Abrente nº75

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A romantizaçom da violência machista (ou como umha relaçom abusiva se converte numha desejável história de amor) 3

Declínio Aprender sempre. industrial Mercadoria 6 na Galiza e tendências em curso no centro capitalista 4-5

Helena Sabel

Óscar Peres Vidal

Vozeiro de Primeira Linha www.primeiralinha.org | @PrimeiraLinhaGZ

Ano XX | Nº 75 Terceira jeira | Janeiro, fevereiro e março de 2015

TTIP: a integraçom das decadências 7

Galiza no Atlas Mundial da Revoluçom 8

Jorge Beinstein

Ramiro Vidal Alvarinho

Jornal comunista de debate e formaçom ideológica para promover a Independência Nacional e a Revoluçom Socialista Galega

A fascinaçom

do ilusionismo eleitoral

E D I TO R I A L P

oucas semanas bastárom para que o ilusionismo eleitoral depositado na Syriza se esfumasse, deixando claro as suas limitaçons e enganos. O flamante governo grego –autodefinido como “de esquerda radical”-, que tanta euforia e expetativas gera nas forças políticas galegas e espanholas que tratam de imitar o seu êxito nas urnas, nom demorou a ceder às pressons da troika, incumprindo flagrantemente o cerne do seu programa eleitoral. Alexis Tsipras e Yanis Varufakis optárom por se submeter ao diktado da Eurozona, acedendo a implementar um pacote de novas reformas e ajustamentos para assim conseguir desbloquear novos empréstimos e umha prórroga do letal “plano de resgate”. Deste jeito, o governo grego continua sem recuperar a soberania nacional, agindo como um simples protetorado de Berlim e Bruxelas, atado

aos compromissos ultraliberais para a entrega dos recursos e riquezas nacionais a bancos e empresas estrangeiras dos governos do PASOK e da Nova Democracia. Renuncia assim a implementar a nova política económica e social que lhe concedeu o mandato das urnas com base nas suas promessas eleitorais. Esta claudicaçom nem nos surpreende nem nos dececiona. Todo se ajusta bastante ao adulterado guiom do reformismo e das ensinanças de anteriores processos históricos em que fracassárom similares falsas expetativas do ilusionismo reformista. Algo similar sucedeu com a chegada de Tony Blair a Downing Sreet em 2007, de Barack Obama à Casa Branca em 2009 e de François Hollande ao Eliseu em 2012. A social-democracia

e outros reformismos alimentárom enormes expetativas que a realidade desmentiu de imediato. O que está a acontecer na Grécia fai parte do ADN de um movimento político sem princípios, construído com base na soma de forças oportunistas da esquerda reformista e de setores desagregados da social-democracia. Juntos conseguírom um enorme e fulgurante sucesso nas urnas, perante a exigência de resultados imediatos emanados da desesperaçom da imensa maioria do povo trabalhador grego polo empobrecimento maciço que afeta o conjunto da populaçom do país. Um governo de salvaçom nacional, um governo obreiro e popular que pretenda combater e paliar a miséria do seu povo, recuperar o

crescimento económico investindo no bem-estar social, tem que aplicar um plano de choque, um conjunto de medidas que renacionalizem os setores estratégicos da economia nacional e combatam os monopólios e as multinacionais que só provocam pobreza. E esta equaçom irremediavelmente passa pola saída da Uniom Europeia -causa e fonte da pobreza dos povos periféricos e das maiorias trabalhadoras-, assim como da NATO e dos organismos internacionais que, como o FMI, aplicam com mao de ferro os interesses do imperialismo. Mas também polo nom pagamento de umha dívida ilegítima derivada de créditos abusivos e imposiçom de obscenos juros. Um genuíno processo de transformaçom social está intrinsecamente ligado à recuperaçom da soberania e da independência nacional. Sem capacidade real de decidirmos, de instituiçons próprias sem tutelagens nem condicionantes externos, nom é possível implementar a vontade popular. Isto é aplicável a naçons sem Estado como a Galiza ou a naçons formalmente independentes que paulatinamente tenhem perdido a sua soberania, como a Grécia ou Portugal.


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