REVISTA PORTUGAL PROTOCOLO Nº 13

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2012 | Nº 13 | www.portugalprotocolo.com

Angélica Santos Uma Mulher Dirigente no

Desporto Nacional

Palácio de Sintra Ordens Honoríficas

no Palácio da cidadela de Cascais Colecção de jóias

“Amália”



5 | Editorial 6 | Entrevista, Angélica Santos, uma Mulher Dirigente no Desporto Nacional 16 | Palácio Nacional de Sintra 24 | Ordens Honoríficas no Palácio da Cidadela de Cascais 32 | “D. Antónia, uma vida singular”, exposição no Museu do Douro 35 | Protocolo, condecoração da subchefe do Protocolo do Estado 36 | Lançamento da colecção de jóias “Amália” 38 | Exposição “Na ponta dos dedos”, de Jaime Lopez 42 | Evocação da Fundação do Reino de Portugal em Guimarães 43 | Master Class de Protocolo na Santa Casa da Misericórdia de Almada 45 | Crónica, Conceição Matos

PORTUGAL PROTOCOLO Edição Digital Nº 13 | 2012

Director João Micael Arte

Portugal Protocolo Design

Propriedade João Micael - Protocolo, Imagem e Comunicação Unipessoal, Lda.

Rua Actor Augusto de Melo, Nº 4, 3º Dto. 1900-013 Lisboa Portugal Tel. +351 21 410 71 95 | Telem. +351 91 287 10 44 protocolo@portugalprotocolo.com www.portugalprotocolo.com Registo ERC Nº 125909 INTERDITA A REPRODUÇÃO DE TEXTOS E IMAGENS POR QUAISQUER MEIOS

Por vontade expressa do editor a revista respeita a ortografia anterior ao actual acordo ortográfico. nº13 | portugal protocolo | 3


Livros para executivos e empresas de Excelência O Protocolo é essencial na gestão de uma carreira de sucesso feita de reuniões, encontros, apresentações, jantares sociais, comunicação aos órgãos de comunicação social entre tantos outros eventos que fazem, cada vez mais, parte do dia-a-dia de um profissional exigente e conhecedor.

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e d i t o r i a l A décima terceira edição de Portugal Protocolo é inteiramente dedicada à expressão cultural e patrimonial, iniciando um ciclo dedicado à Herança Cultural Arquitectónico de Portugal, particularmente ao património tutelado pela Parques de Sintra – Monte da Lua: o Palácio de Sintra – pareceme desnecessária a classificação “Nacional” -, o Palácio e Parque da Pena e o Chalé da Condessa d’Edla, o Palácio e Parque de Monserrate, o Castelo dos Mouros, o Convento dos Capuchos, e finalmente Palácio e de Queluz e a Escola de Arte Equestre. Todo este conjunto patrimonial de indelével importância é dignificado por uma gestão cuidada e garante da conservação que lhe são devidas. Outros acervos de grande importância estão patentes em museus a norte e a sul, como a exposição das Ordens Honoríficas oferecidas ao presidentes da República Portuguesa, no Palácio da Cidadela de Cascais, e outra, menos oficial, mas não menos importante como a memória de uma das mulheres mais empreendedoras em Portugal – e com sucesso – D. Antónia Adelaide Ferreira, mais conhecida como “A Ferreirinha”, e da sua acção em defesa de um dos produtos mais icónicos da identidade nacional como é o vinho do Porto, patente no Museu do Douro, também esta região uma preciosidade mundial classificada como Património da Humanidade desde 2001. Também a memória da grande Amália Rodrigues é agora celebrada na criação de uma colecção de réplicas das suas jóias com a mestria da joalharia portuguesa. A exposição “Na ponta dos dedos” de Jaime Lopez, de rara sensibilidade

pictórica, aliada aos pensamentos escritos de vários autores, está exposta no Centro de Exposições de Odivelas. Em Guimarães, numa recriação encenada nas ruas, a Fundação de Portugal foi tema enquadrado na agenda da Capital Europeia da Cultura,

muito apropriado à actual conjuntura, em que Portugal, uma vez mais, se debate numa crise, e como o grego Anteu vai buscar a sua força ao chão, à Mãe Terra, logrando alcançar o êxito. Também, nesta edição se apresenta uma nova rubrica – a crónica de Conceição Matos, com os seus pensamentos, talvez provocatórios, mas, muito perspicazes. Viva a Cultura! João Micael Director Portugal Protocolo nº13 | portugal protocolo | 5


entrevista, AngĂŠlica Santos

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entrevista, Angélica Santos

“Estou no dirigismo desportivo desde 1981, é como uma paixão, e sem o apoio da minha família, não teria realizado um décimo daquilo que fiz, a eles também devo a concretização de muitos sonhos! Também a alguma teimosia da minha parte…”

En t r e vist a de J o ã o Mi c a e l F o t o g r a f ia s de Po r t u g a l Pr o t o c o l o

Lisboeta e filha de lisboetas, como tal Alfacinha. Casada e mãe de 3 filhos de 27, 23 e 17 anos. Continua a gostar de desporto e ar-ranja tempo para o fazer porque lhe dá prazer e qualidade de vida. Ainda pratica Golfe, Ténis, Natação, Ginástica e Corrida. Sempre que pode participa nas “corridas das pontes”. Actualmente vive entre Lisboa e Argel, devido ao cargo de adido militar que o seu marido exerce de momento. Adora comunicar, tem sempre algo para partilhar, os seus amigos dizem que fala muito, mas também sabe ouvir. Gosta muito de ler, principalmente romances históricos e biografias. Tem uma nova paixão, a fotografia, mas de momento está em pausa pois o tempo não sobra… O que a atraiu no mundo do Desporto? Enquanto jovem sempre pratiquei desporto, nessa altura jogava ténis com os amigos, era da equipa de Basquetebol do colégio que frequentava e fiz parte duma classe de ginástica de representação do Sporting que se chamava Dominó. Para mim o desporto era divertido, um meio de socialização e convívio e um desafio saudável. O evento que recordo com mais saudade e que me marcou positivamente como exemplo a seguir foi a participação na Gymnastrada Mundial em Zurique em 1982. Para mim, foi vivido nessa ocasião o verdadeiro espírito desportivo, pois mesmo não havendo competição todos os participantes, dos mais novos aos menos novos, dão o seu melhor num ambiente de alegria e amizade. Também, a diversidade de modalidades desportivas que existem, e que nº13 | portugal protocolo | 7


entrevista, Angélica Santos

“A edição do Campeonato da Europa de Juniores em 1995 fez-me sentir realizada. Foi considerado, nessa altura, o melhor evento do ano!”

dão para todos os gostos, são um instrumento fundamental, principalmente dentro das camadas mais jovens, para contribuir, de uma forma lúdica, para incutir hábitos de vida saudáveis, no combate às doenças sociais e à exclusão. Do meu ponto de vista, os jovens desportivamente activos serão com mais probabilidades no futuro, adultos saudáveis e felizes. No Desporto existe um “espírito” diferente, pois independentemente da nacionalidade, raça, religião ou estrato social, todos “vivem” as mesmas regras quer seja em competição ou fora dela. Para além disso, a organização de eventos é um desafio permanente, o que nos faz permanecer em constante alerta sempre com um plano B na manga. Confesso que não consigo resistir a um bom desafio e para mim é muito satisfatória a sensação de mais uma “prova superada” sempre que estou envolvida na organização de um evento desportivo, seja em que grau de envolvimento for. Já abracei tantas causas diferentes na área do desporto que nunca imaginei que tal fosse possível! Desde organizadora, juiz, chefe de delegação, protocolo, formação, fiz de tudo, mas aquilo que mais gosto é planear e implementar projectos para crianças e jovens, quer na vertente competitiva quer na vertente lazer. Como foram as suas primeiras experiências neste mundo, geralmente, masculino? Excelentes. Eu tinha 21 anos quando fui convidada pela primeira vez para ser secretária-geral da Federação Portuguesa de Pentatlo Moderno. Não é difícil de imaginar a minha experiência quando me desloquei pela primeira vez a uma competição ao

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entrevista, Angélica Santos estrangeiro como chefe de delegação. Nessa época os atletas eram mais ou menos da minha idade! Primeiro estranharam, depois habituaram-se! Tive muitas experiências engraçadas que hoje recordo com saudade e com as quais aprendi muito. A minha participação como dirigente, e mais tarde formadora e juiz, no meio do desporto, contribuiu de uma forma decisiva para a minha formação como ser humano e sendo um hobby numa área completamente diferente da minha actividade profissional - sou fisioterapeuta -, completou e equilibrou o meu quotidiano. Tenho a certeza que todas as experiências que tive no âmbito do desporto me enriqueceram e me tornaram numa pessoa melhor preparada para os desafios da vida. Ao entrar no Desporto, como dirigente, que cargos ocupou e em que modalidades? No início, 1981, estive ligada ao Pentatlo Moderno, fui secretária-geral, presidente da Assembleia-geral e em 1996 fui eleita para a Comissão Executiva da Federação Internacional, mais uma vez fui pioneira e fui a primeira mulher neste órgão executivo da UIPM. Na década de 80 fui membro da Mesa da Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal, clube do qual sou sócia desde os 3 meses de idade e no qual fui praticante de ginástica. Também aqui fui a primeira mulher a fazer parte dos Órgãos Sociais. Neste cargo por inerência fui membro do Conselho Leonino e essa sim, foi uma experiência interessante, pois eu era uma jovem na casa dos 20 anos e fazia parte de um órgão composto pelos sócios mais antigos… Em 2000, após 20 anos de “relação” 10 | portugal protocolo | nº13

com o Pentatlo Moderno, decidi que era tempo de me afastar e nessa altura fui convidada a integrar a lista liderada pelo Dr. José Manuel Constantino que concorria às eleições para a Confederação do Desporto de Portugal. Aceitei e fui secretária-geral até 2003. Durante uma parte do período em que vivi em Cabo Verde, entre 2002 e 2005, fui membro da Direcção do Clube de Golfe e Ténis da Cidade da Praia, e colaborei na organização de vários torneios e acções de formação destas duas modalidades. Quando regressei a Portugal, 2005, fui convidada pelo Professor Boa de Jesus para fazer parte da Direcção da Federação de Ginástica de Portugal, onde estive até Dezembro de 2011. Em Março de 2009, fui eleita para o Comité Olímpico de Portugal integrando a lista liderada pelo actual Presidente, Comandante Vicente Moura, onde sou responsável por algumas áreas. Os grandes eventos desportivos – profissionais e não profissionais -, são diferentes? Em que se distinguem dos outros eventos? Os grandes eventos desportivos têm exigências técnicas muito específicas que são definidas pelos organismos internacionais que tutelam as modalidades, quer sejam de competição ou não. Estas especificidades tornam cada evento único e o seu grau de complexidade organizativo depende não só do número de participantes mas também das necessidades logísticas e do grau de mediatização de cada um. Já integrei comissões organizadoras de eventos multidesportivos, uni disciplinares ou multidisciplinares, nacionais e internacionais, e as tarefas a


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entrevista, Angélica Santos realizar são praticamente as mesmas com dimensões diferentes. O empenhamento é sempre o mesmo. Todo! Gosto particularmente de organizar eventos dedicados às crianças e jovens, sem competição mas com uma componente desportiva diversa e uma componente cultural atractiva. Além do objectivo natural da competição, os eventos desportivos são grandes meios de divulgação dos atletas e entidades desportivas, bem como dos países. Que tipo de cuidados específicos a observar para o seu sucesso?

“Apesar de o desporto ser “um mundo de homens”, com mais ou menos trabalho, tenho atingido os meus objectivos.”

O segredo está num planeamento cuidadoso e atempado. O local para a realização de cada evento deve ser escolhido tendo em consideração em primeiro lugar, as condições técnicas exigidas pela modalidade ou modalidades assim como a implantação e desenvolvimento desse desporto na área geográfica escolhida, o que será um factor não só para atrair público mas também para potenciar o desenvolvimento desportivo. A comissão organizadora constituída deverá trabalhar com um cronograma, um orçamento, uma lista de necessidades e um plano de comunicação e marketing, se todos os objectivos forem cumpridos, o sucesso, no que à organização diz respeito, está garantido. Os resultados desportivos, esses dependem de outros intervenientes… Que evento deixou maior satisfação profissional e pessoal na sua carreira? Não foi um evento, foram dois eventos… Na Federação de Pentatlo Moderno, apesar de ter estado envolvida na or-

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entrevista, Angélica Santos ganização do Campeonato do Mundo em 1989 e ter sido responsável pela organização de várias competições nacionais e internacionais até 1996, foi a primeira edição do Campeonato da Europa de Juniores em 1995 que me fez sentir realizada. Pela primeira vez foi possível ter os locais de todas as disciplinas – tiro, esgrima, natação, hipismo e corrida - e mesmo o hotel onde os participantes estavam alojados, numa área de 1km em Lisboa. Foi considerado nessa altura, o melhor evento do ano! Correu tudo na perfeição, o que no Pentatlo Moderno não é fácil, pois as condicionantes e as variáveis são sempre muitas… Na ginástica foi a primeira Taça do Mundo de Ginástica Aeróbica em 2010 em Ponta Delgada, Açores. Portugal tinha organizado em 2005 um Campeonato da Europa desta disciplina e depois disso começamos a convidar para pequenas provas internacionais França e Espanha. Em 2009 um parceiro da FGP desafiou-nos a apresentar uma candidatura à Federação Internacional de Ginástica para uma prova do circuito da Taça do Mundo de GA pois tinha conseguido apoios suficientes nos Açores que seriam fundamentais para nos abalançarmos nesta aventura. Com a colaboração imprescindível do clube local foi possível ter em Ponta Delgada, S. Miguel, local onde a Ginástica Aeróbica está muito implantada, uma competição de alto nível com o bónus de resultados desportivos de relevo para a participação de alguns ginastas portugueses. Sempre dentro do orçamento, claro! Qualquer um destes eventos me fez sentir realizada e foi como que o culminar da “minha carreira”. Não sei se por coincidência ou não, no ano de 1996 saí da Federação Portuguesa de Pentatlo Moderno para assumir o nº13 | portugal protocolo | 13


entrevista, Angélica Santos cargo de Membro para o Desenvolvimento na Federação Internacional e em 2011 saí da Federação de Ginástica de Portugal. Após ter ocupado cargos como Dirigente no Desporto, o facto de ser mulher causou algum entrave, ou impediu a concretização plena dos seus objectivos? Penso que não, apesar de o desporto ser “um mundo de homens”, com mais ou menos trabalho, tenho atingido os meus objectivos. Lembro-me que tive um episódio caricato quando Portugal apresentou a minha candidatura no início de 1996 a membro da direcção da Confederação Europeia de Pentatlo Moderno. Nessa altura recebi o apoio, verbal, de muita gente dos outros países, pois era a primeira vez que uma mulher se candidatava a este organismo. Quando chegou a altura da votação, aqueles que tão entusiasticamente me tinham felicitado, descobriram que se eu fosse eleita, um deles não o seria, pois não existiam lugares suficientes para todos os candidatos… Como a votação era secreta, o apoio que me tinha sido dado não se traduziu em votos e eu não fui eleita! No final do mesmo ano, no Congresso da UIPM, fui candidata a um lugar na Comissão Executiva desta Federação Internacional e alguns dos meus concorrentes directos foram os “meus supostos apoiantes” na outra eleição, nesta, fui eu que levei a melhor sendo eleita, e, confesso que senti o doce sabor da vitória, que tardou, mas chegou! Estou no dirigismo desportivo desde 1981, é como uma paixão, e assumo que sem o apoio da minha família, marido, pais e filhos, não teria realizado nem um décimo daquilo que fiz, 14 | portugal protocolo | nº13


entrevista, Angélica Santos a eles também devo o concretizar de muitos sonhos! Também a alguma teimosia da minha parte… Pensa que, no actual panorama desportivo nacional, a função de mulher dirigente ocupa um lugar de maior reconhecimento e aceitação junto dos seus pares masculinos? Hoje em dia já é mais “normal” as mulheres tomarem parte activa na gestão desportiva e não só como voluntárias, mas também como profissionais. Apesar desta evolução, Portugal, no que ao dirigismo desportivo diz respeito, ainda está muito atrasado na participação feminina. Os nossos índices de participação das mulheres nos lugares de topo, não têm comparação com os do norte da Europa, dos Estados Unidos ou mesmo de África, onde os números nos surpreendem! Qual é a percepção, no meio internacional, da imagem e competência do dirigismo português? Elevada, hoje em dia, temos muitos portugueses quer em Federações Internacionais quer em Confederações Europeias, nas mais diversas modalidades desportivas e em diferentes áreas. O que falta cumprir na sua carreira, enquanto Dirigente?

trabalho a desenvolver para aumentar quantitativa e qualitativamente a prática da actividade física e desportiva no nosso país, em todas as faixas etárias. Com toda a experiência que fui adquirindo ao longo do tempo, nos vários “papeis” que fui desempenhando no âmbito do desporto, quer nos organismos de cúpula quer em Federações a nível nacional e internacional, gostava de intervir e colaborar mais directamente em projectos direccionados para as crianças e os jovens. Penso que em qualquer projecto desta área – desporto - se deve desenvolver e dinamizar, não só a vertente desportiva/competitiva, mas também todos os conceitos associados- ética, fair-play, inclusão, educação, formação, entre outros.

“Os nossos índices de participação das mulheres nos lugares de topo, não têm comparação com os do norte da Europa, dos Estados Unidos ou mesmo de África, onde os números nos surpreendem!”

Esta é uma pergunta à qual me é difícil responder, pois apesar de estar envolvida no dirigismo desportivo desde 1981, não considero que esteja de alguma forma esgotada a minha capacidade para inovar e contribuir para que tenhamos em Portugal mais e melhor DESPORTO. Ainda há muito nº13 | portugal protocolo | 15


património, Palácio de Sintra

Em cima, Palácio de Sintra Página ao lado, Sala das Pegas Fotografias de Luís Pavão

O Palácio Nacional de Sintra, situado no centro histórico da Vila, foi habitado durante quase oito séculos por monarcas portugueses e pela corte.

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Era muito utilizado, sobretudo durante a Idade Média, para apoio durante os períodos de caça, como refúgio por ocasião de surtos de peste na capital ou durante os meses de verão, devido ao clima mais ameno da vila. O edifício reúne vários estilos arquitectónicos em que sobressaem os elementos góticos e manuelinos, sendo fortemente marcado pelo gosto mudéjar – feliz simbiose entre a arte cristã e a arte muçulmana – desde logo patente nos exuberantes revestimentos azulejares hispanomouriscos. Também no acervo das colecções expostas nos seus interiores são evidentes os testemunhos artísticos


patrimรณnio, Palรกcio de Sintra

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património, Palácio de Sintra

Em cima, Sala dos Cisnes Fotografia de Cláudio Marques Página ao lado, Sala dos Cisnes, tecto Fotografia de Luís Pavão

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da multiculturalidade que marcou as artes decorativas portuguesas do século XVI ao século XVIII. O Paço de Sintra é pela primeira vez referido por Al-Bacr, geógrafo árabe do século X, juntamente com o castelo que lhe faz face no alto da serra. Em 1147, na sequência da conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques, dá-se a rendição dos almorávidas de Sintra, pondo fim a mais de três séculos de domínio muçulmano. Aproximadamente na situação do actual palácio, no chamado Chão da Oliva, situava-se então a residência dos governadores mouros (walis), de


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património, Palácio de Sintra

que hoje nada resta. A configuração actual do Palácio Nacional de Sintra resulta essencialmente das campanhas de obras promovidas por D. Dinis (12611325) − responsável pela construção da Capela −, D. João I (1356-1433) − que organiza os seus aposentos em torno do Pátio Central erguendo a actual Sala dos Cisnes, a mais antiga Sala de aparato dos palácios portugueses, e salas anexas − e D. Manuel I (1469-1521), que acrescenta ao palácio a imponente Sala dos Brasões, cuja cúpula ostenta as armas

Página ao lado, Sala dos Brasões Em cima, Palácio de Sintra, vista aérea Fotografias de Henrique Ruas

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património, Palácio de Sintra

de Dom Manuel, de seus filhos, e de setenta e duas das mais importantes famílias da Nobreza, e a Ala Nascente. O edifício foi seriamente afectado pelo grande terramoto de 1755, após o que foi reconstruído, mantendo a silhueta que hoje apresenta a partir de meados do século XVI. A revolução de 1910 vem pôr um fim abrupto à utilização do Paço de Sintra como residência real, sendo a Rainha D. Maria Pia, viúva do Rei D. Luís, a última a habitar o palácio, daqui partindo para o exílio.

Página ao lado, Capela, tecto Em cima, Sala dos Brasões, tecto Fotografia de Luís Pavão Agradecimentos Parques de Sintra - Monte da Lua

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Ordens Honoríficas no Palácio da Cidadela de Cascais

O Museu da Presidência da República inaugurou, no dia 24 de Julho, no Palácio da Cidadela de Cascais, a exposição “Mérito e Reconhecimento – República e Presidentes”.

Fotografias Museu da Presidência da República 24 | portugal protocolo | nº13

Dedicada ao conhecimento e à história das Ordens Honoríficas portuguesas, esta mostra apresenta as condecorações, e respectivas insígnias, com que os Presidentes da República agraciam personalidades e instituições, por relevantes serviços prestados ao país. O Presidente da República é, por inerência de funções, o grão-Mestre das Ordens Honoríficas, a quem se reserva, por tradição antiga e direito constitucional, o poder simbólico de conceder condecorações. Algumas de origem medieval, como as Ordens de Avis e de Sant’Iago da Espada, que remontam ao século XII, outras de instituição mais recente, como é o caso da Ordem da Liberdade, criada em 1976, as Ordens Honoríficas apresentadas atravessam


Ordens Honoríficas no Palácio da Cidadela de Cascais

a história da República portuguesa. Aqui se encontram as três primeiras condecorações estrangeiras atribuídas a um Presidente da República português, em 1917, no contexto da participação de Portugal na I Guerra Mundial, bem como a Banda das Três Ordens, apanágio exclusivo do Presidente da República, desde decreto de Sidónio Pais. Para além de constituírem, em si, peças de execução requintada, as condecorações contam a sua história e contam a história de quem as mereceu. A exposição integra ainda documentação relevante, relacionada com a evolução e a concessão das Ordens, e centenas de registos fotográficos, de Bernardino Machado, a Aníbal Cavaco Silva, que documentam

os contextos cerimoniais em que os Presidentes da República Portuguesa receberam e ostentam as mais altas condecorações internacionais.

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Ordens Honoríficas no Palácio da Cidadela de Cascais

Ordem da Legião de Honra Grã-Cruz França, 1917 Prata, esmaltes e seda Condecoração atribuída a Bernardino Machado por Raymond Poincaré, Presidente da República Francesa 26 | portugal protocolo | nº13


Ordens Honoríficas no Palácio da Cidadela de Cascais

Ordem do Sol Grã-Cruz em brilhantes Peru, 1921 Prata, esmaltes e seda Condecoração atribuída a António José de Almeida por Augusto Leguía y Salcedo, Presidente da República do Peru nº13 | portugal protocolo | 27


Ordens Honoríficas no Palácio da Cidadela de Cascais

Ordem de Santo Sava Grã-Cruz Sérvia, c.1925 Prata, esmaltes e seda Condecoração atribuída a Manuel Teixeira Gomes 28 | portugal protocolo | nº13


Ordens Honoríficas no Palácio da Cidadela de Cascais

Ordem da Grande Estrela Jugoslava Jugoslávia, 1976 Prata, esmaltes e seda Condecoração atribuída a Francisco Costa Gomes por Josip Broz Tito, Presidente da República Federativa da Jugoslávia nº13 | portugal protocolo | 29


Ordens Honoríficas no Palácio da Cidadela de Cascais

Ordem L’Ouissam El Mohammadi Grande-Colar Marrocos, 1993 Ouro, diamantes, esmeraldas, rubis e esmaltes Condecoração atribuída a Mário Soares pelo Rei Hassan II de Marrocos 30 | portugal protocolo | nº13


Ordens Honoríficas no Palácio da Cidadela de Cascais

Ordem de Al Hussein Bin Ali Grande-Colar Jordânia, 2009 Ouro e pedras preciosas Condecoração atribuída a Aníbal Cavaco Silva pelo Rei Hussein da Jordânia nº13 | portugal protocolo | 31


Museu do Douro, “Dona Antónia, uma vida singular”

Figura ímpar da História do Douro e do País «Dona Antónia, uma vida singular» é a exposição comemorativa dos 200 anos de nascimento de D. Antónia Adelaide Ferreira (A Ferreirinha), no Museu do Douro.

D. Antónia Adelaide Ferreira é ainda hoje um símbolo da iniciativa, da perseverança e da luta individual em defesa de um bem colectivo - o Douro e a Região Vinhateira. A exposição evoca o percurso de vida e obra de Dona Antónia, mulher singular no seu tempo, porque única e independente, as relações entre a família e a empresa no contexto da viticultura duriense e do comércio do vinho do Porto. Símbolo do empreendedorismo foi-o também do altruísmo e da generosidade, onde se destaca a sua faceta filantrópica e humanitária. Fotografias de Museu do Douro

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Museu do Douro, “Dona Antónia, uma vida singular”

Dona Antónia Adelaide Ferreira (Ferreirinha) Quadro da Colecção da Santa Casa da Misericórdia de Peso da Régua Fotografia Museu do Douro nº13 | portugal protocolo | 33



Protocol o

Cerimónia de condecoração, no Palácio de Belém

O Presidente da República agraciou a Dra. Clara Nunes dos Santos com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, no momento em que cessou funções como Subchefe do Protocolo do Estado. Fonte: © 2006-2012 Presidência da República Portuguesa nº13 | portugal protocolo | 35


c o l e c ç ão d e jó i as “A mál ia”

Fundação Amália Rodrigues e Ouronor foram os anfitriões do lançamento oficial colecção de jóias "Amália" no Palácio Sottomayor Fotografias de

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No dia 28 de Setembro, a fadista Ana Moura amadrinhou o lançamento da linha de jóias “Amália”, no Palácio Sottomayor, em Lisboa. Esta colecção é uma iniciativa conjunta da Ouronor e da Fundação Amália Rodrigues, que integra réplicas e originais criados por artesãos de ourivesaria e joalharia nacional. Uma parte da percentagem das vendas reverte a favor da Fundação, contribuindo para as acções de solidariedade promovidas pela instituição criada por vontade da fadista e expressa em testamento.


colecção de j ó i a s “A mál i a”

As primeiras jóias foram desenhadas a partir do espólio das peças de Amália Rodrigues, também reproduzidas para o filme "Amália" – biografia ficcionada sobre Amália Rodrigues, do realizador Carlos Coelho da Silva. Estiveram presentes o presidente da Fundação Amália Rodrigues, João Aguiar, e o presidente do conselho de administração da Ouronor, Álvaro Freitas, e o gestor do site de e-comerce, António Xavier.

Página ao lado Amália com a jóia estrela Em cima Réplica da jóia estrela

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e x p o si ç ão d e a rte

“Na ponta dos dedos” Exposição de Jaime Lopez, no Centro de Exposições de Odivelas

Fotografias cedidas pelo artista 38 | portugal protocolo | nº13

O projecto "Na Ponta dos Dedos" é o início do processo criativo do artista Jaime Lopez, que consiste em desenhos em caneta esferográfica sobre papel de guardanapo, para o qual convidou Cristina Caras Lindas, Cristina Correia, Tiago Galvão Teles, Diana Vinagre, Maria Margarida Ruas Gil Costa, Guiomar Casas Novas, Isabel Vila Verde, Maria Andersen e Mário Máximo; desafiando-os a dissertar sobre os seus desenhos para esta exposição. A inauguração aconteceu no passado dia 27 de Setembro, no Centro de Exposições de Odivelas, a convite da Câmara Municipal de Odivelas. Agarda-se a continuação deste projecto com a edição do livro com os textos ilustrados pelas obras para o final do ano 2012.


ex posiçã o de a r t e

«Viajar é observar…» Sophia de Mello Breyner Andresen.

Página ao lado Jaime Lopez e Mário Máximo, vice-presidente da Câmara Municipal de Odivelas

Igualmente tem sido este o lema de vida que de Jaime Lopez nos últimos anos. A sua produção artística para esta exposição multifacetada vem da sua real – por vezes inconsciente observação das suas viagens nos mais variados contextos, físicos, emocionais e sociais: lugares, jardins, cafés, pessoas diferentes, onde o igual as cruza e eterniza. O quotidiano e sobre tudo o que nós, por vezes sublimamos, a mais pequena rotina diária, beber um café, sentar no banco do jardim e descansar da caminhada. É potencializado no seu melhor espelho: a retina, o papel e a tinta gráfica.

Em cima, esquerda para a direita Margarida Ruas, mário Máximo, Jaime Lopez, Cristina Correia e Diana Vinagre

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e x p o si รง รฃo d e a rte

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ex posiçã o de a r t e

«…Navegar é preciso!…» Fernando Pessoa. Na sua inesgotável busca essencial pelos meandros e nuances da arte, Jaime Lopez foi navegar no mar profundo das letras, ou melhor, nas ondas ora oscilantes, ora calmas, ora revoltas da poesia. Além de exprimir graficamente o que vai em suas telas ou papéis, Jaime desafiou um grupo de poetas para «poetar», alguns dos seus desenhos para esta exposição.

Página ao lado Em cima Lurdinhas Mendes e Jaime Lopez Tiago Galvão Teles e o artista Em cima João Micael, Maria Eugénia Saraiva, Margarida Ruas e Mário Máximo

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G ui m a r ã es 201 2 , C a p i t al Eu r o p e i a d a C u l t ura

Guimarães 2012 reviveu época da fundação do reino de Portugal

Fotografias João Peixoto Fundação Cidade de Guimarães 42 | portugal protocolo | nº13

A cidade reviveu o momento de conquista e fundação do reino de Portugal, episódio que lhe conferiu o título de Berço da Nação. O centro de Guimarães vestiu-se a rigor para a Feira Afonsina, recuando até ao século XII para acolher os cavaleiros, os bailes, as despedidas e as celebrações das conquistas de D. Afonso Henriques. No ano de consolidação e expansão do evento, D. Afonso Henriques foi apresentado em idade adulta, envolvido em ambiente militar de preparação para os movimentos de conquista. O ponto de partida para esta viagem no tempo foi o ano de 1125, momento em que D. Afonso Henriques se arma cavaleiro a si próprio, em Zamora. A acção desenrolou-se até 1128, início do governo do Condado Portucalense por D. Afonso Henriques, marcado pela Batalha de S. Mamede.


Protocol o , m as te r c l ass

Master Class “Protocolo nas empresas”

A convite da Santa Casa da Misericórdia de Almada, João Micael realizou a Master Class “Protocolo nas empresas”, ministrada para os quadros de direcção, directoras técnicas e coordenadoras daquela instituição, na Casa da Cerca, no dia 16 de Julho. Também ness ocasião, foi apresentado às participantes o seu livro “Protocolo nas empresas em Portugal”

Fotografias Inês Roque nº13 | portugal protocolo | 43


P r o t o c o l o , m a st e r c la ss

Em cima Orador e participantes na Casa da Cerca Em baixo O orador recebendo o livro da Santa Casa da Misericórdia, pelas mãos de Sílvia Fragoso, Vice Provedora da instituição 44 | portugal protocolo | nº13


crónica, C o n c ei çã o M at o s Pensamentos meus Sumaria Matagala tarda em chegar. Logo hoje. É sempre pontual e até mais que pontual. Chega a ser irritantemente pontual! Espero que esteja tudo bem com ela. Não é seu costume atrasar-se tanto. É verdade que a idade já não a ajuda. Mas que fazer? Ela precisa de trabalhar e eu preciso dela. Está connosco há tantos anos. Muitos mais do que aqueles que tenho. Muitos mais daqueles em que ela poderia ter feito alguma coisa com a sua vida. Outros tempos... Será que o seu filho teria enveredado por uma via diferente, se ela estivesse mais presente no seu quotidiano? Sei lá! Tantas histórias de meninos com uma educação cheia de tudo, o que tudo quiser dizer, que vão por maus caminhos... O filho dela também quis ir. Deve ser duro para uma mãe ver o filho assim, perdido de alma e perdido de vida. - Ai, menina sabe lá, o malandro já não vai a casa há mais de 15 dias. Não sei nada dele. Estou numa aflição! A última vez apareceu-me em casa num carro lindo, grande, preto. A dizer que o tinha comprado! Veja lá, menina! Que o tinha comprado! Se eu queria ir passear com ele. Que me levava a ver o mar. Que me levava a ver a cidade. Que me levava a ver a felicidade. Que, mais dia, menos dia, me vai encher de dinheiro e nunca mais vou precisar de trabalhar. A menina, não me leve a mal, mas eu gostava de deixar de trabalhar. Não, não é que seja preguiçosa e que não goste de trabalhar para si. É só que estou cansada menina, estou cansada. Se calhar arranjou trabalho “lá fora” menina. Já se sabe, que “lá fora” se ganha mais. E coitadinho, deve estar tão cansado que nem se lembra de me sossegar. Se o meu João José, não tivesse com aquela doença do esquecimento, já tinha ido à procura dele. Mas já não posso contar com ele. Menina, onde quer que ponha estas meias? Pois, mas eu não posso fazer nada.

Vou ter que lhe chamar a atenção. Deverei chamar-lhe a atenção? Apesar de tudo, mais vale um atraso que deixar de ter quem me ajude nas minhas tarefas “caseiras”. Três filhos, um marido ausente por via da profissão... Não é fácil. É, vou chamarlhe a atenção. Que me interessa, afinal, que tenha já 67 anos, viva com

o marido doente, o filho desaparecido, numa casa sem condições, numa mesa sem sustento, num bairro degradado, num quarto sem janela, numa vida sem esperança? Que mal saiba ler, que tenha rugas de amargura, que não tenha rugas de felicidade? Que me interessa afinal? Não se pode mudar o mundo assim. Tenho que deixar de pensar tanto nos outros. Eu tenho é que estar presente para os meus. Patroa, empregada. É assim que tem que ser. Sumaria Matagala tarda em chegar. Logo hoje. Tenho marcação para pintar o cabelo às 10h00! nº13 | portugal protocolo | 45


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