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Editorial Carta Aberta, Isabel Amaral Protocolo, Embaixador Manuel Côrte-Real Estilo, Luis Onofre Opinião, Maria Olímpia Simões Entrevista, Paula Ramos Chaves Imagem, António Homem Cardoso Entrevista, Embaixadora do Panamá Espaço, Farol Design Hotel
joão micael
s u m á r i o
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e d i t o r a l ditora
Entrevista, Teresa Luz de Almeida Diferença para +, Manuel Carmo Meios, Pedro Luiz de Castro APEP Notícias, Museu da Presidência Notícias, U.E.
PORTUGAL PROTOCOLO - Revista Trimestral | Nº 3 - Ano 2007
Propriedade João Micael Calçada do Rio, 48 - A, Sala B 1495-113 Algés Portugal Tel: +351 21 410 63 56 . 21 410 71 95 www.portugalprotocolo.com protocolo@portugalprotocolo.com Registado no Instituto de Comunicação Social nº 124967 Depósito Legal: 24 90 00/06 ISSN - 1646 - 6055 Impressão Clio - Artes Gráficas, Lda. Tiragem 7500 exemplares
Director João Micael Consultora Isabel Amaral Editor fotográfico António Homem Cardoso Arte Ângela Neto Publicidade e R.P. Ana Ferreira Convidado especial Embaixador Manuel Côrte-Real Colunistas António Homem Cardoso | Manuel Carmo | Maria Olímpia Simões | Pedro Luiz de Castro
INTERDITA A REPRODUÇÃO DE TEXTOS E IMAGENS POR QUAISQUER MEIOS
As mulheres têm um melhor desempenho no que concerne ao saber receber e projectar uma boa imagem da sua empresa ou missão profissional do que os homens? Uns respondem afirmativamente, outros alegam o contrário, e, outros, tal como eu, acham que não depende unicamente do género mas da essência, cultura e personalidade próprias – sejam de uma mulher ou de um homem. Os defensores da supremacia feminina neste campo apontam a sensibilidade, a atenção aos pormenores falhas no homem, os que contrariam esta tese referem a racionalidade, tenacidade e frontalidade masculinas. Ao longo da história houve vários exemplos de homens, como o romano Lúculo e o francês Vatel, que elevaram à excelência a arte de bem receber e da sofisticação. Luís XIV da França usou a arte consumada de “entreter” para subjugar a aristocracia e maravilhar as nações encenando a magnificência da sua corte. Aliás, a palavra etiqueta, significando boas maneiras em sociedade, deriva da “étiquette” – etiqueta, à letra - usada na sua corte para que os cortesãos soubessem as precedências nas cerimónias nos salões de Versailles. O Protocolo, por si, não distingue sexos, antes, cargos e hierarquias, portanto competências e não estereótipos ultrapassados e sem sentido na actualidade. “Vive la différence”.
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Tratados entre Portugal e os países da União Europeia, séculos XIII a XXI
Exposição organizada pela Direcção-Geral de Arquivos, em parceria com a Assembleia da República, tendo como objectivo comemorar os 50 anos da assinatura d o Tratado de Roma, no ano em que Portugal assume, pela terceira vez, a presidência do Conselho da União Europeia. Através desta exposição, lembram-se momentos da nossa História, das relações de Portugal com os outros reinos, países ou territórios da Europa, que hoje constituem a União Europeia e com os quais Portugal se cruzou ao longo dos séculos. São tratados de paz e de aliança, de relações comerciais, de demarcação de fronteiras, de casamentos, de novas políticas sociais, culturais… entre outros. Tratados como o de Alcanizes que estabelece as fronteiras terrestres estáveis mais antigas da União Europeia, o Tratado de Tordesilhas, hoje classificado como Memória do Mundo, passando pelo Tratado de Viena de 1815 e suas ratificações, onde um novo mapa político da Europa do Século XIX é redesenhado. Um realce especial para o Tratado assinado em 1815, com o Reino Unido, com vista à Abolição da Escravatura.
Tratado do Congresso de Viena
Em 1957, a assinatura dos Tratados de Roma dá início a uma nova série de Tratados Europeus, de consolidação e de alargamento da União Europeia, como é exemplo o Tratado de Adesão de Portugal e Espanha, assinado em 1985, escrito em 10 línguas, com 15380 páginas de texto, 1,41m de altura de lombada e um peso superior a 80kg.
Inglaterra, Tratado de Windsor
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AS ORDENS HONORÍFICAS PORTUGUESAS
manuel côrte-real
Concessão de condecorações durante as Visitas de Estado A concessão de ordens e condecorações durante uma Visita de Estado é a expressão mais elevada do bom relacionamento entre o país visitado e o país visitante, e é além disso muitas vezes expressão de boas relações pessoais entre os chefes de Estado que se encontram. Momento supremo das relações diplomáticas, a Visita de Estado pretende significar a visita de um país, na pessoa do chefe de Estado, a outro, normalmente em reconhecimento das boas relações entre ambas as nações e, na maior parte das vezes, expressando o desejo de aprofundamento das relações políticas e económicas. Longe vão os tempos em que um feriado nacional foi decretado para se receber a mais célebre chefe de Estado, a Rainha Isabel II de Inglaterra! Quando esteve em Lisboa pela primeira vez, em Fevereiro de 1957, o cerimonial transformou-se em autêntica pompa e circunstância, digna dos mais áureos tempos da monarquia portuguesa. O majestoso desembarque pelo Tejo e o cortejo com coches podem hoje ser considerados irrepetíveis. Mas a troca de condecorações entre os chefes de Estado faz-se hoje como então se fazia e a troca de condecorações marca a ocasião com um carácter pessoal, que se verifica na escolha da ordem concedida, não só aos chefes de Estado mas aos membros da delegação. A escolha das ordens e condecorações concedidas obedece a critérios definidos numa tradição não escrita mas que comporta séculos de história e horas de negociações diplomáticas. As Ordens Honoríficas Portuguesas dividem-se em três grupos: as Antigas Ordens Militares, as Ordens Nacionais, e as Ordens de Mérito Civil. Assumem preponderância, desde logo pelos séculos de história que sobre os seus nomes e insígnias carregam, as Antigas Ordens Militares: a Ordem de Cristo, a Ordem de Avis, a Ordem de Sant’Iago da Espada e a Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Cada uma delas com uma história suficiente para uma monografia, unem-se as três primeiras numa colorida banda tricolor (encarnado de Cristo, verde de Avis e violeta de Sant’Iago), a Banda das Três Ordens, hoje insígnia privativa da magistratura presidencial que o Presidente da República usa nas ocasiões de gala e na fotografia oficial enquanto chefe de Estado. Criada em 1789 por decreto da Rainha D. Maria I, a Banda das Três Ordens destinou-se a permitir o uso simultâneo das insígnias das três ordens militares e não a de uma só delas. Durante a monarquia, foi uso que o monarca e o herdeiro usassem a Banda das Três Ordens, mas iniciou-se a tradição de conceder a mesma condecoração aos chefes de Estado que visitassem Portugal ou que fossem visitados pelo monarca português. Restabelecida em 1918 pela República, a Banda das Três Ordens passou a ser privativa do Presidente da República, mas permitiu-se a concessão a chefes de Estado estrangeiros. Nesse sentido, quando o Presidente Craveiro Lopes visitou a Inglaterra em 1955, levou à Rainha Isabel II as insígnias da mais alta condecoração portuguesa, tendo a Rainha retribuído com a Grã-Cruz da Ordem do Banho. Também o Rei da Tailândia – hoje o decano dos monarcas do Mundo, que celebrou em 2006 o seu Jubileu de Diamante – foi agraciado com a Banda das Três Ordens quando visitou Portugal em 1960. Outros monarcas e presidentes receberam as Três Ordens, como os Reis Alberto I, Leopoldo III e Balduíno dos Belgas,
respectivamente em 1919, em 1938 e em 1957; o Rei Jorge VI de Inglaterra, em 1939; os Presidentes do Brasil, Café Filho e Kubitschek de Oliveira, respectivamente em 1955 e 1957; o Imperador Hailé Selassié da Etiópia, em 1959; e o Generalíssimo Francisco Franco, em 1962. Os casos da Rainha Isabel II e do Rei da Tailândia apresentam, no entanto, alguma curiosidade, na medida em que, estando ambos vivos, nenhum dos dois pode hoje usar a condecoração então recebida, uma vez que legislação introduzida em 1962 e 1963 tornou-a privativa do Presidente da República Portuguesa em exercício, requalificando de alguma forma a Banda das Três Ordens como insígnia da função e prerrogativa do Grão-Mestre das Ordens Honoríficas Portuguesas. Não era essa a função que tinha na sua génese, devendo ser antes considerada como uma condecoração que reúne as Grã-Cruzes das três mais antigas ordens militares portuguesas. Desde então, aos chefes de Estado que vêm a Portugal em visita de Estado, ou recebem nessa condição o Presidente português, é-lhes geralmente conferido
Banda das Três Ordens
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Ordem Militar da Torre e Espada
Ordem de Cristo.
1955, levou à Rainha Isabel II as insígnias da mais alta condecoração portuguesa, tendo a Rainha retribuído com a Grã-Cruz da Ordem do Banho. Também o Rei da Tailândia – hoje o decano dos monarcas do Mundo, que celebrou em 2006 o seu Jubileu de Diamante – foi agraciado com a Banda das Três Ordens quando visitou Portugal em 1960. Outros monarcas e presidentes receberam as Três Ordens, como os Reis Alberto I, Leopoldo III e Balduíno dos Belgas, respectivamente em 1919, em 1938 e em 1957; o Rei Jorge VI de Inglaterra, em 1939; os Presidentes do Brasil, Café Filho e Kubitschek de Oliveira, respectivamente em 1955 e 1957; o Imperador Hailé Selassié da Etiópia, em 1959; e o Generalíssimo Francisco Franco, em 1962.
ser antes considerada como uma condecoração que reúne as Grã-Cruzes das três mais antigas ordens militares portuguesas.
Os casos da Rainha Isabel II e do Rei da Tailândia apresentam, no entanto, alguma curiosidade, na medida em que, estando ambos vivos, nenhum dos dois pode hoje usar a condecoração então recebida, uma vez que legislação introduzida em 1962 e 1963 tornou-a privativa do Presidente da República Portuguesa em exercício, requalificando de alguma forma a Banda das Três Ordens como insígnia da função e prerrogativa do Grão-Mestre das Ordens Honoríficas Portuguesas. Não era essa a função que tinha na sua génese, devendo
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Desde então, aos chefes de Estado que vêm a Portugal em visita de Estado, ou recebem nessa condição o Presidente português, é-lhes geralmente conferido um dos Grandes Colares. A Rainha Isabel II foi agraciada por mais duas vezes, em 1979 e em 1993. Na primeira destas ocasiões, pelo General Ramalho Eanes, com o Grande Colar da Ordem de Sant’Iago da Espada. O agraciamento pelo Dr. Mário Soares, em 1993, com o Grande Colar da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito teve um carácter extraordinário, que requereu, ao constituir uma excepção à lei, a aprovação de um Decreto-lei para a concessão. Este Grande Colar está reservado pela actual lei aos antigos Presidentes da República, constituindo a concessão à Rainha Isabel a primeira das duas excepções abertas, tendo a segunda sido a concessão ao Rei Juan Carlos I de Espanha, quando visitou Portugal em 2000. A Ordem Militar da Torre e Espada tem uma história algo incerta, na medida em que, quando o então Príncipe-Regente D. João, para comemorar a chegada ao Brasil da Família Real, institui a Ordem, refere no decreto de fundação a sucessão da mítica “Ordem da Espada” que teria sido criada por D. Afonso V em 1459, circunstância de que não há suficiente prova. A Ordem resultou, na realidade, de uma necessidade de agraciar não-católicos que não podiam receber as antigas ordens militares portuguesas. Hoje listada como a primeira das Antigas Ordens Militares, é na realidade a menos
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Ordem de Avis.
Ordem de Sant’Iago da Espada
um dos Grandes Colares. A Rainha Isabel II foi agraciada por mais duas vezes, em 1979 e em 1993. Na primeira destas ocasiões, pelo General Ramalho Eanes, com o Grande Colar da Ordem de Sant’Iago da Espada. O agraciamento pelo Dr. Mário Soares, em 1993, com o Grande Colar da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito teve um carácter extraordinário, que requereu, ao constituir uma excepção à lei, a aprovação de um Decreto-lei para a concessão. Este Grande Colar está reservado pela actual lei aos antigos Presidentes da República, constituindo a concessão à Rainha Isabel a primeira das duas excepções abertas, tendo a segunda sido a concessão ao Rei Juan Carlos I de Espanha, quando visitou Portugal em 2000.
É concedida a ministros estrangeiros e membros de famílias reais durante as visitas de Estado, como foi o caso da recente visita a Espanha do Presidente Cavaco Silva, em que foi concedida a Grã-Cruz à Princesa das Astúrias.
A Ordem Militar da Torre e Espada tem uma história algo incerta, na medida em que, quando o então Príncipe-Regente D. João, para comemorar a chegada ao Brasil da Família Real, institui a Ordem, refere no decreto de fundação a sucessão da mítica “Ordem da Espada” que teria sido criada por D. Afonso V em 1459, circunstância de que não há suficiente prova. A Ordem resultou, na realidade, de uma necessidade de agraciar não-católicos que não podiam receber as antigas ordens militares portuguesas. Hoje listada como a primeira das Antigas Ordens Militares, é na realidade a menos antiga. Assume, no entanto, grande preponderância pela exigência, para a sua concessão, de méritos civis ou militares excepcionais, heroísmo ou abnegação pela Pátria ou a Humanidade. A Grã-Cruz da Ordem da Torre e Espada tem sido também ocasionalmente conferida a chefes de Estado (sobretudo brasileiros), em vez de um dos Grandes Colares. A Ordem de Cristo era considerada, ao tempo da reforma de D. Maria, como a primeira das antigas ordens militares. Foi inclusivamente tentada a oficialização da primazia face às restantes, mas a lei nem chegou a entrar em vigor, tal foi o clamor que se gerou entre os detentores das ordens de Avis e Sant’Iago! Fundada em 14 de Março de 1319, por bula do papa João XXII a pedido do Rei D. Diniz, para suceder à extinta Ordem dos Templários., hoje é conferida em reconhecimento de destacados serviços prestados ao país, na Administração Pública e em especial na magistratura e na diplomacia.
A Ordem de Avis tem também um carácter marcadamente militar, pelo que a sua concessão é mais rara durante as visitas de Estado. Pretende-se originalmente fundada pelo Rei D. Afonso Henriques, mas a sua história está contudo envolta em algum mistério que aqui seria demasiado longo aprofundar. Foram concedidas Grã-Cruzes ao Príncipe Filipe, Duque de Edimburgo (1979), ao Príncipe das Astúrias (1991), ao Príncipe Henrik da Dinamarca (1993), ao Príncipe de Gales (1994) e ao Príncipe Philippe da Bélgica (1998), entre outros, raramente sendo concedida a chefes de Estado. A recente concessão da Grã-Cruz ao Rei de Espanha pelo Presidente da República ficou a dever-se à circunstância de o Rei ter já todas as outras Ordens Portuguesas!s A Ordem de Sant’Iago da Espada teve, por sua vez, origem na Ordem Militar de Santiago, fundada em 1170 pelo Rei Fernando II de Leão. A introdução em Portugal está em tudo relacionada com a Reconquista, onde os membros da ordem tiveram um papel importante. A Ordem tem hoje por fim distinguir o mérito literário, científico e artístico. O Grande Colar da Ordem de Sant’Iago da Espada, receberam-no, entre muitos outros, personalidades tão distintas como o Presidente Giscard d’Estaing de França, o Presidente Joaquim Chissano de Moçambique, o Imperador Akihito do Japão e o Rei Hassan II de Marrocos. A Grã-Cruz da Ordem que é sempre acompanhada de colar diferente e mais simples que o Grande Colar é também frequentemente concedida durante as visitas de Estado.
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Os sapatos femininos Durante grande parte da história, mantiveram-se invisíveis, debaixo do volume das saias. Os sapatos indicavam e ainda indicam o estatuto social e económico do seu portador. As aristocratas do princípio do século XIX calçavam chinelos de brocado tão finos como se fossem feitos de papel e cujas solas
seu casamento com o delfim. Esta moda foi rapidamente copiada pelas damas francesas da corte de Francisco I. O stiletto Também conhecido como salto agulha, chegou ao mundo da moda na década de 1950. Os médicos desaconselhavam-nos devido aos tornozelos torcidos. Como perfuravam certos pavimentos, foram proibidos nos aviões e em muitos edifícios públicos. Eram considerados símbolos de agressão, sexualidade e sedução. Sapato de cerimónia Este sapato na sua forma mais pura e sem adornos, com um salto sóbrio é prático e elegante, distinto e clássico. No início do século XVI, eram usados pelos lacaios, na sua libré, e eram rasos e frágeis. O seu nome inglês, “pump”, que passou a ser utilizado a partir de 1555, vem do som que faziam quando se caminhava sobre um pavimento polido. No fim do século XVII, depois do aparecimento dos sapatos de verniz, este tipo de calçado surgiu calçando as senhoras e cavalheiros, pois consideravam-nos os únicos sapatos mais adequados para dançar. A sua utilidade unissexo foi-se perdendo, e, a pouco e pouco adquiriram saltos, laços e fivelas decoradas. Em meados do século XIX estabeleceram-se definitivamente como sapatos femininos. Os sapatos “Vara” e “Peregrino” combinavam o conforto com uma aparência sofisticada. Este tornou-se um dos sapatos mais copiados de sempre, depois da sua aparição na colecção de 1962 de Yves Saint-Laurent. “Metallic Look”! Luís Onofre, Outono Inverno 2007 / 2008
eram tão frágeis que não resistiam a alguns passos fora de casa. As sandálias de sola de ouro das imperatrizes romanas, os sapatos de tacão vermelho da corte do rei-sol e o actual mocassim Gucci, funcionaram como sinónimos de classe e riqueza.
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O salto A mulher “enfia” uns chinelos, “calça” uns ténis ou “põe” uns sapatos confortáveis, mas
Mistura de pretos com prata e ouro com vermelhos, prata velha com tons mel e castanhos. Tudo conjugado com os imprescindíveis cristais Swarovski em Jet Cosmo, que dão um toque de requinte e ao mesmo tempo personalizam em pleno o tema explorado. Essencialmente, o que marca esta colecção, são a escolha dos materiais: “Alligator”, embora sendo imitação, é perfeita! Em toda a pele, cada escama é golpeada uma a uma manualmente, de tal forma que se torna imperceptível a sua veracidade.
“vestem-se” de saltos altos. A primeira notícia escrita de uso de saltos altos data do século XVI, quando Catarina de Médicis, de baixa estatura, levou de Itália para França, sapatos de salto alto, para o
São usadas, também, peles laminadas com acabamentos personalizados, fazendo lembrar pratas oxidadas, cobras envernizadas e metalizadas. O “stiletto” volta em força, em versão plataforma e também as botas “horse riding” com novas formas.
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opinião MARIE CURIE (Maria Sklodowska) Quando o mundo inteiro está preocupado com as radiações é bom escrever sobre esta grande mulher, aparentemente esquecida pela juventude, que criou o termo radioactividade. Madame Curie identificou três tipos de emissão radioactiva a partir do Urânio; em 1898 a radioactividade do Tório, no mesmo ano do Polónio (nome atribuído em homenagem ao seu país) e do Rádio. Continuando a sua investigação, convicta que os minerais estudados deviam conter, ainda que, em pequena quantidade, uma substancia radioactiva muito poderosa, até então desconhecida, só em 1902, obteve a vitória preparando um decigrama de Rádio puro e determinado o peso atómico do novo elemento. A partir desse momento o Rádio existia oficialmente!
maria olímpia simões
opinião
Natural de Varsóvia, Polónia, onde nasceu a 7 de Novembro de 1867, filha de um professor de matemática e física, e de uma directora de um colégio que morreu muito cedo, desde a sua entrada na escola, foi sempre brilhante. Tinha uma memória prodigiosa, tendo aos 16 anos ganho a medalha de ouro quando concluiu o ensino secundário num liceu russo, como a melhor aluna do mesmo. Num mau investimento o seu pai perdeu todas as suas economias e Maria, teve que começar a trabalhar como professora, e em simultâneo na clandestinidade fazia parte da Universidade Livre Nacionalista, lendo em polaco para as mulheres trabalhadoras. Aos 18 anos ocupa oficialmente o lugar de professora e tem um grande desgosto de amor. Com o seu vencimento, financiava os estudos da irmã Bronia, que estava a tirar medicina em Paris, para posteriormente esta a ajudar. Em 1891, mudou-se para França, inicia os seus estudos universitários na Sorbonne, é demasiado tímida para fazer amizades com os seus companheiros franceses, refugiase no circulo dos seus compatriotas que formavam uma espécie de ilha no Bairro Latino de Paris. Vivia com poucos recursos, passou semanas a alimentar-se só com chá, pão e manteiga, quando queria festejar algo fazia-o com 2 ovos e 1 tablete de chocolate, e, chegou a desmaiar nas aulas com fome. Para poupar o carvão não acendia o aquecedor e como passava horas e horas a escrever números e equações, deixava de sentir os dedos de gelados que estavam. Dominada pela paixão científica, mantinha a sua independência pessoal, até que, num laboratório, em 1894, conhece Pierre Curie, cientista francês, e houve imediatamente uma química! Pierre encontrou em Maria
continuando a passar muitas dificuldades e, sete anos depois, já com o mundo rendido a seus pés nasce a sua segunda filha Eva. Marie Curie, Licenciou-se em física, em matemática, doutorou-se em física, foi laureada com o prémio Nobel de Física, em 1903, Nobel da Química em 1911, a primeira mulher a leccionar na Sorbonne, criou o Instituto do Rádio, (organização para estudos e trabalhos com radioactividade, sedeado em Paris), durante a I Guerra Mundial com a ajuda da sua filha Irene, também prémio Nobel da Química, improvisou 20 hospitais de campanha, equipou-os com sistemas de X-RAY primitivos, onde ambas exerceram as funções de técnicas de radiologia, cuja tecnologia foi importante para os médicos detectarem as balas no corpo dos soldados; recebeu diversos prémios, diversas condecorações a nível mundial, etc. O seu amado marido Pierre Curie, morre atropelado por uma charrette em 1906 e, a partir deste acontecimento Maria dedica todas as suas energias a completar sozinha o trabalho que ambos tinham começado tornando-se numa mulher muito solitária. Marie Curie, morre em Julho de 1934, com leucemia, adquirida pela excessiva exposição
uma personalidade desconcertante e ficou encantado por poder falar com uma jovem a linguagem técnica das fórmulas complicadas e fascinado não só pela sua devoção ao trabalho como pela sua nobreza de espírito. Casam em 1895, dois anos depois nasce a sua primeira filha Irene,
à radioactividade, é enterrada no cemitério de Sceaux, numa campa ao lado do seu marido. Em 1995 as suas cinzas são transferidas para o Panteão em Paris e é a primeira mulher a receber esta honra do governo francês.
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Paula Ramos Chaves É directora do gabinete de comunicação e imagem das Estradas de Portugal há 8 anos. licenciada em direito, foi relações públicas na British Airways, no grupo Jerónimo Martins e na TVI. Formou-se em protocolo dos 27 países da união europeia em Bruxelas.
O que é o Protocolo? O Protocolo não serve só para sentar as pessoas à mesa. Protocolo é a capacidade que as pessoas têm para resolver qualquer tipo de questão que surja numa situação de stress e adrenalina – na hora – não tendo que ver somente com o lugar certo do guardanapo ou dos talheres na mesa porque as pessoas, na generalidade, sabem essas coisas. Protocolo é, também, a capacidade de adaptação a novas regras e às idiossincrasias da pessoa para quem se trabalha. Por exemplo o Primeiro-ministro não quer ser tratado por Excelência, mas, sim por Primeiro-ministro. Perguntava um protocolista como era possível um Primeiro-ministro não ser tratado por Excelência. É possível na medida em que é aquela a sua vontade e que a sua vontade deve ser respeitada. É importante na sua profissão? Como dirijo o gabinete de comunicação e imagem das Estradas de Portugal, tenho um trabalho que vai desde “lavar chávenas” até escrever discursos. As minhas tarefas são fazer tudo o que é preciso ser feito. …faz tudo por uma questão de feitio? Sim, faço tudo porque gosto que tudo corra bem. Se for preciso lavar uma chávena, lavo. Se for preciso escrever o discurso para o secretário de Estado, fico toda a noite a fazê-lo se tiver que ser. Não há qualquer problema. Antes de mais primo pela excelência.
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O que é o Protocolo? O Protocolo não serve só para sentar as pessoas à mesa. Protocolo é a capacidade que as pessoas têm para resolver qualquer tipo de questão que surja numa situação de stress e adrenalina – na hora – não tendo que ver somente com o lugar certo do guardanapo ou dos talheres na mesa porque as pessoas, na generalidade, sabem essas coisas. Protocolo é, também, a capacidade de adaptação a novas regras e às idiossincrasias da pessoa para quem se trabalha. Por exemplo o Primeiro-ministro não quer ser tratado por Excelência, mas, sim por Primeiro-ministro. Perguntava um protocolista como era possível um Primeiro-ministro não ser tratado por Excelência. É possível na medida em que é aquela a sua vontade e que a sua vontade deve ser respeitada. É importante na sua profissão? Como dirijo o gabinete de comunicação e imagem das Estradas de Portugal, tenho um trabalho que vai desde “lavar chávenas” até escrever discursos. As minhas tarefas são fazer tudo o que é preciso ser feito. …faz tudo por uma questão de feitio? Sim, faço tudo porque gosto que tudo corra bem. Se for preciso lavar uma chávena, lavo. Se for preciso escrever o discurso para o secretário de Estado, fico toda a noite a fazê-lo se tiver que ser. Não há qualquer problema. Antes de mais primo pela excelência. O Protocolo projecta a imagem de uma empresa? Não. Quem projecta a imagem duma empresa é o seu presidente. …ajuda na projecção dessa imagem? Como tenho formação em Protocolo nas suas várias vertentes, consigo “encaixar” as pessoas com quem trabalho em determinados parâmetros. Por exemplo, aconselho sobre o uso da melhor cor de gravata. Em primeiro lugar porque pode desviar a atenção do interlocutor para aquela, o que acontece com as gravatas monocromáticas. Em segundo, para que essa pessoa perceba que é por bem e para uma boa imagem. Sou como uma “personal trainer”, que lhes dá uma maior autoconfiança, logo se sentem melhor e mais à vontade.
pública e de outra privada? O orçamento (risos). A empresa pública tem eventos e cerimónias públicas onde estão misturadas todo o tipo de entidades públicas como membros do governo, presidentes de câmara e o público em geral, em cerimónias de obras públicas que beneficiam uma população ou uma entidade. A empresa privada tem eventos e cerimónias em que se convida quem se quer, não tendo, necessariamente, uma exposição pública.
…então uma das suas funções é a de preparar o terreno. Sim. Tenho de preparar tudo, desde o lugar onde se sentam, onde discursam, etc. Não têm que ter essas preocupações.
Há vários tipos de Protocolo? Há muitos tipos de Protocolo. Por exemplo o Protocolo Empresarial, com o qual se sabe escrever uma carta comercial correctamente. Mas, no âmbito do Protocolo Eclesiástico a mesma carta não é escrita da mesma maneira. Não é! É preciso conhecer os vários tipos de
O Protocolo ajuda a construir uma reputação? Ajuda a consolidar as pessoas, os valores, os pequenos detalhes que as pessoas têm. Desenvolver detalhes como um sorriso bonito, que será uma mais valia. Qual a diferença do Protocolo de uma empresa
Protocolo, para que se saiba como proceder em qualquer situação e com qualquer pessoa, para que estas não se sintam melindradas. A pior coisa que pode acontecer no Protocolo é causar desconforto a alguém.
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Qual ou quais utiliza para o seu desempenho profissional? Uso mais o Protocolo Institucional. Nas cerimónias de Estado para saber quem se senta onde, quem fala e quando, as precedências. Quando se recebe o Primeiroministro, os anfitriões esperam-no à porta, é acompanhado até ao seu lugar e são-lhe apresentadas as pessoas certas. …usa, certamente, o Protocolo Autárquico. Sim. Temos sempre imensas cerimónias em autarquias, onde se encontram situações incompreendidas – um governador civil, sendo um cargo não eleito, não tem precedência sobre um Presidente da Câmara eleito. O que são as Relações Públicas? Acho até um pouco “démodé” este termo. Hoje designa-se como Comunicação e Imagem. O mais importante nas Relações Públicas é gerir todo o contacto interno e externo da empresa. Nas Estradas de Portugal criou-se um sistema de atendimento às queixas que possam surgir de qualquer problema com as estradas e que serão encaminhadas para o departamento adequado. Aqui é criada uma boa imagem da empresa, em que o bom relações públicas resolve qualquer questão de dentro para fora ou o contrário, bem como a resposta aos públicos comunicacionais que estabelecemos, como a tutela, os órgãos de comunicação social e o público em geral. Encontrou alguma vez qualquer dificuldade pelo facto de ser mulher? Bem, encontrei algumas dificuldades não só por ser mulher, mas, também pelo meu feitio. Há ainda algumas mentalidades que não gostam do “factor feminino” na sugestão de adequação de comportamentos. Mas, as grandes personalidades com quem me relacionei ao longo destes anos sempre tiveram por trás uma mulher – sendo a sua própria mulher ou outra que os ajude. Ao princípio custou um pouco, mas, quando se aperceberam que era uma mais valia a relação tornou-se excelente. Nunca tive mau relacionamento com algum empregador, tendo sido uns mais difíceis que outros. Talvez a pergunta devesse ser feita ao contrário – “Se alguma vez houve qualquer dificuldade pelo facto de serem homens”. É mais importante o “factor humildade”, saber
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Qual ou quais utiliza para o seu desempenho profissional? Uso mais o Protocolo Institucional. Nas cerimónias de Estado para saber quem se senta onde, quem fala e quando, as precedências. Quando se recebe o Primeiro-ministro, os anfitriões esperam-no à porta, é acompanhado até ao seu lugar e são-lhe apresentadas as pessoas certas. …usa, certamente, o Protocolo Autárquico. Sim. Temos sempre imensas cerimónias em autarquias, onde se encontram situações incompreendidas – um governador civil, sendo um cargo não eleito, não tem precedência sobre um Presidente da Câmara eleito. O que são as Relações Públicas?
Acho até um pouco “démodé” este termo. Hoje designa-se como Comunicação e Imagem. O mais importante nas Relações Públicas é gerir todo o contacto interno e externo da empresa. Nas Estradas de Portugal criou-se um sistema de atendimento às queixas que possam surgir de qualquer problema com as estradas e que serão encaminhadas para o departamento adequado. Aqui é criada uma boa imagem da empresa, em que o bom relações públicas resolve qualquer questão de dentro para fora ou o contrário, bem como a resposta aos públicos comunicacionais que estabelecemos, como a tutela, os órgãos de comunicação social e o público em geral.
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“Mulheres: Uma Paixão do útero à cova, passando por uma vida de amor”
Maria Elisa Domingues, Jornalista
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Rita Soares, Empresaria
Mariza, Cantora
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Yolanda Noivo, Empresária
Eunice Muñoz, Actriz
Teresa Osório, Empresaria
Maria Alves, RP
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Embaixadora do Panamá Minerva Lara Batista Depois de vários anos ocupando cargos de direcção dos gabinetes de Relações Internacionais de vários organismos estatais do Panamá, e, consequentemente conhecido vários países nessa actividade, Minerva Lara Batista é Chefe de Missão em Portugal desde Janeiro de 2005, dando assim início à sua carreira diplomática. Considera-se, com graça, uma embaixadora muito informal e pouco protocolar.
O que é o Protocolo? E o que é o Cerimonial? O Protocolo é uma forma de saber estar e de se comportar. O Cerimonial é a forma como cada país organiza as suas cerimónias e os actos oficiais. O Protocolo é a norma, que através da nossa educação, saber estar, comportamento, saber o que se pode conversar, em que lugar e com quem, de forma adequada não lesando a sensibilidade de quem nos recebe ou convide. O Cerimonial é a forma como cada país escolhe para se apresentar e comportar, de como se conduzir no Protocolo. São importantes na sua actividade? Qual a sua função? Definitivamente são muito importantes na nossa missão como embaixadores. Só não devem desvirtuar a nossa sensibilidade e naturalidade. Pessoalmente, acho que no Protocolo se pode imprimir um cunho pessoal, permitindo que a própria personalidade se manifeste. Para uma mulher, por vezes, é mais difícil no que respeita ao traje, ao contrário dos homens que vestem um fato. A mulher tem de seguir um Cerimonial diferente e mais complexo, o que às vezes complica um pouco mais. Todavia estas coisas estão
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a mudar, em algumas situações já é permitido o uso de calças às mulheres o que anteriormente não era permitido no Protocolo. O Protocolo projecta a imagem e cultura de um país? De alguns países, não de todos. Há Protocolos muito mais informais, outros mais fechados e restritos. Sobretudo na América Latina, em que há alguns países que seguem um Protocolo mais fechado, mas, na sua maioria especialmente no Caribe o Protocolo é mais flexível. Creio que pode contribuir, mas, não projecta necessariamente a cultura
de um país. Essa cultura é projectada pelo seu embaixador, com o seu cunho pessoal e o seu comportamento no Protocolo e Cerimonial de Estado. O Protocolo ajuda a construir uma reputação? Ajuda a construir a reputação do Chefe de Missão. O seu comportamento, a sua personalidade e a forma como se relaciona ajuda a construir a sua própria imagem, e, também a imagem do seu país. De contrário,
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pode destruir essa imagem e reputação. É então uma maneira de conduzir a uma reputação e a uma boa imagem… Sim, é importante saber que em alguns países são permitidas certas coisas e que noutros não. É importante saber que ao chegar a um país é-nos exigido respeitar as suas normas, os seus costumes, a sua cultura. Qual a diferença do Protocolo do Panamá e do Protocolo de Portugal? Quase nenhuma. Talvez no Cerimonial da apresentação de credenciais, ou que, talvez, o Protocolo no Panamá seja um pouco mais flexível no que respeita à maneira de vestir. No resto não encontro grandes diferenças fundamentais. Nas cerimónias de apresentação de credenciais em Portugal, tem-se veri ficado que alguns embaixadores se apresentam com o seu traje nacional, o mesmo acontece com os embaixadores do Panamá? Não. Apesar de ser um traje muito vistoso, luxuoso e complexo, e, por isso mesmo muito complicado de se vestir – leva três horas a vestir-se a “pollera”1. Há um Protocolo Internacional e Multi cultural? Sim. Na América Latina usou-se muito o livro de um autor mexicano, que escreveu muitas obras sobre o Protocolo e alguns autores nacionais. Mas, há uma conduta internacional, que com poucas variações em relação a cada país, há um Protocolo Internacional enquanto norma. Se somos convidados por um país árabe, asiático ou africano, com protocolos diferentes, o comportamento deve regrar-se pelos seus costumes. Encontrou alguma vez qualquer difi culdade pelo facto de ser mulher, apesar do seu papel de embaixadora de um país? Nunca. Tive sempre as melhores relações com todos os embaixadores acreditados em Portugal. E acredito que essa situação cultural nesses países mudará com o tempo. Isto não acontece somente nessas culturas, também na nossa há alguma separação dos sexos, e, isto verifica-se nas recepções ou eventos sociais em que os homens se juntam num lado e as mulheres noutro conversando
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sobre assuntos diferentes. Mas, nunca me senti diminuída pelo facto de ser mulher. É-se julgado pela capacidade e não pelo género. As mulheres têm tantas capacidades como os homens. Na sua experiência de diplomata o Protocolo já foi determinante para um bom relacionamento do seu país com aquele onde o representa? Teve um papel preponderante, mas, nunca foi determinante para um bom relacionamento. E nos países com relações conturbadas? Claro. A norma, a boa convivência – o Protocolo – permitem que haja diálogo que de outra maneira não seria possível. Aí tem um papel importante. Qual o momento mais importante na carreira de uma diplomata? Quando cumpre o plano de trabalho que se propôs. Quando cheguei a Portugal impus-me uma meta – que Portugal e Panamá se conhecessem. Não havia qualquer
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conhecimento um do outro, não havia empresas portuguesas no Panamá, em Portugal não se conheciam os produtos do Panamá. Agora já temos, pelo menos, umas quatro empresas portuguesas no nosso país, os portugueses já conhecem melhor o Panamá e nós já conhecemos também melhor Portugal. Este é, para mim, o melhor momento – aproximar dois países, dois povos, duas culturas que tradicionalmente não se conheciam, não pela existência de qualquer problema, antes pelas diferentes prioridades dos dois países. A mulher diplomata usa artifícios femininos, contrariamente ao homem diplomata? Não posso dizer que conheça alguma que o tenha feito. Todas as que conheço têm, antes de mais, um comportamento muito profissional. Nunca vi nenhuma usar os seus encantos pessoais, nem a sua condição de mulher. Isto pode custar a entender a algumas pessoas pela diferença entre ser uma embaixadora de um país e ser embaixatriz, que é a mulher de um embaixador.
Há um Protocolo e Cerimonial no feminino? Pode ser que haja. Mas eu nunca vi as coisas por um prisma feminino ou masculino. Apenas o bom desempenho de um trabalho independentemente de se ser mulher ou homem. Não saberia dizer se há, na verdade, um Protocolo feminino ou masculino. Talvez, e, apenas algumas situações como a colocação de condecorações, o traje e algum tipo de cumprimento. A diferença consiste em como representamos o nosso país e onde o representamos, não se somos uma mulher ou um homem. Protocolo é “Saber estar”
Entrevista de João Micael Fotografia de António Homem Cardoso
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Farol Design Hotel
Este hotel em frente ao mar apresenta uma atraente fusão de estilo contemporâneo, conforto e design na cosmopolita Cascais. Esplanada
Próximo do centro histórico, o Farol Design Hotel é um hotel design, de relevante interesse arquitectónico, reinaugurado em Março de 2002. Anterior propriedade do Conde de Cabral, esta mansão do século XIX remodelada, conjuga um design contemporâneo único numa harmoniosa união entre o antigo e o moderno.
Varanta quartos estilistas
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Sala Maria Luísa
Sala da Suite decorada por Cristina Santos Silva
Quartos que foram idealizados por alguns dos melhores estilistas portugueses entre os quais Ana Salazar, Manuel Alves & José Manuel Gonçalves, José António Tenente, Paulo Matos e Miguel Vieira e as arquitectas Ana Meneses Cardoso, Ângela Basto, Cristina Santos Silva e Paula Castro. A Estalagem do Farol Design Hotel, membro da Design Hotels, da dispõe de um restaurante panorâmico, piscina de água salgada, bem como uma ampla gama de actividades organizadas onde os seus clientes desfrutam a beleza paisagística local. Os 34 quartos contemplam o mar quase podendo tocar as suas ondas. O Hotel situa-se na Costa do Estoril, região afamada pelo seu clima ameno e as praias de areia dourada, pontilhadas ao longo da linha costeira. A serra de Sintra e os seus opulentos
Restaurante Rosa Maria
cenários de verdura, nas proximidades, ajudam a constituir o cenário ideal para o Parque Natural de Cascais – Sintra.
Fotos de Amir Sfair
Sala Farol Reunião B
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Teresa Luz de Almeida Secretária do conselho de administração do Banif – Banco Internacional do Funchal, S.A. há mais de cinco anos, a sua profissão tem sido desde sempre ligada à assessoria de quadros executivos.
Como entende o Protocolo? Protocolo é algo que eu uso diariamente, tanto na comunicação escrita, como no tratamento pessoal com as pessoas com quem trabalho. Faz parte do meu trabalho. Como se aplica na sua profissão? Em diferentes acções, no atendimento e contacto telefónico e escrito, no tratamento directo e pessoal com o presidente do conselho de administração. Sendo o contacto telefónico mais fácil, pois é possível controlálo, usando a delicadeza e dando a correcta importância à pessoa do outro lado. O tratamento escrito é um pouco mais difícil, pois obedece a regras estritas que se têm de observar não havendo meio de qualquer correcção uma vez efectuado; além de que nem sempre se conhece a regra própria para um caso específico. Já o tratamento pessoal é aquele que tem mais desafios – nem sempre se sabe o que vem do outro lado…
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Qual foi a melhor contribuição do Protocolo para a resolução de uma qualquer situação que lhe tivesse acontecido? Foi numa atribuição de lugares - o início de uma reunião do conselho de administração com uma das empresas do banco, em que não estando presente um dos administradores, por motivo de saúde, não sabia se devia ocupar o seu lugar com pessoa seguinte ou se ficaria em “branco”. Foi a decisão do presidente que decidiu a questão ”...não se Portugal • Protocolo
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deve ocupar o lugar de ninguém”, especialmente porque aquela situação era bastante delicada. Na sua empresa dá-se importância ao Protocolo? Internamente e externamente. Protocolo propriamente não. Antes às regras e ao bom senso, que devem sempre prevalecer. No entanto o Protocolo já faz parte da linguagem corrente – algo que não acontecia há alguns anos atrás, sendo perfeitamente desconhecido. Há regras específicas internas e externas a nível
da comunicação escrita conforme os destinatários, sejam entidades governamentais, embaixadores ou outras. São normas internas, não são conhecidas como fazendo parte do Protocolo. Mas, são as secretárias que usam esse conhecimento, não há um departamento de Protocolo. Há algum pormenor particular no protocolo da sua empresa, ou na sua maneira de funcionar?
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Ao contrário de muitas empresas, na nossa existe uma regra, o telefone não deve nunca tocar mais de três vezes - seja o nosso, o de uma colega ou de um administrador. Porque a imagem transmitida é sempre a primeira, e a que permanece. Aí temos um cuidado muito especial, no atendimento rápido e cuidado. Como se comunica internamente e externamente na sua empresa? Comunicamos com um tom agradável, profissional, permitindo sempre um contacto fácil com as pessoas, e, não o afastamento. Há uma formalidade, não distante, mas sempre profissional. A sua própria imagem é também cons truída pelo conhecimento das regras do protocolo? A minha imagem é própria. Não há uma imagem da empresa nas pessoas que lá trabalham. Não perdemos nunca a nossa individualidade. Na administração é importante, as secretárias serem diferentes umas das outras – não há, de facto, ninguém igual ali.
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Já teve contacto com outras culturas pro fissionalmente? Sim. E há algumas complicadas. Por exemplo a Espanha, com horários diferentes dos nossos e a cultura do trabalho ser, também, diferente da nossa. Temos de programar os contactos com as empresas sedeadas naquele país mais cedo. Mas, também não existe a cultura, o hábito de ficar até mais tarde no escritório como em Portugal. Isto às vezes é complicado, especialmente nas alturas em que é necessário resolver qualquer assunto ao fim do dia, e, então já é tarde para um contacto telefónico. Tem de se comunicar por escrito, o que levará mais tempo a resolver esse assunto. E, também as diferentes religiões em que temos de saber o que servir numa refeição, se pode comer carne, beber álcool. A pessoa responsável pelo serviço desses almoços no banco deve ser sempre informada sobre o que pode ser servido ou não, o que eu devo saber com antecedência para evitar esses contratempos. Também, porque essa refeição sendo servida no banco o convidado não poderá escolher outro prato, se o que lhe for servido não lhe agradar ou for contrária aos seus princípios, religião, etc. É muito mais agradável para o convidado saber que os seus anfitriões tiveram cuidados para que ele se sentisse bem.
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Qual foi a maior gaffe que lhe aconteceu ou viu acontecer, por desconhecimento do Protocolo? Talvez ao princípio quando ainda não sabia muito bem como me movimentar, se batia à porta e interrompia, se falava ou me mantinha calada, se “deslizava” nas salas de reunião… Fiz certamente muitas coisas erradas por estar nervosa, como bater com a porta, falar, tossir, espirrar (risos). Teve alguma formação em Protocolo na sua empresa? Tive formação em secretariado que abrange essa área, não tendo essa denominação. Permitiu que nos sintamos mais à vontade em situações especiais e saber como contornálas. Acho, no entanto, que é importante que num contacto verbal se fale na língua da pessoa a quem nos dirigimos – será isto também o Protocolo?
Entrevista de João Micael Fotografia de António Homem Cardoso
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diferença para +
manuel carmo
diferença para+
As grandes certezas de uma época são isso mesmo: certezas de uma época. Noutro tempo e noutro espaço, essas certezas desvanecem e dão lugar a outras, igualmente certas e definitivas, como se, em cada passo de civilização, os seres humanos fossem inventando novas regras de convivência. As análises de comportamento humano devem por isso ter sempre em consideração estas duas vertentes primordiais: o Tempo e o Espaço em que se fazem. Estas ligações são muito importantes quando queremos falar sobre o papel da mulher em sociedade. Aqui também, esse papel foi sendo determinado por questões de Tempo e de Espaço. E continua a sê-lo. Vejamos.
iniciais eram matriarcais, tal se devendo ao facto de a continuidade de espécie humana se assegurar apenas pela via da filiação feminina, pois pais podemos todos ser de todos. Mães, é que não. Claro que este estatuto único lhes conferiu o poder de determinar o futuro das sociedades, relegando os homens para um plano mais do que secundário do qual, naturalmente, eles acabariam por se vir a rebelar. E assim começa a História moderna, caracterizada pelo domínio do masculino. A chamada Luta de Libertação Feminina atinge o seu auge já em pleno século XX nas sociedades ocidentais e as mulheres têm finalmente acesso aos mesmos cargos e ao mesmo reconhecimento que os homens. Repito, ao mesmo. Longe portanto do verdadeiro e inicial papel para o qual a natureza as desenhou, o de serem as verdadeiras garantias da sucessão e da continuidade do género humano. Na realidade, a verdadeira luta à qual se assistiu foi a luta da Emancipação dos Homens, ciosos de um papel activo e primário na condução dos destinos sociais, que lhe era negado pelas condições naturais. As sociedades patriarcais de hoje, nas sociedades do hemisfério desenvolvido (?) assentam assim as suas bases num duplo equívoco: por um lado, o poder está a ser exercido por quem o conquistou porque não o tinha naturalmente e, por outro, quem o tinha naturalmente está a querer comparar-se a quem o conquistou para o ter. Este paradoxo é causa de muitos enganos, mais ou menos visíveis e, sobretudo, é profundamente gerador das incompreensões do papel relativo de cada um dos géneros, feminino e masculino.
A melhor forma de nos desenqua drarmos da realidade (do Tempo e do Espaço, portanto) é o de procurarmos os mais primitivos relacionamentos e as suas causas. No seu “Da Família, da Propriedade e do Estado”, o meu amigo Friederich Engels explicava que as sociedades
Engana-se quem afirma que os dois géneros são iguais. Essa é a última das defesas dos homens que, ao verem diminuir o seu próprio terreno de poder, se apressam a trazer para si quem sabem que vale mais. Enganam-se também as mulheres ao quererem aceder aos mesmos patamares dos homens, porque pretendem apenas ficar iguais ao que historicamente pode
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d i df ei f re er ennçç aa ppa ar ar a++
ser considerado como uma cópia saloia de elas próprias. Não advogo o regresso às sociedades matriarcais, nas quais os homens se arrebanham para produzirem o necessário sémen da continuidade histórica. Mas também não posso concordar com a mais moderníssima
invenção masculina: a das quotas para o acesso das mulheres seja lá a que cargos forem. Lá espertalhões são os homens e já o demonstraram ao longo de muitos séculos. Mas será que, à força de não saberem o seu lugar, as mulheres também já o são?!
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O duche de Carol Thatcher
Falar de protocolo no feminino na área dos media não é tarefa fácil. Desde logo porque a acrescentar a um tempo de igualitarismo sexual, na área da imprensa, rádio e televisão jornalistas/homens e jornalistas/mulheres representam apenas os seus órgãos de comunicação social (OCS), que não têm sexo. O protocolo aplicado à função jornalística não difere muito do protocolo aplicado às outras funções em situações não jornalísticas. Quer isto dizer que jornalistas em representação dos seus OCS devem ser tratados em situação de completa igualdade. Não seria aceitável deixar que determinado jornal/rádio/tv fosse privilegiado, porque era uma jornalista que o representava. E o inverso também é verdadeiro. Há no entanto algumas situações que podem exigir algum planeamento cuidadoso. Saber por antecipação se os OCS convidados para fazer a cobertura de determinado evento vão enviar um homem ou uma mulher, pode ser importante na planificação dos suportes de
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apoio, ou de toda a logística que isso envolve. Convirá por isso não esquecer estas questões se houver por exemplo absoluta necessidade de compartilhar quartos, se for difícil o acesso a instalações sanitárias, se estiverem previstas situações com percursos difíceis ou de esforço físico prolongado. Haverá ainda outras em que o facto de se ser homem ou mulher pode condicionar movimentos, necessidades específicas ou outras situações. Um caso verídico que não resisto a contar. Quando em serviço profissional fazia à uns anos atrás a cobertura da mítica prova Paris/Moscovo/Pequim (Rota da Seda de Marco Polo), apenas havia três jornalistas/mulheres entre os quase 50 profissionais da informação que acompanhavam o evento. A prova era dura, cansativa e arrasadora em muitas das etapas. As operações logísticas, essas eram complicadíssimas, com o montar e desmontar diário de tendas para a organização, para cozinhar, servir as refeições, e a preparação das instalações sanitárias. Depois do desmontar de tudo (que começava por volta das 07h00) as tendas voltariam a ser montadas (a partir das 13h00) a mais de 300 quilómetros de distância do ponto anterior. Tudo isto enquanto os concorrentes cumpriam mais uma etapa. Uma das jornalistas que acompanharam este evento era Carol Thatcher, irmã gémea de Mark Thatcher e ambos filhos de Margareth Thatcher a ex-primeiro ministro britânica, também conhecida pela Dama de Ferro. Numa das etapas em que nós jornalistas chegámos ao acampamento mais tarde, já a hora do banho feminino tinha terminado, pelo que eram os homens que ocupavam os duches em banda, disponibilizados pela organização ao ar livre. Habituada ao seu duche antes de fazer a crónica do dia para o seu jornal, Carol Thatcher primeiro ficou surpresa, mas não se deixou atemorizar. Fazendo jus à fama da mãe, fama que pelo menos decidiu seguir nesse dia, revelou um sentido prático notável. Despiu-se e de toalha presa à volta de cintura, avançou destemida para um dos duches entretanto desocupado. Desinibidamente tomou o seu banho no meio dos incrédulos vizinhos, que surpreendidos, viraram a cabeça sentindo-se seguramente mais incomodados do que ela !!!
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Museu da Presidência da República apresentou novas propostas de joalharia inspiradas nos símbolos nacionais
Proposta vencedora - Susana Martins No âmbito das comemorações da implantação da República, o Museu da Presidência da República abriu ao público no dia 5 de Outubro uma exposição de joalharia nas antigas jaulas do Pátio dos Bichos do Palácio de Belém. Trata-se de um projecto que permitiu ao museu alargar o seu campo de acção através do cruzamento entre o apoio à criação artística e a sua área de intervenção. Foram assim seleccionados dez criadores nacionais através de um concurso nacional de joalharia, que apresentaram as suas criações tendo como temática “Os Símbolos Nacionais”. Os três melhores trabalhos foram escolhidos através de um júri a que presidiu a Dra. Maria Cavaco Silva, tendo sido atribuídos os três primeiros lugares a Susana Martins, Alice Neiva e Paulo Vale respectivamente. Esta iniciativa vai permitir desenvolver o espólio do museu uma vez que cada autor vai doar uma das suas peças, sendo as restantes comercializadas na loja uma vez finalizada a exposição.
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Presidência Portuguesa Conselho da União Europeia
Moeda e selo comemorativos da Presidência Portuguesa A Presidência do Conselho da União Europeia é exercida sucessivamente por cada Estado- Membro durante um perídodo de seis meses, de acordo com um sistema de rotação pré-estabelecido pelo próprio Conselho, actualmente até 9 Junho de 2020. Cabe a Portugal desempenhar pela terceira vez este papel após as Presidências de 1992 e de 2000, recebendo o testemunho da Alemanha a 1 de Julho de 2007 e entregando-o à Eslovénia em 31 de Dezembro de 2007. Durante cada semestre, o Estado-Membro que assume a Presidência desempenha um papel essencial em várias vertentes, nomeadamente na condução das reuniões do Conselho; na representação do Conselho junto das restantes instituições da União; e na representação internacional do Conselho da União.
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