Quanto mais patriotas, mais comunistas 3 Abraám Alonso
Contra o capitalismo: a luita é aqui e agora 4
Prática leninista nas ruas da Galiza 5-6 Carlos Garcia Seoane
Num ano do governo de Maduro: a claudicaçom como forma de governo 7
Óscar Peres Vidal
A opressom das mulheres, marca do capitalismo 8 Lara Soto
Américo Galego
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Ano XIX | Nº 72 Terceira jeira | Abril, maio e junho de 2014
Jornal comunista de debate e formaçom ideológica para promover a Independência Nacional e a Revoluçom Socialista Galega
EDITORIAL A
resses imperialistas da oligarquia que afirma combater.
Involuçom fascista do regime espanhol
perda de legitimidade em que está afundado o regime espanhol emanado do pacto da transiçom ainda se acha mui afastado do ponto de inflexom crítico que permita prognosticar a sua queda no curto prazo. Porém, a carência de memória histórica facilita que a ruptura geracional com os acordos que permitírom transitar de um regime fascista para esta democracia burguesa provoca que umha boa parte da juventude obreira e popular, incorporada ativamente à luita contra o sistema capitalista, tenha enormes dificuldades em compreender e identificar parte dos seus responsáveis. O espanholismo de esquerda, articulado à volta do PCE/IU, foi um dos arquitetos da reforma política que maquilhou o fascismo mantendo incólume o Estado franquista, amnistiando todos os crimes de lesa humanidade em que estavam envolvidos dezenas de milhares de polícias, militares, juízes, funcionários e umha boa parte da casta política. Permitiu a reinstauraçom da monarquia bourbónica, assumindo as decisons de Franco e um sistema político negador do direito de autodeterminaçom da Galiza, alicerçado nas desigualdades da economia de mercado e na opressom de género do patriarcado.
A
qui radica a razom pola qual o alvo da atual ofensiva involucionista do regime som as organizaçons revolucionárias de libertaçom nacional. A oligarquia tem gravado no seu ADN a máxima de Calvo Sotelo: “Prefiro umha Espanha roja a umha Espanha rota”, porque sabe perfeitamente que a esquerda em cujas siglas há um E é inofensiva, inócua, está incapacitada para introduzir as mudanças revolucionárias que dinamitem as suas bases de dominaçom. Só a independência da Galiza e das outras naçons oprimidas debilitará ao máximo o bloco de classes dominantes espanhol e, portanto, também facilitará umha revoluçom socialista em Espanha. A recente morte de Adolfo Suárez foi habilmente aproveitada polo regime para se relegitimar. A monarquia juancarlista conseguiu umha inesperada lavagem de cara, mediante umha leitura sesgada e maquilhada da transiçom espanhola. Os nostálgicos apelos à concórdia e ao consenso dumha etapa tam negra como a dos governos da UCD servírom para incidir na negaçom da luita de classes e branquear a casta política daquela altura, da qual umha boa parte da sua nomenclatura ainda continua no ativo.
Na Galiza a Revoluçom só pode ser galega Lamentavelmente, na atualidade, umha parte da juventude que padece nas suas condiçons materiais de vida a crise do capitalismo espanhol deixa-se arrastar pola manipulaçom histórica da propaganda espanholista, ligando mudança social com mudança de modelo de Estado, com mudança de sistema político. É umha ingenuidade acreditar que a instauraçom da III República espanhola provocará mudanças revolucionárias. Em primeiro lugar, a prática totalidade das organizaçons que propugnam esta alternativa som forças oportunistas e reformistas, que tam só propugnam remendos do sistema capitalista para ocuparem espaços de gestom do mesmo. Em segundo lugar, a alternativa republicana já nom se pode considerar umha opçom excecional que descarte umha parte da oligarquia para evitar a descomposiçom do sistema. A burguesia espanhola foi monárquica por mero acidentalismo histórico, estivo comprometida com essa opçom por puro possibilismo. Se a substituiçom do monarca espanhol por umha III República garantir a continuidade e
umha maior estabilidade dos acordos de 1975-1981, que lhe tenhem gerado a formidável acumulaçom e enriquecimento, o atual regime realizará umha nova maquilhagem seguindo o esquema lampedusiano de mudar algo para que todo siga igual. Em terceiro lugar, as mudanças e transformaçons estratégicas que umha parte destes setores juvenis e populares defendem estám indisoluvelmente ligadas à recuperaçom da soberania e a independência nacional da Pátria e à superaçom do capitalismo e do patriarcado. As três tarefas da Revoluçom Galega só serám possíveis à margem de Espanha, tanto na sua opçom monárquica como republicana. Eis por que o combate contra este republicanismo espanhol é umha necessidade d@s comunistas galeg@s. A alternativa revolucionária galega deve ser genuinamente patriótica, defensora da independência nacional, construída a partir de e para a Galiza, por fora do quadro estatal de
luita. Nós queremos umha República Socialista Galega!
Quadro galego de luita
A
qui radica a causa pola que Primeira Linha, assim como as restantes entidades e organizaçons da esquerda independentista e socialista, nom participemos em dinámicas estatais, nem no ámbito organizativo nem no da mobilizaçom e luita. A Galiza é o nosso quadro nacional de luita. Somos revolucionári@s marxistas-leninistas galeg@s e, portanto, a nossa obrigaçom é intervirmos na nossa formaçom social concreta, organizarmos e conscientizar a classe obreira galega, acumular forças visando umha Revoluçom socialista e feminista de libertaçom nacional. O seu êxito é a nossa contribuiçom para a Revoluçom proletária mundial.
Quebrar o princípio da auto-organizaçom nacional, reforçar o paradigma espanhol de luita, só ajuda a facilitar a assimilaçom da Galiza, só leva a reforçar o projeto imperialista espanhol, um dos principais alicerces económicos, políticos e ideológicos da opressom e dominaçom burguesa. A esquerda espanhola colabora ativamente com a sua burguesia em reforçar similar projeto nacional. Portanto, está ajudando a reforçar um dos mecanimos idológicos de dominaçom do proletariado: o chauvinismo, que só favorece a burguesia espanhola, facilita a sobreexploraçom da classe trabalhadora galega, dificulta a revoluçom na metrópole e o avanço da revoluçom mundial. Por muito marxista-leninista que se definir qualquer força ou partido que continue a defender que a luita de classes tem escala estatal, nom está aplicando os conceitos centrais teóricos de Marx, posteriormente desenvolvidos por Lenine. Está favorecendo os inte-
Esta imprevista “água de maio” de que o sistema soubo magistralmente tirar proveito, seguindo um guiom similar ao da morte do “caudilho” em 1975, desenvolveu-se em plena aceleraçom da ofensiva fascistizante do regime pós-franquista. Os confrontos em que culminárom a marcha estatal de 22 de março em Madrid, na qual nom participou o MLNG, servírom para aprofundar na manipulaçom e intoxicaçom da opiniom pública. Sem lugar a dúvidas mais que umha “cadeia de erros na intervençom e nas comunicaçons policiais” foi umha decisom política deixar isolado um dos grupos da UIP para conseguir as imagens que os meios de desinformaçom nom cessárom de reproduzir nos dias posteriores e assim justificar novas e mais duras medidas contra as liberdades e os direitos; em definitivo, mais repressom policial, judicial e administrativa. Se os incidentes se produzírom num perímetro tam extenso, porque as TV públicas e privadas estavam exatamente no lugar preciso onde um subgrupo da UIP ficou isolado e rodeado polos manifestantes?