Revista PRANTODA TERRA #06

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FLAUTA DE Pã “EU” Palavra Cantada (site: www.palavracantada.com.br; YouTube: Eu+Palavra Cantada)

Perguntei pra minha mãe: “Mãe, onde é que ocê nasceu?” Ela então me respondeu que nasceu em Curitiba Mas que sua mãe que é minha avó Era filha de um gaúcho que gostava de churrasco E andava de bombacho e trabalhava no rancho E um dia bem cedinho vou caçar atrás do morro Quando ouviu alguém gritando: “Socorro, socorro!” Era uma voz de mulher Então o meu bisavô, um gaúcho destemido Foi correndo, galopando, imaginando o inimigo E chegando no ranchinho, já entrou de supetão Derrubando tudo em volta, com o seu facão na mão Para alívio da donzela, que apontava estupefata, Para o saco de batata, onde havia uma barata E ele então se apaixonou E marcaram casamento com churrasco e chimarrão E tiveram seus três filhos, minha avó e seus irmãos E eu fico imaginando, fico mesmo intrigado Se não fosse uma barata ninguém teria gritado Meu bisavô nada ouviria e seguiria na caçada Eu não teria bisavô, bisavó, avô, avó, pai, mãe, não teria nada Nem sequer existiria Perguntei para o meu pai: “Pai, onde é que ocê nasceu?” Ele então me respondeu que nasceu lá em Recife Mas seu pai que é o meu avô Era filho de um baiano que viajava no sertão E vendia coisas como roupa, panela e sabão E que um dia foi caçado pelo bando do Lampião Que achavam que ele era da polícia um espião E se fez a confusão E amarraram ele num pau pra matar depois do almoço E ele então desesperado gritava: “Socorro!” E uma moça apareceu bem no último instante E gritou pra aquele bando: “Esse rapaz é comerciante!” E com muita habilidade ela desfez a confusão E ele então deu um presente, um vestido de algodão E ela então se apaixonou Se aquela moça esperta não tivesse ali passado Ou se não se apaixonasse por aquele condenado Eu não teria bisavô, nem bisavó, nem avô, nem avó, nem pai pra casar com a minha mãe Então eu não contaria essa história familiar Pois eu nem existiria pra poder cantar Nem pra tocar violão

Editorial

prantodaterra@yahoo.com.br

Por volta do dia 21 de junho ocorre o Solstício de Inverno, quando Sol e Lua têm a mesmo tempo de travessia ao longo daquelas 24 horas. Na Wicca, esse dia, comemorado como o festival de Yule, representa o nascimento do Deus Sol, ou seja, a volta de seu poder e força nos tempos de frio, sofreguidão e escassez. A esperança de dias quentes, cheios de energia, toma de alegria os filhos do Deus, que aguardam tão ansiosamente a Criança da Promessa. Assim, esse Pranto da Terra de Yule homenageia Seus dias serão negros, à medida que esgotam água e petróleo, o clima se descontrola, e a Terra é tão ferida. Que tenham desde já força e coragem, para passar por esses dias.

Nº 6-Ano IV-Inverno de 2006 E.C.-Território Tamoio

PRANTO DA TERRa

Que Assim Seja e Que Assim Se Faça! Gwydion do Coven Chuva Vernal

O Coven Chuva Vernal, através da Ibirapitã Cooperativa de Artesanato, realiza a campanha “PROJETO CANECA POR UM USO INTELIGENTE DO PLÁSTICO”. Para adquirir a sua caneca, entre em contato pelo e-mail prantodaterra@yahoo.com.br.

IBIRAPITÃ COOPERATIVA DE ARTESANATO

Wicca e Ecologia A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra índole. --Declaração Declaração dos Direitos Universais das Crianças


LIVRO DAS SOMBRAS Criança Mágico por Vidar Andrewson - Mind Fire*, adaptado por Gwydion Esse artigo foi escrito para crianças que querem aprender magia. Aqui não há intensos rituais mágicos, nem mesmo invocação de quadrantes. Aqui há uma magia muito simples que usa a imaginação da criança para realizar a magia. Muitas pessoas me dizem que crianças não deveriam aprender magia, mas isso não os limitaria em sua vida adulta? A meta aqui é permitir que tenham uma prática mágica melhor que você ou eu, como deveria ser. O tipo de magia com que trabalharão depende da idade. Claro que você não permitirá que uma criança de 4 anos use um canivete para gravar um bastão. Antes de a criança praticar magia, você deve perceber se ela já tem consciência ou compreensão das coisas. Eu tenho um filho de 4 anos que está começando a entender as coisas, mas na minha opinião, ele ainda não está pronto para lidar com magia. Talvez outras crianças de 4 anos estejam. A chave para o sucesso é tornar a coisa toda agradável. Se for aborrecedor para seu filho, você perceberá logo. Decida que rituais se adaptam para a idade de seus filhos e quais são muito complexos para eles. Eu tentei torna-los mais simples o possível.

Bolhas de sabão: Lembra de quando você brincava de bolhas de sabão, quando criança? Esse rito é bem simples, mas funcionará se a mente estiver focada. Primeiro, vá para céu aberto, em um campo, um bosque, etc., em um dia com brisa, se possível. Peça para seu filho fazer um desejo e assoprar as bolhas. Quando ele assopra as bolhas, seu desejo acompanha a bolha e por ela é carregado até os Deuses, que o entenderá e o fará ser cumprido, assim que a bolha estourar. Explique a ele que algumas vezes as bolhas irão estourar antes porque estava muito fraca, ou que outras forças não deixaram a bolha seguir até seu destino; se ele fizer uma rápido pedido antes que as bolhas estourem, para conseguir que tenham uma viagem segura até os Deuses, isso começará a ajuda-lo a praticar Invocações. Magia com pipas: Construa uma pipa com seu filho fazendo a maior parte do trabalho. Na pipa escreva mensagens do que ele deseja. A mensagem pode ser qualquer coisa que eles querem que os Deuses escutem. Pode ser um poema, ou mesmo um simples “feliz aniversário” para o Deus durante o Yule. Quanto mais alto a pipa alcançar, mais perto a mensagem chega aos Deuses para que eles a possam ler. Se a linha da pipa se arrebentar, será que os Deuses não queriam que a pipa ficasse com eles? Não minta, mas permita que sua imaginação decida o que aconteceu com a pipa. Se você mentir, eles nunca confiaram em você ou terão dúvidas sobre o que você dirá no futuro. Balão mágico: Escreva em um papel seus desejos, uma música, poema ou qualquer outra coisa que deseja dar os Deuses. Enrole o papel e ponha em um balão. Infle o balão com hélio e deixe-o voar. Uma boa variação seria por alpiste ou qualquer alimento de pássaros, e quando ele estourar, o alpiste irá cair e alimentar os pássaros. Você pode amarrar uma fita no balão com seus desejos. Se por muito alpiste o balão não voará, e ficará rente ao chão. Velhas vitaminas: Se tiver alguma vitamina velha, pronta para ser jogada fora, há um modo mais útil de se livrar dela. Plante com seu filho uma árvore frutífera de sua escolha. Assim que abrir o buraco, misture as vitaminas com terra. Essa técnica foi criada por uma criança e publicada no Mother Earth News. Agora ponha a árvore no buraco e feche com a terra. Aquela árvore deve ser total responsabilidade do seu filho de agora em diante. Quando for regar a planta, deve dizer palavras de sua escolha de como a água vai ajudar a árvore a crescer. Diga a ele que a árvore é um ser vivo e que ele deve conversar com ela, porque as plantas entendem o que dizemos. Diga-lhe para abraçar a árvore uma vez por dia, para assim dar energia à ela. Abrigo para o Povo Fada: Se você tem acesso a um bosque, esse ritual pode ser legal. Vá ao bosque e ajude seu filho a construir uma casinha para o Povo Fada. Use galhos, e o faça tão elaborado quanto quiser. Fale para seu filho que algumas vezes as Fadas tomam a forma de animais e usarão a casa que vocês construíram para eles. Para persuadi-los a usar a casa, use uma variedade de frutas e vegetais dentro e um recado dizendo que a casa foi construída para eles e que se assim quiserem, podem realizar os desejos de seu filho. Quando vier o frio do inverno, eles ficaram muito contentes com a casa e a comida. Eles estarão bastante agradecidos e realizaram seus desejos. *http://paganparenting.net/information/articles/babymagic.html

Contos A Rainha Lua

Escrito por Elle Minvielle (traduzido de http://www.witchvox.com/va/dt_va.html?a=usla&c=parent&id=11153)

“Para cada um de nós seu presente é diferente. Para os solitários, amor, para os inquietos, paz, para os tristes, alegria, e para você, Sara, nessa noite especial, conhecimento”. “A Rainha Lua está aqui para guiá-la com suas fases, tão mutantes e tão constantes. É sua voz antiga que você irá escutar nas noites como essa. A cada olha seu existe algo novo, sua beleza muda, mas ainda se mantém a mesma para sempre. Se você continuar com sua inocência infantil em sua busca por conhecimento, então saberá fazer tudo e a sabedoria será sua”. “Hoje, Sara, faço o mesmo pedido para você que minha mãe fez para mim. De agora em diante, quando olhar para a lua, não importa onde ou quando, lembre-se sempre dessa história, de mim, e de toda a sabedoria e conhecimento que você irá conseguir. Essa é a sua herança, que deve ser passada de mãe para filha, e que você irá passar à frente”.

A seguinte história foi escrita para minha filha, na época aos 5 anos. Decidi escrevê-la para introduzir a idéia de bruxaria sem causar muitos sustos. Vivemos em uma comunidade muito católica e bruxas são representadas no modo tradicional, então a história foi composta para gerar uma transição em sua compreensão. Guardei a obra por alguns anos, até agora. Penso que pode servir como um bom ponto de partida para outros pais neopagãos que não têm certeza de como introduzir seus filhos em suas crenças. Também é um ótimo conto-de-ninar para crianças que já trilham o Caminho. Por favor note que não existem referências particulares feitas a qualquer deidade em especial, então você deve instruir seus filhos em suas próprias tradições. Nem é feita qualquer menção a rituais reais. As ações da mãe com sua criança eram algo que meu e eu compartilhávamos à luz da lua e são algumas das lembranças mais vívidas e especiais de minha infância. O conto é, entretanto, um modo muito bom de permitir que seus filhos “se encontrem” com os Deuses de um modo familiar e cordial. Que sua jornada no Caminho lhe traga alegria e bênçãos Elle.

A mãe de Sara a puxou pra perto e deu um abraço bem forte. “Hoje sua jornada começou; que você possa sempre procurar o caminho da verdade”.

A mãe de Sara veio à porta do quarto e levemente sussurrou, “Já dormiu?”.

A mamãe beijou a bochecha de Sara, a pôs na cama e a cobriu. As cortinas ficaram abertas, assim Sara podia olhar a lua até dormir.

Sara e sua mãe sentaram na luz da lua por um bom tempo. Enquanto Sara estava sentada e observando a lua, ela percebeu que todos os sons da noite eram mais nítidos que nunca. Os s grilos pareciam querer falar com ela, o brisa morna chamava seu nome, as sombras não eram mais formas escuras, mas a olhavam como se tivessem segredos que ela conheceria um dia, e a velha coruja, que sempre a acordara, agora parecia uma amiga.

“Ainda não, mamãe”, disse Sara, sonolentamente. “Eu quero te mostrar uma coisa”, respondeu sua mãe. A mamãe ajudou Sara a levantar-se; a vestiu com um casaco, calçou as pantufas e foram ata a escura varanda. Era véspera do Solstício de Verão e a lua brilhava no céu da noite. Um brilho prateado iluminava o jardim e uma gentil brisa soprava as folhas do velho carvalho, que cintilava como se fosse feito de prata.

Declaração dos Direitos Universais das Crianças

“Vê a lua, acima do topo das árvores?” “Sim, mamãe. Você já me mostrou a lua muitas vezes. O que tem de tão especial agora?”.

Direito à igualdade, sem distinção de raça religião ou nacionalidade.

“Sente-se”, pediu a mãe, caminhando para o balanço da varanda, “que te conto”.

Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.

“Muito tempo atrás, quando tinha a sua idade, nessa mesma noite do ano, minha mãe me tirou da cama para me mostrar essa mesma lua. Foi uma noite da qual nunca me esquecerei. A lua parecia como a de hoje cheia, enorme, seu brilho contra o céu escuro, salpicado de milhões de estrelas. Uma brisa morna soprava e se escutava só o barulho dos grilos”.

Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe.

“E quando sentei, encantada pela luz da lua, minha mãe me disse: 'Quando olhar para a lua quero que lembre-se de algo. Embora você nunca possa vê-la, ela está lá. Sempre, a qualquer momento'”. “Ela é a Rainha Lua, Seu cabelo é tão escuro quanto o céu sem a lua, seus olhos têm a cor do mar no pôr-do-sol, o orvalho da juventude toca sua face, e ela veste um longo vestido de teia de aranha. Ela vive em um palácio de mármore, tão belo quanto ela própria”. “Em um poço no jardim vivem peixes que brilham de acordo com as fase da lua; seu brilho cresce a medida que a lua enche, e perde seu brilho quando a lua caminha para a lua nova”. “É nesse poço que a Rainha Lua observa e reflete naqueles que procuram seu conselho. E no seu castelo celeste que ela mostra seus sonhos, como feitiços, em todos aqueles que a procuram de coração aberto”.

Direito a um nome e a uma nacionalidade.

Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente. Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade. Direito á educação gratuita e ao lazer infantil infantil.. Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes. Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho. Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

Saiba mais em http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/c_a/lex41.htm


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