrilha de Bombardeio e serviu em outras Organizações. Em 1932, foi promovido a capitão-de-corveta; em 1933, a capitão-de-fragata. Em 1934 estava na Escola de Aviação Naval. Em 1935, foi promovido a capitão-de-mar-e-guerra. Em 1936 e 1937 comandou a Escola de Aviação Naval, e depois foi Vice-Diretor da Aviação Naval. Em 16 de fevereiro de 1940, promovido a contra-almirante, assumiu a Direção-Geral da Aviação Naval.
Em 1941 veio para o Ministério da Aeronáutica e, em novembro daquele ano, assumiu a Chefia do recém-criado Estado-Maior da Aeronáutica, como o mais antigo da FAB.
Em 1º de abril de 1942 foi promovido a major-brigadeiro-do-ar, na época o Posto mais elevado da Força Aérea Brasileira.
Em abril de 1945 fez parte da delegação brasileira que participou da Conferência de San Francisco (EUA), a qual deu origem à Organização das Nações Unidas.
Em outubro de 1945, com a deposição de Getúlio Vargas, era, no consenso geral, o natural elemento indicado para assumir as funções de Ministro no Governo Provisório que se instalava, sob a Presidência da República do então Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro José Linhares. Passou, porém, a Agregado no Quadro de Oficiais Aviadores por Decreto de 6 de novembro de 1945, deixando, portanto, de ocupar vaga de major-brigadeiro.
Nas eleições de dezembro de 1945 foi eleito Presidente da República o General Eurico Gaspar Dutra, que o convidou para permanecer no cargo de Ministro, em que ficou até o final do mandato presidencial, em janeiro de 1951.
Discurso do Chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, Coronel Henrique Fleiuss, ao tomar posse como Ministro da Pasta da Aeronáutica, o Tenente-Brigadeiro Armando Figueira Tromposwky de Almeida.
Com sua larga experiência em Aviação e capacidade administrativa vinda das funções por que já passara, conduziu o Ministério na solução dos seus grandes problemas.
Pode ser considerado o consolidador do Ministério da Aeronáutica, já que os primeiros anos desta Alta Organização foram voltados para os sérios problemas da Segunda Guerra Mundial, em que o Brasil se viu envolvido.
O Ministro Trompowsky voltou suas atenções para os problemas fundamentais relacionados com a formação e o aperfeiçoamento de pessoal nos diferentes níveis; para o apoio do material aéreo militar; para a problemática da ciência e tecnologia; e para a supervisão das atividades civis. Em todos estes campos, como veremos adiante, iniciativas foram desenvolvidas no campo organizacional, as quais, através do tempo, mostraram sua eficiência, constituindo-se nas bases que consolidaram o arcabouço do novo Ministério.
No período da Administração Trompowsky, podem ser destacadas as seguintes realizações: – reorganização do Ministério da Aeronáutica; – reorganização da Força Aérea Brasileira; – organização de um prédio para o Ministério; – criação da Diretoria de Ensino, da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica, do Curso de Tática Aérea e da Escola Preparatória de Cadetes do Ar;
Gabinete do Ministro da Aeronáutica Sentados: Coronel Aviador Henrique Fleiuss, Major-Brigadeiro-do-Ar Trompowsky e Dr. Cícero Ribeiro de Castro. Em pé: demais oficiais e civis do Gabinete do Ministro.
– criação dos Parques de Aeronáutica de Belém, Recife e Porto Alegre; da COCTA – Comissão de Organização do Centro Técnico de Aeronáutica; da CERNAI – Comissão de Estudos Relativos à Navegação Aérea Internacional; das Auditorias da Aeronáutica; do Serviço de Identificação da Aeronáutica; do Serviço Geral de Expediente e Arquivo; e dos Destacamentos de Base Aérea.
Além das já citadas, destacam-se, ainda: – o Correio Aéreo Nacional, que, com o reforço de pessoal mais atualizado durante o período de guerra e a disponibilidade de material aéreo mais adequado, iniciou uma expansão de suas atividades não só no campo interno como no externo. À grande missão de integração nacional, abrindo novas Linhas para o Acre e La Paz, capital da Bolívia, no início de uma penetração maior na Região Amazônica, somou-se o domínio da técnica dos vôos sobre os Andes; – no universo da Aviação Civil houve uma explosiva atividade nesse setor, com reflexos no próprio desenvolvimento nacional. Inúmeras companhias de transporte foram criadas e, ao final de 1949, o número de aeroclubes atingiu 331, dos quais 230 com escola de pilotagem. Era o incremento da arrancada para o Oeste nas asas do avião; – no campo social, as atenções do Ministro voltavam-se para o bem-estar do pessoal. Foram criados o Reembolsável Central de Intendência e os Regionais e, ligadas a eles, duas Fazendas: a de Jacarepaguá (RJ) e a de Pirassununga (SP). A esses reembolsáveis o pessoal da Aeronáutica tinha acesso para aquisição de gêneros e outras utilidades para uso próprio. Especial atenção foi dada à Saúde, com apoio especial aos serviços de pronto-socorro, hospitais e policlínicas.
A par destas e outras providências, o Ministro tinha que se haver com a problemática do quadro político, já que o líder, Brigadeiro Eduardo Gomes, via-se novamente às voltas com a candidatura à Presidência da República.
Graças à ponderação e ao equilíbrio do Ministro, conseguiu chegar ao final do Governo Dutra com relativa tranqüilidade e um considerável saldo de realizações.
– O Primeiro Tenente-Brigadeiro da FAB
Em setembro de 1946, o Major-Brigadeiro Trompowsky foi promovido a tenente-brigadeiro.
O Posto fora recém-criado. Até então, não existia o oficial-general deste nível nas Forças Armadas. O novo Estatuto dos Militares, criado pelo Decreto-Lei nº 9.698, de 2 de setembro de 1946, passou a prever em seu Artigo 16, parágrafo 1º, os Postos de general-de-exército, almirante-de-esquadra e tenente-brigadeiro, seguindo-se no dia 4 do mesmo mês, pelo Decreto-Lei nº 9.736, a fixação de dois
generais-de-exército para o Exército, um almirante-de-esquadra para a Marinha e um tenente-brigadeiro para a Aeronáutica.
A vaga da Aeronáutica foi logo preenchida pelo então Major-Brigadeiro Trompowsky, que, como agregado, deixava a vaga em aberto.
É curioso notar-se que a denominação de tenente-brigadeiro ao novo Posto criado tem gerado, entre os estudiosos, uma natural polêmica, que, parece, tem permanecido pelos tempos.
Nesse sentido, merece reprodução um trecho de uma análise feita pelo Major-Brigadeiro-do-Ar Newton Vassalo da Silva, em 1971, sobre o assunto: “A FAB, a partir da sua criação, tomou emprestado, à História, o vocábulo Brigadeiro, não apenas para designar, direta ou adjetivamente, o degrau da escala hierárquica a que correspondia originalmente, mas também para qualificar todos os Postos acima de Coronel. Com isso, a palavra teve, artificiosamente, expandida a sua significação, passando a eqüivaler aos termos clássicos e tradicionais, General e Almirante, em toda a amplitude desses últimos. Inicialmente, o primeiro Posto da escala sendo Brigadeiro, é correto nomear o seguinte de Major-Brigadeiro. Tal como o Major é o superior imediato do Capitão, o Brigadeiro maior pode ser denominado Major-Brigadeiro. Não é assim, porém, o caso da denominação do Posto seguinte, Tenente-Brigadeiro, que, freqüentemente, desperta estranheza. Esse vocábulo, ao ser adotado, foi colocado numa posição errada. Procuremos apreender bem o significado da palavra tenente, que é, em francês, Lieutenant, ou seja, Lieu tenant; literalmente: no lugar do que tem o posto, o cargo, o poder. Inicialmente, era o auxiliar executivo, o substituto do Capitão, do comandante de uma tropa ou de um barco. Assim, é usado na composição de termos, sempre traduzindo a idéia de lugar-tenente em qualquer idioma: Tenente-Coronel; Lieutenant-Comander = Capitão-Tenente; Lieutenant-Governor = Vice-Governador; Lieutenant-Lord = Vice-Rei. Inapelavelmente, o termo Tenente-Brigadeiro corresponde ao nível hierárquico imediatamente inferior ao do Brigadeiro. Expressando a idéia de lugar-tenente do Posto imediatamente superior, teríamos Tenente-Marechal, nunca Tenente-Brigadeiro. A seqüência ascendente correta, usando-se as palavras tal como foram compostas, deveria ser: Tenente-Brigadeiro, Brigadeiro, Major-Brigadeiro. A Força Aérea dos Estados Unidos, criada alguns anos depois da FAB, e tendo absorvido para a sua ativação apenas o pessoal e o material da Aviação do Exército, tem, na sua hierarquia, o Posto de Lieutenant-General que pode ser traduzido por Tenente-Brigadeiro, na terminologia da FAB. Mas, a USAF, ao herdar, do US Army, a nomenclatura de todos os Postos, ficou com a seguinte hierarquia
crescente: Brigadeiro-General (uma estrela), Major-General (duas estrelas), Lieutenant-General (três estrelas), General (quatro estrelas) e General-of-the-Air-Force (cinco estrelas). Aí está, na terceira posição mais elevada, o Lieutenant-General. Mas, corretamente situado abaixo do Posto de General: lexicamente, o Tenente-General é o lugar-tenente do General. Podemos, ainda, notar, nesse exemplo, a palavra General, qualificando cada Posto da escala, e Brigadier colocado, adjetivamente, para designar o primeiro Posto acima do Coronel. Um idioma não é imutável; o uso consagra neologismos, novos significados para uma mesma palavra. Há trinta anos convivemos com o termo brigadeiro, e nada impede que continuemos com essa nomenclatura. É importante, porém, que estejamos conscientes dos argumentos negativos que, contra ela, podem ser alegados. Se a aceitarmos mesmo assim, é uma decisão: os seus defeitos não desaparecem, mas ficam superados, porque, conhecidos e desprezados. Por isso, era preciso dizê-los. Está dito; é só.”
Ministro Trompowsky, na Escola de Aeronáutica, cumprimenta o General Dwight D. Eisenhower, que, em 1953, chegou à Presidência dos Estados Unidos da América.
O Ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Trompowsky, visita São José dos Campos, São Paulo. Na foto, de costas, o Coronel Casimiro Montenegro Filho explica o desenvolvimento do Projeto do Centro Técnico de Aeronáutica para o Ministro e seu Chefe de Gabinete, Coronel Henrique Fleiuss.
Ministro Trompowsky, Carmem Miranda e Coronel Henrique Fleiuss.