MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
Ano 3 - Nº. 9 - Novembro de 2008
MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
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Ano 2 - Nº . 9 - Novembro de 2008
www.museuoscarniemeyer.org.br
A arte dos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo chega aos museus
osgemeos The art of Gustavo and Otávio Pandolfo brother’s hits the museums
expediente MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA Presidente: Maristela Quarenghi de Mello e Silva
Diretoria Administrativa e Financeira: Vera Regina Maciel Coimbra Assessoria Jurídica: Isabel Cristina Storrer Weber Assessoria de Comunicação: Maria Tereza Boccardi Coordenação de Planejamento Cultural: Ariadne Giacomazzi Mattei Manzi, Rebeca Gavião Pinheiro, Sandra Mara Fogagnoli e Marcello Kawase Coordenação de Museologia: Suely Deschermayer, Karina Muniz Viana, Humberto Imbrunisio e Vanderley de Almeida Coordenação de Ação Educativa: Rosemeri Bittencourt Franceschi, Sirlei Espindola e Solange Rosenmann Coordenação Administrativa: Tatiana Maciel Passos Coordenação Financeira: Cristiano A. Solis de Figueiredo Morrissy Coordenação de Infra-estrutura: Denise Caroline de Almeida Coordenação de Segurança: Palminor Rodrigues Ferreira Junior REDAÇÃO Editora-Chefe: Melissa Castellano Reportagem: Flora Guedes, Maria Fernanda Gonçalves, Marli Vieira e Omar Godoy Projeto Gráfico e Diagramação: Celso Arimatéia Tradução para o Inglês: André Riekes Bruel Fotografia: Acervo do Museu Oscar Niemeyer, Divulgação e José Gomercindo Produção e Edição: Projeto Comunicação -- (41) 3022-3687 www.projetocomunicacao.com Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Museu Oscar Niemeyer. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização. Para sugestões e críticas, escreva para nós: redacao@projetocomunicacao.com Tiragem: 20.000 exemplares Impresso em papel couché fosco LD 150 g, com verniz UV (capa) e couché fosco LD 115 g (miolo) Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999 -- Centro Cívico CEP 80530-230 -- Curitiba (PR) Tel.: (41) 3350-4400 / Fax: (41) 3350-4414 www.museuoscarniemeyer.org.br
Imagem da capa: Osgemeos, “O beija-flor” (The Hummingbird), 2008, técnica mista sobre madeira (mixed technique on wood)
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editorial
Museu em ação
José Gomercindo
Mais um ano de trabalho intenso, com exposições marcantes, com uma Ação Educativa atuante e a vontade de continuar realizando o melhor. O mais estimulante, nosso objetivo final e nossa força propulsora: ter o público dentro do Museu! Para tanto, trabalhamos para que visitantes de todas as idades, de todos os segmentos, possam viver e apreender a arte em suas múltiplas formas; na busca de novos questionamentos, novos diálogos, de uma cultura de arte. O Museu é assim; como uma máquina do tempo, sem fronteiras, que aproxima o passado do presente e, do presente, vai ao futuro. Nesta última edição de 2008, entre as exposições temporárias que marcam nosso quinto aniversário, apresentamos o trabalho visionário e peculiar de Niobe Xandó; o modernismo, no figurativismo e na abstração de Yolanda Mohalyi; a descoberta de talentos, na fantástica trajetória da psiquiatra Nise da Silveira, que revolucionou o tratamento para doentes mentais no Brasil e o pioneirismo de Paula Modersohn, no expressionismo alemão. Vale destacar ainda, a arte contemporânea e colorida da dupla OSGEMEOS, internacionalmente reconhecidos e que pela primeira vez vem a Curitiba; a retrospectiva de Iberê Camargo, um dos maiores talentos brasileiros do século 20; e a exposição “Poética da Percepção”, particularmente concebida para permitir o acesso à arte às pessoas com deficiência. Em 2009, nosso desafio é continuar a oferecer essa diversidade artística, expressa em pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, design e arquitetura. Com isto, acreditamos dar a cada dia um passo a mais para chegar até você. Sempre Maristela Quarenghi nosso convidado especial. de Melo e Silva
Museum in Action One more year of extensive work and remarkable exhibitions, of a present Educational Action and with the urge to keep doing our best has passed. The most stimulating, our ultimate goal and propelling force: having the public in the Museum! That is what we work for, so that visitors of all ages, all segments, can live and learn art in its multiple forms; in the search for new questions, new dialogues within a culture of art. The Museum is like a time machine without frontiers, making the past closer to the present and, from the present, aiming the future. In this last edition of 2008, among the temporary exhibitions that marked our fifth anniversary, we present the visionary work of Niobe Xandó; the modernism in the representationalism and abstraction of Yolanda Mohalyi; the discover of talents in the fantastic journey of the psychiatrist Nise da Silveira, who revolutionized the treatment of mentally disabled people in Brazil and the pioneer essence of Paula Modersohn in the German expressionism. The contemporary and colorful art of the duo OSGEMEOS, internationally renowned and for the first time in Curitiba, is also worth of mention. The retrospective of Iberę Camargo, one of the biggest Brazilian talents of the XX century; and the exhibition Poetics of Perception, especially conceived to allow disabled people to have access to art. In 2009, our challenge is to keep offering this artistic diversity, expressed in paintings, drawings, prints, sculptures, design and architecture. With that, we believe we are giving one step further towards you, always our special guest!
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Maristela Quarenghi de Melo e Silva
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Conheça a arte feita de originalidade, fantasia e sonhos de Niobe Xandó
Subversão
Art and graffiti — Came from graffiti, The Twins, explore three dimensional and sensory elements in their paintings
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Egressos do grafite, Os Gêmeos exploram elementos tridimensionais e sensoriais em suas pinturas e instalações
Arte e grafite
Art in madness — Nise da Silveira has broken the psychiatry paradigm in Brazil and worldwide, opening the many paths of free expression to mental disorder patients
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Nise da Silveira quebrou o paradigma da psiquiatria no Brasil e no mundo, abrindo as vias da livre expressão aos pacientes de transtornos mentais
Arte na loucura
Knives ans canvas —Exhibition celebrates the 30 years of Josué Demarche’s carrier, overseas recognized by his daring and intensity
Exposição comemora 30 anos de carreira do artista Josué Demarche, reconhecido internacionalmente por sua ousadia e intensidade
Facas e telas
Five senses — “Perception Poetic - Phenomenology questions in Brazilian Art” takes art to special needs patients
Cinco sentidos
On the edge — Iberę Camargo’s retrospective, reveals the work of one of the most important brazilian artists from the 20th century
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“Poética da Percepção - questões da fenomenologia na arte brasileira” leva a arte a portadores de necessidades especiais
No limite
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Retrospectiva de Iberê Camargo revela a obra de um dos mais importantes artistas brasileiros do século 20
índice
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Conheça o acervo permanente do Museu e suas mais de 1850 obras Know the Museum‘s permanent collection and it‘s more than 1850 works
Acervo
nside the Museum — Know the Oscar Niemeyer Museum exposition spaces
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Conheça os espaços expositivos do Museu Oscar Niemeyer
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Por dentro do Museu
Spotlight — Check it out who passed by the Museum’s exhibitions openings
Confira quem passou pelas aberturas das exposições do Museu
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Acontece
Expressionism — “Paula Modersohn-Becker and the Worpswede’s artists” put together 62 works on paper, 19 photographs and 3 showcases (displays) with books from the German expressionism pioneer
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“Paula Modersohn-Becker e os artistas de Worpswede” reúne 62 trabalhos sobre papel, 19 fotografias e 3 vitrines com livros
Expressionismo
In the age of the Biennials — Retrospective shows the 76 works, among drawings , watercolours, guaches and engravings from the plastic artist Yolanda Mohalyi
Retrospectiva apresenta 76 obras, entre desenhos, aquarelas, guaches e gravuras, da artista plástica Yolanda Mohalyi
No tempo das Bienais
Around the world — Katalogue exhibition gathers the newest production, from around the world graphic artists
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Pelo mundo Exposição Katalogue compila a produção de ponta de artistas gráficos das mais diferentes nacionalidades
índice
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mostra
s o a a s u c e R Godoy por Omar
s e t i lim “Um artista que simplesmente não se conformava com a morte”. É dessa forma, e não se referindo a escolas ou estilos, que a curadora Mônica Zielinsky define Iberê Camargo (1914 -- 1994). E não poderia ser diferente. Desligado de qualquer movimento artístico específico (apesar de dialogar com várias correntes), o gaúcho de Restinga Seca tinha uma única preocupação: expressar sua perplexidade e inconformismo diante da condição humana no século 20. Solidão, abandono e falsidade são temas recorrentes de sua produção, marcada pelo vigor e a dramaticidade. Mônica costuma dizer que o artista “buscou pela tinta escavar a vida”. “Para ele, o resultado final nunca estava bom. Iberê recusava o limite, e assim também era seu posicionamento na vida. Tinha uma obsessão de se manter vivo”, explica. Essa obsessão se reflete na extensão de sua obra, composta por mais de 7 mil trabalhos -- entre pinturas, gravuras e desenhos. Sessenta e dois deles podem ser vistos em Curitiba, no Museu Oscar Niemeyer, onde uma cuidadosa retrospectiva permanece em cartaz até dezembro. A exposição “Iberê Camargo: moderno no limite” foi concebida para a inauguração da nova sede da fundação que leva seu nome,
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em Porto Alegre. Considerado um dos melhores museus do país, o espaço abriga 4 mil obras do pintor, todas preservadas por sua incansável viúva, Maria Coussirat Camargo, de 92 anos. Em vez de vender os trabalhos, como faz boa parte das famílias de artistas mortos, ela não apenas manteve o acervo do marido como também batalhou pela construção do museu. Responsável pelo projeto de catalogação da obra de Iberê, Mônica Zielinsky (do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), assina a curadoria ao lado dos professores Paulo Sérgio Duarte (da Universidade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro) e Sônia Salzstein (da Universidade de São Paulo). De acordo com ela, cada peça selecionada combina qualidade e significado na trajetória do artista. Questões como o movimento, a força da figura e o trabalho com a tinta também foram levadas em consideração. “Moderno no limite” acompanha todas as fases de Iberê. Da juventude, na década de 40, quando se dedicava a retratar paisagens, à maturidade, período em que se destaca o famoso conjunto de obras conhecido como “Os Carretéis”. Objetos recorrentes na produção do pintor, os carretéis eram
Retrospectiva de Iberê Camargo destaca a obra de um dos mais importantes artistas brasileiros do Século 20
“Ciclista”, 1990, óleo sobre tela, 200 cm x155 cm “The cyclists”, 1990, oil on canvas, 200 cm x155 cm
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“No Vento e na Terra I”, 1991, óleo sobre tela , 200 cm x 283 cm “On the wind and on the earth I”, 1991, oil on canvas , 200 cm x 283 cm
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“Cosme Velho”, 1945, óleo sobre tela, 49,5cm x 45,5 cm “Cosme Velho”, 1945, oil on canvas, 49,5cm x 45,5 cm
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seus brinquedos favoritos na infância. Guardados em algum lugar de suas memórias, foram resgatados e incorporados a seu imaginário artístico em 1958, quando teve de se recolher em casa por conta de uma hérnia de disco. “Com o carretel, ele explorou questões formais como a geometrização. Foi um elemento presente até o fim de sua produção”, conta Mônica. Após passar boa parte de sua vida no Rio de Janeiro, Iberê retornou ao Rio Grande do Sul nos anos 80. Buscava serenidade após um trágico incidente ocorrido em dezembro de 1980. Atacado por um desconhecido no meio da rua, o artista, que tinha porte de arma, reagiu e matou o agressor com dois tiros. Chegou a ficar preso durante mais de um mês antes de ser absolvido por legítima defesa. Segundo a família e os amigos próximos, nunca mais foi o mesmo depois do ocorrido. É dessa época o conjunto de obras “Os ciclistas”, que exibe figuras pedalando aparentemente sem rumo. Já na década de 90, fase final de sua trajetória, surge a série “As idiotas”, marcada por personagens sentadas em bancos de praça, com o olhar perdido. “São obras narrativas envolvendo figuras tristes, com atitudes de solidão e abandono, como se anunciassem o destino humano da morte”, diz a curadora. Iberê Camargo morreu em agosto 1994, na capital gaúcha, vítima de câncer. Mas seu “obsNovembro – 2008
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“Ascensão I”, 1973, óleo sobre tela, 57 cm x 40 cm “Ascension I”, 1973, oil on canvas, 57 cm x 40 cm
“Sem título”, 1989, guache sobre papel, 35,4 cm x 27,5 cm “Untitled”, 1989, guache on paper, 35,4 cm x 27,5 cm
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curo desejo de permanência”, como ele mesmo definia, certamente foi realizado. Paralelas Filho de ferroviários, Iberê Camargo começou a desenhar aos 4 anos. Aos 13, ingressou na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria, onde ganhou seu primeiro prêmio de pintura. Já o primeiro emprego, aos 18 anos, foi como desenhista no 1.º Batalhão Ferroviário de Jaguari. Em seguida, atuou na mesma função na
Idéias
Secretaria de Obras Públicas do Rio Grande do Sul. Casou-se em 1939 com Maria Coussirat, professora de desenho e sua principal incentivadora. Mais do que isso: Maria administrava sua carreira, guardava tudo o que ele produzia e, ainda hoje, trabalha pela preservação de sua obra. Ávido por universalidade, o pintor viveu cerca de dois anos na Europa, em Roma e Paris. Freqüentou museus diariamente e estudou com figuras como Petrucci, Achille, De Chirico e André Lhote. Com eles, aprendeu a, literamente, copiar os mestres da
/ Ideas
“À medida que envelhecemos, parece que a infância fica mais perto. Sentimos vontade de reencontrar os primeiros amigos e tudo que foi nosso.” We “As we get old, it seems that the childhood gets closer. ed belong that ing feel like meeting our first friends and everyth to us.”
“A minha pintura, sombria, dramática, suja, corresponde à verdade mais íntima que habita no íntimo de uma burguesia que cobre a miséria do dia-a-dia com o colorido das orgias e da alienação do povo. Não faço mortalha colorida.” “My painting, obscure, dramatic, dirty, corresponds to the most intimate truth that resides in the intimacy of a bourgeoisie that covers the daily life misery with the colors of orgies and alienation of the mass. I do not make colorful pall.”
“Sou um andante. Carrego comigo o fardo do meu passado. Minha bagagem são os meus sonhos. Com o meus ciclistas, cruzo desertos e busco horizontes que recua m e se apagam nas brumas da incerteza.”
“I am a passer-by. I carry with me the burden of my past. My dreams are my baggage. Like my cyclists, I cross deserts and seek horizons that retreat and fade away into the brume of uncer tainty.”
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“Quanto mais velho a gente fica, mais tem de apressar o passo.” “The older we get, more we have to hurry up.”
liderou, em 1954, uma mobilização pela redução das taxas de importação de materiais para pintura. À frente de um grupo de artistas, levou a questão ao então presidente Getúlio Vargas e promoveu exposições contra os impostos abusivos. Era sua ‘’Guerra dos 100 Anos”, como costumava dizer. Além de abordar absolutamente tudo sobre a vida e obra do pintor, o site da Fundação Iberê Camargo traz notícias, artigos e entrevistas sobre o meio cultural. Para conhecer, acesse www.iberecamargo.org.br.
ros (elas “As figuras que ora povoam os meus quad vida que da , saga da em mesmas são os quadros) nasc los dos úscu crep dos za dói. Elas envolvem-se na triste ão da solid na o criad dias de minha infância, guri Sul.” campanha do Rio Grande do
paintings (they are the “The figures that sometimes populate my from the life that hurts. saga, paintings themselves) are born from the scule of my childhood crepu the They get involved in the sadness of of Rio Grande do Sul.” fields the days, a boy raised in the loneliness of
“Arte, para mim, foi sempre uma obsessão. Nunca toquei a vida com a ponta dos dedos. Tudo o que fiz, fiz sempre com paixão.” “Art, for me, has always been an obsession. I have never touched life with the tip of my fingers. Everything I’ve done, I’ve done with passion.”
“Só a imaginação to. Os poetas e ospoarde ir mais longe no mundo do conhecimen vejo, mas o que sintotistas intuem a verdade. Não pinto o qu .” e “Only the
imagination can go further in the world and artists sense the of knowledge. The poets truth. I don’t paint what I see, but wh at I feel.”
“O pintor é o mágico que imobiliza o tempo.” “The painter is the magician who stops time.”
“A realidade é um enigma que o tempo não banaliza e o homem não decifra. Ela é a esfinge que nos devora.” “Reality is an enigma that time doesn’t vulgarize and man doesn’t solve. It is the sphinx that devours us.”
15 Iberê Camargo ao lado de seu auto-retrato Iberê Camargo next to his self-portrait
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pintura. Reproduzia obras clássicas com o objetivo de entender o ponto de vista dos grandes artistas. Interessado por gravura, trouxe uma prensa para o Brasil e formou uma geração de gravadores no Rio de Janeiro. Seu lado divertido, e pouco conhecido, manifestava-se em cartuns, que começou a produzir em 1986. Com o pseudônimo de Maqui, ironizou políticos como José Sarney, Fernando Collor e Pedro Simon nos jornais “O Pasquim” e “Terceira Margem”. Cansado da má qualidade das tintas fabricadas no Brasil, Iberê
mostra
“Idiotas”, 1991, óleo sobre tela, 200 cm x 250 cm “Idiots”, 1991, oil on canvas, 200 cm x 250 cm
Limit refusal
The retrospective of Iberę Camargo highlights the work of one of the most important Brazilian artists of the 20th century Omar Godoy
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“An artist that simply could not accept death”. This is how the curator, Mônica Zielinsky defines Iberę Camargo (1914 – 1994), leaving all references to schools and styles aside. And it could not be differently. Not connected to any specific artistic movement (despite dialoguing with several currents), this gaúcho from the city of Restinga Seca had a sole concern: express his perplexity and nonconformism face the human condition in the 20th century. Loneliness, abandonment and falseness are recurrent themes in his production, marked by strength and drama. Mônica often says that the artist “sought to excavate life through ink”. “For him, the final outcome was never good enough. Iberę refused limits and his positioning in life was set accordingly. He had this obsession for staying alive”, explains. This obsession is reflected in the entire extension of his work, comprising more than seven thousand works – including paintings, prints and drawings. Sixty two of them can be seen in Curitiba, at the Oscar Niemeyer Museum, where a careful retrospective remains on show until December. The exhibition “Iberę Camargo: modern in the limit” was conceived for the launch of the new headquarters of the foundation that takes his name, in Porto Alegre. Considered one of the best museums in the country, the space hosts four thousand works of the painter, all of which were preserved by his indefatigable widow, Maria Coussirat Camargo, aged 92. Instead of selling the works, like many families of dead artists do, she not
only maintained her husband’s collection, she also fought for the construction of the museum. Responsible for the cataloguing project of Iberę’s work, Mônica Zielinski (of the Institute of Arts of the Federal University of Rio Grande do Sul) signs as the curator, alongside with professors Paulo Sérgio Duarte (of the University Cândido Mendes, in Rio de Janeiro) and Sônia Salztein (of the University of Săo Paulo). According to her, each selected piece combines quality and meaning in the artist’s journey. Subjects like movement, the power of the image and the work with ink were also taken into account. “Modern in the limit” approaches all of Iberę’s phases. From his youth, in the 1940s, when he dedicated himself to painting landscapes, until his adult life, period which can be highlighted by the famous group of works known as “Os carretéis” (The spools). Recurrent objects in the painter’s production, the spools were his favorite toys during his childhood. Kept somewhere in his memories, they were recaptured and incorporated to his artistic imaginary in 1958, when he had to remain at home due to a spinal disc herniation. “With the spool, he explored formal subjects such as the use of geometry. It was a present element until the end of his production”, says Mônica. After spending a good part of his life in Rio de Janeiro, Iberę returned to Rio Grande do Sul in the 1980s. He sought serenity after a tragic incident occurred in December 1980. Attacked on the street by someone unknown, the artist, who had a gun license, reacted and killed the aggressor with two shots. He was arrested and stayed in prison for more than a month before been absolved for self defense. According to the family and close friends, he was never the same since then. The work “Os ciclistas” (The cyclists) dates from this period, showing figures cycling apparently with no direction. In the 1990s, final phase of his journey, the series “As idiotas” (The idiots) arises, marked by characters seating in public square
“Sem título”, 1982, giz de cera sobre papel , 25,3 cm x 36,3 cm “Untitled”, 1982, crayon on paper , 25,3 cm x 36,3 cm
benches, looking to nowhere. “They are narrative works involving sad characters with loneliness and abandonment attitude, as if announcing the human destiny of death”, says the curator. Iberę Camargo died in August, 1994, in Porto Alegre, victim of cancer. But his “obscure desire for staying”, as he defined himself, was certainly fulfilled.
- Son of railway workers, Iberę Camargo started drawing at the age of 4. At 13, he entered the School of Arts and Crafts of Santa Maria, where he received his first painting award. His first job, at 18, was as a drawer in the 1st Railway Battalion of Jaguari. Next, he worked in the same position in the Secretary of Public Works of Rio Grande do Sul. In 1939, he married Maria Coussirat, drawing teacher and his most important supporter. More than that, Maria managed his career, kept everything he produced and, until today, works for the maintenance of his work. - Avid for universality, the painter lived in Europe for a couple of years, in Rome and Paris. He attended museums daily and studied with people like Petrucci, Achille, De Chirico and André Lhote. With them, he has literally learnt how to copy the masters of painting. He reproduced classic works aiming to understand the great artists’ point of view. Interested in printing, he brought a press to Brazil and formed a generation of printers in Rio de Janeiro. - His fun side, and little known, aroused in cartoons, which he began to produce in 1986. With the alias of Maqui, he made fun of politicians such as José Sarney, Fernando Collor and Pedro Simon in the newspapers “O Pasquim” and “Terceira Margem”. - Sick of the bad quality of the inks produced in Brazil, Iberę led, in 1954, a movement to lower the importing taxes for painting materials. On top of a group of artists, he took the issue to the president then, Getúlio Vargas, and promoted exhibitions against abusive taxes. That was his “Hundred Years’ War”, as he used to say. - Besides approaching absolutely everything on the life and work of the painter, the website of the Fundaçăo Iberę Camargo brings news, articles and interviews about the cultural environment.
SERVIÇO O quê: “Iberê Camargo: moderno no limite” Local: Sala Guido Viaro Quando: Até 30 de novembro
Service What: “Iberę Camargo: modern in the limit” Where: Guido Viaro room When: Up to 12/14/2008 Patrocínio/Sponsorship:
Parceria/Partnership:
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Parallels
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Exposição “Poética da percepção - questões da fenomenologia na arte brasileira” possibilita o acesso à arte a portadores de necessidades especiais
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18 Amélia Toledo, “Gambiarra”, 1969, fio de nylon e conchas, 8 m, coleção da artista Amélia Toledo, “Jury rig”, 1969, nylon string and seashells, 8 m, artists collection
Usar os cinco sentidos (toque, audição, olfato, paladar e visão) para entender a obra em toda a sua totalidade. Esta é a proposta da exposição “Poética da percepção: questões da fenomenologia na arte brasileira”, aberta até 7 de dezembro no Hall do Pátio das Esculturas do Museu Oscar Niemeyer. Com curadoria de Paulo Herkenhoff e patrocínio da Vivo, a coletiva reúne 28 obras de artistas de diferentes regiões do Brasil. São peças selecionadas a partir da sua qualidade técnica e artística, produzidas a partir de várias técnicas e materiais e apresentam uma multiplicidade de texturas, temperaturas, solidez das matérias, cheiros e sons. “A exposição é composta por um conjunto de peças que, de um modo ou outro, estão ligadas a um ou mais sentidos. O
artista que explora o olfato, por exemplo, trabalha a questão poética dos odores, dos cheiros. Outras peças são táteis porque o artista propôs que o toque fosse um complemento e um diálogo com o olhar. Nos casos em que a obra foi produzida sem a intenção de explorar os sentidos, o público, principalmente os cegos, podem tocar a peça para ter acesso as qualidades do objeto, perceber uma superfície de pedra polida, outra mais outra mais rude, a temperatura, a maleabilidade, enfim, todas as riquezas e detalhes da obra”, explica Herkenhoff. “Poética da percepção” foi pensada inicialmente como uma mostra endereçada pessoas com defifiência, permitindo que elas tenham acesso à arte. Mas a medida ganhou forma, expandiu-se e tornou-
Uma viagem pelos
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se um convite para todos. A finalidade é que os visitantes utilizem os cinco sentidos para perceber as obras e, partir disso, decifrar formas e conceitos. Para que isto ocorra, o público tem permissão para tocar as peças expostas, explorando as sensações peculiares que cada uma oferece e, a partir disso, fazer sua própria leitura do trabalho proposto pelo artista. Apesar da preocupação com o aspecto sensorial das obras, Paulo Herkenhoff conta que também houve um cuidado muito grande com o lado artístico da exposição. “A proposta é que se mostre um período da história da arte brasileira, com a exposição de obras que vão do século 19 ao século 21”, diz o curador. Artistas locais estão presentes na mostra “Poética da percepção’ foi exposta em 2007 na galeria da Vivo, e este ano no Rio de Janeiro. “Em Curitiba, a recepção do público foi muito boa, o que demonstra que as pessoas entenderam a proposta da mostra”, diz Paulo Herkenhoff. O curador lembra que, a exemplo do que aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro, a mostra apresentada no Museu Oscar Niemyer incorporou artistas locais. Os selecionados foram Cleverson Salvaro que criou círculos com filtros de cigarros usados inscrustados na parede, convocando uma experiência olfática a partir de objetos banais e, ao mesmo tempo, induzindo a um certo mal-estar e defesa orgânica contra o odor do cigarro; e Tony Camargo, que apresenta tacos de sinuca feitos com materiais inaquedados como metal e borracha, portando, sem a leveza e a flexibilidade da madeira, e oferecendo pane na lógica do sistema funcinal dos objetos. Também estão presentes Bernadete Amorim, com a obra “Dejetos e afetos”, em que a artista trata de prazeres (analidade e oralidade), ao trabalhar com materiais como fraldas descartáveis e suspiro de açúcar; e Carina Weidler, que apresenta uma mesa recoberta por espuma ortopédica, onde dois rolos de madeira com protuberância se confrontam com formas fundidas em massa de modelar, suscitando a idéia de que o entortamento deforma a matéria e, logo, a percepção. Outra artista local é Eliane Prolik, que se apresenta com a obra “No mundo não há mais lugar” (2001). A artista oferece a possibilidade da interação com a sua criação por meio do paladar, ao expor esculturas comestíveis que se amoldam no céu da boca e embaladas em cápsulas e que são oferecidas aos visitantes numa “máquina mecânica de cápsulas”.
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Ana Miguel, “Personagens do jardim”, 2000, 2 disk players e 2 bonecas em crochê - áudio, 40 cm x 27 cm e 37 cm x 27 cm, coleção da artista Ana Miguel, “Garden characters”, 2000, 2 disk players e 2 crochet dolls - audio, 40 cm x 27 cm e 37 cm x 27 cm, artists collection
mostra
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22 Eliane Prolik, “No mundo não há mais lugar”, 2001, coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo Eliane Prolik, “There is no more place in the world”, 2001, collection of Museu de Arte Moderna de São Paulo
Toque, audição e paladar Dentro da experiência sensorial proposta por “Poética da percepção”, o espectador pode explorar o toque nas esculturas em bronze de Victor Brecheret -- “Torso” (déc. 1930) e “Três graças” (déc. De 1940) --, emprestadas pelo Instituto Victor Brecheret. Também nas obras “Fusca vermelho pequeno” (2003), de Sérgio Romagnolo, “Lula com alça” (2005), de Raul Mourão, “Cabeça” (1954), de Zélia Salgado, “Caixa 2”, de Ascanio MMM (1969), o visitante poderá sentir diferentes texturas, temperaturas, acabamentos e solidez dos materiais. No campo da audição, Amélia Toledo, um das principais artistas contemporâneas do Brasil, usa a arquitetura das conchas para formar um instrumento musical natural. A obra “Gambiarra” (1969), também conhecida como “Ostras sonoras”, é semelhante a um varal de fio de nylon com as partes abertas das conchas penduradas que, ao serem tocadas, produzem sons. Ainda explorando o som, a mostra apresenta a obra “Personagens do jardim” (2000), de Ana Miguel; “Protótipo” (2006), de Paulo Nenflídio; “Anjo” (2006), de Paulo Vivacqua; “Aparelho para escutar sentimentos e segredos” (2008), de Armando Queiroz; e a obra sem título, criada em 2004, por de Bené Fonteles, composta por uma placa de madeira com tecido e placas de madeira com couro tacheado e chocalhos de bronze. O olfato será exigido em obras como “Bólide olfático” (1967), de Hélio Oiticica, criada com um saco de café e tubo de borracha; “Natureza morta”, uma pintura em óleo sobre tela do século 19, de Estevão Silva; e também na obra de Ernesto Neto, criada em 2007, que desafia o visitante a identificar cheiros a partir de sacos de tule de lycra contendo pimenta, gengibre e açafrão.
em relação à acessibilidade quanto em relação ao treinamento do pessoal”, elogia Paulo Herkenhoff.
A journey through the senses The exhibition “Poetics of perception – phenomenology issues in the Brazilian art” allows disabled people to have access to art The use of all of the five senses (touch, hearing, smell, taste and sight) in order to fully understand the work. That is the proposal of the exhibition “Poetics of Perception – phenomenology issues in the Brazilian art”, open until the 7th of December at the Sculptures Hall, in the Oscar Niemeyer Museum. The collective exhibition, with curation of Paulo Herkenhoff and sponsored by Vivo, gathers 28 works of artists from different regions of Brazil. These works are pieces selected based on the technical and artistic quality, produced using several techniques and materials and present a multiplicity of textures, temperatures, and sturdiness of the materials, smells and sounds. “The exhibition is comprised of a group of pieces that, one way or another, are connected to one or more senses.
Cuidados na montagem Como foi inicialmente pensada para pessoas com deficiência, “Poética da percepção” exigiu alguns cuidados especiais na montagem. Além de garantir a acessibilidade ao museu e às obras, o trabalho incluiu a elaboração de um catálogo em braile e a colocação de legendas das obras também em braille. Por fim, monitores devidamente treinados ficam a disposição do público. Estes monitores, estudantes de artes de faculdades locais, estão preparados para falar não apenas do conceito da exposição, mas também sobre o artista e sobre a proposta de cada obra exposta. “Estou certo de que a exposição será um sucesso em Curitiba porque, além da boa aceitação do público, o Museu Oscar Niemeyer preparou-se muito bem para receber a exposição, tanto
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Raul Mourão, “Lula com alça”, 2005, 62/100, 38 cm x 30 cm x 27 cm, coleção Lurixs Arte Contemporânea Raul Mourão, “Lula with handle”, 2005, 62/100, 38 cm x 30 cm x 27 cm, collection of Lurixs Arte Contemporânea
mostra
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Leda Catunda, “Palmeira com flores”, 2006, acrílica sobre tecido, tela e plástico, 240 cm x 240 cm, coleção do artista Leda Catunda, “Palm tree with flores”, 2006, acrylic on fabric, canvas and plastic, 240 cm x 240 cm, artists collection
The artist exploring smell, for instance, works with the poetic side of the odors. Other pieces are tactile, as the artist proposed that the touch should be a complement to and a dialogue with sight. In cases where the work was produced without the intention of exploring the senses, the public, specially the blind, can touch the pieces to feel the object’s qualities, to perceive the surface of a polished rock or of a rougher one, the temperature, the malleability, i.e. all the riches and details of the work”, explains Herkenhoff. “Poetics of perception” was initially thought to be an exhibition addressing disabled people, allowing those with some sort of physical limitation to have access to art. But the measure gained shape, expanded and became an invitation to everyone, disabled or not. The purpose is to make visitors use all of the five senses to perceive the works and, from that, acknowledge shapes and concepts. For that to happen, the public is allowed to touch the pieces exhibited, exploring the singular feeling that each work offers and, thus, make their own interpretation of the work proposed by the artist. Despite the concern with the sensorial aspect of the works, Paulo Herkenhoff explains that special attention was also given to the artistic side of the exhibition. “The proposal is to show a period of the Brazilian art history with the exhibition of works dating from the 19th century to the 21st century, says the curator.
Local artists are present in the exhibition “Poetics of perception” was exhibited in 2007, at the Vivo gallery, and this year, in Rio de Janeiro. “In Curitiba, the reception by the public was very good. That shows that people understood the proposal of the exhibition”, says Paulo Herkenhoff. The curator remembers that, as it was done in Săo Paulo and Rio de Janeiro, the exhibition presented in the Oscar Niemeyer Museum incorporated local artists. The artists selected were Cleverson Salvaro, who has created circles with cigarette filters encrusted onto the wall, summoning a smelling experience from banal objects and, at the same time, inducing a certain uneasiness and the organic defense against the cigarette smell; and Tony Camargo, who presents billiard cues made of inadequate materials such as metal and rubber and, thus, without the delicacy and flexibility of wood, offering a failure in the logic of the objects functional system. Also featured in the exhibition are Bernadete Amorim, with the work Dejetos e Afetos (Waste and Affections), in which the artist deals with pleasures (anality and orality) working with materials such as dippers and sugar meringue; and Carina Weidler, who presents a table covered with orthopedic foam, where two rolls of wood with protuberance confront shapes founded in modeling clay, evoking the idea that the twist distorts the matter and, thus, the perception. Another local artist is Eliane Prolik, who presents the work “No mundo năo há mais lugar” (There is no more place in the world), of 2001. The artist offers the possibility of interaction with her creation through taste by exposing edible sculptures which adjust to the roof of the mouth, and that are packed in capsules and offered to the visitors from a “mechanical machine of capsules”.
In the hearing field, Amélia Toledo, one of the most important contemporary artists in Brazil, uses the architecture of shells to form a natural musical instrument. The work “Gambiarra” (Jury rig - 1969), also known as sonant oysters, is similar to a nylon clothes line with the open part of the shells hanging from it and producing sounds when touched. Still in the hearing domain, the exhibition presents the work “Personagens do jardim” (Garden characters - 2000), of Ana Miguel; “Protótipo” (Prototype - 2006), of Paulo Nenflídio; “Anjo” (Angel - 2006), of Paulo Vivacqua; “Aparelho para escutar sentimentos e segredos” (Device to hear feelings and secrets - 2008), of Armando Queiroz; and the untitled work created by Bené Fonteles in 2004, which is composed by a wooden plate with fabric and wooden plates with ornamented leather and bronze shakers. The smell sense will be requested in works such as “Bólide olfático” (Bolide of smell - 1967), of Hélio Oiticica, created with a bag of coffee beans and a tube of rubber; “Natureza morta” (Still life), a painting in oil over canvas dated of the 19th century, of Estevăo Silva; and also in the work of Ernesto Neto, created in 2007, which challenges the visitor to indentify smells from bags of nylon tulle containing pepper, ginger and saffron.
Attention given during mounting As it was initially thought for disabled people, “Poetics of perception” demanded some special attention during mounting. Besides guaranteeing the accessibility to the museum and to the works, the project included the production of a catalog in Braille and the insertion of the works legends also in Braille. Ultimately, monitors were duly trained to assist the public. These monitors, students of local art schools, are prepared to talk not only about the concept of the exhibition, but also about the artists and the proposal of each work being exhibited. “I am sure that the exhibition will be a success in Curitiba because, besides the good acceptance by the public, the Oscar Niemeyer Museum was really well prepared to receive the exhibition, regarding both accessibility and staff training”, compliments Paulo Herkenhoff.
SERVIÇO O quê: “Poética da percepção” Local: Hall das esculturas Quando: Até 7 de dezembro de 2008
Service What: “Poetics of perception” Where: Hall das esculturas When: Up to 12/07/2008 Patrocínio/Sponsorship:
Touch, hearing and taste Parceria/Partnership:
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Inside the sensorial experience proposed by “Poetics of perception”, the spectator can explore the touch on the bronze sculptures of Victor Brecheret – “Torso” (Torso - of the 1930s), and “Tręs graças” (Three graces - of the 1940s) – lent by the Institute Victor Brecheret. Also, in the works “Fusca vermelho pequeno” (Little red VW Beetle - 2003), of Sérgio Romagnolo, “Lula com alça” (Lula with handle - 2005), of Raul Mourăo, “Cabeça” (Head - 1954), of Zélia Salgado and “Caixa 2” (Black cash - 1969), of Ascanio MMM, visitors will be able to experience different textures, temperatures, final touches and the sturdiness of materials.
em foco
A golpe de
“Menina”, 2007, óleo sobre tela, 92 cm x87 cm “Girl”, 2007, oil on canvas, 92 cm x87 cm
Novembro Novembro –– 2008 2008
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facas facas Exposição comemora 30 anos de carreira do artista Josué Demarche, reconhecido internacionalmente por sua ousadia, intensidade e vasta produção
“Freira”, 2006, óleo sobre tela, 162 cm x 143 cm “Nun”, 2006, oil on canvas, 162 cm x 143 cm
2727 Novembro – 2008 Novembro – 2008
“A noiva”, 2006, óleo sobre tela, 210 cm x 150 cm “The bride”, 2006, oil on canvas, 210 cm x 150 cm
Josué Demarche
em foco
“Suas pinturas são perturbadoras, incomodam, são reveladoras, nos fazem perder o equilíbrio.” Essa afirmação, do crítico de arte Fernando Bini, é uma das melhores traduções para o trabalho de Josué Demarche. Aos 50 anos de idade e 30 de carreira, Demarche, nascido em Brusque (SC), mas declaradamente curitibano, aposta em cores e volumosas camadas de tinta à óleo para nos marcar com sua visão pessoal do mundo. Ele espreme tubos e mais tubos de tinta sobre a tela e, depois, a golpe de facas de cozinha e com o auxílio de espátulas, revolve, mistura, raspa e dá vida a personagens e cenas assustadoras. “A faca na mão de Demarche é também como um bisturi de um cirurgião cortando a pele, a carne, expondo o osso, separando os músculos, nervos e tendões até chegar ao ponto crítico. Demarche pratica um tipo de arte que é um estudo dos imensos problemas enfrentados pela raça humana. Ele olha para o mundo com olhar crítico e suas profundas reflexões, com base numa mente sagaz, astuta e piedosa, analisando criticamente ações, reações, emoções, sentimentos, crenças e rituais, e chegando a uma conclusão são transformadas em fortes pinturas”, avalia o crítico de arte Fernando Albino. Parte da tensão, força e tragédia encontradas na arte de Demarche pode ser vista, até 22 de fevereiro de 2009, na exposição “Josué Demarche: 30 anos de pintura”. Com curadoria de Liliana Mendes Cabral, a mostra apresenta 61 pinturas feitas pelo artista entre os anos 2000 e 2008. Alguns destaques da exposição são as obras “Músicos”, “Cristo I”, Cristo 2" e “Cristo 3” (todos produzidos no mesmo dia e de grande dimensão: 196 x 143 cm), “Funeral”, “Bicho” e “Figura, 2007”.
Formação Entre 1978 e 1982, Demarche estudou na Casa Alfredo Andersen, sob a tutela de Luís Carlos Andrade Lima (1933-1998) e Alberto Massuda (1925-2000). Para o crítico de arte Fernando Bini, é provável que a valorização da figura humana seja uma herança de Andrade Lima e que os empastamentos na técnica da pintura tenham sido absorvidos de Massuda. Em 1984, muda-se para Toronto, no Canadá, onde viveu até 2006. Em Toronto, tem contato com os famosos abstracionistas canadenses William Ronald e Gershon Iskowitz, que definiram a sua decisão de dedicar a sua vida à pintura. Hoje, Demarche vive e trabalha em Curitiba. Reconhecido por sua vasta produção, Demarche possui também grandes colecionadores. Um deles, canadense, tem mais de 700 obras do pintor. Novembro – 2008
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Knife strokes The exhibition celebrates 30 years of the artist Josué Demarche’s career, internationally recognized for his daring, intensity and extensive production “His paintings are disturbing, they bother, they are revealing, they make us loose the balance”. This affirmation, made by art critic Fernando Bini, is one of the best translations of Josué Demarche’s work. Aged fifty, and having a thirty-year old career, Demarche, born in Brusque (Santa Catarina), but declaredly a curitibano, invests in color and in bulky layers of oil inks to mark us with his personal vision of the world. He presses several tubes of ink on the canvases and, after that, with kitchen knife strokes and with the help of spatulas, he revolves, mixes, scrapes and give life to characters and frightening scenes. “The knife on Demarche’s hands is like a surgeon’s scalpel cutting the skin, the flesh, exposing the bones, separating muscles, nerves and tendons until it reaches the critical point. Demarche practices a type of art that is a study of the immense issues faced by the human race. He looks at the world with critical eyes and his profound reflections that, based on a sagacious, astute and merciful mind, critically analyze actions, reactions, emotions, feelings, beliefs and rituals, lead to a conclusion and are transformed into strong paintings”, assesses the art critic Fernando Albino. Part of the tension, strength and tragedy found in Demarche’s art can be seen, until the 22th of February, 2009, in the exhibition “Josué Demarche: 30 years of painting”. With curation of Liliana Mendes Cabral, the exhibition presents 61 paintings created by the artists between 2000 and 2008. Some highlights of the exhibition are the works “Músicos” (Musicians), “Cristo I” (Christ I), “Cristo II” (Christ II) and “Cristo III” (Christ III) – all produced in the same day and with big dimensions: 196 x 143 cm), “Funeral”, “Bicho” (Animal) and “Figura, 2007” (Figure, 2007).
Education
Between 1978 and 1982, Demarche studied at Casa Alfredo Andersen, under the tutorship of Luís Carlos Andrade Lima (1933-1998) and Alberto Massuda (1925-2000). For the art critic Fernando Bini, it is probable that the valorization of the human figure is an inheritance from Andrade Lima and that the plastering used in the painting technique have been absorbed from Massuda. In 1984, he moved to Toronto, Canada, where he lived until 2006. In Toronto he had contact with the famous Canadian abstractionists William Ronald and Gershon Iskowitz, who defined his decision to dedicate his life to painting. Today, Demarche lives and works in Curitiba. Acknowledged for his extensive production, Demarche also has great collectors of his work. One of them, a Canadian, has more than 700 works of the painter.
SERVIÇO O quê: “Josué Demarche: 30 anos de pintura” Local: Sala Miguel Bakun Quando: Até 22 de fevereiro de 2009
Service What: “Josué Dermache: 30 years of painting” Where: Miguel Bakun room When: Up to 02/22/2009
Parceria/Partnership:
“Músicos”, 2007, óleo sobre tela, 155 cm x 145 cm “Musicians”, 2007, oil on canvas, 155 cm x 145 cm
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mostra
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e das artes No ambiente que parecia ser o mais improvável, a psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999) encontrou a força criativa de pacientes com transtornos mentais, depois de oferecer a eles a oportunidade de desenvolver habilidades artísticas de uma forma terapêutica. Parte das obras produzidas no Hospital do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, que hoje fazem parte do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente, compõe a mostra “Nise da Silveira: caminhos de uma psiquiatra rebelde”. O curador da exposição Luiz Carlos Mello selecionou 296 obras, entre as mais de 350 mil que fazem parte do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente – telas, pinturas, xilogravuras, desenhos e modelagens. Entre as coleções de maior destaque estão as criações de Carlos Pertius, Octávio Ignácio, Fernando Diniz, Isaac Liberato, Adelina Gomes, Emygdio de Barros e Raphael Domingues. A expressão de cada um destes pacientes, que é objeto de análise por parte de psicanalistas e psiquiatras, pode ser vista simplesmente sob uma lente humanista pelos visitantes da mostra. Assim era Nise, sempre contrária aos métodos terapêuticos que eram aplicados nos hospitais psiquiátricos – chamados de hospícios ou manicômios à sua época. Para ela, eram inconcebíveis a lobotomia, o eletrochoque e a insulinoterapia. A partir daí buscou uma alternativa mais humana para tratar os seus pacientes. Funda então, em 1946, a Seção de Terapêutica Ocupacional no antigo Centro Psiquiátrico Nacional do Rio de Janeiro, atual Instituto Municipal Nise da Silveira. A produção dos ateliês de pintura e modelagem foi tão abundante e tão importante no tratamento e estudo científico, que deu origem ao Museu de Imagens do Inconsciente, em 1952. Segundo registros do museu, as imagens produzidas no ateliê
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por Maria Fernanda Gonçalves
Nise da Silveira quebrou o paradigma da psiquiatria no Brasil e no mundo, abrindo as vias da livre expressão aos pacientes de transtornos mentais
mente Humanista da
mostra
levantam questões que não encontram resposta na formação psiquiátrica acadêmica. Essas questões impulsionavam Nise para a busca de conhecimento e aprofundamento dos processos que se desdobravam no interior daqueles indivíduos, revelados através das imagens e símbolos. A obra da mobilizadora Entre as pinturas e esculturas da exposição, está sempre presente a voz desta grande humanista, que diminuiu a dor de pessoas marginalizadas e modificou os paradigmas da psiquiatria brasileira e mundial, abrindo a possibilidade para que pacientes com
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transtornos mentais pudessem se expressar por meio das vias artísticas. A mostra apresenta os fatos históricos que levaram Nise a contestar os paradigmas psiquiátricos de sua época, tendo como pano de fundo a ditadura Vargas. Há textos retirados de entrevistas e depoimentos em diversas mídias. Fotografias, reproduções de manchetes de jornais e vídeos completam a ambientação da mostra. Todas as informações são somadas à seleção do acervo do Museu de Imagens do Inconsciente que reúne em si significação simbólica e apuro estético.
Carlos Pertuis - Z.Guimarães
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mostra
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Em “Nise da Silveira: caminhos de uma psiquiatra rebelde” podem ser vistas as obras do escultor Lúcio Noemann, realizadas antes e depois de ser submetido à lobotomia, comprovando a ruína da criatividade. Também as vivências do espaço, nas pinturas de Emygdio de Barros que retratam o ateliê e apreendem diferentes momentos da percepção da realidade. Surgem ainda as mandalas, que abriram as portas para a compreensão das 36 forças auto-curativas da psique; e as esculturas de Adelina Gomes, remetendo ao período neolítico.
Museu de Imagens do Inconsciente Além do reconhecimento do valor artístico do acervo pelos artistas e críticos de arte, o museu realizou mais de 100 exposições no Brasil e no exterior, dando maior ênfase ao aspecto científico da coleção. Segundo dados do museu, essas exposições atraíram público expressivo, fosse pelo fascínio das formas ou pela revelação do inconsciente. Esses conhecimentos acumulados ao longo das suas atividades têm sido transmitidos por meio de exposições, cursos, publicações e documentários audiovisuais que são regularmente apresentados nas principais universidades e centros culturais do país e do exterior.
Humanist of the mind and of the arts Nise da Silveira has broken the psychiatry paradigm in Brazil and in the world, opening the currents of freedom of expression to the patients with mental disorders by Maria Fernanda Gonçalves In an environment that seemed to be the least likely, the psychiatrist Nise da Silveira (1905 – 1999) has found the creative strength of patients with mental disorders, after offering them the opportunity to develop artistic abilities in a therapeutic way. Part of the works produced at the Engenho de Dentro Hospital, in Rio de Janeiro, and which are part of the Museum of Images of the Unconscious collection, compose the exhibition “Nise da Silveira: pathways of a rebel psychiatrist”. The curator of the exhibition, Luiz Carlos Mello, selected 296 works from more than 350,000 which are part of the Museum of Images of the Unconscious collection – canvases, paintings, woodcuts, drawings and modeling. Among the most successful collections are the creations of Carlos Pertius, Octávio Ignácio, Fernando Diniz, Isaac Liberato, Adelina Gomes, Emygdio de Barros and Raphael Domingues. The expression of each of these patients, which is object of analysis by some psychoanalysts and psychiatrists, can only be seen by the visitors of the exhibition under a humanist filter. Nise has always been against the therapeutic methods applied in psychiatric hospitals – called madhouse or asylum back then. For her, lobotomy, electroshock and insulin therapy were unthinkable. Therefore, she sought a more humanitarian alternative to treat her patients. She founded, in 1946, the section of Occupational Therapy in the former National Psychiatric Center, in Rio de Janeiro, now the Municipal Institute Nise da Silveira. The production of the painting and modeling workshops was so ample and important in the treatment and scientific study, that it originated the Museum of Images of the Unconscious, in 1952. According to museum records, the images produced in the workshops raised questions that could not be answered by the academic psychiatric education. These questions stimulated Nise in her search for knowledge and into deepening the processes that spread within those individuals, revealed through images and symbols.
The mobilizer’s work
SERVIÇO O quê: “Nise da Silveira: caminhos de uma psiquiatra rebelde” Local: Salas Frida Kahlo e Gauguin Quando: Até 25 de fevereiro de 2009
Service What: “Nise da Silveira: pathways of a rebel psychiatrist” Where: Frida Kahlo and Gauguin rooms When: Up to 02/25/2009 Patrocínio/Sponsorship:
Parceria/Partnership:
Museum of Images of the Unconscious
Besides the acknowledgment of the its artistic value by artists and art critics, the museum has performed more than 100 exhibitions around Brazil and overseas, giving higher emphasis to the scientific aspect of the collection. According to the museum data, these exhibitions attracted an expressive public, either for the fascination provided by the shapes or for the revelation of the unconscious. The knowledge accumulated throughout her activities have been transmitted through exhibitions, courses, publications and audio-visual documentaries that are regularly presented in the most important universities and cultural centers in the country and abroad.
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Isaac Liberato
Among the exhibition paintings and sculptures we can always find the voice of this great humanist, who mitigated the pain of marginalized people and changed the paradigms of the Brazilian and international psychiatry, opening the possibility for patients with mental disorders to express themselves in an artistic way. The exhibition presents historical facts that took Nise to challenge the psychiatry paradigms of her time, having the Vargas dictatorship as background. There are texts extracted from interviews and statements of several media about the subject. Photographs, reproductions of newspaper headlines and videos complete the exhibition atmosphere. All the information is added to the selection of the Museum of Images of the Unconscious collection, which gathers symbolic meaning and aesthetic refinement. In “Nise da Silveira: pathways of a rebel psychiatrist”, the public can see works of the sculptor Lúcio Noemann, created before and after being submitted to lobotomy, proving the ruin of creativity. The space experiences can also be seen in the paintings of Emygdio de Barros, portraying the workshop and apprehending different moments of the perception of reality. There are also the mandalas, opening the doors for the comprehension of self-curative forces of the psyche; and the sculptures of Adelina Gomes, remitting to the Neolithic period.
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por Omar Godoy
Sonho com
realidade
capa
Classificar os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo como “grafiteiros” é simplificar sua trajetória vitoriosa. Conhecidos como Os Gêmeos (ou osgemeos, como também gostam de assinar seus trabalhos), começaram, sim, pintando os muros de São Paulo. Mas há tempos ampliaram seu foco para outros suportes, o que os levou às galerias e museus mundo afora. Consagrados com mostras em espaços nobres como a Deitch Gallery (Nova Iorque), Museum Het Domein (na cidade holandesa de Sittard) e Galeria Fortes Villaça (São Paulo), eles agora trazem seu universo onírico para o Museu Oscar Niemeyer. “Vertigem” é sua primeira exposição individual em um grande espaço público brasileiro. Autodidatas, Osgemeos surgiram para o público em meados dos anos 80, ainda associados ao movimento hip-hop e à cultura de rua. Rapidamente, desenvolveram um estilo marcado por linhas finas e cores fortes, sem muito espaço para o branco. Adeptos da improvisação consciente, porém extremamente detalhistas, desenham inspirados nos próprios sonhos. Não à toa, adjetivos como ‘mágico’, ‘irreal’ e ‘delirante’ são comuns nas resenhas e reportagens sobre seus trabalhos. Por trás dessa aparente ingenuidade, no entanto, há um tom de crítica ao modelo socioeconômico vigente. Em suas obras, os
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Egressos do grafite, Osgemeos 39 exploram elementos tridimensionais e sensoriais em suas pinturas e instalações “São Paulo”, 2008, técnica mista sobre madeira, 2,0 m x 3,0 m “São Paulo”, 2008, mixed technique on wood, 2,0 m x 3,0 m
capa
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40 “Chuva de verão”, 2008, técnica mista sobre madeira, 2,0 m x 3,0 m “Summer rain”, 2008, mixed technique on wood, 2,0 m x 3,0 m
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irmãos expressam as dificuldades enfrentadas pelas pessoas em um sistema exigente e em constante transformação. O resultado dessa mistura de ficção com realidade é uma experiência lúdica em que elementos reconhecíveis do cotidiano interagem com idéias fantásticas. Tudo ao mesmo tempo muito brasileiro e universal. Armados com um arsenal tão vibrante, era só uma questão de tempo para que Gustavo e Otávio atraíssem os olhares estrangeiros. Não demorou muito e a dupla, nascida e criada no bairro paulista do Cambuci, passou a ser convidada a deixar sua marca registrada nas paredes de grandes cidades dos Estados Unidos, Japão, Grécia, Itália, Espanha, Suíça e Cuba. Na Escócia, chegaram a cobrir por inteiro a fachada de uma construção medieval. O passo seguinte foi dado no fim da década passada, período em que Gustavo e Otávio fizeram a transição dos muros para as galerias -- e de funcionários de escritórios para a condição definitiva de artistas em tempo integral. E quando se imaginava que os dois haviam conquistado tudo, eles evoluíram para a exploração da tridimensionalidade, na forma de instalações, pinturas-objetos, animações, etc. Até um tênis especial para a Nike eles ilustraram. Estilo brasileiro O “namoro” com a marca de calçados e roupas esportivas surgiu por intermédio do cineasta Fernando Meirelles, gênio da publicidade e responsável pelos sucessos “Cidade de Deus” e “O jardineiro fiel”. Produtor executivo do documentário “Ginga - a alma do futebol brasileiro”, patrocinado pela companhia norte-americana, Meirelles convidou Osgemeos para criar a parte gráfica do filme. Fã do estilo bem brasileiro dos irmãos, o diretor também os convocou para produzir as animações da série de televisão “Cidade dos homens”, uma coprodução entre a Rede Globo e sua empresa, a O2 Filmes. Na seqüencia, a própria Nike formalizou uma proposta para que a dupla participasse do projeto
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“Claro que ela irá ajudar a construir o muro”, 2008, técnica mista sobre madeira, 1,6 m x 2,0 m “Of course she’s gonna help build the wall”, 2008, mixed technique on wood, 1,6 m x 2,0 m
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46 “O Beija-flor”, 2008, técnica mista sobre madeira, 1,6 m x 2,0 m “The hummingbird”, 2008, técnica mista sobre madeira, 1,6 m x 2,0 m
Vertigem A exposição que Osgemeos trazem ao Museu Oscar Niemeyer, é quase toda composta por obras inéditas. São seis pinturas e três instalações que prometem surpreender o público visitante. ‘’As obras têm em comum a proposta de transformar o estilo dos nossos desenhos em algo tridimensional e que estimule os cinco sentidos”, explica Gustavo. O destaque, de acordo com ele, fica por conta das instalações. “Todas elas, de alguma forma, remetem à cabeça, ao sonho”, diz. Duas delas são esculturas de grande porte. Uma tem forma de cubo. A outra, móvel, vai ‘’passear” sobre um carro pelo espaço do museu. Mas nada deve mexer tanto com a sensibilidade dos visitantes como a instalação interativa batizada de “Os Músicos”. Primeiro experimento sonoro dos irmãos, trata-se de uma série de caixas de som, pintadas como cabeças amarelas, que formam uma espécie de coro. Dali, saem vozes e ruídos desorganizados que o público pode tentar controlar por meio de instrumentos como guitarra, contrabaixo e bateria. “Esse trabalho foi uma oportunidade de lidar com a música, uma de nossas paixões’’, revela Gustavo. Quem viver, verá. Ou melhor, tocará.
Dream with reality
Originally graffiti artists, Osgemeos (The Twins) explore tri-dimensional and sensorial elements in their paintings and installations Omar Godoy Qualifying the brothers Gustavo and Otávio Pandolfo as “graffiti artists” is simplifying their victorious journey. Known as Osgemeos (The Twins or osgemeos, as they like to sign their works), they started off – yes – painting Săo Paulo’s street walls. But it’s been quite while since they extended their focus to other media, which took them to galleries and museums around the world. Renowned for exhibitions in noble spaces such as the Deitch Gallery (New York), the Museum Het Domein (in Sittard, Holland) and the Galeria Fortes Villaça (Săo Paulo), they now bring their oneiric universe to the Oscar Niemeyer Museum. “Vertigem” (Vertigo) is their first individual exhibition in a big public Brazilian space. Autodidacts, The Twins appeared to the public around the 1980s, still associated to the hip-hop movement and to the street culture. Quickly, they developed a style marked by fine lines and strong colors, without too much space for white. Followers of the conscious improvisation, although giving extreme attention to details, they draw inspired by their own dreams. Not by chance, adjectives like “magic”, “unreal” and “delirious” are recurrent in reviews and reports on their work. Behind this apparent innocence, however, there is a tone of criticism to the current social-economical model. In their works, the brothers express the difficulties faced by people in a demanding system in constant transformation. The outcome of this mixture of fiction and reality is a playful experience in which recognizable elements of our daily lives interact with fantastic ideas, all that being very Brazilian and universal at the same time. Armed with a very vibrant arsenal, it was a matter of time for Gustavo and Otávio to attract foreign looks. It didn’t take long and the duo, born and raised in
the Săo Paulo neighborhood of Cambuci, started to receive invitations to leave their mark on the street walls of big cities in the United States, Japan, Greece, Italy, Spain, Switzerland and Cuba. In Scotland, they got to fully cover the façade of a medieval construction. The next step was taken at the end of the last decade, period in which Gustavo and Otávio made the transition from walls to galleries – and from being office employees to the definitive condition of full-time artists. And when it was thought that they had conquered everything, they evolved onto the exploitation of tri-dimensionality, in the form of installations, object-paintings, animations, etc. They even illustrated a special pair of tennis shoes for Nike.
Brazilian style
Their relationship with the sportive shoes and clothing brand started through the moviemaker Fernando Meirelles, advertisement genius and responsible for the successes “City of God” and “The constant gardner”. Executive producer of the documentary “Ginga - a alma do futebol brasileiro” (Ginga – the soul of brazilian football), sponsored by Nike, Meirelles invited The Twins to create the graphical part of the film. Fan of the brother’s truly Brazilian style, the director also summoned them to produce the animations for the TV series “Cidade dos homens” (City of men), a coproduction between Rede Globo and his company, O2 filmes. Next, Nike itself made an official proposal for the duo to take part in the project “Brazil”, a tour around seven countries to promote “Ginga”. For four months, the artists showed their works alongside with the film exhibition. In the time between trips, they were hired to design an exclusive pair of shoes, launched only in the cities reached by the tour. In visibility terms, the partnership with Nike was decisive for the consolidation of their international career.
Vertigo
The exhibition brought by The Twins to the Oscar Niemeyer Museum is almost fully composed of works never seen before. There are six paintings and three installations promising to amaze the visitors. “What the works have in common is the proposal of transforming the style of our drawings in something tri-dimensional and that stimulates our five senses”, explains Gustavo. The highlights, according to him, are the installations. “All of them remit, somehow, to the mind, to dreams”, says. Two of them are high sized sculptures, one having the shape of a cube and the other, mobile, will “promenade” over wheels throughout the museum. But nothing should touch more the visitors’ feelings than the interactive installation baptized “Os Músicos” (The Musicians). The brothers’ first sound experiment comprises a series of speakers painted like yellow heads, which form a type of quire. Unorganized voices and noises come out of there, and the public can try to control them via instruments such as electric guitars, bass and drums. “This work was an opportunity to deal with music, one of our passions”, reveals Gustavo. Come. See. Play.
SERVIÇO O quê: “Vertigem” Local: Sala Helena Wong Quando: Até 1Ode fevereiro de 2009
Service What: “Vertigo” Where: Helena Wong room When: Up to 02/01/2009 Patrocínio/Sponsorship:
Parceria/Partnership:
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“Brazil”, uma turnê por sete países com o objetivo de promover “Ginga”. Durante quatro meses, os artistas mostraram seus trabalhos paralelamente à exibição do filme. Entre uma viagem e outra, foram contratados para desenhar um tênis exclusivo, lançado apenas nas cidades por onde a turnê passou. Em termos de visibilidade, a parceria com a Nike foi decisiva para a consolidação de sua carreira internacional.
mostra
“Black power I”, c. 1970, serigrafia sobre papel, 100 cm x70 cm “Black power I”, c. 1970, silk screen printing on paper, 100 cm x70 cm
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Talento, criatividade, mistura de técnicas e de materiais inusitados são o leitmotiv da arte de Noibe Xandó. Adicionando-se originalidade, fantasia, sonhos e devaneios, ela torna-se incomparável. Quase intraduzível. Segundo o crítico José Roberto Teixeira Leite, Niobe é “tão obstinada em subverter a realidade que até criou seu próprio alfabeto, no qual escreveu mensagens que ninguém decifrou, cultivou flores, decerto carnívoras, que nenhum botânico sequer imaginou, e construiu máscaras destinadas a fitar face-a-face algum demiurgo terrível. Por isso sua arte não se prende a escolas, estilos ou modismos, nem muito menos pode ser reclamada por essa ou aquela tendência, porque pertence a todas -- e a nenhuma”.
feita de surpresas Novembro – 2008
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mostra
“Flor fantástica XII”, c. 1964, óleo sobre tela, 73 cm x 91 cm “Fantastic flower XII”, c. 1964, oil on canvas, 73 cm x 91 cm
Novembro Novembro––2008 2008
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“Geométrico LXVIII”, 1980, acrílica sobre papel, 73 cm x 53 cm “Geometric LXVIII”, 1980, acrylic on paper, 73 cm x 53 cm
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mostra
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O trabalho visionário dessa mineira, nascida em 1915, chega a Curitiba na retrospectiva “A arte de subverter as coisas II”. Com curadoria de Antonio Carlos Abdalla, as 182 obras que compõem os 13 módulos da exposição se baseiam em sua trajetória artística. Entre elas estão o Figurativismo Inicial (1947-1955), onde Niobe pinta o cotidiano, Flores Fantásticas (1956 - 1965), em que a artista retrata a natureza de forma tão próxima, que resulta na perda da identificação do objeto real; e as Máscaras (1966 – 1990), onde se percebe a influência africana e o auge do Realismo Fantástico, também representado nas Flores. Anna Maria Kieffer e Vanderlei Lucentini fizeram uma trilha especial para a exposição, que traduz em sons as criações de Xandó.
Art made of surprises Talent, creativity, mixture of techniques and unexpected materials are the leitmotif of Noibe Xandó’s art. Adding originality, fantasy, dreams and wanderings she becomes incomparable, almost untranslatable. According to critic José Roberto Teixeira Leite, Niobe is “so recalcitrant in subverting reality, that she even created her own alphabet, in which she wrote messages that no one has deciphered. She cultivated flowers, certainly carnivores, that no botanist could even imagine, and constructed masks destined to stare face to face some terrible demiurge. That’s why her art is not attached to schools, styles or currents, neither can she be reclaimed by this or that tendency, she belongs to all of them– and to none”. The visionary work of this woman from Minas Gerais, born in 1915, arrives in Curitiba in the retrospective “The art of subverting things II”. With curation of Antonio Carlos Abdalla, the 182 works compose the 13 modules that are based on her pathway. Among them are Figurativismo Inicial (Initial Representationalism – 1947 - 1955), where Niobe paints the daily life; Flores Fantásticas (Fantastic Flowers - 1956 – 1965), in which the artist portrays nature in such a close way that it results in the loss of identification of the real object; and Máscaras (Masks – 1966 – 1990), where the African influence and the peak of the Fantastic Realism can be noticed, also represented in Flowers. Ana Maria Kieffer and Vanderlei Lucentini produced a special soundtrack for the exhibition, translating Xandó’s creations into sounds.
SERVIÇO O quê: “A arte de subverter as coisas II” Local: Salas Tarsila do Amaral e Guignard Quando: até 15 de março de 2009
Service What: “The art of subverting things II” Where: Tarsila do Amaral and Guignard rooms When: Up to 03/15/2009 Patrocínio/Sponsorship:
Parceria/Partnership:
“Signos verdes”, c. 1967, óleo sobre tela, 92 cm x 127 cm “Green signs”, c. 1967, oil on canvas, 92 cm x 127 cm
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tendências
Exposição “Katalogue” compila a produção de ponta de artistas gráficos das mais diferentes nacionalidades por Omar Godoy
Tendências
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globais
Neils Alpert
organizando eventos exclusivos baseados em suas pesquisas. “Katalogue Volume XXL”, a segunda e mais recente edição, leva esse nome por trazer trabalhos “extra, extra large”. Ou seja, impressos em tamanhos grandes. E é justamente a produção dessa safra que vem ao país, com co-curadoria da grega, também radicada em Londres, Melita Skamnaki. São 80 trabalhos de mais de 30 artistas - novatos ou estabelecidos. Do japonês Motomichi Nakamura à sueca Linn Olofsdotter. Da alemã Madleen Pförtner ao britânico
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“Não é sempre que uma exposição como essa vem ao Brasil. E ainda mais em um espaço importante como o MON”. É assim que o ilustrador paulista Kako define a chegada da mostra “Katalogue”, um panorama do que há de mais inovador nas artes gráficas, ao Museu Oscar Niemeyer. Desde 2005, o alemão radicado em Londres Wilhelm Finger compila, anualmente, trabalhos de artistas, fotógrafos e designers dos quatro cantos do mundo. Atento aos sites e blogs independentes, o curador reúne essas produções em uma publicação batizada de “Katalogue”, que já conta com duas edições. Também mantém o site www.katalogue.net e viaja mundo afora
tendĂŞncias
Ranko Andjelic
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Linn-Olofsdotter
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tendĂŞncias
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Kevin Kingston. Do polonês Dominik Bulka ao outro brasileiro da exposição, Flávio de Paula. Diretor de arte formado pela Central Staint Martins College of Art & Design (Londres), Wilhelm Finger trabalhou nas indústrias da moda e da música antes de ingressar no terreno da curadoria. Atualmente, cursa um mestrado em Curadoria do Design Contemporâneo na Kingston University e desenvolve trabalhos para o Museu do Design de Londres. Melita, colega de Finger na universidade e no museu, é formada em Arte e Design na Camberwell College of Arts e Publicidade na West Thames College. Atuou como redatora e diretora de criação em grandes agências, onde foi responsável por contas de companhias como Vodafone, Mattel, TIM e KFC, entre outras. Recebeu prêmios por diversos desses trabalhos. “São duas pessoas que ‘caçam´ e compilam novidades o tempo todo, principalmente em blogs´´, diz Kako, sobre os curadores. “Existe tanta informação disponível hoje em dia e, ao mesmo tempo, estão todos tão ocupados, que esse processo de filtragem acaba sendo fundamental´´. Sobre sua participação na exposição, o ilustrador conta que se tratam de obras produzidas exclusivamente para a “Katalogue XXL”. Inspirado no Japão da Era Heian (entre 794 e 1.185 D.C.), período de renascimento da cultura naquele país, o conjunto de ilustrações tem como destaque uma princesa exuberante, vestida com um quimono de várias camadas.
Toby Neilan
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tendĂŞncias
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60 Madleen Pfortner
Kako, o curador Wilhelm Finger e o fotógrafo norte-americano Niels Alpert vieram a Curitiba durante a exposição, para participar de um bate-papo com o público no auditório do Museu Oscar Niemeyer. Foi um encontro imperdível para quem se interessa por artes gráficas e novas tecnologias.
Global tendencies The exhibition “Katalogue” compiles the top production of graphic artists of several nationalities Omar Godoy “It’s not every day that an exhibition like this comes to Brazil. Not to mention to such an important space like MON”. That’s how the Săo Paulo illustrator Kako defines the arrival of the exhibition “Katalogue”, a panorama of what is the newest in graphical art, to the Oscar Niemeyer Museum. Since 2005, the German established in London, Wilhelm Finger, compiles annually the works of artists, photographers and designers of the four corners of the world. Attentive to independent websites and blogs, the curator gathers these productions in a publication baptized “Katalogue”, which is already on its second edition. He also maintains the website www.katalogue.net and travels around the world organizing exclusive events based on his researches. “Katalogue Volume XXL”, the second and latest edition, received this name because it brings “extra, extra large” works, i.e. big sized prints. It is the production of this very selection that comes to the country, having Melita Skamnaki, Greek also established in London, as co-curator. There are 80 works of more than 30 artists – beginners or renowned. From the Japanese Motomichi Nakamura to the Swedish Linn Olofsdotter; from the German Madleen Pförtner to the British Kevin Kingston; or from the Polish Dominik Bulka to the other Brazilian in the exhibition, Flávio de Paula. Art director graduated in the Central Staint Martins College of Art & Design (London), Wilhelm Finger worked in the fashion and music industries before entering the curating domain. Currently, he is doing a master’s degree in Curating
Participating artists
SERVIÇO O quê: “Katalogue” Local: Torre da Fotografia Quando: De 25 de outubro de 2008a 11 de janeiro de 2009
Service What: “Katalogue” Where: Photography Tower When: From 10/25/2008 up to 01/11/2009 Parceria/Partnership:
Kevin Kingston (Inglaterra/Great Britain) PCP (JapãoJjapan) Michael Mann (Alemanha/Germany) Ryan McClelland (Inglaterra/Great Britain) Motomichi (EUA/USA) Toby Neilan (Inglaterra/Great Britain) Karolina Novak (Australiana/Australia) Linn Olofsdotter (EUA/USA) Flávio de Paula (Brasil/Brazil) Madleen Pförtner (Alemanha/Germany) Madoka Sakamoto (Japão/Japan) Philip Ullrich (Alemanha/Germany) Cityabyss (Inglaterra/Great Britain) Fiodor Sumkin (Holanda/Holland) Eric Sin (EUA/USA) Fuco Ueda (Japão/Japan) **** Países onde os artistas estão radicados atualmente. Dominc Bulka
**** Countries where the artists are currently established.
ARTISTAS PARTICIPANTES
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**** Teis Albers (Holanda/Holland)**** Kirsty Allison (Inglaterra/Great Britain) Niels Alpert (EUA/USA) Ranko Andjelic (Inglaterra/Great Britain) Craig Atkinson (Inglaterra//Great Britain) Dani Bembibre (Espanha/Spain) Tweak (Inglaterra/Great Britain) Dominik Bulka (Polônia/Poland) Marie Brianso (França/France) Alexander Egger (Áustria/Austria) Ellen van Engelen (Bélgica/Belgium) Mariline Fiori (França/France) Matt Furie (EUA/USA) Bang (Lituânia/Lithuania) Yuval Hen (Inglaterra/Great Britain) Ordinarymary (Dinamarca/Denmark) Kako (Brasil/Brazil) Bruna Kazinoti (Croácia/Croatia) Thomas Keeley (EUA/USA)
Contemporary Design in the Kingston University and develops works for the Design Museum, in London. Melita, Finger’s classmate in the university and co-worker in the museum, is graduated in Art and Design in the Camberwell College of Arts and in Advertising in the West Thames College. She acted as a copywriter and art director in big agencies where she was responsible for the account of companies like Vodafone, Mattel, TIM and KFC, among others. She received awards for several of these works. “They are two people who ‘hunt’ and compile the newest all the time, especially in blogs”, says Kako about the curators. “There is so much information available nowadays, and at the same time everyone is so busy, that this filtering process ends up being essential”. About his participation in the exhibition, the illustrator says that the works were produced specifically for “Katalogue XXL”. The highlight of his illustrations, inspired by the Heian period (794 – 1185 A.D.) in Japan, time of the rebirth of culture in the country, is an exuberant princess dressed with a kimono with several layers. Kako, the curator Wilhelm Finger and the American photographer Niels Alpert came to Curitiba during the exhibition to take part in a chat with the public in the Oscar Niemeyer Museum auditorium. It was a meeting not to be missed by those interested in graphic arts and new technologies.
em foco
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62 “Dois jovens”, década de 30, coleção particular “Two youngsters”, 1930’s, private collection
Yolanda Mohalyi
Yolanda Mohalyi não se lembrava de ter rabiscado nada quando criança. Notava que gostava mesmo era de folhear livros embaixo do enorme piano da família, em Kolozsvar, na Hungria. E era na música que encontrava inspiração e consolo. O talento para as artes plásticas também estava lá. Latente. Aos 18 anos, em 1927, vai estudar na Academia Real de Budapeste. Sua obra, nesse período entre-guerras, privilegia a figura humana e está ligada fortemente ao expressionismo alemão. Em 1931, imigra para o Brasil. Em extratos de um depoimento sem data, proveniente de doação de seu espólio, depositado no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, ela afirma: “Senti um impacto fortíssimo, chegando ao Brasil: era um planeta desconhecido, de cores deslumbrantes, terra virgem, com seu povo poético e hospitaleiro; tudo isso teve muita influência temática e espiritual sobre a minha pintura. A cidade de São Paulo parecia uma grande aldeia, com o Martinelli, o único arranha-céu, no meio. Não existiam galerias de arte (só comerciais que importavam e vendiam, na maioria, cópias de quadros acadêmicos). Mas, lentamente, descobri grandes artistas e intelectuais, que não eram poucos”. Um dos artistas que teve grande influência sobre Yolanda foi Lasar Segall. A relação com a poética segalliana se dá na forma e nos temas, especialmente na preocupação em retratar a condição humana. “Minha admiração pela obra de Segall era total. Senti uma emoção e afinidade
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Retrospectiva cobre o fazer artístico de
Retrospectiva apresenta 76 obras, entre desenhos, aquarelas, guaches e gravuras, da artista plástica Yolanda Mohalyi (1909-1978)
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Novembro Novembro –– 2008 2008
em foco
profunda com o expressionismo místico-humano dos seus trabalhos. Sua aluna Lucy Citti Ferreira, de talento admirável, ficou muito amiga minha e, assim, o contato com Segall continuou. Como acontece com todos os artistas jovens, sejam Picasso ou Portinari, sofri a influência do mestre espiritual”, afirmou. Para Maria Alice Milliet, curadora da exposição e diretora técnica da Fundação Nemirovsky, Segall e Yolanda tinham pontos em comum, como o fato de serem imigrantes e ambos trabalharem temas sociais e os desastres da guerra. Em 1935, começa a lecionar pintura e desenho, naturaliza-se brasileira e participa do Grupo 7, ao lado de Victor Brecheret, Antônio Gomide, Rino Levi, Elisabeth Nobiling e Regina e John Graz. Yolanda integrou quase todos os Salões de São Paulo, obtendo, já em 1936, Medalha de Ouro no Salão Paulista de Belas Artes. Em meados da década 50, a pintura de Yolanda registra gradativa passagem para a abstração informal. “Senti dentro de mim uma mudança, uma transição. A figura humana me interessou como forma, comecei a abstrair, a restringir a cor, sem querer abandonar a figuração... Não foi fácil criar uma outra realidade. Os primeiros “ensaios” foram composições de formas quadradasretangulares, com cores sóbrias, escuras, criando espaços e perspectivas. Depois, vieram as pesquisas com texturas: usei serragem, areia e colagem em trabalhos já com formas mais livres, informais. Se antes me colocava diante da natureza, para interpretá-la, agora sentia que era uma parte dessa natureza, criando um mundo, uma realidade em si e minha”, destaca em outro excerto do texto proveniente de seu espólio. Sua carreira deslanchou a partir do prêmio de melhor pintor nacional obtido na Bienal de 1963. Depois disso, ela firmou-se como pintora. Nas décadas de 1960/70 vieram o reconhecimento de crítica e também comercial. “Sucederamse os convites para expor no exterior, em muitos casos com apoio oficial do Itamaraty, como nas coletivas de arte brasileira apresentadas em Munique, Ulm, Berlim, Roma, Tel Aviv e Lima. Participou ainda da I Bienal Sulamericana de Bogotá e da exposição comemorativa do IV Centenário do Rio de Janeiro, da
A condição humana, o sofrimento injusto da gente pobre, humilde, doente, resignada, grata por um gesto de carinho, solidariedade, sempre me tocou e revoltou. Yolanda Mohalyi
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“A batalha (série memórias)”, sem data, coleção particular “The battle”, sem data, private collection
“The human condition, the unfair suffering of poor, humble, sick, resigned and grateful people for a gesture of care or solidarity has always touched and revolted me.” Yolanda Mohalyi
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66 “Casal em estado de graça”, década de 30, coleção particular “Couple in a state of Grace”, 1930’s, private collection
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“Sem título”, 1964, coleção Fulvia Leirner “Untitled”, 1964, Fulvia Leirner’s collection
em foco
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68 “Composição em vermelho e azul”, década de 60, coleção particular “Red and blue composition”, 1960’s, private collection
Retrospective covers the artistic work of Yolanda Mohalyi Retrospective presents 76 works, including drawings, watercolors, gouaches and prints of the plastic artist Yolanda Mohalyi (1909-1978) Yolanda Mohalyi doesn’t remember to have scratched in her childhood. She noticed that what she really liked was to browse books under her family’s huge piano, in Kolozsvar, Hungary. It was in music that she found inspiration and comfort. Her talent wiht plastic arts was also there, latent. At the age of 18, in 1927, she goes to Budapest to study in the Royal Academy. Her work, in this period between wars, privileged the human figure and is strongly connected to the German expressionism. In 1931, she immigrates to Brazil. In extracts from an undated statement, proceeding from a donation from her estate, and located in the Institute for Brazilians Studies of the University of Săo Paulo, she says: “I felt a very strong impact when I arrived in Brazil: it was an unknown planet, of stunning colors, virgin land, with its poetic and welcoming people; all that had a lot of thematic and spiritual influence on my painting. The city of Săo Paulo seemed like a big village, with Martinelli, the only skyscraper, in the middle. There were no art galleries (only commercial ones, importing and selling mostly copies of academic paintings). But, little by little, I found great artists and intellectuals, and they weren’t few”. One of the artists who had a big influence on Yolanda was Lasar Segall. The relationship with the segallian poetic manifests on shapes and themes, and especially on the concern of portraying the human condition. “My admiration for Segall’s work was enormous. I got touched by and felt a deep affinity with the mystic-human expressionism of his works. His student, Lucy Citti Ferreira, of admirable talent, became a great friend of mine and, thus, the connection with
Segall continued. As it happens to all young artists, no matter if they are Picasso or Portinari, I suffered the influence of the spiritual master”, affirmed. For Maria Alice Milliet, curator of the exhibition and technical director of the Fundaçăo Nemirovsky, Segall and Yolanda had things in common, like the fact of being immigrants and that both of them worked with social themes and the war disasters. In 1935, she starts to teach painting and drawing, is naturalized Brazilian and participates of the Group of 7, with Victor Brechert, Antônio Gomide, Rino Levi, Elisabeth Nobiling and Regina and John Graz. Yolanda took part in almost every Salon in Săo Paulo and received in 1936, the Gold Medal in the Săo Paulo Salon of Fine Arts. In the middle of the 1950s, Yolanda’s painting registers the progressive transition onto the informal abstraction. “I felt a change, a transition inside of me. The human figure interested me as a shape; I started to abstract, to restrain color, without the intention of abandoning the figuration… It was not easy to create another reality. The first ‘tests’ were compositions of square-rectangular shapes, with sober, dark colors creating spaces and perspectives. The researches with textures followed: I used sawdust, sand and collage in works with more informal and free shapes. If before I faced nature to interpret it, now I felt like I was a part of nature, creating a world, a reality that was mine”, highlights in another extract from the text proceeding from her estate. Her career took off when she received the award for the best national painter in the 1963 Biennial. After that, she got established as painter. In the 1960s and 1970s, the critic and commercial acknowledgments arose. “Invitations to exhibit overseas followed, in many cases with the official support from the Itamaraty, like in the Brazilian art collectives presented in Munich, Ulm, Berlin, Rome, Tel Aviv and Lima. She also participated in the I South-American Biennial of Bogota, in the exhibition celebrating the 400th anniversary of Rio de Janeiro and in the VIII and IX Biennials of Săo Paulo. In 1966, she was beneficiated by the efforts of the Brazilian Ministry of Foreign Relations to promote national artists: she had three paintings included in a lot of fifty works bought in the VIII Biennial for the decoration of Brazilian embassies. She closed the decade with individual exhibitions in the gallery Mer-Kup, in Mexico City, in the galleries Cosme Velho, Bonfiglioli and Documenta, in Săo Paulo and at Banco Lar Brasileiro, in Campinas”, says the curator Maria Alice Milliet. In the 1970s, she exhibited in Washington and in New York. She retook her research of colors crossed by light. Her latest paintings suggest such a subtle harmony, that some critics refer to her art as musical or cosmic. For the visitors of the exhibition “Yolanda Mohalyi: in the time of biennials”- on show from the 8th of November until the 1st of February, 2009 - to understand the artist’s production, the exhibition was divided chronologically in two segments: Figuration, that covers the 1930s, 40s and 50s; and Abstraction, covering the 60s and 70s. There are 76 works, including paintings and works on paper (drawings, watercolors, gouaches, prints) of several collections, including those of Roberto Marinho, Itaú and MAC USP.
SERVIÇO O quê: “Yolanda Mohalyi: no tempo das Bienais” Local: Sala Rembrandt Quando: De 8 de novembro de 2008 a 1O de fevereiro de 2009
Service What: “Yolanda Mohalyi: in the time of biennials” Where: Rembrandt room When: From 11/08/2008 up to 02/01/2009 Patrocínio/Sponsorship:
Parceria/Partnership:
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VIII e IX Bienais de São Paulo. Em 1966, beneficiou-se do empenho do Ministério das Relações Exteriores em promover os artistas nacionais: teve três telas incluídas num lote de cinqüenta trabalhos comprados na VIII Bienal e destinados à ornamentação das embaixadas brasileiras. Encerrou a década com individuais na Galeria MerKup, na Cidade do México, nas galerias Cosme Velho, Bonfiglioli e Documenta, em São Paulo, e no Banco Lar Brasileiro de Campinas”, conta a curadora Maria Alice Milliet. Na década de 1970, expõe em Washington e em Nova Iorque. Retoma a pesquisa sobre as cores atravessadas pela luz. Suas últimas telas sugerem uma harmonia tão sutil que alguns críticos referem-se à sua arte como musical, outros, como cósmica. Para que o visitante da exposição “Yolanda Mohalyi: no tempo das bienais”, em exibição de 8 de novembro a 1º de fevereiro de 2009, compreenda a produção da artista, a mostra foi dividida cronologicamente em dois grandes segmentos. Figuração, que cobre as décadas de 1930, 40, 50; e Abstração, décadas de 60, 70. São 76 obras, incluindo telas e obras sobre papel (desenhos, aquarelas, guaches, gravuras), de diversas coleções, entre elas Roberto Marinho, Itaú e MAC USP.
coletiva
Pioneira do expressionismo
Alemão Becker e os Mostra “Paula Modersohn-
artistas de Worpswede” reúne 62 trabalhos sobre papel, 19 fotografias e 3 vitr ines com livros Novembro – 2008
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Novembro – 2008
Influenciada pelo impressionismo francês, a artista Paula Modersohn-Becker (1876-1907) foi pioneira da arte expressionista alemã, pontuando o movimento com uma visão mais feminina. Sua produção artística é composta por 700 pinturas, 13 gravuras e mais de mil desenhos, a maior parte auto-retratos e registros dos camponeses e das paisagens de Worpswede, um pequeno vilarejo a 20 quilômetros de Bremen, no norte da Alemanha, onde se instalaram jovens artistas levados pelo ideal romântico da natureza. A comunidade de Worpswede foi fundada em 1889 e virou referência na virada do século passado, atraindo a atenção de intelectuais como o poeta Rainer Maria Rilke (1875-1926). Paula Modersohn ingressou na comunidade em 1898, aos 23 anos. Mas, ao contrário dos demais artistas do vilarejo, optou por não apenas pintar paisagens ao ar livre, tomando um caminho mais radical rumo à era moderna. Em suas obras, a natureza é um elemento secundário que cede lugar a uma figura humana em primeiro plano, numa clara demonstração de que o foco da artista era buscar a essência interior dos seus personagens. Paula se diferenciou também nos auto-retratos, optando pelo nu, uma ousadia para a época. Parte das obras que marcaram a fase ‘worpswediana’ da artista poderá ser vista, a partir do dia 13 de dezembro, na mostra “Paula Modersohn-Becker e os Artistas de Worpswede: Desenhos e Gravuras (1895-1906)”. A exposição faz parte do Kulturfest - festival organizado pelo Goethe-Institut, que trouxe ao Brasil obras do Instituto de relações Culturais com o Exterior de Stuttgart. A mostra esteve em mais de vinte países nos últimos dez anos. No Brasil, já passou por São Paulo, onde foi exposta no MASP. Depois de Curitiba, passará por Porto Alegre e Brasília, para em seguida continuar sua trajetória pela América Latina. 71 A coletiva reúne 62 trabalhos sobre papel, 19 fotografias e 3 vitrines com livros, selecionados por Wulf Herzogenrath. São obras
coletiva
produzidas por Paula e pelos artistas que fundaram Worpswede: Otto Modersohn, marido de Paula, Fritz Overbeck, Fritz Mackensen, Hans am Ende e Heinrich Vogeler, conhecido por seus trabalhos em água-forte. Vogeler foi ilustrador para as revistas do movimento Jugendstil (“Pan”, “Simplicissimus” e “Die Jugend”), publicadas na Alemanha desde meados dos anos 1890. As melhores editoras da Alemanha encomendavam-lhe a decoração artística de publicações de autores conhecidos, como Rilke, Jacobsen, Flaubert, Wilde e Goethe. A obra de Hugo von Hofmannsthal, “Der Kaiser und die Hexe” (O imperador e a bruxa), ilustrada por Vogeler, é considerada um dos mais belos livros do Jugendstil. Na exposição em Curitiba, o público poderá ver o portfólio “A primavera”, de autoria de Heinrich Vogeler. “As criações, inclusive a capa, são belos exemplos do poder de criatividade do artista e de sua forte ligação com o Jugendstil”, comenta a diretora do Goethe-Institut Curitiba, Claudia Roemmelt Jahnel. Mas o principal destaque da mostra é, certamente, Paula Modersohn-Becker. Filha de uma família burguesa, Paula é a terceira de sete filhos. Mudou-se com a família para Bremen em 1888. Em 1892, aos 16 anos de idade, teve sua primeira aula de desenho, na Escola de Artes de Londres. Por influência do pai, freqüentou o Curso Normal para a formação como professora, mas aos 20 anos decidiu dedicar-se à carreira artística, ingressando na Verein der Berliner Künstlerinnen (Sociedade de artistas de Berlim). Além de Berlim, Paula freqüentou cursos em Paris. Foi nas diversas visitas que fez aos museus dessas duas metrópolis, que deixou-se seduzir pelas obras de Dürer, Van Gogh, Gauguin e Jean-François Millet, artista que retratou cenas comoventes da vida camponesa e que, junto com Cézanne, viria a ter forte influência sobre o trabalho de Paula. Para surpresa de todos, Paula Modersohn-Becker previa morrer cedo. “Viver longamente nunca foi sinônimo de saciedade”, repetia. De fato, em 1907, aos 31 anos, faleceu vítima de uma embolia cardíaca. Três semanas antes, realizou seu sonho de ser mãe ao dar a luz a uma menina. A artista não teve reconhecimento artístico em vida. Hoje, no entanto, é festejada como pioneira da arte expressionista alemã e seu nome aparece ao lado dos grandes artistas modernos do início do século 20.
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Pioneer of the German expressionism
The exhibition “Paula Modersohn-Becker and the Worpswede Artists” gathers 62 works on paper, 19 photographs and 3 windows with books Influenced by the French impressionism, the artist Paula Modersohn-Becker (1876-1907) was a pioneer in the German expressionist art, giving the movement a more feminine point of view. Her artistic production is composed of 700 paintings, 13 prints and more than a thousand drawings, the biggest part being self-portraits and records of the landscape and the peasants of Worpswede, a small village 20 km from Bremen, in the north of Germany. There, young artists have set residence, carried away by the romantic ideal of nature. The community of Worpswede was founded in 1889 and became a reference at the end of last century, attracting the attention of intellectuals like the poet Rainer Maria Rilke (1875-1926). Paula Modersohn entered the community in 1898, at the age of 23. However, differently from the other artists in the village, she chose not to paint exclusively outdoor landscapes, taking a more radical pathway towards the modern era. In her works, nature is a secondary element that gives place to a human figure in first plan, in a clear demonstration that the artist’s focus was to seek the interior essence of her characters. Paula also differed in her self-portraits, choosing the nude thematic, rather daring at the time. Part of the works that marked the artist’s “worpswedian” phase will be shown, from the 13th of December, in the exhibition “Paula Modersohn-Becker and the Worpswede Artists: Drawings and Prints (1895-1906)”. The exhibition is part of the Kulturfest, festival organized by the Goethe-Institut, which brought to Brazil works of the Institute for Foreign Cultural Relations of Stuttgart. The exhibition visited more than twenty countries in the last ten years. In Brazil, it has been to Săo Paulo, where it was presented at MASP. After Curitiba, it will follow to Porto Alegre and Brasília, continuing its tour around Latin America after that. The collective gathers 62 works on paper, 19 photographs and 3 windows with books, all selected by Wulf Herzogenrath. They are works produced by Paula and by the artists who founded Worpswede: Otto Modersohn, Paula’s husband, Fritz Overbeck, Firtz Mackensen, Hans am Ende and Heinrich Vogeler, known for his works in etching. Vogeler was an illustrator for the magazines of the Jugendstil movement (“Pan”, “Simplissimus” and “Die Jugend”), published in Germany since the middle of the 1890s. The best publishers in Germany ordered from him the artistic decoration of publications of well known artists like Rilke, Jacobsen, Flaubert, Wilde and Goethe. Hugo von Mofmannsthal’s work, “Der Kaiser und die Hexe” (The Emperor and the Witch), illustrated by Vogeler, is considered one of the most beautiful books of the Jugendstil. In the exhibition in Curitiba, the public will be able to see the portfolio “A Primavera” (Spring), by Heinrich Vogeler. “The creative art, including the cover, is a good example of the artist’s creative capability and of his strong connection with the Jugendstil”, comments the director of the Goethe-Institut Curitiba, Claudia Roemmelt Jahnel. But the biggest highlight of the exhibition certainly is Paula Modersohn-Becker. Daughter of a bourgeoisie family, Paula is the third of seven children. She moved into Bremen with her family in 1888. In 1892, at 16, she attended her first drawing class at the School of Arts in London. Influenced by her father, she attended the Normal Course to graduate as a teacher, but at the age of 20 she decided to dedicate herself to the artistic career, entering the Verein der Berliner Künstlerinnen (Society of Berlin Female Artists). Besides Berlin, Paula attended courses in Paris. It was by visiting museums in these two metropolises that she was seduced by the works of Dürer, Van Gogh, Gauguin and Jean-François Millet, artist who portrayed touching scenes of the peasant life and, along with Cézanne, would have strong influence over Paula’s work. For everyone’s surprise, Paula Modersohn-Becker foresaw an early death. “Living long was never a synonym of satiation”, she repeated. Indeed, in 1907, at the age of 31, she died victim of a heart embolism. Three weeks earlier, she fulfilled her dream of becoming a mother, when she gave birth to a girl. The artist did not have artistic acknowledgement in life. Nowadays, however, she is celebrated as a pioneer of the German expressionist art and her name appears side by side with the great modern artists of the beginning of the twentieth century.
SERVIÇO O quê: “Paula Modersohn-Becker e os artistas de Worpwede” Local: Sala Guido Viaro Quando: De 13 de dezembro de 2008 a 8 de fevereiro de 2009
Service What: “Paula Modersohn-Becker and the Worpswede Artists” Where: Guido Viaro room When: From 12/13/08 up to 02/08/2009
Parceria/Partnership:
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Patrocínio/Sponsorship:
acontece
Maristela Quarenghi de Melo e Silva e os gêmeos Gustavo e Otávio Pandolfo
Os gêmeos Gustávio e Otávio na abertura de "Vertigem"
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Geral da exposição da exposição "Vertigem"
quem
Kochi Kawasaki e Hiro Kai
Palminor Rodrigues e família
Josué Demarche e a curadora Liliana Cabral na abertura de "Demarche; 30 anos de pintura"
quandoonde
Luis Carlos Mello na abertura da exposição Nise da Silveira
Paulo Herkenhoff e Enio Ferreira na exposição "Poética da pecepção"
O artista plástico João Osório Brzezinski visita "Demarche: 30 anos de pintura" Demarche
Geral da exposição de Nise da Silveira
Estudante visita "Poética da Percepção"
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Ario Taborda Dergint na exposição de Josué Demarche
acontece
quem
Gisele Kryzanowski e família em visita ao Museu Oscar Niemeyer
O ilustrador Kako em frente a sua obra em exposição na mostra "Kataloge"
Rodrigo Reolon e Renata Alcântara na abertura de "Katalogue"
O arquiteto Luiz Maingue na mostra "Katalogue"
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76 O fotógrafo americano Niels Alpert em frente a sua obra na exposição "Katalogue"
Vista geral da exposição Katalogue
quandoonde
Maristela Quarenghi de Melo e Silva, Lourdes Xandó e Antonio Carlos Abdalla na abertura da retrosectiva de Niobe Xandó
Joeli e Riva Pinheiro prestigiam a abertura da mostra sobre Niobe Xandó
Visita guiada à exposição de Iberê Camargo com a curadora Monica Zielinki
A galerista Zilda Fraletti Rubo participa da visita guiada à exposição de Iberê Camargo
Mônica Zielinky curadora da mostra Iberê Camargo, Maristela Quarenghi de Melo e Silva e Fabio Coutinho, superintendente Cultural da Fundação Iberê Camargo
Vera Coimbra ao lado de Barbara e Jürgen Bartzsch
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por dentro do museu
A arquitetura de Niemeyer
como cenário
As linhas retas. Os espaços vazios. O concreto armado. A harmonia das formas curvas e assimétricas. Tudo amplia as possibilidades de utilização dos espaços do Museu Oscar Niemeyer para a realização de exposições. Com 35 mil metros quadrados de área construída e quase 17 mil metros quadrados com potencial expositivo, o Museu também reserva diversas áreas para eventos. A história do Museu começou em 2002, quando o prédio principal, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer na década de 1960, deixou de ser sede de secretarias de Estado para se transformar em museu. O prédio, antes chamado de Edifício Presidente Humberto Castelo Branco, passou por adaptações e ganhou um novo anexo, conhecido como Olho, também projetado por Niemeyer e inspirado nas araucárias paranaenses. A instituição possui nove salas de exposição, divididas em mais de 5 mil metros quadrados, além do espaço Niemeyer, do pátio das Esculturas e do Olho, que abriga o salão principal, com área expositiva de 1.708,14 m2, e a Torre da Fotografia (com 3 salas, cada uma com 84 m2). O museu oferece ainda aos seus visitantes um espaço para a arte-educação, um café e uma livraria. De 2003 a junho de 2008, o Museu realizou mais de 132 mostras nacionais, internacionais e itinerantes. A instituição recebeu quase 750 mil visitantes no mesmo período. Espaços para eventos Auditório (484,15 m2) Com capacidade para 372 pessoas sentadas, conta com toda a infraestrutura de áudio visual: microfone, microfone sem fio, tela de projeção digital, data show, som ambiente, sistema de iluminação, entrada para vídeo cassete e DVD Player. A entrada é feita pelo piso térreo do prédio principal.
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Salão de Eventos (802,50 m2) Com capacidade para 500 pessoas sentadas, possui infra-estrutura para montagem de buffet e cozinha em ambiente fechado. Como apoio, também pode ser utilizada a ampla área externa, adjacente ao salão, que tem as laterais abertas. O Salão de Eventos está localizado no piso térreo do prédio principal, imediatamente atrás da entrada do Museu, com acesso independente da área interna da instituição.
The straight lines, empty spaces, reinforced concrete and the harmony of curved and asymmetrical shapes. All that expands the possibilities of use of the Oscar Niemeyer Museum spaces for exhibitions. Counting on 35,000 square meters of built area and almost 17,000 square meters destined to exhibitions, the Museum also has several areas for events. The Museum’s history goes back to 2002, when the main building, designed by the architect Oscar Niemeyer in the 1960s, went from being the State headquarters to becoming a museum. The building, previously named Edifício Presidente Humberto Castelo Branco, went through refurbishments and gained an annex, known as the Eye, also designed by Niemeyer and inspired on the Parana Pines (Araucaria angustifolia). The institution has nine exhibition rooms – spread throughout more than 5,000 square meters – besides the Niemeyer space, the Sculptures Hall, the Eye, which houses the main hall and has an exhibition are of 1,708.14 m2, and the
Photography Tower, counting on 3 rooms of 84m2 each. The Museum also offers to visitors an area for art/education, a café and a bookstore. From 2003 to June 2008, the Museum performed more than 132 national, international and itinerant exhibitions. The institution received almost 750 thousand visitors during that same period.
Areas for events:
Auditorium (484.15 m 2) With capacity for 372 seated people, the auditorium counts on a comprehensive audio-visual infra-structure: microphone, wireless microphone, digital projection screen, projector, ambient sound, lighting system, VHS and DVD inputs. The entrance is on the ground floor of the main building. Events Hall (802.50 m2) With capacity for 500 seated people, this space has the necessary infrastructure for mounting a buffet and a kitchen in a closed room. As a support, the wide external area adjacent to the room with open sides may be used. The Events Hall is located on the ground floor of the main building, immediately behind the entrance of the Museum, with independent access from the internal area of the institution.
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Niemeyer’s architecture as scenery
AQUISIÇÕES A construção de um acervo
acervo de valor inestimável Programa de aquisições de obras para o Museu tem o objetivo de oferecer à comunidade obras referenciais da produção artística nacional. Hoje mais de 1850 obras integram o acervo da instituição
“O acervo é o lastro de um museu. É o que permanece quando todas as mostras partiram. É a moeda de troca. É o legado deixado à comunidade na qualidade de documento vivo da capacidade expressiva de um determinado povo”, afirma a presidente do Museu Oscar Niemeyer, Maristela Quarenghi de Melo e Silva. Com a prática alinhada a esta filosofia, a atual direção do museu Oscar Niemeyer começou um programa de aquisições rigorosamente coerente com seu projeto curatorial, e que busca intensamente a formação de um acervo representativo. O projeto contempla obras produzidas dentro dos marcos do período moderno até a contemporaneidade. “No entanto, dada a dificuldade de contemplar igualmente parcelas significativas do muito que foi e vem sendo produzido em nosso País, o Museu Oscar Niemeyer optou por destacar a excepcional contribuição que os artistas paranaenses, ou aqui radicados, vêm dando ao cenário artístico nacional sob a forma de aquisições de algumas de suas melhores obras. Ao mesmo tempo, entendendo que o compromisso de ampliação do acervo deve também atingir os melhores artistas brasileiros, deles buscando obras referenciais”, explica Maristela. Segundo a presidente do MON, é importante salientar que o programa de aquisições que alimenta o acervo, suprindo suas lacunas, ampliando o número e a qualidade das obras referenciais, conjuga-se com um projeto curatorial consistente, além de um serviço educativo compatível com os altos propósitos da instituição. Novembro Novembro––2008 2008
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Arcangelo Ianelli, “Sem título”, 2000, óleo sobre tela, 200 cm x 160 cm Arcangelo Ianelli, “Untitled”, 2000, oil on canvas, 200 cm x 160 cm
Uma leitura do Acervo As obras mais repr
esentativas do Acervo do que hoje é composto por mais de 1850 peça Museu Oscar Niemeyer, s, entre esculturas, pinturas, desenhos, fotografias e objetos, ganham expo sição no Salão Principal da instituição, o Olho. Com curadoria de Olívio Tavares de Araújo, a mostra “Uma leitura do Acervo” apresenta 145 obras de do recorte curatorial obras de Alfredo And 25 artistas. Fazem parte ersen, Alfredo Ceschiatti, Arcângelo Ianelli, Cícero Dias, Antonio Parr eiras, Di Cavalvanti, Franco, Andy Wharol, entre outros. Até 9 de março de 2009.
Museum’s permanent collection
The most representative works from the Museum Oscar Niemeyer’s permanent collection, which today cons ists of more than 1850 pieces, from sculptures, paintings, draw ings, photographs and objects, gain exposure in the main hall of the institution, the Eye. With curatorship by Olívio Tavares de Araújo, the exhibit “Uma leitura do Acervo” features 145 works by 25 artists. It includes works by Alfredo Andersen, Ceschiatt i Alfredo, Arcangelo Ianelli, Cicero Dias, Antonio Parreiras, Cavalvant i Di, Sironi Franco and Andy Wharol, among others. Up to Marc h 9th, 2009.
“Com essas medidas, buscamos garantir à sociedade paranaense, em especial para os jovens em formação, um legado inestimável para seu fortalecimento intelectual e espiritual”, destaca Maristela. O Museu Oscar Niemeyer tem ampliado consideravelmente seu acervo de uma política de aquisições implementada pelos meios proporcionados pela Lei Rouanet, por recursos próprios, por parcerias diretas com artistas e instituições. Hoje o acervo da instituição reúne aproximadamente 1850 obras entre esculturas, pinturas, desenhos, fotografias, objetos. Entre suas últimas aquisições encontram-se obras de: Alfredo Andersen, Alfredo Ceschiatti, Arcângelo Ianelli, Carlos Colombino, Cícero Dias, Daniel Senise, Djanira da Motta e Silva, Emanoel Araújo, Emiliano Di Cavalcanti, Francisco Faria Franz Weissmann, Iberê Camargo, José Pancetti, Miguel Bakun, Oscar Niemeyer, Siron Franco e Vicente do Rego Monteiro.
The raise of a priceless collection The Museum’s program of acquisition of works aims to offer the community referential works from the national artistic production. Today, the institution’s collection comprises more than 1,850 works.
“The collection is the support of every museum. It is what remains when all the exhibitions are gone. It is the museum’s true currency. It is the legacy left for the community in the quality of living documentation of the expressive capacity of a certain people”, states the Oscar Niemeyer Museum president, Maristela Quarenghi de Melo e Silva.
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Emiliano Di Cavalcanti, “Mulher com flores e cachorro’, 1935, aquarela sobre papel, 18 cm x 14,5 cm Emiliano Di Cavalcanti, “Woman with dog and flowers”, 1935, watercolor on paper, 18 cm x 14,5 cm
acervo
With practice aligned with this philosophy, the current board of directors of the Oscar Niemeyer Museum began an acquisition program strictly coherent with its curatorial project, and intensely seeks the formation of a representative collection. The project contemplates works produced throughout the milestones of the modern and contemporary periods. “However, given the difficulty to equally contemplate significant parts of the vast amount of works that have been produced in our country, the Oscar Niemeyer Museum chose to reward the
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Iberê Camargo, “Vitrina”, 1987, óleo sobre tela, 78,5 cm x 55 cm Iberê Camargo, “Showcase”, 1987, oil on canvas, 78,5 cm x 55 cm
exceptional contribution that the artists of Paraná, or based here, have been giving to the national artistic scene, by acquiring some of their best works. At the same time, we understand that the commitment to the increase of the collection should also reach the best Brazilian artists, seeking referential works from them”, explains Maristela. According to the Museum’s president, it is important to highlight that the acquisitions program that feeds the collection, filling its blanks, increasing the amount and quality of referential works, configures a consistent curatorial project, besides being an educational service compatible with the institution’s significant purposes. “With these measures, we seek to guarantee an invaluable legacy for the society in Paraná, in special for youngsters still studying, for their intellectual and spiritual strengthening”, points out Maristela. The Oscar Niemeyer Museum has considerably increased its collection through an acquisition policy implemented by means of the Rouanet Law, own resources and direct partnerships with artists and institutions. Today, the institution’s collection gathers approximately 1,850 works among sculptures, paintings, drawings, photographs and objects. Among the last acquisitions, we can find works of: Alfredo Andersen, Alfredo Ceschiatti, Arcângelo Ianelli, Carlos Colombino, Cícero Dias, Daniel Senise, Djanira da Motta e Silva, Emanoel Araújo, Emiliano Di Cavalcanti, Francisco Faria, Franz Weissmann, Iberę Camargo, José Pancetti, Miguel Bakun, Oscar Niemeyer, Siron Franco and Vicente do Rego Monteiro.
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