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ANO 1 - Nº 1 - DEZEMBRO/2008 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Gerar Geração de Emprego, Renda e Apoio ao Desenvolvimento Regional

Projeto para Gerar desenvolvimento Esta publicação tem o apoio do


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O caminho é a geração de emprego e renda Por Heloisa Arns

“ O programa prioriza as famílias do Bolsa Família e objetiva auxiliá-las na sua emancipação por meio de ações integradas que favorecem a criação e o fortalecimento de empreendimentos

” O Governo Federal tem muitas razões para comemorar o sucesso do Bolsa Família. Programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, o Bolsa Família é o projeto mais bem sucedido do Poder Executivo. O que muita gente não sabe, porém, é que as ações da União no campo da justiça social vão muito além da concessão de recursos financeiros para as famílias. A União também apóia muitos projetos que garantem emprego e uma renda considerável a famílias em vulnerabilidade social em todo o Brasil. Cito apenas um deles como exemplo: o Programa de Geração de Renda, desenvolvido pela OSCIP Gerar (Geração de Emprego, Renda e Apoio ao Desenvolvimento Regional) em quatro Estados brasileiros - Bahia, Pernambuco, Ceará e Acre. Trata-se de uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, os Governos Estaduais e Municipais e outras entidades e empresas da sociedade civil Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia, Caixa Econômica Federal, Conab, Sebrae, universidades locais, Pastoral da Criança, OCB Sescoop, entre tantos outros. O programa prioriza as famílias do Bolsa Família e objetiva auxiliá-las na sua emancipação por meio de ações integradas que favorecem a criação e o fortalecimento de empreendimentos nas suas comunidades. O projeto Gerar fase III foi iniciado em dezembro de 2006 e capacitou inúmeros coordenadores e agentes municipais com a Metodologia Gerar. Além de todas as oficinas de desenvolvimento local e de capacitação das pessoas envolvidas no projeto, o Programa de Geração de Emprego e Renda permitiu a consolidação de uma rede de parceiros nos Estados e municípios.

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Geração de Emprego, Renda e Apoio ao Desenvolvimento Regional

O Projeto Gerar foi apoiado financeiramente pelo Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Termo de Parceria nº 001/2006-MDS, no valor de R$ 1.954.900,00. (41) 3039-6599 | 3039-4155 E-mail- gerar@gerar.org.br - www.gerar.org.br Rua Ébano Pereira, 44 - 7º andar - conj. 705 - Curitiba - PR Presidente de Honra Dra. Zilda Arns Neumann

Os resultados do projeto podem ser avaliados com base nos números. O programa é desenvolvido em cerca de 50 municípios do Acre, Bahia, Ceará e Pernambuco. Neles, por meio da parceria desenvolvida com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, são orientados mais de 400 empreendimentos que envolvem 3,2 mil pessoas. Por meio destas ações, a comunidade está frequentando cursos de empreendedorismo, qualificação profissional, recebendo orientações e acompanhamento para o desenvolvimento de planos de negócios, além de apoio ao associativismo e cooperativismo. Concretamente, este trabalho tem resultado na promoção de feiras e eventos para a venda e apresentação dos produtos e serviços desenvolvidos pelos participantes do projeto. O resultado é o fortalecimento de micro e pequenos empreendimentos. E, em última instância, a melhoria de vida destas pessoas, que se tornam microempresários com plenas condições de sucesso. O Jornal da Gerar, que você tem em mãos, é um relato das experiências bem sucedidas que desenvolvemos neste programa. É uma prestação de contas que se enquadra ao nosso objetivo de conduzir o projeto com a máxima transparência e eficiência, rumo à melhoria real das condições de vida das pessoas beneficiadas pelo projeto. Temos a convicção de que, ao final da leitura do Jornal da Gerar, você se convencerá de que com a ajuda de todos os nossos parceiros este objetivo foi plenamente atingido. HELOISA ARNS é consultora do Projeto Gerar III MDS (Geração de Emprego, Renda e Apoio ao Desenvolvimento Regional).

Conselho Diretor Presidente do Conselho Diretor Horst Essert Vice-presidente do Conselho Diretor Marcio José de Brito Conselheiros Lycia Tramujas Vasconcellos Neumann Aparecida Berenice Dobgenski Cleoni de Fátima Moraes Paludo Mara Mares Neumann Carlos Alberto Padilha Tasso Gouvêa Conselho Fiscal Presidente do Conselho Fiscal Antonio Carlos Leite de Oliveira Conselheiros Maurílio Leopoldo Schmitt Jocemeri Simão Suplente Conselho Fiscal Elyane Neme Alves Superintendência Administrativo Francisco Reinord Essert francisco@gerar.org.br Executivo Heloisa Arns Neumann Stutz heloisa.arns@gerar.org.br Técnico Anita Milla anita@gerar.org.br Coordenação Estadual Acre - Deywerson Galvão de Araújo Pernambuco - José Ulisses de Sá Magalhães Bahia - José Augusto Brito de Jesus Ceará - Kelly Whitehurst Jornal Gerar

Esta publicação foi produzida com recursos do Governo Federal por meio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, com o valor unitário de R$ 2,08. Jornalistas Responsáveis Aurélio Munhoz MTB 2635/PR Maria Fernanda Gonçalves MTB 3491/13/65v Reportagem, redação e fotografia Maria Fernanda Gonçalves Colaboração Ana Paula de Carvalho (MTB 2180/PR) Edição Final Maria Fernanda Gonçalves e Marcos Scotti (MTB 1.354/8/18/DF) Projeto Gráfico Hora Pública Editora www.bempublico.com.br (41) 3332-7580

Direção Executiva Mario Milani Edição Gráfica Marcos Scotti


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Na Bahia: despertando a consciência Empreendedores individuais dividem espaço com grupos de até 20 pessoas e uma cooperativa com 250 integrantes. Todos buscam inovação no seu ramo de atividade

Onde a Gerar atua

Bahia

Santa Bárbara Catu Camaçari Santo Amaro da Purificação Vera Cruz Itaparica Saubara Madre de Deus Salinas da Margarida

Dedicação em Catu

Empreendedoras expõem seus produtos em feira.

Em Itaparica, parceria traz resultados

Claudomilson de Oliveira Silva

Camaçari desperta para crescer Ao despertar a auto-estima, o projeto incentiva empreendedores que contribuem com o crescimento do município A primeira ação para transformar a vida da população em Camaçari veio no sentido de despertar a auto-estima. A coordenadora Gerar, Ana Cláudia Santos Conceição, conta que no início as pessoas não tinham noção de que eram empreendedoras. Realizados os cursos, os negócios tomaram forma e já rendem frutos através da geração de novos empregos. O prefeito Luiz Carlos Caetano também está em sintonia com o projeto. “Estamos batalhando cada vez mais na economia solidária e na sustentabilidade”, conta Caetano, em acordo com o projeto

que vem permitindo o surgimento de novos empreendimentos no município. O capoteiro e estofador Claudomilson de Oliveira Silva faz esse serviço há 14 anos, mas só há três ele montou a “OS Reformadora de Estofados”. Ele conta que usa tudo que aprendeu no curso da Gerar, principalmente controle de caixa e organização. Claudomilson fabrica pufes, almofadas, bicamas, reforma e fabrica sofás. “Depois do curso espalhei fotos na loja e quero fazer um banner para divulgar”, empolga-se. Outro negócio de sucesso é o salão da auxiliar de enfermagem

A equipe municipal do Projeto Gerar III MDS recebeu a capacitação de agentes e coordenadores municipais e do repasse da metodologia SEBRAE dos cursos Aprender a Empreender e Juntos Somos Fortes e estão aptos a dar prosseguimento ao Projeto Gerar III MDS no município visando a geração de renda.

O município de Catu conta com a assessoria do Projeto Gerar III MDS. Há mais de vinte empreendimentos nas áreas da apicultura, plantas e flores, confecções, artesanato, agricultura, alimentação, entre outros; abrangendo em torno de 140 pessoas, dessas, 30% são beneficiárias do Programa Bolsa Família. As equipes do projeto têm se dedicado com o intuito de melhorar as condições de vida da população mais carente do município de Catu.

Dilma Santiago de Jesus, que é mais do que empreendedora. Ela é uma multiplicadora do conhecimento, não se importando se, mais tarde, serão concorrentes seu. “Formei muitos aprendizes e parte deles tem salão. Até hoje qualifico mão-de-obra que cria asas”, reconhece. Com os cursos do Gerar e do Sebrae, Dilma acredita que está mais preparada para o negócio. “Eu quebrei três vezes e comecei de novo. Se tivesse isso antes, eu não teria tido tanto prejuízo. Agora vou ter mais chance de ter lucro”, diz.

Criatividade em Santa Bárbara

Trabalhadoras rurais descobrem no artesanato possibilidades para crescer

Jorge Antônio Rocha e as mulheres do Grupo Produtivo de Artesãos

Maria Alaíde Pereira dos Santos

No município de Santa Bárbara, as autoridades e a população estão sorrindo pelas novas oportunidades que surgiram com o Projeto Gerar. O secretário de Administração do município, Manoel Cordeiro Lima Filho, avalia que os cursos do programa trouxeram renda para os carentes, através da organização de empreendimentos e melhoria da qualidade de vida. A coordenadora do Gerar na localidade, Leonice Ribeiro dos Santos, aponta que a evolução foi muito grande. “Além de terem se dedicado aos novos empreendimentos, o Gerar produziu renda familiar”, comemora. O resultado das oficinas e cursos de capacitação criou nas pessoas o espírito empreendedor, a vontade de crescer e se desenvolver. Prova disso é o “Gru po das Marg arid as”, formado por dez mulheres tra-

balhadoras rurais que viram no artesanato uma oportunidade. Maria Alaíde Pereira dos Santos conta que junto, o grupo se fortalece, a compra pode ser feita em volume maior e os produtos podem ser vendidos em consignação. Flores de laranjeira, de palha, de bucha, tecido, miçangas, bonecas de fuxico, além de camisetas customizadas, são produtos que ganharam aceitação no mercado. Outra mulher de coragem é Edna Ferr eira do Nasc imen to Jesu s, lavradora, que faz bolsas, almofadas e colchas com a técnica da flor de laranjeira. “Aprendi a ver como era que se trabalhava e fazer contas do que gastei. O que sobra eu reinvisto”, ensina ela. Para o futuro, Edna pretende vender seus produtos na feira, comprar uma máquina de costura para finalizar o material e dar um acabamento ainda melhor.

Saindo do anonimato em Santo Amaro da Purificação Produção de palitos melhora a vida para famílias de baixa renda Em conjunto com a prefeitura local, parceiros e equipe Gerar, a população de Santo Amaro da Purificação passou a valorizar o que tem de melhor. “O projeto nos dá op or tu ni da de de cr es ce r, de u coragem e incentivo para enfrentar o merc ado. Hoje , a gent e vê a valorização que aconteceu por meio do Gerar”, ressalta a agente Jussara de Santana Mota. O coordenador do Sistema Nacional de Emprego (Sine) de Santo Amaro da Purificação, Jorge Antonio Rocha, enaltece a iniciativa do projeto Gerar,

que está mudando a perspectiva da comunidade. “A equipe da Gerar vem somando muito para nosso município. Através dos cursos de gestão, capacitação e encontros, fazemos intercâmbio entre os municípios e isso é muito importante para nos integrar, faz com que as pessoas saiam do anonimato e queiram trabalhar por conta própria”, descreve. Entre os vários empreendimentos do município, a “Associação das Paliteiras de São Braz” existe há dez anos, mas só agora se organizou para gerar renda.

Para isso, escolheram sete pessoas na a sso cia ção p ara i nte gra r a diretoria, já que cada um dá conta de sua produção em casa. Com o apoio do Gerar, a associação consegue vender toda semana 300 mil palitos, usados para churrasco, queijo, algodão doce, maçã do amor e crepes. “Queremos ter embalagem e código de barras para identificar nosso produto e evitar os atravessadores, que são muitos”, analisa Raquelina Gomes dos Santos.


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Projetos geram renda e emprego Garrafas PET viram vassouras em Saubara Curso de capacitação realiza sonhos empreendedores O Projeto Gerar só se viabiliza a partir da parceria com municípios e outros agentes públicos e privados. O secretário de Turismo de Saubara, João Carlos dos Reis Silva, demonstra que o município está empenhado em auxiliar o empreendedor. Ele menciona que pelo menos cinco empreendimentos estão sendo impulsionados com a orientação do governo municipal dentro do projeto Gerar. “Para três negócios, fizemos um esforço para desenvolver um plano e estamos fomentando o trabalho, buscando saídas associativas ou de cooperativas”, informa. Com vistas ao futuro, um grupo formado por 13 famílias está se dedicando a fabricar vassouras ecológicas. A fundadora do grupo, Ana Paula Santos Matos, esclarece que o processo de produção utiliza garrafas PET que são reaproveitadas. Emprego e renda para as famílias de Saubara O grupo compra garrafas PET, lava, corta num desfiador, prensa e leva ao forno. Os produtos são a vassoura e escovinha para banheiro. “Quando a Gerar deu o curso, sonhei com o empreendimento. Como todos nós somos marisqueiras, essa era a oportunidade de ter renda o ano todo”, vislumbra. Segundo ela, a Gerar plantou uma semente e que agora precisa ser cultivada pelas pessoas. Já o marceneiro Walmir Protásio atua na reforma de barcos de fibra de vidro, mas sonha alto. Ele quer construir barcos para oferecer preços menores. “Através da Gerar, surgiu um projeto com a Prefeitura de pequenos aprendizes, onde os alunos aprendem uma atividade”, conta. Além da parceria com a Prefeitura, Walmir disse que aprendeu muito com a Gerar em estratégia de vendas e para buscar matérias-primas mais em conta.

Salinas da Margarida fortalece pequenos negócios Conscientização para a autonomia leva à exportação dos produtos criados no município

Pescadores formam cooperativa em Vera Cruz Projeto é bem-vindo para fortalecer empreendimentos locais Formada por 251 associados, a Cooperativa de Pescadores e Marisqueiros de Vera Cruz, chamada Repescar, envolve nove comunidades baianas, todas com o objetivo de beneficiar ostras, sururus, chumbinhos, aratus, siris e caranguejos, promovendo o repovoamento dessas espécies. A presidente da Repescar, Helineuza Barbosa dos Santos, elogia a iniciativa do Projeto Gerar, que trouxe o resgate da dignidade para a comunidade marisqueira, que sofre com a atuação de atravessadores. “Com o curso de empreendedorismo, fizemos um plano de negócios e estamos em busca de mais conhecimento para lutar pelos nossos direitos e lugar no mercado”, aponta. Para a secretária de Desenvolvimento Social, Agricultura e Pesca de Vera Cruz, Marisabel de Carvalho Martins, o projeto foi bem-vindo para fortalecer os empreendimentos e para que as pessoas obtenham sua emancipação dos programas sociais do governo. “Nessa linha de geração de renda, o Gerar foi muito importante para o município”, relata. Ela conta que existem outros empreendimentos formados na região graças ao Gerar, que incutiu a importância do coletivo. Exemplo disso são as organizações de reciclagem de resíduos, que agora possuem o apoio técnico e social do Gerar. “Acredito que o caminho certo para o desenvolvimento social é propor meios de vida através da independência e capacitação”, assinala Marisabel.

Parcerias de sucesso em Madre de Deus Cursos do projeto dão perspectivas de evolução empresarial no município

Jorge Matos (pai) e Jonatas de Souza Matos, empreendedores de Madre de Deus. Ao lado a secretária Líliam Aragão Sílvia Rosana Possenti Santana e Italvina Possenti - o artesanato alavanca negócios em Salinas. Ao lado, à direita, a secretária Myla Martha Santana Dias, incentivadora do projeto.

Segundo a secretária de Trabalho e Assistência Social, Myla Martha Santana Dias, o município está atuando fortemente para conscientizar as famílias de que é importante empreender, trabalhar e se consolidar para ter retorno financeiro. A coordenadora da Gerar, Magali Pinheiro Santos, identifica que há pessoas que já têm empreendimento formal e conhecimento, enquanto outros com negócios informais estão se estruturando. “Nas reuniões de

empreendedorismo, reforçamos a proposta de que cada um tem que batalhar para seu crescimento. Não basta achar que vai abrir um comércio e vai ter retorno”, esclarece. Para quem agarra a oportunidade, o resultado sempre aparece com o trabalho persistente. É o caso da artesã Italvina Possenti Santana, que trabalha há dez anos com arte em conchas e búzios. “Fui convidada para um curso de conchas e arte pela prefeitura e descobri pela internet

uma consultora que trabalhava com esse material e trouxe para cá”, relembra. “A Gerar tem sido ótima. Incentiva e a gente aprende a trabalhar em grupo e a comercializar”, afirma. A empreendedora já participou de feiras em outras cidades e, quando há evento s, ela não perde tempo. “Aproveitamos ao máximo quando há eventos e feiras. O pessoal de fora de Salvador dá muito valor às peças. Até para Belo Horizonte já fomos”, orgulha-se.

O projeto Gerar, além de estimular o empreendedorismo, também é um forte aliado para quem já tem um negócio e precisa de uma ajuda ex tra. Com a Gerar, os empreendedores de menor porte passaram a ter noção de vendas, aprenderam a identificar mercadorias com giro rápido e a reestruturar a forma de gerir o negócio. A secretária de Desenvolvimento Econômico, Líliam Aragão, conta que os empreendedores são organizados, mas faltava qualificação. “Com cursos, puderam pegar financiamento, ampliar o atendimento e contratar novos funcionários”, comemora. A equipe municipal do projeto Ge-

rar, com a agente Lucilene Silva Santos, fez a diferença na drogaria “Madre Medicamentos e Conveniência”. Jonatas de Souza Matos, que ajuda o pai na administração do negócio, participou da capacitação da Gerar: “Já notei, no princípio, que teríamos que realizar benfeitorias ao entrar no curso”. Ele retornou do projeto empolgado com o conhecimento recebido. “Com aprendizado e o material didático, fiquei com a expectativa de evoluir”, compartilha. Além de ajudar no negócio da família, Jonatas começou a sonhar com o curso de Administração de Empresas. “Achei aquilo interessante e vi no curso a perspectiva para dar continuidade à farmácia do meu pai”, ressalta.


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No Acre: sintonia com a comunidade Borracha dá emprego em Assis Brasil Seringueiro produz sapatos personalizados ao participar de cursos de capacitação

No município de Assis Brasil, a transformação está ocorrendo para várias famílias, que vislumbram a oportunidade de melhorar a renda e se tornar empreendedores. Com a ajuda de vários parceiros, o Gerar é reconhecido pela mudança de mentalidade no município. O prefeito de Assis Brasil, Manoel Batista de Araújo, relembra que no início foi um desafio levar a idéia de que as pessoas podiam ter seu próprio negócio e prosperar. “Nas capacitações, destacam-se pessoas que querem crescer. E nosso papel é dar mecanismos para que possam evoluir”, conta ele.

O seringueiro José Rodrigo de Araújo, mais conhecido como “Dr. Borracha”, foi um dos que enxergou no Projeto Gerar uma forma de iniciar um negócio. Depois de ter participado do curso “Aprender e Empreender”, ele passou a ter noções de vendas, lucro e prejuízo, tr an sf or ma nd o bo rr ac ha em artesanato. José produz sapatos e botas em látex e passou a produzir conforme o gosto do freguês. “A gente tem que fazer o que o cliente precisa, não o que a gente quer”, define. O seringueiro já produziu sapato com a marca de times de futebol, capas para celular, cintos,

chapéus e sandálias. “Dr. Borracha” tem a assistência da Universidade de Brasília (UnB), que está estudando um pigmento para tirar o cheiro forte do látex, e capacitando José em técnicas para aproveitamento da borr acha líqu ida. Com t anta melhoria, José não dá conta de tantos pe di do s. “D r. B or ra ch a” de u emprego para três pessoas - seu filho e dois contratados que são seus ajudantes. “Meu trabalho é uma novidade lá fora e já tenho interesse de abrir mercado no Sul”, afirma ele, com dis cur so de emp ree nde dor de sucesso.

Dr. Borracha, multiplicando negócios

Porto Acre estimula beneficiamento Produção orgânica certificada e segurança dão credibilidade aos negócios que surgem no município

Com predomínio da agricultura, que representa 82% das atividades econômicas do município, Porto Acr e que r est imu lar o ben eficiamento dos produtos, diminuindo os desperdícios e aumentando o lucro. “A assessoria dos agentes tem nos dado orientação para transformar nossa matériaprima, industrializando sabão, banana-passa e comercializando verduras orgânicas, com dicas fundamentais de preservação”, atesta o prefeito Ruy Coelho. E potencial existe, a exemplo do “Grupo dos Agricultores Ecológicos em Defesa da Vida”, que possui selo de ce rt if ic aç ão or gâ ni co . O agricultor Laudino José dos Santos diz que, com apoio do Projeto Gerar, quer ir mais longe. O grupo, que reúne 15 famílias, busca divulgar mais os produtos

Nely de Souza, Sabão da Nely

orgânicos da propriedade, formados pelas culturas de café, banana, além de mandioca, abacaxi e mamão, e vem participando de exposições no Acre.

Out ro exe mpl o de emp ree ndedorismo é Nely de Souza, de 55 anos, que reúne grande parte da família em torno de seu negócio. Fabricando sabão em barra, em pó e líquido, o produto tem saída certa nas redondezas, nas Vilas “V” e do Incra. Sem medo do trabalho pesado, Nely cuida da venda dos produtos, o que significa carregar cerca de 15 kg, por quase dois quilômetros até chegar aos clientes. A empreendedora conta que antes do negócio dependia do marido para “comer ou calçar”. Com a Gerar, consegue ter seu próprio dinheiro, passou a pensar em lucro e aumentou a variedade de sabão. “A assessoria do Gerar me ajudou também a usar equipamento de proteção, porque lido com soda, álcool, óleo e sebo e tudo no fogo, o que era perigoso”, diz agradecida.

Laudino José dos Santos

Transferência de conhecimento em Plácido de Castro Cursos de capacitação levam inspiração para negócios ecologicamente corretos

A capacitação, as informações, o preparo e o apoio do Projeto Gerar estão transformando as vidas em Plácido de Castro (AC). Negócios como apiários, artesanato, alimentação, malharias e avicultura estão se tornando realidade através do impulso dado aos empreendedores do município. A coordenadora do Projeto Gerar em Plácido de Castro, Mariette Espíndola, afirma que a sintonia com a Prefeitura foi fundamental para promover a transferência de conhecimento às famílias. Através do apoio do prefeito Paulo César da Silva, é possível melhorar a geração de re nd a d a p op ul aç ão e, conseqüentemente, obter crescimento de todos. Mariette conta que encontrou potencialidades que precisavam apenas de um empurrãozinho para impulsionar os negócios. Além desse ap oi o, é p re ci so d es ta ca r a importância dos agentes, que estão sempre juntos dos empreendedores para ajudar. “As pessoas confiam nos agentes e fazem o possível para

estar nas reuniões entr e os pa rc ei ro s. So nh am co m os ol ho s br il ha nd o, s e nt i nd o qu e os agentes estão lá para apo iá- los e acr editando no projeto”, comemora a agente Sandra da Silveira. O esf or ço dos agentes é reconhecido pelo marceneiro Amarizé da Penha Correia, de 38 anos. Amarizé da Penha Correia Ele está deixando um negócio ecológico e que ajuda o aos poucos a profissão para se meio ambiente. Hoje, ele produz dedicar ao artesanato, confecbandejas, porta-fraldas, mesinhas, cionando brinquedos em madeira, brinquedos, camas de bonecas, bijuterias e outros artefatos. carrinhos, aviões, entre outros Ele conta que descobriu o dom objetos. “O apoio que a Gerar dá é de para o artesanato em um acidente, no grande incentivo. Os agentes têm qual perdeu três dedos. “Fiquei vontade de auxiliar e estão parado muito tempo e comecei a ajudando”, afirma. fazer alguns vasos de côco, no Já o funcionário público Francisco formato de corujas e as pessoas me Alves da Silva, conhecido como incentivaram a continuar”, relembra. Haiá, aproveitou os cursos de Utilizando restos de madeira da capacitação do Projeto Gerar e atividade moveleira,Amarizé pratica descobriu uma nova atividade. O

Ao lado, Amarizé da Penha Corrêia, Brinquedos e Artes e, acima, Francisco Alves da Silva, Plácido Biscoitos Caseiros

próprio filme apresentado pelo orientador do curso Aprender a Empreender foi a inspiração. Ele passou a fazer biscoitos e vender para as pessoas próximas. Com o tempo, os biscoitos tiveram uma ótima aceitação e ele começou a

produzir como segunda atividade. “Minha esposa ampliou os sabores dos biscoitos para côco, cupuaçu, maracujá e castanha”, ressalta ele, que pretende se dedicar exclusivamente ao negócio.


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Valorização dos negócios locais Talentos naturais são desvendados e transformados na atividade econômica que traz autonomia aos empreendedores acreanos

Onde a Gerar atua

Acre O prefeito José Ronaldo Pessoa Pereira e Glória Vargas Álvares, costureira informações bem-vindas

Artesãos de Epitaciolândia fundam cooperativa

Bujari

Acrelândia

Porto Acre Plácido de Castro Capixaba Epitáciolândia Brasiléia Assis Brasil

Em Epitaciolândia, grupo de artesãos funda a Cooperativa Arte nas Mãos

Parceiros ensinam profissionalização e empreendedores organizam negócios para vender mais No município de Epitaciolândia, que reúne 13 projetos, está a prova de que os empreendedores só precisam de um estímulo para crescer. O apoio para um grupo de 20 artesãos veio do Projeto Gerar, da Prefeitura Municipal, do Governo do Acre e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop-AC). Graças a essa união de esforços, a cooperativa “Arte nas Mãos” foi formalizada, em novembro de 2008, dando um passo importante para a profissionalização. Tendo a artesã Elvira Ramos da Silva como presidente, a cooperativa pretende crescer. “Estou muito feliz por fazer parte da primeira cooperativa da cidade. Aqueles que quiserem entrar, peço que venham para crescer conosco”, convida. Na so le ni da de de inau gu ra ção, estiveram presentes o pr efeito do município, José Ronaldo Pessoa Pereira, a primeira-dama e Secretária da Ação Social, Rosália Pinheiro Pereira, o prefeito de Porto Acre, Ruy Coelho, o consultor do projeto Gerar, Francisco Essert, o coordenador estadual do Gerar,

Deywerson Galvão, o presidente do Sesc oop- AC, Valdemir o Roch a, a ge re nt e de de se nv ol vi me nt o de cooperativas do Sescoop-AC, Solange de Matos, a coordenadora do Sine, Jorgiane de Moura, além dos artesãos e convidados. Para a secretária da Ação Social, Rosália Pereira, esta é uma conquista importante para o município. “Tínhamos vontade de fazer uma feira, mas, como os artesãos não estavam organizados, ficava difícil. Com o projeto Gerar e o processo de mobilização das pessoas, com incentivo, reuniões com a Ação Social e o Gerar, veio a idéia de montar a cooperativa”, explica ela. Outro apoio importante para concretizar a cooperativa foi a transmissão de conhecimento aos artesãos. A gerente de desenvolvimento de cooperativas do Sescoop-AC, Solange de Matos, afirma que o “segredo” para aumentar a autoestima dos empreendedores é desenvolver seu empoderamento. “Nada melhor que motivar numa palestra, mostrando que têm chance de emergir e abrir portas para a sua independência”, orgulha-se.

Histórias de sucesso em Bujari Cooperativa de pesca, produção de redes e artesanato deram ao município do Acre possibilidades de desenvolvimento

Com a orientação correta, os moradores de Bujari estão abrindo horizontes e trilhando um caminho próprio que passa pela geração de emprego e renda. O prefeito de Bujari, Michel Marques Abrão, ressalta a importância do Projeto Gerar no município: “Com certeza vem auxiliar toda comunidade carente a se organizar e a ter renda. Com o Gerar, vemos a possibilidade de fazer com que estas famílias passem a ter perspectivas de crescer”, avalia. Exemplo disso são os 15 projetos no município, que incluem diversas iniciativas. “André Cabeleireiro”, “Ateliê Rosângela”, “Doces da Norma”, “Grupo de Mulheres do Ramal Barros”, “Horticultura Maria Salete da Silva”, “Material de Pesca”, “Móveis Araújo”, “Panificadora Bujari ML”, “Panificadora Sabor do

Francisco e Railda Pereira, 3 filhos - redes de pesca para aumentar a renda

Pão”, “Pensão da Dona Zú”, “Produtos Marheo”, “Produtos Santo Antonio”, “Salão de Espaço da Beleza”, “Salão do Davi e Salão do Gilmar”. De acordo com o coordenador do projeto em Bujari, Arimatéia Cunha, os empreendedores estão empolgados com a motiv ação trazi da. “Alguns já tinham uma atividade, mesmo que incipiente. Com o projeto, quem produz começa a pensar nas próximas etapas e quem tem um sonho dá o primeiro passo”, relata. A idéia é alavancar negócios para que sobr eviv am sozi nhos . Um exemplo é a Coopesca, cooperativa que reúne cem famílias da região. “São dois a três tanques por família, que tiveram a visão despertada pelo Projeto Gerar e estão pensando em expandir o negócio”, comemora Cunha.

Outra iniciativa bem-sucedida em Bujari é a de Francisco Alencar Pereira, de 42 anos, que despontou com o um emp ree nde dor nat o. Mestre na fabricação de redes de pesca e tarrafas, aprendeu o ofício aos oito anos. Estimulado pela esposa, Railda da Silva Pereira, que junto com seus três filhos também aprendeu a fabricar redes, Francisco passou a se de di ca r in te gr al me nt e a es sa atividade. Hoje a família ganha até três vezes mais. “Com os cursos do Gerar, aprendemos a mexer com dinheiro”, diz Francisco. Tudo é feito artesanalmente, tecendo a rede nó a nó. “Meu sonho é comprar uma máquina que agilize a produção”, aposta ele, que segue diversificando o produto, tecendo redes esportivas.


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Cursos despertam empreendedores Visão de negócios ampliada em Brasiléia Capacitação para o empreendedorismo transforma a vida e gera emprego

Maria Soares de Oliveira e Sílvia Cristina da Costa, Cooper Vida

Associação João Martins

Em Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, onde 70% da população vive do artesanato, o Projeto Gerar abriu horizontes. O objetivo dos empreendedores é explorar o grande potencial turístico do município para comercializar os produtos. Somando a experiência de coordenadores e agentes do Gerar, a secretária de Ação Social de Brasiléia, Adriana Souza da Costa, elogia a mudança de mentalidade na região. “O Gerar, como diz o nome, acredita que, para modificar a vida com oportunidades, é preciso gerar renda e acreditar no potencial”, afirma. Ela cita que, junto com parceiros firmados através do projeto, como Sebrae, Plantec, Senac e Senai, as pessoas foram capacitadas. “O Gerar centraliza as parcerias, levanta as necessidades e traz os cursos. Já as pessoas precisam estar comprometidas, senão não conseguem desenvolver o trabalho social”, aponta. Entre os 17 projetos desenvolvidos, destaca-se a Associação João Martins, fundada por um grupo de mulheres que

atua com artesanato. A coordenadora da associação, Dulsami Ossami Figueiredo, conta que as mulheres, de 13 a 65 anos, fazem crochê, pintura em tecido, confeccionam jogos de cozinha, entre outras peças. “Queremos comprar uma máquina de costura e espero que a gente possa crescer e que outras pessoas da comunidade entrem e acreditem no projeto lucrativo”, aposta ela. Outra perspectiva de vida transformada foi a dos sócios Valdeir Santos Silva e Sandra Pereira da Silva, que aperfeiçoaram o “Salão Avenida”. Eles apr end era m a com pra r e ven der produtos e passaram a vender mais ao expor xampus e condicionadores no salão. “Tem sido surpreendente. O Gerar vem ampliando nosso negócio, que era limitado pela falta de conhecimento”, elogia Valdeir. Além do apoio para impulsionar o negócio, a mudança ta mbém fo i comportamental. Os dois começaram a mudar a forma de abordar a clientela, com mais carinho e atenção. Também estudam reformas e ampliação dos serviços.

Mulheres lideram negócios em Capixaba Toque feminino fortalece cooperativa e associações, gerando renda no município Um dos propósitos dos trabalhos do Projeto Gerar é dar sustentabilidade às iniciativas, ou seja, que tenham continuidade e possam caminhar por si. Esse é um dos principais benefícios apontados pelo vice-prefeito de Capixaba, Antônio Raimundo dos Santos. “Temos o maior interesse na continuidade dos negócios no município. Os empreendedores querem crescer e as pessoas tiram proveito disso”, afirma. Em Cap ixaba, as m ulheres lideram muitos negócios que já são sucesso. Um desses é a “C oo pe ra ti va da s M ul he re s Produtoras de Capixaba”, que

reúne artesãs e doceiras que, juntas, passam o que sabem umas para as outras. “Temos 23 mulheres registradas, entre 20 e 60 anos, que fazem artesanato com fuxico, pintura, costura e lembrancinhas. Na área alimentícia, doces, salgadinhos, doce em pasta, doce de leite e bombons são algumas das especialidades da cooperativa”, enumera a presidente da Cooperativa, Maria Soares de Oliveira. At ua lm en te , a s m ul he re s planejam rótulos, código de barras e buscam se adequar às exigências da Vigilância Sanitária. “Aproveitamos muito o que

Sandra Pereira da Silva e Valdeir Santos Silva, do Salão Avenida

Experiências de sucesso em Acrelândia A doceira Natalícia de Freitas Tavares, de 49 anos, sempre acalentou o sonho de ter um negócio próprio, mas não sabia como começar. Ao receber orientações de mercado e comercialização do Projeto Gerar, ela abriu a doceria Acre Doce. A empresa faz doces de castanha cristalizada com chocolate, com leite condensado, cocadinha e bananada. Ela conta que está aprendendo inclusive a fazer licor de acerola a partir da receita da irmã Lourdes. “Quanto mais produtos eu tiver para oferecer, mais clientela eu vou ter”, ensina. Entre as contribuições do Projeto Gerar para seu negócio, ela reconhece a importância da assistência e dos cursos de capacitação. “Aprendi a não gastar mais do que ganho, ter maior controle financeiro e evitar prejuízos. Hoje, eu uso meu fogão à lenha. Além de economizar gás, os doces e geléias ficam mais gostosos”, relata a empreen dedora.

Sebastiana Pereira, Rosa de Sharon, e o marido negócios que estão dando certo. Para o viceprefeito Antônio Raimundo dos Santos, a Gerar vem contribuindo para fortalecer o empreendedorismo no Estado

a Gerar nos passou, como colocar pr eç os qu e es ta va m de sa tualizados, trabalhar com concorrência e até como colocar os produtos na prateleira”, assinala. Já o “Grupo de Mulheres Rosa de Sharon”, formado por 29 mulheres e homens, que no início atuava com artesanato, mudou totalmente seu rumo. Percebendo que tinham terra ocio sa, deci dira m ampl iar a produção, antes para sustento próprio, e agora para ganhar dinheiro. Milho, melancia, alface e industrialização dos derivados da mandioca passaram a ser produtos da cooperativa.


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Projeto para Gerar Contribuir para a formação cidadã e transferir conhecimentos aos empreendedores e consciência às comunidades de baixa renda, para que possam crescer, gerar emprego e renda. Esta é a idéia central do Projeto Gerar MDS-III, desenvolvido pela Oscip em 48 municípios dos Estados do Acre, Ceará, Pernambuco e Bahia. As atividades e metodologia do projeto, segundo Heloisa Arns, Anita Milla e Francisco Essert, consultores do Projeto Gerar III MDS, visam despertar no cidadão, preferencialmente assistido pelo programa Bolsa Família, do governo federal, o instinto empreendedor e o gosto pelos negócios.

A Gerar atua em 48 municípios de quatro Estados brasileiros repassando tecnologia social. O que vem a ser o Projeto Gerar ? Heloisa Arns - A metodologia Gerar tem 14 passos, em que mobiliza a comunidade, identifica oportunidades, qualifica o público-alvo (os beneficiados pelo Bolsa Família prioritariamente) realiza planos de negócios, assessoria técnica e orientação ao crédito. A base do projeto é a articulação. Este é o forte da metodologia. Ver tudo o que existe e em que pode apoiar os empreendedores, fortalecer e integrar os municípios para que recebam apoio. Nós temos parceiros muito importantes os governos municipais e estaduais. Os municipais são os executores, na ponta das ações. A Oscip prepara a equipe e a acompanha até que ela consiga dar seqüência à metodologia por conta própria. Francisco Essert - A metodologia que a Gerar desenvolveu tem um foco diferente dos outros projetos de geração de trabalho e renda. Vimos muitos programas em nível nacional que colocam sempre o recurso financeiro em primeiro lugar e as aç õe s em se gu nd o lu ga r. No ss a metodologia é exatamente o contrário. Consiste em três eixos fundamentais. Prim eiro , que o povo bras ilei ro é empreendedor. O povo tem o seu sonho de empreendedorismo. Perg untamos às pessoas: “Você nunca pensou em ter o seu próprio negócio?”. A grande maioria diz que sim. O segundo eixo do projeto, é que nós descobrimos que tudo o que é necessário para desenvolver um projeto já existe. Só que de uma forma desarticulada. Há inúmeros parceiros que têm contribuições a dar em ações, em recursos, em cursos, etc. Então, o segundo eixo do projeto é articular o que já existe e apro xima r os apoi ador es do noss o públic o-alvo , os empree ndedor es. O

terceiro eixo é o envolvimento comunitário. Nós não apoiamos apenas um empreendimento; nós envolvemos toda a comunidade para que se sinta comprometida com esse empreendimento e o apóie, sinta-se co-responsável. Qual a importância das parcerias nesse processo? Francisco Essert - Temos parceiros nos três níveis de governo: federal, através do MDS; estadual, que oferece várias ações, e municipal, que oferece a estrutura e as pessoas. O objetivo não é gerar e implantar um projeto e depois se retirar. Pelo contrário, capacitamos pessoas nos municípios para que, quando sairmos, possam dar continuidade ao projeto e até multiplicar esta metodologia.

“ Se cada um faz o que tem conhecimento e aproxima isso daqueles que mais precisam, que são pessoas beneficiárias de programas de transferência de renda, temos uma otimização de recursos e uma efetiva atuação para o sucesso de empreendimentos

Heloisa Arns

Heloisa Arns - Os principais parceiros são os governos municipais e os estaduais, que assumem determinadas ações no projeto. Os municipais oferecem os agentes e coordenadores, que executam as açõ es, ide nti fic am as dem and as e mob ili zam os emp ree nde dor es. Os estaduais assumem alguns cursos de qualificação profissional, de apoio em feiras e no arranjo de cadeias produtivas. Têm uma atuação fundamental, tanto integrando programas que já existem, quanto apoiando as ações da Gerar. O projeto não tem crédito, mas tem parceiros que orientam e fornecem o crédito, como o Banco do Nordeste com seu programa CrediAmigo. A Conab, na comercialização. Tem universidades que estão elaborando planos de negócios ou design de produtos para os empreendedores. Se cada um faz o que tem conhecimento, sua expertise, e aproxima isso daqueles que ma is pr ec is am , qu e sã o pe ss oa s beneficiárias de programas de transferência, temos uma otimização de recursos e uma efetiva atuação lá na ponta que é o que eles precisam: apoio para ter

sucesso em seus empreendimentos. E os resultados? Heloisa Arns - Temos associações que se transformaram em cooperativas. Associações que não eram formais hoje são; várias pessoas que não tinham renda com o que sabiam fazer hoje ganham com seu trabalho. Qual o segredo para chegar a estes resultados? Heloisa Arns - Trabalhar com o que já existe. Trabalhar com as potencialidades locais e não esperar de fora a ajuda para daí começar alguma coisa. Essa cultura estamos levando para os municípios onde essas pessoas se reúnem e uma ajuda a outra. Assim, a comunidade assume o projeto para si. Com isso, viabilizamos feiras e uma série de ações, transformando a realidade, levando o desenvolvimento sustentável para a comunidade. A Gerar acompanha cerca de 600 empreendimentos. Como eles nascem? Francisco Essert - Nós não levamos para a comunidade oportunidades de empreendimentos. Essas oportunidades são demandas da própria comunidade. Uma das primeiras ações do projeto Gerar é promover um seminário e, nele, apresentar o projeto, o tipo de apoio que vai oferecer e perguntar quais os seus so nh os de em pr ee nd im en to . Três perguntas fundamentais a gente sempre faz: “Quais os vazios econômicos que existem na tua comunidade?” - quem sabe isso é a comunidade, não é nem o governo municipal, nem o estadual e nem nós da Gerar. São eles. Outra: “Que matériasprimas existem aqui às quais podemos agregar valor?”. E ainda: “Que sonhos de empreendedorismo vocês têm?”. A partir daí define-se qual empreendimento a comunidade quer. Uma vez definido o negócio, vem a aproximação do parceiro.


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desenvolvimento

Produtoras de redes em Irauçuba expõem na Fest Rede

Essa cultura empreendedora, essa cultura de geração de trabalho e renda que a metodologia Gerar leva para dentro dos municípios é a principal semente que nós queremos plantar.

vender um produto desses e fala para o seu cl ie nt e qu e vo cê es tá , di re ta ou indiretamente, apoiando um projeto social, emancipando pessoas do Bolsa Família -, leva-o a pagar até mais pelo produto sabendo que há uma ação dessas por trás.

Os empreendimentos surgem principalmente em que setores econômicos? Francisco Essert - Comércio, indústria e agricultura. O projeto Gerar atua menos na produção agrícola. Ele fomenta mais a agregação de valor aos produtos agrícolas. Temos várias cooperativas que produzem det erm ina dos pro dut os, ou mes mo associações e pessoas que atuam sozinhas. “Ah! Eu tenho produção de mel. Como a gente agrega valor à produção de mel?”. “Como se industrializa o mel, como se fazem pequenos sachês para colocar na merenda escolar com o apoio do projeto da Conab?”. Criam inclusive ações de marketing para que esse mel possa ser comercializado. Também apoiamos muito o comércio local, mas sempre com esse enfoque. Se nós apoiarmos essa atividade comercial, através de uma feira ou iniciando um empreendimento comercial, ele vai gerar postos de trabalho novos. Na questão i ndustrial, nã o só a agr oindustrialização, mas outras pequenas indústrias surgem, inclusive reciclando passivos ambientais. Há uma conotação de produto social no que é feito pelos empreendedores apoiados pela Gerar? Francisco Essert - A penúltima ação da metodologia Gerar é o marketing. Até porque o nosso slogan é: “Nós ensinamos a pescar e a vender o peixe”. 70% das empresas brasileiras fecham as suas portas nos três primeiros anos de existência devido ao excesso de preocupação com a administração, na estruturação do negócio at é ap ro xi ma r o cr éd it o; ma s a preocupação para quem vender fica em segundo plano. É muito mais importante

Heloisa Arns - Quando você trabalha com empreendimentos, a primeira coisa a ser feita é dar sustentação. Primeiro é preciso saber administrar e saber produzir. Então, são qualificados para saber produzir bem. Depois, vem a elaboração de planos de negócio e de viabilidade econômica dos empreendimentos. Depois, acompanhamento empresarial. Essa rede de parceiros que se forma trabalha para que o empreendimento se concretize e se mantenha. Francisco Essert - A metodologia Gerar promove o plano de viabilidade técnica e econômica, os cursos de capacitação, aproxima o crédito, mas, principalmente, aco mpa nha o dese nvo lvi men to do empreendimento. Esse acompanhamento faz com que os empreendimentos se solidifiquem e não fechem nos primeiros anos de vida.

Nós ensinamos a pescar e a vender o peixe

Francisco Essert

ter uma boa comercialização do que ter um crédito subsidiado. O apelo social que um projeto deste traz - quando você vai

A Gerar pretende expandir o projeto a outras regiões do Brasil? Anita Milla - Sim, este é o objetivo. Com o resultado positivo do projeto nestes 48 municípios, a tendência é que seja ampliado para mais municípios nestes Estados e implantado também em outras regiões do Brasil. Os Estados ou municípios que quiserem conhecer o projeto já podem manifestar interesse, principalmente aqueles que tem necessidades de fomentar a geração de trabalho e renda junto a micro-empreendimentos, municípios inseridos em regiões de IDH baixo e com grande quantidade de famílias relacionadas com o Bolsa Família.


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No Ceará: motivar para crescer Palestras sobre associativismo e cooperativismo mostram aos empreendedores que eles podem se unir para fazer negócios e alcançar mais facilidades Condomínio de Mulheres produz alimentos orgânicos em Mauriti

Onde a Gerar atua

Ceará

União traz lucros a Mauriti Produção orgânica gera renda no município

Massapê Barroquinha Granja

Barreira

Moraújo Mucambo Irauçuba Graça Itatira Catarina Quiterianópolis

Altaneira

Salitre Nova Olinda Arneiroz

Mauriti

Araripe Potengí Caririaçu Ocara

Maria (Lourdes) Praça Rodrigues, 57, é uma agricu ltora que vi ve num Condomínio de Mulheres em Mauriti e divide seu trabalho com outras dez famílias. Cada uma tem seu lote e todos se unem para pagar a energia da irrigação. A energia da casa é particular. A produção também é levada pelo grupo para a feira semanal da cidade, fora o que é vendido nas próprias casas para quem vem até a origem da plantação. “Os empreendimentos são enfrentados só por mulheres. Delas cinco são do Gerar”, diz Lourdes. Todos os hortifrutigrangeiros são orgânicos, já que ela usa um biofertilizante que ap re nd eu a f az er co m t éc ni co s americanos que visitaram o condomínio. O marceneiro e escultor Damião Pereira Dias, 37, tem uma oficina onde emprega três ajudantes, o irmão, o enteado e o vizinho. Ele elogia os cursos da Gerar que têm vindo para a cidade de Mauriti e diz que espera um apoio para

conseguir a linha de crédito que daria condições para comprar uma máquina. Esta máquina seria importante para melhorar o acabamento de seus móveis. “Estamos tendo dificuldade com a busca da perfeição, trabalhando praticamente no manual”, diz. Fr an ci sc a Vi ld en es da Si lv a, coordenadora do Gerar, administra ainda o empreendimento da prefeitura Casa de Taipa, que é um Centro de Artesanato de Mauriti, implantado pela Secretaria de Ação Social. Ali estão produtos artesanais de diversos empreendedores locais, inclusive os do Gerar. São 37 artesãos representados, cadastrados na Central de Artesanato do Ceará (Cearte). Além deste espaço comercial, que tem o aspecto de uma casa regional em taipa, há um projeto de se cons trui r um galp ão onde o s empreendedores possam mostrar a ação de seu trabalho como uma curiosidade aos clientes.

Agregando valor em Altaneira Expectativa de bons negócios no município

Caririaçu ganha empreendedores Cursos de motivação e técnica fazem novos negócios aparecerem A coordenadora do projeto Gerar em Caririaçu, Catarina Borges Machado diz ser muito otimista. “Tivemos capacitações e bastante orientações. Acredito no projeto e vamos ver resultados”, afirma. Ela diz que os participantes foram despertados, pois no início estavam trabalhando com pessoas desestimuladas. Segundo ela, as palestras foram trazendo motivação e o grupo foi se animando, mas também se afunilando. “Só chega no final quem tem perseverança. Graças a Deus eles estão motivados agora”, diz ela. Exemplo de motivação são as 15 mulheres que formam a Associação das Artesãs de Caririaçu e fazem parte do Gerar. Elas estão juntas há seis anos e fazem trabalhos em trançado de palha de milho, ponto cruz e crochê. Segundo Maria Aparecida B. Silva e Cícera Silvaneide de Moraes, elas trabalham individualmente e se reúnem uma vez ao mês para decidir assuntos da associação, e fazerem exposições. “Nestas exposições é onde se obtém as melhores vendas”, dizem. O sapateiro José Raimundo de Oliveira é naturalmente um empreendedor Gerar. Em seu estabelecimento, ele é o estilista, modelista, cortador, solador, faz o acabamento e é o vendedor dos seus sapatos, cintos e bolsas. Faz tudo isso e ainda se aventura nos consertos de máquinas de costura,

Epitácio Mesquita Ayres Jr. designer e facilitador do Cearte

Em Altaneira, o Gerar vem desenvolvendo uma linha de ação no município, segundo o coordenador do projeto, Roberto de Almeida Lima, que agrega valor e fortalece as associações, desenvolvendo o social e gerando empreendimentos. “A gente pegou associações formadas e o projeto andando. A expectativa é grande. Está faltando uma boa base de trabalho, mas estamos articulando isso”, diz ele, lembrando que é preciso fortalecer e dar suporte aos empreendedores para que venham a se desenvolver. “Dentro destas linhas de ações, devem vir a desenvolver produtos, sua comercialização, para que as famílias venham a ter fonte de renda e melhorem sua qualidade de vida, havendo desenvolvimento local também”, diz Roberto.

Roberto de Almeida Lima

Nova Olinda investe no artesanato Capacitação garante negócios e cria empregos

José Raimundo de Oliveira, sapateiro

bicicletas e motocicletas. Ele conta que as capacitações do Gerar foram muito proveitosas. “Tento aplicar aqui o que aprendi

nos cursos. Tratar o cliente de maneira mais sutil, agradá-los, o que está dando certo porque eles voltam e trazem mais um cliente”.

Em Nova Olinda, é riquíssimo o potencial artesanal, segundo o coordenador do Gerar, João Miguel Sampaio. Além do artesanato, crochê e bijouterias, outras potencialidades são a apicultura com sua associação de mel, a produção de leite, abacaxi, mandioca e fabricação de farinha. João afirma que o Gerar fortalece o que já existe no município. “O projeto faz andar o empreendimento, o que é muito bom. Na questão do artesanato, por exemplo, oferece o treinamento e o acompanhamento para a produção e o investimento no produto e no mercado”, diz ele. João gostaria que o projeto tivesse um período maior de duração e diz que tudo que é novo para os seus empreendedores faz crescer e evoluir.

João Miguel Sampaio


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Gerar

Novas oportunidades geram negócios Barreira

A equipe municipal recebeu capacitação para desenvolvimento do Projeto Gerar III MDS e em breve estarão realizando as primeiras ações de palestras e seminários para as comunidades locais.

Catarina

Aula sobre cooperativismo em Salitre com o Superintendente do Sescoop-CE, José Aparecido dos Santos

Associativismo em Salitre mostra força Conscientização muda perspectivas e traz aproveitamento dos produtos locais

A conscientização que o projeto Gerar logrou junto aos empreendedores é comemorada pelo coordenador do projeto em Salitre, Antônio Sílvio Pinto Lima. Segundo ele, a mobilização do Gerar foi muito boa, até porque o município tem trabalhado muito na área associativista. “Temos 70 associações comunitárias, uma federação, um sindicado da agricultura familiar e a grande

dificuldade é ter acesso à conscie nti zaç ão” , exp lic a, com ple mentando que “o Gerar logrou isso”. Ele diz que pela conscientização con seg uir am mui tos emp ree ndimentos. Este projeto deveria se tornar uma política pública para convênios, porque tem os braços para chegar à população. Toda a articulação foi muito importante, junto à Conab,

Sescoop e bancos, para aproximálos, criando uma rede de conhecimento. “O programa Gerar deveria ter nova parceria com o governo porque apóia os vulneráveis no mun icí pio . Ele s for am vis tos , chegou neles, foram público-alvo”, avalia Pinto Lima. Salitre tem hoje sua casa do mel, administrada pela associação dos apicultores, mecanizada e com valor

agregado ao produto; a associação da s co st ur ei ra s ta mb ém es tá organizada em parceria com o Gerar e Singer, conseguindo a doação de sete máquinas de costura por meio do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT); e as cinco Casas de Farinha, em parceria com o Banco do Nordeste.

Araripe forma mão-de-obra

Massapê

No município de Massapê, o projeto atende aproximadamente 160 pessoas e dessas quase 50% são beneficiárias do Programa Bolsa Família. Os empreendimentos assessorados pelo projeto podem ser vistos na área de: artesanato, apicultura, agricultura, alimentação, granja, marcenaria, fábrica de beneficiamento de frutas, ente outros. Para o desenvolvimento dos empreendedores e se us negócios é necessário fazer com que o foco nos resultados traga melhoria para a qualidade de vida, renda e principalmente, desenvolvimento pessoal e humano. Deve-se dar destaque para a equipe municipal, a coordenadora Rosângela Ferreira da Cunha, a equipe formada por várias secretarias, que assumiram recentemente, demonstrando muito empenho e dedicação.

Mucambo

Projeto ensina a trabalhar com dinheiro e muda a vida no município

O prefeito de Araripe Francisco Humberto de Menezes Bezerra considera que o projeto Gerar criou muita expectativa no município. Segundo ele, há uma necessidade muito grande de capacitação de mãode-obra na cidade e que é prioritário este tipo de ação. O Gerar tem um acompanhamento diferenciado. Só temos a agradecer”, diz o prefeito. A pasteleira Márcia Paulino de Lima, 28, atualmente vende seus pastéis e outros salgados na feira e também na garagem de casa, à noite. “Meu sonho é lutar para ter um restaurante com lanchonete”, diz ela com espírito empreendedor. Participante do Gerar , ela faz planos concretos e sabe que a próxima aquisição será a máquina para fazer hambúrgueres. Nos finais de semana, Márcia amplia ainda mais a sua oferta cozinhando mucunzá e vatap á para vender no espaço organizado na sua garagem e na calçada. Ela diz ter aproveitado muito os cursos do projeto Gerar. “Aprendi

No município de Catarina o projeto assessora mais de 20 empreendimentos que vão desde artesanato, alimentação, agricultura, criação de ovinos, caprinos e suínos a piscicultura; onde os empreendedores participaram do Curso de Empreendedorismo e Gestão.

Divo Molinari, assessor de projetos, e Paulo Pereira, agente do Gerar em Potengí

No município de Mucambo os participantes podem exibir suas experiências na prática. Aproximadamente 348 pessoas são assistidas pelo projeto, desenvolvendo e aplicando seus conhecimentos em empreendimentos como: apicultura, artesanato, aproveitamento do caju, criação de galinha, tecelagem e produtos de higiene e beleza. Com o desenvolvimento autosustentável, podem perceber em suas vidas diárias o benefício que a geração do trabalho e renda pode trazer. Além da melhora em suas vidas, estendem essa prática à comunidade que pertencem.

Sucesso em Potengí Novas idéias estão surgindo

Costureiras mostram os produtos do seu aprendizado

muitas coisas, como trabalhar com o dinheiro, saber comprar mercadoria, saber quando estou ganhando, juntar para aumentar meu negócio. Foi ótimo, ensinou muito. Quem vive de negócio tem que aprender cada vez mais”, diz Márcia.

“O projeto Gerar tem credibilidade. Sempre aparece alguém da assessoria no município”, diz o agente do projeto em Potengí, Ceará, Paulo da Silva Pereira. “Diferente da maioria dos projetos que não dão em nada, o Gerar teve sucesso. No Nordeste sempre teve propostas, mas não realização. Paulo conta que há projetos bem encaminhados, como a previsão da construção de padarias, fábrica de bombons, ampliação do ateliê de costura, ampliação da apicultura e grupos de ferreiros. “Se tudo der certo, os projetos virão a mudar a realidade da cidade, abrindo muitos postos de trabalho e melhorando a vida de quem participa”, diz Pereira.

Em Arneiroz, apicultura dá resultado Participação da Gerar no município alavanca novos projetos

A Associação dos Apicultores do Município de Arneiroz (AAMA) surgiu em 2006. Segundo Fábio Teixeira de Araújo, seu presidente, desde o início, teve a necessidade de ser formalizada para facilitar tanto o trabalho quanto as negociações das vendas do mel e outros produtos. São 30 associados ativos, formando um grupo que facilita o revezamento do trabalho, consegue um volume de produ ção que alcan ça melho res preços e consegue descontos. O apicultor Francisco Pereira Lima, 57, tem cinco colméias, mas está com dinheiro em caixa para investir em outras. Fábio ressalta a importância da articulação entre Gerar e Conab, para que o projeto da AAMA fosse viabilizado e seu mel fosse utilizado na merenda escolar do município. “Foi importante a articulação. Se

eles não tivessem a informação, talvez a gente tivesse perdido a oportunidade”, diz a apicultora Zulmira Alves de Oliveira, 30. Um grupo de 20 mulheres participa da Associação Planarte, das Artesãs de Vila Planalto em Arneiroz, Ceará. As empreendedoras têm um ponto de venda próprio, além de participarem de feiras e eventos. Elas trabalham com as técnicas de renda de bilro, varanda de labirinto (a renda da rede), bordado em ponto estrela, pintura e ponto cruz. Na sede da Planarte elas se reúnem apenas para as vendas. O artesanato é feito em cada uma de suas casas. Segundo a presidente da Planarte Maria da Conceição de Castro Farias, a associação está sendo organizada há um ano, mas ainda não foi formalizada por falta de capital. “O giro do nosso capital é muito baixo”, diz ela.

Associação dos Apicultores do Município de Arneiroz AAMA


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No Ceará: Gerar chega a 20 cidades Empreendedor nato em Itatira Gerar contribui para transformar criatividade em negócio

O empreendedor Gerar Manoel Juracy Vieira, 55, de Itatira, Ceará, ag ra de ce to do s o s d ia s p el a variedade de seus dons. E não é para menos. Como não bastasse ser apicultor e escultor, ele encontra tempo para pôr em prática suas idéias e invenções. A mais famosa delas é o chamado “Boneco Jumento Apicultor”, em que ele criou uma vestimenta especial para o animal se proteger de picadas de abelha e poder auxiliar no carregamento de melgueiras. A criação ocorreu quando ele sentiu a dificuldade em carregar as caixas por caminhos superiores a 500m, com subidas e descidas. O Jumento ficou tão famoso que ele passou a confeccionar as réplicas em madeira, com as roupinhas brancas, iguais, para vender em feiras. Sobre os cursos do

Renda em Quiterianópolis Agricultura familiar dá lucro

Manoel Juracy Vieira, apicultor, escultor e inventor do jumento de pano

Gerar ele diz agradecer sempre. “Temos que aprender sempre”. Idealizador da fabriqueta de bolas, Manoel (Dedé) Pedro da Silva, 57, convidou um amigo para iniciar o empreendimento e hoje fazem parte

de um grupo de 17 pessoas, com apenas três mulheres. Ele conta que desmancharam uma bola e copiaram o molde. A produção hoje é toda manual e a expectativa do grupo é conseguir máquinas que facilitem o processo produtivo. Eles conseguem fazer dez bolas por mês, mas ainda têm dificuldade na comercialização. Um grupo de quatro mulheres, Paula Dias, 24, Maria do Carmo Dias, 45, sua mãe, e Edna Silva, 29, e Maria Silva, 52, sua mãe, une forças para produzir artesanato e vender seus produtos. Isso tem ajudado bastante a renda familiar há três anos. Elas fazem bordados em colchas de cama, conjuntos de geladeira, tapetes e redes. “Trabalhamos todo dia e as vendas são nas outras comunidades”, diz Paula.

Irauçuba: a maior rede do mundo

Associação une 200 cidadãos para distribuir renda

Maria de Fátima Bezerra, artesã e, acima, Vanderléia F. Farias

Portas abertas em Moraújo

Agamenon de Macedo, agente

O projeto Gerar está trazendo desenvolvimento para Quiterianópolis, nos aspectos econômico e social, gerando renda para a própria família, segundo o agente do projeto Agamenon de Macedo. A mudança tem acontecido nas famílias e iniciado um processo do empreendedorismo. Os empreendedores estão assimilando o projeto por meio das vendas nas feiras de agricultura familiar, de quatro em quatro meses, nas feiras locais aos domingos, e quando há eventos. Eles vendem artesanato, crochê, produtos de limpeza, doces caseiros, sachês de mel e outros produtos.

Produtoras de redes em Irauçuba expõem na Fest Rede

Os artesãos de Irauçuba produzem especialmente redes para se recostar e devido a isso foi criada a Fest Rede, que chegou a sua terceira edição neste ano. O visitante da exposição era logo recepcionado pela “maior rede do mundo, com seus mais de cinco metros de comp rime nto. Um dos grup os produtores presentes à feira era a Associação dos Artesãos Unidos de Irauçuba, que conta com 200 associados, dos quais 20 realmente atuantes. Mas suas associadas ficam felizes em dizer que têm um bom

ponto de vendas para o ano todo, não somente na feira. Elas expõem redes em diversas técnicas, além de bonecas e peças de enxoval, no Centro do Artesanato, na beira de estrada, onde tudo fica bastante à mostra de quem está circulando. Agora, depois de passar por feiras de artesanato em outras cidades, tiveram a idéia de reunir o trabalho à comida. A artesã Francisca Monte de Souza, 51, diz que as duas coisas devem estar juntas quando o cliente chega ao Centro de Artesanato, pois uma necessidade chama a outra.

Aprendizado comercial facilita venda do artesanato

A artesã Maria de Fátima F. Bezerra, 23, considera o projeto Gerar ótimo, por estar abrindo portas. “Antes eu não tinha um trabalho e tenho graças a ele. Fui ao curso e depois mostrei na feirinha o que eu fazia”, diz ela. Sua técnica de trabalho é o crochê com linha grossa e seu motivo de preferência são os animais. Ela tem revistas que as clientes vê em , de on de es co lh em os mode los. Segu ndo Mari a, tem vendido bem, mas falta o capital de giro para comprar a linha. Precisa

vender um produto para então comprar a matéria-prima da próxima peça. Vanderléia é outra empreendedora da Associação de Artesãos Nossa Senhora Aparecida. Ela usa palha de carnaúba para fazer cestas, fruteiras, frasqueiras, bolsas e bandejas. A artesã considera o projeto Gerar bom porque dá oportunidade de crescimento. “Os cursos incentivam muito a gente, mas eu queria saber como comercializar meu produto. O Gerar pode me ajudar arranjando parceiros”, diz.

Barroquinha: malha de algodão nas redes Parceria aproxima universidades dos empreendedores

Ela e a tia perceberam que as redes de nylon tinham algo de incômodo: os nós que deixavam marcas no corpo. Buscaram então uma matériaprima diferente que resolvesse o problema e fosse mais confortável. Nascia assim a rede de malha de algodão, feita com a “aurela” ou sobras do algodão na indústria. Maria Aldecélia Viana, 29, continuou aperfeiçoando a nova técnica nos últimos cinco anos. É a venda de redes multi-coloridas, tapetes e redes para bonecas que compõe a sua renda. Já é responsável por um grupo de seis revendedoras e pelo emprego de 12 artesãos. Aldecélia está ansiosa pelo plano de negócios que está sendo feito por uma universidade, em parceria com

Maria Aldecélia Viana, tecelã de redes em algodão. Na foto menor, a equipe da Gerar que atua no município

o Gerar, pois ela gostaria de construir um galpão ao lado de sua casa, onde faria o centro de produção. Ela também precisa de um computador para melhorar a comunicação com as revendedoras. “O Gerar é um programa que ajuda muitas famílias, orienta a como se planejar e encontrar matéria-prima mais barata”, diz ela.


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Gerar

Empreendimentos vitoriosos Disputa saudável em Graça Orientação e qualificação dadas pelo projeto promovem crescimento

Na sociedade da Padaria e Confeitaria Nova Aliança e Mercadinho São José, em Graça, José Furtado de Araújo (tio) entra com o capital e Cleciano Francisco de Araújo entra com o trabalho de padeiro. Há três anos, o negócio era apenas padaria, mas o tio decidiu ampliar com produtos de mercado para melhorar as vendas. Segundo Cleciano, as pessoas encontram tudo o que precisam no mesmo local. Sobre a Gerar, ele lembra que há cursos de aperfeiçoamento que melhoraram a qualidade dos pães e também a variedade dos produtos da padaria. “A gente aprendeu como lidar e balancear o custo com valor de venda, o atendimento ao cliente, sempre o melhor possível... o Gerar é um projeto que vem qualificar e orientar as pessoas a começarem um negócio próprio e até expandir”, diz Cleciano. Segundo ele, os conhecimentos

José Furtado de Araújo e Cleciano Francisco de Araújo, panificadores

adquiridos nos cursos sobre empreendedorismo do Gerar fizeram com que aprendessem técnicas para lidar

melhor com a concorrência. “A gente pesquisa os concorrentes para sempre ser o primeiro”.

Sede de saber em Ocara Motivação para o trabalho faz crescer os negócios no município

As costureiras não esmorecem por trabalhar com máquinas velhas, enferrujadas, que por vezes embolam os fios ou entortam a costura. Elas querem saber de aprender mais e se superar. São as 15 mulheres da Associação Comunitária das Costureiras de Sereno, no Ceará, que se organizam e se revezam com as máquinas que têm, esperando que as condições melhorem. Elas se conheceram em 2002, quando houve um curso de corte e costura e foram reunidas agora para o projeto Gerar. O que agrega este grupo é a amizade e a força de vontade delas. Também a motivação do projeto Gerar, segundo Jovânia de Almeida. Como são poucas as máquinas, o grupo se divide para trabalhar e quem tem sua própria máquina leva até a casa onde se encontram. Elas sonham em ter o galpão de trabalho ao lado desta casa, com máquinas no vas e serviço. Atualmente, estão recebendo tecidos cortados para treinarem o trabalho. “O projeto Gerar é a valorização da nossa comunidade. Esta é a

Lisa Naira de Souza, coordenadora da Gerar e Galvino Ferreira da Paz, esteticista e cabeleireiro. Melhorias evidentes no município

Futuro cer to em Granja Empreendimentos crescem com parcerias

importância maior. Também a venda para ajudar no orçamento da família. Moro aqui há 29 anos e nunca teve um trabalho para mulheres da comunidade. É uma motivação para jovens e um incentivo que se espelhem na gente”, diz a presidente da associação Kátia Maria Rodrigues Martins.

Mulheres da Associação Comunitária se unem para gerar renda

O esteticista e cabeleireiro Galvino Ferreira da Paz, 41, está esperando o momento certo para dar o pulo do gato. Atualmente seu salão está instalado na periferia de Granja, Ceará, o que acaba afastando a clientela para a qual está preparado. Ele quer transferir o ponto para o centro da cidade, onde poderia oferecer serviços de qualidade a uma clientela mais exigente. “Aqui a maioria das mulheres vem cortar a ponta dos cabelos e não faz um corte de cabelo”, diz ele. A mulher também aposta no negócio e trabalha com ele nas funções de manicure e pedicure. O salão Nova Imagem oferece ainda massagem, limpeza de pele e maquiagem. A fa mí li a d e E dm ar Alv es

Rodrigues, 39, trabalha unida no cultiv o do caju e também na produção da cajuína, uma bebida adocicada e cristalina da fruta. Além dos pais de Edmar, estão unidos oito irmãos e suas mulheres e maridos, na localidade de Sambaíba, em Granja, Ceará. Outros produtos provenientes do mesmo processo são a castanha de caju e a ração com os 90% do pedúnculo. A Dona Biló, matriarca, faz doces com parte da fruta e a família quer estudar maneiras de fazer produtos salgados, como o hambúrguer de caju. Na última safra, foram produzidos 3 mil litros de cajuína, entre outubro e novembro. Mas 50% desta produção é para subsistência da família.

Pernambuco

Riqueza natural é negócio em Pedra Matéria-prima do território é lapidada para gerar emprego e renda

Sem a existência de empresas que gerem emprego, o Programa Gerar veio concretizar o aumento de renda para as pessoas e a qualidade de vida em Pedra. A secretária de Ação Social do município, Dilberta Siqueira Japiassu, afirma que esta é a pri meira vez que o município recebe um incentivo como esse. O agente Jucelino Siqueira Pereira diz que o município é um dos grandes parceiros do projeto, onde foram identificados po- Antônio José Ferreira Farias Associação dos Fruticultores da tenciais, matérias-primas e emComunidade Lagoa do Meio. A forpreendedores. “Eles só não tinham ça do cooperativismo vai ajudar o apoio para começar. O Gerar veio grupo a comercializar as frutas típisuscitar o espírito empreendedor e cas da região e eliminar os atravessa acompanhar o processo. Não veio dores do negócio. Além de vender cadar o peixe, mas ensinar a pescar”, ju, siriguela, acerola e pinha, os coo define. perados observaram que poderiam Foi o que aconteceu com 12 pesso também contribuir para a diminuias que, juntas, fundaram a

ção do desperdício. “Começamos a reaproveitar as frutas para fazer doce, suco, polpa, enquanto que com a castanha a gente transformou em outro produto com venda certa”, comemora Cícera Leite de Melo, uma das líderes da associação. Outro empreendedor que está aproveitando as riquezas naturais de Pe dra é o artesão Antônio José Ferreira Farias, que dá forma a pedras como gis pita, mármore e calcário. Com os cursos de empreendedorismo, ele teve a idéia de melhorar as vendas, de participar de feiras e au mentar a divulgação. “Agora, dou um acabamento mais fino à pedra, aplico resina e aumentei a variedade de produtos, como animais, portacartão, porta-caneta e santos”, comemora.

Informação vale ouro em Saloá Um dos maiores benefícios do Programa Gerar para a população de Saloá tem sido despertar a potencialidade e alimentar o sonho de uma vida melhor a partir deles mesmos. Para a coordenadora do Gerar no mu nicípio, Sirley da Silva Cabral, a ca da encontro é uma nova experiência. “O Gerar não dá a receita pronta, mas incentiva cada um a correr atrás do seu sonho e idéias para seu empreendimento. Muitas pessoas estão tocando negócios e deixando de depender exclusivamente do apoio social do município ou do governo”, comemora. Com espírito empreendedor e cheia de projetos na cabeça, Nádia Maria Ferreira uniu o útil ao agradá vel. Trabalhando na produção de queijo com os irmãos, ela resolveu aproveitar a matéria-prima para

abrir a Pizzaria Rangley, iniciais dos irmãos Rafael, Nádia e Gleydson. A idéia deu tão certo que hoje ela vende pizzas com recheio de calabresa, queijo, frango, presunto, chocolate e Romeu e Julieta. Nádia conta que as informações do Programa Gerar ajudaram a família a melhorar os ingredientes, procurar os equipamentos e até formalizar a abertura da empresa. “É um projeto que funciona, que está me ajudando a ir atrás e me informando”, elogia. As orientações dos cursos de capacitação também ajudaram Jecizai Ferreira Leite, que tem uma sapataria há cinco anos. “Com a Gerar, a gente passou a saber administrar melhor, através dos cursos de Gestão Financeira, como aproveitar o produto, vender, saber separar o que é lucro e despesa”, conta ela.


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Pernambuco gera renda e emprego Pessoas que escondiam suas habilidades, por pura vergonha, passam a se expor com orgulho, tirando proveito econômico disso

Cícera Rosa da Conceição, fruticultora e madrinha da Pastoral da Criança em Pedra

Onde a Gerar atua

Pernambuco Angelim

Pedra Paranatama

Calçado

Calçado ganha com o Projeto Gerar Canhotinho Itaíba

Correntes

Iati

Brejão Saloá

Lagoa do Ouro

O Projeto Gerar III MDS no município de Calçado acompanha empreendimentos ligados a agricultura, caprinovinocultura, granja, piscicultura, alimentação, informática e confecções com mais de duzentos participantes, sendo 50% beneficiários do Programa Bolsa Família buscando o objetivo maior desse projeto que é a melhoria da qualidade de vida por meio da geração de renda e trabalho.

Apicultura gera lucros em Paranatama “Eu era um meleiro falsificado”, diz brincando o agricultor e hoje apicultor Erivaldo de Alcântara Araujo, 27 anos, de Paranatama. Ele se refere ao tempo em que sentia medo das abelhas, mas isso mudou radicalmente. “Me apaixonei por elas, também por gostar da natureza. Depois vi que respeitando os animais, a natureza retribui e se refaz”, diz. Hoje, além de professor e agricultor, ele trabalha com outras onze famílias no Grupo de Apicultura Santa Clara. Segundo ele, a produção de mel e própolis é em pequena escala, representando uma renda complementar.

“Mas a renda da apicultura poderia se tornar principal. Precisamos intensificar a produção, melhorar o pasto apícola e a florada, além de renovar o que extraímos”, explica Erivaldo. Os próximos passos do Grupo Santa Clara são a comercialização junto à Conab, quando tiverem produção suficiente. Além disso, sonham em montar uma Casa do Mel, o que ainda não foi possível devido à dificuldade de financiamento. “Nós que somos agricultores, não estamos preparados para um financiamento alto”, diz. Mas seguem se preparando para seus planos.

A vida muda em Angelim Agricultores criam negócios e montam loja em shopping center

Maria de Lourdes Missena da Costa, Buffet Missena

A vida de muita gente está mudando em Angelim. Com o incentivo de cursos de capacitação, treinamentos e orientações do Programa Gerar, nascem no município do agreste pernambucano muitos empreendedores, que até então dependiam única e ex clusivamente do programa Bolsa Família do governo federal. Quem garante isso é a coordenadora do Gerar, Ana Paula Santos, que acompanha o trabalho de empreendimentos envolvendo artesanato, agricultura, estética, entre outros. Ela conta que não só foi possível mudar a realidade, mas transformar socialmente a mentalidade da comunidade. É o caso da agricultora Maria Áu rea de Oliveira, que se dedica ao artesanato em casa nas horas vagas e que integra há três meses o Centro de Artes de Angelim. “Quando eu vendo, é renda que entra”, comemora. A agricultora está motivada a crescer e, para isso, preparou-se com cur sos de gestão para controle das des pesas, atendimento às pessoas, o que comprar e como gastar.

Apoio faz surgir empresários em Correntes Cursos do Projeto Gerar fazem nascer idéias que se transformam em realidade

Empreendedores que comercializam seus produtos no Centro de Artes de Angelim

“Eu aprendi mais sobre bordado, ponto cruz e crochê e foi muito importante”, garante. Outro artesão empolgado com as possibilidades é Marcos Galdino da Silva, que desde criança possui o talento da pintura. “O Programa Gerar apareceu na hora de mostrar a possi -

bilidade de entrar numa feira e nos espalhar. É uma força que nos ajuda”, aponta. A capacitação para o empreendimento foi um momento raro, no qual o artesão obteve a direção para se dedicar às peças artesanais do seu negó cio chamado LocoArtes.

Sabe quando se inicia uma faxina e não se sabe por onde começar? Essa é a sensação semelhante para quem tem uma idéia, um empreendimento na cabeça, mas não tem conhecimento para colocar em prática o so nho acalentado. A dona de casa Maria de Lourdes Missena da Costa é um desses exemplos. Ela tinha a intenção de abrir um negócio próprio para fornecer bolos, salgadinhos e doces para festas de aniversário. No entanto, não sabia por onde iniciar e foi aí que surgiu a ajuda incalculável do Programa Gerar. “Gostei do incentivo do Gerar. Eles ensinaram como trabalhar e espero

que me ajudem com o curso no que puderem oferecer”, assinala Maria de Lourdes, que está com planos de expandir e passar a organizar festas de confraternização. O coordenador do Gerar, André Neres de Lima, aponta que são mui tas as parcerias firmadas com instituições para financiar projetos promissores. “Tivemos a capacitação do Crediamigo e alguns optaram por emprestar recursos”, ressalta. Mesmo sem financiamento, os empreendedores estão com nova visão e motivados para aperfeiçoar conhecimentos e participar de feiras e expo sições.


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Cidades crescem com novos negócios Incentivo à vocação em Brejão Criando oportunidades, projeto no município contribui para desenvolvimento dos pequenos empreendedores

O Projeto Gerar vem conseguindo estimular com sucesso a vocação dos moradores de Brejão, que vão se lançando ao empreendedorismo com muito apoio técnico, visitas, cursos de capacitação e oficinas. Tudo para gerar emprego e renda na região. E tem dado certo. Além do artesanato, Pernambuco é um Estado que se destaca na criaçã o de ca pr in os e ov in os . Pensando nisso, o Projeto Gerar passou a incentivar em Brejão essa atividade econômica. O coordenador do Projeto Gerar em Brejão, Claudevan Oliveira Vanderlei , afirma que já nota o desenvolvimento social e econômico de Brejão. “Conseguimos inserir algumas famílias no mercado de tra-

balho, possibilitando geração de renda e emprego e uma qualidade de vida melhor, já que é este o objetivo do projeto: criar oportunidades para pequenos empreendedores junto com os parceiros”, comemora. Entre as parcerias locais firmadas, destacam-se o Instituto de Pesquisa Agropecuária (IPA), a Pastoral da Criança, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) , o Banco do Brasil e, principalmente, a Prefeitura Municipal de Brejão. “A parceria com a prefeitura do município, tendo como gestor o prefeito Joseraldo Rodrigues, está apoiando todas as ações realizadas pelo projeto e já estão dando resul tados”, ressalta.

Vanderli Oliveira da Rocha

Negócios na panificação

Agricultores do município fecham parceria e empreendem novas idéias No município de Iati, os empreendimentos incentivados pelo Projeto Gerar estão ganhando uma motivação a mais. De acordo com a secretária adjunta de Ação Social da cidade, Ana Maria Dias de Oliveira, os em preendedores contam com o apoio do Banco do Nordeste, que entra na empreitada com recursos financeiros. O Projeto Gerar, além de fomentar a vinda desses parceiros, também capacita as pessoas para empreender. “Conseguimos juntar muita gente e todo mundo está com muito interesse”, afirma Ana Maria. Essa opinião também é da agente Branca Cícero Manso, que nota a intenção de muita gente em abrir seu próprio negócio. “Vamos a lugares pequenos, de baixa renda, onde a maioria deles quer crescer, mas muitos não têm chance. Têm boas idéias, como confecção de lingerie, abrir panificadora, fabricar doces e queijos”, relata. O Projeto Gerar transformou a vida do agricultor César Pereira Costa, que há dois anos trocou o trabalho no campo para abrir uma panificadora. Ele se reconheceu um empresário nato e admite que gosta de vender. Além do pão, ele está recorrendo à in-

Brasileiros com criatividade em Canhotinho Artesanato melhora a vida de cidadãos no município

César Pereira Costa

ternet para buscar mais receitas e me lhorar os produtos. “Vendo 700 pães por dia e 150 pacotes de biscoito”, orgulha-se. Foi com o Projeto Gerar que César conseguiu lidar com o dinheiro, calcular os gastos e o lucro. “Quero aprender mais coisas e aumentar meu estabelecimento”, projeta. Já o agricultor Júlio Bezerra dos Santos optou por agregar valor no

campo. Plantando mandioca, milho, feijão e criando vacas, ele viu na fabricação de queijo de coalho uma oportunidade para ganhar mais. Agora, ele pensa em melhorar a produção, com a compra de prensa, tacho, freezers e equipamentos de inox para cuidar da segurança alimentar. “Vendo 400 quilos de queijo por se mana e quero passar para mil”, ga rante.

Negócio ecológico em Itaíba Diversificação e consciência leva grupo de cidadãos a produzir sacolas ecológicas A comunidade de Itaíba está se organizando para, com apoio do Projeto Gerar, colocar no mercado produtos ecológicos, úteis e sustentáveis. A secretária de Ação Social do município, Mônica Cristina Feitosa, atesta que o plano de ação do Projeto Gerar vai levar o grupo a não apenas comercializar bolsas retornáveis, mas também diversificar o número de produtos. “Sempre digo que temos que ser ousados. A idéia de que vai dar certo, sem medo de fazer, é muito bom”, assinala. O Projeto Gerar também está mudando a realidade da Associação das Mulheres Cidadãs da cidade de Negras, formada por 21 mulheres. A presidente do grupo, Maria Juliana Lemos, conta que todas elas querem crescer e, para isso, fizeram o curso de empreendedorismo. Juntas, as mulheres confeccionam peças de cama, mesa, banho, artesanato, crochê, pon-

Entre os projetos promissores de Brejão, destacam-se os empreendedores Vanderli Oliveira da Rocha, que está atuando na caprinovinocultura, e Josefa Maria Bezerra dos Santos, que abriu uma lanchonete, que vende cachorroquente e batata frita O coorde nador inform a que Vanderli está evoluindo na atividade com o apoio do Projeto Gerar, com aumento da produção de carneiro e melhores resultados. “Ele com pra e ven de carne iro e às vezes ab ate e ven de a carn e. Com o lucro, compra mais animais. Além d ele, t ambém trabalh a a e sposa Silvânia, que já tinha ex periência com a atividade ”, conclui ele.

José Carlos Ferreira, artesão

Sem dúvida alguma, o Brasil é um país feito por um povo muito criati vo, que usa seu poder transformador para inovar e, assim, aumentar sua renda. Como transformar idéias em negócios era um dos questionamentos da população de Canhotinho. No entanto, com a chegada do Projeto Gerar, as pessoas interessadas em crescer começaram a despontar e hoje provam que é preciso apenas um empur rão inicial. A coordenadora do Projeto Gerar no município, Marluce Rodrigues Bezerra, aponta que as pessoas sempre tiveram vontade de empreender, mas não tinham onde buscar apoio. Que o diga o artesão José Carlos da Silva Ferreira, que usou seu talento e

criatividade para pintar camisetas com desenhos atuais e que estão fazendo sucesso. “Eu estou apostando tudo no Gerar. É a única coisa que vi até agora que você tem um apoio e tem alguém que gosta de você”, afir mou. Por outro lado, José Geraldo Elias Braz aproveitou as lições do pai para explorar um negócio antigo na família: a castanha de caju. Ele conta que, desde menino, conheceu o processo de beneficiamento manual do produto e elogiou o Projeto Gerar pela oportunidade de empregos que está possibilitando com o projeto. “A gente quer crescer sempre para frente. Vamos conseguir isso com o Gerar. É a meta”, adianta.

Confecção e serigrafia em Lagoa do Ouro Sônia Darck e M. Juliana Ramos, Associação das Mulheres Cidadãs do distrito de Negras

to cruz, vagonite, biscuit, perfumaria e bonecas. Quem se motiva com tanta diversidade é o coordenador do Gerar no município, Jean Cezar Farias. Para ele, Itaíba é um celeiro de talentos, principalmente para resgate do que cada um sabe fazer com suas próprias mãos. “Aqui, os empreendedores são fortes, persistentes e não perderam a vi são e a esperança de crescer”, des creve.

Lagoa do Ouro de olho nas opor tunidades Organização e técnica deixam comunidade pronta para crescer

O município de Lagoa do Ouro, for mado em sua maioria por pessoas de pendentes dos recursos do Bolsa Família, está expandindo seus hori zontes. A afirmação é da secretária de Ação Socia l do munic ípio, Vanderléa Simão do Nascimento. Para ela, o Gerar fortaleceu Lagoa do Ouro como comunidade, onde desvendam as expectativas das pessoas, a demanda das comunidades e

depois são oferecidos cursos voltados ao interesse de todos. A coordenadora do Grupo Pastoral da Cr ia nç a, Jo se fa Vand er le i Silvério, transformou a realidade a seu redor. Ela está à frente de uma confecção de camisetas e, para ganhar dinheiro, sugeriu fazer uma produção em série. “Em eventos, vendemos as camisetas e queremos a capa citação para trabalhar com serigrafia

as estampas”, aponta. A autônoma Marluce de Lima acalenta o sonho de abrir um açougue e gerar um emprego. Para isso, ela já vem se preparando para conseguir servir o melhor produto para o cliente. “Nas terças, eu organizo e escolho as melhores partes que o freguês gos ta”, afirma. Além da carne vermelha, ela pretende trabalhar com porco, galinha, peixe e ovos em seu açougue.



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