revista Mundo Escola

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Ano 1 – nº 1 • abril 2009

EntrEvista Claudio Correia de Moura Castro fala sobre a educação brasileira

rubEm alvEs A delicadeza do tempo

vínculos dE confiança Professor, saiba como estabelecer uma relação saudável de respeito com seus alunos

alfabetização: lfabetização: muito além do método


0800 723 6868 • www.editorapositivo.com.br


Para o conhecimento, não há limites. Para o amor, não há fronteiras. E para quem faz do ensino um ato de amor, todo dia é dia de ampliar os limites do que a criança conhece. Se isso faz parte da sua vida, também faz parte da vida da Editora Positivo. O mesmo amor que você dedica ao ato de educar nós dedicamos ao trabalho de fazer os melhores livros didáticos.

Quem ama ensinar, ajuda a enxergar mais longe.

As coleções Hoje é Dia e Linhas & Entrelinhas são um exemplo. Criadas a partir da experiência em sala de aula, elas levam em conta a visão do professor e a capacidade do aluno para enxergar cada vez mais longe. Para saber mais sobre essa paixão que é o ensino, acesse www.euamoensinar.com.br.


editorial Caro leitor, A Editora Positivo tem a satisfação de apresentar à você sua nova publicação: mundo Escola, que traduz um universo chamado educação e todas as suas possibilidades. Esta publicação tem o foco voltado para a prática docente e às questões que permeiam o dia a dia dos professores, diretores e secretários de educação das comunidades escolares de todo o país. Nesta edição de lançamento, a matéria de capa da revista aborda um tema de fundamental importância: a alfabetização de nossas crianças e o que pais e professores podem fazer para colaborar neste processo. Nosso entrevistado de estreia é o professor e economista Claudio Correia de Moura e Castro, que faz uma análise crítica, sem meias palavras, sobre a educação brasileira. A revista traz, ainda, um raio-x da Prova Brasil e da Provinha Brasil e a opinião de educadores sobre essas avaliações. Temas como tecnologia, cultura, formação continuada de professores, comportamento e bem estar também estão em pauta. A cada edição da revista, você confere também os textos de nossos articulistas, na seção Com a Palavra. Para finalizar, quero dizer à você, leitor, que a revista mundo Escola tem muito a contribuir com os profissionais da educação que, assim como nós, também amam ensinar. Por isso, é de suma importância a sua participação. Entre em contato para esclarecer dúvidas, fazer críticas ou sugestões pelos e-mails: contato@mundoescola.com.br ou redacao@mundoescola.com.br

mundo Escola Ano 01, no 01, abril 2009 Conselho Editorial Emerson W. dos Santos, Fabrício Almada, Hélcio Simões e Marcio Santos Coordenação Editorial Naira Passoni Chefe de reportagem Melissa Castellano Reportagem Diocsianne Moura, Flora Guedes, Katia Michelle Pires, Melissa Castellano e Talita Vanso Colaborador Rubem Alves Fotos Camila Souza, João Bittar, Evandro Fiúza, Juliana Leitão, Júlio Cesar Paes, Liz Wood, Raquel Santana, Mila Maluhy, Raquel Santana, Regina Scomparim e Silvio Aurichio Ilustrações Bruno Algarve, Caco Neves, Garga e Leandro Lima Revisão José A. Sensi Projeto Gráfico Estúdio Sem Dublê Diagramação Estúdio Sem Dublê Tiragem 40 mil exemplares

Boa leitura.

Emerson Walter dos Santos

Diretor Geral da Editora Positivo

Editora Positivo fale conosco Rua Major Heitor Guimarães, 174 Curitiba (PR) (41) 3218-1000 / 3312-3500 contato@mundoescola.com.br redacao@mundoescola.com.br

Este impresso teve suas emissões neutralizadas pelo Programa Carbono Zero da Posigraf. A Posigraf monitora de acordo com as orientações do GHG Protocol e neutraliza as emissões de CO2 resultantes de seu processo produti vo, comprovando sua preocupação com o meio ambiente.

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índice

12 Alfabetização EsPECiAl

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claudio de moura castro

“Mais da metade dos alunos chega funcionalmente analfabeta à 4a série. O resto ou é detalhe ou é consequência desse fracasso inicial”.

na prática

Como criar vínculos de confiança sem incorrer na permissividade ou no autoritarismo.

atualidades

Entenda de que maneira as avaliações propostas pelo MEC podem ajudar a melhorar a educação em nosso país.

atitude

A ONG brasileira AlfaSol aposta na alfabetização e já ajudou mais de 5 milhões de alunos no país.

todo mês 4 10 20 24 26 32 34 37

Editorial Radar Professor Inesquecível Com a Palavra Espaço Cultural Fique de Olho Aperfeiçoamento Tecnologia

De que forma as avaliações propostas pelo MEC, como a Prova Brasil e a Provinha Brasil, contribuem para elevar o nível da educação brasileira? . abril 2009

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entrevista

As boas e as más notícias da educação brasileira

PoR KATiA MiCHELLE PiRES

Falar sobre a alfabetização no Brasil é quase sempre um assunto delicado. Primeiro porque os dados – por mais que apontem crescimento – nem sempre são promissores. No mais recente índice do Programa nas Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNDU), por exemplo, o Brasil atingiu a posição de número 70 num ranking de 179 nações. O que contribuiu para o país alcançar este índice foi o crescimento na taxa de alfabetização. De acordo com o programa da ONU, os números indicam que a taxa de alfabetização brasileira aumentou de 88,6% para 89,6% (10,4% de analfabetismo). Segundo o PNUD, a taxa bruta de matrícula, um indicador usado para monitorar o desempenho de um país em educação, não sofreu alteração no Brasil. O país aparece na 65ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) referente à educação. São boas e más notícias. Segundo dados divulgados pelo MEC, quase a totalidade das crianças em idade escolar encontram-se matriculadas em instituições de ensino públicas ou privadas. Dados do Censo Escolar de 2001 mostram que 55 milhões de matrículas foram feitas nas quase 218 mil escolas distribuídas em 5.560 municípios brasileiros. Atualmente, ainda segundo o MEC, são mais de

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57 milhões de alunos matriculados em todos os níveis de ensino. Os dados revelam apenas que os números de matrícula vêm crescendo, mas nem sempre proporcional ao nível de educação no país. O professor e economista Claudio de Moura Castro, um dos maiores especialistas em educação no Brasil, faz uma análise nem sempre otimista da educação brasileira. “Mais da metade dos alunos chega funcionalmente analfabeta à 4ª série. O resto ou é detalhe ou é consequência desse fracasso inicial”, revela. E quais são as perspectivas de melhora? Vale lembrar que, em setembro de 2000, foi assinada a Declaração do Milênio, aprovada pelas Nações Unidas. Em conjunto com outros 191 paísesmembros da ONU, o governo brasileiro assinou um pacto e estabeleceu um compromisso de atingir oito metas prioritárias para o milênio. Uma dessas metas fala sobre atingir o ensino básico universal para superar o analfabetismo. O compromisso desses países é atingir esses objetivos até o ano de 2015, por meio de ações concretas dos governos e da sociedade. Será possível? Em entrevista à Mundo Escola, Moura fala sobre essa possibilidade e faz um raio-X da educação brasileira. Acompanhe.


© Evandro Fiúza

Claudio M. Castro fala sobre os problemas da educação brasileira

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ME o que o senhor vê ao colocar uma lupa sobre a educação pública brasileira? Claudio Não é preciso lupa para ver a maior mazela do ensino brasileiro. Vemos a olho nu. É grande como um elefante a incapacidade do ensino fundamental para ensinar as habilidades básicas de leitura, escrita e uso de números. Mais da metade dos alunos chega funcionalmente analfabeta à 4a série. O resto ou é detalhe ou é consequência desse fracasso inicial. Vou mais longe, afirmando que a tal da “reforma universitária” terá que acontecer no primeiro ano primário. Se o ensino básico fizer o seu serviço direito, a reforma do ensino superior vira apenas um cisco a ser removido. No ensino fundamental, há consenso quanto

aos enganos e consertos necessários. Aliás, é muito parecido em todos os países. O problema é que não sabemos como implementar as mudanças necessárias. No médio, nem sequer sabemos aonde ir. Sabemos que nosso médio é congestionado, tentando fazer tudo e não conseguindo êxito em nada. Mas não há consenso ou clareza quanto às múltiplas alternativas de modelagem desse nível. Em suma, o fundamental é o gargalo inicial e mais crítico. O médio é uma fonte de perplexidades, pois não funciona e não sabemos o que fazer com ele.

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ClAuDIo Para entender as últimas décadas, é preciso não apenas entender as décadas que a precederam, mas os séculos pretéritos. Nosso maior problema educativo nem é o que fazemos errado e nem o que não estamos fazendo, mas o que deixamos de fazer por quatro séculos e meio. Não falemos daqueles países europeus que universalizaram a educação ainda no século 18. Basta lembrar que Uruguai e Argentina, nossos vizinhos, começaram seus programas de universalizar a escola em meados do século 19. O Brasil se atrasou um século, comparado com eles. Dito isso, a partir da metade do século 20 aceleramos o crescimento da matrícula. Tentamos recuperar o tempo perdido. Do ponto de vista do crescimento quantitativo, foi um extraordinário êxito. Praticamente alcançamos nossos vizinhos que começaram um século antes de nós. No curso do século 20, nenhum país teve o crescimento econômico do Brasil. Diante de tal pressão do setor produtivo, a educação foi empurrada para frente e até que não reagiu muito mal. Contudo, o sucesso foi na quantidade. A qualidade ficou para trás. Aqui entra uma questão de julgamento. Ficamos indignados pela estagnação da qualidade? Ou ficamos contentes com o fato de que, diante de um crescimento tão acelerado, conseguimos que se mantivesse praticamente estável a qualidade, desde os primeiros anos da década de 1990 (como nos mostra o SAEB – Sistema da Educação Básica)? Afinal, em muitos países, o crescimento acelerado veio acompanhado de quedas de qualidade.

ME os prognósticos são positivos? o que fazer para melhorar um país como o brasil ao olhar pelo prisma da educação? ClAuDIo Como todo setor em que a presença do Estado é muito pesada, a educação tem uma dimensão política forte. Dada a fragilidade atávica do nosso ensino, quem está no poder faz muita diferença. Tivemos

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"Nosso maior problema educativo nem é o que fazemos errado e nem o que não estamos fazendo, mas o que deixamos de fazer por quatro séculos e meio. " Claudio de Moura Castro

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um bom ministro por dois mandatos. Tivemos mais dois que se foram rapidamente, não deixando saudades. Temos agora outro que está indo bastante bem. Nos estados, há alguns governadores preocupados com educação. Por via de consequência, cercam-se de bons secretários. Minas, São Paulo, Rio Grande do Sul são bons exemplos. Curiosamente, Tocantins mostra resultados expressivos. Os velhos estados oligárquicos do Nordeste não saem do lugar. Já foram ultrapassados pelo CentroOeste, até pouco uma região inexplorada. De fato, seu desempenho está rapidamente se aproximando do Centro-Sul. Nos municípios, é uma no cravo e uma na ferradura. Alguns avançam céleres e já há até aqueles cuja avaliação (Prova Brasil) já atinge níveis europeus. Outros não saíram de uma letargia secular. Neles, o secretário de educação é fraco e a secretaria um instrumento de política partidária ou pessoal do prefeito. E há a situação penosa das grandes capitais, cujas escolas de periferia são praças de guerra. Mas ao frigir dos ovos, é a pressão da sociedade – e, em particular, dos pais – que vai fazer a diferença. Se os pais não se derem conta da ruindade da educação dos seus filhos, dificilmente vão criar um clima político que force os prefeitos e administradores a tomar as providências que são necessárias para melhorar as escolas. O problema é que os pais acham boa a educação dos seus filhos.

© Evandro Fiúza

ME É possível fazer um raio-X do processo educacional no brasil nas últimas décadas? aconteceu uma evolução? de que forma?


ME O senhor acredita que o resultado dessas avaliações pode ajudar a melhorar a educação brasileira? De que forma? ME Nos últimos anos, parece que finalmente a diferença entre alfabetização e letramento entrou em discussão, inclusive em níveis municipais e estaduais de ensino. Pode-se dizer que o Brasil é um país que prima por qual dessas definições? Claudio Há um processo normal e espontâneo de aprender a mecânica de passar de garranchos no papel para sons e de sons para garranchos. Se for feito corretamente, isso leva um ano em línguas fonéticas, como o português. As pesquisas sugerem que, nessa fase inicial, o melhor é concentrar os esforços em dominar essa mecânica. Feito isso, a leitura passa a ser uma ferramenta para a educação, nos muitos anos de escolaridade que se seguem. Como o aluno já sabe ler, o foco vai para o processo de entender. Para mim, é só isso. Cada coisa na sua hora.

ME Como o senhor analisa as avaliações feitas com os alunos pelo MEC? É possível ter um retrato da realidade por meio dessas avaliações? Claudio O Brasil pode ser Terceiro Mundo no seu perfil geral. Pode até ser Quarto Mundo em matéria de educação. Mas seu sistema de avaliação é de Primeiro Mundo. Desde a avaliação do ano inicial de alfabetização até a avaliação dos doutorados, nosso sistema é impecável, comparado com o resto do mundo e até com alguns países industrializados. Ou seja, medimos a nossa ruindade com muita precisão. Dito isso, os instrumentos de avaliação são construtos estatísticos que contêm aspectos pouco intuitivos. Ou seja, não adianta boa avaliação se ninguém entende e uns poucos se valem de interpretações ingênuas ou equivocadas para demonstrar suas teses falsas. Como já se disse, a estatística é a arte de mentir com números. Mas falta dizer que isso só é possível diante de quem não sabe estatística. Portanto, o que falta não são mais avaliações, mas um aprendizado coletivo de como interpretá-las.

Claudio Se alguma coisa vai mudar na educação brasileira, apostaria que será como resultado da Prova Brasil e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), as avaliações que mostram resultados por escola e por município. Visitei a pior escola da periferia mais pobre de Belo Horizonte. Perguntei à diretora qual era seu Ideb. Ela sabia. Perguntei qual era o anterior. Ela sabia. Perguntei por que havia caído. Ela sabia. Perguntei o que ia fazer diante dessa queda. Citou uma lista de providências – muito razoáveis – que estavam em curso para melhorar o desempenho da sua escola.

ME A Unesco estipulou prazo até 2015 para que os países em desenvolvimento atinjam os índices de educação dos países desenvolvidos. O senhor acredita que o Brasil vai conseguir atingir essa meta? Claudio Esses prazos da Unesco são puro oba-oba. Não têm e nunca tiveram nenhum valor e nenhum constrangimento legal. É mais para entusiasmar, para “ver se cola”. Não poderia ser diferente, pois como definir metas educativas para a República de Tonga e o Japão? Alguns países já ultrapassaram essas metas, há décadas. Para outros, são impossíveis. O Brasil tem tido um desempenho destacado nas últimas décadas e pode avançar bastante nos próximos anos. Não é impossível que chegue lá. Mas é bem difícil. Os números do passado não mostram um processo sistemático de melhoria na qualidade. Nosso brilho foi na quantidade. Não obstante, em 2015, muitos municípios deverão atingir tais níveis. Isso é o que dá para prever a partir da trajetória deles nos últimos anos. Certamente, não serão as capitais e nem os grotões, mas cidades médias com sistemas políticos maduros e processos de crescimento econômico saudáveis. E, obviamente, que levaram educação a sério. Aliás, basta isso.

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radar

A educação inclusiva avança no país. O último Censo Escolar aponta um crescimento nas matrículas de alunos com deficiência nas classes comuns do Ensino Regular. O índice passou de 46,8% , em 2007, para

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, em parceria com as secretarias municipais e estaduais de educação, vai iniciar uma pesquisa sobre a infraestrutura das escolas públicas brasileiras. Devem ser avaliados mobiliário, equipamentos, banheiros, refeitórios e demais instalações. A coleta das informações será feita diretamente nas escolas e depois reunidas em um banco de dados que deve traçar um mapa das reais condições das escolas e permitirá a criação de politicas públicas e melhorará a gestão escolar.

54% no ano passado.

14 anos de ensino

obrigatório

Acordo ortográfico

O Ministério da Educação quer ensino obrigatório de 14 anos. O ministro da Educação, Fernando Haddad, encaminhou ao Palácio do Planalto uma proposta de mudança no tempo mínimo de ensino obrigatório, dos atuais 9 anos para 14. De acordo com o documento, as crianças devem ser matriculadas na escola aos 4 anos de idade e permanecer até os 17. Esse período inclui a Educação infantil (4 e 5 anos), Ensino Fundamental (6 a 14) e Ensino Médio (15 a 17). Atualmente, a obrigatoriedade envolve apenas a Educação infantil e o Ensino Fundamental.

Ainda em dúvidas quanto às mudanças da ortografia? O Museu da Língua Portuguesa disponibiliza as novas normas ortográficas previstas no Acordo Ortográfico, que entraram em vigor em janeiro deste ano. Vale lembrar que a implantação será gradual: as novas normas chegarão aos livros escolares em 2010 e serão obrigatórias a partir de 2012. Atualizese: www.museulinguaportuguesa.org.br (na seção Ortografia).

Jornadas E congrEssos Informações: www.futuroeventos.com.br

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Abril Congresso sobre dificuldades da aprendizagem e do ensino Data: 30/04 a 02/05 Cidade: João Pessoa (PB)

©

MAio Congresso sobre dificuldades da aprendizagem e do ensino Data: 14 a 16 Cidade: Teresina (PI)

Congresso sobre formação de professores Data: 21 a 23 Cidade: São Luís (MA)

Congresso sobre dificuldades da aprendizagem e do ensino Data: 28 a 30 Cidade: Brasília (DF)

© João Bittar

infraestrutura

Inclusão


www.aureliopositivo.com.br - 0800 723 6868

RIO. Á N O I C I D DE O M I N Ô N I ÉS JÁ COM A

NOVA OR TOGRAFIA .

COMPRE O SEU.


Š Fotomontagem de Garga sobre foto de Liz Wood

capa

Para

gostAr

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de

ler

NĂŁo basta alfabetizar, ĂŠ preciso ensinar aos alunos a compreenderem o processo de escrita e de leitura presentes na sociedade. E para ensinar esse processo, escola e famĂ­lia devem trabalhar em conjunto

por katia michelle pires

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da sala de aula. “É importante saber que toda criança aprende, mas não em qualquer situação. E como a criança está entrando na escola mais cedo, a aprendizagem da leitura e da escrita deverá comtemplar também aspectos lúdicos”, salienta. Maria Otília reforça que existe uma propensão a confundir o primeiro ano, série em que atualmente as crianças ingressam na educação fundamental, quando completam seis anos durante o ano, com a antiga primeira série, quando a criança completaria sete anos no decorrer do ano. Para ela, essa diferença de idade é fundamental no processo de alfabetização e deve ser levada em consideração na hora de ensinar os conteúdos. “De qualquer forma a ampliação do ensino fundamental só trará ganhos para as crianças e para a educação”, diz. Na opinião de Carlos Alberto Faraco, professor aposentado de língua portuguesa da Universidade Federal do Paraná, ex-reitor da instituição e autor do livro “Escrita e Alfabetização” (Ed. Contexto)

© Fotomontagem de Garga sobre foto de Liz Wood

A ampliação do Ensino Fundamental para nove anos vem causando um impacto no processo de alfabetização das crianças e pedindo uma análise mais profunda desse importante passo na educação básica. Se por um lado os alunos saem ganhando pela oportunidade de entrar em contato com os meios que levam à alfabetização mais cedo, por outro é mais do que urgente que os professores se adaptem a métodos capazes de aproximar a criança do universo da leitura e escrita mais naturalmente. “A principal dificuldade é lidar com a criança real, que é diferente da que os professores idealizaram. Hoje as crianças têm muito mais estímulos e é preciso compreender esse novo momento”, analisa a historiadora e psicopedagoga Maria Otilia Wandresen. Para ela, é preciso que os professores do Ensino Fundamental compreendam, cada vez mais, o desenvolvimento humano e o que cada criança é capaz de fazer de acordo com o meio em que vive e com suas interferências. Uma compreensão que pode otimizar o processo de alfabetização dentro

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tem acontecido um fenômeno perigoso no Brasil. “Temos observado que o aluno avança na escolaridade sem ter se alfabetizado”, analisa. Ele explica que esse “fenômeno” está relacionado com a experiência prévia da língua escrita a que o aluno é submetido. “É pior nas famílias carentes porque os pais não tiveram acesso à leitura, mas acontece também nas famílias que tem mais oportunidade, mas cujos pais não são leitores”, explica. A relação do processo de alfabetização da criança com a família não pode ser considerada um fator isolado. Para Faraco, a família, sem dúvida, favorece o processo de compreensão da linguagem. Uma situação que vai acontecer mais tarde na escola, mas que é importante que seja trabalhado naturalmente desde cedo, no ambiente familiar. “Já na escola, acho que os professores se concentram muito em métodos e menos no processo social do letramento. A pedagogia da escola pública está defasada porque não considera que o processo de alfabetização envolve tudo, incluindo o meio social e não apenas um método específico”, conclui. Para a diretora do departamento de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba, Nara Salamunes, a escola tem como papel básico formar um leitor, mas ela também não descarta a importância da família nesse processo. “Ensinar a ler é também ensinar a mergulhar nas práticas sociais onde a leitura acontece”, salienta. Ela defende que esse processo acontece desde muito cedo, quando a criança entende que as letras formam um conjunto de convenções, que informam coisas e que dependem de regras (na nossa cultura, da esquerda para direita, por exemplo). Identificadas essas habilidades na criança, que devem acontecer da forma mais natural possível, o aluno está pronto para participar do processo de leitura. “É importante compreender que a informação não está presente apenas nos livros didáticos, mas sim nas dinâmicas sociais”, diz. Para ela, quando mais cedo a criança aprender a ler as convenções sociais e criar um hábito de leitura, mais cedo ela estará apta a ser alfabetizada. “E a leitura nos faz desenvolver a capacidade de pensamento. É claro que não devemos acelerar o processo de alfabetização, mas sim incentivar a criança a vivenciar esse processo da forma natural e de acordo com a realidade dela”. Um estímulo que deve ser uma ação conjunta entre escola e família. É só começar.

Estímulo para leitura deve começar cedo Não existe idade certa para começar a gostar de ler. O estímulo, aliás, pode acontecer desde a mais tenra idade. A escritora e diretora do departamento de Tecnologia e Difusão Educacional da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba, Maria Marilda Confortin Guiraud, aconselha que já sejam dados livros de material maleável, como tecido e borracha, desde cedo para as crianças. ''O importante é proporcionar o contato das crianças com os livros e mostrar que ler é um prazer, não uma obrigação'', salienta a educadora que realiza um trabalho de formação de agentes estimuladores da leitura dentro das escolas públicas. Sejam eles professores ou bibliotecários. ''O importante é que o adulto também goste de ler, para despertar esse prazer na criança'', reforça. Ela dá algumas dicas de como o prazer pela leitura pode ser despertado dentro da sala de aula: • Mesmo que a criança ainda não saiba ler,

ofereça livros para ela. Livros de materiais resistentes são ótimos para bebês manusearem. • Conte histórias para as crianças, desperte

atenção pelo tema e depois mostre o livro. Faça a relação entre a história oral e a escrita. • Use livros de histórias para complementar

o conteúdo trabalhado. A literatura sempre pode ser usada como recurso pedagógico. • Não importa a faixa-etária. Deixe que a

criança escolha o livro de acordo com a sua maturidade. • Desperte a autoestima das crianças

emprestando livros para ela. Incentive a criança a contar a história para família e mostre o quanto é importante cuidar da obra para que outras pessoas possam lê-la. • Leitura não é castigo. Realize atividades

em que os livros sejam complemento da atividade e transporte a criança para um mundo lúdico.

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na prática

© Ilustração: Caco Neves

A engenhosa vínculos de

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arte de criar confiança Desenvolver vínculos de confiança é um trabalho que requer constante aperfeiçoamento do ofício de educar na escola por melissa castellano

“Confiança: segurança íntima de credenciamento. Crédito, fé.” A definição é clara e a sua existência entre professores e alunos, imperativa. Afinal, não há relação que se sustente ou aprendizado efetivo que se desenvolva sem a sua presença. O encontro entre professor e aluno depende da qualidade da relação. É um encontro focado no ensino e na aprendizagem e, como toda relação, tem dois polos e depende de ambos. No entanto, cabe ao professor, como mediador dessa relação, a responsabilidade última pela qualidade das aprendizagens e, por conseguinte, pela busca de vínculos com seus alunos. Desenvolver vínculos de confiança em sala de aula – nessa configuração de mundo em que é necessário confrontar novas e diferentes orientações a todo instante – é um trabalho que requer constante aperfeiçoamento do ofício de educar na escola. “Atualmente, o aluno chega à escola com informações, conhecimentos e orientações das mais variadas fontes: família, escola, televisão, internet, igreja, círculos de amizades, entre outros. Quando o professor entra em sala de aula omitindo ou negando essa realidade e suas consequências no comportamento do aluno, ele está de olhos fechados para este novo sujeito histórico. Sem valorização, sem identificação e sem diálogo não há possibilidades de construir vínculos de confiança”, alerta Maria Beatriz Sandoval, pedagoga, mestre em educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e assessora pedagógica da Editora Positivo. Para ganhar a confiança dos alunos, destaca Maria Beatriz, é fundamental também que o professor domine os conteúdos da sua área de atuação. Mas

isso apenas não basta, é necessário ainda que esse profissional desenvolva novas formas de mediar a aprendizagem do aluno, como as abordagens metodológicas interativas que possibilitam ao aluno a construção de sentidos desses conteúdos. “Para que os temas de estudos façam sentido para o aluno, precisam estar articulados aos seus interesses e vivências. Essa relação gera entendimento entre ambos; portanto, também possibilita a criação de vínculos de confiança”, explica.

Diferentes tipos de vínculos O professor mediador, aberto ao diálogo e preparado para argumentar com o aluno crítico, inquiridor e reivindicador, dificilmente incorre na permissividade. Ele reconhece e valoriza os saberes dos seus alunos, mas não abdica de sua responsabilidade e autoridade como profissional da área. “O professor, além do intelectual, é o profissional da relação, sabe escutar e está pronto para ser surpreendido pelo que o aluno diz”, salienta Maria Beatriz, reforçando que vínculos de confiança são construídos quando o aluno percebe e acredita que os educadores da sua escola estão explicitamente envolvidos e comprometidos com a sua formação.

Como reconstruir a autoridade sem autoritarismo? A escola e sua equipe docente podem adotar medidas democráticas na construção de regras e tomada de decisões, tais como: a instituição de conselho de classe participativo, conselhos de sala, conselhos escolares, grêmios e associações. Em sala de aula, os professores negociadores e com vasto repertório metodológico são os que obtêm maior sucesso na disciplina de seus alunos.

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atualidades

Separando

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) norteia diversas políticas educacionais ao identificar partes mais frágeis e fortes do sistema PoR FLORA GUEDES

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Para a secretária da Educação Basica, Maria Pilar Lacerda, o Ideb ajuda a planejar melhor a educação.

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O Ministério da Educação (MEC) já começou o trabalho para corrigir as distorções entre série e idade de alunos que frequentam a rede de ensino público de 1,8 mil municípios brasileiros. Cerca de 110 mil crianças estão nessa situação e estudam em séries iniciais do ensino fundamental que não correspondem às suas idades. O programa de correção de fluxo escolar custará ao governo federal R$ 200 milhões, que serão investidos até 2010. Esses municípios foram selecionados porque apresentaram as menores notas do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), calculado com base na taxa de rendimento escolar e nas médias de desempenho do Sistema de Avaliação da Educação Básica e da Prova Brasil. “O Ideb ajuda a planejar melhor a educação, a conhecer a realidade da rede e a direcionar o foco nas partes mais frágeis do sistema educacional. Vamos trabalhar jun-

to com o gestor do município para tentar entender o que aconteceu com essas escolas”, explica a secretária da Educação Básica do MEC, Maria Pilar Lacerda. Em 2007, foram avaliadas mais de 200 mil escolas particulares e públicas na Prova Brasil, um dos indicadores do Ideb. “Também queremos conhecer as escolas mais fortes e com pouca reprovação”, contrapõe a secretária, explicando que não há uma lógica no contexto das escolas com baixo ou alto Ideb. “Sabe-se que os municípios prioritários para investimento de recursos encontram-se no Norte e Nordeste. No entanto, há escolas, como a Casa Meio Norte, no Piauí, que apresentou bons índices, enquanto algumas escolas na periferia do Rio de Janeiro tiveram baixo Ideb”, compara ela. Por ser aplicado a cada dois anos, o Ideb incentiva as escolas e as redes municipais de ensino a se esfor esforçarem a cumprirem metas de desempenho bianuais. De 2005 para 2007, a média nacional do Ideb subiu de 3,8 (nos primeiros anos do ensino fundamental) para 4,2. Se continuar nesse ritmo, o MEC calcula que o país alcançará média superior a 6,0 daqui a 13 anos, pontuação compatível com países desenvolvidos. “Essa é a estratégia do Brasil para conquistar uma educação democrática. Qualidade no ensino para poucos não é fazer política educacional”, afirma Maria Pilar, informando que o PDE (Plano de Desenvolvimento da Escola) orienta cada estabele-


o o joio do trigo (1) Ilustração: Bruno Algarve, (2) Foto: Julio Cesar Paes

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cimento de ensino com desempenho baixo no Ideb a fazer sua avaliação e diagnóstico para identificar o que precisa melhorar no seu plano de ação – que pode ser financiado pelo MEC. Segundo o Ministério, serão repassados diretamente para mais de 27 mil escolas cerca de R$ 503 milhões, só neste ano, ficando a critério de cada rede decidir onde e como deve aplicar os recursos. Uma boa colaboração do Ideb foi estimular a participação dos 5.663 municípios no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE): tem 100% de adesão e o comprometimento das cidades em buscar as 28 diretrizes da LDB, que estabelecem como foco a alfabetização até no máximo 8 anos. Ainda com base na análise dos indicadores do Ideb, o MEC deu apoio técnico e financeiro aos municípios com índices insuficientes de qualidade de ensino para que fizessem a adesão ao programa Compromisso Todos pela Educação e participassem da elaboração do Plano de Ações Articuladas (PAR). “Precisamos construir escolas infantis, temos uma demanda reprimida porque só atendemos 17% das crianças de zero a três anos. Temos que chegar a 50%, isso significa criar 1 milhão de novas vagas o mais rápido possível. Cerca de 40 milhões de adultos não completaram a 4ª série e 10 milhões de adultos são analfabetos. Essa é uma dívida de um país que nunca priorizou a educação”, observa a secretária.

Realidade

“O Ideb é um avanço. Ele é capaz de identificar quais escolas, apesar do contexto social e das adversidades, conseguiram nota acima do esperado porque desenvolvem práticas pedagógicas que realmente fazem a diferença. Os alunos aprenderam apesar das dificuldades”, aponta a professora Rose Neubauer, ex-secretária de Educação do Estado de São Paulo e presidente-diretora da ONG Instituto de Protagonismo Jovem e Educação. Fatores socioeconômicos têm peso significativo no rendimento escolar. A criança que não recebe estímulos em casa, como a presença de livros, ou mesmo pais com escolaridade baixa, sofre interferência no aprendizado. “E o índice composto reflete os ganhos reais com base nas condições em que o aluno se encontra. O Ideb nos orienta a investir mais em infraestrutura, capacitação, aulas de reforço e recuperação nas escolas

de comunidades mais pobre. O Brasil está preocupado em considerar indicadores que mostram as diferenças da população e que não refletem apenas as habilidades dos alunos, mas também o trabalho que cada escola desempenha. O Brasil amadureceu, criou indicadores preocupados com o reflexo das escolas e não somente em notas. Lógico que o trabalho não pode parar por aí, precisa ainda ser mais complexo e profundo”, avalia a professora.

Entenda o Ideb O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é calculado com base em dois componentes: a taxa de rendimento escolar (aprovação), medida pelo Censo Escolar, e as médias de desempenho nos exames padronizados aplicados pelo Inep (Sistema de Avaliação da Educação Básica e Prova Brasil).

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atualidades

ico

uesa

Guia Ortográfico

acordo

da Língua Portuguesa orientações sobre o novo acordo

1ª Edição Revista e Atualizada

Guia ortográfico da língua portuguesa

Saiba mais sobre as orientações do novo acordo PoR DiOCSiANNE MOURA

Para colaborar com a familiarização do leitor com as novas regras do Acordo Ortográfico, a Editora Positivo criou o Guia Ortográfico da língua portuguesa, com orientações sobre o novo acordo. De maneira simples e prática, ele explica passo a passo o uso do hífen, a mudança na acentuação, o uso do trema e as alterações de grafia. O Guia possui 32 páginas e foi elaborado com base no texto oficial do Acordo Ortográfico e respeitando o consenso de estudiosos brasileiros e portugueses. Vale lembrar que a implantação será gradual: as novas normas chegarão aos livros escolares em 2010 e serão obrigatórias a partir de 1º de janeiro de 2013. Para permitir que o leitor tenha mais contato com as novas regras, a revista Mundo Escola traz algumas palavras com a grafia antes e depois do acordo, disponível também no endereço: www.editora positivo.com.br (na seção Acordo Ortográfico). Aproveite as dicas!

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trEma

• Dê adeus a esse sinal gráfico. Ele só vai existir em nomes próprios estrangeiros ou nas palavras derivadas deles. Ex.: pinguim; linguiça; mülleriano, de Müller.

acEntuação

• Alguns acentos desapareceram, exceto o acento grave, da crase (na fusão de preposição com artigo). As mudanças principais ocorreram nas palavras com a penúltima sílaba pronunciada mais forte, as paroxítonas. Ex.: ideia, heroico, Coreia. • Alguns hiatos (duas vogais juntas, pronunciadas uma de cada vez) perderam o acento. Ex.: feiura, Guaiba, Sauipe. • “oo” e “ee”, que antes apareciam acentuados em alguns substantivos e formas verbais, agora não têm mais acento circunflexo. Ex.: voo, abençoo, leem, veem.

hífEns

• Algumas palavras compostas perderam hífen; outras ganharam. Utilizar sempre nas palavras compostas quando o prefixo termina com uma vogal e o elemento seguinte começa com a mesma letra. Ex.: anti-inflamatorio, tele-educação, microônibus. • Não utilizar nas palavras compostas quando o prefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa com uma vogal diferente. Ex.: antiaéreo, infraestrutura, autoajuda. • Não utilizar nas palavras cuja noção de composição se perdeu. Ex.: mandachuva, paraquedas, paraquedista, paraquedismo. • Não utilizar nos conjuntos de palavras que formam uma nova palavra com um novo significado e função gramatical (locuções). Ex.: dona de casa, pé de moleque, quadro de giz.

!

o hífen foi mantido em sete locuções:

mais-que-perfeito, pé-de-meia, cor-de-rosa, água-de-colônia, deusdará, queima-roupa, arco-da-velha, além das palavras das espécies botânicas e zoológicas: ervilha-de-cheiro, andorinha-do-mar.


0,5% é o q Floresta ue resta da c Seria um om Araucária. ó número s timo e fosse imposto.

Most r resp e que s onsa ua e Seja b m um A ilidade presa t ssoc e Com iado ambient m a al. Corp empr penas u orat e ivo e po sa ajud ma doaç da S ã de g a o PVS. a p o o se anha p r r e a s n l E o o “Asso r o dir ervar a o, sua e v Impo alor ai ciado C ito de naturez o usar sto a n rpor d a A na d ture e Renda pode se ativo”. r za a . grad Partic deduzi www. do d ece i spvs o a pr pe. .org 41 3 efer ênci .br/ 339a. doa 463

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coes /


opinião

terceirização

da função de pais:

uma realidade pós-moderna? É possível terceirizar relacionamentos ? PoR LUCiNEyDE AMARAL PiCELLi

Em tempos de globalização, de pós modernização, deparamos com a seguinte questão: será que o modelo das relações econômicas, no tocante à terceirização, está sendo implantado nas relações familiares? Observa-se que a terceirização dos serviços tem sido uma opção das empresas, nas sociedades adiantadas, nesses últimos dez anos, que significa qualidade e agilidade na entrega das encomendas. O ato de terceirizar está definido como o de atribuir/transferir a terceiros as funções que não damos conta, por diversos motivos. A partir desta definição, a pergunta que fica é: será que é possível terceirizar a função de pais? A história da humanidade aponta que isto não é inédito quando relata os cuidados dos escravos com as crianças, filhos dos senhores, as damas de companhia de príncipes/princesas e a existência das babás. Como foco de reflexão, pergunta-se: é possível terceirizar afeto? A função nutriz? É possível terceirizar amor? Como terceirizar aquele contato caloroso que a história, contada aos pés da cama, proporciona a pais e filhos momentos antes do sono? Um

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contato que une olho no olho, revela verdades, desvenda os mundos de cada um. Uma presença necessária da comunicação, considerada por vários autores como facilitadora da saúde emocional dos membros da família. Podem ser terceirizados os jogos e brincadeiras tão importantes e pouco existentes nas famílias atuais? Pode-se perceber que algumas famílias substituíram estes momentos, de fortalecimento dos vínculos, pela programação abusiva da televisão (4 a 300 canais) ou horas intermináveis no computador (relacionando-se virtualmente com outras pessoas). É possível terceirizar o ato de ler e escrever? Referimo-nos aqui ao ato de ler o mundo, aprendendo valores morais, éticos e ao ato de escrever a própria história à mão, compartilhada com aqueles que aprendemos a confiar, na primeira célula da sociedade, a família. Como terceirizar as primeiras aprendizagens? O prazer de grandes descobertas a dois, a três, a quatro? Falamos de aprendizagem através de modelos. Acreditamos que os pais devem ser modelos de comportamento ético, de solidariedade e de sensibilidade.

Como terceirizar colo de pai e mãe? Colo? Aquele carinho tão necessário para derrubar a insegurança e a angústia do crescimento. Que enxuga as lágrimas da perda, para dizer “estou ao seu lado”. É possível terceirizar o afago, a afeição física considerada fundamental para o crescimento emocional saudável? E a massagem terapêutica, o toque curativo, o beijo no “dodói”? Nossa razão, consciência e inteligência estão sendo usadas em nosso favor ou para beneficiar aqueles que vivem próximos a nós, nossos familiares? Soluções? Não as temos. Sugestões? Nenhuma. Cada ser humano ao dar a origem a outro ser humano traz consigo o milagre da vida e as receitas estão na soma da intuição, observação e reparação, além da aprendizagem instantânea que são provocadas pelas experiências. Os pais da realidade pósmoderna sabem quais são suas funções? De que formas podem fazer a diferença na vida dos rebentos, não perdendo de vista a magnitude da missão que lhes foi concedida: re-criar a vida! É, é impossível terceirizar relacionamentos!

Lucineyde Picelli

é coordenadora pedagógica regional


professor inesquecível

Ensinando a Para o ator Luis Melo, um professor deve sentir, acima de tudo, prazer em ensinar PoR KATiA MiCHELLE PiRES

além de atuar em peças importantes do cenário teatral de Curitiba. Em meados da década de 1970, Melo fez o caminho quase inevitável para quem queria uma carreira na área naquele tempo: foi para São Paulo. Entre 1975 e 1985 tornou-se o primeiro ator do consagrado grupo Macunaíma, dirigido pelo "mestre" Antunes Filho. No momento, o ator está com um projeto inusitado. Ele comprou um terreno em São Luís do Purunã, a 50 km de Curitiba, e está construindo lá um complexo que vai ter capacidade para ensaios e apresentações de várias áreas artísticas. A meta é mais do que ter um espaço para apresentar os próprios espetáculos ou de grupos amigos: é envolver a comunidade da região nos projetos e também transformar o local num espaço de estudo. Tanto que o espaço vai ter também uma biblioteca, não apenas com livros de teatro, "mas de todas as

artes". A ideia é começar ali os ensaios para o seu próximo espetáculo, que será dirigido por Marcio Abreu, da Companhia Brasileira de Teatro. A montagem terá como tema a obra de Guimarães Rosa e está, provisoriamente, sendo chamada de “Orientações”. Neste primeiro semestre, Melo está envolvido tanto no projeto dos barracões como no da peça, antes que volte à rotina de gravações da Rede Globo."Tem uma minissérie da Maria Adelaide (Amaral), e provavelmente estarei no elenco", adianta. O ator já participou de dezenas de novelas, como “Cara e Coroa”, “O Amor Está no Ar”, “Pecado Capital” e “A Padroeira”. Atuou em minisséries como “Hilda Furacão” e “Auto da Compadecida”. No cinema brilhou em filmes como “Terra Estrangeira”. Agora se prepara para brilhar também como estrela-guia para novos atores e artistas em seu novo espaço. "Quero que seja, acima de tudo, um lugar em que as pessoas se sintam bem".

© Silvio Auríchio

Um professor inesquecível vai além daquele que leciona a disciplina com que o aluno mais se identifica. Um professor que não se esquece é aquele que te "joga pra frente" e ensina o caminho das descobertas, independente da matéria que está ensinando. A opinião é do ator Luis Melo. Conhecido nacionalmente pelos papéis marcantes na sua carreira no teatro e na televisão, Melo passou a infância e a adolescência em Curitiba. Na capital paranaense estudou sempre em escolas públicas. Sente saudade do tempo em que as escolas estaduais e municipais tinham qualidade e um processo fundamental na educação das crianças e adolescentes. Na década de 1960, Melo estudou em escolas ícones do Paraná, como o Grupo Escolar Tiradentes e o Colégio Estadual do Paraná. Foi no primeiro que conheceu a professora isis, uma senhora cujo sobrenome ele perdeu na memória. "Mas nunca me esquecerei da atenção e da alegria com que ela lecionava", conta o ator. Ele revela que a personalidade da professora que dava aula de português no Grupo Tiradentes o influenciou tanto que até a letra dele ficou parecida com a dela. "Hoje só escrevo em letra de forma porque minha letra cursiva ficou muito feminina", brinca. Melo ainda cursaria Edificações, na Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná, antes de decidir-se integralmente pelo teatro. Foi quando passou a estudar no Curso Permanente da Fundação Teatro Guaíra. Apaixonado pelas Artes Cênicas, ele começou a dar aulas de teatro na cidade,

viver

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com a palavra

O tempo da PoR RUBEM ALVES

“Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu...” diz o texto sagrado “O amor também tem os seus tempos e ele muda como mudam as estações.” Nos países frios, a primavera é o tempo da pressa. Os bulbos que por meses haviam hibernado sob o gelo, repentinamente despertam do seu sono, rompem da noite para o dia a camada de neve que os cobria e exibem sem o menor pudor os seus órgãos sexuais coloridos e perfumados, suas flores... “Que lindas...”, dizemos. Ignoramos que aquela é uma beleza apressada. A primavera é curta. Outro inverno virá. É preciso espalhar o sêmen com urgência para garantir a continuidade da vida. Por isso, se exibem assim em sua nudez colorida e perfumada, para atrair os parceiros do amor. Se as plantas pensassem, elas teriam os mesmos pensamentos que têm os jovens quando neles desperta o sexo no seu furor para realizar-se. É só isso que importa: o coito. Passado o êxtase, vai-se o interesse, fuma-se um cigarro, vira-se para o outro lado... Tomas, o amante de “A insustentável leveza do ser”, nunca permitia que uma mulher dormisse

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na sua cama. Ele se livrava delas depois de realizado o ato. É um sexo potente e feio. O verão é o tempo quando a fúria reprodutiva se esgotou. Tempo maduro, tempo do trabalho, dos filhos, das rotinas domésticas. Os mesmos olhos que se excitavam ao contemplar o corpo nu da mulher amada já não se excitam. Já não sorriem e nem têm palavras poéticas a dizer sobre ele. Há uma rotina sexual a ser cumprida. Vai-se o encantamento, os olhos e as mãos se cansam da mesmice, e começam a procurar outros corpos e vem a saudade da juventude que já passou. Cumprido o ato, vem o silêncio. O outono é a estação de uma nova descoberta. Não há urgência. Nenhuma obrigação. A natureza está tranquila. Na adolescência, qualquer mulher servia, porque o sexo era comandado pelas pressões vulcânicas dos hormônios e pelos genitais. Agora o que excita é o rosto da pessoa amada. O sexo deixa de ser movido pela bioquímica que circula no sangue e passa a ser movido pela beleza. O amor se torna uma experiência estética. E o que os amantes outonais mais desejam não são os fogos


(1)

(1) Ilustração: Leandro Lima. (2) Foto: Raquel Santana

delicadeza de artifício do orgasmo, mas aquela voz que diz: “Como é bom que você existe...”. O outono é o tempo da tranqüilidade. É bom estar juntos de mãos dadas sem fazer nada. É bom acariciar o cabelo da amada... Essa é a grande queixa das mulheres: que para os homens a intimidade é sempre preparatória de uma transa. Talvez porque se sintam obrigados a provar que ainda são homens. O que as mulheres desejam não é prazer: é felicidade. O outono é o tempo do amor feliz. O Chico escreveu sobre esse tempo e lhe deu o nome de “tempo da delicadeza”. “Preciso não dormir até se consumar o tempo da gente...”. Sim, preciso não dormir, é preciso não morrer, porque há muito amor ainda não realizado. Vem-lhe então a memória do amor que, por descuido, não se realizou, e vai em busca da sua recuperação: “Pretendo descobrir no último momento um tempo que refez o que desfez...”. Esse verso me comove de maneira especial. Pensando no meu desajeito, na minha desatenção, vou me lembrando das coisas que derrubei, das palavras que não ouvi, das flores que pisei. E dá uma

vontade de fazer o tempo voltar pra poder “refazer o que foi desfeito, pra recolher todo sentimento e colocá-lo no corpo outra vez...”. Aí ele vai mansamente dizendo as palavras que a amor deve saber dizer, palavras que só existem no “tempo da delicadeza”. “Prometo te querer até o amor cair doente, doente...” Por isso, por causa desse tempo misterioso, é preciso amar cuidadosamente com o olhar, com os ouvidos, com a mão que tateia para não ferir... enquanto há tempo. *** lembrei-me do amor de Fiorentino Ariza por Fermina Dazza, de “o amor nos tempos do cólera”. tiveram de esperar 51 anos e passaram o resto de suas vidas navegando no rio da delicadeza.

Rubem Alves é professor e educador. (2)

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espaço cultural PoR DiOCSiANNE MOURA

Apesar de ser uma obra de literatura infantil (indicada para leitores a partir de 8 anos), a obra “Vovô é um cometa” consegue prender a atenção de outras faixas etárias, incluindo adultos nostálgicos. Uma identificação imediata acontece, pois a narrativa histórica traz à tona o tempo e a memória, uma combinação que rende muitas lembranças. A identificação do leitor com a narrativa é inevitável, pois irá se deparar com umas situações típicas da infância, como a contação de histórias, quando os avós, pais ou tios proporcionavam experiências fantásticas, transmitindo conhecimento, valores e ajudando na formação intelectual das crianças.

cometa A obra tem como fio condutor a relação de afeto e carinho entre o trisavô Américo, de 102 anos, e sua trineta Laura, uma garota que está cursando o quarto ano e adora jogar futebol. Na escola, ela fica sabendo da existência do cometa Halley. Para sua surpresa, o trisavô diz que se lembra da penúltima passagem do cometa, em 1910, quando ele era um garotinho de apenas cinco anos. Então, a menina toma conhecimento de diversos aspectos históricos do mundo e de São Paulo do início do século 20, além de ser informada do alvoroço que a aproximação do cometa causou na ocasião, pois muitas pessoas achavam que o mundo iria se acabar. A história da obra reflete um pouco da própria vida do autor Ricardo Filho. Ao descrever seu currículo, Ricardo, bisneto do escritor Graciliano Ramos, relata seu eterno gosto pela leitura e pela escrita e, claro, sua paixão pelas histórias que ouvia de seu bisavô na infância. “Meu bisavô, um velhinho muito parecido com o vovô Américo da Lalu, enchia minha imaginação com as mais variadas aventuras. Mais tarde, minha avó, filha dele, continuou essa tradição. Ela me punha no colo e desfilava príncipes e princesas, monstros, piratas, ilhas e mares distantes, todo tipo de fantasia”, conta. Ele ainda acrescenta que talvez não fosse capaz de contar histórias sem ter ouvido tantas. “É através dos livros e da leitura que o escritor se faz. E já que o tema 'futebol' está presente no livro, e a noção de que aprimorar a técnica é necessidade básica, eu poderia concluir dizendo que ler é o treino ideal para quem quer escrever.” A obra “Vovô é um cometa” integra a “Coleção TempoRei”, do Projeto Zepelim, da Editora Positivo. Esta coleção abrange narrativas históricas que retratam outras épocas e acontecimentos marcantes da humanidade e despertam o interesse e a consciência crítica dos leitores. É uma oportunidade para motivar os alunos para se aventurar no mundo dos livros.

FiChA A téCniCA AuToR Ricardo Filho IluSTRADoR Ângelo Abu FoRMATo 18 x 26 cm NúMERo DE Pá P GINAS 40 ColEção Tempo-Rei ISBN 978-85-7472-854-4 INDICAção A partir de 8 anos

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infância

© Fotos: Divulgação

As diferenças entre meninos e meninas do Sul do Brasil e as crianças do Nordeste são analisadas em “A Invenção da Infância”.

Refletir o que significa ser uma criança no mundo contemporâneo é a intenção do documentário “A invenção da infância”, produzido em 2000 e dirigido pela jornalista Liliane Sulzbach. Traduzido na frase “ser criança não significa ter infância”, o média-metragem parte da premissa de que não está permitida a cada criança apreciar igualmente a infância. E, de maneira extraordinária, comprova isso aos telespectadores, apresentando uma comparação da infância de meninos e meninas do Sul do Brasil e crianças do Nordeste. “A invenção da infância” começa mostrando como surgiu o conceito de infância, que desde os séculos 16 e 17 é vista como “inocente”, em consequência da propagação de ideias humanistas. Em seguida, explora rapidamente o interior da Região Nordeste do Brasil, onde é possível encontrar algumas crianças trabalhando em plantações de cana-de-açúcar e pedreiras, ganhando centavos que vão ajudar no complemento da renda familiar – o que não mudou muito desde a produção do documentário há nove anos. Em paralelo, é mostrada a vida das crianças em áreas urbanas afluentes, onde a infância é marcada por rotinas que causam esgotamento e excessos de responsabilidade, comparando-se à competitiva vida dos adultos. Além de propor uma reflexão sobre a infância, o documentário vai além e faz uma abordagem subliminar de assuntos relevantes que vão desde a importância do planejamento familiar, mortalidade infantil, trabalho infantil, tão comum na grande maioria das cidades brasileiras, até a perda da infância, de diversas formas. E, faz isso de uma maneira ex-

em

xEquE traordinária – inclusive com trechos animados que agradam pela simplicidade –, pois consegue estabelecer o distanciamento necessário para que a conclusão fique com o público, não sendo enunciada explicitamente no filme.Educadores interessados em trabalhar o documentário em sala de aula podem fazer o download gratuito do material e ainda ter acesso a pareceres pedagógicos, disponíveis no site www.portacurtas.com.br, patrocinado pela Petrobras, por meio da Lei de incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura. Uma das sugestões de aplicabilidade sugeridas no portal é a utilização do média-metragem com alunos do Ensino Médio, dentro da disciplina de história, no Ensino Superior e também em cursos de formação de educadores.

FiChA A téCniCA GêNERo Documentário P íS Brasil PA DIREToR Liliane Sulzbach ANo 2000 DuRAção 26 min

A redação indica E-book

“memórias Póstumas de brás cuba” AuToR Machado de Assis DoWNloAD GRATuITo www.virtualbooks.com.br/v2/ebooks/ pdf/00154.pdf “E dizendo isto, travou-lhe dos pulsos e arrastou-a para fora; depois entrou e fechou-se. A Sandice ainda gemeu algumas súplicas, grunhiu algumas zangas; mas desenganou-se depressa, deitou a língua de fora, em ar de surriada, e foi andando...”.

Áudio-livro

“Perdas e ganhos” AuToR Lya Luft DoWNloAD www.plugme.com.br PREço R$ 19,90 Neste livro, a romancista e articulista da revista “Veja”, Lya Luft, compartilha suas inquietações e discute temas presentes em todas as fases da vida e os possíveis rumos que podemos dar a ela.

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atitude

Regina Siqueira: "Todos os programas estão estruturados de forma a respeitar a cultura e diversidade local"

A ONG Alfasol alfabetizou mais de 5 milhões de alunos em 12 anos de existência

Educação e

dignidade ONG brasileira trabalha na redução do índice de analfabetismo no país e exterior. Em 12 anos de existência, mais de 5 milhões de alunos já foram atendidos PoR TALiTA VANSO

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Promover o primeiro acesso de jovens e adultos ao mundo do letramento. Essa é a missão da Alfabetização Solidária (AlfaSol), organização da sociedade civil sem fins lucrativos e de utilidade pública, criada em 1996 pela antropóloga Ruth Cardoso, falecida no ano passado. Com um modelo simples de alfabetização inicial, inovador e de baixo custo, baseado no sistema de parcerias com os diversos setores da sociedade, a organização trabalha pela redução dos altos índices de analfabetismo no país (10,4 %, segundo a Onu) e em regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e pelo fortalecimento da oferta pública de educação de jovens e adultos (EJA) no Brasil. “A Alfabetização Solidária desenvolve programas alinhados com sua missão institucional por meio da formatação de rede de parcerias com clara definição de corresponsabilidades, envolvendo: secretarias de educação, instituições de ensino superior, empresas e instituições governamentais, além de pessoas físicas. Todos os programas estão estruturados para respeitar a cultura e a diversidade local, o sistema de acompanhamento, o monitoramento e a avaliação, além de buscar a sustentabilidade local das ações, gerando


O objetivo primeiro da Alfasol é promover a alfabetização de jovens e adultos

impactos representativos na política de EJA”, explica a superintendente executiva da organização, Regina Célia Esteves de Siqueira. Apenas em 2008, a AlfaSol contou com a parceria de 150 empresas e instituições governamentais e 76 instituições de ensino superior. A atuação da AlfaSol é reconhecida pelo IBGE, que creditou a ela grande responsabilidade pela diminuição em 32,2% na taxa de analfabetismo no país na última década. Além da trajetória no Brasil, o modelo de alfabetização já cruzou as fronteiras. Em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), órgão do Ministério das Relações Exteriores, a AlfaSol passou, a partir de 2000, a desenvolver parcerias de cooperação técnica com países de língua portuguesa e espanhola. O reconhecimento do trabalho da AlfaSol e diversos prêmios fazem parte da história da organização, com destaque para o Prêmio Rei Sejong, mais importante prêmio internacional de alfabetização da Unesco, concedido em 2007. Mas, são os vários testemunhos de cidadãos brasileiros que mal sabiam escrever seus nomes que levam a AlfaSol a comemorar os impactos positivos de seu trabalho na evolução das comunidades atendidas e no crescimento do nível escolar de seus ex-alunos.

Fotos: Camila Souza e Regina Scomparim

histórias dE vida “A AlfaSol foi a luz em minha vida”. O depoimento é do autônomo Reginaldo Ribeiro Mota, 61 anos, nascido no sul da Bahia, mas que desde os dois anos de idade vive em Riachão do Dantas (SE), uma cidade de 22 mil habitantes, localizada a 100 quilômetros de Aracaju. Na juventude, Reginaldo aprendeu a desenhar o nome para exercer a cidadania e votar. O tempo passou, mas a vontade de aprender a ler e escrever, não. Aos 58 anos, o ex-artesão começou a participar da Alfabetização Solidária. Ao mesmo tempo, surgiu também a vontade de trabalhar pelo próximo. Ex-alcodista, Reginaldo criou a As-

ProgrAMAs MultidiMEnsionAis A AlfaSol também se preocupa em fomentar a oferta de vagas e fortalecer a política pública de EJA por meio dos programas: • Fortalecendo a EJA – capacitação de professores; • Programa de Complementação Nutricional (alimentação complementar à dieta dos alunos); • Projeto VER (triagem e consulta oftalmológica); • Programa de Complementação Nutricional (alimentação complementar à dieta dos alunos); • Atenção à Diversidade (desenvolvimento de projetos especiais para comunidades com necessidades específicas e/ou características culturais diferenciadas); • Cooperação internacional (apoio e cooperação técnica em projetos de alfabetização ou complementares em outros países de língua portuguesa); • Centro de Referência em Educação de Jovens e Adultos (fórum para troca e repasse de informações, estudos, pesquisas e dados para professores, pesquisadores e interessados em EJA).

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A AlfaSol atua nos municípios brasileiros com os maiores índices de analfabetismo e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos.

Em 2003, a AlfaSol foi apontada como uma das dez mais bem-sucedidas experiências de alfabetização existentes em todo o mundo pela Unesco

Por meio da AlfaSol, Sebastião de Freitas aprendeu as primeiras letras e já sonha com a faculdade

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conhEça os númEros da alfasol 5,4 milhões de alunos atendidos no programa de alfabetização

249 mil alfabetizadores capacitados 600 professores de Educação de Jovens e Adultos A AlfaSol mantém parceria com 150 instituições públicas e privadas e 76 instituições de Ensino Superior

2.116 municípios brasileiros já foram atendidos pela AlfaSol

camPanha adotE um aluno Você também pode fazer sua parte adotando um aluno, ao custo de R$ 21,00 mensais, pelo período de oito meses. Cada contribuição garantirá o acesso de um jovem ou adulto, acima de 15 anos e morador de grandes centros urbanos, ao universo do letramento. Mais informações: acesse o site

www.alfasol.org.br ou ligue 0800 727 1721.

Fotos: Camila Souza e Regina Scomparim

sociação Sistema de Combate ao Alcoolismo, entidade que atende atualmente 18 pessoas. O voluntariado também envolve assistência social com arrecadação de cestas básicas, passeios, torneios de futebol. Além disso, a associação irá ganhar sede nova em maio e se transformará em Centro de Recuperação de Alcoólatras. “Não soltava a caneta para nada. A vontade era muito grande em aprender e continuo aprendendo”, comemora o sergipano de coração, que viu sua vida mudar e agora também pôde proporcionar grandes transformações na pequena Riachão das Dantas. Pai de três filhos, Reginaldo se considera uma criança. “Sou muito otimista com o futuro. Planos? Tenho muitos: continuar meu trabalho na Associação, aprender sempre mais, e fazer bem ao próximo”, revela. Foi a AlfaSol que também provocou a grande mudança na vida do pernambucano Sebastião Freitas de Lima. Nascido em Bom Conselho, em uma grande família, com 14 irmãos, Sebastião não pôde continuar os estudos porque precisava ajudar o pai a cultivar a lavoura de banana, café e batata-doce na pequena propriedade da família. Mas tudo começou a mudar em 2000. “Por meio da AlfaSol, as luzes se acenderam”, afirma o ex-agricultor que, após concluir o curso de alfabetização, deixou Pernambuco e mudou-se para São Paulo. Foram anos difíceis. Enquanto trabalhava como servente de limpeza em um banco durante o dia, à noite continuava seus estudos. Em 2005, Sebastião concluiu o ensino médio. Mas, ele não parou por aí. Já estudou informática, participou de cursos de porteiro e piscineiro, e atualmente aprende mecânica de motos. Perseverante, Sebastião conseguiu um emprego melhor e hoje trabalha na área de eventos no Serasa. “Antes de conhecer a AlfaSol não tinha interesse pela escola. Trabalhava na roça, e se não fosse a organização, acho que estava lá até hoje”. O próximo passo? Cursar administração de empresas.


As melhores crônicas de Rubem Alves reunidas em edições especiais.

O Professor Samuel Lago, mais uma vez, surpreende os admiradores de Rubem Alves, resgatando crônicas escritas durante 20 anos de dedicação do escritor a jornais e revistas.

Obras que não podem faltar na sua estante! Nas livrarias e no site www.nossacultura.com.br Editora Nossa Cultura. Literatura, reflexão e entretenimento a qualquer hora.

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© Foto: Shutterstock

fique de olho

De

olho na

postura

Atenção a pequenos detalhes pode evitar dores e doenças crônicas

A menina está na postura errada. As costas estão curvadas e o livro está a mais de 30 cm de distância dos olhos.

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Sempre que estiver em pé mantenha a coluna reta e distribua o peso de forma equilibrada entre as duas pernas.

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Nunca dobre a coluna para frente, sentado ou de pé. Esse ato aumenta a pressão sobre os discos

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Quando levantar algum objeto mais pesado, como livros ou cadernos, mantenha-os sempre próximos ao corpo.

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Quando pegar ou guardar objetos em lugares altos, suba num banco. Não eleve os braços acima da cabeça nem fique na ponta dos pés.

© Ilustração: Garga

CuidE + dE voCê


Os vícios de postura são grandes vilões quando o assunto são os problemas de coluna. A dor está diretamente relacionada a erros crônicos cometidos ao sentar, levantar, realizar trabalhos por longos períodos, além de carregar sacolas, bolsas e outras atividades rotineiras. Além dos problemas de coluna, a má postura prejudica a respiração, a fala, o andar e até o humor das pessoas. Assim como outras categorias de profissionais, os professores também incorrem em alguns vícios posturais e não observam cuidados que podem evitar complicações no futuro. É muito comum professores reclamarem de dores nos ombros. São as síndromes de impacto no ombro, também conhecidas como bursite e tendinite. “isso acontece porque muitos professores, aos escreverem no quadro-negro, o fazem com o braço estendido. O ideal é que ele escreva com o braço quase na frente do rosto”, ensina Vivian Domit Tasiualin, fisioterapeuta e mestre em tecnologia e saúde. Para aliviar o sobrepeso na coluna, Vivian indica evitar transferir o peso do corpo de uma perna para a outra. “isso favorece algum desvio de coluna já existente. O ideal é distribuir o peso de forma equivalente entre as duas pernas”, orienta. Outra dica é, se possível, sentar por alguns períodos durante a aula. Se a sala de aula possui um tablado, o professor pode apoiar ali as pernas de forma alternada, como se fosse um banquinho. O alongamento entre as atividades é muito importante, pois relaxa a musculatura e favorece a circulação. Esses alongamentos podem, inclusive, ser feitos no começo ou no final das aulas. Vivian sugere que os professores pratiquem atividades físicas com frequência. “A atividade física regular é a única forma de dar suporte ao corpo para ele desenvolver as atividades requeridas no dia a dia”, reflete.

alunos Quem também sofre com os problemas decorrentes da má postura na escola são os alunos. Segundo estudos do professor doutor Antônio Renato Pereira Moro, do departamento de Educação Física da

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Ao se abaixar, flexione as pernas e mantenha a coluna reta. Ao levantar, são as pernas que fazem o trabalho, não as suas costas.

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Quanto estiver sentado, não esqueça: apoie sempre os pés no chão. Coluna e braços também devem estar

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), poucas pessoas têm conhecimento de que a postura sentada causa maior carga à coluna vertebral do que em relação à posição em pé – decorrente de vícios posturais e também do mobiliário errado. Os alunos devem sentar apoiando os dois pés no chão, as costas no encosto da cadeira e manter sempre o antebraço apoiado no tampo da carteira. Mochilas muito pesadas também contribuem para deformidades posturais. Segundo especialistas, elas não devem exceder mais do que 10% do peso do estudante. Ou seja, uma criança que pesa 50 kg não deveria carregar uma mochila com mais de 5 kg. Caso contrário, para se manter equilibrada, a criança projeta o corpo para a frente, forçando a região entre os ombros e a base do pescoço e, com o tempo, surge o chamado dorso curvo. As dicas a seguir buscam uma orientação preventiva. Caso você já apresente dores, procure um especialista. Ele fará uma avaliação e saberá indicar o tratamen tratamento mais adequado.

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Não escreva no quadro-negro com o braço estendido.

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A cada hora trabalhada, espreguice o corpo, levante-se ou faça movimentos diferentes dos de costume.

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aperfeiçoamento

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É aprendendo que se ensina

Professor que estuda motiva seus alunos. É capaz de implementar mudanças no seu meio, autoavaliar de forma crítica e reflexiva o seu trabalho e acompanhar o ritmo acelerado dos estudantes

A formação continuada dos professores ao lado de um projeto político-pedagógico sólido e de uma direção forte são os caminhos para melhorar a educação brasileira. Para Dinéia Hypolitto, mestre em educação pelo programa de pós-graduação em educação e currículo da PUC-SP, o profissional consciente sabe que sua formação não termina na universidade. “Esta lhe aponta caminhos, fornece conceitos e ideias, a matéria-prima de sua especialidade. O resto é por sua conta. Muitos professores, mesmo tendo sido assíduos, estudiosos e brilhantes, tiveram de aprender na prática, estu-

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dando, pesquisando, observando, errando muitas vezes, até chegarem ao profissional competente que são hoje”, afirma. Afinal, um professor que estuda motiva seus alunos. É capaz de implementar mudanças no seu meio, autoavaliar de forma crítica e reflexiva o seu trabalho e acompanhar o ritmo acelerado dos estudantes. “A formação continuada deveria ser um processo que não poderia ter um fim, pois ser professor é assumir um compromisso com o conhecimento e a cultura elaborada, e isso implica renová-la e renovar-se por meio dos diálogos com

(1) Ilustração: Caco Neves. (2) Foto: arquivo pessoal

PoR FLORA GUEDES


os textos, as pesquisas e com as novas gerações”, defende. Ideia reforçada por Paulo Freire, que afirmava que: “ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática”.

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"A formação continuada é um processo que não pode ter fim". Dinéia Hypolitto

tEmPo E rEcursos De fato, o professor precisa ter muita força de vontade para não desistir da formação continuada. A falta de tempo para participar dos programas de formação continuada, dupla jornada de trabalho, ofertas de cursos que não partem da realidade de necessidade do professor, a falta de recursos financeiros para o investimento em cursos ou na compra de livros são algumas das dificuldades elencadas por Dinéia Hypolitto, também especialista em avaliação pela Universidade de Brasília (UnB) e em didática do ensino superior pela Universidade São Judas Tadeu, onde atua na formação de professores e como coordenadora pedagógica. Segundo ela, ainda há o problema das políticas públicas serem descontínuas em relação à formação continuada, principalmente, na mudança de governos, o que contribui para o fracasso desses programas. “Os professores devem administrar a sua própria formação contínua, estudando, participando das manifestações e reflexões pedagógicas, trabalhar em equipe e trocar experiências para diferenciar o seu ensino, usar o trabalho coletivo dentro da escola e em serviço ao lado de seus pares, para melhorar a sua formação e o desempenho de seus alunos”, orienta.

autoavaliação A especialista pontua que o professor só se torna capaz de implementar mudanças no cotidiano escolar, a partir de uma reflexão sobre si mesmo e suas ações. “A avaliação da prática leva-o a descobrir falhas e possibilidades de melhoria, pois quem não reflete sobre o que faz acomoda-se, repete erros e não se mostra profissional. O professor em formação permanente está sempre a repensar o currículo, a metodologia e os objetivos. Autoavalia-se de forma crítica e reflexiva. Ouve os seus alunos, deixa que eles expressem o que sentem, pensam, querem, e isso auxilia o professor a reorientar a sua ação pedagógica”, orienta Hypolitto. “Quando a reflexão permear a prática docente e de vida, a formação continuada será exigência

“sine qua non” para que o homem se mantenha vivo, energizado, atuante no seu espaço histórico, crescendo no saber e na responsabilidade. A formação continuada não se apresenta por si só como a solução para os problemas de qualidade no ensino, mas abre perspectivas de construir ações coletivas, na busca da qualificação do trabalho docente”, acrescenta ela, dizendo que a escola que possui professores em constante formação continuada tem resultados satisfatórios.

como fazEr Primeiramente, a professora Dinéia Hipolytto orienta que os professores se informem sobre o que fazem os colegas e iniciem a formação contínua no espaço escolar. O trabalho no horário coletivo desenvolvido pelo coordenador pedagógico, toda semana, apresenta resultados mais efetivos, porque promove intercâmbio de experiências e a possibilidade de tematizar a prática. “É o momento para refletir sobre o dia a dia dentro da sala de aula. Esse horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) é para melhorar a formação continuada, fazer as leituras indicadas pela coordenadora pedagógica e estudar os conteúdos específicos para o ano que leciona”, detalha. Segundo a especialista, o HTPC é o espaço mais rico para o aprimoramento do professor, e dentro do seu próprio ambiente de trabalho. Existem outros caminhos para o aperfeiçoamento: a educação a distância, participação em seminários presenciais e/ou virtuais, intercâmbio nacional e internacional, reflexões pedagógicas, grupos de estudo e pesquisa, cursos de curta e longa duração, programas governamentais em parceria com universidades e as escolas, e a administração de sua própria formação contínua – lendo, participando de congressos, palestras e simpósios. Outras duas alternativas para o professor são a Universidade Aberta do Brasil (UAB), que une o Ensino Presencial e o Ensino a Distância para a democratização do conhecimento, e a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica.

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aperfeiçoamento

da teoria para a prática constante Professora mostra que é possível buscar a atualização contínua

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A docente chegou à conclusão de que só conseguiria ensinar, educar e formar alunos críticos se ela fosse dinâmica, comunicativa, inovadora e crítica em sala de aula. “Esse processo só é possível se o professor estiver predisposto a atualizar seus conhecimentos e debruçar-se sobre o seu desempenho pedagógico. Com certeza ela irá proporcionar um ensino motivador que transformará o saber em saber fazer”, acredita Áurea Maria, dizendo que a formação continuada é algo espontâneo e que depende mais do profissional do que da instituição onde trabalha. “Nessa minha empreitada aprendi que quanto menos tempo tenho, mais realizo minhas atividades. Parece um paradoxo. Mas o quanto mais envolvida fico com o trabalho, mais eu me cobro, mais me organizo e sinto necessidade de produzir”, confessa. “Combinar trabalho com estudo melhorou muito minha organização pessoal, a autoestima e diminuiu a ansiedade”, comemora Áurea Maria.

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Na opinião da professora Áurea Maria só é possível formar alunos com espírito crítico se o professor for dinâmico e criativo

(1) Foto: Juliana Leitão

Quando a pernambucana Áurea Maria Carlos, 39 anos, começou a lecionar, tinha como formação apenas o magistério. Ela passou no concurso para professora na rede municipal de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, há 14 anos, onde assumiu o ensino de turmas da Educação Infantil, Fundamental I e Educação de Jovens e Adultos. No entanto, não se deu por satisfeita com a sua formação. Decidiu fazer licenciatura em matemática. “Observei o quanto o aluno vive em pé de guerra com a matemática e que a dificuldade em entender essa disciplina era um dos motivos de repetência e evasão escolar. Faltava disposição pedagógica na didática do ensino”, acredita. De lá para cá, a docente fez duas especializações: a primeira, sobre Novas Linguagens de Ensino, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a outra, sobre Novas Tecnologias pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (ensino a distância), oferecida pelo Ministério da Educação (MEC)/ Proinfo. “Esta última me levou a atuar com a proposta da formação continuada. O objetivo do curso é formar professores multiplicadores para atuarem nos Núcleos de Tecnologia Educacional, capacitando professores para trabalharem com as tecnologias existentes nas escolas e os laboratórios de informática estruturados pelo próprio Proinfo”, conta Áurea Maria. Ela faz parte de uma equipe de seis multiplicadores que acompanham cerca de 20 escolas equipadas com esses laboratórios. “Estou me preparando para o mestrado. Aguardo a abertura do curso de Matemática com Tecnologia na UFPE. O objetivo é juntar a formação da graduação com a especialização. Enquanto espero vou pagando disciplinas isoladas. Sou professora pesquisadora e tenho me dedicado à publicação de artigos e trabalhos com projetos”, conta.


tecnologia

Espaço virtual

dúvidas adolescentes

diversidade

ler e escrever

Perguntas que povoam o imaginário adolescente sobre masturbação, menstruação e gravidez são respondidas pelo Manual do Adolescente, um site orientado para jovens com dúvidas a respeito da vida sexual. O autor, o psicólogo Claudecy de Souza, especialista no atendimento de problemas sexuais e membro da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental também fala sobre drogas, doenças sexualmente transmissíveis, homossexualidade e outros assuntos que envolvem sexualidade. www.adolescente.psc.br

Lidar com as diferenças sem transformálas em desigualdades é um desafio para os profissionais da escola. O site Universidade na Diversidade, iniciativa importante do Ministério da Educação em parceria o Fundo das Nações Unidas para a infância (Unicef), oferece capacitação para que os educadores possam trabalhar as questões relacionadas ao racismo e ao sexismo em sala de aula. Assuntos como preconceito e discriminação são apontados para serem discutidos. Também são oferecidas sugestões de atividades, elaboradas por especialistas nas áreas de gênero e raça, para ajudarem o professor a lidar com o preconceito e a criar um ambiente em que a diversidade seja valorizada. Há ainda sugestão de leituras, vídeos e jogos. www.unidadenadiversidade.org.br

A Mesa Educacional Alfabeto foi criada para auxiliar os processos de alfabetização e letramento. Ela possui três níveis de atividades que englobam desde o processo de reconhecimento de letras e construção de palavras até o trabalho com textos. As atividades permitem o trabalho com fábulas, charadas, provérbios, ditos populares, trava-línguas, cantigas, animações, vídeos, além de oferecer um cadastro padrão com mais de 1800 palavras e 1100 imagens, todo o banco de dados e locução de palavras do Dicionário Aurelinho. É indicada para alunos da Educação infantil à 4a série do Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial. informações: (41) 3312-3646.

datas comemorativas

Museu virtual

Menino Maluquinho

A seção Todo dia é dia do site do Almanaque Brasil disponibiliza um calendário para a consulta das comemorações e dos principais acontecimentos históricos ocorridos em cada dia do ano. www.almanaquebrasil.com.br/tododia_search.asp

Conheça e aprecie obras de artistas plásticos consagrados e informações sobre as principais escolas artísticas no Museu Virtual do portal de educação Aprende Brasil. www.aprendebrasil.com.br

O cartunista mineiro Ziraldo disponibiliza em seu site uma versão online do livro “O Menino Maluquinho”. Adaptada para a internet, a história pode ser impressa e colorida. www.ziraldo.com/menino/capa.htm

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fórum

de que forma as avaliações propostas pelo mEc, como a Prova brasil e a Provinha brasil, contribuem para elevar o nível da educação brasileira? Provinha brasil

reflexão

novas metas

“Ela é muito importante, pois é um instrumento de avaliação para diagnosticar o nível de alfabetização de nossos alunos, e para que possamos fazer um planejamento pedagógico mais eficiente, contribuindo de maneira muito eficiente na identificação de problemas no processo de alfabetização. Mais fácil será a solução, pois assim teremos um avanço significativo do nível de alfabetização de nossos alunos”.

“Uma avaliação externa à escola orienta diferentes e importantes tipos de análise, sendo a principal delas a identificação de fatores que interferem positivamente e negativamente na aprendizagem do aluno. É possível refletir sobre pontos que podem ajudar o professor a relacionar os resultados da prova ao seu dia a dia em sala de aula. O educador compreende que a avaliação externa complementa a avaliação interna, orientando suas práticas pedagógicas, possibilitando a revisão de práticas de avaliação adotadas e, principalmente, buscando a elaboração de projetos inovadores. Com isso, há uma consequente melhoria na qualidade de ensino, pois a Prova Brasil torna-se um instrumento de apoio ao trabalho dos professores e escolas. Todos (alunos, professores, coordenadores e diretores) se unem a um objetivo comum: a melhoria da qualidade do Ensino Básico brasileiro, colocando a educação como o principal direito à cidadania”.

“Todo resultado de um processo avaliativo serve para nortear o trabalho de quem o faz. O profissional compromissado com a educação e formação de seus alunos registra, organiza, analisa e reavalia sua prática docente. Esse conjunto de etapas e ações é uma ferramenta que vai do planejamento até a avaliação. A regulamentação de registros diários, mensais ou quinzenais, por exemplo, familiariza o educador e suas turmas. Assim, o professor tem condições de perceber o que precisa acrescentar, subtrair ou até mesmo alterar em seu planejamento. A aplicação da avaliação externa (feita pelo MEC), bem como seus resultados, possibilitam cada escola, cada estado e, desta forma, o país auxiliar seus educadores investindo em sua formação para que possam, de fato, olhar com entusiasmo suas posturas pedagógicas e traçar metas visando sempre ao lugar mais elevado no gráfico de rendimento escolar. Penso que o intuito destas duas provas seja exatamente detectar onde está a 'falha' e focar o desenvolvimento das competências e habilidades de leitura e de escrita.”

Profª Anna Carolina T. da Silva, 34 anos, Joinville (SC)

Profª Márcia A. R. Gazola, 40 anos, Presidente Prudente (SP)

Prof. Waldemir Fornitani Elias, 49 anos, Bela Vista do Paraíso (PR)

Na próxima edição, nossa pergunta é: o que é preciso mudar na prática diária para formar alunos com opinião e visão crítica? Quer participar? Escreva para: forum@mundoescola.com.br

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3 mil educadores e um sonho: transformar a educação para transformar o Brasil. Fórum Nacional da Undime 2009. O Sistema de Ensino Aprende Brasil estarå presente. O sonho de transformar o Brasil pela educação vai estar em pauta nesse que Ê o encontro mais importante dos educadores brasileiros. E para que essa transformação aconteça, o caminho jå existe na forma de um sistema de ensino pensado para promover uma verdadeira revolução nas escolas públicas dos municípios brasileiros: o Sistema de Ensino Aprende Brasil.

Garantia de qualidade

InclusĂŁo digital

Os Livros Didåticos Integrados são desenvolvidos e atualizados pelo Centro de Pesquisas Positivo, contando com a excelência e a qualidade na produção editorial e gråfica que consagraram a Editora Positivo.

AlĂŠm de uma home page especial para o municĂ­pio, no Portal Aprende Brasil alunos e professores tĂŞm acesso a conteĂşdo educacional exclusivo e a recursos como DicionĂĄrio AurĂŠlio, atlas, enciclopĂŠdia e muito mais.

Valorização dos professores

Igualdade de condiçþes

Uma equipe altamente qualificada estarå à disposição dos profissionais de educação do seu município, dando o suporte necessårio à pråtica pedagógica, por meio de cursos de metodologia que contribuirão para a formação continuada.

Com o Sistema de Ensino Aprende Brasil, seu município vai garantir o acesso à educação de melhor qualidade para todos e assegurar um futuro ainda mais promissor para as crianças, por meio de recursos educativos que visam a uma formação humana completa.

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