MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
Ano 3 - Nº. 12 - Novembro de 2009
MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA
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Ano 3 - Nº . 12 - Novembro de 2009
www.museuoscarniemeyer.org.br
Burle Marx Exposição inédita inédita apresenta apresenta 100 100 obras obras de de períodos períodos Exposição destacados da obra integral do paisagista Roberto Burle Marx Marx destacados da obra integral do paisagista Roberto Burle
First-time exhibition exhibition of of selected selected periods periods of of all all works works by by Roberto Roberto Burle Burle Marx Marx First-time
expediente MUSEU OSCAR NIEMEYER EM REVISTA MUSEU OSCAR NIEMEYER / THE OSCAR NIEMEYER MUSEUM Secretária Especial do Estado do Paraná / Special Secretary of the State of Paraná Maristela Quarenghi de Mello e Silva Assessoria Especial / Special Assessment Vera Regina Maciel Coimbra Assessoria Jurídica / Legal Assessment Isabel Cristina Storrer Weber Comunicação / Communication Maria Tereza Boccardi Planejamento Cultural / Cultural Planning Ariadne Giacomazzi Mattei Manzi, Marcello Kawase, Rebeca Gavião Pinheiro e Sandra Mara Fogagnoli Acervo e Conservação / Collections and Conservation Suely Deschermayer, Humberto Imbrunisio e Ricardo Freire Museologia / Museology Karina Muniz Viana e Vanderley de Almeida Ação Educativa / Educational Action Rosemeri Bittencourt Franceschi, Sirlei Espindola e Solange Rosenmann Documentação e Referência / Documentation and Reference Iolete Guibe Hansel Administração / Administration Tatiana Maciel Passos Tizzot Segurança / Security Palminor Rodrigues Ferreira Júnior SOCIEDADE DOS AMIGOS DO MON – MUSEU OSCAR NIEMEYER ASSOCIATION OF MON’S FRIENDS – THE OSCAR NIEMEYER MUSEUM Presidência / Chairman Cristiano A. Solis de Figueiredo Morrissy Diretoria Administrativa e Financeira / Administrative and Financial Director Elvira Wos Infraestrutura / Infrastructure Denise Caroline de Almeida COORDENAÇÃO GERAL Rebeca Gavião Pinheiro REDAÇÃO Editora-Chefe: Melissa Castellano Reportagem: Caroline Bond, Denise Ribeiro, Flora Guedes e Jaqueline Tiepolo Projeto Gráfico e Diagramação: Celso Arimatéia Tradução para o Inglês: Silmara Oliveira Fotografia: Acervo do Museu Oscar Niemeyer, Bernie Dechant, Cadi Busatto, Divulgação, José Gomercindo e Marcello Kawase Produção e Edição: Projeto Comunicação -- (41) 3022-3687 www.projetocomunicacao.com Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Museu Oscar Niemeyer. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização. Para sugestões e críticas, escreva para nós: redacao@projetocomunicacao.com Tiragem: 25.000 exemplares Impresso em papel couché fosco LD 150 g, com verniz UV (capa) e couché fosco LD 115 g (miolo) Impressão: Fotolaser Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999 -- Centro Cívico CEP 80530-230 -- Curitiba (PR) -- Tel.: (41) 3350-4400 / Fax: (41) 3350-4414 www.museuoscarniemeyer.org.br Roberto Burle Marx, s/título, 1970, com moldura, acrílica s/tela, 130 cm x 162 cm
PRONAC 08-8683
editorial
Foi o olhar de Burle Marx a nos revelar a exuberância tropical. O Brasil comemora neste 2009, o centenário de nascimento do mestre do paisagismo e bom gosto, formado pela Academia Brasileira de Belas Artes, também notável nas artes plásticas, enquanto pintor, desenhista, gravador e escultor. Mais conhecido pelos jardins que projetou e pela descoberta e catalogação de diversas espécies de plantas da fauna brasileira, apresentamos no Museu 100 trabalhos do artista plástico Burle Marx. Da Argentina, através da parceria com a Fundación Alon para las Artes, de Buenos Aires, o Museu apresenta a coleção "Carlos Alonso – Hay que comer", que retrata a figura humana de forma expressiva e dramática. A pintura de Alonso promove um jogo permanente de contrastes marcados pela realidade, pela vivência dos anos 70, preocupado com as questões sociais em seu país. Considerado também um descobridor, um recriador de personagens, Carlos Alonso possui obra pictórica, que fala pelo seu povo e para o povo, e representa o artista dentro e fora da Argentina. O fotógrafo André Cipriano revela em "Cultura e resistência" a realidade de 11 comunidades remanescentes dos quilombos, que conheceu em 2005, quando realizou fotografia documental, visitando dez estados brasileiros. André Cipriano lembra que o Brasil ainda não soube dar o valor merecido à riqueza da cultura e da história dos quilombolas e dos afro-descendentes. A exposição "Garfunkel – Um francês do Paraná" apresenta obras do artista que nasceu em Fontainebleau, na França, em 1900. Veio viver no Brasil, em 1927, e logo revelou-se um apaixonado pelo país e, particularmente, pelo Paraná. Garfunkel retratava a vida cotidiana com espontaneidade e emoção. A Sala OBJETO, idealizada pela Ação Educativa do MON, foi intensivamente visitada e enalteceu o acervo, enquanto forma de preservar o patrimônio cultural.. Visitada e apreciada por 5 mil pessoas, durante um mês, ofereceu três oficinas, num percurso envolvente e dinâmico, onde o público podia desenvolver sua sensibilidade. A sala OBJETO enalteceu o acervo, enquanto forma de preservar o patrimônio cultural e valorizar os museus. A obra do artista Poty contempla uma viagem pela cidade de Curitiba, pela alma do Brasil e pela humanidade inteira. Um notável trajeto, uma generosa caminhada. Poty, no seu traço espontâneo e singular, é um intérprete – nas artes visuais, através a escultura e o desenho - da história do Brasil, um artista que, ao cantar sua aldeia, tornou-se universal. Poty desenhou, ilustrou, fez gravuras, murais, serigrafias, litografias, talhas e pinturas. A mostra "Gravuras Poty Lazzarotto" reúne 120 trabalhos do acervo pertencente à Fundação Cultural de Curitiba, que recebeu do próprio artista, ainda em vida, notável acervo em comodato. Duas interessantes coleções pertencentes aos acervos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) e do Museu Oscar Niemeyer do Paraná (MON), dialogam na mostra "Expressividade na Arte Brasileira", de maneira instigante, sobre a multiplicidade criativa de nossos artistas. Ali, trabalhos de Poty Lazzarotto, Theodoro de Bona, Daniel Senise, Iberê Camargo, Francisco Stockinger, Osvaldo Goeldi, Cândido Portinari, entre inúmeros outros artistas. No Museu, também a originalidade da arte contemporânea do brasileiro Vik Muniz, há 25 anos radicado em Nova York, pode ser apreciada em suas fotografias-arte, criadas a partir de reproduções dos consagrados Monet, Goya, Caravaggio, e realizadas com materiais inusitados. A singularidade das mostras e a expressividade dos artistas escolhidos são uma atração a mais para uma Museu Oscar Niemeyer visita ao Museu Oscar Niemeyer. Sejam todos muito bem-vindos.
Oscar Niemeyer Museum
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That was Burle Marx’s look showing the tropical exuberance. Brazil celebrates in 2009 the centenary birthday of landscape design and good taste master, who graduated at Academia Brasileira de Belas Artes and was notable in plastic arts as a painter, draftsman, engraver and sculptor. Famous for the gardens he designed and discovering and registering several plant species of Brazilian fauna, we present at MON 100 works of plastic artist Burle Marx. From Argentina, through a partnership with Fundación Alon para las Artes, of Buenos Aires, the MON presents the collection "Carlos Alonso – Hay que comer", which shows the human figure in an expressive and dramatic manner. Alonso’s paintings promote a permanent game of contrasts marked by reality, life in the 70s, concerned about the social questions in his country. Also considered a discoverer and a recreator of characters, Carlos Alonso has pictorial works that speak for his people and to the people, and represent the artist inside and outside Argentina. Photographer André Cipriano shows in "Culture and Resistance" the reality of 11 communities remaining from the quilombos that he visited in 2005, in a documental photography tour that included ten Brazilian states. André Cipriano reminds that Brazil still has not given the right value to the rich culture and history of quilombolas and Afro-descendants. "Garfunkel – A Frenchman from Paraná" shows the works of this artist who was born in Fontainebleau, in France, in 1900. He came to live in Brazil in 1927 and soon fell in love with the country and, particularly, with Paraná. Garfunkel painted the daily life with spontaneity and emotion. The Object room, conceived by the Educational Action of MON, had a high number of visitors and promoted the museum’s collections, as a form to preserve the cultural heritage. The works of artist Poty show a trip to Curitiba, to the soul of Brazil and the whole humanity. A notable circuit, a generous tour. Poty, in his spontaneous and singular lines, is an interpreter – in visual arts, through sculptures and engravings - of the history of Brazil, an artist who became universal by illustrating his place. Poty made engravings, illustrations, paintings, mural paintings and serigraphy, lithography, printing and carving works. The exhibition "Poty Lazzarotto Engravings" shows 120 works from the collection that belongs to the Cultural Foundation of Curitiba, which received from the artist, when alive, a notable collection as free lease. Two interesting collections that belong to the Art Museum of Rio Grande do Sul (MARGS) and the Oscar Niemeyer Museum of Paraná (MON) interact in "Expressiveness in Brazilian Art", in an instigating manner, showing the creative multiplicity of our artists, with works of Poty Lazzarotto, Theodoro de Bona, Daniel Senise, Iberę Camargo, Francisco Stockinger, Osvaldo Goeldi, Cândido Portinari, among a number of other artists. The MON also shows the originality of the contemporaneous artwork of Brazilian Vik Muniz, who has lived in New York for 25 years, with his art photos, which are reproductions of famous Monet, Goya, Caravaggio, using atypical materials. The singularity of the exhibitions and the expressiveness of the selected artists are an additional attraction for a visit to the Oscar Niemeyer Museum. Everyone is 3 welcome!
Exposição inédita apresenta 100 obras de períodos destacados da obra integral do paisagista Roberto Burle Marx
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Exposição revela obras do artista que retratava o cotidiano com espontaneidade e emoção Shows works of this artist who painted the daily life with spontaneity and emotion
Paul Garfunkel
"Poty engravings" shows 97 works made between 1940s and 1960s
Poty Lazzarotto
Title — Text
Cultura e resistência
Exhibition “Expressiveness in Brazilian Art” shows works from collections of MARGS and MON
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“Poty Gravuras” apresenta 97 ilustrações feitas pelo artista entre as décadas de 40 e 60
Somar
First-time exhibition of selected periods of all works by Roberto Burle Marx
Burle Marx
MON shows works of Carlos Alonso, a renowned Argentine illustrator
MON recebe obras de Carlos Alonso, renomado ilustrador argentino
Hay que comer
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Projeto do fotografo André Cipriano revela a realidade de comunidades remanescentes dos quilombos
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“Expressividade na Arte brasileira” reúne obras dos acervos do MON e do Margs
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índice
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Confira as aberturas das exposições apresentadas no Museu Exhibition Openings — See the exhibition openings at the Museum
Acontece
Inside the Museum — See the details of the Museum’s exhibition areas
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Descubra os detalhes dos espaços expositivos do MON
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Por dentro do Museu
Around the world
Um giro por exposições que acontecem pelo mundo
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Um pouco de cada
The OBJECT room, conceived by the Educational Action of MON, shows the museum collections through contemporaneous art
Sala OBJETO propôs discussão do acervo do museu por meio da arte contemporânea
Ação Educativa
Check the upcoming attractions at MON
Programação
The largest exhibition of Vik Muniz’s career in Curitiba
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Não perca as exposições que vem por aí
VIK Muniz
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Retrospectiva do artista plástico e fotógrafo paulistano radicado em Nova Iorque chega a Curitiba
índice
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américa latina
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6 Tres niños, 1968, Acrílico sobre tela, 150 cm x 150 cm
Cultura
a
rgentina
visita Curitiba
MON recebe exposição de obras de Carlos Alonso, renomado ilustrador argentino, até abril de 2010
Tormenta sobre la pampa, 1975, técnica mista sobre papel, 69,5 cm x 101 cm
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américa latina
Ilustrações, desenhos, pinturas, gravuras, serigrafias e retratos do ilustrador argentino Carlos Alonso estão em cartaz até 11 de abril de 2010. A exposição é composta por dois núcleos: a primeira parte leva o título de “Hay que comer”, com obras que já foram expostas no Instituto Valenciano de Arte Moderna, na Espanha, no Centro Cultural Recoleta e na Universidade Nacional de Três de Fevereiro, ambas em Buenos Aires. “Hay que comer” conta com cerca de 50 trabalhos elaborados por Alonso entre 1965 e 1984 que têm como tema central “a carne”. Em seus traços, Alonso utiliza o tema escolhido de diversas formas, como a carne de vaca, a carne dos políticos, o amor e a relação carnal. Para Jacobo Fiterman, diretor da Fundación Alon para Las Artes – espaço argentino que mantém as obras do artista - e curador da exposição de Alonso, “estas obras não são o que parecem ser”. Ele explica: “O objetivo de Alonso é demonstrar seu testemunho sobre a trágica reconstrução ar-
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gentina na década de setenta e, para isso, após várias reflexões, mostrou a violência social, a política, o assalto ao poder e o terrorismo do Estado por meio do tema carne”, conta. Alonso interroga formas, engana os olhos do espectador, evoca movimentos e texturas, brinca com a noção do espaço e com o branco e preto, gera contrastes visuais e, com tudo isso, consegue provocar questionamentos nas pessoas. “Para Carlos Alonso, a arte se transformou em um meio onde pôde curar as feridas do mundo real”, diz Fiterman. Então, a carne, para o artista, é uma metáfora que, conforme ele a pinta, se distingue entre mensagens positivas e negativas. Nas telas, percebe-se a presença do erotismo retratado pelos corpos expostos, dos opressores e oprimidos, dos grupos de poder e humildes, da paixão amorosa por meio do desejo carnal e também dos desaparecidos, figuras estabelecidas como vítimas, observadas pela imagem com olhos vendados, como uma figura borrada ou como um familiar ausente.
Hay que comer, 1972, tinta sobre papel, 70 cm x 100 cm
Lección de anatomía, 1970, acrílico sobre tela, 210 cm x 200 cm
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Amore II, 1975, técnica mista, 70 cm x 100 cm
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A segunda parte da exposição, intitulada “Retratos”, é composta por telas que reinterpretam obras de grandes artistas, como Van Gogh, Monet, Juan Battle Planas. Seu principal objetivo, segundo Fiterman, é “oferecer uma imagem mais real do artista, enquanto representa um diálogo profundo entre Alonso e os mestres admirados por ele”. Nos trabalhos expostos, Alonso utilizou tinta, lápis, papel, acrílico sobre tela e técnicas mistas para expressar um permanente jogo de contrastes marcados pela realidade e pelas questões sociais. Sobre Carlos Alonso Carlos Alonso nasceu em 1929 em Tunuyán, na Argentina, onde viveu até o 7 anos. Aos 14 anos, ingressou na Academia Nacional das Belas Artes, na cidade de Mendoza. Em 1961, descobriu o acrílico, técnica que adaptou em sua pintura. Depois de uma viagem por Madri, Barcelona e Paris, em 1954, Carlos Alonso imprimiu em sua produção a forte influência recebida de Toulouse-Lautrec e, especialmente, de Picasso, até compreender que era preciso encontrar um caminho próprio. Hoje é apontado como um dos representantes mais consagrados da tradição plástica da Argentina. Com diversas premiações e exposições na Europa e América Latina, dois trabalhos merecem ser destacados: em 1957, ganhou o primeiro lugar do concurso para ilustrar a segunda parte do clássico de Miguel de Cervantes, “Dom Quixote de La Mancha”, tendo sido a primeira parte ilustrada por Salvador Dali; e, em 1969, a exibição dos desenhos para a “Divina Comédia”, na Art Gallery International. Depois do golpe de Estado em 1976 e do desaparecimento de sua filha Paloma, no ano seguinte, Alonso se exilou na Itália e em seguida foi para Madrid. Voltou para Argentina após dois anos, quando realizou inúmeras exposições. Hoje, vive na província de Córdoba.
SERVIÇO “Hay que comer” Sala Pancetti - Até 11 de abril de 2010 De terça a domingo, das 10h ŕs 18h
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“Hay que comer” Pancetti room - Up to april 11th 2010 Tuesday through Sunday, 10 am to 6 pm
Patrocínio/Sponsorship:
Apoio/Partnership:
Argentine culture visits Curitiba MON shows works of Carlos Alonso, a renowned Argentine illustrator, until April 2010 Illustrations, drawings, paintings, engravings, serigraphy works and portraits of Argentine illustrator Carlos Alonso will be exhibited until April 11, 2010. The exhibition is divided into two parts: the first, named “Hay que comer” (You Should Eat It), with works that have been exhibited at the Institut Valenciŕ d’Art Modern (Valencian Institute of Modern Art), in Spain, and at the Centro Cultural Recoleta (Recoleta Cultural Center) and the Universidade Nacional de Tręs de Fevereiro (a Federal University), both in Buenos Aires. “Hay que comer” has around 50 works made by Alonso between 1965 and 1984 based on the theme: “the flesh”. In his lines, Alonso explores the theme in several ways, such as the cow flesh, the politicians’ flesh, love and the carnal relation. For Jacobo Fiterman, director of Fundación Alon para Las Artes – the Argentine foundation that keeps the artist’s works - and curator of Alonso’s exhibition, “these works are not what they seem to be”. He explains: “Alonso’s objective is to show his testimony of the tragic Argentine reconstruction in the 1970s and, for this purpose and after much reflection and thought, he showed the social violence, politics, coup d’état and State terrorism through this theme of flesh”, he tells. Alonso questions shapes, cheats the spectator’s eyes, evokes movements and textures, plays with the notion of space and with black and white, creates visual contrasts and, with all these elements, he can provoke questionings. “For Carlos Alonso, art has become a way to heal the wounds of the real world”, says Fiterman. Then, the flesh is for him a metaphor that, as he paints it, is distinguished in positive and negative messages. In the paintings, eroticism is denoted by the exposed bodies, of oppressors and oppressed ones, of social power groups and humble people, of ardent passion through the carnal desire and of the disappeared, figures established as victims, seen in the image with blindfold, as a blurred figure, as an absent family member, etc. The second part of the exhibition, named “Portraits”, is composed of paintings that reinterpret works of famous artists, such as Van Gogh, Monet and Juan Battle Planas. His main objective, according to Fiterman, is “to offer a more real image of the artist while representing a deep dialog between Alonso and the masters admired by him”. In the works of the exhibition, Alonso used paint, pencil, paper, acrylic on canvas and mixed techniques to express a permanent game of contrasts marked by reality and social questions.
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Fin de la fiesta, 1980, técnica mista sobre papel, 70 cm x 105 cm
About Carlos Alonso Carlos Alonso was born in 1929 in Tunuyán, in Argentina, where he lived until he was seven years old. At fourteen, he started studying at Academia Nacional das Belas Artes, in Mendoza. In 1961, he discovered the acrylic on canvas, a technique that he adapted to his paintings. After his trip to Madrid, Barcelona and Paris in 1954, Carlos Alonso imprinted in his works the strong influence of Toulouse-Lautrec and mainly of Picasso, until he could understand that it was necessary to find his own way. Today, he is considered one of the most consolidated plastic artist in Argentina. With several awards and exhibitions in Europe and Latin America, two occasions should be highlighted: in 1957, he was the first in a contest to illustrate the second part of classical Dom Quixote de La Mancha, of Miguel de Cervantes (the first part was illustrated by Salvador Dali); and, in 1969, the exhibition of drawings for the Divine Comedy, at Art Gallery International. After the coup d’état in 1976 and the disappearance of his daughter Paloma, Alonso was sent into exile in Italy the following year and then in Madrid. He returned to Argentina two years later, when he made a number of exhibitions. Today, he lives in Córdoba Province.
retrospectiva
Burle
Marx: um visionĂĄrio
apaixonado pela natureza
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14 Abstrato, 1990, tinta sobre tecido, 154 cm x 320 cm
S/título, 1993, acrílica s/tela, 112 cm X 148 cm
Exposição inédita apresenta uma seleção de períodos destacados da obra integral de Roberto Burle Marx
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retrospectiva
Roberto Burle Marx nasceu em São Paulo, em 1909. No ano das comemorações do centenário de nascimento do artista, o Museu Oscar Niemeyer recebe uma exposição inédita deste “homem do Renascimento” com múltiplos interesses. “Burle Marx - Mostra Antológica e A Paisagem Monumental” apresenta cerca de 100 obras do pintor, desenhista, gravador e escultor, que tinha como formação principal a de pintor, mas inúmeras circunstâncias fizeram-no ser reconhecido como o maior paisagista brasileiro e um dos mais destacados do mundo. “Sua importância nessa área é incontestável. Mas sempre cultivou todos seus talentos, e não eram poucos. A mostra privilegia-o como artista plástico. Na mostra em Curitiba, o público poderá apreciar o trabalho do artista em dois momentos: primeiro, uma antologia com alguns trabalhos de técnicas e períodos diferentes – para dar ideia da diversidade do talento do artista. “Num segundo momento, temos a montagem de uma sala original – A Paisagem Monumental –
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16 Sem título, 1992, tinta sobre tecido, 140 cm x 186 cm
homenagem à exuberância tropical tão cara a Burle Marx e tentativa ousada de procurar unir a pintura do nosso maior paisagista com a paisagem do nosso grande pintor patrício”, define o curador da exposição, Antonio Carlos Abdalla. Burle Marx nasceu na capital paulista, numa grande casa Art Noveau – a Vila Fortunata – na esquina da Avenida Paulista com a Rua Ministro Rocha Azevedo. O terreno, aberto há pouco tempo ao público como parque, é uma área verde remanescente de Mata Atlântica, que cobria toda a região. “Talvez desse contato tão próximo tenha surgido o fascínio de Burle Marx pela floração tropical”, observa Abdalla. O artista mudou-se para o Rio de Janeiro em 1913. Entre 1928 e 1929, estudou pintura na Alemanha e conheceu o Jardim Botânico de Dahlem. Burle Marx ficou impressionado com a flora tropical, cultivada em estufas. O impacto desse encontro muda toda sua vida. De volta ao Brasil, em 1930, dá início a uma coleção de plantas
Figura Caolha (pianista Berent), 1942, Óleo sobre tela, 65 cm x 53,5 cm
tropicais ao mesmo tempo em que frequenta a Escola Nacional de Belas Artes, estudando pintura com Leo Putz, Celso Antonio, Pedro Correia de Araújo e Candido Portinari. Em 1932, realiza seu primeiro jardim, para uma casa modernista de Copacabana – projetada por Lucio Costa e Gregori Warchavchik. Em 1934, muda-se para o Recife, onde atua como Diretor de Parques e Jardins. Ao voltar para o Rio, trabalhou com Portinari nos murais do Ministério da Educação – edifício-símbolo do modernismo brasileiro. Possuidor de grande cultura, Burle Marx atuou nos mais diversos campos da expressão artística, arquitetônica e urbanística: pintura, desenho, gravura, escultura, tapeçaria, design de jóias, ilustração, cenários e figurinos para teatro e dança, painéis de azulejos e murais. Ficou mais conhecido pelos jardins que projetou e, além de descobrir e catalogar diversas espécies de plantas, também foi professor. O desenho e a pintura de Burle Marx sempre foram uma vocação autêntica e de valor, mas o paisagismo desviou parte da atenção das pessoas, consagrandoo internacionalmente.
S/ título, 1987
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retrospectiva
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S/ tĂtulo 1992, tinta sobre tecido, 160 cm x 214 cm
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retrospectiva
No cenário da pintura brasileira, Burle Marx insere-se num certo modernismo, revelado a partir da década de 1920 no Brasil, mas o artista flertou muito de perto com o Abstracionismo Geométrico, movimento amplamente difundido no mundo artístico internacional, principalmente a partir da década de 1950. “Depois desse período de geometrização e subtração da figura realista, Burle Marx envereda por um caminho muito pessoal, criando uma obra original, facilmente identificável. Creio que agora o artista está sendo reconhecido e valorizado, muito mais do que há décadas atrás, quando sua atividade como paisagista “escondeu” uma obra interessantíssima e importante para o cenário artístico brasileiro. Burle Marx é responsável por um verdadeiro “projeto pessoal”, planejado e realizado ao longo de décadas. É uma personalidade multifacetada. Há muito ainda a ser descoberto em seu trabalho”, revela o curador da exposição. Burle Marx realizou importantes projetos paisagísticos no Brasil e exterior, alguns em conjunto com Lucio Costa e Oscar Niemeyer, com destaque para o Ministério da Educação e Cultura, 1938, no Rio de Janeiro; Pampulha, 1941, em Belo Horizonte; Conjunto Residencial do Pedregulho, 1951, Cidade Universitária, 1953, Museu de Arte Moderna, 1954 e Aterro do Flamengo, 1960, todos no Rio de Janeiro; Eixo Monumental, 1960 e Palácio do Itamaraty, 1965, em Brasília e novas calçadas para a praia de Copacabana, 1970, no Rio de Janeiro. No exterior, destacam-se o Parque del Este, em Caracas e a sede da UNESCO, em Paris. O artista também participou das Bienais de Veneza de 1950 e 1970 (Sala Especial) e das Bienais de São Paulo de 1953, 1957, 1959 e 1963. Entre as muitas exposições coletivas das quais participou vale, lembrar o Salão Nacional de Belas Artes, 1945 (Medalha de Ouro) e o Panorama Atual da Arte Brasileira, Museu de Arte de São Paulo, em 1969. Entre as individuais: Palace Hotel do Rio de Janeiro, 1941; Galeria Itapetininga, São Paulo, 1946; Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1952; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1956 e 1963; Galeria Bonino, Rio de Janeiro, 1967; Museu de Arte de Belo Horizonte, 1972; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1973; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1989; Bolsa de Arte, Rio de Janeiro, 1994 e como parte das comemorações do seu centenário de nascimento, as retrospectivas e mostras antológicas póstumas do Paço Imperial, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo e Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, todas em 2009. Novembro – 2009
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S/ título, 1992, tinta sobre tecido, 150 cm x 210 cm
Oscar Meira, 1946, Óleo sobre tela, 99 cm x 80,2 cm
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Ex-Votos, 1984, acrílica s/tela, 154 cm x 125 cm
retrospectiva
Dois peixes em travessa de barro, 1933, Óleo sobre tela, 53 cm x 64 cm
Burle Marx: a visionary in love with nature First-time exhibition of selected periods of all works by Roberto Burle Marx Roberto Burle Marx was born in Săo Paulo, in 1909. In the year of the artist’s centenary birthday celebrations, the Oscar Niemeyer Museum receives the first-time exhibition of this ‘man of Renaissance’, with multiple interests. “Burle Marx Anthological Exhibition and The Monumental Landscape” shows around 100 works of this painter, draftsman, engraver and sculptor, whose main activity was painting, but several circumstances made him renowned as the greatest Brazilian landscape designer and one of the most famous worldwide. “His importance in this area is incontestable. But he always promoted all his talents, which were not just a few. The exhibition emphasizes his plastic artist aspect. In the exhibition in Curitiba, the visitors will see the works of this artist in two moments: first, an anthology with some works of different techniques and periods – to show the artist’s talent diversity. “The other moment of the artist is represented in the assembly of an original room: The Monumental Landscape, to honor the tropical exuberance of Burle Marx, a daring attempt to join the painting of our greatest landscape designer with the landscape of our great painter”, defines curator Antonio Carlos Abdalla. Burle Marx was born in the capital of Săo Paulo, in a large art nouveau house – Vila Fortunata – on the corner of Avenida Paulista and Rua Ministro Rocha Azevedo. The place, that was recently opened for public visitation as a park, is a green area remaining from the Atlantic Forest, which used to cover all the region. “Perhaps, Burle Marx’s fascination for the tropical flora came from this close contact he had”, observes Abdalla.
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Azuis, 1982, acrílica sobre tela, 110 cm x 154 cm
The artist moved to Rio de Janeiro in 1913. Between 1928 and 1929, he studied painting in Germany and visited the Botanical Garden of Dahlem. Burle Marx was impressed with the tropical flora, cultivated in greenhouses. The impact of this visit would change all his life. When he returned to Brazil, in 1930, he started to collect tropical plants and attend the Escola Nacional de Belas Artes, where he studied painting with Leo Putz, Celso Antonio, Pedro Correia de Araújo and Candido Portinari. In 1932, he made his first garden to a modernist house in Copacabana, designed by Lucio Costa and Gregori Warchavchik. In 1934, he moved to Recife, where he worked as the Director of Parks and Gardens. When he returned to Rio, he worked with Portinari in the murals of the Department of Education – a Brazilian modernism symbol. Burle Marx, who was a man of considerable culture, produced works in the various fields of artistic, architectural and urban expression through painting, drawing, engraving, sculpture, tapestry, jewelry design, illustration, theatrical scenery and costume design, tile panels and murals. It was famous for the gardens he designed and, besides discovering and documenting several plant species, he was also a professor. Burle Marx’s drawing and painting were always an authentic and valuable vocation, but landscape design draw the attention of people, which made him famous worldwide. In the Brazilian painting scenario, Burle Marx presents some aspects of modernism, which appeared in the 1920s in Brazil, but the artist had much more of Geometric Abstraction, a largely disseminated movement in the international artistic universe, especially as of the 1950s. “After this period of geometrization and subtraction of realist figure, Burle Marx takes a very personal path, creating original works, easily identifiable. I believe the artist is today recognized and appreciated, much more than decades ago, when his activity as landscape designer “hid” very interesting and important works to the Brazilian artistic scenario. Burle Marx produced a true “personal project”, planned and executed along decades. He is a multifaceted personality. There’s much to be discovered in his work”, says the
exhibition curator. Burle Marx made important landscape design projects in Brazil and abroad, some with Lucio Costa and Oscar Niemeyer, such as that for the Department of Education and Culture (1938), in Rio de Janeiro; Pampulha (1941), in Belo Horizonte; Conjunto Residencial do Pedregulho (1951), Cidade Universitária (1953), the Modern Art Museum (1954) and Aterro do Flamengo (1960), in Rio de Janeiro; Eixo Monumental (1960) and Palácio do Itamaraty (1965), in Brasília and new Copacabana beach sidewalk (1970), in Rio de Janeiro. His international works include Parque del Este, in Caracas, and the UNESCO head office, in Paris. The artist also participated in the Venice Biennials of 1950 and 1970 (Special Room) and the Săo Paulo Biennials of 1953, 1957, 1959 and 1963. The several collective exhibitions in which he took part include: Salăo Nacional de Belas Artes, in 1945 (Gold Medal) and the Current Panorama of Brazilian Art, at the Art Museum of Săo Paulo, in 1969. The individual exhibitions include: Palace Hotel in Rio de Janeiro, in 1941; Itapetininga Gallery in Săo Paulo, in 1946; the Art Museum of Săo Paulo, in 1952; the Art Museum of Rio de Janeiro, in 1956 and 1963; Bonino Gallery in Rio de Janeiro, in 1967; the Art Museum of Belo Horizonte, in 1972; the Calouste Gulbenkian Foundation in Lisbon, in 1973; Museu Nacional de Belas Artes in Rio de Janeiro, in 1989; Bolsa de Arte in Rio de Janeiro, in 1994; and, as part of the celebrations of his birthday centenary, retrospectives and anthological exhibitions at Paço Imperial, in Rio de Janeiro; the Art Museum of Săo Paulo and the Oscar Niemeyer Museum in Curitiba, all in 2009.
Lata d’água com cabeça de boi,1942, Óleo s/ tela, 130 x 97cm
Patrocínio/Sponsorship:
SERVIÇO “Burle Max - Mostra antológica e A Paisagem Monumental” Especial e Sala Guido Viaro- Até 28 de fevereiro de 2010 De terça a domingo, das 10h ŕs 18h
Apoio/Partnership:
“Burle Marx - Anthological Exhibition and the Monumental Landscape” Special room and Guido Viaro room - Up to February 28th 2010 Tuesday through Sunday, 10 am to 6 pm
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acervo
Expressividade
na Arte
brasileira EXPOSIÇÃO EXPRESSIVIDADE NA ARTE BRASILEIRA REÚNE OBRAS DOS ACERVOS DO MARGS E DO MON
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Uma equação recheada de arte, talento e história. Esse é o resultado da reunião de parte do acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) e do Museu Oscar Niemeyer e que dá forma à exposição “Expressividade na Arte Brasileira”, que pode ser vista até o dia 22 de novembro. O agrupamento de artistas como Lasar Segall e Yolanda Mohaly, Oswaldo Goeldi e Poty Lazzarotto, Iberê Camargo e Arcângelo Ianelli, e outros, mostra obras que foram produzidas em diversas técnicas de criação, como pinturas, gravuras, esculturas, desenhos e entalhes sobre madeira, e revelam um desdobramento histórico das artes plásticas no Brasil, com destaque para a produção do Sul. A ideia de unir obras do museu gaúcho com as do museu paranaense surgiu a partir de uma visita da coordenadora do espaço curitibano, Maristela de Mello e Silva, ao Rio Grande do Sul. Maristela se interessou pelo projeto do Margs e propôs uma parceria entre os museus, seguindo a mesma temática da expressividade na arte brasileira. De acordo com Cézar Prestes, diretor do Margs, a seleção das obras que compõem a mostra foi feita com o fundamental propósito de demonstrar a riqueza dos artistas brasileiros. “Partimos
de um desejo comum: reunir obras de dois acervos importantes do país em uma única mostra, abrindo um diálogo instigante sobre a multiplicidade criativa dos nossos artistas. O tema da exposição estende esse diálogo para além das nossas fronteiras geográficas e reforça o valor do intercâmbio cultural e do debate em torno das artes visuais em todos os espaços”, explica. Os diálogos que se formam por meio das obras em exposição, além de estabelecerem um recorte da arte brasileira, compõem uma diversidade de cores, sombras, formas e estilos visíveis aos olhos do público. “Queremos mostrar justamente o caráter expressivo e múltiplo da arte nacional a partir do olhar de artistas gaúchos e paranaenses”, relata Prestes. O destaque da mostra, segundo o diretor do Margs, é a riqueza dos dois acervos e o movimento da obra de arte. “A manutenção, valorização, divulgação e circulação da obra de arte e das diversas manifestações artísticas devem ser missão de toda e qualquer instituição que trabalha com e pela cultura”, diz. São 25 obras pertencentes ao Margs e 17 do acervo do MON, que, juntas, compõem as 42 obras da exposição. As do acervo paranaense incluem obras de Rossini Perez, Teodoro De Bona, Siron
leo fuhro
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Franco, Niobe Xandó, entre outros. Aqueles que tiverem a oportunidade de apreciar essa bela exposição verão obras de artistas de diversos estados do país que tiveram e têm grande importância na arte brasileira moderna e contemporânea. Segundo Prestes, o intercâmbio entre museus, como este que ocorre entre o Margs e o MON, deveria ser o objetivo de todos os espaços de arte. “Os acervos devem circular para que a população tenha acesso à arte de todo o Brasil e não apenas de sua região”, finaliza.
Expressiveness in Brazilian Art Exhibition “Expressiveness in Brazilian Art” shows works from collections of MARGS and MON An equation full of art, talent and history. This is the result of joining part of the collections from the Art Museum of Rio Grande do Sul (MARGS) and the Museu Oscar Niemeyer Museum (MON) in the exhibition “Expressiveness in Brazilian Art”, which can be seen until November 22. The gathering of artists, such as Lasar Segall and Yolanda Mohaly, Oswaldo Goeldi and Poty Lazzarotto, Iberę Camargo and Arcângelo Ianelli, among others, shows works that were produced using several creation techniques: paintings, engravings, sculptures, drawings and wood carving, and make a historical presentation of plastic arts in Brazil, with special regard to the works of artists from southern Brazil.
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The idea of joining works from these two museums - one is in Rio Grande do Sul and one in Paraná - appeared after a visit of MON’s coordinator Maristela de Mello e Silva to Rio Grande do Sul. Maristela got interested in the project of MARGS and proposed a partnership with MON, following the same theme of expressiveness in Brazilian art. According to Cézar Prestes, director of MARGS, the selection of works for the exhibition was based on the proposal to show the richness of Brazilian artists. “We had a purpose in common: join works from two important collections of the country in a single exhibition, creating an instigating dialog about the creative multiplicity of our artists. The exhibition theme extends such dialog beyond our geographical frontiers and reinforces the value of cultural interchange and debate on visual arts in all sectors”, he explains. The dialogs created with the works in this exhibition establish a cutting from the Brazilian art and form a diversity of colors, shades, shapes and styles visible to the visitors. “We want to show exactly the expressive and multiple character of the national art in the perspective of the artists from Rio Grande do Sul and Paraná”, says Prestes. The exhibition highlight, according to the director of MARGS, is the richness of both collections and the artwork movement. “The maintenance, appreciation, dissemination and circulation of artwork and various artistic manifestations should be the mission of every institution that works with and for culture”, he says. The exhibition shows 42 works, 17 from MON (which include works of Rossini Perez, Teodoro De Bona, Siron Franco and Niobe Xandó, among others) and 25 from MARGS. The people who have the opportunity to visit this beautiful exhibition will see works of artists from several states of Brazil who are very important for the Brazilian modern and contemporaneous art. According to Prestes, the interchange between museums, such as this one between MARGS and MON, should be the purpose of all art centers. “The collections should circulate to enable the population’s access to art of all country and not only of local art”, he concludes.
lasar segall, “mãe morta”
Di Cavalcanti, “colonas”
Saiba
quais
são
as
obras do Margs
presentes na exposição: PINTURA
Cândido Portinari, “Menino do Papagaio”, 1954 Rossi Osir, “Imigrante”, 1930 Glauco Pinto de Morais, “Locomotiva, Mallet”, 1974 Joăo Fahrion, “Vestido Verde”, 1949 Iberę Camargo, “Carretéis em fundo azul”, 1960 Mira Schendel, “Composiçăo c/ letras e números”, 1981 Karin Lambrecht, “Anita”, 1985 Leonilson, “A viagem secreta”, s/d Di Cavalcanti, “Colonas”, 1940 Lasar Segall, “ Măe morta”, 1940
Cândido Portinari, “menino do papagaio”
Paintings Cândido Portinari, “Menino do Papagaio” (Parrot Boy), 1954 Rossi Osir, “Imigrante” (Immigrant), 1930 Glauco Pinto de Morais, “Locomotiva, Mallet” (Locomotive, Mallet), 1974 Joăo Fahrion, “Vestido Verde” (Green Dress), 1949 Iberę Camargo, “Carretéis em Fundo Azul” (Reels on Blue Background), 1960 Mira Schendel, “Composiçăo com Letras e Números” (Composition with Letters and Numbers), 1981 Karin Lambrecht, “Anita” (Anita), 1985 Leonilson, “A viagem secreta” (The Secret Trip), w/o date Di Cavalcanti, “Colonas” (Women Colonists), 1940 Lasar Segall, “Măe morta” (Dead Mother), 1940
GRAVURA
Oswaldo Goeldi, “Caminho abandonado”, s/d Oswaldo Goeldi, “Sem título”, s/d Danúbio Gonçalves, “Carneadores, Charqueada”, 1953 Edgar Koetz, “Churrascaria Modelo”, s/d Vasco Prado, “Soldado Morto”, 1950 Leo Fuhro, “Linóleo”, 1968 Iberę Camargo, “sem título”, metal, 1959 Tomie Ohtake, “sem título”, metal, 1995 Carlos Zílio, “sem título”, metal, 1995 Eduardo Sued, “sem título”, serigrafia, 1999 Beatriz Milhazes, “O sertanejo”, serigrafia, 2001 Arthur Luiz Pisa, “sem título”, gravura em metal, 1981 Engravings Oswaldo Goeldi, “Caminho abandonado” (Abandoned Way), w/o date Oswaldo Goeldi, “No Title”, w/o date Danúbio Gonçalves, “Carneadores, Charqueada” (Slaughtermen, Jerking Plant), 1953 Edgar Koetz, “Churrascaria Modelo” (Model Barbecue Restaurant), w/o date Vasco Prado, “Soldado Morto” (Dead Soldier), 1950 Leo Fuhro, “Linóleo” (Linoleum), 1968 Iberę Camargo, “No Title”, metal, 1959 Tomie Ohtake, “No Title”, metal, 1995 Carlos Zílio, “No Title”, metal, 1995 Eduardo Sued, “No Title”, serigraphy, 1999 Beatriz Milhazes, “O sertanejo” (The Countryman), serigraphy, 2001 Arthur Luiz Pisa, “No Title”, metal, 1981
ESCULTURA
SERVIÇO “Expressividade na Arte Brasileira - Acervo MON e Margs” Sala Gauguin - Até 22 de novembro de 2009 De terça a domingo, das 10h ŕs 18h “Expressiveness in Brazilian Art - Collections from MON and MARGS” Gauguin room - Up to november 22th 2009 Tuesday through Sunday, 10 am to 6 pm
Apoio/Partnership:
Sculptures Avatar Morais, “Caixa 3” (Cash 3), w/o date Francisco Stockinger, “Guerreiro” (Warrior), w/o date Mauro Fuke, “No Title”, 2001
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Arthur Nisio, “Colombina”, Década de 20
Avatar Morais, “Caixa 3”, s/d Francisco Stockinger, “Guerreiro”, s/d Mauro Fuke, “Sem título”, 2001
fotografia
Cultura e Novembro – 2009
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Itamatatiua, Alcântara, Maranhão
resistência 29 Novembro – 2009
Projeto do fotógrafo André Cipriano revela a realidade de comunidades remanescentes dos quilombos
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Cafundó – Sorocaba – São Paulo, foto que estampa a capa do livro do fotógrafo André Cypriano
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da cidade, outras bem distantes e de difícil acesso. “Cada uma tinha suas características, umas comunidades tinham eletricidade e TV, por isso, já perdiam um pouco do cotidiano em torno da tradições. Noutras vi que a cultura quilombola ainda é pura, as raízes estão bem vivas. No final da tarde, as mulheres e crianças se juntavam para dançar ciranda”, conta André Cypriano, que mora em Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e também em Nova Iorque (EUA). “Fui à alguns lugares remotos, em Goiás e no Pará, que só se chegava a pé ou depois de dois dias de viagem a cavalo, bem estratégicos mesmo. Teve uma comunidade que eu não podia ficar parado que as formigas subiam em mim e me picavam. Depois, reparei nos moradores e vi que todos eles também estavam cheios de picadas de formigas. Lá era tudo bem primitivo mesmo”, detalha. “Mas em todos os locais a culinária foi algo que me atraiu muito. A comida é deliciosa, à base de feijão, mandioca, banana, ovos, peixe, tudo bem temperadinho”, completa o fotógrafo. Duas comunidades marcaram a memória de André Cypriano durante o documentário. A primeira foi Mumbuca, no Tocantins. “Foi lá que surgiu o artesanato com o Capim Dourado. Foi uma felicidade conhecer a Dona Maria, a criadora desse trabalho, que hoje é famoso no Brasil. Eles continuam desenvolvendo esse artesanato lá”, revela. A outra comunidade é a Itamatatiua, em Alcântara, no Maranhão. “Fiquei realizado ao testemunhar o quanto uma comunidade pode ser feliz realmente. As crianças são muito alegres, cheias de energia, andam nuas a cavalo. Tem o charme das mulheres carregando água na cabeça em moringas. Parecia uma comunidade dessas de histórias, uma perfeição”, comemora ele. Das dificuldades enfrentadas pelas comunidades quilombolas, Cypriano constatou que a mais séria é o de demarcações de terras. “Os conflitos com fazendeiros e para legalizar os territórios quilombolas é um problema real e urgente, vivido em praticamente todas comunidades. O governo precisa agir logo”, critica ele, comparando que na época que realizou o trabalho fotográfico, existiam cerca de 700 comunidades quilombolas registradas oficialmente, e agora já passam de 2 mil. “Sinal de que o assunto já está sendo mais discutido”, acredita.
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A foto do senhor que estampa a capa do livro “Quilombolas – Tradições e Cultura da Resistência”, e também do cartaz da exposição que levou o mesmo nome e encerrou-se no dia 18 de outubro, não foi escolhida à toa. A força de expressão e história de vida do senhor Marcos Norberto de Almeida, morador da comunidade quilombola Cafundó, na região de Sorocaba (SP), impressionou especialmente o fotógrafo André Cypriano. “Conhecê-lo foi um dos momentos mais marcantes desse trabalho. Principalmente porque ele e dois irmãos, os mais velhos da comunidade, acredito que são as últimas três pessoas no planeta que se comunicam num dialeto africano oriundo do Banto. Na África, essa língua já é extinta e provavelmente vai morrer junto com eles. Isso é triste, o Brasil ainda não soube dar o valor merecido à riqueza, cultura e história dos descendentes dos quilombos e dos afrodescendentes. O Brasil não pode ignorar essa dívida social”, disse o fotógrafo, que foi convidado para fotografar as comunidades quilombolas pela pesquisadora e curadora da mostra, Denise Carvalho. Durante um mês, no ano de 2005, o fotógrafo percorreu 11 comunidades remanescentes de quilombos localizadas em dez estados brasileiros. “Acredito que fui convidado para integrar esse projeto pelo meu perfil profissional, já fiz muitos trabalhos em locais de difícil acesso, em busca do raro e extraordinário. Já fotografei em ilhas distantes, favelas, dentro de presídios. Tenho minha maneira de convencer as pessoas a se deixarem ser fotografadas”, opina. “E nos quilombos, as pessoas já apresentam uma certa resistência em serem fotografadas porque muita gente já foi lá, prometeu um monte de coisas e depois sumiu”, contextualiza Cypriano. Na comunidade Cafundó, inclusive, o fotógrafo disse que esperou cerca de duas horas para que os moradores dessem permissão para ele entrar. “Me perguntaram o que eu iria oferecer a eles em troca, disse que não tinha coisa alguma. Depois de muito conversarem, deixaram eu entrar, me disseram que era justamente porque eu não tinha prometido nada, como a maioria fazia”, lembra. Num curto prazo, Cypriano tinha o desafio de registrar diversas manifestações culturais e religiosas, as tradições, as peculiaridades gastronômicas e o cotidiano das comunidades. Cada comunidade quilombola apresentava uma realidade diferente de infraestrutura e organização. Umas estavam mais próximas
fotografia
Tapuio – Quemada Nueva – Piauí
Preto e branco para registrar o desconhecido Da seleção de 40 fotografias que formam a exposição, apresentada no MON até 25 de outubro, André Cypriano informa que várias refletem a falta de saneamento básico e infra-estrutura das comunidades quilombolas. “Mas também mostram a criatividade deles em lidar com a falta de brinquedos para as crianças, por exemplo, criando outros brinquedos artesanais, e a simplicidade do cotidiano, desde a construção das casas às vestimentas”, relata. A exposição “Quilombolas – Tradições e Cultura da Resistência” ainda é composta pela apresentação de dois mapas produzidos por Piero Pucci Falgetano e Diego Pascoal Carneiro Beneditos. “Quando trabalho, registro o lugar do jeito que ele é, com as coisas boas e ruins. Eu amo cada lugar do jeito que ele é. Não penso no cunho social que determinada fotografia terá. Isso é delicado para mim. Eu vou em busca do desconhecido, uma Novembro – 2009
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experiência que denomino como documentarismo autoral”, explica André Cypriano, que tem como marca do seu trabalho a foto em preto e branco. Só de três anos para cá, quando nasceu sua filha, é que ele começou a fotografar em cor. “Na arte contemporânea, a foto em preto e branco consegue transmitir a imagem para uma interpretação, enquanto que a colorida é um reflexo da realidade. Eu mesmo faço tratamento de todas as fotos, deixo o branco mais escuro ou deixo o branco mais claro que é, dou profundidade à foto”, detalha ele, enfatizando que essa exposição ocorre simultaneamente em outros países da América do Sul e que há planos de levá-la para os Estados Unidos, Canadá e México. Serão mais de 60 exposições. “Quando me perguntam o que é mais importante no meu trabalho, se é a fotografia ou a experiência, eu respondo que escolho a experiência de conhecer essas pessoas e esses lugares, sem sombras de dúvidas. E é essa postura que reflete nas minhas fotos”, resume André Cypriano, que ao todo, fez mais de mil fotografias durante o documentário.
Itamatatiua – Alcântara – Maranhão
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Kalunga – Cavalcante – Goiás
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The project of photographer André Cipriano shows the reality of communities remaining from quilombos The photo of the man on the cover of “Quilombolas – Tradiçőes e Cultura da Resistęncia” (Quilombolas - Traditions and Culture of Resistance), and on the poster of the homonymous exhibition that ended on October 18, was not chosen at random. The expression power and history of Marcos Norberto de Almeida, who lives in the quilombola community named Cafundó, in the region of Sorocaba (SP), particularly impressed photographer André Cypriano. “Meeting him was one of the best moments of this project. Especially because I guess he and two of his brothers, the oldest ones of the community, are the last three people in the planet that communicate using an African dialect from Banto. In Africa, this dialect is extinct and will probably die with them. It’s sad, Brazil still hasn’t given the right value to the richness, culture and history of quilombola descendants and Afro-descendants. Brazil cannot ignore this social debt”, said the photographer, who was invited to take photos of quilombola communities by researcher and exhibition curator Denise Carvalho. In one month in 2005, the photographer visited 11 communities remaining from the quilombos located in ten Brazilian states. “I guess I was invited to be part of this project for my professional profile, as I’ve already made many works in places of difficult access, searching for rare and extraordinary aspects. I’ve taken photos in distant islands, slums, prisons. I have my method to convince people to let me photograph them”, he says. “And in the quilombos, people show some resistance to being photographed, because many persons have already been there, promised a lot of things and then disappeared”, Cypriano explains. In Cafundó, the photographer said that he had to wait for around two hours until the residents gave him the permission to enter. “They asked me what I would give them in return, I said I had nothing to give. After they talked for a long time, they let me in, they said that it was because I hadn’t promised anything, as most people do”, he recalls. In a short time, Cypriano had the challenge to take pictures of various cultural and religious manifestations, traditions, gastronomic peculiarities and routine of the communities. Each quilombola community presented a different infrastructure and organization reality. Some were closer to the city, others were very far and had difficult access. “Each had its own characteristics, some communities had electricity and TV, and for this reason, they lost a little of the traditional routine. In others, I saw that the quilombola culture is still pure, the roots are really alive. At the end of the day, women and children gathered to play ring-around-the-rosy”, tells André Cypriano, who lives in Ilha Grande, in Rio de Janeiro, and in New York (USA). “I went to some remote places, in Goiás and Pará, that we can reach only walking or after a two-day horse trip, really strategic places. In one community, I couldn’t stop moving; otherwise, the ants went up my body and stung me. Then, I saw that all residents were also full of ant stings. Everything was really primitive there”, he says. “But the cooking practices were very attractive to me in all the places. The food is delicious, basically including beans, cassava, banana, eggs, fish, everything well seasoned”, concludes the photographer. For André Cypriano, two communities marked the documentary production. The first was Mumbuca, in Tocantins. “That’s where capim dourado crafts appeared. I was really glad to meet Dona Maria, the person who created such manual work, which is now famous across Brazil. They keep developing these crafts”, he said. The other community is Itamatatiua, in Alcântara, Maranhăo. “I was satisfied that I could witness how happy a community can really be. The children are very happy, energetic, they ride horses naked. The women are charming when carrying water jars on their heads. It looked like a community of these fiction stories, a perfection”, he celebrates. Among the problems that the quilombola communities have, Cypriano observed that the most serious difficulty is land demarcation. “The conflicts with farmers
and to legalize the quilombola territories are a real and urgent problem that practically all communities have. The government need to act soon”, he criticizes, comparing that, on the occasion of this photographic work, there were around 700 officially documented quilombola communities, and now there are over 2 thousand. “It’s a sign that the subject has been addressed”, he believes. Black and white to snap the unknown Among the 40 selected pictures of the exhibition, shown up to October 25th, André Cypriano informs that several of them show the absence of sewage treatment and infrastructure in quilombola communities. “But they also show their creativity in children’s toys, for instance, creating manual toys, and the simple routine, from house construction to clothing”, he says. This exhibition also shows two maps produced by Piero Pucci Falgetano and Diego Pascoal Carneiro Beneditos. “When I’m working, I record the place the way it is, with its good and bad things. I love each place the way it is. I don’t think of the social effect that a certain photo will have. It’s delicate to me. I’m in search of the unknown, an experience that I call ‘authorial documentarism’”, explains André Cypriano, whose work is marked by the black and white pictures. Only three years ago, when his daughter was born, he started to take color photos. “In contemporaneous art, black and white pictures can lead to image interpretation, as the color pictures reflect the reality. I treat all the photos myself, I make white darker or lighter than it is, I produce depth in the photo”, he explains, emphasizing that this exhibition occurs simultaneously in other South American countries and that they are planning to take it to the United States, Canada and Mexico, totaling more than 60 exhibitions. “When I’m asked about what is more important in my work: photography or the experience, I answer that it is the experience of meeting these people and seeing these places, no doubt about it. And that’s the attitude reflected on my photos”, concludes André Cypriano, who took more than one thousand pictures during the documentary production.
Apoio/Partnership:
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Culture and Resistance
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em gravura
POTY
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gravura
O artista Napoleon Potyguara Lazzarotto nasceu em 29 de março de 1924, em Curitiba. Na década de 40, cursou a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Depois, como bolsista do governo francês, na École de Beaux Arts, de Paris, estudou litografia e viajou pela França, Espanha e Itália, absorvendo influências europeias. De volta ao
“Fornalhas do Desirade”, 1948, gravura em metal, ponta seca, 33,9 cm x 45 cm
“A Família”, 1945, gravura em metal, ponta seca, 28,7 cm x 37,6 cm
37 “Vagão de trem noturno”, 1943, gravura em metal, ponta seca, 28,8 cm x 37,7 cm
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Não há curitibano que não reconheça o traço genial do conterrâneo Poty Lazzarotto (1924-1998). Seus grandes murais e painéis contam e, ao mesmo tempo, dão vida à história da cidade e do país. Ninguém sai ileso ao se deparar com o mural em concreto aparente do Teatro Guaíra ou com o painel em azulejos que conta a história da emancipação política do Paraná, na Praça 19 de dezembro. Ilustrador e desenhista, Poty foi um exímio gravurista e um dos pioneiros da arte no país. Parte de sua produção, feita entre as décadas de 40 e 60, pôde ser vista no MON até o dia 22 de outubro, na mostra “Poty Gravuras”. A exposição apresentou 97 ilustrações feitas por Poty que fazem parte do acervo do artista mantido pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC). A exposição, uma parceria entre o FCC e o MON, revelou retratos, gravuras da Bahia, com suas praias e moradores, e uma série religiosa na qual representa santos, passagens de Cristo e um cortejo.
gravura
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38 “Matadouro”, 1951, gravura em metal, água tinta e água forte, 29,6 cm x 22,4 cm
Brasil, deu aulas em escolas de artes na Bahia, Recife e Curitiba. Ilustrou livros de Dalton Trevisan, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Euclides da Cunha e José de Alencar. É autor de várias obras de exposição pública em Curitiba. Fez ainda os murais da Casa do Brasil, em Paris, e executou um painel para o Memorial da América Latina, em São Paulo.
Poty Engravings
About the artist Napoleon Potyguara Lazzarotto was born on March 29, 1924, in Curitiba. In the 1940s, he studied at the Escola Nacional de Belas Artes, in Rio de Janeiro. After that, he received a scholarship to study at the École de Beaux Arts, in Paris, where he studied lithography and traveled across France, Spain and Italy, absorbing European influences. When he returned to Brazil, he worked as a professor at art schools in Bahia, Recife and Curitiba. He illustrated books by Dalton Trevisan, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Euclides da Cunha and José de Alencar. He made several works for public exhibition in Curitiba and made the murals of Casa do Brasil, in Paris, and a panel to the Latin America Memorial, in Săo Paulo.
Poty em ação
Apoio/Partnership:
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Everyone who lives in Curitiba recognizes the extraordinary traces of Poty Lazzarotto (19241998), who was also born in the city. His large murals and panels tell and at the same time enliven the history of the city and the country. Nobody is indifferent when seeing the exposed concrete mural of Guaíra Theater or the tile panel that tells the history of political emancipation of Paraná, at Praça 19 de Dezembro. As an illustrator and draftsman, Poty was an extraordinary engraver and one of the pioneers of this art in Brazil. Now, part of his works, made between 1940s and 1960s, could be seen at MON until October 22, in the exhibition: “Poty Engravings”. The exhibition showed 97 illustrations made by Poty that are part of the artist’s collections kept by the Cultural Foundation of Curitiba (FCC). The exhibition, a partnership between FCC and MON, revealed portraits, engravings of Bahia, with its beaches and residents, and a religious series in which he illustrates saints, passages of Christ and one procession.
nossa história
Exposição “Garfunkel – Um francês do Paraná” apresentou obras do artista que retratava a vida cotidiana com espontaneidade e emoção
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40 Pastel sobre o papel, 48 cm x 31,7cm
“Não entendo por que se criam tantos tabus em relação à arte. Ela é em essencial tão simples! Está nas ruas, na gente que passa; é apenas uma questão de sensibilidade, de transmissão de sentimentos, de diálogo de amor”. A frase, de Paul Garfunkel, em entrevista ao jornal Diário do Paraná, em novembro de 1970, resume com propriedade o fazer artístico desse artista autodidata que nasceu em Fontainebleau, a 60 km de Paris, em 9 de maio de 1900, que chegou ao Brasil em 1927 como engenheiro mecânico da uma companhia francesa Fichet & Schwartz-Haumont. E Curitiba teve a chance de conhecer melhor o trabalho do artista, na mostra “Garfunkel -- Um francês do Paraná”, um apaixonado pelo Brasil e pelo Paraná. De acordo com um dos curadores da mostra, Luca Rischbieter, neto de Paul Garfunkel, em 2008 nascia a semente desta exposição no MON. “O BRDE e a Aliança Francesa pediram à família para organizar uma exposição, o que fizemos, com curadoria de Armando Merege. A mostra destacou os inéditos cadernos de esboços de Paul. Já no vernissage, recebemos o convite para organizar uma exposição no Museu”. Para Armando Merege, outro curador da mostra, Paul Garfunkel foi um grande pintor e um aquarelista único, comparado por mais de um crítico aos mestres do impressionismo. “O artista que encontramos em suas dezenas e dezenas de cadernos de esboços, a que tive acesso pela amizade com seus netos, é um desenhista genial, dono de um traço personalíssimo e de uma soltura absoluta, só comparável aos grandes mestres. Na mostra “Garfunkel – Um francês do Paraná”, as obras que foram expostas esboçam pessoas, animais e
também paisagens, que o artista hábil e incessantemente registrava – nos cadernos e em milhares de folhas avulsas, muitas vezes rabiscadas dos dois lados - num incansável exercício do desenho. No meu entender, o seu croqui já é “arte final”. Ele pratica a síntese do traçado, seus desenhos se definem com poucas linhas, conseguindo um resultado surpreendente. Nos seus esboços já encontramos em sua plenitude as marcas que nos encantam em toda a sua obra: a essência, o espontâneo, a vida sendo traduzida em sua forma mais pura, a simplicidade das pessoas, cenas triviais e bucólicas que magistralmente são captadas pelo artista. O lirismo contido na obra de Paul Garfunkel nos traduz a sua maneira apaixonada e poética de sentir e de viver”. A trajetória Paul Garfunkel começou sua dedicação à pintura após perder seu emprego, pelo envolvimento com o partido dos paulistas na Revolução de 32, e mudar-se para Santos. O próprio artista define esse momento ao jornalista e pesquisador Aramis Millarch, na “Revista Fatos e Fotos”, de 1976. Para preencher o tempo, ao lembrar-me das sensações originais que tivera oportunidade de provar aos 13 anos – em algumas poucas experiências de pintura (no tempo do colégio, na França) – comecei a pintar... Sou, assim, um autodidata, na medida em que um europeu possa sê-lo, visto que na Europa, a visita a museus, o próprio contato diário com monumentos e obras de arte condicionam o nosso subconsciente para uma compreensão mais rápida da arte.
Um apaixonado
pelo Brasil Novembro – 2009
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nossa história
Guache e nanquim sobre o papel, 24,2 cm x 16 cm
Sua primeira exposição individual, intitulada Visões Santistas, foi realizada em 1934. Mas a busca de trabalho fez com que, em 1936, Paul aceitasse a oferta de um amigo e mudasse para Marechal Mallet, no interior do Paraná, para cuidar de uma fábrica de palhões (embalagens para exportação de bananas), que logo fecharia as portas. Mas Paul permaneceria no Paraná. As palavras de sua grande amiga Violeta Franco retratam esse período: Encantado com a terra e com a gente do Paraná, resolveu transferir-se definitivamente para lá, e levou para Cruz Machado e Mallet, e posteriormente Araucária e São Mateus, sementes de linho e orientação para seu plantio, implantando as primeiras beneficiadoras de fibra de linho do Estado. Enquanto tentava sucesso empresariais, continuava pintando, ainda como hobby, mas com uma técnica só sua, aprimorada, sempre despretensiosa. Depois de muito tempo no interior do Paraná, em empreendimentos de pouco sucesso, Paul instala-se definitivamente em Curitiba. Apesar de uma produção constante, a pintura como atividade exclusiva só se tornou realidade nesta época quando Paul alugou o seu primeiro atelier. A arte de Paul Garfunkel pode ser definida nas palavras do pintor e pesquisador João Coviello, encontradas no “livro Paul Garfunkel, um Francês no Brasil”, de 1992. Garfunkel ama o impressionismo, mas suas críticas ao formalismo artístico, seus elogios Novembro – 2009
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Guache, crayon e grafite sobre o papel, 31 cm x 23,5cm
a Portinari, sua busca por uma comunicação com o público e a força expressiva do traço, o faz também um herdeiro do expressionismo. Curitiba foi a cidade que Paul e sua esposa Hélène Garfunkel, engenheira de formação como o esposo, escolheram para viver. Na capital paranaense, a ‘Madame Garfunkel’ se empenhou em reabrir a Aliança Francesa, dedicando-se de 1949 a 1982. O casal teve dois filhos: Pierre nasceu em Paris, em 1927, e Françoise-Marie (“Fanchette”) em São Paulo, em 1929. Em Curitiba, o casal recebeu o título de Cidadão Honorário da cidade. A descrição de Violeta Franco sobre o atelier de Paul descreve a importância desse local para o artista. Seu atelier era frequentado não só por pessoas que iam adquirir seus trabalhos, mas também por aqueles que iam vê-lo. E estava ele naquele espaço todos os dias, qual um operário que vai, religiosamente, à fábrica pela manhã e à tarde; um hábito de quase trinta anos. Constituiu ali um mundo, o seu mundo. Um mundo mágico de quadros e desenhos que se amontoaram a medida em que seus trabalhos, escritos, recordações, mil cartas, pequenas caixas que tinham histórias-registros, que no decorrer da vida ia armazenando e que constituiam seu acervo de vivência.
Coral em Santos, Óleo sobre tela, 59,6 cm x 47,5cm
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nossa histĂłria
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Ora, vivo de olhos abertos para o mundo exterior, procurando notar como que flagrantes de tudo que desperta em mim uma emoção sensorial: formas, movimentos, cores. Para tal fim, não existe coisa melhor que o caderno de croquis e a caixinha de aquarelas. Paul Garfunkel “Well, I always keep my eyes open to the world outside, in an attempt to see how snapshots of everything arouses my sensorial emotion: shapes, movements, colors. For that purpose, nothing better than the sketchbook and the watercolors”.
Guache, nanquim e grafite sobre o papel, 21,8 cm x 25,8cm
“Lembro de meu avô sentado em Itajaí (SC), de frente para o Rio Itajaí, rabiscando com traços e rabiscos precisos, a cidade de Navegantes. Devia ter 4 ou 5 anos de idade. O que sempre me impressionou é que suas mãos tremiam muito, por exemplo, nas refeições, ou ao acender um charuto e ler os jornais franceses. Todos os dias. Agora, quando pegava um lápis, ele era capaz de traçar linhas retas precisas como se fossem feitas com uma régua”, relembra Luca Rischbieter, que juntamente com Mônica Rischbieter, Armando Merege, e Paulo Garkunkel, também neto de Paul, formam a comissão curatorial dessa retrospectiva que apresenta um dos principais intérpretes do impressionismo no Paraná.
A Frenchman in love with Brazil “Garfunkel – a Frenchman from Paraná” showed works of this artist who painted the daily life with spontaneity and emotion
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A primeira exposição individual internacional de Paul Garfunkel aconteceu em 1947, na Filadélfia (Estados Unidos). Em 1983, o Masp foi palco de uma mostra do artista. Aqui, Pietro Maria Bardi comparou Garfunkel a Debret. Autênticos documentos da vida nacional de hoje. São de juntar às aquarelas de Debret, para com isto evidenciar a constante do tempo fluído desde o francês da Missão de 1816 ao imigrado um século depois: duas visões pessoais que entrosam duas técnicas, o verismo adocicado pelo romantismo e a impressionista que fixa o movimento e sua psicologia. Foi apenas em 1959 que Paul voltou pela primeira vez a França, 32 anos após sua chegada ao Brasil. Ao longo das décadas seguintes e até sua morte, em 1981, quando se preparava para retornar mais uma vez, o seu talento voltou-se também para seu país natal e para a Europa.
“I don’t understand why so many taboos are created around art. It’s essentially so simple! It’s on the streets, in people going by; it’s only a question of sensitivity, transmission of feelings, dialog of love”. The sentence of Paul Garfunkel, in an interview to journal Diário do Paraná, in November 1970, strongly reflects the artistic work of this self-taught artist born in Fontainebleau, 60 km from Paris, on May 9, 1900, and who arrived in Brazil in 1927 as a mechanical engineer of French company Fichet & Schwartz-Haumont. And Curitiba had the opportunity to learn more about the artwork of Garfunkel, who was in love with Brazil and Paraná. According to Luca Rischbieter, one of the exhibition curators and grandson of Paul Garfunkel, this exhibition at MON was first suggested in 2008. “The BRDE and the Alliance Française asked his family to organize an exhibition, and we made it, with curator Armando Merege. The exhibition showed Paul’s sketchbooks for the first time. In the inauguration, we were invited to organize an exhibition to MON”. For Armando Merege, the other exhibition curator, Paul Garfunkel was a great painter and unique watercolorist, compared to impressionist masters by more than one art critic. “The artist that we found in his several sketchbooks, that I knew through the friendship with his grandchildren, is an extraordinary draftsman, with
nossa história
very personal traces and absolute boldness, comparable to great masters only. In the exhibition: “Garfunkel – a Frenchman from Paraná”, the works show sketches of people, animals and landscapes, incessantly illustrated by this skilled artist in sketchbooks and thousands of detached sheets – many times on both sides of the sheet – in a tireless drawing practice. In my opinion, his sketches are already the “final artwork”. He uses trace synthesis, his drawings are defined with few lines, achieving a surprising result. His sketches already present the characteristics observed in all his works and that make us fascinated: the essence, the spontaneity, life translated in its purest form, the simplicity of people, trivial and bucolic scenes that are wonderfully captured by the artist. The lyricism in Paul Garfunkel’s artwork shows us his passionate and poetic way to feel and live”.
people and the expressive power of his trace give him influences of expressionism. Curitiba was the city where Paul and his wife Hélčne Garfunkel, also an engineer, chose to live. There, ‘Mrs. Garfunkel’ reopened the Alliance Française, to which she dedicated from 1949 to 1982. They had two children: Pierre was born in Paris, in 1927, and Françoise-Marie (or “Fanchette”), in Săo Paulo, in 1929. In Curitiba, they received the Honorary Citizenship award. Violeta Franco’s description of Paul’s studio shows how important this place was to the artist. The people that used to come to his studio were not only persons who wanted to buy his works, but also persons who wanted to see him. And there he was every day, as a worker who devotedly goes to the factory in the morning and in the afternoon; a habit of almost thirty years. He created a
The career Paul Garfunkel started to dedicate himself to painting after he lost his job, because he was involved in the political party of paulistas in the Constitutionalist Revolution of 1932, and moved to Santos. The artist himself defines this moment to journalist and researcher Aramis Millarch, to ‘Fatos e Fotos’ magazine of 1976. To occupy my time, when recalling the original sensations that I had the opportunity to experience when I was 13 years old – in some few experiences with painting (in school time in France) – I started to paint... Then, I am a selftaught artist, within the possibilities for an European to be such an artist, as in Europe, the visits to museums, the daily contact with monuments and works of art lead the subconscious to a faster understanding of art. His first individual exhibition, named “Visőes Santistas” (Views of Santos), was in 1934. But, as he needed to work, he accepted in 1936 a friend’s offer and moved to Marechal Mallet, in the interior of Paraná, to manage a factory of packages for banana exportation, which soon closed down. But Paul remained in Paraná. The words of his great friend Violeta Franco illustrate this period: Fascinated with the land and people of Paraná, he decided to definitively move there, and he took to Cruz Machado and Mallet, and later to Araucária and Săo Mateus too, flax seeds and cultivation instructions, creating the first factories of linen fiber of the state. While he tried business success, he kept painting, as a hobby, but using his own improved and always unpretentious technique. After a long time in the interior of Paraná, in little successful projects, Paul moves definitively to Curitiba. Although he had a constant product, painting as his exclusive activity became a reality only when Paul rented this first studio. The art of Paul Garfunkel can be defined by painter and researcher Joăo Coviello, as found in “Paul Garfunkel, Um Francęs no Brasil” (Paul Garfunkel, A Frenchman in Brazil”), of 1992. Garfunkel loves impressionism, but his criticism to formalist art, his admiration for Portinari, his search for communication with
Patrocínio/Sponsorship:
Apoio/Partnership:
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came to live in Brazil. In the decades after that, and until his death in 1981, when he was preparing to go there again, he became famous throughout his country and Europe. “I remember my grandfather in Itajaí (SC), looking at Itajaí River and sketching precise traces and lines, the city of Navegantes. I was around 4 or 5 years old. What impressed me most was that his hands trembled a lot, for instance, during the meals or while lighting a cigar and reading the French newspapers. Every day. But, when he picked up a pencil, he could draw precise straight lines as if they were made with a ruler”, recalls Luca Rischbieter, who, with Mônica Rischbieter, Armando Merege and Paulo Garkunkel, another Paul’s grandson, comprise the curatorial commission of this retrospective that presents one of the main interpreters of impressionism in Paraná.
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universe there, his universe. A magic universe of paintings and drawings that were accumulating as his works, writings, souvenirs, letters, small boxes with story records, which during his life, he kept and formed his life collection.( The second individual exhibition of Paul Garfunkel was in 1947, in Philadelphia (USA). In 1983, MASP received an exhibition of the artist. Here, Pietro Maria Bardi compared Garfunkel to Debret. Authentic documents of today’s national life. They should be joined to the watercolor paintings of Debret as evidences of the time constant that has gone from the Frenchman in the Mission of 1816 to the immigrants one century later: two personal versions that combine two techniques, realism sweetened by romanticism and the impressionist that captures the movement and its psychology. The first time Paul returned to France was in 1959, 32 years after he
mostra
Vik
inusitado
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A retrospectiva “VIK” chega a Curitiba com 200 imagens que compõem as 131 obras que contam a trajetória de 20 anos (1988-2008) da carreira do artista paulistano Vik Muniz, 47 anos. Além das fotografias dos trabalhos criados pelo artista, o público vai poder conferir três vídeos que acompanham o processo criativo de Muniz, com cada passo desde a ideia, o desenvolvimento das técnicas diversas e a utilização de materiais inusitados, até o retoque final da obra. Vik nasceu em São Paulo, onde iniciou sua carreira de artista plástico e fotógrafo, porém, seu sucesso tomou forma em Nova Iorque, onde mora há 25 anos. Muniz chamou a atenção da comunidade artística internacional com fotografias de trabalhos criados a partir de materiais inusitados (papel picado, molhos, algodão, açúcar, lixo, sucata) e técnicas variadas – como a “Mona Lisa” feita de pasta de amendoim, o desenho feito de geleia de “Che Guevara” e o retrato de Liz Taylor cravejado de brilhantes. Devido ao reconhecimento de seu trabalho, Vik Muniz já faz parte de acervos particulares e galerias em várias partes do mundo. Além disso, no ano passado foi convidado pelo MoMa de Nova Iorque para ser o curador da mostra “Artist’s Choice” (escolha do artista). Também é o único artista brasileiro vivo a figurar no livro “501 Great Artist of All Times”, da Peguin Books. A mostra que chega a Curitiba já passou por Miami, Canadá e México. No Brasil, levou 260 mil pessoas à mostra que esteve em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). “Raramente um artista contemporâneo provocou neste país uma mobilização desse porte, aproximando o grande público da grande arte. Isso se deve, por um lado, à mágica da obra de Vik; por outro, a uma montagem compreensível que permitiu a cada visitante a sua própria liberdade do olhar”, afirma Leonel Kaz, curador da mostra.
Chega a Curitiba a maior mostra da carreira de Vik Muniz
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mostra
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50 “Diamonds - Liz Taylor”
“Garbage - The Gipsy Magna”
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mostra
Atypical VIK The largest exhibition of Vik Muniz’s career in Curitiba The retrospective “VIK” comes to Curitiba bringing 200 images, which make up 131 works that tell the 20-year (1988-2008) career history of artist Vik Muniz, who is 47 years old. Besides the photos of works created by him, the people will be able to see watch videos that illustrate the artist’s creative process, showing each step from the idea, through the development of several techniques and use of atypical materials, to the final touch of the work. Vik was born in the city of Săo Paulo, where he started as a plastic artist and photographer, but his career took off in New York, where he has lived for 25 years. Muniz draw the attention of the international art community with photos of works created with atypical materials (paper cuts, sauces, cotton, sugar, trash, scrap) and differentiated techniques – such as “Mona Lisa” made from peanut butter, the drawing of “Che Guevara” made from jelly and the portrait of Liz Taylor with brilliants. As Vik Muniz has won wide recognition, he has works that belong to private collections and galleries located in several parts of the world. Besides, he was last year invited by MoMa, in New York, to be the curator of “Artist’s Choice” exhibition. He is also the only Brazilian artist alive included in the book titled “501 Great Artist of All Times”, of Peguin Books. The exhibition coming to Curitiba has already been to Miami, Canada and Mexico. In Brazil, 260 thousand people visited the exhibition shown at the Săo Paulo Museum of Art (MASP) and at the Rio de Janeiro Museum of Modern Art (MAM). “Only a few times a contemporaneous artist has caused such a mobilization in this country, placing people closer to art. That fact is due to, on the one hand, Vik’s magic work, and, on the other hand, the comprehensible assembly that enabled each visitor to have his/her own view freedom”, states Leonel Kaz, the exhibition curator.
SERVIÇO “Vik” Salas Frida Kahlo e Miguel Bakun De 19 de novembro de 2009 a 28 de fevereiro de 2010 De terça a domingo, das 10h ŕs 18h “Vik” Frida Kahlo and Miguel Bakun room From november 19th 2009 to february 28th 2010 Tuesday through Sunday, 10 am to 6 pm
Apoio/Partnership:
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programação
Fique por dentro da programação
do MON para os próximos Check the upcoming attractions at MON
Flávio Damm (Fotografia) Uma referência do fotojornalismo brasileiro, Flávio Damm apresenta cerca de 80 imagens, em preto e branco, que revelam o olhar aguçado e perspicaz do experiente fotógrafo. Os trabalhos foram selecionados a partir de um arquivo pessoal de quase 60 mil negativos. Entre eles há fotos emblemáticas de sua trajetória profissional, iniciada em 1944, na Revista do Globo. Desde então, suas fotografia estamparam publicações reconhecidas no Brasil, como o lendário O Cruzeiro, e no exterior, para as revistas Time e Life. Com mais de 60 anos dedicados à imagem, o fotógrafo contabiliza mais de 900 viagens e 18 livros publicados. Flávio Damm (Photography) A reference in the Brazilian photojournalism, Flávio Damm shows around 80 black & white pictures that highlight the sharp and perspicacious view of this experienced photographer. The works were selected from his personal collection of almost 60 thousand negatives. The pictures include emblematic photos of his professional career, started in 1944 at “Revista do Globo”. Since then, his photos have illustrated famous publications in Brazil, such as legendary “O Cruzeiro”, and abroad (“Time” and “Life”). In more than 60 years dedicated to photography, he has made over 900 trips and has 18 books published.
Lê Corbusier - Entre dois mundos Em comemoração ao Ano da França no Brasil, a mostra exibe cerca de 200 obras, que incluem projetos originais, desenhos, pinturas, esculturas, tapeçarias, maquetes, livros e fotografias de Lê Corbusier, provenientes do acervo da Fundação Le Corbusier, em Paris. Revolucionário e autor de uma arquitetura inovadora, com características funcionalistas, junto com Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto, Mies Van der Rohe e Oscar Niemeyer, é considerado um dos mais importantes arquitetos do século 20. Em viagens pelo Brasil, entre 1929 e 1936, Le Corbusier fez propostas urbanísticas para projetos brasileiros e influenciou a arquitetura de várias gerações, como Lúcio Costa e Affonso Eduardo Reydi.
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Le Corbusier - Between Two Worlds To celebrate the Year of France in Brazil, this exhibition shows around 200 works that include original projects, drawings, paintings, sculptures, tapestries, maquettes, books and photos by Le Corbusier, from the collection of the Foundation Le Corbusier, in Paris. Revolutionary and author of innovative architecture, with functionalist characteristics, he is considered one of the most important architects of the 20th century, along with Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto, Mies Van der Rohe and Oscar Niemeyer. In his trips to Brazil, between 1929 and 1936, Le Corbusier made proposals to Brazilian urban projects and influenced the architecture of several generations, such as Lúcio Costa and Affonso Eduardo Reydi.
meses O Olhar - De Joaquim Sorolla A exposição apresenta uma ampla visão da obra do lendário pintor valenciano Joaquín Sorolla. Retratos, paisagens, cidades mediterrâneas, nus, cenas marinhas e do litoral de Valência estão entre a temática abordada nas 40 pinturas em exibição. Apontado como um dos principais representantes do iluminismo espanhol, Joaquín Sorolla imprimia em suas pinturas a paixão pela luz do Mediterrâneo, pela figura humana, pelo mar ensolarado e pela pintura ao ar livre. Por meio de sua arte, o artista também Manteve firme compromisso ético e social com o resgate de seu povo, oprimido pelos conflitos sociais que levariam à Guerra Civil. The Look - by Joaquim Sorolla The exhibition is a broad look at the artwork of legendary painter Joaquín Sorolla from Valencia. Portraits, landscapes, Mediterranean cities, nudes and sea/coast scenes of Valencia are among the themes of the 40 paintings that comprise this exhibition. Considered one of the main representatives of Spanish Age of Enlightenment, Joaquín Sorolla imprinted his passion for Mediterranean sunlight, human figure, sunny sea and outdoor painting in his works. Through his art, he also kept a strong ethical and social commitment to rescue the people of his country, oppressed by the social conflicts that would lead to the Civil War.
Figuras e Padrões Procedente do Museu Nacional do Azulejo de Portugal, 90 painéis de azulejos contam a história da arte da cerâmica em Portugal, do século 16 até a atualidade. A mostra é organizada em quatro segmentos: as encomendas da igreja, da nobreza, do setor público e de novos clientes. Para permitir a clara compreensão do desenvolvimento dessa arte secular na Península Ibérica, as peças são agrupadas cronologicamente, respeitadas as divisões temáticas: padrões e figurativos, religiosos ou profanos, frontais de altares, alegorias, cruzes e registros religiosos, em faianças policromadas, estão entre as peças apresentadas.
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Figures and Patterns From the National Tile Museum of Portugal, 90 tile panels tell the history of ceramic art in Portugal, from the 16th century to the present time. The exhibition is organized in four segments: the works ordered by the church, the works ordered by the nobility, the works ordered by the public sector and the works of new clients. To enable a clear understanding of the development of this secular art in the Iberian Peninsula, the panels are grouped in chronological order, observing the thematic divisions: standard and figurative, religious or profane. Altar fronts, allegories, crosses and religious records, made of polychrome faience, are among the works presented in this exhibition.
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Sala OBJETO, idealizada pela Ação Educativa do MON, discute o acervo do museu por meio da arte contemporânea poderia optar por três diferentes técnicas e desenvolver sua sensibilidade”, explica a coordenadora da Ação Educativa, Rosemeri Bittencourt Franceschi. “Temos a preocupação de trabalhar em cima do acervo do museu e tivemos uma oportunidade muito boa de espaço para isso, já que o ritmo de exposições no MON é intenso e fica difícil ter uma sala de exposições disponível. Então tudo deu certo, porque naquele momento também estávamos com duas exposições em cartaz montadas a partir de acervos de museus. O acervo estava em foco e sendo enaltecido o conceito de colecionismo”, contextualiza Franceschi, se referindo aos acervos da Fundação Cultural de Curitiba, do Museu de Arte do Rio Grande do Sul e também do próprio Museu Oscar Niemeyer. A proposta era discutir o acervo do MON através da arte contemporânea, por isso, no universo de mais de 2,5 mil obras de artistas locais, nacionais e internacionais do museu, o objeto “Cama” do artista plástico pernambucano José Rufino foi escolhido. A obra foi doada por Rufino após sua exposição individual realizada no MON no ano de 2004. “Poderíamos ter privilegiado qualquer obra. Mas como decidimos discutir a arte contemporânea em cima do acervo, achamos que a obra do Rufino qualificaria esse trabalho porque foi criada a
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Do famoso ditado popular “se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé”, a sala OBJETO teve um pouco. O espaço, que esteve cartaz no Museu Oscar Niemeyer até o final de setembro, foi a forma (e a oportunidade) encontrada pela Ação Educativa da instituição para levar a proposta de trabalho do setor para todo o público visitante. Durante um mês, quase 5 mil pessoas passaram pela sala OBJETO, uma experiência diferente para quem esperava apenas visualizar obras no museu. Todo espaço foi pensado para que o visitante tivesse uma experiência diferente com a arte e fosse estimulado a participar de processos de criação. “Criamos três oficinas num percurso expográfico envolvente, atraente e dinâmico onde o público
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partir de um objeto de sua própria casa. Talvez essa obra seja uma das mais instigantes que temos para discutir a arte contemporânea”, esclarece a arte-educadora do MON, Solange Rosenmann. “A ideia de enaltecer o acervo é uma forma de preservar o patrimônio cultural e valorizar os museus que fazem a guarda e a conservação dessas obras. A sala OBJETO faz um fechamento dessa proposta justamente porque valoriza peça por peça”, acrescenta Rosenmann. A cama pertencia ao avô de José Rufino, objeto doméstico com valor afetivo que o artista encontrou suporte para uma expressão criadora. Ele construiu sobre o estrado da cama sua arte, uma grande mancha feita em folhas de um livro antigo. “O atrevimento do artista está em aproveitar esse suporte para criar seu trabalho”, disse a arte-educadora. Montagem A dificuldade em expor uma única obra, pela necessidade de ambientação, levou a equipe da Ação Educativa recorrer ao contexto da exposição de José Rufino, em 2004. “Buscamos com o próprio Rufino um novo contexto para a obra. Ele nos apoiou e permitiu que a gente se apropriasse dos elementos de parede da mostra original. Então fizemos uma reprodução dos quadros redondos com as manchas para ambientar a cama”, conta Solange Rosenmann, lembrando que podem participar das atividades da sala OBJETO uma ampla faixa etária, dos quatro anos à terceira idade. No primeiro espaço da sala OBJETO – operada por dois monitores - , o visitante foi convidado a colocar a mão dentro de
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caixas pretas para ser estimulado pelo tato, a ampliar as sensações e o vocabulário, sentindo diferentes texturas. Em seguida, pôde conhecer a sala com o OBJETO, a cama de José Rufino, cuja mancha remete ao imaginário. Estimulado, o visitante iria, então, “por a mão na massa”. Na primeira oficina, recebeu um cartão para trabalhar a técnica de monoprint a partir de uma macha que é feita com pingos de tinta. O cartão é dobrado ao meio e a tinta espalhada, formando figuras abstratas, assim como a grande mancha da cama de Rufino. “A mancha remete à ideia da Psicologia de alguns exercícios de percepções. O interessante é descobrir o que cada indivíduo percebe no monoprint, sua reflexão”, comenta Solange Rosenmann. Seguindo para a próxima oficina, em outro espaço da sala, o público pôde praticar o exercício de dobradura (origami), seguindo as instruções passo-a-passo com os monitores e material confeccionado pela Ação Educativa para criar uma cama de papel. Nesse momento, foi trabalhada a idéia de colecionismo e de reuso de materiais. Alguns resultados podiam ser conferidos numa vitrine exposta no local, com dezenas de pequenas camas personalizadas. “Observamos a identidade imediata do indivíduo a partir de um objeto de uso pessoal, cada cama ficou diferente da outra”, informou Rosenmann. A última oficina propôs uma releitura de imagens e textos do artista José Rufino, sem utilizar tesoura ou cola, apenas recortando o papel com a mão e praticando preciosismo e a habilidade. “A Ação Educativa ela forma e informa o indivíduo sem cobrar, porque ela introjeta o conhecimento e a cultura de forma prazerosa. A pessoa é sensibilizada se identificando com as atividades e práticas propostas. Com a sala OBJETO, trabalhamos a realidade do artista e do visitante através das discussões do cotidiano, possibilitando uma revisão e uma apreciação da arte contemporânea”, conclui a coordenadora do setor, Rosemeri Franceschi.
The OBJECT room, conceived by the Educational Action of MON, shows the museum collections through contemporaneous art The OBJECT room had some influence of the Brazilian saying “If Muhammad does not go the mountain, the mountain goes the Muhammad”. The area, occupied by an exhibition at the Oscar Niemeyer Museum until the end of September, was the way (and opportunity) found by the institution’s Educational Action to show the sector proposal to the visitors. In one month, almost 5 thousand people visited the OBJECT room, a different experience for those who expected to see only artwork at the museum. All the area was planned to offer the visitor a different experience with art and encourage the visitor to participate in the creation process. “We created three workshops in an involving, attractive and dynamic expographic circuit, where the visitors could use three different techniques and develop their sensitivity”, explains Rosemeri Bittencourt Franceschi, the Educational Action coordinator. “We want to work with the museum collections and we had a very good opportunity for that, as it’s difficult to have a free exhibition area with the intense rhythm of exhibitions at MON. Then, everything worked well, because at that moment we had two exhibitions with the museum collections. The museum collections and the concept of collectionism were in evidence”, explains Franceschi, making a reference to the collections from the Cultural Foundation of Curitiba, the Art Museum of Rio Grande do Sul and the Oscar Niemeyer Museum. The intention was to discuss the collections of MON through contemporaneous art, and for this reason, in the universe of more than 2.5 thousand works of local, national and international artists of the museum, the object “Bed” - of plastic artist José Rufino from Pernambuco - was chosen. The work was donated by Rufino after his individual exhibition at MON in 2004. “We could’ve chosen any other work, but, as we decided to discuss contemporaneous art using the museum collections, we thought that Rufino’s work would fit the idea, because it was created using an object of his own house. Maybe this is one of the most instigating works that we have here to discuss contemporaneous art”, explains Solange Rosenmann, art educator of MON. “The idea of promoting the museum collections is a way to preserve the cultural heritage and value museums that protect and keep these works. The OBJECT room supports this proposal exactly because it values every work”, Rosenmann adds. The bed belonged to José Rufino’s grandfather, it was a household object of private value in which the artist found support for a creative expression. He built his art on the bed frame, a large spot made of leaves of an old
book. “The artist’s boldness is evident in the utilization of this frame to create his work”, said the art educator. Preparation The difficulty found in the exhibition of a single work, as it required adaptation, made the Educational Action team turn to José Rufino’s exhibition context, in 2004. “We created with Rufino a new context. He supported us and allowed us to use the wall elements from the original exhibition. Then, we reproduced the round pictures with the spots to accommodate the bed”, tells Solange Rosenmann, reminding that people from four to old age can participate in the activities of the OBJECT room. In the first space of the OBJECT room – operated by two monitors - , the visitor was invited to put the hand inside black boxes to be stimulated by touch, expand the sensations and vocabulary, feeling different textures. After that, the visitor could see the room with the OBJECT, José Rufino’s bed, whose spot reminds of imaginary pictures. Stimulated, the visitor would then start producing. In the first workshop, the visitor received a card to try the monoprint technique from a spot of paint drops. The card is folded in the middle and the paint is spread, forming abstract images, just as the large spot of Rufino’s bed. “The spot reminds of psychological aspects of some perception exercises. It is interesting to find out what each person perceives with monoprint, each one’s reflection”, comments Solange Rosenmann. In the second workshop, in another space of the room, the visitor could practice origami folding to create a paper bed, following the step-by-step instructions provided by the monitors and using the material prepared by the Educational Action team. At this moment, they practiced the idea of collectionism and material reuse. Some results could be checked in a display assembled in the space, with tens of small personalized beds. “We can immediately observe the person’s identity from a personal object, one bed was different from the other”, said Rosenmann. The last workshop proposed a reproduction of José Rufino’s images and texts, without using scissors or glue, only cutting paper with the hand and using preciousness and talent. “The Educational Action forms and informs the person without imposing anything, because it incorporates knowledge and culture in a pleasant manner. The person is touched and feels the identification with the proposed activities and practices. With the OBJECT room, we worked with the reality of both artist and visitor through routine discussions, which allows to study and appreciate the contemporaneous art”, concludes Rosemeri Franceschi, the sector coordinator.
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One object to call it yours
pelo mundo
Elas em Paris “Pela primeira vez no mundo, um museu vai estar exibindo o lado feminino da sua coleção”, é assim que o Centre Pompidou define a exposição “elles@centrepompidou”, que mostra a produção das mulheres artistas do século 20 até os dias de hoje e que fazem parte do acervo da instituição. São 500 trabalhos de 200 artistas. Alguns nomes: Sonia Delaunay, Frida Kahlo, Dorothea Tanning, Joan Mitchell, Maria Elena Vieira da Silva, Sophie Calle, Annette Messager e Louise Bourgeois. Até 24 de maio de 2010, todos os dias, das 11h00 às 21h00. (www.centrepompidou.fr)
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Only Women Artists in Paris “For the first time in the world, a museum will be displaying the feminine side of its own collections”: that’s how the Centre Pompidou has defined the exhibition: “elles@centrepompidou”, which shows the works of women artists from the beginning of the 20th century to the present day and that are part of its collections. The exhibition shows works of 200 artists, including: Sonia Delaunay, Frida Kahlo, Dorothea Tanning, Joan Mitchell, Maria Elena Vieira da Silva, Sophie Calle, Annette Messager and Louise Bourgeois. Until May 24, 2010, every day, 11 am to 9 pm. (www.centrepompidou.fr)
Na Suíça “Anywhere is my Land” é a primeira grande mostra individual do artista paraibano Antonio Dias na Suíça. A mostra, que acontece na Daros Exhibitions, de Zurique, apresenta duas fases decisivas da carreira do artista nascido em 1944: a produção da década de 1960, caracterizada por sua crítica social expressa na forma de desenhos e assemblage e com traços da pop art, e a da década de 1970, passada quase toda em Milão, que constitui uma obra conceitual multimídia em que os temas sociais são entrelaçados com reflexões sobre os conceitos da arte. Até 7 de fevereiro de 2010, quinta-feira das 12h00 às 20h00 e de sexta a domingo, das 12h00 às 18h00. (www.daros-latinamerica.net) In Switzerland “Anywhere is my Land” is the first important individual exhibition in Switzerland of Antonio Dias, born in 1944, in Paraíba, Brazil. The exhibition, at Daros Exhibitions, in Zürich, presents two decisive phases in the artist’s career: his works made in the 1960s, characterized by his social criticism expressed in the form of drawings and assemblage and with traces of pop art; and his works made in the 1970s, a period that he spent mostly in Milan, and when he produced multimedia conceptual works whose social themes are intertwined with reflections on art concepts. Until February 7, 2010, Thursday: 12 pm to 8 pm and Friday through Sunday: 12 pm to 6 pm. (www.daros-latinamerica.net)
Pelo
fotografia
Cenas
paranaenses Pop Life
Parada obrigatória para quem está em Londres, a Tate Modern exibe até 17 de janeiro de 2009 a exposição “Pop Life: Art in a Material World” que reúne artistas da década de 80 em diante que souberam unir arte, negócios e os meios de comunicação para construir suas personas artísticas. Uma boa discussão entre público e privado, limites da arte, culto à celebridade e o mundo pós-Andy Warhol. Na exposição estão trabalhos de Andy Warhol, Damien Hirst, Jeff Koons, Takashi Murakami, entre outros. De domingo a quinta, das 10h às 18, e sextas e sábados, das 10h às 22h00. (www.tate.org.uk/modern/)
mundo Around the world
O fotógrafo Marcello Kawase ganhou o concurso “Servir com Arte”, com a foto “Baía de Paranaguá em trânsito”. The photographer Marcello Kawase won the prize “Servir com Arte”, with the picture “Baía de Paranaguá em trânsito”.
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Pop Life A mandatory exhibition in London until January 17, 2009, at Tate Modern, is “Pop Life: Art in a Material World”, which gathers artists from the 1980s and later, who joined art, business and means of communication to build their artistic personas. A good discussion on public and private, limits of art, veneration of celebrity and post-Andy Warhol world. The exhibition shows works of Andy Warhol, Damien Hirst, Jeff Koons, Takashi Murakami, among others. Sunday through Thursday: 10 am to 6 pm and Fridays & Saturdays: 10 am to 10 pm. (www.tate.org.uk/modern/)
por dentro do museu
A arquitetura de Niemeyer
como cenário
As linhas retas. Os espaços vazios. O concreto armado. A harmonia das formas curvas e assimétricas. Tudo amplia as possibilidades de utilização dos espaços do Museu Oscar Niemeyer para a realização de exposições. Com 35 mil metros quadrados de área construída e quase 17 mil metros quadrados com potencial expositivo, o Museu também reserva diversas áreas para eventos. A história do Museu começou em 2002, quando o prédio principal, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer na década de 60, deixou de ser sede de secretarias de Estado para se transformar em museu. O prédio, antes chamado de Edifício Presidente Humberto Castelo Branco, passou por adaptações e ganhou um novo anexo, conhecido como Olho, também projetado por Niemeyer e inspirado nas araucárias paranaenses. A instituição possui nove salas de exposição, divididas em mais de 5 mil metros quadrados, além do espaço Niemeyer, do pátio das Esculturas e do Olho, que abriga o salão principal, com área expositiva de 1.708,14 m2, e a Torre da Fotografia (com 3 salas, cada uma com 84 m2). O museu oferece ainda aos seus visitantes um espaço para a arte-educação, um café e uma livraria. De 2003 a junho de 2008, o Museu realizou mais de 132 mostras nacionais, internacionais e itinerantes. A instituição recebeu quase 750 mil visitantes no mesmo período.
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Espaços para eventos Auditório (484,15 m2) Com capacidade para 372 pessoas sentadas, conta com toda a infraestrutura de áudiovisual. A entrada é feita pelo piso térreo do prédio principal. Salão de Eventos (802,50 m2) Com capacidade para 500 pessoas sentadas, possui infraestrutura para montagem de bufê e cozinha em ambiente fechado. Como apoio, também pode ser utilizada a ampla área externa, adjacente ao salão, que tem as laterais abertas. O Salão de Eventos está localizado no piso térreo do prédio principal, imediatamente atrás da entrada do Museu, com acesso independente da área interna da instituição.
Niemeyer’s architecture as scenery The straight lines, empty spaces, reinforced concrete and the harmony of curved and asymmetrical shapes. All that expands the possibilities of use of the Oscar Niemeyer Museum spaces for exhibitions. Counting on 35,000 square meters of built area and almost 17,000 square meters destined to exhibitions, the Museum also has several areas for events. The Museum’s history goes back to 2002, when the main building, designed by the architect Oscar Niemeyer in the 1960s, went from being the State headquarters to becoming a museum. The building, previously named Edifício Presidente Humberto Castelo Branco, went through refurbishments and gained an annex, known as the Eye, also designed by Niemeyer and inspired on the Parana Pines (Araucaria angustifolia). The institution has nine exhibition rooms – spread throughout more than 5,000 square meters – besides the Niemeyer space, the Sculptures Hall, the Eye, which houses the main hall and has an exhibition are of 1,708.14 m2, and the Photography Tower, counting on 3 rooms of 84m2 each. The Museum also offers to visitors an area for art/education, a café and a bookstore.
From 2003 to June 2008, the Museum performed more than 132 national, international and itinerant exhibitions. The institution received almost 750 thousand visitors during that same period.
Areas for events:
Auditorium (484.15 m2) With capacity for 372 seated people, the auditorium counts on a comprehensive audio-visual infra-structure. The entrance is on the ground floor of the main building. Events Hall (802.50 m2) With capacity for 500 seated people, this space has the necessary infrastructure for mounting a buffet and a kitchen in a closed room. As a support, the wide external area adjacent to the room with open sides may be used. The Events Hall is located on the ground floor of the main building, immediately behind the entrance of the Museum, with independent access from the internal area of the institution.
Seja um Amigo do M useu O Museu Oscar Niem
eyer é um dos mais ativos mus eus da América Latina e já é refe Para continuar com toda essa ręncia internacional. energia, precisa de um engajam ento mais efetivo por parte da o projeto “Seja um Amigo do sociedade. Com MON”, a instituiçăo visa agre gar pessoas com interesse em assembleias gerais, do conselh participar das o fiscal e do conselho de adm inistraçăo, podendo votar e ser associar, basta entrar em contato votado. Para se com o Núcleo de Documentaçăo e Referęncia do Museu Oscar Niem telefone (41) 3350-4400. A taxa eyer pelo anual é de R$100,00 e dá dire ito a escolher tręs titulos dife catálogos disponibilizados pela rentes entre os instituiçăo. Participe e seja voc ę ou sua empresa mais um Ami go do MON.
Be the Museum’s friend
The Oscar Niemeyer Museum is one of the most active mus eums of Latin America, an inte reference. And, for the Museum rnational to continue so energetic, the soc iety must participate more effe With the “Be the Museum’s Frie ctively. nd” project, the Institution wan ts to attract people who are participating in general assembl interested in ies, fiscal council, administrati on council, with the possibility being voted. To participate, con of voting and tact the Núcleo de Documentaç ăo e Referęncia of the Oscar Museum at 41 3350 4400. The Niemeyer annual rate is R$100,00 and it gives the right to choose thre catalogs published by the inst e different itution. You or your company can be a Museum’s friend. Part icipate!.
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acontece
quemquan
O crítico de arte Fernando Bini e sua filha Beatriz
Armando Merege, Maristela Quarenghi de Mello e Silva, Monica e Luca Rishbieter na exposição “Garfunkel - Um francês do Paraná”
Patrick Vaghetti, Elvira Woos e Cristiano Morrissy, na exposição “Garfunkel - Um francês do Paraná”
O Presidente Femsa Brasil, Miguel Peirano, Roberto Requião e Maristela, na abertura da exposição “Coleção FEMSA”
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64 O arquiteto Jayme Bernardo em visita ao MON, na exposição “Garfunkel - Um francês do Paraná”
O consul da Argentina Hector Gustavo Vivacqua e sua esposa
ndoonde
Roberta Catani, Fernanda Castej e Nadja Marques
O fotógrafo norte-americano Bernie DeChant
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Mazé Mendes, Guta Soiffer e Maria Ivone Bergamini
educação
Uma visita ao MON “Uma Visita ao MON” é uma divertida e educativa cartilha que o Museu Oscar Niemeyer criou para ser usada como material didático de apoio para alunos e professores em visita à instituição. Em linguagem de história em quadrinhos, a publicação ensina aos jovens desde como se comportar dentro de um museu a informações sobre quem foi Oscar Niemeyer e algumas de suas obras. Além disso, propõe uma série de atividades educacionais, que estimulam a criatividade e buscam despertar o interesse dos jovens pela arte. Com uma tiragem inicial de 50 mil exemplares, a publicação será distribuída gratuitamente aos visitantes marcados em grupos agendados e também será fornecido à escolas para desenvolvimento de atividades em salas de aula. A cartilha integra o projeto Mon - Olhar Aprendiz, que tem como objetivo principal apresentar material didático com conteúdo relacionado às exposições realizadas no Museu. “É a experiência prática efetiva de mediação entre museu e escola. Em uma ação que contempla planejamento, pesquisa de conceitos e conteúdos, análises de inserção à história da arte, reflexões sobre expografia e proposições curatoriais”, afirma Rosemeri Franceschi, responsável pela Ação Educativa do Museu.
A Visit to MON
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This is a funny and educational orientation book that the Oscar Niemeyer Museum has created to be used as support didactic material for students and teachers visiting the institution. Using the language of comic books, the publication teaches young people from how to behave in a museum to information on who Oscar Niemeyer was and about some of his works. In addition, it proposes a number of educational activities that stimulate the creativity and try to awaken the students’ interest in art. Initially, 50 thousand copies have been produced for free distribution to visitors from scheduled groups and supplied to schools for the development of classroom activities. The book is part of the project named “MON - Olhar Aprendiz”, whose main purpose is to create didactic material with content related to the exhibitions performed at MON. “It’s the effective practical experience of acting as an intermediary between the museum and the school. This action that includes planning, study of concepts and contents, analyses of insertion into the history of art, questioning on expographic resources and curatorial propositions”, says Rosemeri Franceschi, responsible for the Educational Action of MON.
A cartilha “Uma Visita ao MON” foi lançada dia 17 de outubro, na semana da Criança, para um grupo de 300 pessoas formado por professores e alunos de escolas públicas e de uma instituição particular
“Uma Visita ao MON” (A Visit to MON) was released on October 17, in the week of celebrations for the Children’s Day, to a group of 300 people comprised of teachers and students from public schools and one private institution
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