morfogĂŠnese digital
Este trabalho pretende fazer uma abordagem digital, como forma de representação, como geradora de derivações e transformações da forma. A arquitetura tem que reagir a todos os elementos, não se pode apenas fazer uma análise estática procurando as configurações e características formais do espaço, tem de aprender a processar toda a informação contida no espaço. A informação transforma-se em código para ser processado por meios digitais, usando software que consigam simular várias possibilidades, esta capacidade de processamento de informação permite estudar inúmeras soluções. O estudo das formas deixa de ser uma ação de desenho e passa a ser uma ação reativa que responde a informação (inputs). Neste trabalho aborda-se o estudo do comportamento humano no espaço, como esta análise pode tornar-se informação para a procura de forma, quais os processos que se podem utilizar para processar esta informação. Para se fazer esta análise, escolheu-se um espaço público urbano consolidado no centro histórico da cidade de Santarém (Largo Sá da Bandeira). A intenção é tentar compreender como as pessoas se movimentam e se comportam neste espaço, através de registos fotográficos. Esta amostragem serve para registar as posições e movimentos das pessoas e transformar este registo em gráficos/diagramas com pontos para as posições e linhas para os movimentos direcionais.
planta implantação 1/1000
10h15
10h45
10h30
11h00
amostra_pontos 10h-11h
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amostra_direçþes 10h-11h
Depois de se processar a informação das posições e movimentos direcionais das pessoas como pontos e linhas, partiu-se para a procura de formas/soluções. Depressa constatou-se que existe um grande fluxo de movimentos direcionais de entradas e saídas, ficando a parte central da praça quase inutilizada, apenas com alguma utilização esporádica de movimentos transversais. A transformação dos pontos numa triangulação delaunay (união dos pontos mais perto entre si), tem como objectivo a possibilidade de criar topografias que reajam à informação processada, através de softwares (scripts) que com programação matemática, consigam gerar topografias diferentes, mas com base nos pontos. Nas zonas de grande fluxo, as topografias mantém-se inalteradas, mas nas zonas de pouca utilização, as topografias alteram-se radicalmente.
triângulação delaunay
As linhas do movimento direcional das pessoas transformam-se em linhas físicas, que marcam esse fluxo constante. Pode-se ver vários testes que ensaiam as possibilidades de formalização das linhas, estas tornam-se em linhas de luz, que marcam à noite o fluxo do dia. A materialização deste processo passa por uma artificialização dos elementos naturais, como se fosse um jardim artificial, com uma topografia triangulada e umas árvores de metal com uma ramificação de luz. Este conceito surge após os ensaios formais do processo de análise comportamental das pessoas, apesar de haver uma intenção de confronto com o jardim natural (Jardim da República], que se encontra ao lado deste espaço público. A premissa é reativar e ativar fenómenos comportamentais nas pessoas.
“ Nós queremos aprender como se comporta o utilizador, para nos tornarmos mais sensíveis a este.” Daan Roosegaarde Ambientes interativos têm um efeito de transformação, conseguem levar o utilizador a comportamentos inesperados. A instalação Dune 4.0 do Studio Roosegaarde consiste em fibras de luz equipadas com microfones e sensores de presença, isto faz com se transforme numa instalação reativa, permitindo ao utilizador interagir e transformar o ambiente com o seu comportamento. Esta interação leva a ambientes diferentes, quando não existe movimento ou ruído, as fibras mantèem-se apagadas, mas com o movimento e/ou ruído, ligamse e aumentam de intensidade. paisagem interativa dune 4.0 studio roosegaarde
Este principio é aplicado no jardim artificial de arbustos de luz no centro da praça, onde existe pouca utilização, ativando assim a possibilidade de uma maior utilização e interação das pessoas com o espaço.