SEIS PROBLEMAS QUE PRECISAMOS COMBATER EM 2017
para salvar as nossas empresas e o nosso mercado
PERSPECTIVA DE MERCADO EM 2017 A VISÃO DE SUSTENTABILIDADE DA MARS
líder do mercado brasileiro de Pet Food
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PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
VARIEDADES
3
PROJETOPACK
índice 6
EDITORIAL Mais um ano se encerra. E com ele, seis edições, 360 páginas e aproximadamente 120 mil palavras distribuídas em mais de 60 artigos a respeito do Mercado de embalagens flexíveis, etiquetas, rótulos e Impressão.
8 ARTIGO ARTIGO 20 FUSÕES E AQUISIÇÕES 22
08
Garanta o lucro combatendo os custos!
Teremos um “ano que vem”?
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Sonoco adquire Plastic Packaging
24
Fundo de investimentos Pritzker assina a compra do grupo ProAmpac Multi Packaging adquire AJS Labels e i3 Plastic Cards
28
MERCADO Bemis expande atividades nas unidades de Três Lagoas (MS) e Suape (PE) Etiqueta de desempenho do pneu entrou em vigor no fim de outubro
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
ProjetoPack passa a realizar a Conferência Intercontinental de Flexografia em 2017
4
ABFLEXO moderniza sua marca
32 CAPA
Seis problemas que precisamos combater em nossas empresas e evitar a qualquer custo em 2017 (para salvar as nossas empresas e o nosso mercado)
46 ARTIGO 52 ARTIGO
Perspectiva de mercado em 2017
A visão de sustentabilidade da MARS – líder do mercado brasileiro de Pet Food
INX adquire Creative Tintas
32
VARIEDADES
Espaço do leitor Uma fábula sobre o ciclo vicioso que estraga um mercado, um país e uma economia O comprador ouve tudo com certa
exaltadas quando pelas linhas
para diante de uma gondola
indiferença e pergunta qual o preço
declinantes nos gráficos, de que
de supermercado. Ele olha
do centímetro quadrado. “Quero o
havia um sério problema de metas
mais barato”, afirma resoluto.
não atingidas na empresa.
para a prateleira e esquadrinha as diferentes embalagens de papel higiênico. Uma delas, muito
Mais alguns dias depois, um
Em meio a uma profusão de
dono de marca hipotético está
desculpas e conjecturas, uma
visitando a convertedora do
delas parecia repetir-se com
parágrafo anterior, para discutir
maior contundência: “um tal
um novo projeto de embalagem.
consumidor hipotético teimava
Atendido com toda a pompa e
em não comprar aquele produto
circunstância pelo gerente de
tão formidavelmente estudado,
vendas, representante comercial e
desenvolvido, fabricado e
pelo próprio dono, o dono de marca
promovido; ele acabava preferindo
ouve um longo e detalhado discurso
levar uma tal marca C ou D, movido
acha caro. A opção pelo produto cai
acerca da estrutura bem montada,
por uma escolha essencialmente
de 24 para 12 rolos, de 12 para 8, de 8
da ISO 9000, do sofisticado
ligada ao preço”.
para 4 e, por fim, para uma outra marca
laboratório de qualidade, da
– a mais barata disponível.
impressora flexográfica importada
impressor flexográfico experiente,
de última geração, das boas práticas
de boa formação acorda bem cedo.
de fabricação, da produção enxuta,
Toma um banho, escova os dentes
do estoque de matérias-primas e
e faz suas necessidades fisiológicas,
de produto acabado e “senta que
concluindo o asseio com um papel
lá vem história”. Numa pausa mais
higiênico de quinta categoria.
chamativa e a seu gosto (bem impressa, por sinal), parece ser a escolha óbvia. Para não ter que voltar tão cedo à compra do item em questão, ele pensa que seria melhor comprar um pacote com o maior número de rolos possível. Ao verificar o preço na etiqueta,
Na mesma semana, um comprador hipotético em uma indústria convertedora (também hipotética) com impressão flexográfica, sentado numa cadeira de estofado puído, recebe um vendedor de clicheria. Após uma rápida troca de cartões de visita, o vendedor
longa, ele pergunta: “quanto vai me custar o quilo do material? Se for mais do que os R$ 12,00 que pago atualmente, fica inviável”. No fim de mais um mês, numa
Epílogo: um belo dia, um
Chega ao trabalho e recebe a infeliz notícia de que ele e alguns dos seus colegas mais antigos da casa estão sendo desligados, substituídos por alguns ajudantes
desata a falar sobre as mais
sala bonita, de estilo minimalista,
recém contratados, de pouca ou
recentes tecnologias de software
estão reunidos executivos
nenhuma experiência ou formação,
e hardware – ponto plano,
hipotéticos de marketing e vendas
mas que mesmo “capengando”,
retícula de superfície, aprovação
de um tal dono de marca já citado.
aperta os botões e deixa uma certa
remota, prova digital calibrada
A reunião começa com uma
impressora flexográfica importada
etc. – existentes e disponíveis
apresentação powerpoint cheia
de última geração rodando (em
aos clientes de sua clicheria, bem
de termos e jargões do marketing,
baixa velocidade e com qualidade
como os ganhos de qualidade e
seguidos de diversos slides com
questionável, sem dúvida). Parece
produtividade que poderiam ser
gráficos. Mesmo para um leigo, era
que o chefe dele escolheu a mão-
obtidos dada a sua adoção.
fácil perceber, tanto pelas vozes
de-obra mais barata disponível...
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
U
m consumidor hipotético
5
EDITORIAL Aislan Baer Editor Chefe Sócio-diretor da ProjetoPack & Associados e editor da ProjetoPack em Revista. Atua há mais de 15 anos na área de embalagens flexíveis, rótulos e impressão, ministrando cursos, palestras e consultoria por todo o hemisfério sul. Mestre em gestão estratégica e economia empresarial pela USP, é diretor técnico adjunto da ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica) e especialista na implantação de normas flexográficas pela FTA - Associação Americana de Flexografia.
EDITORIAL
M
ais um ano se encerra. E
Bresciani, Francisco Freddo, Francisco
com ele, seis edições, 360
Santos, Geraldo Veiga Fernandes, Gisele
páginas e aproximadamente
Silva, Henrique Gomes dos Reis, Jacy
120 mil palavras distribuídas em mais
Russo Maylart, Juliana Veroneze, João
de 60 artigos a respeito do Mercado de
Rubio, Jorge Marcelo Pereira, José Carlos
embalagens flexíveis, etiquetas, rótulos
de Freitas, Larissa Azevedo dos Santos,
e Impressão.
Leonardo Medeiros, Liliam Benzi, Lorenzo
Um ano atipicamente complicado. Parte deste sentimento está retratado no artigo de capa desta edição (praticamente um desabafo) e nos depoimentos dos dirigentes das principais entidades setoriais, ao longo das próximas páginas. Tem muita coisa boa nessa última edição, mas aproveito o último editorial para agradecer a todos: articulistas, anunciantes, fornecedores e a toda a nossa equipe. Além das empresas que nos patrocinam, algumas pessoas foram em grande parte, responsáveis por manter esta publicação “de pé” pelo seu décimo
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
primeiro ano de vida. São elas:
6
Abílio César Vaz, Abner Silva, Alana
Baer, Marcelo Luiz Canavassi, Luiz Zagonel, Marco Marcelino, Marcos Palhares, Mariane Bastos, Mauro Freitas, Miguel Trocolli, Monica Baptiste, Monika Kissing, Otávio Ronconi, Paulo Stucchi, Reginaldo Matheucci, René Guiraldo, Robson André Esperança, Rodrigo Zenero, Ruy Mendes Vita, Sandro, Sarah Cotecheski, Sérgio Cividanes, Tito Lívio Ronconi, Vicente Alves da Silva, Wagner Delarovera, Walter Chain e Xavier (desculpe-nos antecipadamente por alguma grafia incorreta ou por esquecer alguém). Registramos aqui também um agradecimento mais do que especial aos quase 7 mil leitores que nos prestigiaram em 2016, tanto na revista digital quanto na sua versão impressa. Esperamos poder
Ronconi, Alexandre Zerbatto, Andrê
tê-los novamente conosco em 2017, com
Gazineu, André Rezende Costa, André
uma pauta ainda mais rica, elaborada
Perez, André Kenji, André Moriz, André
e condizente com as necessidades das
Tirapelle, André Weber, Anna Estañol
empresas e dos profissionais do nosso
Estarriola, Anna Pires, Antonio Claret
segmento, tão cativante e desafiador.
Veroneze, Antonio Monge, Carlos C. Russo,
Um ano novo repleto de muita saúde,
Cristian, Daniele Fabiane Cruss, Daniel
paz, amor e renovação física, mental e
Eraldo, Davi Domingues, Deise Moraes,
espiritual. Até a próxima edição!
Dennise Delbue, Denis Niubó, Dirlei Sendeski, Douglas T. Pereira, Elaine Cristina Kisner, Emerson Tiago, Eudes Scarpeta, Fabiano Momesso, Fábio de Freitas, Fausto Galdi Mendes, Fidel F. Fernandes, Flavia
PROJETOPACK EDITOR Aislan Baer diretoria@projetopack.com DIRETOR DE CONTEÚDO Lorenzo Baer GESTORA DE CONTAS E ESTRATÉGIA DE MÍDIA Deise Moraes PROJETO GRÁFICO E GESTÃO DE MÍDIAS SOCIAIS Agência Convertty contato@convertty.com COMITÊ EDITORIAL Alexandre Zanolini Genicola Grupo CBS Elos André Rezende HP do Brasil Prof. Antonio Cabral Universidade Mauá Enio Koetz ProjetoPack & Associados Eudes Scarpeta Scarpeta Treinamentos Joaquim Morais Trenton Consultoria Prof. Lincoln Seragini Seragini Farné Guardado Prof. Lorenzo Baer SENAC Lapa Scipião Wilson Paduan Tecnosolutions Wilson Ramos Junior Inovagraf CONTATOS DE PUBLICIDADE E ASSINATURAS (Para assinar ou adquirir edições anteriores e para participar como patrocinador da publicação) E-mail: revista@projetopack.com Fone: (11) 3258-7134 Não é permitida a reprodução total ou parcial de textos ou matérias publicadas sem a prévia autorização da ProjetoPack em Revista. Para análise e autorização de reprodução, contatar a publicação no e-mail atendimento@projetopack.com. Todos os artigos são assinados por seus autores e não refletem necessariamente a opinião desta revista.
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PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
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7
ARTIGO DE CAPA
Garanta o lucro combatendo os custos! PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
Originalmente publicado na ProjetoPack em Revista, edição 46
8
D
iariamente, presenciamos em nossos
rápido como Nestlé, Unilever, P&G, J&J e
clientes – as indústrias fabricantes
assim por diante.
de embalagens flexíveis, etiquetas,
rótulos e produtos impressos de uma forma geral – os desafios da gestão na busca de rentabilidade para o negócio. Enquanto
Armadilhadas neste contexto, as convertedoras têm que adotar uma política de preço para os seus produtos “ao sabor
consultores, defendemos o ponto de vista
do mercado” e também não possuem um
de que o lucro reside na empresa e não no
poder negocial na aquisição das matérias-
ambiente externo.
primas expressivo, que lhes permita ditar
Infelizmente, o setor de conversão está compresso entre dois jogadores maiores
regras aos fornecedores. Apenas para citar um exemplo, depois de sucessivos
do que ele próprio: os oligopólios das
aumentos de resinas termoplásticas
matérias-primas, em especial as resinas
como o polietileno e polipropileno (sete
termoplásticas e os compradores de
importantes elevações de preço em
embalagens, em especial as gigantescas
2016), grande parte das empresas ainda
empresas de bens de consumo de giro
está galgando repasses que não cobrirão,
Redação Equipe de Redação da ProjetoPack em Revista revista@projetopack.com
nominais até o fim do exercício. Durante uma boa parte deste ano
3) As empresas que se atém apenas aos pequenos custos. A empresa do primeiro tipo não
e do ano passado, apresentamos na
carece maiores comentários. A segunda
ProjetoPack em Revista e em cursos e
se esquece de que uma pequena fenda
palestras ministrados por conta própria
também afunda um grande barco e a de
ou em parceria com entidades de classe,
tipo três se foca na formiga, quando o
uma necessidade vital destas empresas de
elefante está bem no meio da sala.
mitigar estas perdas com um trabalho sério
Reduzindo custo com matérias-primas
de aumento de produtividade. Nesta edição de fim de ano, queremos complementar a visão com a necessidade concomitante de diminuir os custos industriais, deslocando o ponto de equilíbrio para baixo, reduzindo o comprometimento das margens de contribuição por produto e o investimento operacional em giro das empresas. A combinação de elevação da produtividade com diminuição de custos será o elemento chave da competitividade setorial em 2017 para toda a indústria e, particularmente, ao setor de embalagens flexíveis, etiquetas e rótulos. Uma das definições de custo é a de
As indústrias convertedoras de banda larga ou estreita utilizam uma miríade de matérias-primas, principalmente resinas termoplásticas, filmes, papéis e produtos químicos (tintas, vernizes, adesivos etc.). Nem é preciso dizer que a primeira grande coisa a ser feita é uma análise técnica das principais matérias-primas no tocante ao seu “rendimento”. Exploramos em artigos anteriores, por exemplo, o rendimento de tintas de impressão. Há uma falsa ideia de economia quando comparamos o quilograma da tinta de fornecedores A e B. Isso importa muito pouco. O preço da tinta de A pode ser R$ 1,00 por quilo mais barata, porém
que “custos são medidas monetárias
imprimir vinte ou trinta por cento menos
dos sacrifícios financeiros com os quais
metros lineares por quilograma de
uma organização, pessoa ou governo
produto, tornando-se totalmente inviável
têm de arcar a fim de atingir seus
economicamente falando.
objetivos”. Não poderia haver definição melhor do que compararmos custo com sacrifício financeiro. Costumamos dizer que, em relação a custos, há três tipos de miopia empresarial: 1) As empresas que simplesmente não tem o controle de custos como uma premissa fundamental da gestão; 2) As empresas que olham apenas os custos grandes;
“
Custos são medidas monetárias dos sacrifícios financeiros com os quais uma organização, pessoa ou governo têm de arcar a fim de atingir seus objetivos”
O mesmo conceito deve ser utilizado para todas as matérias-primas do processo de conversão. Idealmente, queremos cilindros ou chapas mais duráveis em termos de tiragem impressa, tintas e solventes que imprimam a maior metragem linear possível (dentro das características de qualidade e processo especificadas), lâminas raspadoras, vedações, cilindros ou camisas anilox e porta-clichê, substratos e assim sucessivamente.
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
infelizmente, nem 50% dos aumentos
9
ARTIGO DE CAPA
“
Outro hábito das convertedoras é pulverizar seu volume de compras em um número exacerbado de fornecedores, diminuindo seu poder de barganha”
As empresas devem buscar a melhor
matérias-primas consideradas estratégicas
relação de custo de aquisição e rendimento
para preservar a rentabilidade da operação.
de produto, para obter vantagens
Isso significa definir uma diferença-alvo
econômicas reais em seu processo.
entre o preço do produto importado e
Outro hábito das convertedoras é pulverizar o seu volume de compras em um número exacerbado de fornecedores, diminuindo seu poder de barganha. De fato, concordamos que estar “na mão de um fornecedor” é um risco para qualquer empresa em qualquer ramo de atuação, mas é preciso ponderar para que esta diminuição do risco x fornecedor não traga como efeito colateral a redução
e o escoamento de recursos do capital circulante líquido para os processos de importação etc. Algumas empresas acabam definindo um percentual (por exemplo, 20%) de importação de matériasprimas sobre o volume total consumido e outras, com maior agilidade no setor de compras, são caçadoras de oportunidades. O trabalho gerencial na aquisição de
nas matérias-primas de maior volume na
matérias-primas não passa somente pelo
A área de compras, como qualquer outra área técnica da empresa precisa ser qualificada com treinamentos diversos. Quanto maior for o conhecimento acerca do que se está comprando, mais assertivo e econômico será o processo de compras. E deve-se trabalhar na diminuição do hiato de comunicação entre compras e almoxarifado, outro foco de perdas importante. Uma indústria convertedora é um universo de produtos e matérias-primas. PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
do “conforto” local, as perdas cambiais
do poder de negociação, especialmente carteira (normalmente substratos e tintas).
10
o nacional, levando em conta o custo
De tempos em tempos, é recomendável auditar o que se está comprando no chão-de-fábrica. Processos industriais mudam com maior velocidade do que
preço, mas por uma melhora contínua nos prazos de pagamento, no relacionamento (que implica em concessão de créditos, estoques consignados ou lead times mais enxutos) e na parceria para desenvolver projetos inovadores ao usuário final. A resultante destas estratégias (compra por preço e rendimento, capacitação de compradores, políticas para importação de matérias-primas, inspeção de itens de compra, racionalização de portfólio de materiais e aspectos relacionais junto aos fornecedores) influenciará numa sensível redução de custo das matérias-primas.
Reduzindo custos com mão-de-obra Num cenário crítico como o atual, a
o processo de compras em si. Isso pode
primeira coisa que se faz é reduzir a mão-
ocasionar em compras por hábito de
de-obra. Há alguns anos a ProjetoPack
materiais que já estão em desuso, por
em Revista publicou uma edição especial
exemplo – ainda mais em empresas
que trazia na capa um artigo sobre como
que adotam a política do estoque de
enfrentar a crise sem cortar a mão-de-obra.
segurança ou estoque mínimo. Outros articulistas em edições
O fato é que demissões também não custam barato. Não só as custas dos
anteriores sugerem que a indústria
processos demissionais são altos, mas
convertedora moderna e competitiva deve
também a queda de produtividade e
adotar uma política de importação de
moral no chão-de-fábrica, que costuma
acompanhar o período posterior a uma
percepção da qualidade acaba ampliando
demissão expressiva, assim como a
em muito. Todavia, não é um processo
nova curva de aprendizagem para os
que se constrói em um dia e a mudança
remanescentes (como exemplo, numa crise
de cultura deve vir de cima.
se demite impressores mais experientes e se promove auxiliares mais “em conta”), a maior geração de aparas e por aí vai. Algumas ações são cruciais para se
É preciso lembrar que, nos casos onde o enxugamento da folha é crucial, deve-se priorizar a manutenção da mão-de-obra fabril. Equipes de preparação, limpeza,
combater o custo da mão-de-obra e
colagem e setup externo são primordiais
não são, necessariamente, demissões. A
e podem ser diminuídas, mas não
primeira delas é um trabalho intenso de
completamente extintas.
eliminação das horas extras – algo que
O layout industrial também favorece
converge com a pauta da ProjetoPack
bastante a redução de custos com mão-de-
em Revista durante boa parte do ano de
obra. Duas impressoras instaladas lado a
2016: o aumento da produtividade geral
lado, viradas para a mesma direção e com
da fábrica.
área de passagem entre o grupo impressor
É preciso diminuir as paradas no processo, criar um revezamento de operadores e ajudantes nas refeições, reduzir o tempo de setup (acerto dos trabalhos) para decrescer e até mesmo eliminar a necessidade de horas extras à fábrica. Esta é uma redução saudável dos custos com a mão-de-obra. Outro ponto importante é, mediante processos de capacitação e políticas inovadoras de cargos e salários, criar profissionais mais generalistas ao invés dos
“
Algumas ações são cruciais para se reduzir custos de mão-deobra e não são, necessariamente, demissões. A primeira delas é um trabalho intenso para eliminação das horas extras mediante aumento da produtividade”
e desbobinadores suficientemente ampla possibilita que, por breves instantes, um único impressor experiente possa conduzir dois equipamentos no caso de uma ausência repentina de outro impressor (que precisou correr ao banheiro um instante, por exemplo). Isso não é recomendado para processos de impressão, mas funciona razoavelmente bem no setor de extrusão, por exemplo. Adotar programas que criam envolvimento dos operadores e ajudantes
formar ajudantes gerais de conversão ao invés de ajudantes de impressão, extrusão e acabamento. Quando mais polivalentes forem os ajudantes e operadores, menos inchada será a folha de pagamentos. O nosso segmento é um dos mais interessantes para se aplicar o “job rotation” (prática do rodízio de trabalho onde o funcionário atua em diferentes funções por um período de tempo), especialmente no chão-de-fábrica. Imagine ter colaboradores que operam satisfatoriamente extrusoras, laminadoras, impressoras e rebobinadeiras? A própria
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
altamente especializados. Como exemplo,
11
ARTIGO DE CAPA
“
O primeiro passo para reduzir as aparas é apontar corretamente as perdas, no momento em que elas ocorrem”
com a empresa (não só os tradicionais
adequado (ar comprimido isento de
programas de metas ou participação
umidade e na quantidade correta, energia
nos resultados) atribuem o sentimento
na voltagem ideal e sem oscilações, água
de ownership (eles se sentem um pouco
sem agentes contaminantes etc.).
“donos” do negócio) são uma ótima ferramenta para alicerçar mudança de cultura e construir hábitos saudáveis no chão-de-fábrica. A ProjetoPack & Associados têm desenvolvido em seus programas de consultoria o projeto “Microempresa”, cujo intento é transformar impressores e ajudantes em verdadeiros gestores de seus equipamentos.
Reduzindo custos com programas de manutenção Como foi explorado em algumas edições pelo consultor Rafael M. Pedreira, nosso especialista em manutenção industrial para industrias gráficas e convertedoras, grande parte do custo industrial reside na total falta de confiabilidade das máquinas e equipamentos, resultante de práticas simples como adoção de uma rotina de lubrificação diária e limpeza até programas mais complexos como a implantação da Manutenção Produtiva Total.
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
É uma bola de neve: a máquina quebra
12
Não é mais possível adquirir equipamentos que não cheguem ao seu máximo período de utilização (quer por depreciação, quer por obsolescência) sem manter uma performance aceitável de produção – a economia não passa por outro caminho que não seja um planejamento de manutenção integrado e disciplinado.
Reduzindo custos com perdas (aparas e refile) Existem diversas fontes ou processos geradores de aparas em uma fábrica de embalagens flexíveis, etiquetas e rótulos. Refiles oriundos de uma decisão de compra de substrato “largo demais” (normalmente comprado na última hora para atender um pedido, por falta de planejamento), a utilização inadequada dos sistemas de controle automático do registro (demandando marcas grandes demais), problemas de manutenção das máquinas de uma forma geral, aparas do processo em si (defeitos de impressão, laminação,
quando tem aquele produto atrasado que
extrusão etc.), aparas de acerto etc.
precisa sair impreterivelmente na semana...
Cada uma destas perdas deve ser
isso implica em hora extra, na realocação
estudada a fundo, até que se possa
para outro equipamento não adequado,
identificar a causa-raiz e atacar com o apoio
que produz em ritmo mais lento e com
de círculos da qualidade, metodologia de
maiores perdas etc.
análise e solução de problemas e outros
Os programas de manutenção que funcionam de fato são mais ou menos
sistemas de análise disponíveis. O primeiro passo para reduzir
como nossas mães nos ensinavam quando
as aparas é apontar corretamente
crianças: “quem guarda, tem”. Limpeza
as perdas no momento em que elas
periódica, lubrificação, manutenção
ocorrem. É fundamental conscientizar
autônoma, reapertos, insumos de
o chão-de-fábrica que o apontamento
qualidade para o funcionamento
das perdas é um elemento de ajuste do
13
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
ARTIGO DE CAPA
“
Estabelecer metas objetivas de perdas para o acerto e para o virando, por produto ou família de produtos também é importante”
processo e não de busca de culpados.
automáticos de controle do registro
E que a função apontamento é parte
e detecção de defeitos na impressão.
integrante da responsabilidade do
Nos dias atuais, como mencionado em
operador, e não uma ação secundária.
uma edição especial da ProjetoPack
Nenhum processo pode ser eficaz se não for monitorado periodicamente. É por este motivo que sempre sugerimos aos nossos clientes de consultoria uma auditoria nos processos de apontamento de perdas, uma auditoria de “massa” (que faz a rastreabilidade do volume de matérias-primas que entrou no início da produção de uma
monitoram em tempo real a largura máxima de impressão em detrimento dos sistemas usuais de inspeção por amostragem, com a movimentação da câmera de vídeo sobre a superfície do filme impresso passante. Outra causa importante de geração de aparas, por incrível que possa parecer,
a expedição, do material acabado) e
é na movimentação de materiais no chão-
uma auditoria física das aparas e refiles
de-fábrica. O problema se agrava com o
gerados por setor ou operação. A gestão
layout apertado (todos sabemos que a
à vista destes dados é um instrumento
maioria das convertedoras brasileiras não
importante para mostrar ao chão-
possuem um layout planejado e linear – é
de-fábrica que os dados estão sendo
via de regra, um conjunto de “puxadinhos”
Estabelecer metas objetivas
em função do crescimento desordenado), com a baixa verticalização da warehouse
de perdas para o acerto e para o
(almoxarifado produtivo) e com o estoque
virando, por produto ou família de
excessivo de materiais em processo.
produtos também é importante. A empresa precisa aprender com a repetição, colocando para si metas mais desafiadoras. Faz mais sentido ser arrojado na meta de um produto que roda diariamente há anos do que PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
sistemas do tipo full inspection que
determinada O.P. até a transporte para
acompanhados de perto pelos gestores.
14
em Revista sobre acessórios, existem
exigir o mesmo índice de aparas de um produto que é completamente desconhecido ao processo. O mesmo vale para tempos de acerto e velocidades de virando. A outra dica é que a unidade
Quanto mais finos os materiais em processo (a exemplo de filmes de BOPP e PET) ou mais delicados (como folha de alumínio soft), o problema se agrava. Qualquer batida na lateral da bobina por um auxiliar distraído ou um empilhador com aspiração de piloto da F1 pode causar grandes perdas de material. Isso é muito mais comum do que se imagina – estimamos que perdas na movimentação configuram hoje como uma das cinco maiores causas de aparas na conversão.
de perda não pode ser, no caso de
Isso vale também para as práticas de
impressão, uma unidade de peso.
armazenagem e expedição do produto
Tem que ser uma perda computada
acabado ao cliente.
em metros lineares, tal qual a meta de produção por unidade de tempo. Um dos investimentos mais importantes que um convertedor pode fazer é na aquisição de sistemas
Reduzindo custos com a pré-impressão Clichês e cilindros também são itens onerosos no orçamento de
uma convertedora. Já exploramos
às grandes tiragens em função da
em diversas edições da ProjetoPack
maior durabilidade das chapas, outras
em Revista algumas técnicas para
imprimem com melhor definição e
economizar na pré-impressão,
garantem menor perda (apara) no
principalmente na flexografia.
processo, outras ainda têm maior
Repensar o modelo de aquisição de
efetividade na impressão de um
fôrmas é o primeiro ponto a ser estudado.
substrato específico ou conseguem
Acordos bem feitos com prestadores de
maiores densidades de sólido com
serviços de pré-impressão podem não
menores volumes de tinta.
apenas reduzir custos mas aumentar o
Sempre que possível, a
leque de tecnologias à convertedora.
convertedora deve prever alterações
Normalmente, para verticalizar seu
de arte e tentar trabalhar de forma
processo de obtenção de chapas, por exemplo, uma convertedora tem que fidelizar-se a uma tecnologia ou fornecedor específicos, limitando o seu processo. Cada tecnologia possui prós e contras. Algumas são mais voltadas
“
Cada tecnologia possui prós e contras. Não existe uma panacéia universal”
inteligente com as imagens, colocando por exemplo toda a informação variável ou mutável da embalagem em uma única cor, reduzindo o número de chapas de reposição em caso de mudança na arte do cliente.
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ARTIGO DE CAPA
“
Nenhum sistema é hoje mais tradicional e ao mesmo tempo, tão “atual” para o segmento de conversão quanto a Produção Enxuta”
A pré-impressão é uma ferramenta
– o ativo mais valioso de qualquer
imprescindível na estratégia de redução
indústria. O processo de gerenciamento
de custos industriais de conversão,
de cores é árduo, demorado, exige um
pois impacta diretamente no consumo
esforço multidisciplinar e dedicação
de tintas, no tempo de setup, na
total de toda a empresa, desde o
velocidade de virando da impressora
departamento comercial até o PCP. Mas
e no número de paradas no processo
vale muito a pena.
(para limpeza de borrões, entupimentos e outros defeitos corriqueiros), quatro dos cinco maiores tempos de parada da impressão flexográfica ou rotogravura.
Reduzindo custos na aprovação de trabalhos Quantas horas a convertedora desperdiça anualmente na aprovação de trabalhos em máquina ou na produção de cartelas de aprovação aos clientes? A falta de uma política de aprovação de trabalhos e gerenciamento de cores penaliza as convertedoras em milhares e milhares de reais a cada ano. Já existe, no entanto, tecnologia de software e hardware para diminuir quase a zero o tempo de aprovação em máquina
Acreditamos, porém, que uma convertedora com um sólido programa de gerenciamento de cores tem um benefício ainda maior: padronização plena dos processos industriais, que desdobra-se em maior confiabilidade, consistência de qualidade dos lotes, elevação do índice “certo da primeira vez” e redução sustentável do custo de fabricação.
Reduzindo custos com técnicas de produção enxuta Nenhum sistema é hoje mais tradicional e ao mesmo tempo tão “atual” para o segmento de conversão quanto a Produção Enxuta. A ideia japonesa Gemba (o lugar onde as coisas acontecem), um dos pilares da Produção Enxuta, também apelidado como “management by
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
walking around” (algo que poderíamos
16
traduzir como gerenciamento por caminhada ao redor) é uma ideia crucial para a detecção dos problemas – a convertedora, pari passu aumenta de tamanho, tem uma forte tendência à burocratização e a chefia acaba assumindo uma carga exaustiva de reuniões, perdendo aos poucos a presença no chão da fábrica, o que leva ao descontrole. A base da Produção Enxuta vem de encontro com as ineficiências costumeiras das indústrias convertedoras:
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I N O V A Ç Ã O / P E R F O R M A N C E / V E R S AT I L I D A D E
17
ARTIGO DE CAPA
•
Atividades Kaizen, com grupos multifuncionais engajados no diagnóstico, análise e solução de problemas operacionais, em contraponto à cultura “feudal” que existe em boa parte das convertedoras, com as históricas richas diárias entre o setor de tintas, cilindros, clicheria etc.;
•
Kanban, um sistema de alinhamento do fluxo produtivo à demanda de vendas, que contrapõe-se às perdas diárias da atividade de conversão por excesso de produção (que chega inclusive ao cliente, com o “faturado a maior”) ou falta de itens em pedidos (que
•
outra necessidade premente de
geram setups desnecessários para
uma indústria que possui um dos
produção de saldos de pedidos); •
Automação, principalmente nas operações que não agregam valor ao produto, a exemplo do empacotamento e expedição de produtos;
•
Andon, sistemas de paragem da produção pelo operador em caso de dúvida, defeito ou falha, algo muito diferente da prática habitual das empresas de produzir com falta de
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
informação ou informação dúbia,
18
gerando retrabalho, devoluções e estresse diários; •
SMED, pois a dinâmica dos lotes cada vez menores e o aumento na sofisticação dos produtos exige setups cada vez mais eficientes e eficazes – obtidos com técnicas
Padronização do trabalho,
•
Não podemos mais ouvir de empresas representativas do mercado que “não se treina funcionário pois
mais altos índices de turnover
se não ele vai para o concorrente” ou
(troca de pessoal) e um dos mais
ainda que “não enxerga nenhuma
baixos índices de investimento em
possibilidade de melhoria em
processos de capacitação da mão-
seu processo”. Esta visão não tem
de-obra operacional;
mais sustentação num cenário tão
Gestão à vista, que fomenta a
competitivo como o da indústria
transparência e o engajamento dos
convertedora e num ambiente
colaboradores para o cumprimento
macroeconômico que dá claro sinais
das metas.
de desindustrialização como é o caso
Redução de custos com a contratação de consultoria É preciso sim dizer que o
do Brasil. Esperamos que em 2017, as indústrias possam olhar para dentro, focar em um ostensivo programa de
paradigma de “solicitar ajuda
redução de custos e reestruturação de
especializada” precisa ser rompido pelas
processos, com ampla capacitação de
indústrias convertedoras brasileiras
mão-de-obra operacional e gerencial.
imediatamente. Com mais de uma
Estaremos à disposição destas empresas
SMED (Single Minute Exchange
década de serviços, a ProjetoPack tem
of Die ou Troca de Ferramenta em
realizado assessoria em chão-de-fábrica
Um Dígito), o que antagoniza com
e diversos treinamentos práticos no
as trocas que observamos em boa
segmento. Todavia, em vista do número
parte das convertedoras nacionais,
de indústrias existentes e da quantidade
onde o sentimento de urgência é
de profissionais empregados no setor,
pouco ou inexistente;
esta adesão é ainda muito baixa.
como mais uma ferramenta para obtenção destes objetivos. Em 2017, adiantamos que boa parte da pauta da ProjetoPack em Revista será novamente galgada em custos industriais e em produção enxuta.
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ARTIGO Davi Domingues consultor de empresas no setor gráfico e de conversão e diretor da Plano Assessoria gestão e negócios
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Teremos um “ano que vem”?
20
O
u seja, primeiro dia de
depois de puladas as sete ondas é,
importância do momento nacional,
janeiro, com espírito, crença e
obviamente uma figura alegórica, que
não para no final do ano“. O conheço e
esperanças renovadas, vamos
traz até um certo benefício e alento ao
sei que não tem intenções apelativas,
fazer coisas, decidir assuntos há muito
ânimo. Principalmente num ano que
mas sim de dizer que, sabendo que
pendentes, dar novos rumos, enfim
como esse em que fomos massacrados
ninguém está com estoque, ficará de
mudar tudo o que precisa ser mudado.
por instabilidades e incertezas não
plantão. Simples assim.
Hoje, um amigo empresário argumentou comigo – “Concordo e vamos fazer isso, mas só no ano que vem...” Já ouvi dizer também que Deus estaria preparando um recall para 2016. Se for assim, é melhor esperar mesmo. Essa mística da mudança mágica
antes havidas. Para quem viveu esse
Já vi anos ruins em que as
tempo, tenho saudade da tablita e do
empresas se “recusavam” a encerra-lo
bloqueio de contas.
por causa de um peru. Acredito que
De outro empresário amigo, a quem pedi licença para reprodução,
esse ano será assim. Paute suas ações na empresa por
recebi ontem um comunicado
suas reais necessidades percebidas e
dizendo: “A Delta, entendendo
aja tempestivamente. O calendário é
a necessidade do mercado e
só isso mesmo, um calendário.
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PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
FUSÕES E AQUISIÇÕES
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 Nov/Dez 2016
Fusões e Aquisições
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Fim de mais um ano duro e agitado no setor de fusões e aquisições ligadas às indústrias de embalagens flexíveis, etiquetas e rótulos. Tanto por aqui, como principalmente no exterior. O ano finda com um mercado global ainda mais concentrado. Estima-se que as dez maiores companhias de embalagens flexíveis do mundo, por exemplo, concentram atualmente uma cifra ao redor de 50% a 55% de participação de mercado. Em rótulos e etiquetas, há uma fragmentação maior, mas não menos impactante, orbitando na casa dos 30% a 35%. O próximo ano também será bem movimentado, direcionado por um dólar apreciado frente ao real, a grave situação política e econômica do país (favorecendo a compra oportunista de empresas boas por preços atraentes, na “baixa”) e o possível estímulo aos empreendedores norte-americanos prometido pelo seu novo presidente, Donald Trump. A propósito, a exceção do mercado sul-americano, o múltiplo de EBITDA médio tido como referência para as aquisições de companhias fabricantes de embalagens flexíveis e rótulos têm subido. Em 2015, o “teto” era algo na casa das 7,7 vezes o EBITDA acumulado em 12 meses (LTM) e, neste ano, subiu para 8,3 vezes, segundo análise do banco de investimentos Mesirow Financial.
ProAmpac adquire Vitex Packaging Group Sediada em Suffolk, Virginia (EUA), a pequena e especializada Vitex foi adquirida pela ProAmpac. Conhecida não só pela eficiência operacional e de custos, mas pela qualidade de seus produtos e de seu parque industrial moderno, a companhia passa a integrar o rol de 18 fábricas e mais de 2500 colaboradores. O valor da transação não foi declarado.
Fundo de investimentos Pritzker assina a compra do grupo ProAmpac Em posse do fundo Wellspring Capital Management, o sólido grupo ProAmpac, focado na produção de embalagens de alto valor agregado – eminentemente stand-up pouches pré-formados e bobinas laminadas com acabamentos especiais – trocará de mãos no início de 2017. A companhia opera sob as marcas Prolamina, Ampac e Tulsack e será integralmente vendida por um valor ainda não declarado e sujeito à
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revisão pelas autoridades e órgãos responsáveis.
23
FUSÕES E AQUISIÇÕES
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 Nov/Dez 2016
INX adquire Creative Tintas
24
A companhia norte-americana INX International Ink Co. anunciou ter alcançado um acordo para adquirir a Creative Indústria e Comércio Ltda., um importante fabricante de tintas de impressão em São Bernardo do Campo, Brasil. Fundada a 20 anos atrás em 1996, a Creative cresceu para se tornar uma das maiores empresas de tintas para embalagens em Flexografia e Rotogravura da América do Sul. Com o resultado do acordo, Rick Clendenning, Presidente e CEO da INX International Ink Co., acredita que uma combinação de fatores fortalecerá a posição da INX no Brasil e na América do Sul. “A Creative é um fornecedor de tintas altamente respeitado e conhecido na América do Sul. O diretor financeiro, Guilherme Ribeiro, e toda a equipe dedicaram expressivos esforços e tempo para estabelecer o negócio. Eles o
construíram usando considerável experiência de Mercado e knowhow técnico” disse Mr. Clendenning. “Além disso, combinando a expertise que já adquiriram com o nosso alcance global, desenvolvimento de produtos e capacidade de aquisições de matérias primas, poderemos oferecer as melhores tecnologias em tintas e expandir nosso portfólio de produtos no continente. ” Pedro Américo Ribeiro abriu a Creative in 1996, utilizando apenas recursos próprios para produzir vernizes usados em embalagens. Dois anos depois, a companhia familiar estava produzindo tintas e em 2002 expandiu seus canais de distribuição. Com o tempo, maiores vendas e volumes levaram a uma operação que hoje emprega 64 pessoas que trabalham em 10.000 metros quadrados em São Bernardo do Campo. – São Paulo.
Guilherme Ribeiro, diretor financeiro da Creative, acredita que a reputação e presença internacional da INX irá impulsionar o reconhecimento da Companhia. Ele e seu irmão Gustavo, juntamente com seus primos, Jose Carlos Ribeiro e Luiz Eduardo, continuarão no gerenciamento da empresa criada pelo pai. “Estamos honrados e com muita expectativa em nos tornarmos parte da equipe da INX. Certamente seremos capazes de evoluir com a qualidade de nossos produtos e serviços, e agora teremos o suporte necessário para nos mantermos competitivos e aumentar nossa participação na América do Sul”.
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MERCADO
Lintec adquire Mactac Americas O fundo de investimentos Platinum Equity anunciou recentemente a venda da divisão norte-americana da fabricante de materiais auto-adesivos para comunicação visual e rótulos Mactac. A compradora, a japonesa Lintec Corporation, leva a divisão por USD 375 milhões ainda em dezembro deste ano. A Lintec também fabrica os mesmos materiais. A parte europeia da Mactac foi vendida este ano à Avery Dennison e será plenamente integrada em janeiro de 2017.
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Sonoco adquire Plastic Packaging
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A gigante norte-americana Sonoco adquiriu a vizinha PPI (Plastic Packaging Inc.), uma indústria de embalagens flexíveis bastante especializada na produção de pequenos lotes, com duas fábricas, 170 colaboradores e uma receita de vendas anual na ordem de USD 42 milhões. O valor não foi declarado à imprensa.
Multi Packaging adquire AJS Labels e i3 Plastic Cards Somadas, as duas companhias adquiridas registraram vendas na ordem de USD 25 milhões nos últimos 12 meses. Sediadas na Inglaterra e EUA, respectivamente, as empresas passam a incorporar o grupo Multi Packaging, gigante global de rótulos e embalagens em banda estreita e média, que contabiliza um time de mais de 9 mil colaboradores espalhados por fabricas em todo o mundo (principalmente na Europa e EUA).
27
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NOTÍCIAS DE MERCADO
Acontece aqui
ProjetoPack passa a realizar a Conferência Intercontinental de Flexografia em 2017
E
m parceria inédita, a ProjetoPack e a ABFLEXO unirão forças em 2017 para a realização da Conferência Intercontinental de Flexografia – o principal evento técnico do setor, que reúne mais de 500 profissionais
da cadeia de flexografia, em dois dias de evento plenos de informação técnica, relacionamento, inovação e tecnologia. Saiba mais a respeito no site do evento: www.conferenciaflexografia.com.br.
Etiqueta de desempenho do pneu entrou em vigor no fim de outubro (Fonte: MSL Group, 11 de novembro de 2016)
D
esde 29 de outubro de 2016, todos os pneus produzidos e importados precisam chegar aos pontos de venda identificados com a etiqueta de desempenho, especificado
de acordo com a Portaria 544/12 do INMETRO. Três critérios foram selecionados para a classificação dos pneus – resistência ao rolamento, aderência em pista molhada e ruído externo. Estes critérios têm como finalidade informar sobre o desempenho do pneu e ainda melhorar a qualidade dos produtos comercializados no mercado brasileiro, uma vez que todos, fabricantes e importadores, deverão fornecer pneus mais eficientes, seguros e com melhor conforto acústico. Essa iniciativa visa dar ao consumidor maior
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
transparência e mais informação para que ele faça uma escolha
28
consciente do produto.
ABFLEXO moderniza sua marca
D
urante o 24º Prêmio de
traduzindo, portanto, os principais
Qualidade Flexo Professor
objetivos da ABFLEXO para os
Sergio Vay, ocorreu
próximos anos. O símbolo gráfico
a posse da nova Diretoria da
representa uma bobina impressa,
AFBLEXO /FTA – Brasil. O Sr. Eudes
que evolui no espaço e se expande,
Scarpeta, presidente no biênio
formando a inicial “A”. A proposta
de 2017/2018, apresentou o novo
sugere dinamismo e a difusão de
logotipo da Associação, que está
tecnologia gráfica para conversão de
mais moderno, dinâmico e global,
embalagens, rótulos e etiquetas.
29
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
NOTÍCIAS DE MERCADO
Acontece aqui
Bemis expande atividades nas unidades de Três Lagoas (MS) e Suape (PE) (Fonte: Blog do Plástico, 07 de outubro de 2016)
“ A
As ampliações de Suape e de Três Lagoas estão em linha com nossa estratégia de crescimento para o Brasil. Somos otimistas em relação ao país, à economia e ao mercado. Nosso foco é aumentar a eficiência de nossas operações para continuarmos inovadores e competitivos, em um trabalho muito próximo e colaborativo com nossos clientes”
Bemis anunciou a expansão de atividades em suas unidades de embalagens
rígidas de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, e de Suape, em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco. Após realizar reformas e ampliar as instalações, a companhia oferecerá 340 postos adicionais de trabalho. Antes pertencentes à Emplal, as fábricas de Suape e de Três Lagoas foram incorporadas à empresa em dezembro de 2015, após a aquisição da empresa pela multinacional americana. As unidades manterão seu foco em produção de embalagens rígidas como potes de margarina, iogurtes, doces e sorvetes, utilizando tecnologias de
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
extrusão, termoformagem, injeção e
30
processos de impressão. As expansões das unidades de Suape e de Três Lagoas terão, respectivamente, 8 mil m² e 7,2 mil m² construídos. A Bemis projeta investir R$ 200 milhões no Brasil até 2017 em compra de equipamentos e modernização do seu parque fabril. Os investimentos nas duas unidades somam R$ 70 milhões.
Brasil. Somos otimistas em relação ao país, à economia e ao mercado. Nosso foco é aumentar a eficiência de nossas operações para continuarmos inovadores e competitivos, em um trabalho muito próximo e colaborativo
“As ampliações de Suape e de
com nossos clientes”, afirma Carlos
Três Lagoas estão em linha com nossa
Santa Cruz, presidente da Bemis na
estratégia de crescimento para o
América Latina.
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
Acontece aqui
31
ARTIGO DE CAPA
Ú
ltima edição da ProjetoPack em Revista de 2016, de número 58. Mais de vinte mil páginas impressas ao longo destas 58 edições e cá estamos nós, juntos novamente, articulando a
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
matéria de capa que encerra mais um ciclo de informação.
32
Originalmente, o tema seria algo mais técnico: a continuidade da discussão acerca das tecnologias recém-lançadas na feira alemã de plásticos e borracha “K”, e as suas implicações a curto e longo prazo, à indústria transformadora nacional. Confesso que, conforme evoluía no texto, não conseguia me concentrar direito. Em parte, porque nos últimos dias do ano, a bateria está praticamente esgotada. Cansaço físico, mental e espiritual absolutos. Uma espécie de contagem regressiva subliminar para o recesso de fim de ano junto à família, a fim de revigorar um pouco as energias. Até aí, normal. No entanto, percebi que parte do “incômodo” era que havia algo mais relevante a ser escrito. Algo menos técnico, ao menos uma vez durante todo o ano.
Aislan Baer Editor Chefe Sócio-diretor da ProjetoPack & Associados e editor da ProjetoPack em Revista. Atua há mais de 15 anos na área de embalagens flexíveis, rótulos e impressão, ministrando cursos, palestras e consultoria por todo o hemisfério sul. Mestre em gestão estratégica e economia empresarial pela USP, é diretor técnico adjunto da ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica) e especialista na implantação de normas flexográficas pela FTA - Associação Americana de Flexografia.
Seis problemas que precisamos combater em nossas empresas e evitar a qualquer custo em 2017 (para salvar as nossas empresas e o nosso mercado) leitura seja proveitosa. Para facilitar a memorização, todos os problemas
precedentes. Aliás, o mundo, a
começam com a letra “P”, no bom
civilização, as instituições e toda a
estilo “os 4P’s do Marketing”.
sorte de protocolos que regem as relações humanas e com o meioambiente também estão colapsando. A atividade industrial está em xeque. A credibilidade da mídia – impressa ou eletrônica, idem. E, em meio a essa balbúrdia, estamos todos nós – empresários e funcionários, fornecedores, clientes e consumidores de embalagens flexíveis plásticas, etiquetas e rótulos – assistindo passivamente à deterioração de um mercado. Em 17 anos prestando consultoria
1. Polarização Acreditem: o mundo não se resume a uma simplória dicotomia de ideias, tampouco numa competição de qual a opção “menos pior” para tudo. Coxinhas e mortadelas, republicanos e democratas, religião ou ciência e assim por diante. Toda vez que sintetizamos as ideias ou conceitos em duas correntes diametralmente opostas, antagônicas, auto excludentes, corremos um sério risco de polarizar as coisas. A polarização é um caminho que só leva
e treinamentos a estas indústrias,
a um lugar: violência e intolerância. É
não consigo recordar um momento
a defesa extremada de uma posição,
mais árduo, com tantos profissionais
conceito ou ideia que simplesmente
desiludidos, empresas fechando ou na
não permite ou sequer concebe algo
iminência de fechar e, o mais triste de
contraditório. Diferentemente da
tudo: gente perdendo o “tesão” pela
física, onde polos opostos se atraem,
profissão.
nas ciências sociais eles distam cada
Por este motivo que, nas próximas linhas, apresento uma visão bastante
vez mais entre si. Os dois lados, isolados, creem
particular dos problemas que
que não há meio termo. Cada um
precisamos combater a qualquer
se considera arauto da verdade e
custo, em nossas empresas e mercado,
enxerga no outro um caluniador da
em 2017. Espero sinceramente que a
pior espécie. Neste antagonismo
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
O nosso país vive uma crise política, econômica e social sem
33
ARTIGO DE CAPA
“
Para produzir embalagens flexíveis, antes de tudo é preciso ser flexível"
de posições, como bem disse o
sempre como “direita ou esquerda”, ou
dramaturgo grego Ésquilo (por ironia,
seria possível sermos somente a favor
considerado o pai da Tragédia), “Numa
da civilidade e zelo à “res pública”, a
guerra, a primeira vítima é a verdade”.
coisa pública?
Penso que as redes sociais e a comunicação móvel, ao mesmo tempo
polarização econômica, política
em que facilitaram a comunicação
e religiosa são mais fáceis de
em termos de abrangência, são em
compreender. Num contexto mais
boa parte responsáveis pelo declínio
corporativo, polarizar é, por exemplo,
de sua profundidade, qualidade e
defender uma tecnologia específica,
confiabilidade.
uma estratégia que sempre deu certo,
Emitir opiniões publicamente, numa era pré-internet, era uma operação mais ou menos complexa – demandava raciocínio sobre o
outrora e que não necessariamente será hoje e nem amanhã. Banda larga ou banda estreita, rotogravura ou flexografia, analógico
o seu arcabouço e um desfecho
ou digital, solvente ou água,
convincente – que resultaria quase
monocamada ou laminado, preço
sempre em algumas linhas impressas
baixo ou diferenciação etc.
quase indeléveis, expondo o opinante ao julgamento dos leitores, dos especialistas e ao tempo. Emitir opiniões publicamente, na
As organizações assumem posições únicas, absolutas, inquestionáveis e irrevogáveis. Isso é polarização empresarial. O mercado de embalagens, etiquetas, rótulos e
era da internet e comunicação móvel
impressão tem que pensar, de forma
é tão fácil e rápido, que pode ser feita
pragmática, numa solução que atenda
imediatamente (o que chamamos “em tempo real”, sem qualquer preparação prévia e, caso isso gere problemas, ainda há recursos preciosos como um PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
uma visão de negócios que foi campeã
tema, algum estudo mínimo para
em papel (jornais, revistas e livros),
34
É evidente que exemplos de
clique no botão direito do mouse e o comando deletar ou excluir. De alguma forma, estes embates
o consumidor final, o varejo, o dono da marca e a expectativa de retorno dos acionistas e participantes da cadeia. Quase sempre, atender a uma cadeia de interessados tão ampla envolve um modelo de negócios e pensamento bastante aberto e
constantes entre as pessoas, em todo
flexível. Eu diria que, para produzir
o mundo e o tempo todo, na internet
embalagens flexíveis, antes de tudo
e principalmente nas redes sociais,
é preciso ser flexível (com o devido
agrava o problema da polarização.
perdão para o trocadilho).
Criam-se verdadeiras facções, rótulos e estereótipos – e a cavalo, vem o preconceito. A polarização é uma Torre de Babel moderna, onde todo mundo se comunica, mas ninguém se entende. Temos, afinal, de nos definirmos
A polarização enfraquece ou acaba com um dos recursos mais importantes de uma empresa: a criatividade para descontruir o negócio e se reinventar a todo instante, sempre.
assumir que se sabe tudo sobre algo ou tomar decisões com base em fatos
setor que faliram ou estão se tornando
não conclusivos – o popular “achismo”.
insolventes de dez anos para cá, é notório que uma parcela expressiva destes nomes esteve refém de um modelo de gestão antigo, arraigado no sucesso do passado. A era do preço da matéria-prima vezes cinco já se foi. Hoje, uma empresa que não
Por incrível que pareça, até hoje quando iniciamos uma nova consultoria no chão-de-fábrica, o primeiro processo que auditamos e que, quase em cem por cento das vezes está cheio de lacunas é o apontamento de produção e perdas. Códigos dúbios, por vezes
controla “na vírgula” os seus custos
ininteligíveis, não preenchidos ou
e processos internos, não treina
preenchidos parcialmente e com
nem motiva seus colaboradores,
erros – formam a base informacional
não atrai nem retém talentos, não
para a tomada de decisão diária de
se preocupa com o entorno social,
supervisores, gerentes e diretores.
não considera uma estratégia local e global, não trata seus fornecedores como parceiros estratégicos e não revisa nem questiona constantemente os pilares do seu modelo de negócio está, infelizmente, condenada.
2. Presunção A presunção é uma armadilha
Presume-se que os apontamentos estão sendo feitos no tempo e forma adequados. E com isso, um exército de colaboradores no nível gerencial tece análises sobre as possíveis causas dos problemas, realiza investimentos, realoca pessoas ou até
tão grande quanto a polarização. É
mesmo contrata e demite,
uma cegueira diferente, que gera um
num primoroso gasto desne-
resultado até pior. E não estou falando
cessário de tempo e dinheiro.
da presunção com o significado de “opinião elevada de si mesmo, fatuidade, vaidade ou afetação”. Falo da presunção das coisas. Da
Ao longo do ano, ao ofertamos treinamentos técnicos aos impresso-
conjectura. De acreditar com base
res, auxiliares
em fatos não conclusivos. Quando
e coloristas das
uma empresa (ou profissional) passa
empresas, ouvimos
a presumir que não há nada mais a
com regularidade
saber sobre um assunto, é o começo
que ou não há
do seu fim.
necessidade,
Parafraseando Aristóteles: “Nada caracteriza melhor o homem do que o fato de pensar”. A presunção do pleno conhecimento de algo elimina ou diminui muito a necessidade de pensar. Portanto, são duas as facetas da presunção que corroem o negócio:
“
Uma empresa que não controla seus custos na vírgula, dentre outros temas, está condenada"
ou o tema está sendo gerenciado internamente. Na prática, nenhum dos dois acontece de fato. Como exemplo de quão nociva é a presunção, conto-lhes
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
Ao dar uma olhada rápida por toda a extensa lista de empresas do nosso
35
ARTIGO DE CAPA
das máquinas, salários e benefícios, oportunidades de trabalho e, pasmem, a falta de treinamento para executar as suas funções cotidianas. É nítido que a falta de treinamento os torna presas fáceis de fornecedores e consultores muitas vezes malintencionados ou mesmo vítimas dos próprios colegas de profissão – normalmente impressores mais velhos e experientes, tidos como referência – que com a intenção de ajuda-los e suprir a lacuna de treinamento deixada pela contratante, dão dicas e receitas de como resolver problemas técnicos que não são, necessariamente, verdades. Receitas estas que, em alguns casos, podem simplesmente condenar
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
“
36
certa marca, produto ou tecnologia. Me lembro que, quando a Kodak
Falta capacitação para a execução das tarefas mais simples no chão-de-fábrica"
lançou a tecnologia Flexcel NX, muitos “presumiram” que a mudança do ponto round (cabeça de alfinete) para ponto plano e a incorporação de um processo de laminação eram
uma história simples. Com o advento
um retrocesso de produtividade e
das redes sociais e da comunicação
qualidade na manufatura de chapas
móvel, profissionais de diversos
flexográficas. Pouco tempo depois,
setores e ocupações organizam-
o conceito de flat top dot ou ponto
se voluntariamente para trocar
plano se mostrou não só eficiente,
informações (na maioria das vezes,
como padrão de qualidade da
para fazer benchmark salarial).
indústria flexográfica e algo a ser
Atualmente, participo de quase uma dezena de grupos no serviço mensageiro Whatsapp com o tema e
perseguido por todos os fabricantes de chapas do mercado. Há menos de dois anos, quando
público “impressores”. Operadores de
iniciamos uma consultoria para a
impressoras rotogravura e flexografia,
indústria alemã Oxea Chemicals,
de banda larga ou estreita, do Brasil
com o escopo de auxiliar empresas
e até mesmo exterior, trocam ideias
de rotogravura e flexografia na
das mais variadas (é bem verdade
adoção de solventes propílicos
que em boa parte das vezes, os temas
(em detrimento do etanol),
são cerveja, mulher e futebol) sobre
muitos profissionais e empresas
problemas de produção, manutenção
“presumiram” que os solventes
tesa® Softprint New Core O portfólio tesa® de fitas dupla face para fixação de clichês ganhou um upgrade. A nova geração de produtos conta com design diferenciado e a tecnologia do processo New Core: melhor montagem, impressão e desmontagem, facilidade no reaproveitamento e identificação visual rápida do produto.
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
UMA NOVA GERAÇÃO DE FITAS ADESIVAS
37
tesatape.com.br
ARTIGO DE CAPA
propílicos eram uma realidade distante e impraticável. Atualmente, a base de clientes não apenas cresce exponencialmente no Brasil, como passa a considerar a mistura propílica como um referencial de qualidade e eficiência de custos. Quantas oportunidades a sua empresa pode estar perdendo por conta da presunção?
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
A polarização e a presunção
38
Certa feita, um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro havia uma escada e, sobre a mesma, um cacho de bananas. Cada vez que um macaco subia a escada para apanhar o cacho de bananas, os cientistas lançavam um forte jato de água fria sobre os que permaneciam no chão. Não custou muito para que, cada vez que um macaco se pusesse a subir a escada, entrasse na porrada. Em pouco tempo, mesmo que com imensa vontade de provar as suculentas bananas, nenhum macaco ousava mais subir a escada. A este ponto, os cientistas substituíram um dos macacos. Assim que entrou na jaula, a primeira coisa que o novato fez foi tentar subir a
andam juntas e se gostam.
escada, ao que foi imediatamente rechaçado a saraivadas pelos colegas
Quando a sua união é estável,
de cela. Depois de algumas tentativas e sopapos, este macaco entrou no
nascem os vícios corporativos, os
esquema e não tentava mais subir a escada.
famigerados paradigmas. Modelos de
Durante os meses que se seguiram, os cientistas foram
comportamento que são repetidos,
progressivamente substituindo cada macaco velho por um novato, até que
invariável e incondicionalmente,
todos os cinco, mesmo sem nunca ter recebido um só jato de água fria,
sem questionamentos (ou até que
estavam atentos em espancar qualquer colega que tivesse uma recaída.
haja uma revolução, uma verdadeira
Em uma versão, a experiência acaba aqui. Numa outra, dizem que mesmo
“ruptura epistemológica”).
quando o cacho foi retirado, ainda sim macacos continuavam querendo
A parábola do surgimento de um paradigma é velha, mas não sei se todos os leitores já a ouviram, portanto reproduzo aqui para reforçar a mensagem.
subir na escada e eram alegremente espancados pelos colegas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, certamente a resposta seria algo como “Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...”.
O próximo “P” da discussão é o da
volta pouco tempo depois, mais forte e mais resistente à medicação usual.
Passividade. Todos os dias, nosso time
Em boa parte das vezes, o
de consultores vai à campo assessorar
empresário fica completamente
empresários do nosso segmento e
alheio ao problema – simplesmente
treinar os seus colaboradores para que
paralisado. Não busca o extintor,
executem suas funções com maior
tampouco protege o fio.
destreza, conhecimento e com o menor custo possível. A atividade da consultoria e das
Costumo dizer que milagres, quando ocorrem, agraciam a pessoa física e nunca a jurídica. É comum,
empresas, quaisquer que sejam, é
no nosso setor, que o capitão observe
resolver problemas, o tempo todo,
o barco afundar e, enquanto a água
sempre. Os setores de embalagens,
adentra o casco, reserva seu tempo
etiquetas, rótulos e impressão são
para culpar o mau tempo, a tripulação
verdadeiros campeões em variedade e
e o fabricante da embarcação.
quantidade de problemas, por sinal. O fato é que todo problema tem
A passividade é o terceiro grande problema que devemos evitar,
solução. Se uma situação não tem
a qualquer custo, em 2017. Não
solução (por exemplo e, pelo menos
podemos pecar pela inação.
por enquanto, a morte), por definição não se caracteriza como um problema – é tão somente uma realidade, algo factual. Não há saída a não ser aceitar o fato. Tudo que não é um fato, mas um resultado anômalo, inesperado e transitório é um problema e possui uma ou mais alternativas para a sua solução. A maior parte das queixas dos empresários a respeito dos seus problemas (quando estão dispostos a pensar a respeito e não “presumindo”
4. Perda de tempo (ou, como queira, Produtividade) As nossas indústrias não vendem produtos ou mesmo serviços, quer sejam embalagens, etiquetas, rótulos ou terceirização de mão-de-obra. Elas vendem horas e frações de horas, portanto não podemos perder uma única unidade de tempo sequer. Dos indicadores
que já conhecem a sua natureza e
de gestão e aprovei-
todos os seus aspectos) é que eles se
tamento do tempo
repetem e se agravam, ano após ano.
mais conhecidos da
Isso acontece quando se lida com os problemas de forma superficial. É como presenciar um princípio de incêndio todos os dias e deixar um extintor à mão, ao invés de proteger o fio desencapado. Os problemas, quando tratados de forma superficial, são como uma gripe mal curada. Ela
“
Os setores de embalagens, etiquetas, rótulos e impressão são campeões em quantidade de problemas"
indústria, o OEE – Overall Equipment Effectiveness (Eficiência Global do Equipamento) é o mais aplicado mundialmente. Os valores comumente encontrados são muito baixos, comparados
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
3. Passividade
39
ARTIGO DE CAPA
“
Uma em cada dez convertedoras no Brasil dispõe de monitoramento da utilização dos recursos na fábrica"
a outras áreas da indústria. Não raro,
com as pessoas, o tempo disponível),
encontramos convertedoras com 30%
mas sequer atribuem importância
de eficiência, ou até menos.
a esta medida. Uma em cada dez
As indústrias gastam mais tempo fazendo ajustes, do que propriamente produzindo. Param centenas de vezes ao longo de um turno produtivo, por uma miríade de motivos mal ou sequer investigados. Rodam as máquinas em velocidades inferiores à mecânica e conformam-se com as restrições das matérias-primas, características dos produtos e limitações técnicas da mão-de-obra. Chegam, inclusive, a produzir indicadores paralelos, propositalmente piorados, para justificar os baixos índices de produtividade, atribuindo a culpa no tamanho reduzido dos lotes, na quantidade excessiva de setups e na elevada sofisticação dos produtos, como se estas três coisas fossem meras fatalidades e não o fruto de suas próprias escolhas comerciais e estratégicas.
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
E, o pior de tudo é que muitas das
40
convertedoras do Brasil dispõe de um monitoramento da utilização de seus recursos (máquinas e pessoas) na fábrica. Desconhecimento, desinteresse e todos os “P’s” supracitados explicam o fenômeno.
5. Propósito O penúltimo P, mas não menos importante, é a falta de propósito. Quando uma organização não se ancora em um propósito – um modo autêntico por meio do qual fará alguma diferença no mundo e na história – ela está à deriva no oceano. Os primeiros consumidores que uma empresa deve engajar não são os compradores do seu produto ou serviço (ou melhor, os compradores do seu tempo disponível), mas os seus funcionários. Se eles comprarem, de fato, o propósito da empresa em que trabalham, darão algo além do seu tempo de vida em troca de salário e benefícios: o engajamento ou
empresas não só não gerenciam o
comprometimento, o “olhar de dono”,
seu ativo mais precioso (juntamente
a vontade de ver a empresa prosperar,
Ele teria usado Apex...
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PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
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41
ARTIGO DE CAPA
“
Criar um propósito sincero e estimulante, irradiá-lo aos funcionários antigos e novos e mantê-lo alinhado com as mudanças sociais e dos valores é algo difícil"
raízes junto às instituições que, como mencionamos no início do artigo, sofrem uma crise de confiança. Seja como for, empresas sem propósito terão cada vez mais dificuldade em formar um time de excelência, reter talentos e a propagação espontânea da sua empresa fora do expediente de trabalho, aos familiares e amigos. Eles serão consumidores dos produtos, serviços e valores da empresa, no fim das contas. Criar um propósito sincero e estimulante, irradiá-lo aos funcionários antigos e novos e mantê-lo alinhado com as mudanças sociais e dos valores é algo difícil, especialmente numa
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
sociedade que não valoriza ou mesmo
42
extrair o melhor, o excepcional, de seus colaboradores. Mesmo a automação total, a Internet das Coisas, a adoção de robôs, cérebros positrônicos de última geração e mods transhumanistas não poderão, no curto prazo, estancar a falta de pessoas sensacionalmente criativas nas organizações. Profissionais sem propósito também não prosperarão. Esta informação é dura de digerir, e, como tudo que
aprende com o passado, não enxerga
foi dito anteriormente, é só mais um
o futuro e está presa a um presente
palpite deste autor que vos escreve.
constante; com um complicador
A falta de propósito faz com que o
adicional: recebendo constantemente
profissional não atinja jamais o ápice de
as novas gerações, cuja visão de mundo
sua maturidade profissional, justamente
é absolutamente dissonante com a dos
porque para que isso ocorra é preciso
pais e avós: nascidos num contexto
um genuíno sacrifício. É preciso um
onde não há esperança aparente e nem
esforço extra, não remunerado, de
nunca houve, eles “vieram ao mundo a
capacitação, de aperfeiçoamento, de
passeio”, focados na jornada e não em
leitura e prática do metier.
ganhar a maratona. É difícil dizer que sejam gerações
Isso só se dá quando o profissional encara o trabalho
“sem propósito”. O propósito deles
como um fim, uma atividade
pode muito bem ser o de não criar
enriquecedora, e não como um
As melhores marcas. Os melhores produtos.
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PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
RETÍCULA LIMPA
43
ARTIGO DE CAPA
no uso da criatividade para resolver problemas. Todavia, com os métodos educacionais em voga (não só no Brasil, mas em boa parte do globo), a mercantilização da educação a níveis extremos e a própria falta de preparo dos docentes (agora chamados de “educadores”), aprender não é prazeroso, empreender não é estimulado e a criatividade é sequer aventada nas salas de aula.
Últimas palavras e um “P bônus” Foi bastante difícil percorrer estes P’s – Polarização, Presunção do conhecimento pleno, Passividade diante da situação adversa e dos problemas, Perda de tempo e a falta de Propósito das organizações e dos profissionais – sem recorrer ao uso frequente de analogias, metáforas e exemplos não ortodoxos. Espero que não tenha soado popularesco ou mesmo piegas. O intuito foi ser claro e acessível, sem pedantismos, inclusive. Antes do desfecho, vale percorrer o P da Parceria. Em época de crise, a palavra que mais se ouve é justamente essa. Na PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
prática, não se pratica ou que se predica.
44
meio de se obter unicamente recursos financeiros para desfrutar a vida via atividades de lazer. Quando não há uma distinção clara entre trabalho (profissão) e lazer, há um propósito genuíno. Parte do problema poderia ser
Por definição, parceria é um arranjo em que duas ou mais partes estabelecem um acordo de cooperação para atingir interesses comuns. Quando se fala em parceria, mesmo que de forma implícita, vende-se a ideia da chamada “relação ganha x ganha”. O primeiro passo para que as
mitigado com uma reestruturação da
parcerias azedem é acreditar nesta
instituição chamada escola. Os alunos
falácia. Não existe uma parceria sem
poderiam, desde a mais tenra idade,
perda. Na verdade, sem que ambas
ser despertados para descobrir prazer
as partes deixem de ganhar algo
no trabalho, no empreendedorismo e
para que a outra possa ganhar e
vice-versa. É preciso que os agentes
uma realidade interna conturbada e
tenham em mente desde o início
repleta de problemas, não perdermos
do estabelecimento da parceria que
tempo em hipótese alguma e
precisam deixar de ganhar algo, em
construirmos parcerias sólidas
prol do outro. A ideia de abdicar de
e reais. Mas, especialmente, não
parte da recompensa numa relação
levantarmos todas as manhãs para
de parceria é garantir que, no longo
trabalhar minimamente um terço de
prazo, os parceiros continuarão
nossas vidas, desempenhando um
em condições de maximizar as
papel profissional sem um propósito
recompensas de forma conjunta.
verdadeiro. Atentarmos para que as organizações sejam, antes de
Concluindo, portanto, no bom estilo “redação do colégio”, devemos
ser geridas por indicadores, metas
empreender um esforço consciente
ou objetivos, fiéis a um propósito,
e focado em nossas empresas e
e que ele seja irradiado a todos os
mercado, a fim de evitar a polarização
envolvidos e ajustado conforme a
das ideias, a presunção de que
empresa e a sociedade evoluem.
sabemos tudo e que não temos mais
Um propósito não é, de todo, algo
nada a aprender, não sermos passivos
atemporal. Buscá-lo, revisá-lo e
frente a um mercado recessivo e a
disseminá-lo, ad perpetuam, sim.
Tintas e Solventes Flexo e Rotogravura
Indústria e Comércio Ltda. contato@uniplastic.com.br Fone: (19) 3404.3240 / (19) 3441.7784
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Vanguarda no fornecimento de Solventes Propílicos em todo território nacional
45 DISTRIBUIDOR
ARTIGO
Perspectiva de mercado em 2017 Brincadeiras à parte, a verdade é que depois que enviamos a bruxa malvada para fora do castelo da Alvorada, percebemos que o mercado deu uma reagida! Não é uma reagida imediata, grande, mas uma reagida de atitude. Primeiro, pararam de demitir. Uma maravilha! Agora se vê que estão abrindo aquelas gavetas empoeiradas com projetos de expansão, ofertas de novos equipamentos, mudanças no chão de fábrica, desenho de novos produtos, etc. Estão olhando de novo! Não compraram nada ainda, mas estão pensando como e quando irão fazer. Isso é um grande passo, minha gente. Já fiquei todo animado. Estou pensando inclusive até em pagar umas contas atrasadas. O ano que vem está aí. Daqui a 3 semanas e para dizer a verdade, nos primeiros meses, vai ser aquilo de sempre. Janeiro, aquele filme de terror: IPTU,
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
Na visão de Miguel Troccoli, empresário e presidente da ABFLEXO FTA Brasil, Associação Brasileira Técnica de Flexografia
46
O
IPVA, escola, faturamento baixo, férias, já sabemos. Fevereiro é carnaval, nem se considera, e março começa a vida, mas tenho a impressão que está melhorando aos poucos, os consumidores estão começando a gastar mais em alimentos e
que dizer de nós, empresários, em 2016? Somente que
cosméticos. Estou vendo isso nos nossos
sobrevivemos. Simples assim. E acredite, não é pouco. Vamos
clientes. Remédios sempre está bom,
ficar no mercado gráfico, para não complicar as coisas. Mas,
quando não se vende os remédios caros,
para animar a torcida, vamos falar de coisas boas também. Perdoem-
se vende os baratos, mas sempre se vende
me meus amigos do setor de offset, mas as notícias não são boas para
remédios, é algo impressionante. As
vocês. Continuam as baixas no números de gráficas a desaparecer
pessoas adoram se curar, ou pensar que
neste ramo da impressão, porém aquelas que estão se aventurando no
estão se curando.
mundo encantado da conversão estão se dando muito bem, obrigado. Construindo uma nova cultura interna, seja com impressão digital e/ ou flexo ou letterpress, a coisa anda e começa a virar de novo. Parabéns aos bem-aventurados de espírito que não tem medo do desconhecido, porque seus esforços flexográficos frutificarão!
Tudo isso usa rótulo, etiqueta, cartucho, e devagar estamos voltando ao normal. Mas o bom mesmo vem no segundo semestre de 2017; tenho
Redação Equipe de Redação da ProjetoPack em Revista revista@projetopack.com
aquela impressão que o consumo vai dar uma arrancada forte no segundo semestre. As expectativas das eleições irão turbinar os mercados. Isto é uma pincelada muito superficial e rápida, mas é minha impressão neste momento, o que me solicitaram opinar. Um grande abraço a todos.
O
que esperar para 2017? Com certeza esperar as incertezas com muita
confiança, buscando soluções criativas para ajudar nosso mercado a crescer. Acredito na união, na ajuda e no conjunto para conseguir não só passar por esse ano, mas para que ele seja vitorioso. Neste 2017 teremos a CIF - Conferência Intercontinental de Flexografia e o Prêmio de Qualidade Flexo completará 25 anos, que comemoraremos com uma grande festa no final do ano! para a grande Feira ConverExpo 2018, que será um grande acontecimento, sem dúvida!
Por Eudes Scarpeta, novo presidente da ABFLEXO FTA Brasil - Associação Brasileira Técnica de Flexografia, para o biênio 2017 – 2018
Sobre a ABFLEXO Desde 1989, a associação destaca-se por sua reconhecida importância na evolução e no desenvolvimento da impressão flexográfica no país, bem como na representatividade do setor. É uma organização sem fins lucrativos, mantida por meio de contribuições associativas de profissionais e de empresas do setor, de patrocínios em seus projetos, entre outros. Totalmente integrada à indústria flexográfica, a entidade proporciona aos seus Associados acesso a informações e conhecimentos técnicos, relacionamento e comunicação com os profissionais do mercado, por meio de uma série de atividades e eventos durante o ano. Para mais informações, visite o site www.abflexo.org.br.
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
Além disso, vamos trabalhar muito
47
ARTIGO
E
mbora ainda não tenhamos os dados de 2016 consolidados, posso antecipar que o ano foi muito difícil para nosso
setor. Perdemos negócios e trabalhamos praticamente sem margens. Nossa expectativa é fechar o ano aquém dos resultados registrados em 2015 no qual, segundo dados da Maxiquim, a indústria de embalagens plásticas flexíveis amargou uma queda de 1,6% na produção física, fechando o ano com 1,815 milhão de toneladas. Em 2015, a variação real do faturamento também registrou queda de 2,1%, chegando a R$ 19,6 bilhões, assim como o consumo aparente que caiu 3,6%, atingindo 1,844 milhão de toneladas. Esta situação deve ter se repetido em 2016. Só teremos uma real dimensão da situação de nossa indústria em fevereiro de 2017, quando a Maxiquim anunciar os dados do ano.
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
De qualquer forma, acredito que para 2017, as mesmas previsões que tínhamos para 2016, deverão se manter. Ou seja:
48
•
O aumento dos custos e da carga tributária, aliados à uma demanda enfraquecida, devem seguir impactando negativamente os resultados em 2017;
•
As expectativas dos transformadores apontam para um ano com alguma recuperação, mas ainda com investimentos represados por conta da situação econômica, política e de mercado;
•
Produtos com maior valor agregado, como embalagens de barreira e de desempenho superior, continuarão crescendo e as empresas deverão focar na exportação;
•
•
Por Herman Moura, empresário e presidente da ABIEF, Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis
Sobre a ABIEF A Associação Brasileira das Indústrias de Embalagens Plásticas Flexíveis, com quase 40 anos, busca fomentar o mercado nacional de embalagens plásticas flexíveis. A entidade também tem incorporada
Produtos da cesta básica são usualmente menos afetados em tempos de crise e o horizonte para as embalagens flexíveis não é tão negativo como para o mercado em geral;
às suas atividades o fomento à exportação e a preservação ambiental
Empresas com produtos voltados para a exportação devem apresentar bom resultado, considerando-se o cenário de Dólar valorizado.
de PVC e de BOPP; sacos e sacolas; sacaria industrial; filmes shrink e
a partir do Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas. A ABIEF reúne 160 empresas de todo o Brasil fabricantes de filmes monocamada, coextrudados e laminados; filmes stretch; rótulos e etiquetas; stand-up pouches; embalagens especiais. Mais informações, visite o site www.abief.org.br.
49
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
ARTIGO
O
ano de 2016 foi desafiador, frente ao instável cenário
político que enfrentamos, com forte repercussão no âmbito econômico. Vemos o início de 2017 como um período de ajustes, mas com maior expectativa de uma retomada gradativa de estabilidade e possibilidade de recuperação. Mais do que nunca, temos de buscar novos caminhos e entender o que passou a ser valor para o consumidor.
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
Por Luciana Pelegrino, diretora executiva da ABRE, Associação Brasileira de Embalagem
50
Sobre a ABRE A ABRE - Associação Brasileira de Embalagem existe desde 1967, com o propósito de fomentar o desenvolvimento do mercado e das atividades de seus associados nos âmbitos nacional e internacional. Para mais informações sobre os serviços oferecidos pela entidade, acesse o site www.abre.org.br.
A Uniplastic agradece aos clientes e fornecedores a oportunidade de fazer parte de sua história em 2016 e deseja que esses laços sejam ainda mais fortes em
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PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
Feliz Natal e um Ano Novo cheio de sucesso!
51
ARTIGO
A visão de sustentabilidade da MARS – líder do mercado brasileiro de Pet Food
O
mercado de pet food no Brasil é um dos que mais cresce no Brasil. Enquanto alguns mercados minguam, a Mars Petcare Brasil cresceu na casa de dois dígitos em 2015 e hoje é líder absoluta
de vendas no mercado brasileiro. As marcas Whiskas® e Pedigree® encontram-se entre as mais conhecidas e vendidas no país. Megastores especializadas em produtos “pet” não param de abrir e tem frequência
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
alta em todos os dias da semana.
52
André Kenji Engenheiro de materiais formado pela Escola de Engenharia Mackenzie, gerente de operações e P&D na WiseWaste, com mais de 15 anos de experiência de trabalho em empresas como Vitopel e Celulose Irani. Um apaixonado pelo assunto “embalagens”. akenji@wisewaste.com.br
Quando analisamos as ações
Baseada em princípios de
de sustentabilidade da marca, a
mutualidade a Mars se orgulha de
Mars tem uma iniciativa global
poder crescer garantindo benefícios
batizada de SIG (sigla em inglês para
para associados, fornecedores,
Sustentável em uma Geração) que
agricultores e comunidades. Todos
tem por objetivo que o negócio seja
os detalhes podem ser vistos no
o mais inteligente, eficiente, viável
relatório anual de sustentabilidade
e que também diminua os impactos
(http://www.mars.com/global/about-
ambientais das fábricas, escritórios e
mars/principles-in-action.aspx).
“
Uma das premissas do SIG é eliminar o uso de combustível fóssil e emissão de gases de efeito estufa até 2040”
produtos. Uma das premissas do SIG é eliminar o uso de combustível fóssil e emissão de gases de efeito estufa em todas as operações até 2040, além de metas agressivas para consumo de água e destinação de resíduos. Até o ano de 2015, no Brasil, a Mars atingiu 100% da meta de zero envio de resíduos para aterros sanitários e reduziu em 25% do consumo de água nas fábricas e escritórios.
Para entendermos melhor o posicionamento da empresa em relação as embalagens flexíveis, entrevistamos
Atualmente os profissionais da
a Gerente de Embalagens da Mars
Mars já possuem KPIs (indicadores de
Petcare Brasil, Melissa Mussumeci.
performance individual) específicos
Melissa é engenheira de alimentos
para sustentabilidade. A estratégia
formada pelo Instituo de Tecnologia
de sustentabilidade aborda impactos
Mauá com MBA em gestão empresarial
ambientais e sociais por meio de 3
pela FAE Business School PR. Com
grandes áreas:
16 anos de experiência, Melissa já
utilização de combustível fóssil e reduzir consumo de água; ● Compras: compras mais sustentáveis das principais matérias-primas e embalagens, aumento da renda do agricultor e respeito aos direitos humanos na cadeia de valor; ● Marcas: campanhas para educar e firmar parcerias com consumidores em apoio a boas causas.
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
● Operações: eliminar a
53
ARTIGO
disso, existentes embalagens “portion pack” (porções individualizadas) em forma de sachês ou latas. André Kenji: O que há de novidade com relação a sustentabilidade em embalagens flexíveis hoje? Melissa Mussumeci: Priorizamos a sustentabilidade em nossas embalagens, buscando menor consumo de material e o aprimoramento das tecnologias disponíveis no mercado. Buscamos a utilização de novos materiais para produção de embalagens mais verdes através de nossos fornecedores, atuou em diversas categorias como
que nos apresentam as novidades
chocolates, biscoitos, e pet food.
periodicamente.
Também já participou do processo de geração de 3 patentes de desenho industrial para embalagens.
Abaixo seguem alguns trechos de nosso batepapo: André Kenji: Qual o motivo para
consideração a sustentabilidade? Melissa Mussumeci: Criar embalagens sustentáveis vai além de escolher materiais recicláveis ou mais “verdes”. O profissional desta área
tão relevantes para este mercado?
procura uma harmonização entre
das embalagens flexíveis para a Mars PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
de embalagens levando em
que as embalagens flexíveis sejam Melissa Mussumeci: A relevância
54
André Kenji: Qual sua visão a respeito do portfólio atual
é alta Atualmente o portfólio conta com embalagens que utiliza filmes laminados de PE + PE ou BOPET +PE para quantidades maiores, proporcionando aspectos visuais diferenciados (brilho, impressão de alta qualidade, etc), excelentes propriedades mecânicas (para que a embalagem aguente os esforços mecânicos gerados pela movimentação) e que ainda consigam
melhor custo, melhor eficiência em linha produtiva, design mais atrativo, tamanho do produto e a forma em que são transportadas. Esses aspectos são poderosos para tornar a embalagem e o transporte ecologicamente corretos. O objetivo da Mars não é só ter um design de embalagem mais sustentável, mas a eficiência da mesma em toda a cadeia (incluindo o transporte). André Kenji: O consumidor pede por embalagens mais sustentáveis? Melissa Mussumeci: A
manter propriedades do produto (com
embalagem sustenta nosso estilo
barreira adequada para manutenção
e padrão de vida. Hoje vemos uma
de odor, evitar oxidação, etc). Além
tendência de mercado na busca por
55
PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
ARTIGO
“
A sustentabilidade não é apenas um jargão. As grandes corporações estão se movimentando. Vamos fazer a nossa parte?”
embalagens que tenham design
para sachês de Whiskas®. Houve
mais sustentável (“verdes). Por isso
alteração no tamanho (de 12 para
os profissionais deste mercado e as
18 sachês) proporcionando uma
indústrias têm o desafio de utilizar
redução do dimensional no display.
a embalagem como instrumento de
Com esta mudança, atingimos
educação. Ela faz parte das nossas
ganhos logísticos, melhor eficiência
necessidades e deve estar inserida
por aumento de velocidade de
na questão sustentabilidade. Sendo
envase nas linhas produtivas
assim, ainda temos um longo
e, consequentemente, uma
caminho a percorrer.
otimização do volume de produto
André Kenji: Por conta do novo perfil de consumo, existe uma grande
Por conta do sucesso, a ideia é
gôndolas do varejo. Esse fenômeno
replicar para os sachês de Pedigree®.
desenvolvimento de embalagens? PROJETOPACK • Ano X - Edição 58 - Nov/Dez 2016
interno e externo.
tendência de aumento de SKUs nas afeta de alguma forma os projetos de
56
transformado para os mercados
Melissa Mussumeci: Não, se
Os bags de Whiskas® de 500g e 1kg sofreram um redimensionamento e tiveram uma redução de “headspace”
buscarmos sinergia junto aos nossos
que permitiram uma otimização do
fornecedores visando otimizar as
arranjo nos pallets, propiciando um
produções de nossas embalagens,
ganho logístico interessante.
tendo objetivo de diminuir o impacto
Além disso, contamos com
das perdas de materiais e ajustes
o apoio da Mars Global para
excessivos, que acabam gerando
desenvolver embalagens mais
desperdícios no processo produtivo.
sustentáveis.
André Kenji: Existem casos de su-
Como podem notar, a
cesso relacionados a sustentabilidade
sustentabilidade não é apenas um
nas embalagens da Mars?
jargão. As grandes corporações estão
Melissa Mussumeci: Em 2015, houve uma mudança nas caixas
se movimentando. Vamos fazer a nossa parte?
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