Abrente nº68

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Vozeiro de Primeira Linha

www.primeiralinha.org

Ano XVIII • Nº 68 • Segunda jeira • Abril, maio e junho de 2013

Jornal comunista de debate e formaçom ideológica para promover a Independência Nacional e a Revoluçom Socialista Galega

Editorial À medida que a ofensiva capitalista recrudesce, umha parte dos setores sociais mais diretamente afetados organiza-se em estruturas defensivas. Os protestos das plataformas dos longos milhares de famílias e pessoas enganadas polas preferentes, ou de atingidas polos despejos de vivendas, som alguns dos mais conhecidos, pola visibilizaçom na denúncia da política do PP. As suas demandas -que fazemos nossas-, incorporam-se à reclamaçom de emprego, salários e pensons dignas, serviços sociais, sanidade e educaçom pública, universal e de qualidade, futuro para a juventude, que inçam as ruas da Galiza Porém, até o momento estes movimentos e reclamaçons sociais tenhem focado as suas legítimas reivindicaçons de forma parcial e intermitente. Mas os responsáveis das agressons e injustiças que padecem, que padecemos, som os mesmos, o inimigo a quem se enfrentam é idêntico. Chegou pois o momento de que os movimentos populares procurem a imprescindível aliança e acordos programáticos, em base a comuns denominadores, que permitam optimizar ao máximo a sua fortaleza para assim dobrar os governos do PP, da Junta e de Madrid, e favorecer umha mudança radical das políticas socioeconómicas neoliberais. Defesa da saúde pública e do direito à vivenda, defesa do emprego e da educaçom, nom som demandas antagónicas, nem contraditórias. Som o eixo de um programa tático de mínimos que o conjunto do povo trabalhador galego deve vertebrar e desenvolver, contribuindo assim para a articulaçom de umha alternativa de massas à desfeita a que nos conduz o capitalismo espanhol seguindo os ditados da troika. Este programa nom só deve combinar habilmente um conjunto de reivindicaçons plausíveis no atual quadro de economia de mercado, com a necessária orientaçom tendente à superaçom do modo de produçom capitalista. Deve enquadrar-se na situaçom de dependência que padece a Galiza como naçom oprimida por Espanha.

Soberania nacional

Nem é possível superar a exploraçom que padece a maioria social sem mudar as relaçons capitalistas, nem se podem solucionar a imensa maioria dos problemas que padece a Galiza e as suas camadas populares sem recuperarmos a liberdade nacional da nossa pátria. A defesa da soberania nacional é um elemento medular de qualquer programa e reivindicaçom que realmente procure contribuir para a construçom de umha alternativa obreira e popular às políticas neoliberais do PP-PSOE. Sem capacidade de decisom, nom se podem mudar as diretrizes que a burguesia impom por meio dos seus partidos, sindicatos e estruturas de dominaçom. Sem instituiçons soberanas, sem umha Galiza com Estado próprio, nom é possível evitar a destruiçom planificada da nossa economia, alterar o rol que nos impom a divisom internacional de trabalho como destino turístico, regiom produtora de matérias-primas, energia, mao de obra barata, onde instalar indústrias poluentes. Sem soberania, nom é possível solventar os graves problemas que arrasta a cada vez mais minguada frota pesqueira galega, carente de um Estado que defenda os seus intereses, negociando novas áreas de pesca com outros países com base em acordos mutuamente beneficiosos. Sem soberania nacional, nom poderemos evitar que o governinho vendepátrias de Feijó continue a entregar o nosso subsolo, solo e sobressolo às multinacionais mineiras que espoliam e saqueiam os nossos recursos minerais deixando poluiçom, destruiçom e miséria. Sem soberania nacional, nom poderemos alterar a progressiva espanholizaçom da nossa sociedade e inverter a aceleraçom da plena assimilaçom cultural e lingüística por parte de Espanha. Sem soberania nacional, nom poderemos desenhar e implementar umha economia planificada, de orientaçom socialista, que evite a emigraçom maciça da juventude mais preparada, gere pleno emprego e redistribua a riqueza entre o conjunto da populaçom.

Sem soberania, nom poderemos sentar as bases para umha revoluçom cultural que quebre a dominaçom patriarcal, permitindo a emancipaçom plena das mulheres, de mais de metade da força de trabalho. Sem soberania nom é possível construir umha sociedade socialista que garanta o benestar, liberdade e felicidade do nosso povo. Sem soberania nom poderemos ajudar a criar umha nova ordem internacional anti-imperialista, baseada na multipolaridade e nas relaçons igualitárias entre os povos e as naçons do planeta.

Independência e soberania estám interligadas

Porém, para sermos umha Pátria livre e soberana, temos que atingir primeiro a independência nacional. Nom se pode ser naçom soberana sem sermos independentes. Sem Estado próprio, nom há soberania. A reclamaçom, a defesa da independência nacional -sem eufemismos de nengum tipo-, é umha reivindicaçom imprescindível para construir, a partir de posiçons de esquerda anticapitalista e feminista, um movimento popular amplo, plural e abragente que aspire a ser umha alternativa real para essa maioria do nosso povo que, ou bem em silêncio, ou bem resignado, ou bem organizado e luitando na rua, de forma difusa ou mais consciente, deseja e reclama umha radical mudança de rumo. Qualquer programa político que neste país se considere coerentemente de esquerda tem que defender sem complexos nem timoratismos a independência e a soberania nacional da Galiza. A auto-organizaçom obreira e popular som pois condiçons sine qua non para avançar na direçom da liberdade e emancipaçom. Para atingir a independência e a soberania nacional, o povo trabalhador galego tem que construir umha ampla rede organizativa própria, sem submissons nem sucursalismos. Somos nós, exclusivamente nós, o sujeito de decisom do nosso futuro. É o povo galego quem decidirá sem tutelagens nem ingerências externas que

Sumário 3 Num grandioso comício revolucionário, é proclamado o Estado Galego Ramiro Vidal Alvarinho

4 Língua, política e política lingüística Helena Sabel

5-6 A Marxismo em lilás Noa Rios Bergantinhos

7 O desafio bolivariano Amílcar Figueroa Salazar

8 Primeira Linha organizou debate internacional sobre a vigência do marxismo


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