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As misturas musicais do Brasil

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Referências

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Em nossas terras já havia música e instrumentos antes mesmo da chegada dos portugueses. Ao “descobrirem” o Brasil, os conquistadores encontraram povos originários que cantavam narrativas míticas sobre humanos, onças, cobras, peixes e deuses.

Nas gravuras presentes nos relatos dos viajantes e artistas do século XVI, como o alemão Hans Staden (1525–1576) e o francês

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André Thevet (1516–1590), os Tupinambá são desenhados tocando maracás, e notações musicais desse povo aparecem na terceira edição de Histoire d’un voyage fait en la terre du Brésil, autrement dite Amérique, de 1578, de Jean de Léry (ca. 1536–1613).

Ainda nos anos 1500, as missões jesuíticas portuguesas aproveitaram a musicalidade dos povos originários como ferramenta de catequização. Nas chamadas reduções (outro nome para as missões) havia verdadeiras escolas de música, que acabaram influenciando a expressão indígena. Instrumentos musicais de cordas, característicos dos europeus, foram incorporados aos cantos tradicionais. É o caso do violão, ainda hoje tocado com as cordas soltas entre os Avá-Guarani de Terra Roxa, no oeste do Paraná, e entre os Mbyá-Guarani de São Miguel das Missões, no noroeste do Rio Grande do Sul. A influência portuguesa se deu também em ritmos populares que apreciamos até hoje. Um exemplo é o baião, que se dança a dois e com batidas de pé no ritmo das toadas, próprio da música nordestina.

Outra importante influência na sonoridade brasileira remonta igualmente ao século XVI, quando chegam os primeiros contingentes de pessoas escravizadas oriundas do continente africano, e segue durante toda a diáspora. Os diferentes povos trazem consigo instrumentos percussivos e cantos derivados das culturas Bantu, Jeje e Iorubá ou Nagô, resultando em nosso afro-brasileiríssimo e rico conjunto de manifestações populares, como o jongo do Sudeste e o tambor de criola do Maranhão. Os atabaques, por sua vez, saem dos terreiros e se misturam a instrumentos de cordas e a ritmos eruditos europeus. É dessa fusão que nascem as variantes do nosso conhecidíssimo samba.

Dos tempos do Brasil Colônia e Império até o século XX, o cantar assumiu muitas formas e sotaques. A primeira música gravada no Brasil, em 1902, chama-se “Isto é bom” e foi composta pelo soteropolitano Xisto de Paula Bahia (1841–1894). A música é um lundu, considerado um dos primeiros ritmos afro-brasileiros.

Acesse para ouvir a primeira música gravada no Brasil.

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