UPG, meio século de luzes e sombras 3 Carlos Morais
Lenine e a emancipaçom da mulher: umha revisom marxista e feminista 4 Helena Sabel
Evoluçom da Economia Galega: fracasso do binómio “EspanhaCapitalismo” A dous meses sem resposta justa, 5-6 a luita do povo mexicano ascende 7 Óscar Peres Vidal
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Touradas, flamenco e corrupçom 8 José Miguel Ramos Cuba
Jonathan Hernández
Ano XIX | Nº 74 Terceira jeira | Outubro, novembro e dezembro de 2014
Jornal comunista de debate e formaçom ideológica para promover a Independência Nacional e a Revoluçom Socialista Galega
Galiza e nós
E D I TO R I A L C
ada semana que se passa, o governo espanhol do PP fica mais parecido com o dumha ditadura encurralada. A camarilha encabeçada por Mariano Rajói, incapaz e sem vontade política de mudar as políticas económicas e sociais que provocam um empobrecimento e exclusom sociais cada vez mais estendidas, cercado pola corrupçom generalizada, aposta na adoçom desesperada de medidas autoritárias, por fortalecer ainda mais o mastodôntico aparelho repressivo. A aprovaçom da “Lei Mordaça”, os novos anúncios de reforma do Código Penal, a compra de sofisticado material repressivo, as operaçons e medidas constantes contra a liberdade de expressom na rede, as ameaças e intimidaçons contra toda manifestaçom democrática... som as principais decisons de um Conselho de Ministros que nada tem que invejar aos que Franco presidia. A crise do regime de 1978 continua a acelerar a sua descomposiçom, tornando cada dia mais complexa a sua recomposiçom ordenada. Mas o governo opta pola bunquerizaçom, por fechar-se nos muros da Moncloa e nas atalaias dos ministérios de Madrid, fazendo ouvindo surdos ao clamor popular que reclama profundas transformaçons e alteraçons do roteiro. Perante este delicado cenário, o poder económico do Ibex 35 resolve avançar numha dupla via. Obviamente, continua a apoiar o ilegítimo e submisso governo de Rajói, que aplica minuciosa e disciplinadamente os parámetros ultraliberais e centralistas que exigem os conselhos de administraçom; mas também vê com melhores olhos e menos receios cada dia a ambígua alternativa representada por Podemos. O fenómeno político e mediático encabeçado por Pablo Iglesias é umha funcional e excecional saída alternativa para evitar a descomposiçom do pós-franquismo. À medida que os inquéritos de intençom de voto aproximam o partido dirigido polos 5 magníficos da presidência do governo espanhol, a complutocracia que dirige o experimento populista vai permitindo conhecer o seu verdadeiro rosto. Podemos nom só pretende susbtituir e ocupar o espaço do PSOE como um dos alicerces do monopartidarismo bicéfalo, como está a agir já enquanto principal ferramenta que garante a unidade do Estado espanhol que reclama e exige a oligarquia. As reveladoras declaraçons dos seus principais líderes em relaçom ao processo independentista catalám nom som interpretáveis. Podemos é o principal aríete espanhol para impossibilitar que a maioritária vontade de construir um Estado soberano catalám atinja o seu objetivo. A brilhante retórica do partido construído nos tubos de ensaio da torre de marfim da Universidade Computense e de convencionais e alternativos programas de televisom, nom deixa de agir como um letal e certeiro hacker contra o direito a decidir do povo trabalhador catalám e contra a eventual luita nacional da Galiza e do resto de povos oprimidos polo Estado imperialista espanhol. No nosso caso, perante a fragilidade que carateriza na atual conjuntura histórica o projeto nacional galego, este fenómeno político/mediático está a minar as bases do movimento popular, questionando a especificidade e singularidade da nossa luita de classes, convertendo-se no principal agente espanholizador dos movimentos sociais e das luitas populares.
da esquerda que pensa e age a partir e para a Galiza, estamos a favorecer que a Pátria de Rosalia e Reboiras caminhe irremediavelmente para a definitiva liquidaçom como sujeito nacional. Sem lugar a dúvidas, as responsabilidades som coletivas, embora umhas forças tenham do mais que outras. E referimo-nos a construir a ferramenta político-social que necessita a maioria social galega, dotada de um programa avançado e um modelo organizativo flexível. As municipais de 2015 teriam sido umha ocasiom excecional para implementar esta cenário. Tal como o desenvolvimento e consolidaçom de entidade Galiza pola Soberania (GpS), como iniciativa suprapartidária. Porém, uns optam por antepor os mesquinhos interesses imediatistas de siglas gastas e cada vez com menos prestígio, às necessidades da luita de libertaçom nacional, cada vez mais ameaçada polo que semelha avanço da espanholizaçom do País em todos os seus ámbitos. O Pólo patriótico rupturista que reclamavamos no anterior editorial do Abrente é umha necessidade ineludível. O mesmo que a construçom do partido comunista combatente, patriótico e revolucionário, única garantia de evitar que a luita de libertaçom nacional e social de género nom se desvie dos seus objetivos estratégicos e acabe dirigida polo oportunismo. Sem um influente e poderoso partido comunista nom é possível garantir a plena soberania dumha Galiza independente porque só o socialismo afiança e reforça a soberania e a independência nacional frente as ameaças permanentes do imperialismo.
Crise nacional e de classe: a Galiza em construçom ou deconstruçom?
N
No entanto, o realmente grave e preocupante é a penetraçom do seu discurso entre setores socias e políticos do soberanismo galego, ingenuamente fascinados polo fulgurante ascenso eleitoral dumha sigla carente de qualquer consistência para agir como força revolucionária, ou no pior dos casos genuinamente transformadora. Perante o desenvolvimento deste fenómeno, a única resposta possível passa pola unidade das forças e organizaçons nacionalistas e indepen-
dentistas com prática de esquerda rupturista. Sem a abertura de um processo criativo e imaginativo, guiado pola generosidade e o patriotismo, que promova a recomposiçom integral do campo da esquerda nacional, nom está assegurada a viabilidade do projeto político da Naçom Galega. Cada mês que se perde à hora de procurar espaços comuns de intervençom e luita, de favorecer e ensaiar a mestiçagem política das tradiçons e culturas que conformamos a constelaçom
om é novo apontarmos nestas páginas para os riscos que o povo galego enfrenta frente à estratégia histórica de Espanha pola construçom da sua naçom, que passa pola liquidaçom das que se veem submetidas à sua administraçom. Já durante o século XIX, numerosos povos conseguírom quebrar a lógica dependente imposta, constituindo sucessivos novos estados ao longo desse século e do seguinte. Na atualidade, é o povo catalám aglutinado polo Principat, muito aquém dos históricos Països Cataláns, que afronta em condiçons mais favoráveis o desafio assimilacionista espanhol. Porém, está longe de ver garantida a sua própria autoconstruçom nacional, apesar de contar com umha importante maioria social independentista, inclusive um segmento da própria burguesia nacional. O povo basco, heroico resistente por todos os meios possíveis durante as últimas décadas, enfrenta especiais dificuldades derivadas da nova fase após o abandono da via armada da ETA, caindo a sua vanguarda política numha indefiniçom que precisa de resolver com urgência. No caso da Galiza, a ofensiva recentralizadora espanhola apanha-nos numha situaçom de crise generalizada do movimento sociopolítico que protagonizou durante o último meio século a regeneraçom das forças nacionais e populares. O papel cada vez mais secundário do BNG e do seu mundo coincide com o enfraquecimento das luitas sociais, se bem é devido a causas mais complexas derivadas do seu próprio papel du-