Nerd Review 003

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Vozes - p.20

Linha do Tempo em Star Wars - p.14

Falling Skies - p.16

Cosmogonias - p.22

Edição 003 - Dezembro de 2017

QUADRINHOS, FILMES, SÉRIES E TUDO SOBRE O UNIVERSO NERD

Os anos perdidos de Star Wars p.4


Expediente

Star Wars dos cinemas para a literatura

Edição 003 - Dezembro de 2017

A terceira edição de Nerd Review vem para fechar o ano de 2017 com chave de ouro com uma das franquia mais esperadas e cultuadas das últimas décadas: vamos falar de Star Wars.

-------------------------------------Editor Presto Gaudio Editor de arte

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Redação

Presto Gaudio

Diagramação

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Fale conosco: marcelo _ gaudio@yahoo.com.br Sites parceiros www.tapiocamecanica.com.br www.aracnofa.com.br

Como todos sabem, o universo de Star Wars sempre foi além das histórias contadas nos filmes, talvez o grande combustível para que esse universo permanecesse por tanto tempo no imaginário popular. Muito do que foi criado era chamado de Universo Expandido, no início desta década a Disney compra toda a franquia do George Lucas e anuncia que apenas os filmes e desenhos animados mais recentes ainda tinham validade para a cronologia. Claro que as boas histórias continuariam no coração dos fãs, mas essas seriam tratadas como uma realidade alternativa e até fonte de inspiração para um novo universo expandido. Abrindo essa edição selecionei alguns livros que fazem a ponte entre o Retorno de Jedi lançado em 1983 e o Despertar da Força de 2015. Nesse intervalo de mais de 30 anos muita coisa aconteceu, e passamos a conhecer um pouco através dos livros que comento nessa edição. Claro que para não nos perdermos apenas em uma galáxia muito distante selecionei outras produções interessantes como Vozes, o filme que serviu de aquecimento para que Ryan Reynolds se preparase para Deadpool, assistam e entenderão; uma série finalizada recentemente onde a invasão alienígena à Terra foi um sucesso, e agora resta aos humanos tentarem recuperar seu planeta; e uma viagem às Cosmogonias de Cadu Simões. Então embarque nessa nave e boa leitura.

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Os anos perdidos de Star Wars

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Vozes

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Falling Skies

16 Cosmogonias de Cadu SimĂľes

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LITERATURA

os anos perdidos de Star Wars

Star Wars o Último Jedi está prestes à estrear nos cinemas do mundo inteiro, mas muitas dúvidas surgiram desde que a franquia foi retomada. Eventos anteriores de O Despertar da Força que estão obscuros como o passado de Finn e Rey, os primeiros anos da Nova República, o surgimento da Primeira Ordem, entre muitos outros mistérios. Nessa matéria eu mergulhei no novo Universo Expandido da franquia em busca de algumas respostas. Confira.

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A segunda Estrela da Morte foi recentemente destruída, a notícia da morte do Imperador e do terrível Darth Vader ainda não é aceita por todos os mundos, milhares de planetas encontram forças para iniciar suas revoltas pela liberdade, outros tantos, porém, servem como base para a reorganização do Império. Todo esse caos é entregue pelo autor já nas primeiras páginas do livro, no qual começamos com a descrição da destruição de uma estátua do Imperador em Coruscant, evento recorrente ao final de várias guerras e regimes políticos fazendo alusão à derrubada da estátua de Sadam Russein em Bagdad após a invasão norte-americana, de Hafez al-Assad na Síria, de Lenin na Ucrânia, e muitas outras. Mais do que a destruição de um objeto físico, é a destruição de um símbolo.

Star Wars: Marcas

N

da

Guerra

em sempre a guerra termina na morte de seu líder, às vezes isso apenas dá mais força para a facção, às vezes os conflitos internos se tornam tão grandes que o vácuo de poder vira o novo objetivo entre os generais perdedores. Esse é parte do cenário de Marcas da Guerra, uma trilogia de livros de autoria de Chuck Wending que funciona como ponte entre a trilogia clássica e a nova trilogia de Star Wars no cinema.

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Em seguida vamos para Akiva, um planeta na orla exterior da Galáxia, onde o piloto Wedge Antilles desempenha a missão de buscar os remanescentes do Império, descobrir onde seus generais estão se reorganizando. Depois de passar por vários planetas, finalmente se depara com algo: o encontro de três Destroieres Imperiais, infelizmente ele não conseguiu passar despercebido e assim começamos efetivamente o livro onde os personagens principais da trama, de ambos os lados da “força”, são individualmente apresentados. Wedge logo é capturado e vira um macguffin para a história, embora ele apareça de vez em quando, os outros personagens que tentam resgatá-lo, são muito mais importantes. Uma questão que nos deparamos logo que lemos as primeiras frases é: existe um lado certo quando a guerra é declarada? Estamos acostumados a olhar o Império como o vilão, mas Wending sugere que há um espectro maior além do branco e preto, além do lado certo ou errado. São temas tratados nos diversos interlúdios inseridos ao longo da história.


LITERATURA Uma mãe que deixou o filho para lutar pela liberdade da galáxia, volta para casa e encontra seu filho vivendo a própria vida com raiva dessa mãe que o abandonou. Irmãos que se colocam em lados opostos da guerra com um pai que não se importa se é república ou Império, já que não vê diferença prática entre os governantes dos dois sistemas políticos. E os horrores da guerra levando Mon Mothma à desmilitarizar a nova República, que surgiu em prol de um esforço ideal de democracia conjunta. No entanto essa tentativa de desconstrução da dicotomia acaba se dissolvendo quando vemos os grandes generais do Império lutando com unhas e dentes para preencher o vácuo de poder e manter seus privilégios.

Existe um lado certo quando a guerra é declarada? Marcas da Guerra leva o espírito de Star Wars nas decisões e planos improváveis, mas que calham de dar certo, no entanto fazer o que a narrativa de Chuck Wendig indica ser o certo nem sempre acontece pelas decisões mais altruístas. Poucos desses novos personagens realmente estão nos extremos do que podemos julgar por certo ou errado, são muitas vezes confusos transeuntes do espectro do cinza, e isso os torna mais humanos. Assim, mesmo que pareça um tanto confusa a história no início, principalmente pelos vários interlúdios cortando a história principal, passamos a compreender que esses intercapitulos servem não apenas para esse livro, mas para fundamentar as bases do próprio universo de Star Wars. Algumas participações especiais, por exemplo, são apenas sugestões de futuras aventuras. Algo que pode incomodar é a chamada que o livro tem: “jornada para Star Wars: o Despertar da Força”. Desculpe-me, mas não, embora se passe depois da trilogia clás-

sica, o que acompanhamos é uma missão bastante específica e nem tão importante assim para a mitologia da saga. É uma boa história, mas não vai fornece nenhuma dica ou insinuação tão essencial que ligue a trilogia clássica a atual de Star Wars. Até o momento foram lançados apenas as duas primeiras partes da trilogia, no Brasil o segundo volume chegou às livrarias em meados de julho pela editora Aleph. Como sempre, a editora apresentou uma bela qualidade gráfica, mantendo o padrão da arte em transição de capítulos e das páginas que levam ao livro ou o encerram (quase uma ambientação para o universo de Star Wars). Uma escolha de capa interessante, a Estrela da Morte sendo destruída e que basicamente significa o início desse novo período de Star Wars.

Título: Título Origin al:

Marcas da Gu erra Aftermatch Livro 1

Star Wars Aftermatch Período: 4 BC Ano de lançam ento EUA: 2015 Ano de lançam ento Brasil: 2015 Autor: Chuck Wendig Número de Pág inas: 410 Editora: Aleph

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paralelo, o grupo formado no livro passado: a rebelde Norra, seu filho Temmin, a mercenária Jas, o ex-agente do Império Sinjir, o soldado Jom, e o droide de batalha modificado Senhor Ossudo, agora caçam ex-generais dissidentes do Império. Algo similar com o que ocorria com os caçadores de nazistas nos anos seguintes ao final da Segunda Guerra Mundial. Do lado imperial, por sua vez, temos a figura da, agora Grã-Almirante, Rae Sloane. Uma das únicas sobreviventes da missão em Akiva que depois da fuga se tornou a principal figura pública do Império. É interessante que vemos nessa personagem uma personalidade obstinada e certa de que está fazendo o melhor pela galáxia, mostrando que o Império não é formado apenas por mesquinhez, sadismo ou busca incansável pelo poder, mas por pessoas que acreditam na ordem imposta pelo Império como a melhor forma de garantir igualdade e justiça.

Star Wars: Marcas da Guerra II Dívida de Honra Nesse segundo volume, pegamos a aventura alguns meses após o fim de Marcas da Guerra. Aqui, Chuck Wendig aproveita para explorar alguns daqueles interlúdios inseridos de forma homeopática no outro livro. Em especial sabemos que a investida para libertação de Kashyyyk foi um fracasso, Chewiebacca desapareceu e Han Solo o procura entre os planetas da orla exterior. Em

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Outros personagens se juntam a Sloane, em destaque o comandante da Agência de Inteligência Gallius Rax que manipula a todos enquanto desenvolve seu plano de dominação das massas através da mídia. Sim, Chuck Wendig não poderia ser mais atual em seu livro, e logo se aproveitou da mais recente discussão contemporânea: a pós verdade, ou simplesmente a criação de narrativas que dará ao Império o domínio da verdade. Nesse volume temos também o início da Primeira Ordem, o grupo religioso que vemos em O Despertar da Força. Uma proliferação de adolescentes vestindo capas pretas e


LITERATURA

brandindo paus pintados de vermelho se auto intitulam por Acólitos do Além, seguidores de Vader que acreditam que ele morreu, mas de alguma forma irá voltar. Junto aos acólitos, temos Rax proferindo frases sobre “a fé iluminará nosso caminho” e “o Império precisa de crianças”, que incomodaram bastante Sloane, indicando uma possível cisão entre poder político e religioso, mas ambos se mantendo com força militar.

livro anterior a busca era por Wedge, nesta e pelo Han Solo e consequentemente por Chewiebacca. Além disso, situações análogas como a reunião de líderes de um Império que estava completamente perdido, se repete, mas mais organizada; e o grupo rebelde de busca que se formou ao longo do livro anterior, agora se tornou uma espécie de família.

E agora é esperar pelo próximo volume, nos EUA já foi lançado, aqui no Brasil? Quem Adolescentes vestindo capas pretas e sabe ano que vem? Quando mais cedo vier melhor.

brandindo paus pintados de vermelho se auto intitulam por Acólitos do Além, seguidores de Vader que acreditam que ele morreu, mas de alguma forma irá voltar. A estrutura se mantém a mesma, capítulos pequenos entrecortados, de vez em quando, pelos interlúdios que contam acontecimentos dispersos pela galáxia. Um grande diferencial é a presença de alguns flashbacks situados trinta anos antes do presente, antes da destruição da segunda Estrela da Morte e no planeta de Jaku, pelo menos é de onde parte o protagonista desse passado a ser revelado. Participação especial de Maz Kanata, a alien sabia e baixinha dona de um bar no fim do universo que entregou o sabre Jedi para Rey em Despertar da Força. É a primeira personagem da nova trilogia que vejo aparecer nessa série de livros.

Título:

Dívida de H onra - Trilog ia Aftermatch L iv ro 2 Título Origin al: Star Wars Life Debt Período: 5 BC Ano de lança mento EUA: 2016 Ano de lança mento Brasil: 2017 Autor: Chuck Wend ig Número de P áginas: 466 Editora: Aleph

A história, no entanto, pode incomodar, pois há uma repetição dos plots, ainda que desenvolvidos de maneira diversa. Se no

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em dois grandes polos que só pensam nos próprios planetas: os centristas que acreditam em um poder centralizado militarmente e os populistas que defendem uma maior autonomia. Cansada da política, com medo da polarização ideológica rachar o Senado e provocar o esfacelamento da Nova República, Leia pensa em se afastar do cargo. Mas antes, uma última missão: investigar uma organização criminosa que vem se fortalecendo no mundo independente dos Ryloth ao mesmo tempo que mostra para os senadores que a liberdade conquistada com a queda do Império é tênue e precisa ser cultivada de forma ampla e não adianta ficar olhando para o próprio umbigo.

Legado

de

Sangue

Passaram-se vinte anos desde que a segunda Estrela da Morte foi destruída e a Nova República teve início. Leia, é uma das senadoras mais influentes, reconhecida por seus feitos heroicos ao lado dos rebeldes, começa a repassar os possíveis erros na elaboração da constituição que uniu os planetas das orlas interna e externa da Galáxia. Teriam errado em alguma coisa ao criar um cargo suportado pelo carisma de Mon Mothma? Pois logo que ela se afastou, o senado começou a se dividir

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A descrição dos sintomas do enfraquecimento da democracia galática observada por Leia me incomodou bastante, não por não ser bem construída narrativamente, mas pelas semelhanças com nossa atual situação política no Brasil. No livro temos jovens senadores, que não participaram da guerra que restaurou a República, que tratam o Império como um passado distante e inalcançável digno de ser colecionável. Foi difícil não lembrar dos grupos que apoiam o retorno à ditadura militar. Outro paralelo é a descrição dos mais novos senadores: extremamente conservadores e centralizadores, conquistam a população ao gritar mais alto, sem se importar com a veracidade ou não de sua fala. Alguém lembra de certos grupos que se dizem “a” políticos? A investigação do grupo criminoso é encabeçada por Leia e Rasolm Casterfo, senadores antagônicos, mas que passam a conhecer melhor os problemas e as virtudes de cada ideologia ao aprofundar nas crenças e convicções de cada personagem. Ao acompanhando a dupla temos a hábil pilota da Espelho Brilhante Greer Sonnel, ela acompanha Leia a muito tempo, mas sente saudades da época em que se aventurava nas corridas. Korr Stella, a


LITERATURA estagiária do Senado. Joph Seastriker, o piloto de escolta que acompanha o grupo com sua X-Wing. E o acompanhante oficial da princesa, C3PO, o droide tagarela protocolar. Assim que o grupo volta ao senado para relatar o ocorrido e expor a necessidade de combater esse perigo iminente Leia e Casterfo se surpreendem com a inanição dos políticos e em uma jogada arriscada, a centrista Lady Carise propõe a eleição de um líder com poderes acima do Senado. E com isso vemos plantado mais uma semente para um novo governo centralizador e Leia precisa reassumir sua posição de líder e heroína para impedir que a sombra do império recaia mais uma vez sob a galáxia.

Grupos conservadores ganham espaço

extremistas

A narrativa de Claudia Gray é intensa, ela equilibra com maestria as cenas de ação e investigação com os complexos debates políticos e disputas pelo poder. Abordagem que sozinha já seria suficiente para indicar a leitura deste livro, tamanha sua relevância para o momento em que vivemos, no qual grupos conservadores extremistas estão ganhando espaço. Mas a autora vai além, e apresenta elementos essenciais para o entendimento da cronologia dos novos filmes como o surgimento da perigosa Primeira Ordem. É o segundo livro que leio desta autora nesse novo universo expandido de Star Wars (o outro foi lançado pela Seguinte, Estrelas Perdidas, veja a crítica no site www.tapiocamecanica.com.br) e não preciso pensar muito para colocá-la como a melhor autora da franquia.

mente para o cenário galático. Já é costume da editora encomendar capas próprias, e esta possui detalhes muito importante em toda composição dignos de uma análise semiótica. A ilustração, feita por Astri Lohne, mostra uma princesa Leia com idade mais avançada da que estamos acostumados a ver, cansada e sem apresentar seu sorriso sarcástico, mas ainda assim imponente. No fundo, de forma que pode até passar despercebida de olhares menos atentos, mostra que ela é assombrada por um fantasma do passado, uma sutileza magnífica, carregada de significados internos e externos à trama. Mais um ótimo livro para acrescentar ao universo e à coleção de todo fã de Guerra nas Estrelas.

Título: Título Origin al:

Legado de San gue

Blood Período: line 28 BC Ano de lançam ento EUA: 2016 Ano de lançam ento Brasil: 2017 Autor: Cláudia Gray Número de Pág inas: Editora: 362 Aleph

Lançamento recente da editora Aleph, mantém seu padrão de qualidade gráfica na escolha do papel e nos elementos de design não textuais, como as sempre envolventes páginas estreladas que nos jogam imediata-

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ótimas obras tanto na Marvel, quanto na DC. O volume ainda tem algumas ilustrações de Phil Noto, que apresenta um traço que se aproxima do realismo na caracterização dos personagens, ao recompor as feições dos atores do filme, enquanto deixa os cenários mais simples, colorizado em tons de cinza e vermelho com pinceladas de aquarela. O livro é uma compilação de três contos, cada um destinado a um dos personagens do novo filme: Finn, Rey e Poe. Neles são narradas passagens importantes da vida dos personagens antes de aparecerem no filme. Nada muito revelador, mas que serve para entender melhor suas motivações. O primeiro capitulo é sobre o stormtrooper FN-2187, que se tornaria Finn, aqui, porém, ele ainda é um soldado da Primeira Ordem. Era considerado um dos mais promissores da nova leva de cadetes, até que durante uma simulação de batalha, onde ele ajuda um colega, percebemos dúvidas na capitã Phasma em relação à lealdade do soldado para com a Primeira Ordem: “por mais que eu apoie coesão da unidade, a lealdade de um stormtrooper deve ir além. Deve ser à Primeira Ordem, não a um companheiro.”

Star Wars - Antes

do

Despertar

O sucesso do retorno de Star Wars aos cinemas é inegável, o filme conquistou mais de dois bilhões de dólares nas bilheterias e indicou o caminho para a conquista mundial exercido pela franquia. Um dos fatores para sua boa aceitação foi a integração entre o elenco novo com o antigo; Rey, Finn e Poe foram tão carismáticos quanto seus antecessores Luke, Han e Leia. E embora esses personagens tenham sido bem apresentados, especialmente no caso de Rey e Finn, pouco se sabe sobre seus passados. Esse tema é explorado no livro Star Wars - Antes do Despertar lançado em 2016 pelo selo Seguinte da Companhia das Letras. O desafio de elaborar o passado desses personagens foi delegado a Greg Rucka, romancista e quadrinista, que já produziu 12

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Não reconhecemos o Finn em FN- 2187, no livro ele é muito mais introspectivo, embora demonstre certas características anômalas aos troopers, como lealdade aos colegas. Com o correr das páginas e do treinamento vemos o que lhes é passado pelos superiores, todos acreditam que “A Primeira Ordem lutava contra as depravações da República”. Ao final do conto, acompanhamos a primeira missão real do esquadrão de Finn, e Phasma mencionando que rumariam para Jakku No capítulo seguinte vamos para o planeta desértico de Jakku, mas dias antes dos eventos narrados no filme. Esse capítulo foca principalmente a vida de Rey como catadora de bugigangas no deserto, a forma como ela faz sobrevive com trocas e o que faz no tempo livre. É interessante como Rucka explica que os conhecimentos “naturais”, foi algo que ela demorou à aprender enquanto morava


LITERATURA no planeta, um desses casos é a perícia em pilotagem que adquiriu graças a um simulador que descobriu durante suas buscas. Mais para o fim do conto encontra algo realmente valioso, uma nave semi-operacional e resolve restaura-la. Ao longo da história, Rey acaba interagindo com poucas pessoas, mostrando justamente suas inseguranças e desconfianças. Na última parte temos Poe Dameron, dos novos personagens é o que menos conhecemos no filme. Talvez até por esse motivo, Rucka tem maios liberdade e entrega sua melhor história, com uma trama mais detalhada e que insere mais elementos para a mitologia da série. A princípio temos um breve recordatório dos pais de Dameron que, após a batalha de Endor, passaram a morar em Yavin 4. Mas a narrativa realmente começa quando o esquadrão Florete, liderado por Poe, responde ao chamado de uma nave em perigo no espaço. Ao chegar no setor, descobrem uma nave vazia e outras oito naves classe Tie, rapidamente identificadas como sendo da Primeira Ordem. Os caças inimigos são derrotados, mas não sem antes os Floretes perderem um de seus companheiros. No retorno à base vemos as primeiras dúvidas que surgem em Poe quanto à eficiência da República em proteger o núcleo interno da galáxia, junto a isso vemos também como é a visão oficial da Repúblic em relação à Resistência. Dúvidas e questionamentos são plantados e desenvolvidos ao longo da história. Enfim, as três histórias têm seu papel de aprofundamento dos personagens principais da nova trilogia. É interessante como cada um deles mostra um nível de interação diferente com a história macro de Star Wars, desde o isolamento do deserto de Jakku, onde Rey tem interações apenas locais; passando pelos questionamentos com a filosofia da Primeira Ordem de Finn; até uma contextualização maior do cenário político e militar que conhecemos pelos olhos de Poe. Parece que Rucka tinha algumas restrições do que poderia ou não fazer na história de Rey, e talvez de Finn,

ambas se mostraram bem mornas, felizmente com Poe Dameron o autor conseguiu trabalhado com mais liberdade tanto na parte política e psicológica, quanto nas inventivas e emocionantes cenas de batalhas espaciais. Como sempre, por se tratar de um universo expandido e compartilhado, há diversos agrados aos fãs, como colocar personagens clássicos interagindo com novos, ou mesmo a inserção de outros personagens secundários na trilogia. Na história de Finn encontramos apenas com a capitã Phasma, que teve mais tempo aqui do que no primeiro filme; na história de Rey vemos apenas Unkar (Simon Pegg); e por fim, interagindo com Poe Dameron temos BB-8, a capitã Leia e C3PO. Embora não essencial para os fãs de Star Wars é uma aquisição interessante para quem quer ampliar o conhecimento desse novo universo que a Disney está construindo. A edição da Companhia das Letras é muito boa, inclusive com detalhes envernizados na capa, no entanto o tamanho e espaçamento das letras no texto é exageradamente grande, apenas para chegar a 200 páginas. Consequentemente o preço de capa está muito além do que poderia ser praticado se a edição tivesse menos páginas. Vale a compra, mas apenas se encontrarem em promoção.

Título:

Antes do Des pertar Before the A wakening Período: 34 BC Ano de lança mento EUA: 2015 Ano de lança mento Brasil: 2016 Autor: Greg Rucka Número de P áginas: 20 0 Editora: Seguinte Título Origin al:

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Linha do Tempo - Destruição de Alderaan

- Han Solo em Carbonita

- Treinamento de Luke

- Destruição da Primeira Estrela da Morte

- Luke descobre que Darth Vader é seu pai

- Destruição da Segunda Estrela da Morte

0 BC

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3 BC

4 BC 4 BC

5

- Império se reorganiza

- Acólitos d

- Novo grupo de rebeldes

- Liberdade


po em Star Wars

5 BC

PERFIL - Morte de Han Solo - Destruição da Terceira Estrela da Morte?

34 BC 28 BC

do Além

- República enfraquecida

e em Kashyyyk

- Nascimento da Primeira Ordem

34 BC

- Treinamento de Poe, Finn e Rey, moementos antes do filme Despertar Dezembro de 2017 da Força 15


Os Aliens chegaram e nós perdemos a guerra Invasão alienígena e resistência armada liderada por um professor de história? Sim, apresento a todos: Falling Skies. 16

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SÉRIES

F

inalizada em setembro de 2015, Falling Skies é uma série de ficção científica criada por Robert Rodat (roteirista de filmes como O Patriota e O Resgate do Soldado Ryan) e produzida por Steven Spielberg (que dispensa apresentações). Ao logo de 5 temporadas acompanhamos um grupo de sobreviventes de uma invasão alie-

nígena que luta para reconquistar seu planeta. Vale destacar o timing da produção, pois embora tenha sido anunciada em 2009, ela se iniciou poucos meses depois do cancelamento de outra série de invasão alienígena, o remake de V, embora com uma proposta de trama completamente diferente

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Ao contrário da grande maioria das produções do gênero, não acompanhamos a invasão, ela já ocorreu o primeiro episódio, e a humanidade perdeu feio com cerca de 90 % da população mundial morta. Diante disso percebemos que se trata de uma história de sobrevivência, e devido a isso vários paralelos podem ser traçados com The Walking Dead. E então somos apresentados a Tom Mason (Noah Wyle), um professor universitário de história que se torna o segundo-comandante do Segundo Regimento Militar de Massachusetts, um grupo de civis e combatentes em fuga após o apocalipse em Boston. Uma curiosidade, o nome Second Massachusetts é uma referência a um regimento de soldados que lutaram na Guerra Revolucionária Americana.

Aliança entre humanos e alienígenas também vale

Além de Tom Mason, temos também a médica e depois esposa do protagonista, Anne Glass (Moon Bloodgood ). Weaver (Will Patton), um corajoso líder da resistência. E os filhos de Tom: Hal (Drew Roy), Ben (Connor Jessup), Matt (Maxim Knight). O elenco traz ainda Sarah Carter (Margareth), Colin Cunningham (John Pope), Mpho Koaho (Anthony), e diversas participações especiais.

mentos de história para traçar estratégias de guerrilha contra os alienígenas infinitamente superiores em tecnologia. Por outro lado, a própria narrativa apresenta elementos análogos à nossa história como os campos de treinamento infantis da Alemanha nazista. Não apenas citando momentos históricos, mas também apresentando críticas contemporâneas ao exército e às políticas sociais e militares dos Estados Unidos. É um programa que não perde a função de crítica social e política que uma boa ficção científica precisa ter. O programa segue a onda de produções mais realistas dos últimos anos e o faz bem, pelo menos nas primeiras temporadas. Pois uma terceira temporada com plots mal desenvolvidos e inacabados a colocou em risco de cancelamento. Felizmente, a partir do quarto ano os roteiristas mudaram um pouco o tom do programa e abraçaram de vez a fantasia. Essa mudança pode ser percebida principalmente com a introdução de outra raça alienígena, desta vez aliada, os Volm. A última temporada foi ainda mais intensa, e narrativamente pode-se perceber que os roteiristas precisariam de alguns episódios a mais, quiçá mais uma temporada para a série ser melhor finalizada. Apresentando três ou quatro plots ao longo do quinto ano, pecaram no desenvolvimento e na conclusão de alguns personagens como Pope. Embora passe um pouco a sensação de atropelamento, ela não foi comprometida e apresentou um final satisfatório.

É divertido ver acompanhar como Tom traz constantemente referências ou analogias históricas, desde o nome do grupo paramilitar que acabaram formando, até eventos e estratégias passadas em diversas guerras. A todo momento Mason utiliza seus conheciA última resistência da humanidade.

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Conversa Cabeรงa Laboratรณrio de subversรฃo cinematogrรกfica para Ryan Reinolds em Voices.

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FILMES

A

ntes de Ryan Reynolds conquistar publico e crítica com a subersão do subgênero de super-heróis em Deadpool, o astro fez escola em um pequeno e estranho filme que foi lançado no Brasil direto para streaming.

Voices conta a história de um embalador de produtos para banheiro, Jerry (Ryan Reynolds) é um adulto estranho, que transita entre o inocente e o sociopata. O filme começa com Jerry se apaixonando pela colega mais cobiçada do trabalho depois de ser designado para uma tarefa paralela. A garota aceita encontrar com Jerry, mas o deixa na mão. O problema começa quando, depois de não encontrá-lo, se vê forçada a pedir carona para o mesmo. Assim, depois de uma situação bizarra envolvendo um alce morto, a garota acaba sendo esfaqueada sem querer. A partir de então passamos acompanhar a vida de Jerry. Um personagem meio estranho, bobo, infantil e inocente que tem motivações controversas. Ainda assim, por meio de um humor negro bem mórbido, nos afeiçoamos ao personagem e aos seus companheiros: Bosco, o cão e Mr. Whiskers, o gato, entre outros que vão se somando a dupla.

Jerry, Bosco e Mr. Whiskers

E então nos vemos como cúmplices do protagonista, entendemos os acontecimentos, pois vemos o mundo a partir de seus olhos. ). E só passamos a entender o panorama mais geral nos únicos momentos de sanidade que acontecem quando Jerry toma seus remédios, porém a realidade suja e solitária nos faz desejar voltar ao mundo inocente onde animais falantes nos apoiam e acompanham Sua atuação parece ser deslocada e extremamente exagerada em um primeiro momento, mas não incomoda. Não demora muito para percebemos que ela cabe perfeitamente ao personagem e nos convence da estranha realidade. Como avisei no início, esse filme deve ter ajudado a Ryan Reynolds a se preparar para fazer Deadpool, e por isso não é para qualquer um. Se encaixa no subgênero terrir que mistura terror com comédia, mas fugindo das tradicionais fórmulas de paródias. Gemma Arterton e Ryan Reynolds lanchando

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As Cosmogonias de Cadu Simões O termo cosmogonia se refere às origens da vida no universo ou no mundo, utilizada tanto para a ciência no campo astronômico como pelas religiões, essencialmente busca o início de tudo.

A

premissa dessa coletânea é abordar cosmogonias por meio de sete pequenos contos que bebem da mitologia greco-romana sem deixar de tratar temas contemporâneos, todos roteirizamos por Cadu Simões e representadas por desenhistas diferentes: Tamanha variedade, cada história toca o leitor de variadas maneiras, de forma que acabamos elegendo nossas preferências, como a que pretendo apresentar. Catabase, o único conto exclusivamente literário, e Estasimo de uma Cosmogonia, tiveram os roteiros quem me deixaram mais intrigados. O primeiro pela imersão proporcionada pela boa narrativa de Simões com uma história profunda e envolvente; enquanto que o segundo, me conquistou pela salada de referências, no qual o autor nos apresenta uma mistura de Cosmogonias religiosas de várias épocas, de mitologia grega à cristã, de teorias discutidas na física quântica à informática.

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QUADRINHOS Porém, o conto que eu realmente mais gostei foi a nova releitura da morte, agora com uma figura masculina e com alcunha de Tanatos. Estou falando de Aways Look on Bright Side of Life, que tem os desenhos do Mario Cau. Quem acompanha esse quadrinista já sabe do recorrente uso da música em suas obras, aqui não é diferente, ainda que apenas como uma breve referência ao rock. Uma história bem divertida, e que me lembrou a personagem Morte do universo do Sandman. Um easter-egg sem relevância narrativa, mas que me chamou atenção foi a citação que Tanatos fez do Heimerdinger, personagem de League of Legends que pensei que só eu lembrava.

Mario Cau, Jazz, Juliano Kaapora e Camila Torrano são alguns dos desenhistas que contribuem para as visões cosmogônicas de Cadu Simões Sem desgostar de nenhum conto, ainda podemos apreciar a arte de Jazz, Juliano Kaapora e Camila Torrano responsáveis por ilustrar as outras histórias. E encerrando o volume, acompanhamos o nome dos apoiadores no site de financiamento coletivo, uma breve apresentação biográfica de cada autor que participou na concepção do volume.

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