conferência “estaleiros performativos: curadoria do espaço e da arquitectura” inês moreira
A condição constante que atravessa a história, é a mudança. O conceito de arquitecto sofre dessa mesma condição, as premissas alteram-se constantemente com o espaço e o tempo. Inês Moreira questiona essa condição do que é ser arquitecto, ou aquilo que produz e explora, é arquitectura. Quando existe uma apropriação de “uma arquitectura dentro doutra arquitectura”, como uma adaptação de uma produção acoplada a uma preexistência, que funciona como um contentor de possibilidades, por exemplo edifícios abandonados, ou que simplesmente deixaram de ser “úteis”, que perderam a sua função. Parece surgir em nós uma necessidade de interagir com estes “lugares esquecidos”, o querer actuar no físico e no invisível, através de formas e eventos performativos, desta correlação entre arquitectura performativa e o ambiente físico, surgem histórias e micro-histórias de formas, objectos e lugares esquecidos. Daqui surge também outra condição, que parece cada vez mais presente, que é esta ideia de arquitecto como “construtor”, como personagem que faz parte de todo o processo, seja no design, seja na construção, mesmo a produção de algo tem de conter e prever esta lógica, uma lógica de assemblagem, que hoje constatamos na nossa sociedade, o nascimento de uma cultura DIY(do it yourself), em que temos uma ideia e partimos para a construção e materialização dessa ideia. Achei extremamente interessante a noção de assumir todas as acções na arquitectura, como os acontecimentos nos edifícios, assumir a manifestação do tempo e tudo o que isso transporta, como a deterioração, os acidentes causados por catástrofes, e analisar e aceitar estas mudanças como um fenómeno natural, e tentar explorar e potenciar estas mudanças através e acções performativas e daí fazer novas arquitecturas. Espaço e evento é a relação a explorar, o evento como algo irrepetível que se passa no espaço e não vive sem esse, e o espaço como matéria ou tecido que contem o potencial para a manifestação do evento.