Rei Lear - p.20
Westworld (1973) - p.14
Westworld (2016) - p.18
Thanos em outras mídias - p.12
QUADRINHOS, FILMES, SÉRIES E TUDO SOBRE O UNIVERSO NERD
Thanos e as infinitas Trilogias do Infinito p.4
Edição 007 - Abril de 2018
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Os infinitos de Thanos Este mês ficará para a história do cinema, ok, talvez seja um pouco de exagero, mas abril de 2018 estreia um dos filmes mais esperados dos últimos 10 anos: Vingadores Guerra Infinita. A expectativa é grande, mas poucos conhecem o principal vilão do filme, Thanos, o Titã Louco. A Nerdreview deste mês pretende apresentar quem é o Thanos dos quadrinhos, a origem e suas principais participações no universo Marvel. Mas para além de incomodar a Dona Morte e, vez ou outra, matar os heróis da Casa das Ideias, ele cruzou os limites dos quadrinhos e atingiu a TV, em animações como Surfista Prateado, Vingadores e Guardiões da Galáxia ou os games, ora como chefe de fase, ora como personagem jogável. Mas a Nerdreview não tem apenas Thanos, pois outra produção muito esperada que chega esse mês de abril, desta vez para as telinhas, é a ficção científica Westworld. Conheça o filme de 1973, do mesmo criador de Jurassic Park, que a série se inspirou e relembre elementos da primeira temporada. E para os leitores de clássicos da literatura, por que não arriscar um Shakespeare em mangá? Edição que faz parte de uma série de adaptações da japonesa EastPress que teve duas revistas lançadas pela JBC em 2011, e que continuou pelas mãos da LPM. Vire esta págia e boa leitura
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Thanos e as infinitas trilogias do infinito
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Império das Máquinas
Clássicos em mangá - Rei Lear
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14 Os androides chegam à TV
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PERFIL
Thanos e as Infinitas sagas do infinito O filme mais esperado da última semana da Marvel já está no cinema, mas muitos ainda se perguntam quem é o Thanos? Claro que a trajetória dos filmes não é exatamente a mesma dos quadrinhos, mas há muitos paralelos é uma grande fonte de inspiração. Seguindo nesta linha de explorar as origens de grandes temas cósmicos da editora, apresento nesse aqui um pouco sobre a trajetória do Thanos e uma das principais sagas com o Titã como protagonista e que a Panini já pode ser encontrada em livrarias: a minissérie Desafio do Infinito.
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Com roteiros de Jim Starlin e desenhos de George Pérez e Ron Lin, esta história publicada no início da década de 1990 passou a ser referenciada desde o lançamento. Funcionava como o grand finale da trajetória cósmica de Jin Starlin na Marvel, o roteirista que praticamente criou o universo fora do planeta Terra precisava encerrar um ciclo reunido todos seus principais atores criados ao longo das duas décadas anteriores. Mas ironicamente o que era para ser um fim, tornou-se a fundamentação do personagem no Panteão da editora. Mas vamos retroceder um pouco mais para conhecer o protagonista da história é amante da Morte. A primeira aparição de Thanos ocorreu em Iron Man 55, de fevereiro de 1973 que foi publicado no Brasil apenas em 1991 na primeira edição da mítica minissérie A Saga de Thanos da editora Abril. Mas sua estreia aconteceu anos antes, em Heróis da TV 12, de junho de 1980 que corresponde à edição 30 de Capitain Marvel lançada originalmente em janeiro de 1974.
Primeira aparição de Thanos. Iron Man 55
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PERFIL A princípio apenas mais um vilão cósmico, fisicamente muito parecido com um conquistador galáctico da editora concorrente, mas com características mais humana, e assim, mais propenso à falhas. Nascido na lua Titã, em Saturno, Thanos era a ovelha roxa de uma família pacifista em uma sociedade altamente tecnológica. Suas primeiras desavenças familiares o levaram para se aventurar no espaço e o retorno do bastante mortal para os habitantes de Titã. Muito ambicioso em sua cruzada, logo se apaixonou pela única pessoa/entidade que poderia, a personificação da Morte.
Desta minissérie seguimos para outra: o Desafio Infinito. Uma história que se apresenta de forma dinâmica e divertida, que podemos considerar como uma versão cósmica da brincadeira "Batata Quente", mas menos ridícula do que parece. Thanos, embora tenha conseguido o poder total sob a realidade, onde pensamentos involuntários são responsáveis pela destruição de todo o Universo, precisa enfrentar seu pior inimigo, ele mesmo. Os heróis são convocados a cada virada de página, e tratados como meros insetos, mas para o leitor representam belas sequências de mortes,
Sua busca pelo poder lhe permite encontrar itens superpoderosos, como o Cubo Cósmico e as Joias do Infinito. E embora já tenha lutado contra os Vingadores, Surfista Prateado e Capitão Marvel, foi na busca das Joias do Infinito que finalmente conquistou fãs. Essa busca foi contada em uma minissérie de duas partes publicadas em 1990 nos EUA, e depois no Brasil em duas edições especiais em 1993. Ela mostra o embate de Thanos contra algumas entidades imortais detentoras dessas joias de poder.
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transformações e obliterações, pois qualquer um que se opõe ao gigante roxo não tem qualquer capacidade efetiva de fazer nada. Embora divertida, não há grande desenvolvimento narrativo, como mencionei, acompanhamos o Thanos contra todos: de heróis e vilões à entidades cósmicas, simplesmente para ser vencido por sua própria ganância. As minisséries que seguem dessa Cruzada Infinita e Guerra Infinita são ainda mais fracas em relação ao roteiro e focados em Adam Warlock e as contrapartes da sua própria alma. Ao fim dessa Trilogia do Infinito inicial, Thanos passa a aparecer em edições do Thor, Surfista prateado, e até o Kazar, de forma esporádica e sem muita relevância. Mais tarde, em meados dos anos 2000, Jim Starlim volta ao personagem minissérie Abismo Infinito (Aqui no Brasil em Marvel Apresenta 8 e 9 no fim de 2003, já pela Panini). Nessa história descobrimos que o verdadeiro Thanos havia se isolado da galáxia depois do Desafio Infinito e criado cópias, justificando a aparição do personagem nesses dez anos.
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Cena de Thanos - o Fim do Universo Marvel
Com o Thanos voltando a ganhar mais importância, temos o Fim do Universo Marvel (um tipo de What If, mas que pode ter realmente acontecido dentro da cronologia da editora, quem leu sabe do que estou falando) na linha dos "Fins" que a Marvel publicou nos anos 2000: X-Men, Demolidor, HomemAranha, Hulk, etc.
Capa de Guerra Infinita (1992)
PERFIL sentação de uma série de personagens como a Ordem Negra, que faz parte do novo filme dos Vingadores, e o filho inumano do vilão. Pessoalmente acho a saga fraca e que só aconteceu para mostrar o Thanos interagindo com personagens que começavam a fazer sucesso no cinema. O arco foi capitaneado por Jonatham Hickman, que embora seja um bom roteirista, poucos trabalham os dilemas do Titã louco Thanos melhor que seu criador Jin Starlim.
A segunda metade dos anos 2000 foi bastante importante para o universo cósmico da Marvel, com sagas como Aniquilação que foi responsável por restabelecer o universo para fora do planeta Terra (nesse momento que temos uma ótima fase dos Guardiões da Galáxia e do Nova). Infinito é uma saga de 2013 que traz Thanos mais uma vez como vilão para enfrentar os personagens da Marvel no próprio planeta. Nesse momento temos a apre-
A partir de então suas aparições começaram a ficar cada vez mais frequentes. Participou ativamente do longo prelúdio para as Guerras Secretas, com o grupo conhecido como Cabala, cruzando o multiverso e destruindo planetas para evitar que estes destruíssem o universo 616. E dessa fase que durou cerca de dois anos, temos mais uma morte do Titã, depois de sobreviver à destruição do mu ltiver so, acaba morto por Dr. Destino, o deus do remanescente do multiverso: o Mundo de Batalha.
Cena da morte de Thanos por Drax em Aniquilação
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Com o fim das Guerras Secretas todo o multiverso é reescrito e Thanos volta a aparecer no início da saga Guerra Civil II, mas apenas como um gatilho para dar início ao verdadeiro enredo, sendo subjugado logo nas primeiras páginas da primeira edição. Sua história tem desenvolvimento na mensal Ultimates, além de uma breve aparição na minissérie do Indigno Thor.
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Temos então a criação de um novo selo na editora, agora focando Graphic Novels chamado OGN. Jim Starlim retorna e fica responsável por mais uma trilogia Infinito: Relatividade, Revelação e Final, tudo infinito. Uma história muito mais focada em desenvolvimento de personagem, apresentando os dilemas típicos do Thanos em busca de um tipo de redenção, pois o amante da morte, depois de conhecer realidades paralelas na companhia de
PERFIL
Adam Warlock, precisa no fim defender sua apropria realidade contra a onda de Aniquilação e seu general mor. Uma história mais filosófica e existencial que se conclui com o reposicionamento e quase elevação dos antagônicos Thanos e Warlock como forças fundamentais do universo.
disso, a demanda atual exige que Thanos continue aparecendo, como consequência uma nova mensal foi criada com roteiros de Jeff Lemire. Mais ligado à cronologia, é um encadernado que deve chegar em breve no Brasil, a boa notícia é que ele vira para banca e com um preço de capa aceitável.
No entanto, o selo OGN, embora trabalhe com a situação cronológica do momento em que foi lançado, ele não necessariamente se passa dentro da cronologia. Além Abril de 2018
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Thanos
em outras mídias
Fora dos quadrinhos o personagem é mais conhecido por sua participação mais recente no Universo Cinematográfico da Marvel. Sua primeira aparição, ainda sem um ator escolhido, mas apenas com um dublê (Damion Poitier) para servir de base para os Efeitos Especiais, ocorreu nas cenas pós créditos do primeiro filme dos
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Cena de Guardiões das Galáxias (2014)
Vingadores em 2012. A partir de 2014, Josh Brolin passou a interpretar o vilão nas cenas pós créditos de diversos filmes, quase como um prelúdio estendido marcando o caminho para Vingadores: Guerra Infinita que estreia este mês de abril de 2018. O personagem também apareceu em algumas animações como Silver Surfer, uma série animada produzida pela Fox que durou apenas 13 episódios, mas explorava o lado cósmico (e melancólico) do universo Marvel. Thanos aparecem em quatro episódios dublado por Gary Krawford, nele acompanhamos um personagem apaixonado por uma estátua que representaria a personificação da Lady Chaos, ao invés da Morte.
Cena da animação do Surfista Prateado (1998)
PERFIL
Outra participação de maior destaque foi na segunda temporada de Avengers Assemble (2013 - 2018), dublado por Isaac C.Singleton Jr., o personagem se revela como o grande arquiteto por tras dos planos do Caveira Vermelha e tem mais importância ao longo da segunda metade da temporada. Além de antagonizar a primeira e influenciar os eventos da segunda temporada da animação dos Guardiões da Galáxia (2015 – 2018).
Em 2006, a Activision lança o multiplataforma Marvel: Ultimate Alliance, na qual o Thanos participa brevemente. É um sucessor dos antigos jogos de plataforma, pois trabalha com o sistema de escolha de personagens para avançar o longo de diversas fases que seguem uma narrativa. Em formato semelhante temos como personagem especial jogável em Lego Marvel Super Heroes de 2013; e Marvel Super Hero Squad: The Infinity Gauntlet, em 2010.
Imagem do jogo Marvel Super Heros: War of the Gems (1995)
No entanto, o grande destaque do Titã fora das histórias em quadrinhos acontece mesmo nos jogos eletrônicos. A principio temos o jogo de Super Nintendo, produzido pela Capcom e lançado em 1996, Marvel Super Heroes "War of the Gems". Levemente baseado na trilogia do Infinito, nesse jogo de plataforma, Warlock pede ajuda a alguns heróis para reunir as Joias do Infinito, antes que elas caiam em mãos erradas.
Temos também os jogos de luta Marvel vs Capcom 2: New Age of Heroes (2000); Marvel Super Hero Squad: The Infinity Gauntlet, 2010; e Marvel vs. Capcom: Infinite em 2017. E a febre dos jogos para Android/IOS como Marvel: Avengers Alliance (2012), na qual aparece como 13ª missão "Spec-Ops"; e no 2º e 3º capítulo de Marvel Contest Of Champions (2014), passando a ser disponível para jogadores que completam o labirinto das lendas.
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O Império das Máquinas
No mês de outubro de 2016 estreou a nova promessa da HBO, Westworld. Levemente inspirada em um sci-fi do início dos anos 70, acompanhamos um parque de diversões que leva o visitante a uma simulação de Velho Oeste. 14
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FILMES
Logo no primeiro episódio da série da HBO já temos alguns dos temas que servirão como base para todo o arco a ser apresentado ao longo da temporada: ética, moral e os limites da inteligência artificial. E como todos temos que esperar mais de um ano para assistir ao fim do fenômeno de fantasia medieval da emissora, ganhamos a segunda temporada de Westworld. Mas deixemos de lado essa produção de Lisa Joy, Jonathan Nolan por um momento. Convido nesta resenha a conhecer o filme de Michael Crichton (isso mesmo, o autor dos livros de Jurassic Park) lançado em 1973. Como na versão mais recente, somos apresentados a um parque temático onde os clientes podem vivenciar três cenários possíveis: Roma Antiga, Idade Média e Velho Oeste, claro.
quinas programadas para tornar a experiência o mais real possível. Claro que, para a realidade experimentada não matar o cliente, tudo é acompanhado por uma equipe de bastidores que facilita para os humanos que conquistem uma garota ou matem seu pretenso inimigo. Até que tudo começa a dar errado. Basicamente o filme estrutura sua narrativa de forma bastante simples em três partes bem claras: a introdução, onde aprendemos sobre as regras do mundo; o momento em que o protagonista passa a se divertir com a amoralidade proporcionada por estar vivendo em uma simulação onde nenhum mal pode lhe acometer; e finalmente a parte onde as máquinas saem do controle.
Os três cenários são povoados por robôs que tornam tudo o mais real possível. De cobras e cavalos, passando por cachorros e humanos, todos os "seres vivos" são ma-
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Tecnicamente o filme começa muito melhor do que termina. Essa terceira parte do filme diverte por se apresentar quase como um precursor do terror slasher, nesse caso com um robô atrás do protagonista. É aquele enredo que se tornaria uma fórmula, com o herói que mesmo fugindo à toda velocidade é alcançado pelo vilão que apenas caminha. Logo vemos elementos que nos remetem a filmes como Exterminador do Futuro, onde a perseguição da máquina ao humano é implacável e inevitável. Não à toa, o vilão interpretado por Yul Brynner, foi inspirado em um personagem de Sete Homens e um Destino, foi base para John Carter criar Michael Myers; e James Cameron, o personagem de Swarzenegger.
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A ambientação de todos os cenários é muito boa, especialmente em relação ao Velho Oeste que abusa das locações. Em seguida temos a Idade Média, todo construído em cenas internas de castelo, com seus grandes salões de banquete. Os menos explorados são a Roma antiga e os bastidores, mas que assim como os anteriores se apoia em vários clichês do imaginário popular. Outro fator interessante é a ideia de que o futuro que eles estavam retratando não estava tão longe, de forma que a história se passa a apenas 10 anos no futuro do lançamento do filme.
FILMES
O filme teve uma continuação chamada Futureworld, que se passariam três anos depois dos eventos dessa primeira produção. No entanto ninguém da equipe criativa original participou dessa nova versão, e dos principais atores temos apenas Yul Brynner reprisado o atirador. Em 1981 houve ainda uma tentativa de seriado que uniria o plot dos dois filmes e continuaria a história, mas embora Crichton estivesse nos roteiros, foram produzidos apenas cinco episódios.
Enfim, é um filme mediano que foi ressuscitado pela HBO que resolveu aproveitar o interessante enredo para mais uma superproduções seriada. Ainda assim, quem tiver a oportunidade de assistir, vale a pena não apenas por ver a produção original, como elementos que viriam a ser trabalhados em produções futuras como Exterminador do Futuro, diversos filmes de terror de um assassino perseguidor imortal, diversos filmes que trabalham com realidades como Matrix e até mesmo o plot do parque de diversões que sai do controle de Jurassic Park.
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Os
androides chegam à
TV
A série, por sua vez é a nova promessa da emissora. Com elenco estelar (Evan Rachel Wood, Anthony Hopkins, Ed Harris, Rodrigo Santoro) e uma conceituada equipe criativa (Jonathan Nolan, J. J. Abrams), nos é apresentado uma mistura de ficção científica com western. O antigo filme de 1973 pode ou não ser o passado
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do programa atual, isso ainda está meio nebuloso, mas alguns personagens sugerem essa possibilidade. Nessa ficção-científica, vivemos em um futuro onde os avanços cibernéticos são tão grandes a ponto de existir um parque temático onde podemos interagir com seres quase humanos. Esse parque é similar aos existentes atualmente nos EUA, um cenário simulado com os funcionários atuando como se vivessem naqueles espaços. No caso da primeira temporada restringido
SÉRIES
a um grande território emulando o velho oeste. Com seres autômatos programados para viver na pacata cidade e interagir com os visitantes, o tempero é a presença de índios, Cowboys e foras da lei vivendo certas narrativas com a qual os visitantes podem viver suas aventuras.
Até que ponto seres programados possuem vida própria? A carnificina é permitida se eu estou matando/ estuprando/torturando seres robóticos? O que é ser humano? Basicamente é um cenário de MMO mais real, o que isso estimula diversos questionamentos sobre nossa própria humanidade. Até que ponto seres programados possuem vida própria? A carnificina é permitida se eu estou matando/estuprando/torturando seres robóticos? O que é ser humano? Debates presentes na raiz do Sci-Fi, agora revestidos com um pouco de ação e aventura misturando tecnologia e faroeste.
A primeira temporada conseguiu o sucesso esperado, apresentando reviravoltas e easter-eggs interessantes. Torcemos e tememos pela vida de cada autômato que acompanhamos ao longo dos episódios e sentimos cada perda e mudança brusca de atitude. Levando-nos a questionar o que é um ser vivo e qual o nível de consciência que atribuímos o livre arbítrio. A segunda temporada está prestes a estrear e já sabemos que a guerra entre humanos e autômatos está declarada. E mais, os trailers já revelaram elementos apenas sugeridos na temporada passada, não veremos apenas o Velho Oeste, mas outras partes do mundo de Westworld.
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Clássicos em Mangpa Rei Lear
Uma das características básicas do ser humano é a capacidade de contar histórias, outra característica básica é adaptá-las. Neste mês gostaria de apresentar a quadrinização em mangá de um clássico da literatura ocidental: o Rei Lear de William Shakespeare. Mas não se assuste, embora seja uma obra do século XVII, a linguagem foi adaptada para os dias de hoje, tornando a leitura bastante simples e dinâmica. 20
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Para quem não conhece a história, acompanhamos o monarca da Inglaterra que dá nome à obra, rei Lear, pai de três filhas, que resolve dividir seu reino entre elas, mas ao desafiá-las à bajulado, valendo uma porção de terra maior, alguém não entra na “brincadeira”. A caçula resolve ser muito sincera e revela algumas
verdades sobre como funciona a relação de amor com o pai. Com o orgulho ferido, o rei destitui a filha de toda sua herança e desencadeia toda a tragédia que passa a acontecer ao longo do volume. Um drama que discute lealdade e traição, onde seu algoz pode vir de onde menos se espera, onde o poder é o único prêmio satisfatório, e para conquistá-lo é possível fazer qualquer coisa. As traições se seguem de todos os lados, os mais inocentes e fracos são os primeiros a sofrer, afinal é um drama de Shakespeare e tais temas e encadeamento das tragédias são mais do que esperados. Aqui vale ressaltar a figura do bobo, o único personagem que tem liberdade para falar tudo que pensa, é interessante como ele usa do humor para fazer observações duras e verdadeiras, servindo até como um conselheiro das ações tomadas pelo rei. É esse personagem também que serve como ponte entre os acontecimentos da trama e o leitor, pois em sua fala estão impressas muitas das conclusões que chegamos ao observar a trama. Escrito originalmente para ser encenado para o rei da Inglaterra no início do século XVII, essa peça já foi adaptada milhares de vezes em filmes e séries, quadrinhos e literatura, as vezes apenas como uma breve referência, outras uma tradução literal para outra mídia. Aqui, o responsável pela adaptação (que depois de uma longa pesquisa eu apenas encontrei a editora original, East Press) conseguiu traduzir com maestria o cenário conflituoso apresentado pelo mestre do teatro moderno inglês. O cuidado em diferenciar bastante cada personagem apresentado, ajuda o leitor a compreender os diversos núcleos de interação que se cruzam a todo momento ao longo da narrativa.
A revista faz parte de uma extensa coleção da East Press que adaptou clássicos da literatura e textos filosóficos para o mangá no Japão entre os anos de 2007 e 2016. No Brasil foram lançadas apenas duas edições em 2011 pela JBC (Rei Lear e O Capital). Alguns anos depois a editora LPM fechou contrato e já trouxe várias adaptações da empresa japonesa.
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