1 minute read
O canto orfeônico de Villa-Lobos
Nos anos 1930, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas (1882–1954), o maestro Heitor Villa-Lobos (1887–1959) teve importante participação nas iniciativas de reformulação do ensino ao incluir a educação musical nos conteúdos curriculares das escolas.Villa-Lobos, influenciado pelo nacionalismo e pelo canto popular do folclore, tornara-se entusiasta do canto orfeônico, modalidade de canto coral amadora surgida no século XIX, na França.
Para o maestro, ensinar o canto coral era prático porque não demandava instrumentos caros e de difícil acesso. Além disso, proporcionava o cantar junto, exercício cujos benefícios extrapolavam o universo da educação musical. O canto coletivo seria capaz de socializar e integrar, valorizando a coletividade, a solidariedade humana e a participação anônima na construção de algo maior. Diante desses benefícios — alinhados à política ideológica do Estado Novo —, o canto orfeônico tornou-se obrigatório nas escolas.
Advertisement
É possível que as qualidades que levaram VillaLobos e o governo Vargas a impor o canto coral na educação básica — obrigatoriedade que deixou de existir em 1960 — sejam as mesmas que fazem com que essa modalidade permaneça, ainda hoje, uma prática incentivada não apenas em escolas, mas também em empresas, associações, corporações, igrejas e outras organizações.
Um coral é um grupo de arte coletiva em que um depende do outro e toda pessoa importa.
Cada pessoa dá um pouquinho de si para produzir a música.
O canto coral é muito democrático, todas as pessoas estão na mesma posição, cantando juntas; todas são importantes.
E se uma falhar a outra pode ajudar. Todas têm a mesma oportunidade.
Elena, pianista do Coral Pequeno Príncipe